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EDUCAÇÃO INCLUSIVA: CONHEÇA O HISTÓRICO DA


LEGISLAÇÃO SOBRE INCLUSÃO
Em 2015 foi promulgada a Lei Brasileira de Inclusão, conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência,
que trata de diversos aspectos relacionados à inclusão das pessoas com deficiência. No capítulo IV, a lei
aborda o acesso à Educação e traz avanços importantes, como a proibição da cobrança pelas escolas de
valores adicionais pela implementação de recursos de acessibilidade. O texto diz que o sistema educacional
deve ser inclusivo em todos os níveis, mas não cita explicitamente que a matrícula de alunos com deficiência
deva se dar na rede regular em vez de escolas especiais, o que é um ponto de controvérsias.
O debate sobre a Educação Especial e Inclusiva no Brasil, em especial no aspecto de incluir a todos em
instituições de ensino regulares (ou seja, as que misturam alunos com e sem deficiência), tem sido intenso
nos últimos anos. Atualmente, o MEC está revisando a atual Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI), que é de 2008. O texto proposto enfrenta forte oposição de
alguns grupos de educadores que tratam do assunto, para quem a nova redação voltaria a estimular a volta
da separação das pessoas com deficiência indo na contramão da perspectiva social - que aponta para a
eliminação das barreiras e na promoção da acessibilidade, e não separação dos alunos com e sem
deficiência.
Durante a elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a disputa se deu pela retirada do texto
introdutório de detalhamentos sobre a Educação Inclusiva, um trecho que havia sido redigido por meio de
contribuições de entidades e pesquisadores que trabalham com o tema. Além disso, o documento cita a
necessidade de uma "diferenciação curricular", o que é repudiado por especialistas, por ser uma forma de
discriminação. (Leia a íntegra da BNCC).
Antes disso, durante a tramitação do Plano Nacional de Educação (PNE), que traça 20 metas para o País
cumprir em dez anos, a principal polêmica ocorreu por conta da possibilidade de as crianças e os jovens com
deficiência serem matriculados em escolas especiais e não obrigatoriamente na rede regular de ensino. Na
redação final da meta, aprovada em 2014, essa opção foi mantida (leia a íntegra do PNE). Organizações
especializadas no tema afirmam que o texto do PNE fere tratados internacionais sobre o tema, assinados
pelo Brasil.
Além do Estatuto da Pessoa com Deficiência, do PNE, da BNCC, existem decretos, portarias, resoluções,
notas técnicas e leis que dispõem sobre o assunto. Conheça a seguir os principais textos, em ordem
cronológica. Importante notar que alguns não têm mais validade e foram substituídos por textos aprovados
posteriormente.
BRASIL
 1961 – Lei Nº 4.024
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) fundamentava o atendimento educacional às
pessoas com deficiência, chamadas no texto de “excepcionais” (atualmente, este termo está em desacordo
com os direitos fundamentais das pessoas com deficiência). Segue trecho: “A Educação de excepcionais,
deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de Educação, a fim de integrá-los na comunidade. ”
 1971 – Lei Nº 5.692
A segunda lei de diretrizes e bases educacionais do Brasil foi feita na época da ditadura militar (1964-
1985) e substituiu a anterior. O texto afirma que os alunos com “deficiências físicas ou mentais, os que se
encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados deverão receber
tratamento especial”. Essas normas deveriam estar de acordo com as regras fixadas pelos Conselhos de
Educação. Ou seja, a lei não promovia a inclusão na rede regular, determinando a escola especial como
destino certo para essas crianças.
 1988 – Constituição Federal
O artigo 208, que trata da Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos, afirma que é dever do
Estado garantir “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino”. Nos artigos 205 e 206, afirma-se, respectivamente, “a Educação como um direito de
todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o
trabalho” e “a igualdade de condições de acesso e permanência na escola”.
 1989 – Lei Nº 7.853
O texto dispõe sobre a integração social das pessoas com deficiência. Na área da Educação, por exemplo,
obriga a inserção de escolas especiais, privadas e públicas, no sistema educacional e a oferta, obrigatória e
gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino. Também afirma que o poder público
deve se responsabilizar pela “matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e
particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino”.
Ou seja: excluía da lei uma grande parcela das crianças ao sugerir que elas não são capazes de se relacionar
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socialmente e, consequentemente, de aprender. O acesso a material escolar, merenda escolar e bolsas de


