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leis e documentos métodos, recursos e organização específicos

Principais dispositivos, por ordem para atender às suas necessidades; assegura


cronológica: a terminalidade específica àqueles que não
1988 – Constituição da República atingiram o nível exigido para a conclusão do
Federativa do Brasil ensino fundamental em virtude de suas
Estabelece “promover o bem de todos, sem deficiências e; a aceleração de estudos aos
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade superdotados para conclusão do programa
e quaisquer outras formas de discriminação” escolar. Também define, dentre as normas
(art.3º inciso IV). Define, ainda, no artigo 205, para a organização da educação básica, a
a educação como um direito de todos, “possibilidade de avanço nos cursos e nas
garantindo o pleno desenvolvimento da séries mediante verificação do aprendizado”
pessoa, o exercício da cidadania e a (art. 24, inciso V) e “(…) oportunidades
qualificação para o trabalho. No artigo 206, educacionais apropriadas, consideradas as
inciso I, estabelece a “igualdade de condições características do alunado, seus interesses,
de acesso e permanência na escola” como um condições de vida e de trabalho, mediante
dos princípios para o ensino e garante, como cursos e exames” (art. 37). Em seu trecho
dever do Estado, a oferta do atendimento mais controverso (art. 58 e seguintes), diz que
educacional especializado, preferencialmente “o atendimento educacional especializado será
na rede regular de ensino (art. 208). feito em classes, escolas ou serviços
1989 – Lei nº 7.853/89 especializados, sempre que, em função das
Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras condições específicas dos alunos, não for
de deficiência e sua integração social. Define possível a sua integração nas classes comuns
como crime recusar, suspender, adiar, do ensino regular”.
cancelar ou extinguir a matrícula de um 1999 – Decreto nº 3.298 que regulamenta a
estudante por causa de sua deficiência, em Lei nº 7.853/89
qualquer curso ou nível de ensino, seja ele Dispõe sobre a Política Nacional para a
público ou privado. A pena para o infrator pode Integração da Pessoa Portadora de
variar de um a quatro anos de prisão, mais Deficiência, define a educação especial como
multa. uma modalidade transversal a todos os níveis
1990 – Estatuto da Criança e do e modalidades de ensino, enfatizando a
Adolescente – Lei nº. 8.069/90 atuação complementar da educação especial
O artigo 55 reforça os dispositivos legais ao ensino regular.
supracitados ao determinar que “os pais ou 2001 – Diretrizes Nacionais para a
responsáveis têm a obrigação de matricular Educação Especial na Educação Básica
seus filhos ou pupilos na rede regular de (Resolução CNE/CEB nº 2/2001)
ensino”. Determinam que os sistemas de ensino devem
1990 – Declaração Mundial de Educação matricular todos os alunos, cabendo às
para Todos escolas organizarem-se para o atendimento
Documentos internacionais passam a aos educandos com necessidades
influenciar a formulação das políticas públicas educacionais especiais (art. 2º), o que
da educação inclusiva. contempla, portanto, o atendimento
1994 – Declaração de Salamanca educacional especializado complementar ou
Dispõe sobre princípios, políticas e práticas na suplementar à escolarização. Porém, ao
área das necessidades educacionais admitir a possibilidade de substituir o ensino
especiais. regular, acaba por não potencializar a
1994 – Política Nacional de Educação educação inclusiva prevista no seu artigo 2º.
Especial 2001 – Plano Nacional de Educação – PNE,
Em movimento contrário ao da inclusão, Lei nº 10.172/2001
demarca retrocesso das políticas pública ao Destaca que “o grande avanço que a década
orientar o processo de “integração instrucional” da educação deveria produzir seria a
que condiciona o acesso às classes comuns construção de uma escola inclusiva que
do ensino regular àqueles que “(…) possuem garanta o atendimento à diversidade humana”.
condições de acompanhar e desenvolver as 2001 – Convenção da Guatemala (1999),
atividades curriculares programadas do ensino promulgada no Brasil pelo Decreto nº
comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos 3.956/2001
normais”. Afirma que as pessoas com deficiência têm os
1996 – Lei de Diretrizes e Bases da mesmos direitos humanos e liberdades
Educação Nacional – Lei nº 9.394/96 fundamentais que as demais pessoas,
No artigo 59, preconiza que os sistemas de definindo como discriminação com base na
ensino devem assegurar aos alunos currículo, deficiência toda diferenciação ou exclusão que
possa impedir ou anular o exercício dos desenvolver ações afirmativas que possibilitem
direitos humanos e de suas liberdades inclusão, acesso e permanência na educação
fundamentais. superior.
2002 – Resolução CNE/CP nº1/2002 2007 – Plano de Desenvolvimento da
Estabelece as Diretrizes Curriculares Educação – PDE
Nacionais para a Formação de Professores da Traz como eixos a acessibilidade arquitetônica
Educação Básica, define que as instituições de dos prédios escolares, a implantação de salas
ensino superior devem prever em sua de recursos multifuncionais e a formação
organização curricular formação docente docente para o atendimento educacional
voltada para a atenção à diversidade e que especializado.
contemple conhecimentos sobre as 2007 – Decreto nº 6.094/07
especificidades dos alunos com necessidades Estabelece dentre as diretrizes do
educacionais especiais. Compromisso Todos pela Educação a garantia
2002 – Lei nº 10.436/02 do acesso e permanência no ensino regular e
Reconhece a Língua Brasileira de Sinais como o atendimento às necessidades educacionais
meio legal de comunicação e expressão, especiais dos alunos, fortalecendo a inclusão
determinando que sejam garantidas formas educacional nas escolas públicas.
institucionalizadas de apoiar seu uso e 2008 – Política Nacional de Educação
difusão, bem como a inclusão da disciplina de Especial na Perspectiva da Educação
Libras como parte integrante do currículo nos Inclusiva
cursos de formação de professores e de Traz as diretrizes que fundamentam uma
fonoaudiologia. política pública voltada à inclusão escolar,
2003 – Portaria nº 2.678/02 consolidando o movimento histórico brasileiro.
Aprova diretriz e normas para o uso, o ensino, 2009 – Convenção sobre os Direitos das
a produção e a difusão do Sistema Braille em Pessoas com Deficiência
todas as modalidades de ensino, Aprovada pela ONU e da qual o Brasil é
compreendendo o projeto da Grafia Braile para signatário. Estabelece que os Estados Parte
a Língua Portuguesa e a recomendação para devem assegurar um sistema de educação
o seu uso em todo o território nacional. inclusiva em todos os níveis de ensino.
2004 – Cartilha – O Acesso de Alunos com Determina que as pessoas com deficiência
Deficiência às Escolas e Classes Comuns não sejam excluídas do sistema educacional
da Rede Regular geral e que as crianças com deficiência não
O Ministério Público Federal divulga o sejam excluídas do ensino fundamental
documento com o objetivo de disseminar os gratuito e compulsório; e que elas tenham
conceitos e diretrizes mundiais para a acesso ao ensino fundamental inclusivo, de
inclusão. qualidade e gratuito, em igualdade de
2004 – Decreto nº 5.296/04 condições com as demais pessoas na
Regulamenta as leis nº 10.048/00 e nº comunidade em que vivem (Art.24).
10.098/00, estabelecendo normas e critérios 2008 – Decreto nº 6.571
para a promoção da acessibilidade às pessoas Dá diretrizes para o estabelecimento do
com deficiência ou com mobilidade reduzida atendimento educacional especializado no
(implementação do Programa Brasil sistema regular de ensino (escolas públicas ou
Acessível). privadas).
2005 – Decreto nº 5.626/05 2009 – Decreto nº 6.949
Regulamenta a Lei nº 10.436/02, visando à Promulga a Convenção Internacional sobre os
inclusão dos alunos surdos, dispõe sobre a Direitos das Pessoas com Deficiência e seu
inclusão da Libras como disciplina curricular, a Protocolo Facultativo, assinados em Nova
formação e a certificação de professor, York, em 30 de março de 2007. Esse decreto
instrutor e tradutor/intérprete de Libras, o dá ao texto da Convenção caráter de norma
ensino da Língua Portuguesa como segunda constitucional brasileira.
língua para alunos surdos e a organização da 2009 – Resolução No. 4 CNE/CEB
educação bilíngüe no ensino regular. Institui diretrizes operacionais para o
2006 – Plano Nacional de Educação em atendimento educacional especializado na
Direitos Humanos Educação Básica, que deve ser oferecido no
Lançado pela Secretaria Especial dos Direitos turno inverso da escolarização,
Humanos, pelo Ministério da Educação, pelo prioritariamente nas salas de recursos
Ministério da Justiça e pela UNESCO. multifuncionais da própria escola ou em outra
Objetiva, dentre as suas ações, fomentar, no escola de ensino regular. O AEE pode ser
currículo da educação básica, as temáticas realizado também em centros de atendimento
relativas às pessoas com deficiência e educacional especializado públicos e em
instituições de caráter comunitário, duplos do Fundo de Manutenção e
confessional ou filantrópico sem fins lucrativos Desenvolvimento da Educação Básica e de
conveniados com a Secretaria de Educação Valorização dos Profissionais da Educação
(art.5º). (FUNDEB) a estudantes incluídos; implantar
2011 – Plano Nacional de Educação (PNE) mais salas de recursos multifuncionais;
Projeto de lei ainda em tramitação. A Meta 4 fomentar a formação de professores de AEE;
pretende “Universalizar, para a população de 4 ampliar a oferta do AEE; manter e aprofundar
a 17 anos, o atendimento escolar aos o programa nacional de acessibilidade nas
estudantes com deficiência, transtornos escolas públicas; promover a articulação entre
globais do desenvolvimento e altas habilidades o ensino regular e o AEE; acompanhar e
ou superdotação na rede regular de ensino.”. monitorar o acesso à escola de quem recebe o
Dentre as estratégias, está garantir repasses benefício de prestação continuada.