estudo também é garantido pelo texto.
 1990 – Lei Nº 8.069
Mais conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei Nº 8.069 garante, entre outras coisas, o
atendimento educacional especializado às crianças com deficiência preferencialmente na rede regular de
ensino; trabalho protegido ao adolescente com deficiência e prioridade de atendimento nas ações e políticas
públicas de prevenção e proteção para famílias com crianças e adolescentes nessa condição.
 1994 – Política Nacional de Educação Especial
Em termos de inclusão escolar, o texto é considerado um atraso, pois propõe a chamada “integração
instrucional”, um processo que permite que ingressem em classes regulares de ensino apenas as crianças
com deficiência que “(...) possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares
programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos "normais” (atualmente, este termo está
em desacordo com os direitos fundamentais das pessoas com deficiência). Ou seja, a política excluía grande
parte dos alunos com deficiência do sistema regular de ensino, “empurrando-os” para a Educação Especial.
 1996 – Lei Nº 9.394
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) em vigor tem um capítulo específico para a Educação
Especial. Nele, afirma-se que “haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular,
para atender às peculiaridades da clientela de Educação Especial”. Também afirma que “o atendimento
educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições
específicas dos alunos, não for possível a integração nas classes comuns de ensino regular”. Além disso, o
texto trata da formação dos professores e de currículos, métodos, técnicas e recursos para atender às
necessidades das crianças com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação.
 1999 – Decreto Nº 3.298
O decreto regulamenta a Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da
Pessoa Portadora de Deficiência e consolida as normas de proteção, além de dar outras providências. O
objetivo principal é assegurar a plena integração da pessoa com deficiência no “contexto socioeconômico e
cultural” do País. Sobre o acesso à Educação, o texto afirma que a Educação Especial é uma modalidade
transversal a todos os níveis e modalidades de ensino e a destaca como complemento do ensino regular.
 2001 – Lei Nº 10.172
O Plano Nacional de Educação (PNE) anterior, criticado por ser muito extenso, tinha quase 30 metas e
objetivos para as crianças e jovens com deficiência. Entre elas, afirmava que a Educação Especial, “como
modalidade de Educação escolar”, deveria ser promovida em todos os diferentes níveis de ensino e que “a
garantia de vagas no ensino regular para os diversos graus e tipos de deficiência” era uma medida
importante.
 2001 – Resolução CNE/CEB Nº 2
O texto do Conselho Nacional de Educação (CNE) institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial
na Educação Básica. Entre os principais pontos, afirma que “os sistemas de ensino devem matricular todos
os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades
educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma Educação de qualidade para
todos”. Porém, o documento coloca como possibilidade a substituição do ensino regular pelo atendimento
especializado. Considera ainda que o atendimento escolar dos alunos com deficiência tem início na Educação
Infantil, “assegurando-lhes os serviços de educação especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e
interação com a família e a comunidade, a necessidade de atendimento educacional especializado”.
 2002 – Resolução CNE/CP Nº1/2002
A resolução dá “diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores da Educação Básica, em
nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena”. Sobre a Educação Inclusiva, afirma que a
formação deve incluir “conhecimentos sobre crianças, adolescentes, jovens e adultos, aí incluídas as
especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais”.
 2002 – Lei Nº 10.436/02
Reconhece como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
 2005 – Decreto Nº 5.626/05
Regulamenta a Lei Nº 10.436, de 2002 (link anterior).
 2006 – Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos
Documento elaborado pelo Ministério da Educação (MEC), Ministério da Justiça, Unesco e Secretaria
Especial dos Direitos Humanos. Entre as metas está a inclusão de temas relacionados às pessoas com
deficiência nos currículos das escolas.
 2007 – Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE)
No âmbito da Educação Inclusiva, o PDE trabalha com a questão da infraestrutura das escolas, abordando
a acessibilidade das edificações escolares, da formação docente e das salas de recursos multifuncionais.
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 2007 – Decreto Nº 6.094/07


O texto dispõe sobre a implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação do MEC.
Ao destacar o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos com deficiência, o documento
reforça a inclusão deles no sistema público de ensino.
 2008 – Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
Documento que traça o histórico do processo de inclusão escolar no Brasil para embasar “políticas
públicas promotoras de uma Educação de qualidade para todos os alunos”.
 2008 – Decreto Nº 6.571
Dispõe sobre o atendimento educacional especializado (AEE) na Educação Básica e o define como “o
conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de
forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular”. O decreto obriga a União a
prestar apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino no oferecimento da modalidade. Além
disso, reforça que o AEE deve estar integrado ao projeto pedagógico da escola.
 2009 – Resolução Nº 4 CNE/CEB
O foco dessa resolução é orientar o estabelecimento do atendimento educacional especializado (AEE) na
Educação Básica, que deve ser realizado no contra turno e preferencialmente nas chamadas salas de
recursos multifuncionais das escolas regulares. A resolução do CNE serve de orientação para os sistemas de
ensino cumprirem o Decreto Nº 6.571.
 2011 - Decreto Nº 7.611
Revoga o decreto Nº 6.571 de 2008 e estabelece novas diretrizes para o dever do Estado com a Educação
das pessoas público-alvo da Educação Especial. Entre elas, determina que sistema educacional seja
inclusivo em todos os níveis, que o aprendizado seja ao longo de toda a vida, e impede a exclusão do sistema
educacional geral sob alegação de deficiência. Também determina que o Ensino Fundamental seja gratuito e
compulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais, que sejam
adotadas medidas de apoio individualizadas e efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvimento
acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena, e diz que a oferta de Educação Especial deve
se dar preferencialmente na rede regular de ensino.
 2011 - Decreto Nº 7.480
Até 2011, os rumos da Educação Especial e Inclusiva eram definidos na Secretaria de Educação Especial
(Seesp), do Ministério da Educação (MEC). Hoje, a pasta está vinculada à Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi).
 2012 – Lei nº 12.764
A lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
 2014 – Plano Nacional de Educação (PNE)
A meta que trata do tema no atual PNE, como explicado anteriormente, é a de número 4. Sua redação é:
“Universalizar, para a população de 4 a 17 anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado,
preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de
recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados”. O entrave
para a inclusão é a palavra “preferencialmente”, que, segundo especialistas, abre espaço para que as
crianças com deficiência permaneçam matriculadas apenas em escolas especiais.
 2019 - Decreto Nº 9.465
Cria a Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação, extinguindo a Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi). A pasta é composta por três frentes: Diretoria de
Acessibilidade, Mobilidade, Inclusão e Apoio a Pessoas com Deficiência; Diretoria de Políticas de Educação
Bilíngue de Surdos; e Diretoria de Políticas para Modalidades Especializadas de Educação e Tradições
Culturais Brasileiras.