2012 – Lei nº 12.764


Institui a Política Nacional de Proteção dos
Direitos da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista; e altera o § 3º do art. 98 da
Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.

Os desafios da Educação inclusiva: foco


nas redes de apoio

Para fazer a inclusão de verdade e garantir a especializados para garantir a aprendizagem


aprendizagem de todos os alunos na escola de todos os alunos.
regular é preciso fortalecer a formação dos A Educação é um direito de todos e deve ser
professores e criar uma boa rede de apoio orientada no sentido do pleno
entre alunos, docentes, gestores escolares, desenvolvimento e do fortalecimento da
famílias e profissionais de saúde que atendem personalidade. O respeito aos direitos e
as crianças com Necessidades Educacionais liberdades humanas, primeiro passo para a
Especiais. construção da cidadania, deve ser incentivado.
O esforço pela inclusão social e escolar de Educação inclusiva, portanto, significa educar
pessoas com necessidades especiais no Brasil todas as crianças em um mesmo contexto
é a resposta para uma situação que escolar. A opção por este tipo de Educação
perpetuava a segregação dessas pessoas e não significa negar as dificuldades dos
cerceava o seu pleno desenvolvimento. Até o estudantes. Pelo contrário. Com a inclusão, as
início do século 21, o sistema educacional diferenças não são vistas como problemas,
brasileiro abrigava dois tipos de serviços: mas como diversidade. É essa variedade, a
a escola regular e a escola especial - ou o partir da realidade social, que pode ampliar a
aluno frequentava uma, ou a outra. Na última visão de mundo e desenvolver oportunidades
década, nosso sistema escolar modificou-se de convivência a todas as crianças.
com a proposta inclusiva e um único tipo de Preservar a diversidade apresentada na
escola foi adotado: a regular, que acolhe todos escola, encontrada na realidade social,
os alunos, apresenta meios e recursos representa oportunidade para o atendimento
adequados e oferece apoio àqueles que das necessidades educacionais com ênfase
encontram barreiras para a aprendizagem. nas competências, capacidades e
A Educação inclusiva compreende a potencialidades do educando.
Educação especial dentro da escola regular e
transforma a escola em um espaço para todos.
Ela favorece a diversidade na medida em que O que o Plano Nacional de Educação diz
considera que todos os alunos podem ter sobre a Educação inclusiva
necessidades especiais em algum momento No Brasil, a regulamentação mais recente que
de sua vida escolar. norteia a organização do sistema educacional
Há, entretanto, necessidades que interferem é o Plano Nacional de Educação (PNE 2011-
de maneira significativa no processo de 2020). Esse documento, entre outras metas e
aprendizagem e que exigem uma atitude propostas inclusivas, estabelece a nova
educativa específica da escola como, por função da Educação
exemplo, a utilização de recursos e apoio especial como modalidade de ensino que
perpassa todos os segmentos da
escolarização (da Educação Infantil ao ensino alunos com necessidades educacionais
superior); realiza o atendimento educacional especiais, é preciso que ofereça condições
especializado (AEE); disponibiliza os serviços para a operacionalização desse projeto
e recursos próprios do AEE e orienta os pedagógico inclusivo. A inclusão deve
alunos e seus professores quanto à sua garantir a todas as crianças e jovens o acesso
utilização nas turmas comuns do ensino à aprendizagem por meio de todas as
regular. possibilidades de desenvolvimento que a
O PNE considera público alvo da Educação escolarização oferece.
especial na perspectiva da Educação As mudanças são imprescindíveis, dentre elas
inclusiva, educandos com deficiência a reestruturação física, com a eliminação das
(intelectual, física, auditiva, visual e múltipla), barreiras arquitetônicas; a introdução de
transtorno global do desenvolvimento (TGD) e recursos e de tecnologias assistivas; a oferta
altas habilidades. de profissionais do ensino especial, ainda em
Se o aluno apresentar necessidade específica, número insuficiente. Além da compreensão e
decorrente de suas características ou incorporação desses serviços na escola
condições, poderá requerer, além dos regular são necessárias alternativas relativas à
princípios comuns da Educação na organização, ao planejamento e à avaliação
diversidade, recursos diferenciados do ensino.
identificados como necessidades Outro ponto importante refere-se à formação
educacionais especiais (NEE). O estudante dos professores para a inclusão. A
poderá beneficiar-se dos apoios de caráter transformação de paradigma na Educação
especializado, como o ensino de linguagens e exige professores preparados para a nova
códigos específicos de comunicação e prática, de modo que possam atender também
sinalização, no caso da deficiência visual e às necessidades do ensino inclusivo. O saber
auditiva; mediação para o desenvolvimento está sendo construído à medida que as
de estratégias de pensamento, no caso experiências vão acumulando-se e as práticas
da deficiência intelectual; adaptações do anteriores vão sendo transformadas. Por isso,
material e do ambiente físico, no caso a formação continuada tem um papel
da deficiência física; estratégias fundamental na prática profissional.
diferenciadas para adaptação e regulação do  A inclusão de pessoas com necessidades
comportamento, no caso do transtorno especiais faz parte do paradigma de uma
global; ampliação dos recursos educacionais sociedade democrática, comprometida com o
e/ou aceleração de conteúdos para altas respeito aos cidadãos e à cidadania. Esse
habilidades. paradigma, na escola, apresenta-se no projeto
A Educação inclusiva tem sido um caminho pedagógico que norteará sua ação, explicitará
importante para abranger a diversidade sua política educacional, seu compromisso
mediante a construção de uma escola que com a formação dos alunos, assim como, com
ofereça uma proposta ao grupo (como um ações que favoreçam a inclusão social.
todo) ao mesmo tempo em que atenda às É o projeto pedagógico que orienta as
necessidades de cada um, principalmente atividades escolares revelando a concepção
àqueles que correm risco de exclusão em da escola e as intenções da equipe de
termos de aprendizagem e participação na educadores. Com base no projeto pedagógico
sala de aula. a escola organiza seu trabalho; garante apoio
O que significa ter um projeto pedagógico administrativo, técnico e científico às
inclusivo? necessidades da Educação inclusiva; planeja
As barreiras que podem impedir o acesso de suas ações; possibilita a existência de
alguns alunos ao ensino e à convivência estão propostas curriculares diversificadas e abertas;
relacionadas a diversos componentes e flexibiliza seu funcionamento; atende à
dimensões da escolarização. Ocorrem, diversidade do alunado; estabelece redes de
também, impedimentos na ação dos apoio, que proporcionam a ação de
educadores. Vejamos os principais pontos profissionais especializados, para favorecer o
revelados na experiência com educadores no processo educacional.
exercício da Educação inclusiva, para todos. É na sala de aula que acontece a
Educadores reconhecem, cada vez mais, a concretização do projeto pedagógico -
diversidade humana e as diferenças elaborado nos diversos níveis do sistema
individuais que compõem seu grupo de alunos educacional. Vários fatores podem influenciar
e se deparam com a urgência de transformar o a dinâmica da sala de aula e a eficácia do
sistema educacional e garantir um ensino de processo de ensino e aprendizagem.
qualidade para todos os estudantes. Não Planejamentos que contemplem regulações
basta que a escola receba a matrícula de organizativas diversas, com possibilidades de
adequações ou flexibilizações têm sido uma Profissionais da área de saúde que
das alternativas mais discutidas como opção trabalham com o aluno, como fisioterapeutas,
para o rompimento com estratégias e práticas psicopedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos
limitadas e limitantes. ou médicos, também compõem a rede. Esses
profissionais poderão esclarecer as
necessidades de crianças e jovens e sugerir,
Flexibilização e adaptação curricular em ao professor, alternativas para o atendimento
favor da aprendizagem dessas necessidades.
Na perspectiva da Educação inclusiva, os
Para estruturar as flexibilizações na escola apoios centrais reúnem os serviços da
inclusiva é preciso que se reflita sobre os Educação especial e o Atendimento
possíveis ajustes relativos à organização Educacional Especializado (AEE). São
didática. Qualquer adaptação não poderá esses os novos recursos que precisam ser
constituir um plano paralelo, segregado ou incorporados à escola. O aluno tem direito de
excludente. As flexibilizações e/ou frequentar o AEE no período oposto às aulas.
adequações da prática pedagógica deverão O sistema público tem organizado salas
estar a serviço de uma única premissa: multifuncionais ou salas de apoio, na própria
diferenciar os meios para igualar os direitos, escola ou em instituições conveniadas, com o
principalmente o direito à participação, ao objetivo de oferecer recursos de acessibilidade
convívio. e estratégias para eliminar as barreiras,
Além disso, para que o projeto inclusivo seja favorecendo a plena participação social e o
colocado em ação, há necessidade de uma desenvolvimento da aprendizagem.
atitude positiva e disponibilidade do professor Ainda que não apresente números
para que ele possa criar uma atmosfera consideráveis, a inclusão tem sido incorporada
acolhedora na classe. A sala de aula afirma ou e revela ações que podem ser consideradas
nega o sucesso ou a eficácia da inclusão práticas para apoiar o professor. Ter um
escolar, mas isso não quer dizer que a segundo professor na sala de aula, é um
responsabilidade seja só do professor. O exemplo, seja presente durante todas as aulas
professor não pode estar sozinho, deverá ter ou em alguns momentos, nas mais diversas
uma rede de apoio, na escola e fora dela, modalidades: intérprete, apoio, monitor ou
para viabilizar o processo inclusivo. auxiliar. Esse professor poderá possuir
Como formar redes de apoio à Educação formação específica, básica ou poderá ser um
inclusiva estagiário. A participação do professor do AEE
Os sistemas de apoio começam na própria poderá ocorrer na elaboração do planejamento
escola, na equipe e na gestão escolar. O aluno e no suporte quanto à compreensão das
com necessidades especiais não é visto como condições de aprendizagem dos alunos, como
responsabilidade unicamente do professor, forma de auxiliar a equipe pedagógica.
mas de todos os participantes do processo Outra atividade evidenciada pela prática
educacional. A direção e a coordenação inclusiva para favorecer o educador é a
pedagógica devem organizar momentos para adoção da práxis - no ensino, nas interações,
que os professores possam manifestar suas no espaço e no tempo - que relacione os
dúvidas e angústias. Ao legitimar as diferentes conteúdos às diversas atividades
necessidades dos docentes, a equipe gestora presentes no trabalho pedagógico. São esses
pode organizar espaços para o procedimentos que irão promover aos alunos a
acompanhamento dos alunos; compartilhar possibilidade de reorganização do
entre a equipe os relatos das condições de conhecimento, à medida que são respeitados
aprendizagens, das situações da sala de aula os diferentes estilos e ritmos de
e discutir estratégias ou possibilidades para o aprendizagem.
enfrentamento dos desafios. Essas ações Vale ressaltar que a Educação inclusiva, como
produzem assuntos para estudo e pesquisa prática em construção, está em fase de
que colaboram para a formação continuada implementação. São muitos os desafios a
dos educadores. serem enfrentados, mas as iniciativas e as
A família compõe a rede de apoio como a alternativas realizadas pelos educadores são
instituição primeira e significativamente fundamentais. As experiências, agora,
importante para a escolarização dos alunos. É centralizam os esforços para além da
a fonte de informações para o professor sobre convivência, para as possibilidades de
as necessidades específicas da criança. É participação e de aprendizagem efetiva de
essencial que se estabeleça uma relação de todos os alunos.
confiança e cooperação entre a escola e a
família, pois esse vínculo favorecerá o
desenvolvimento da criança.
Nesse sentido, a aprovação da Lei Brasileira
de Inclusão (LBI), também conhecida como
Modelo de Redação: Os desafios da educação Estatuto da Pessoa com Deficiência, configura
inclusiva no Brasil um grande avanço. Devemos, contudo,
analisar de forma crítica sua aplicação prática,
bem como seu diálogo com o atual sistema de
ensino.
Um dos assuntos mais atuais do momentos, a Em primeiro lugar, é preciso falar daquilo que
educação inclusiva no Brasil, já foi tema de é apontado pelos responsáveis como um dos
várias aulas por aqui. É importante maiores obstáculos encontrados: a falta de
ressaltar que a educação inclusiva entende a acessibilidade. Isso engloba desde a escassez
educação especial dentro da escola regular, estrutural até a ausência de profissionais
transformando, assim, a escola em um espaço capacitados e preparados para lidar com as
para todos. necessidades dessas crianças. Essa situação,
No entanto, existem necessidades que aliada à cobrança indevida de taxas extras,
acabam interferindo de maneira significativa feita por muitos estabelecimentos, causa
dentro do processo de aprendizagem, exigindo revolta e impotência nos responsáveis, como
uma atitude educativa específica da escola, foi mostrado em reportagem exibida no
como a utilização de recursos e apoio começo de 2016 pelo Fantástico. Por esse
especializados, a fim de garantir a motivo, a LBI tem tamanha importância: busca
aprendizagem de todos os alunos. sanar os problemas de livre acesso, visando à
A educação, assim como a educação sua igualdade e permanência previstas na
inclusiva, é um direito de todos e, por isso, Constituição.
deve ser orientada no sentido do pleno Além disso, não podemos deixar de questionar
desenvolvimento. Para a construção de o modelo atual de ensino adotado não só no
cidadania, é muito importante que exista o Brasil, mas em grande parte do mundo. A
respeito aos direitos e liberdades humanas. exclusão, nesse contexto, não se restringe às
Logo, a educação inclusiva significa educar crianças com necessidades especiais, mas
todas as crianças dentro de um mesmo tende a rejeitar também as superdotadas e
contexto escolar. Contudo, optar por este tipo portadoras de transtornos como o déficit de
de educação não significa negar as atenção. O modelo rígido de avaliações limita
dificuldades dos estudantes, porém, com a a análise do aprendizado a resultado em
inclusão, as diferenças não são vistas como provas e termina por, como disse a
problemas, mas sim como diversidade. coordenadora de Educação Especial de
Florianópolis, Rosangela Machado, causar
sofrimento para a criança, não valorizando seu
real potencial. Por esse motivo, por muito
tempo defendeu-se a ideia de que crianças
Modelo de Redação: Os desafios da educação
com deficiência e transtornos deveriam
inclusiva no Brasil
frequentar escolas diferentes das ditas
“crianças normais” ou tomar medicamentos
Agora que você já entendeu um pouco mais para se adaptar ao padrão, reiterando a sua
sobre a educação inclusiva, dê uma olha no exclusão.
Modelo de Redação: Os desafios da educação É válido destacar, contudo, que a lei aprovada
inclusiva no Brasil, feito pela monitora Maria com o fim de garantir a inclusão nesses
Carolina, para você se inspirar e comparar ambientes possui pontos passíveis de críticas.
com a sua própria redação. Você também As adaptações e contratações de profissionais
pode enviar sua redação para nós! para atender a essa demanda geram custos
paras as escolas. Manter um psicólogo
especializado, um terapeuta ocupacional ou
Um direito, não um favor um fonoaudiólogo sem ter alunos nessas
condições é uma despesa sem retorno,
O acesso à educação é um direito básico e de contudo, o estabelecimento precisaria estar
extrema relevância para a formação do pronto para receber esse aluno tão bem
indivíduo — sem qualquer distinção quanto qualquer outro, quando solicitado. Essa
— enquanto cidadão. Entretanto, apesar de questão se mostra mais difícil quando falamos
assegurado em lei, a dificuldade encontrada de escolas menores, não das grandes redes
por uma parcela da sociedade, dando ênfase de ensino.
às crianças e jovens com deficiências, acaba Portanto, para que a LBI não seja apenas mais
por limitar a concretização dessa garantia. uma lei que não sai do papel, torna-se
necessário levar em consideração a sua Todo esse movimento nos trouxe ao que hoje
aplicação e obstáculos. Fica claro que é temos procurado experimentar: a dita inclusão
fundamental repensar, por meio da – que nada mais é do que o esforço para tirar
mobilização dos mais diversos setores da a pessoa com deficiência de todo e qualquer
sociedade, em especial das famílias em quarto escuro nos fundos do cotidiano. O fazer
parceria com o Estado, a forma de educar inclusivo defende que o real avanço se dá com
para incluir. Outra ação por parte deste deve pessoas com e sem deficiência vivendo juntas
ser a criação de associações, o fornecimento situações rotineiras. Não mais escolas ou
de incentivos e subsídios para as instituições institutos específicos para surdos, cegos ou
privadas e a garantia de estabelecimentos demais, mas espaços para todos. Salas de
bem equipados e preparados na rede pública. aula em que surdos e ouvintes aprendam
Por fim, é preciso, por parte das escolas, juntos. Pessoas com Síndrome de
investir na contratação de profissionais Down ou autismo ao lado de quem não possui
qualificados — parcerias com empresas diagnóstico de déficit cognitivo. Uma utopia?
especializadas sanariam a questão da Não. Um experimento mais e mais
manutenção ociosa — e na capacitação oportunizado, tentado e instigante.
daqueles que já integram seus quadros, além
da adaptação do espaço físico. Assim,  
caminharemos para uma sociedade mais
justa, na qual direitos não são tratados como
favores. O convite para atuar na inclusão
O lugar das pessoas sem deficiência nas ações
de inclusão Para trilhar esse caminho, há um primeiro
O termo inclusão chega até você em meio a passo a ser tomado pela pessoa sem
uma saraivada de informações, seduções e deficiência: recuar de si mesma. Mergulhar em
convites ao trato social. Enquanto uma pessoa experiências inclusivas buscando benefícios
sem deficiência, você pensa: “olha só, que próprios – sejam de que ordem for – pode ser
bacana. Vou entrar nessa, vou ajudar”. No desastroso. Não entendamos o compromisso
calor da intenção – que costuma ser inclusivo, com isso, como uma ação de irá
legitimamente benevolente –, muitas vezes colocar alguém acima dos demais: assumir
nos esquecemos de fazer perguntas cruciais: para si o lugar de um “benfeitor” apenas
“quero ser um agente de transformação. Mas reforça a imagem da pessoa com deficiência
por quê? E para quê?” como eterno coitado. No entanto, não abdicar
das necessidades de premiação pessoal
A perspectiva inclusiva é resultado de um representa uma premissa nociva.
processo histórico. Nas sociedades primitivas,
as práticas eram a do extermínio ou banimento Para que aceitar o convite de atuar na
da criança com deficiência. Com o inclusão? Qual a finalidade fundamental de se
desenvolvimento da relação do ser humano trazer essa atitude social para si? Uma análise
com o divino, o sacrifício e o abandono foram do histórico do processo inclusivo pode nos
abolidos, mas instaurou-se a ideia de que ajudar nessa resposta. Dar fim a esses
essas pessoas representavam um “castigo dos eternos quartos escuros, no fundo das
deuses” para suas famílias. Outro momento foi residências relacionais mais íntimas, parece
o do surgimento do estigma do “coitado de ser um “para que” extremante urgente. Querer
Deus” – da criatura que precisa de nossa ser um agente inclusivo para alimentar o
misericórdia e pena. próprio sorriso de satisfação quando nunca ou
muito pouco precisamos lutar por respeito no
Em meio a todo esse processo, surge a trato social é causa bem menor perto do
questão: como educar a pessoa com compromisso de ajudar o outro a ser
deficiência? Vemos, assim, se abrir o tempo respeitado.
da chamada educação especial.
Estigmatizado, ainda não tendo tratamento de Quando o assunto é inclusão, o por que e o
fato igualitário, esse público é agrupado por para que estão no outro.
condição em instituições específicas. Surdos
vão para as escolas de surdos, cegos  
frequentam ambientes educacionais de cegos
e assim por diante. Permanece o fator
excludente: eles estão juntos, mas separados Carlos Correia Santos é especialista em