INTERNACIONAL
 1990 – Declaração Mundial de Educação para Todos
No documento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco),
consta: “as necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de deficiências requerem
atenção especial. É preciso tomar medidas que garantam a igualdade de acesso à Educação aos portadores
de todo e qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo”. O texto ainda usava o
termo “portador”, hoje não mais utilizado.'
 1994 – Declaração de Salamanca
O documento é uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) e foi concebido na Conferência
Mundial de Educação Especial, em Salamanca (Espanha). O texto trata de princípios, políticas e práticas das
necessidades educativas especiais, e dá orientações para ações em níveis regionais, nacionais e
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internacionais sobre a estrutura de ação em Educação Especial. No que tange à escola, o documento aborda
a administração, o recrutamento de educadores e o envolvimento comunitário, entre outros pontos.
 1999 – Convenção da Guatemala
A Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas
Portadoras de Deficiência, mais conhecida como Convenção da Guatemala, resultou, no Brasil, no Decreto nº
3.956/2001. O texto brasileiro afirma que as pessoas com deficiência têm “os mesmos direitos humanos e
liberdades fundamentais que outras pessoas e que estes direitos, inclusive o direito de não ser submetidas a
discriminação com base na deficiência, emanam da dignidade e da igualdade que são inerentes a todo ser
humano”. Novamente, o texto ainda utiliza a palavra “portador”, hoje não mais utilizado.
 2009 – Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
A convenção foi aprovada pela ONU e tem o Brasil como um de seus signatários. Ela afirma que os países
são responsáveis por garantir um sistema de Educação Inclusiva em todos as etapas de ensino.
 2015 - Declaração de Incheon
O Brasil participou do Fórum Mundial de Educação, em Incheon, na Coréia do Sul, e assinou a sua
declaração final, se comprometendo com uma agenda conjunta por uma Educação de qualidade e inclusiva.
 2015 - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Originada da Declaração de Incheon, o documento da Unesco traz 17 objetivos que devem ser
implementados até 2030. No 4º item, propõe como objetivo: assegurar a Educação Inclusiva, equitativa e de
qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.

O QUE É EDUCAÇÃO INCLUSIVA? UM PASSO A PASSO PARA


A INCLUSÃO ESCOLAR

O que é Educação Inclusiva?


Educação Inclusiva pode ser compreendida como uma reviravolta institucional que consiste no fim do
iguais x diferentes, normais x deficientes. Espere. Vamos definir com outras palavras.
Educação Inclusiva é uma educação voltada para a cidadania global, plena, livre de preconceitos e que
reconhece e valoriza as diferenças. Sim. Valorizar as diferenças é a chave. As diferenças sempre existiram.
Na educação inclusiva elas precisam ser reconhecidas e valorizadas, sem preconceito.
A inclusão prevê a inserção escolar de forma radical, completa e sistemática. Todos os alunos, sem
exceção, devem frequentar as salas de aula do ensino regular. Isso mesmo, na educação inclusiva todos os
alunos devem fazer parte da escola comum. Radical? Sem dúvida.
O radicalismo da inclusão vem do fato de exigir uma mudança de paradigma educacional. É o fim da
subdivisão Ensino Especial x Ensino Regular. As escolas inclusivas atendem às diferenças sem discriminar,
sem trabalhar à parte com alguns alunos, sem estabelecer regras específicas para se planejar, para
aprender, para avaliar.
Para uma melhor definição de escola inclusiva precisamos deixar bem claro a diferença entre educação
especial e educação inclusiva, que é o assunto do próximo tópico. Vamos continuar?
O próximo passo é entender que educação especial não é educação inclusiva.

Qual é a diferença entre Educação Especial e Educação Inclusiva?


A diferença está no termo INCLUSIVA.
Segundo a psicóloga Marina Almeida, no “Manual Informativo sobre inclusão: informativo para
educadores”, podemos definir educação especial e educação inclusiva da seguinte forma:

Conceito de Educação Especial:


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Educação especial é uma modalidade de ensino que visa promover o desenvolvimento das
potencialidades de pessoas portadoras de necessidades especiais, condutas típicas ou altas habilidades, e
que abrange os diferentes níveis e graus do sistema de ensino. Ou seja, uma modalidade de ensino para
pessoas com deficiência ou altas habilidades.

Conceito de Educação Inclusiva:


Na escola inclusiva o processo educativo deve ser entendido como um processo social, onde todas as
crianças portadoras de necessidades especiais e de distúrbios de aprendizagem têm o direito à escolarização
o mais próximo possível do normal. Ou seja, uma modalidade de ensino para todos.
Percebeu a diferença?

Educação Especial e Inclusiva


Não existem alunos sem deficiência na educação especial. Já na educação inclusiva todos os alunos com
e sem deficiência tem a oportunidade de conviverem e aprenderem juntos. É o que Mantoan chamou de
cidadania global, plena, livre de preconceitos e que reconhece e valoriza as diferenças.
A inclusão promove a diversidade.
A ideia da inclusão é mais do que somente garantir o acesso à entrada de alunos e alunas nas instituições
de ensino. O objetivo é eliminar obstáculos que limitam a aprendizagem e participação discente no processo
educativo.
Agora, um ponto importante.
Você deve ter notado que a Marina Almeida usou o termo “pessoas portadoras de necessidades
especiais”. Isso porque o artigo dela foi escrito em 2002. De alguns anos para cá a comunidade acadêmica (o
governo brasileiro também) tem se posicionado em relação à terminologia.
Seria “pessoa portadora de necessidade especial” ou “pessoa com deficiência”? Qual o correto? Para você
não errar, vamos explicar isso no próximo tópico.