do mais social. educação especial com ênfase na inclusão,
especialista em educação musical e ensino de
artes, psicopedagogo clínico e pós-graduando sem fins lucrativos, especializadas e com
em musicoterapia. atuação exclusiva em educação especial para
© Instituto Rodrigo Mendes. Licença Creative fins de apoio técnico e financeiro pelo poder
Commons BY-NC-ND 2.5 Site externoSite público.
externo. A cópia, distribuição e transmissão 1999
dessa obra são livres, sob as seguintes Decreto nº 3.298 Site externo: dispõe sobre
condições: Você deve creditar a obra como de a Política nacional para a integração da
autoria de Carlos Correia Santos e licenciada pessoa portadora de deficiência. A educação
pelo Instituto Rodrigo Mendes Site externoSite especial é definida como uma modalidade
externo e DIVERSA. transversal a todos os níveis e modalidades de
ensino.
A legislação federal brasileira e a educação de Resolução da Câmara de educação básica
alunos com deficiência do Conselho nacional de educação
Publicado em 08/09/2017 por MARTA GIL (CNE/CEB) nº 4: Site externo institui as
Desde os tempos da colônia, a educação de diretrizes curriculares nacionais para a
estudantes com deficiência no Brasil recebeu educação profissional de nível técnico.
algum tipo de atenção. Mas não vamos voltar Também aborda, no artigo 16, a organização
tanto assim no tempo. O ponto de partida do sistema nacional de certificação profissional
desta linha do tempo da legislação relativa à baseado em competências.
educação especial é o ano de 1988, quando 2001
foi promulgada a Constituição federal ainda Resolução CNE/CEB nº 2 Site
em vigor. Ela foi chamada “Constituição externo: institui as diretrizes nacionais para a
cidadã”, porque garantiu direitos a grupos educação especial na educação básica. Afirma
sociais até então marginalizados, como as que os sistemas de ensino devem matricular
pessoas com deficiência – que também todos os alunos, cabendo às escolas
participaram ativamente de sua elaboração. organizarem-se para o atendimento aos
educandos com necessidades educacionais
A seguir, apresentamos de forma resumida as especiais, assegurando as condições
principais leis, diretrizes e programas sobre necessárias para uma educação de qualidade
educação especial do Brasil. para todos.
Parecer CNE/CP nº 9 Site externo: institui as
diretrizes curriculares nacionais para a
  formação de professores da educação básica
A legislação federal em nível superior. Estabelece que a educação
1988 básica deve ser inclusiva, para atender a uma
Constituição federal Site externo: o artigo política de integração dos estudantes com
205 define a educação como um direito de necessidades educacionais especiais nas
todos, que garante o pleno desenvolvimento classes comuns dos sistemas de ensino. Isso
da pessoa, o exercício da cidadania e a exige que a formação dos docentes das
qualificação para o trabalho. Estabelece a diferentes etapas inclua conhecimentos
igualdade de condições de acesso e relativos à educação desses alunos.
permanência na escola como um princípio. Por Parecer CNE/CEB nº 17 Site externo:
fim, garante que é dever do Estado oferecer destaca-se por sua abrangência, indo além da
o atendimento educacional especializado educação básica, e por se basear em vários
(AEE), preferencialmente na rede regular de documentos sobre educação especial. No item
ensino. 4, afirma que a inclusão na rede regular de
1994 ensino não consiste apenas na permanência
Portaria do Ministério da Educação (MEC) física desses alunos junto aos demais
nº 1.793 Site externo: recomenda a inclusão educandos, mas representa a ousadia de
de conteúdos relativos aos aspectos éticos, rever concepções e paradigmas, bem como de
políticos e educacionais da normalização e desenvolver o potencial dessas pessoas.
integração da pessoa portadora de 2002
necessidades especiais nos currículos de Lei nº 10.436 Site externo: dispõe sobre
formação de docentes. a Língua brasileira de sinais (Libras).
1996 Reconhece a língua de sinais como meio legal
Lei nº 9.394 – Lei de diretrizes e bases da de comunicação e expressão, bem como
educação nacional (LDB) Site outros recursos de expressão a ela
externo: define educação especial, assegura associados.
o atendimento aos educandos com Portaria MEC nº 2.678 Site externo: aprova o
necessidades especiais e estabelece critérios projeto da grafia braille para a língua
de caracterização das instituições privadas
portuguesa, recomenda seu uso em todo o 2008
território nacional e estabelece diretrizes e Política nacional de educação especial na
normas para a utilização, o ensino, a produção perspectiva da educação inclusiva Site
e a difusão do Sistema Braille em todas as externo: documento de grande importância,
modalidades de ensino. fundamenta a política nacional educacional e
2003 enfatiza o caráter de processo da inclusão
Portaria nº 3.284: Site externo dispõe sobre educacional desde o título: “na perspectiva
os requisitos de acessibilidade de pessoas da”. Ou seja, ele indica o ponto de partida
portadoras de deficiência, para instruir os (educação especial) e assinala o ponto de
processos de autorização e de chegada (educação inclusiva).
reconhecimento de cursos e de Decreto legislativo nº 186 Site
credenciamento de instituições. externo: aprova o texto da Convenção sobre
2004 os direitos das pessoas com deficiência e de
Programa universidade para todos seu protocolo facultativo, assinados em Nova
(PROUNI): Site externo programa do Iorque, em 30 de março de 2007. O artigo 24
Ministério da Educação que concede bolsas da Convenção aborda a educação inclusiva.
de estudo em instituições privadas de 2009
educação superior, em cursos de graduação e Decreto executivo nº 6.949 Site
sequenciais de formação específica, a externo: promulga a Convenção sobre os
estudantes. Pessoas com deficiência podem direitos das pessoas com deficiência e seu
concorrer a bolsas integrais. protocolo facultativo.
2005 Resolução MEC CNE/CEB nº 4 Site
Programa de acessibilidade no ensino externo: institui as diretrizes operacionais
superior (Programa incluir) Site externo: para o atendimento educacional especializado
propõe ações que garantem o acesso pleno de na educação básica, modalidade educação
pessoas com deficiência às instituições especial. Afirma que o AEE deve ser oferecido
federais de ensino superior (ifes). O programa no turno inverso da escolarização,
tem como principal objetivo fomentar a criação prioritariamente nas salas de recursos
e a consolidação de núcleos de acessibilidade multifuncionais da própria escola ou em outra
nessas unidades, os quais respondem pela escola de ensino regular.
organização de ações institucionais que 2011
garantam a integração de pessoas com Plano nacional dos direitos da pessoa com
deficiência à vida acadêmica, eliminando deficiência (Plano viver sem limite)  Site
barreiras comportamentais, pedagógicas, externo: no art. 3º, estabelece a garantia de
arquitetônicas e de comunicação. um sistema educacional inclusivo como uma
Decreto nº 5.626 Site externo: regulamenta a das diretrizes. Ele se baseia na Convenção
Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que sobre os direitos das pessoas com deficiência,
dispõe sobre a Libras, e o art. 18 da Lei nº que recomenda a equiparação de
10.098, de 19 de dezembro de 2000. Dispõe oportunidades. O plano tem quatro eixos:
sobre a inclusão da Libras como disciplina educação, inclusão social, acessibilidade e
curricular; a formação e a certificação do atenção à saúde. O eixo educacional prevê:
professor, instrutor, tradutor e intérprete; o
ensino de língua portuguesa como segunda • Implantação de salas de recursos
língua para alunos surdos e a organização multifuncionais, espaços nos quais é realizado
da educação bilíngue no ensino regular. o AEE;
2007 • Programa escola acessível, que destina
Plano de Desenvolvimento da Educação recursos financeiros para promover
(PDE) Site externo: recomenda acessibilidade arquitetônica nos prédios
a acessibilidade arquitetônica dos prédios escolares e compra de materiais e
escolares, a implantação de salas de recursos equipamentos de tecnologia assistiva;
multifuncionais e a formação docente para o • Programa caminho da escola, que oferta
atendimento educacional especializado (AEE). transporte escolar acessível;
Decreto nº 6.094 Site externo: implementa o • Programa nacional de acesso ao ensino
Plano de Metas Compromisso Todos pela técnico e emprego (Pronatec), que tem como
Educação, que destaca a garantia do acesso e objetivo expandir e democratizar a educação
permanência no ensino regular e o profissional e tecnológica no país;
atendimento às necessidades educacionais • Programa de acessibilidade no ensino
especiais dos alunos para fortalecer a inclusão superior (Incluir);
educacional nas escolas públicas. • Educação bilíngue – Formação de
professores e tradutores-intérpretes em Língua
Brasileira de Sinais (Libras); ensino. Isso contraria a Convenção sobre os
• BPC na escola. direitos das pessoas com deficiência, a
Decreto nº 7.611 Site externo: declara que é Constituição federal e o texto votado nas
dever do Estado garantir um sistema preparatórias, que estabelecem a
educacional inclusivo em todos os níveis e em universalização da educação básica para
igualdade de oportunidades para alunos com todas as pessoas entre 4 e 17 anos em
deficiência; aprendizado ao longo da vida; escolas comuns – sem a atenuante do termo
oferta de apoio necessário, no âmbito do “preferencialmente”.
sistema educacional geral, com vistas a Portaria interministerial nº 5 Site
facilitar sua efetiva educação, entre outras externo: trata da reorganização da Rede
diretrizes. nacional de certificação profissional (Rede
Nota Técnica MEC/SEESP/GAB nº 06 Site Certific). Recomenda, entre outros itens,
externo: dispõe sobre avaliação de estudante respeito às especificidades dos trabalhadores
com deficiência intelectual. Estabelece que e das ocupações laborais no processo de
cabe ao professor do atendimento educacional concepção e de desenvolvimento da
especializado a identificação das certificação profissional.
especificidades educacionais de cada 2015
estudante de forma articulada com a sala de Lei nº 13.146 – Lei brasileira de inclusão da
aula comum. Por meio de avaliação pessoa com deficiência (LBI) Site
pedagógica processual, esse profissional externo: o capítulo IV aborda o direito à
deverá definir, avaliar e organizar as educação, com base na Convenção sobre os
estratégias pedagógicas que contribuam com direitos das pessoas com deficiência, que
o desenvolvimento educacional do estudante, deve ser inclusiva e de qualidade em todos os
que se dará junto com os demais na sala de níveis de ensino; garantir condições de
aula. É, portanto, importantíssima a acesso, permanência, participação e
interlocução entre os professores do AEE e da aprendizagem, por meio da oferta de serviços
sala de aula regular. e recursos de acessibilidade que eliminem as
2012 barreiras. O AEE também está contemplado,
Decreto nº 7.750 Site externo: regulamenta o entre outras medidas.
Programa um computador por aluno 2016
(PROUCA) e o regime especial de incentivo a Lei nº 13.409 Site externo: dispõe sobre a
computadores para uso educacional reserva de vagas para pessoas com
(REICOM). Estabelece que o objetivo é deficiência nos cursos técnico de nível médio e
promover a inclusão digital nas escolas das superior das instituições federais de ensino. As
redes públicas de ensino federal, estadual, pessoas com deficiência serão incluídas no
distrital, municipal e nas escolas sem fins programa de cotas de instituições federais de
lucrativos de atendimento a pessoas com educação superior, que já contempla
deficiência, mediante a aquisição e a utilização estudantes vindos de escolas públicas, de
de soluções de informática. baixa renda, negros, pardos e indígenas. O
2013 cálculo da cota será baseado na
Parecer CNE/CEB nº 2 Site proporcionalidade em relação à população,
externo: responde à consulta sobre a segundo o censo 2010 do Instituto Brasileiro
possibilidade de aplicação de “terminalidade de Geografia e Estatística (IBGE).
especifica” nos cursos técnicos integrados ao
ensino médio: “O IFES entende que a  
‘terminalidade específica’, além de se
constituir como um importante recurso de
flexibilização curricular, possibilita à escola o Referências internacionais
registro e o reconhecimento de trajetórias
escolares que ocorrem de forma especifica e Declarações e relatórios de agências de
diferenciada”. cooperação internacional são importantes para
2014 fortalecer a educação inclusiva, pois propõem
Plano nacional de educação (PNE)  Site valores e diretrizes que fundamentam a
externo: define as bases da política elaboração de leis e decretos. A seguir,
educacional brasileira para os próximos 10 apresentamos de forma resumida as principais
anos. A meta 4, sobre educação especial, referências internacionais sobre educação
causou polêmica: a redação final aprovada inclusiva.
estabelece que a educação para os alunos 1990
com deficiência deve ser oferecida Declaração de Jomtien (Tailândia) Site
“preferencialmente” no sistema público de externo: destacou os altos índices de crianças
e jovens sem escolarização e propôs objetivos e 169 metas sobre erradicação da
transformações nos sistemas de ensino, pobreza, segurança alimentar e agricultura,
visando assegurar a inclusão e a permanência saúde, educação, igualdade de gênero,
de todos na escola. redução das desigualdades, entre outros. O
1994 objetivo 4 é assegurar a educação inclusiva e
Declaração de Salamanca (Espanha) Site equitativa de qualidade e promover
externo: reafirmou “(…) o nosso compromisso oportunidades de aprendizagem ao longo da
para com a Educação para Todos, vida para todos.
reconhecendo a necessidade e urgência do
providenciamento de educação para as • Meta 4.1: até 2030, garantir que todas as
crianças, jovens e adultos com necessidades meninas e meninos completem o ensino
educacionais especiais dentro do sistema primário e secundário livre, equitativo e de
regular de ensino”. qualidade, que conduza a resultados de
1999 aprendizagem relevantes e eficazes;
Convenção da Guatemala Site
externo: trouxe o princípio da não
discriminação, que recomenda “tratar • Meta 4.5: até 2030, eliminar as disparidades
igualmente os iguais e desigualmente os de gênero na educação e garantir a igualdade
desiguais”. Ou seja, é preciso garantir direitos de acesso a todos os níveis de educação e
iguais de participação, de aprendizagem, de formação profissional para os mais
trabalho, entre outros. Nesse sentido, se for vulneráveis, incluindo as pessoas com
necessário oferecer recursos, metodologias ou deficiência, povos indígenas e as crianças em
tratamento diferenciado visando proporcionar situação de vulnerabilidade;
condições adequadas, a indicação é que
sejam mobilizados todos os investimentos que • Meta 4.7: construir e melhorar instalações
assegurem a equiparação de oportunidades. físicas para educação, apropriadas para
Esta não é uma ação discriminatória; ao crianças e sensíveis às deficiências e ao
contrário, ela visa promover o acesso, fazendo gênero e que proporcionem ambientes de
um movimento de inclusão fundamentado no aprendizagem seguros, não violentos,
princípio da diversidade, para o qual a inclusivos e eficazes para todos.
diferença é uma realidade, não um problema.
A Convenção vigora no Brasil desde setembro  
de 2001, quando foi aprovada pelo Senado Marta Gil é coordenadora executiva
com o Decreto legislativo nº 198 Site externo. do Amankay Instituto de Estudos e
2006 Pesquisas Site externo, consultora na área de
Convenção sobre os direitos das pessoas inclusão de pessoas com deficiência,
com deficiência Site externo: assegura que responsável pela concepção do DISCOVERY,
pessoas com deficiência desfrutem os primeiro jogo corporativo sobre inclusão,
mesmos direitos humanos de qualquer outra consultora da série “O futuro que queremos –
pessoa: elas são capazes de viver suas vidas Trabalho decente e inclusão de pessoas com
como cidadãos plenos, que podem dar deficiência” (OIT e Ministério Público do
contribuições valiosas à sociedade, se tiverem Trabalho), responsável pela elaboração da
as mesmas oportunidades que os outros têm. Metodologia SESI SENAI de gestão da
O artigo 24, que aborda a educação, é claro: inclusão na indústria, Fellow da Ashoka
“Para efetivar esse direito sem discriminação e Empreendedores Sociais. Autora dos livros
com base na igualdade de oportunidades, os “Caminhos da inclusão – A trajetória da
Estados Partes assegurarão sistema formação profissional de pessoas com
educacional inclusivo em todos os níveis, bem deficiência no SENAI-SP”, “As cores da
como o aprendizado ao longo de toda a vida”. Inclusão – SENAI MA” e organizadora do livro
2013 “Educação Inclusiva: o que o professor tem a
Relatório situação mundial da infância  Site ver com isso?”, USP/Fundação
externo: realizado pelo Unicef (2013), o Telefônica/Ashoka, prêmio Imprensa Social.
documento traz informações qualitativas e
quantitativas sobre a inclusão de crianças e Não é incomum ouvir de mães e pais que a
adolescentes na educação, inclusive no Brasil. escola fecha a porta para o diálogo quando se
2015 trata de a família desejar participar ativamente
Objetivos de desenvolvimento da construção das ações pedagógicas junto a
sustentável Site externo: dão continuidade seus filhos com alguma deficiência. Os
aos Objetivos de desenvolvimento do milênio responsáveis reclamam – e com razão – que
(ODM) e valem de 2015 até 2030. São 17 há unidades de ensino que respondem
secamente que já há um projeto pedagógico estudante e sua família para, juntos,
em andamento e que o estudante precisa se organizarem um planejamento tão importante
adaptar a ele. Outras escutam os familiares e útil. Há outras que engavetam o documento,
com muita educação, mas na hora H, como se fosse mais um relatório cumprido por
continuam sem investir em transformações tabela. Mas, para que seja efetivo, é essencial
profundas na ação docente e em prol da revê-lo semestralmente, considerando o
acessibilidade, em seu sentido pleno. desenvolvimento das habilidades e
conhecimentos do aluno.
Mas o inverso também acontece. Escolas que
cobram e desejam a participação mais ativa da Nesse trabalho colaborativo entre
família, mas encontram dificuldades em um ambas instituições, a escola pode solicitar
mar de irresponsabilidades e na ausência de informações sobre o dia a dia do estudante e
envolvimento de mães e pais na construção compartilhar orientações pedagógicas para
de estratégias pedagógicas que contribuam que os familiares desenvolvam em casa. Do
para o desenvolvimento da aprendizagem e da mesmo modo, é fundamental que pais e mães
sociabilidade dos alunos. Famílias que não escutem essas sugestões sem menosprezar o
participam também são muito comuns. conhecimento profissional daqueles que atuam
como educadores. Assim, eles demonstram
O estudante, independentemente de acreditar no potencial de aprendizagem dos
suas singularidades, tem direito a uma próprios filhos.
educação inclusiva de qualidade, que
contemple suas demandas. Essa inclusão é  
construída em rede na sociedade da qual
fazemos parte. Por isso, família e escola Redes entre escola e família
devem ser as primeiras instituições a se
mobilizarem juntas para tecer redes de
inclusão para extrapolar a educação inclusiva Não basta apenas colocar o estudante com
no contexto escolar e acadêmico, ou seja, deficiência dentro da instituição de ensino.
para tecer uma educação inclusiva para a Não basta deixá-lo ali por anos. Isso não é
sociedade em todos os seus contextos e inclusão.
territórios.
A inclusão é complexa e singular para cada
  aluno. Família e escola devem se configurar
como partes indissociáveis dessa rede. A
diferença de cada um deve ser considerada
O Plano de Desenvolvimento Individual como algo próprio da espécie humana, não
(PDI) como uma característica apenas de algumas
pessoas que recebem um diagnóstico médico.
Para tanto, algumas ações são Ninguém é igual. Ninguém aprende da mesma
imprescindíveis de serem realizadas em forma.
conjunto, entre elas, o Plano de
Desenvolvimento Individual (PDI). O PDI é Tecer redes de inclusão, em toda sua
um planejamento organizado pela comunidade complexidade, não é um favor da escola ou
de aprendizagem de modo a favorecer o um voluntariado da família. É um direito do
desenvolvimento do estudante. Escola e estudante e uma obrigação de toda a
família constituem uma comunidade de sociedade.
aprendizagem. Portanto, ambas devem se
envolver plenamente na construção do PDI,
contemplando as demandas das  
singularidades do aluno e percebendo que o
diagnóstico médico não o define. É preciso
encontrar na própria criança ou adolescente as
respostas para a construção de ações
estratégicas que garantam seu direito ao
acesso e à permanência na instituição de
ensino.