Qual o termo correto para deficientes?


Desde 2006 o termo correto é PESSOA COM DEFICIÊNCIA.
Não use pessoa portadora de necessidades especiais, pessoa com necessidades especiais, ou qualquer
outro termo. O termo “pessoas portadoras de necessidades especiais” está em desuso. No texto aprovado
pela Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidades das Pessoas com
Deficiência, em 2006, estabeleceu a terminologia mais apropriada: pessoas com deficiência.
Vamos entender o motivo. Há uma associação negativa com a palavra “deficiente”, pois denota
incapacidade ou inadequação à sociedade. A pessoa não é deficiente, ela tem uma deficiência.

Não usar o termo necessidades especiais.


É importante combatermos expressões que tentem atenuar as diferenças, tais como: “pessoas como
capacidades especiais”, “pessoas especiais “e as mais famosas de todas: pessoas com necessidades
especiais”. As diferenças têm de ser valorizadas, respeitando-se as necessidades de cada pessoa.

Não usar o termo portador.


A condição de ter deficiência faz parte da pessoa. A pessoa não porta uma deficiência ela “tem uma
deficiência”.

As Escolas Especiais vão acabar?


Você já sabe a diferença entre uma Escola Especial e uma Escola Inclusiva. Mas deve estar se
perguntando: ainda existem escolas especiais? Elas vão acabar?
Na Itália, desde 1977, todas as escolas especiais foram abolidas, o que obrigou o encaminhamento de
todos os estudantes com deficiência para o sistema regular de ensino.
As escolas especiais não foram abolidas no Brasil. Vamos ver o motivo no próximo tópico.

O que é uma Escola Inclusiva no Brasil?


No Brasil uma escola inclusiva é a uma escola comum que recebe a todos, independentemente das
diferenças. Mas isso não significa o fim das escolas especiais. A explicação é simples. A maioria das escolas
regulares no Brasil não estão preparadas para receberem e ensinarem aos alunos com deficiência, devido à
problemas de infraestrutura e formação profissional da equipe.
Mas então, quem está preparado para receber esses alunos? As escolas especiais.
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Hoje o modelo é que essas escolas especiais, que teoricamente têm o conhecimento da educação
especial, se transformem em centros de recursos para apoiar o ensino inclusivo em todas as escolas que
estão na sua região, com professores itinerantes e materiais pedagógicos.

A realidade da Educação Inclusiva no Brasil


No Brasil o aluno com deficiência está matriculado na escola regular, mas dependendo da sua
necessidade pode precisar frequentar também uma escola especial para ter atendimento educacional
especializado. Isso mesmo, o famoso AEE – Atendimento Educacional Especializado pode acontecer fora da
escola regular. Por isso, as escolas especiais ainda existem e são mantidas.
“O quadro a seguir ilustra como se deve entender e ofertar os serviços de educação especial, como parte
integrante do sistema educacional brasileiro, em todos os níveis de educação e ensino”. (Parecer CNE/CEB
Nº 17/2001)

O atendimento educacional especializado da escola especial não substitui a escola comum.


Segundo Mantoan, a educação especial não substitui mais o ensino comum para pessoas com deficiência
e com superdotação. Essa mudança foi substancial, pois antes existia um sistema paralelo de ensino para o
qual iam as crianças, até mesmo sem deficiência, para ter uma educação substitutiva. A escola especial
passa a complementar e apoiar o ensino regular na formação de alunos com necessidades especiais.
Essa parceria entre a Escola Comum e as Escolas Especiais ou Centros de Atendimento Educacional
Especializado não acontece por acaso. Isso está previsto pelo MEC na Política Nacional de Educação
Especial.

Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva


No Brasil, a regulamentação mais recente que norteia a organização do sistema educacional é o Plano
Nacional de Educação (PNE 2011-2020).
Esse documento, entre outras metas e propostas inclusivas, estabelece a nova função da Educação
especial como modalidade de ensino que perpassa todos os segmentos da escolarização (da Educação
Infantil ao Ensino Superior); realiza o atendimento educacional especializado (AEE); disponibiliza os serviços
e recursos próprios do AEE e orienta os alunos e seus professores quanto à sua utilização nas turmas
comuns do ensino regular.
Ou seja, o aluno com deficiência está matriculado na escola regular, mas tem a sua disposição o
Atendimento Educacional Especializado para qualquer necessidade específica que a escola regular não
consiga suprir durante sua jornada escolar, da educação infantil ao ensino superior.

Quem é o Público Alvo da Educação Especial?


O PNE considera público alvo da Educação especial na perspectiva da Educação inclusiva, educandos
com deficiência (intelectual, física, auditiva, visual e múltipla), transtorno global do desenvolvimento (TGD) e
altas habilidades.
Repare que citei o termo “TGD”. A partir de 2013, com o DSM-V, o termo TGD está sendo substituído por
Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou apenas Autismo.