Há escolas que fazem o PDI em um único dia.


Como? Certamente não dialogam com o
A realidade da educação inclusiva no Brasil 1994, sobre princípios, políticas e práticas na
área das necessidades educacionais
especiais; Capítulo da LDB, de 1996, sobre a
Educação Especial; Decreto nº. 3.298, de
1999, regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de
outubro de 1989, dispõe sobre a Política
Nacional para a Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência; A lei 10.172, de
2001, aprova o Plano Nacional de Educação
que estabelece vinte e oito objetivos e metas
para a educação das pessoas com
necessidades educacionais especiais;
Resolução número 2, de 11 de setembro de
2001 que institui Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Básica;
Íntegra do Decreto no. 3.956, de outubro de
2001, que promulga a Convenção
Interamericana para a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação contra as Pessoas
Portadoras de Deficiência (Convenção da
PEDAGOGIA Guatemala); Resolução do Conselho Nacional
04/05/2014 de Educação nº1/2002, define que as
universidades devem prever em sua
Thaís Rufatto dos Santos[1] organização curricular formação dos
professores voltada para a atenção à
A partir da década de 70, as escolas regulares diversidade e que contemple conhecimentos
passaram a aceitar alguns alunos deficientes sobre as especificidades dos alunos com
em salas comuns, e estes alunos tiveram que necessidades educacionais.
adaptar-se aos métodos de ensino dos quais
eram impostos. Essa adaptação do aluno
poucas vezes acontecia. No final da década Dentre estes, será também destacado o
de 80, após a Constituição Federal de 1988, documento mundialmente um dos mais
ocorre os primeiros movimentos em direção da importantes que visam à inclusão social: A
educação inclusiva no Brasil, passando a Declaração de Salamanca (Espanha, 1994)
existir somente um tipo de educação: que é uma resolução das Nações Unidas que
educação para todos, sem exclusão de trata dos princípios, política e prática em
classes sociais, raça e cor. educação especial.