Necessidades Educacionais Especiais


Se o aluno apresentar necessidade específica, decorrente de suas características ou condições, poderá
requerer, além dos princípios comuns da Educação na diversidade, recursos diferenciados identificados como
necessidades educacionais especiais (NEE).
O estudante poderá beneficiar-se dos apoios de caráter especializado, de acordo com suas necessidades.
No caso de:
Deficiência Visual e Auditiva: o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e
sinalização (ex: LIBRAS, Braille);
Deficiência Intelectual: mediação para o desenvolvimento de estratégias de pensamento (Ex:
comunicação alternativa);
Deficiência Física: adaptações do material e do ambiente físico (ex: cadeiras, tecnologia assistiva);
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Transtorno Global do Desenvolvimento (autismo): estratégias diferenciadas para adaptação e


regulação do comportamento (ex: ABA, TEACCH, comunicação alternativa);
Altas Habilidades: ampliação dos recursos educacionais e/ou aceleração de conteúdos.
Ou seja, a escola regular embora tenha a obrigação de receber todos os alunos, ela fica isenta de ensinar
por exemplo o Braille para um aluno cego, por exemplo. A tarefa de ensinar linguagens e códigos específicos
fica a cargo do AEE.
No exemplo acima, é claro que se o professor regente da escola regular souber Braille, o aluno cego terá
uma experiência de aprendizado muito mais satisfatória.
Mas e se o professor não souber Braille?
O aluno terá direito a um profissional especializado para acompanhá-lo durante as aulas.
É a vez do professor de apoio.

O que faz um professor de apoio?


Esse profissional acompanha o aluno com deficiência na sala de aula comum, ajudando a fazer uma ponte
entre o AEE e a escola.
No caso de um aluno cego, por exemplo, o professor de apoio irá ajudar o aluno com o braile dentro da
sala de aula comum.
Isso é previsto em lei.
De acordo com a Lei nº 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) já havia previsto a
figura dos profissionais especializados nos seguintes termos:
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação:
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas
necessidades;
(…)
III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento
especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos
nas classes comuns;
Por isso é importante que o professor de apoio tenha uma formação profissional específica para as
necessidades do aluno que irá atender. Se o aluno é autista, esse professor de apoio deve entender de
autismo e métodos de intervenção como o ABA, por exemplo. Se o aluno é surdo, o professor de apoio deve
ser um intérprete de LIBRAS. Isso é o ideal.
Importante entender que, no caso do aluno surdo, não é o professor de apoio que vai ensinar LIBRAS. A
responsabilidade por ensinar LIBRAS é do Atendimento Educacional Especializado, mas o professor de apoio
vai ajudar o aluno surdo usando LIBRAS para aprender o currículo proposto pela escola.
Ou seja, a educação inclusiva não é a escola comum sozinha, mas uma parceria entre a escola comum, o
professor de apoio e o atendimento educacional especializado.

Bom, até aqui já vimos as respostas para as seguintes questões:


O que é Educação Especial?
Qual a Diferença entre Educação Especial e Educação Inclusiva?
O que é o Atendimento Educacional Especializado?
O que faz o Professor de Apoio?
Agora vamos nos aprofundar um pouco mais no que a escola inclusiva pode fazer para melhorar a
experiência de aprendizagem dos seus alunos.
Vamos falar do Projeto Pedagógico Inclusivo.

Projeto Político Pedagógico na Perspectiva da Inclusão


O projeto político pedagógico – PPP – de uma escola é o instrumento orientador, que define as relações
da escola com a comunidade na qual está inserida e vai atender.
É o projeto pedagógico que orienta as atividades escolares revelando a concepção da escola e as
intenções da equipe de educadores.
Com base no projeto pedagógico a escola organiza seu trabalho; garante apoio administrativo, técnico e
científico às necessidades da Educação inclusiva; planeja suas ações; possibilita a existência de propostas
curriculares diversificadas e abertas; flexibiliza seu funcionamento; atende à diversidade do alunado;
estabelece redes de apoio, que proporcionam a ação de profissionais especializados, para favorecer o
processo educacional.
Não basta que a escola receba a matrícula de alunos com necessidades educacionais especiais, é preciso
que ofereça condições para a operacionalização desse projeto pedagógico inclusivo. A inclusão deve garantir
a todas as crianças e jovens o acesso à aprendizagem por meio de todas as possibilidades de
desenvolvimento que a escolarização oferece.
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As mudanças são imprescindíveis, dentre elas a acessibilidade da infraestrutura; a introdução de recursos


e de tecnologias assistivas; a oferta de profissionais de apoio, formas de avaliação, currículo adaptado entre
outras coisas.
É na sala de aula que acontece a concretização do projeto pedagógico – elaborado nos diversos níveis do
sistema educacional.
Vários fatores podem influenciar a dinâmica da sala de aula e a eficácia do processo de ensino e
aprendizagem. Planejamentos que contemplem regulações organizativas diversas, com possibilidades de
adequações ou flexibilizações têm sido uma das alternativas mais discutidas como opção para o rompimento
com estratégias e práticas limitadas e limitantes.
Dentre todos os fatores, parece unânime entre os especialistas, que a formação de professores para a
inclusão é primordial.
Vamos falar dessa formação no próximo tópico.

Formação de Professores para a Inclusão


Todos concordam: os professores precisam se atualizar continuamente.
Existe a necessidade de formação continuada de professores para atuar no atendimento a alunos com
necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino.
Os professores do ensino regular consideram-se incompetentes para lidar com as diferenças nas salas de
aula, especialmente atender os alunos com deficiência, pois seus colegas especializados sempre se
distinguiram por realizar unicamente esse atendimento e exageraram essa capacidade de fazê-lo aos olhos
de todos (Mittler, 2000).
Professor, você não deve se sentir assim. Um professor não ter formação específica nessa ou naquela
deficiência não quer dizer que seja incompetente.
O professor, na educação inclusiva, precisa ser preparado para lidar com as diferenças, com a
singularidade e a diversidade de todas as crianças e não com um modelo de pensamento comum a todas
elas.
Entendeu? O professor da escola regular que tem um aluno autista não precisa ser um especialista em
autismo, mas precisa ser um especialista em lidar com as diferenças e a diversidade.
Pois é, lidar com a diversidade tem mais haver com o amor e do que com conhecimentos acadêmicos.
Por falar em amor, os acadêmicos há tempos já fizeram um paralelo entre a afetividade e o aprendizado.
Por isso, na maioria de nossos cursos de extensão universitária, temos uma disciplina chamada
Desenvolvimento, Cognição e Afetividade.
Mas como lidar com essa diversidade?
Vamos falar de adaptações curriculares.
Quando se aborda a necessidade da diferenciação curricular é comum atribuir essa responsabilidade ao
professor, mas esse pensamento está errado.
No próximo tópico, vou te mostrar porque o professor não deve ser o único responsável pelo currículo
adaptado.

Adaptações curriculares na educação inclusiva


De acordo com o MEC, podemos definir adaptações curriculares como: estratégias e critérios de atuação
docente, admitindo decisões que oportunizam adequar a ação educativa escolar às maneiras peculiares de
aprendizagem dos alunos, considerando que o processo de ensino-aprendizagem pressupõe atender à
diversificação de necessidades dos alunos na escola (MEC, 2003).
Ou seja, dar liberdade ao professor para flexibilizar o currículo de acordo com as necessidades do seu
aluno.
Não um novo currículo, mas um currículo dinâmico, alterável, passível de ampliação, para que atenda
realmente a todos os educandos. A diferenciação do currículo é uma tarefa da escola no seu todo, não
apenas do professor.
De acordo com o INES (Instituto Nacional de. Educação de Surdos) as adaptações de currículo constituem
criar condições físicas, ambientais e materiais para o aluno, na sua unidade escolar de atendimento; propiciar
os melhores níveis de comunicação e interação com as pessoas com as quais convive na comunidade
escolar, favorecer a participação nas atividades escolares; propiciar o mobiliário, equipamentos específicos
necessários e salas adaptadas; fornecer ou atuar para a aquisição dos equipamentos e recursos materiais
específicos necessários: próteses auditivas, treinadores da fala, software educativo, entre outros; adaptar
materiais de uso comum em sala de aula: slides, cartazes, entre outros; adotar a Língua Brasileira de Sinais –
LIBRAS (no processo ensino-aprendizagem e avaliativo), além de material escrito e computador.
Nossa! Bastante coisa né?
Ou seja, não tem como o professor sozinho dar conta disso tudo.
É necessária uma colaboração de toda a equipe da escola, do atendimento educacional especializado e do
Estado para fornecer os materiais adequados.
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Os 3 maiores desafios da Educação Inclusiva


1º) Fortalecer a formação dos professores: para entender a inclusão, os direitos do aluno e os deveres
da escola e do Estado, estabelecendo assim alvo, uma meta a ser alcançada, tanto para o professor quanto
para a escola. Todos precisam entender porque a diversidade é importante, que é sim possível incluir e onde,
quando, como, com que e com quem devemos ajudar nossos alunos.
2º) Criar uma rede de apoio: entre alunos, docentes, gestores escolares, famílias e profissionais
especializados (fisioterapeutas, psicopedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos, médicos etc). Todos devem
estar envolvidos no processo, trabalhando como uma equipe para proporcionar ao aluno a melhor experiência
escolar (e de vida) que ele possa ter.
3º) Reestruturação: eliminação das barreiras arquitetônicas (físicas) e barreiras no currículo
(pedagógicas), como propostas curriculares diversificadas, flexíveis e abertas. Para isso é preciso entender
também as possibilidades das tecnologias assistivas.
A Educação inclusiva no Brasil está em fase de implementação. São muitos os desafios da educação
inclusiva que precisam ser enfrentados, mas as iniciativas e as alternativas realizadas pelos educadores são
fundamentais.

DOENÇAS MENTAIS
As doenças mentais são condições de anormalidade ou comprometimento de ordem psicológica, mental ou
cognitiva. Transtornos mentais são disfunções no funcionamento da mente, que podem afetar qualquer
pessoa e em qualquer idade e, geralmente, são provocados por complexas alterações do sistema nervoso
central.
Existem diversos tipos de transtornos mentais, que são classificados em tipos, e alguns dos mais comuns
incluem aqueles relacionados à ansiedade, depressão, alimentação, personalidade ou movimentos, por
exemplo. A seguir, falaremos dos principais transtornos mentais na população, e no final há uma lista
completa de outros tipos existentes.