Somente a partir década de 90, que o tema A Declaração de Salamanca (Espanha, 1994),
“inclusão social” passou a ser motivo de foi o documento de origem e referência para a
inúmeras discussões. Estas discussões educação inclusiva no mundo. (1994,p.15)
aparecem na Declaração Mundial sobre
Educação para Todos, em Jomtien, na (...) a expressão ‘necessidades educacionais
Talândia, em 1990. Este encontro teve como especiais’ refere-se a todas as crianças e
objetivo satisfazer as necessidades básicas da jovens cujas carências se relacionam a
aprendizagem de todas as crianças, jovens e deficiências ou dificuldades escolares. (...)
adultos, entendendo a educação como um Neste conceito, terão que se incluir crianças
direito fundamental de todos. com deficiência ou superdotados, crianças de
rua ou crianças que trabalham, crianças de
populações remotas ou nômades, crianças de
Com o propósito de fundamentar esta minorias linguísticas, étnicas ou culturais e
pesquisa, será citado também algumas das crianças de áreas ou grupos desfavorecidos
principais leis sobre a Educação para ou marginais.
crianças com deficiência:

Constituição de 1988; Lei 7.853, de 1989, A inclusão de pessoas com deficiência na


dispõe sobre o apoio às pessoas com escola e também na sociedade em geral, é
deficiência, sua integração social; Estatuto da uma questão presente nas leis e no discurso
Criança e do adolescente, de 1990; dos educadores, familiares, e de alguns
Declaração de Salamanca, de 10 de junho de
segmentos da sociedade. Na educação, o igualdade de oportunidades. O princípio da
aluno com deficiência, inclusive com Síndrome escola inclusiva é que todas as crianças
de Down, ainda é visto como um "diferente". A aprendam juntas, independente das diferenças
inclusão é considerada pelos educadores, em que possam ter. As escolas inclusivas devem
sua maioria, apenas como inserção das reconhecer as diversas necessidades dos
crianças "diferentes" na escola regular. alunos e dar uma resposta a cada uma delas,
assegurando educação de qualidade a todos,
através de currículo apropriado, modificações
Tendo como base a pesquisa bibliográfica organizacionais, estratégias de ensino, uso de
sobre este tema, existem muitas contradições recursos e parcerias. Para isso, as crianças
entre o discurso e a ação. Muitos professores com necessidades especiais devem receber
do ensino regular relatam em seus discursos, os apoios extras que necessitam para que
entre outros fatores, as condições de trabalho, tenham uma educação efetiva. (p. 30)”.
a dificuldade na formação continuada do
profissional, o número elevado de alunos por
turma, o despreparo e a insegurança para Neste sentido, muitos segmentos vêm
ensinar alunos com Síndrome de Down. propondo ações e medidas que visem
Muitos se sentem despreparados para assegurar os direitos conquistados, a melhoria
trabalhar com a diversidade. Por outro lado, da qualidade da educação, a formação dos
constata-se também uma pequena mudança educadores.
de postura, de concepções e atitudes por parte
de educadores, pesquisadores entre outros
segmentos da sociedade em geral, na Quando se fala em educação inclusiva ainda
assimilação de novos valores e princípios. gera vários questionamentos, pois muitas
instituições de ensino estão caminhando muito
lentamente, todavia, há muitas dúvidas e
A partir destas perspectivas a questão incertezas em muitos professores, nos quais
norteadora do presente estudo é identificar e os mesmos se dizem incapacitados para
compreender a inclusão escolar do aluno com trabalhar com crianças com Síndrome de
Síndrome de Down. Serão utilizadas como Down, muitas escolas não estão adaptadas
referência as leis e diretrizes nacionais, bem para receber essas crianças no que diz
como as informações disponibilizadas pelo respeito à adaptação. Há poucos professores
Ministério da Educação e outros referenciais capacitados para atender esta diversidade,
teóricos sobre este tema. falta organização no funcionamento e na
estrutura de muitas instituições de ensino.
Estas dificuldades precisam ser eliminadas,
A legislação atual e vigente diz que os alunos para que possamos ter uma educação de
com deficiência devem estar incluídos na qualidade para todos.
escola comum (BRASIL, 1996). Também a
Declaração de Salamanca na Espanha em
1994 citada anteriormente, se apoia na Papel da família no processo inclusivo
Declaração Universal dos Direitos Humanos
da ONU em 1948, e destaca a compreensão Anteriormente algumas culturas excluíam as
de que todas as escolas deveriam acomodar pessoas com deficiência, elas eram
todos os alunos, independentemente de consideradas inválidas, sem utilidade para a
qualquer condição e, ainda, enfatiza que a sociedade e incapazes de trabalhar,
escola precisa encontrar maneiras de educar características atribuí a todos que tivessem
com êxito todos os alunos, inclusive aqueles alguma deficiência. Muitos eram internados
com Síndrome de Down. Portanto, as em instituições de caridade como doentes que
questões legais apresentam com ênfase, precisavam apenas de atendimento médico. A
favorecimentos e incentivos para a educação pessoa com Síndrome de Down, recebia o
inclusiva. título de forma pejorativa de “mongoloide”,
Para que a inclusão ocorra, é preciso que o devido a semelhança física que eles tem com
sistema de ensino tenha recursos os habitantes da Mongólia. A família muitas
educacionais especiais para atender às vezes escondia esta criança da sociedade,
necessidades educacionais especiais. Santos privando-a da sua liberdade e de ter uma
(2002 apud VOIVODIC, 2008), revela que:  educação como as demais crianças.

“ [...] a inclusão se reflete no desenvolvimento


de estratégias que procuram proporcionar Este movimento mundial por uma educação
para todos vem se fortalecendo a partir das (2007), essas adaptações não querem dizer
últimas décadas proporcionando mais um currículo isolado, mas devem envolver
oportunidades de sociabilidade às pessoas modificações nos objetivos, nos conteúdos, na
com deficiência. Uma prova disto que didática de modo a favorecer o
acontece em muitas escolas são as atividades desenvolvimento e atendimento às
de integração para os pais e a comunidade necessidades de cada aluno.
escolar, proporcionando às famílias conhecer
melhor o seu filho com necessidades
especiais, entender suas reações, e poder A ideia é que esta escola com frequência
lidar melhor com esta diferença. Para os pais promova encontros, seminários e palestras
que não tem um filho com deficiência, este tipo que visam gerar uma consciência solidária de
de atividade ajuda a lidar com as diferenças e todos envolvidos no cotidiano escolar, em uma
a perceber que as suas dificuldades, única realidade, que é a inclusão.
comparadas com as de outras famílias, muitas
vezes são insignificantes. Quando este aluno
tem seu primeiro contato com a escola, é É possível considerar que no desenvolvimento
fundamental que a família auxilie neste de uma nova perspectiva de educação, com
processo de adaptação da criança a este novo características de inclusão, a escola não deve
contexto, é ela que lhe oferece a primeira ser aberta apenas a inclusão, é preciso haver
formação e dará o suporte que o professor mudanças estruturais, atitudinais,
necessita na aprendizagem deste aluno. metodológicas e organizacionais do ambiente
Portanto é importante um trabalho em conjunto escolar para receber, estimular, manter e
com a professora e com a equipe escolar. educar alunos com qualquer tipo de
A escola é o local onde o este aluno inicia a deficiência.
socialização, compartilha conhecimentos,
amplia seu universo e aprende a confiar em si
mesmo, percebendo que é capaz de realizar É importante ressaltar que é necessária uma
as atividades como os demais, embora leve reflexão ainda maior sobre o papel da escola
um pouco mais de tempo. Este é o papel do inclusiva, com todos os envolvidos no
professor que adequa os conteúdos, a fim de ambiente educacional, e refletirem diante
lhe facilitar a construção de conhecimentos. desta questão: qual é a escola inclusiva que
Este rompimento com práticas e conceitos queremos, para atender o nosso aluno com
antigos requer do professor uma inovação na deficiência? E diante da resposta refletida,
sua prática para que o seu aluno com chegarem todos juntos a seguinte resposta:
deficiência aprenda, e se integre com os Para incluir é preciso aceitar as diferenças
demais alunos. individuais como uma qualidade e não como
um obstáculo, valorizando esta diversidade
humana, cada aluno é único e aprenderá no
O aluno necessita desenvolver segurança para tempo dele, e no ritmo dele.
tomar atitudes e aceitar seus erros, além de
críticas, e receber limites, por isso que o seu
desenvolvimento na escola deve ter Incluir um aluno com deficiência requer antes
continuidade no seu lar. O comprometimento de se pensar na estrutura física da escola,
da família deve ser intenso para acompanhar o atitudinal dos envolvidos no processo
aluno de forma sistemática em reuniões educacional, um verdadeiro querer por parte
individuais e coletivas sempre que necessário. da direção para que ao aceitar este aluno, sua
Neste espaço pedagógico, deve ser inclusão se torne a porta de entrada para sua
esclarecida também para os pais e alunos, a vida escolar e profissional quando atingir a
proposta pedagógica da escola, desde os maioridade. De acordo com a fundamentação
nomes dos funcionários e os cargos que cada teórica e a pesquisa realizada, pode-se
um ocupa, as regras coletivas e o processo de constatar que para o processo de inclusão
avaliação, a sala onde o aluno frequentará as acontecer efetivamente é necessário que
aulas etc. barreiras sejam removidas e aspectos da
educação sejam repensados.

A classe deverá ser informada, além dos pais Um histórico e as dimensões da educação
dos outros alunos, sobre o processo de inclusiva
inclusão, para que todos se sintam Para o desenvolvimento de um trabalho
confortáveis diante das novas possibilidades escolar que esteja permanentemente de
que irão surgir. Segundo Oliveira e Machado portas abertas para a inclusão é interessante
pensarmos sobre o momento que estamos Na articulação desses dois princípios pode-se
vivendo hoje em termos de políticas concluir que todos têm direito às condições de
educacionais. Ou seja, porque estamos sendo vida digna e às oportunidades de realizar seus
convidados a pensar sobre princípios da projetos de vida. Então qual o papel da escola
educação inclusiva. Perceber onde estamos e tendo a diferença como valor?
para onde queremos ir é fundamental para
realizarmos esse percurso.  

Segundo a filósofa Hannah Arendt: O papel da escola


A educação é o ponto em que decidimos se
amamos o mundo o bastante para assumirmos
a responsabilidade por ele. É, também, onde Resumidamente, a escola como instituição
decidimos se amamos nossas crianças o social tem como tarefa a transmissão e a
bastante para não expulsá-las de nosso veiculação de saberes e práticas para todos
mundo e abandoná-las a seus próprios (qualidade social). Por meio das relações de
recursos, preparando-as, em vez disso, com diálogo e da criação de vínculos e tendo
antecedência para a tarefa de renovar um a diversidade como valor, trabalha no sentido
mundo comum. de romper com a lógica da exclusão e da
homogeneização. Ou seja, seu papel principal
é formar as crianças para a tarefa de renovar
Assim, se entendemos que a educação é o ato um mundo que está ainda repleto de situações
de introduzir os mais jovens em um mundo de exclusão. Nessa perspectiva, são
que os precede e está em constante mudança, pressupostos que o processo de
configura-se um desafio constante: olharmos aprendizagem de cada criança é singular, que
criticamente nossos pensamentos e ações toda a criança aprende e que todas são
para responder à questão: como estou importantes para o processo de construção de
apresentando o mundo comum para os recém- conhecimento no ambiente escolar.
chegados no espaço público? A educação inclusiva diz respeito a todas e
todos!
  Os avanços nos marcos legais são inegáveis e
apontam para a necessidade de mudar a
Diferença como valor escola para além de modelos “normatizantes”
que são geradores de exclusão. A Declaração
de Salamanca (1994) Site externo tem como
Nessa invenção humana de educar para um diretriz que “as escolas regulares com
mundo humano, o adjetivo “inclusiva” talvez orientação inclusiva constituem os meios mais
soe como pleonasmo. Mas podemos entendê- eficazes de combater atitudes discriminatórias
lo como um alerta, posto que sua presença e que alunos com necessidades educacionais
qualifica a educação para reforçar que seu especiais devem ter acesso à escola
público-alvo são todas as crianças. regular”. Na Convenção sobre os Direitos das
Todas. Esse é o princípio ético-político Pessoas com Deficiência (2006) Site externo,
fundamental que norteia as relações humanas que não versa apenas sobre educação e sim
no caminho para atingir nossa opção de sobre todos os direitos humanos, é
construir uma sociedade mais justa e apresentado um novo conceito de pessoa com
participativa. Ninguém de fora. deficiência. Ela diz que “são consideradas
Hoje sabemos e entendemos que todos somos pessoas com deficiência aquelas que têm
diferentes. A diferença é o que, de certa forma, impedimentos de longo prazo de natureza
nos humaniza. Percebê-la como valor é um física, mental, intelectual ou sensorial, os
processo que se estabelece em todas as quais, em interação com diversas barreiras,
esferas da vida e que legitimamos individual e podem obstruir sua participação plena e
socialmente. A ideia de diferença como valor efetiva na sociedade em igualdades de
já está estabelecida desde a Declaração condições com as demais pessoas”.
Universal dos Direitos Humanos (1948) Site
externo. Ao apontar que o fundamento da
liberdade, da justiça e da paz no mundo é o Esses dois exemplos explicitam qual é nossa
reconhecimento da dignidade inerente a todos opção enquanto sociedade: que é a escola
os membros da família humana e de seus que deve se abrir para atender estudantes
direitos iguais e inalienáveis. com e sem deficiência e não somente àqueles
que se adaptem a sua estrutura, dado que a
deficiência é resultante da combinação entre
barreiras existentes nessa mesma estrutura e Educação Nacional (1996) Site externo. Essa
impedimentos humanos. legislação, originária de diferentes órgãos,
estabelece as diretrizes que cada educador
Somos diferentes, temos os mesmos direitos e deve conhecer.
a escola é para todos. Sabemos e
concordamos com esses princípios. A dimensão da gestão escolar refere-se às
Entretanto, quando estamos envolvidos nas diversas etapas de planejamento e
tarefas cotidianas na escola, às vezes nos desenvolvimento das atividades de direção de
sentimos impelidos a repetir repertórios e uma instituição de ensino. Abrange a
ferramentas com os quais nos sentimos mais construção dos projetos político-pedagógicos,
seguros, pois fomos forjados a partir deles. a elaboração dos planos de ação, a gestão
Nesse sentido, vale dizer que os estudantes dos processos internos da instituição e de
público-alvo da modalidade de educação suas relações com a comunidade. Saber como
especial estão em desvantagem porque em se organiza a instituição da qual fazemos parte
nossa formação foram raros os momentos que é condição para propor mudanças e realizar
pudemos conviver e estudar com pessoas com ações de maneira plena.
deficiência, transtorno do espectro autista
(TEA) e altas habilidades ou superdotação. A dimensão estratégias pedagógicas refere-se
às diversas etapas de planejamento e
  desenvolvimento das práticas voltadas ao
ensino e à aprendizagem. Abrange as
Dimensões da educação inclusiva atividades do ensino regular, as ações
destinadas ao atendimento educacional
Como sair dessa situação de repetição? Hoje especializado e o processo de avaliação de
estão à disposição inúmeros instrumentos todos os estudantes. Assim, ao estudar
para auxiliar na trilha da educação inclusiva. atentamente os pontos que compõe essa
O Instituto Rodrigo Mendes Site externo, por dimensão podemos responder à pergunta se
adotar um conceito amplo de diversidade, de fato estamos trabalhando na perspectiva da
criou uma metodologia de análise dos arranjos educação inclusiva. Caso a resposta seja
e situações escolares com foco em barreiras e negativa, é sempre possível acertar a rota e
potencialidades para subsidiar e apoiar a replanejar ações.
organização de uma ambiência educacional
inclusiva. A dimensão famílias refere-se às relações
estabelecidas entre a escola e as famílias dos
Composta por cinco aspectos estruturantes a educandos. Abrange o envolvimento da família
serem considerados na compreensão de com o planejamento e o desenvolvimento das
instituições sociais complexas como a escola, atividades escolares e análise das relações
não pode ser entendida como modelo único a estabelecidas. Se percebemos que as famílias
ser aplicado, posto que não se filia a um não respondem a nossos chamados, por
pensamento causa-efeito. Pode ser utilizada vezes precisamos entender quais são os
em momentos de planejamento, pressupostos que estão na base desse não-
desenvolvimento e avaliação como orientadora diálogo para nos sentirmos mais seguros no
na sistematização da análise de conjuntura e sentido de propor alterações.
proposta de novas ações tendo em vista a
efetivação da educação inclusiva. Por último, a dimensão parcerias refere-se às
A dimensão das políticas públicas abrange as relações estabelecidas entre a escola e os
instâncias legislativa, executiva e judiciária, atores externos à instituição que atuam para
isto é, o conjunto de leis, diretrizes e decisões dar apoio aos processos de educação
judiciais que buscam concretizar o direito à inclusiva. Tais atores podem ser pessoas
educação inclusiva em um determinado país físicas ou jurídicas e abrangem as áreas da
ou território. No estudo sobre a realidade da educação especial, da saúde, da educação
qual fazemos parte, há que analisar qual é o não-formal, da assistência social e outros.
conjunto de políticas públicas que organiza a Entender essas alianças ou a falta delas é
proposta educacional. Por exemplo: hoje no fundamental para que a escola de fato possa
Brasil estão estabelecidos a Política Nacional traçar estratégias na direção de se fortalecer
de Educação Especial na perspectiva da como uma instituição que pertence ao território
Educação Inclusiva (2008) Site externo e no qual ela está geograficamente localizada.
o Plano Nacional de Educação (2014)  Site
externo, além da Lei de Diretrizes e Bases da
As áreas de intersecção entre as dimensões capacidades, preparar para o exercício laboral
indicam a interdependência entre elas e são e para ser cidadã(o), é imprescindível romper
permeadas por temas transversais, como com os preconceitos e compreender as
conteúdo curricular, formação de educadores, diferentes características como valor e não
infraestrutura, acessibilidade, tecnologia como problemas a serem sanados. Os
assistiva etc. princípios não são negociáveis. As atitudes
sim, são passiveis de mudança. Esse é o
Ter essas dimensões como pilares para desafio.
estudar a escola na qual realizamos nosso
trabalho cotidiano pode auxiliar no Atuar no campo educacional a partir dos
distanciamento necessário para que princípios da inclusão é uma chance que os
consigamos conhecer melhor e reorientar educadores têm de reorganizar as escolas
nossas ações, qualificando o trabalho com o objetivo de garantir e qualificar
institucional para reafirmar possibilidades a socialmente o acesso de todas e todos às
partir da singularidade de cada pessoa em oportunidades educacionais e sociais. Os
cada contexto, com planejamento e avaliação desafios aparecem nas relações entre
voltados para o bem comum, a construção da pessoas diferentes convivendo no espaço
autonomia e a participação plena. comum. Fazer a escola para todos é aceitar o
desafio de reinventar cotidianamente o mundo
Se a educação tem como objetivos em que vivemos!
desenvolver as potencialidades e

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