1. Ansiedade
Os transtornos de ansiedade são muito comuns, presentes em cerca de 1 a cada 4 pessoas que vão ao
médico. Eles são caracterizados por uma sensação de desconforto, tensão, medo ou mau pressentimento,
que são muito desagradáveis e costumam ser provocados pela antecipação de um perigo ou algo
desconhecido.
As formas mais comuns de ansiedade são a ansiedade generalizada, a síndrome do pânico e as fobias, e
são muito prejudiciais tanto por afetar a vida social e emocional da pessoa, como por provocar sintomas
desconfortáveis, como palpitação, suor frio, tremores, falta de ar, sensação de sufocamento, formigamentos
ou calafrios, por exemplo, e pelo maior risco de desenvolver depressão ou vícios pelo álcool e medicamentos.
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O que fazer: é recomendada a realização de psicoterapia com o psicólogo, além de acompanhamento


com o psiquiatra que, em alguns casos, poderá indicar o uso de remédios que aliviam os sintomas, como
antidepressivos ou ansiolíticos. Também é orientada a realização de atividade física e, além disso, pode ser
útil o investimento em métodos naturais ou atividades de lazer como meditação, dança ou yoga, por exemplo.

2. Depressão
Cerca de 15% das pessoas apresentam depressão em algum momento da vida. A depressão é definida
como o estado de humor deprimido que persiste por mais de 2 semanas, com tristeza e perda do interesse ou
do prazer nas atividades, podendo ser acompanhada de sinais e sintomas como irritabilidade, insônia ou
excesso de sono, apatia, emagrecimento ou ganho de peso, falta de energia ou dificuldade para se
concentrar, por exemplo.
O que fazer: para tratar a depressão, é indicado o acompanhamento com o psiquiatra, que irá indicar o
tratamento de acordo com a gravidade do quadro e os sintomas apresentados. A principal forma de tratar a
depressão é a combinação de psicoterapia com o psicólogo e uso de medicamentos antidepressivos
prescritos pelo psiquiatra, que incluem Sertralina, Amitriptilina ou Venlafaxina, por exemplo.

3. Esquizofrenia
A esquizofrenia é o principal transtorno psicótico, caracterizado como uma síndrome que provoca
distúrbios da linguagem, pensamento, percepção, atividade social, afeto e vontade. É mais comum em
jovens, no final da adolescência, apesar de poder surgir ao longo de outras idades, e alguns dos sinais e
sintomas mais comuns são alucinações, alterações do comportamento, delírios, pensamento desorganizado,
alterações do movimento ou afeto superficial, por exemplo.
Apesar de não se saber exatamente a causa da esquizofrenia, sabe-se que está relacionada a alterações
genéticas que provocam defeitos nos sistemas neurotransmissores do cérebro, e que pode ser hereditária.
O que fazer: é necessário o acompanhamento psiquiátrico, que indicará o uso de medicamentos
antipsicóticos, como Risperidona, Quetiapina, Clozapina e Olanzapina, por exemplo. Além disso, é
fundamental a orientação à família e o seguimento com outros profissionais da área de saúde, como
psicologia, terapia ocupacional e nutrição, por exemplo, para que o tratamento seja completamente eficaz.

4. Transtornos alimentares
A Anorexia nervosa é caracterizada pela perda de peso intencional provocada pela recusa à alimentação,
distorção da própria imagem e medo de engordar. Já a Bulimia consiste em comer grandes quantidades de
comida e, em seguida, tentar eliminar as calorias de formas prejudiciais, como pela indução do vômito, uso de
laxantes, exercícios físicos intensos ou jejum prolongado.
Os distúrbios alimentares são mais comuns em jovens, e têm sido cada vez mais frequentes pela cultura
de valorização estética. Apesar da Anorexia e Bulimia serem os transtornos alimentares mais conhecidos,
outros problemas relacionados à alimentação incluem a Ortorexia, que é a preocupação excessiva por comer
alimentos saudáveis, a Vigorexia, que é a obsessão pelo corpo musculoso, ou a compulsão alimentar, por
exemplo.
O que fazer: não existe um tratamento simples para curar os transtornos alimentares, sendo necessário o
tratamento psiquiátrico, psicológico e nutricional, e os medicamentos costumam ser indicados somente em
casos de doenças associadas, como ansiedade ou depressão. Grupos de apoio e aconselhamento podem
ser boas formas de complementar o tratamento e obter bons resultados.

5. Estresse pós-traumático
O estresse pós-traumático é a ansiedade que surge após ser exposto a alguma situação traumática, como
um assalto, uma ameaça de morte ou perda de um ente querido, por exemplo. Geralmente, a pessoa afetada
revive persistentemente o ocorrido com recordações ou sonhos, e apresenta intensa ansiedade e sofrimento
psicológico.
O que fazer: o tratamento é feito com psicoterapia, onde o psicólogo procura ajudar a perceber quais são
os eventos que estão provocando os medos involuntários e como podem liberar as memórias traumáticas
desses eventos. Por exemplo, no caso de alguém que foi vítima de um assalto em um banco, a psicoterapia
pode permitir que a percepção do evento seja alterada. Assim, a pessoa começa a perceber que o medo
irracional que sente de que sempre vai ser assaltada quando entrar num banco, não é real. No entanto, em
alguns casos, pode também ser necessário recorrer ao psiquiatra para que seja indicado o uso de
medicamentos, como antidepressivos ou ansiolíticos para aliviar os sintomas.

5. Somatização
A somatização é um transtorno em que a pessoa apresenta múltiplas queixas físicas, referentes a diversos
órgãos do corpo, mas que não são explicadas por nenhuma alteração clínica. Geralmente, são pessoas que
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constantemente vão ao médico com muitas queixas, e na avaliação médica, exame físico e realização de
exames, nada é detectado.
Na maioria dos casos, as pessoas com transtorno de somatização apresentam ansiedade e alterações do
humor, além de poderem apresentar impulsividade. Quando além de sentir a pessoa chega a simular ou
provocar intencionalmente sintomas, a doença passa a ser chamada de transtorno factício.
O que fazer: é necessário um acompanhamento psiquiátrico e psicológico, de forma que a pessoa consiga
amenizar os sintomas. Remédios como antidepressivos ou ansiolíticos podem ser necessários em alguns
casos.

6. Transtorno bipolar
O transtorno bipolar é a doença psiquiátrica que provoca oscilações imprevisíveis no humor, variando entre
depressão, que consiste em tristeza e desânimo, e mania, impulsividade e característica excessivamente
extrovertida.
O que fazer: o tratamento costuma ser feito com medicamentos estabilizadores do humor, como carbonato
de lítio, que deve ser recomendado pelo psiquiatra.

7. Transtorno obsessivo-compulsivo
Também conhecido como TOC, este transtorno provoca pensamentos obsessivos e compulsivos que
prejudicam a atividade diária da pessoa, como exagero em limpeza, obsessão por lavar as mãos,
necessidade de simetria ou impulsividade por acumular objetos, por exemplo.
O que fazer: o tratamento para transtorno obsessivo-compulsivo é orientado pelo psiquiatra, com a
ingestão de remédios antidepressivos, como Clomipramina, Paroxetina, Fluoxetina ou Sertralina, sendo
também recomendado fazer terapia cognitivo-comportamental.

Outros transtornos mentais

Conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-5), a lista dos principais
inclui:
 Transtornos Psicóticos, como esquizofrenia ou transtorno delirante;
 Transtornos de Personalidade, como dos tipos paranoide, anti social, borderline, histriônica ou
narcisista, por exemplo;
 Transtornos relacionados ao uso de substâncias, como drogas ilícitas, álcool, medicamentos ou
cigarros, por exemplo;
 Transtornos Neurocognitivos, como delirium, Alzheimer ou outras demências;
 Transtorno do Neurodesenvolvimento, como deficiências intelectuais, transtornos da comunicação,
autismo, déficit de atenção e hiperatividade ou alterações dos movimentos;
 Transtorno Dissociativo, como Transtorno de Despersonalização/Desrealização ou amnésia
dissociativa;
 Disforia de Gênero, relacionado ao desenvolvimento sexual;
 Transtornos Disruptivos, do Controle de Impulsos e da Conduta, como Cleptomania, Piromania ou
transtorno explosivo;
 Disfunções Sexuais, como ejaculação precoce ou retardada;
 Transtorno do Sono-vigília, como insônia, hipersonolência ou narcolepsia;
 Transtorno da Eliminação, como incontinência urinária ou fecal;
 Transtornos Parafílicos, relacionados ao desejo sexual;
 Transtornos do movimento relacionado a efeitos de medicamentos.

Existem ainda diversos outros tipos de transtornos, como os relacionados a problemas sociais,
educacionais, profissionais ou econômicos, por exemplo.

DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Deficiência intelectual é um transtorno de desenvolvimento que faz com que o indivíduo tenha um nível
cognitivo e comportamental muito abaixo do que é esperado para a sua idade cronológica.
As pessoas com déficit intelectual apresentam limitações nas suas habilidades mentais. Por norma, têm
dificuldades em compreender ideias abstratas, resolver problemas, compreender e obedecer a regras,
estabelecer relações sociais e realizar atividades cotidianas, por exemplo.
As causas que levam ao déficit intelectual são variadas. No entanto, fatores genéticos costumam ser os
principais responsáveis por essa condição. Outros fatores que também contribuem para a deficiência mental
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são de natureza perinatal, ou seja, complicações durante a gestação do bebê, como a má-formação fetal, por
exemplo.
Não existe cura para a deficiência intelectual, no entanto alguns tratamentos podem ajudar a melhorar a
qualidade de vida do portador do déficit mental. A educação especial e a terapia comportamental são
algumas das opções para melhorar a vida da pessoa.
O indivíduo que apresenta deficiência intelectual deve ser avaliado e acompanhado por um suporte
psicológico e pedagógico. Em alguns casos, também é importante a procura do auxílio fonoaudiólogo e de
médicos, pois outros transtornos ou doenças podem estar associadas à deficiência mental.

Características da deficiência intelectual


Os deficientes intelectuais costumam apresentam as seguintes características, em diferentes níveis:
 Dificuldade de raciocínio e de compreensão;
 Habilidades sociais comprometidas;
 Limitações nas habilidades relacionadas à linguagem (leitura, escrita, memória, raciocínio, etc);
 Dificuldades de adaptação nos ambientes sociais;
 Demoram mais para aprender;
 Não compreendem algumas situações do cotidiano (são ingênuos);
 Não conseguem compreender sinais ou situações que já eram esperados para a sua idade;
 São muito dependentes;
 Apresentam alto risco de ter crises epiléticas e problemas severos de aprendizagem.

Alguns dos principais tipos de deficiência intelectual são: Síndrome de Down; do X-Frágil; de Prader-
Willi; de Angelman; e de Williams.
SÍNDROME DE DOWN
A síndrome de Down é causada pela presença de três cromossomos 21 em todas ou na maior parte das
células de um indivíduo. Isso ocorre na hora da concepção de uma criança. As pessoas com síndrome de
Down, ou trissomia do cromossomo 21, têm 47 cromossomos em suas células em vez de 46, como a maior
parte da população.
As crianças, os jovens e os adultos com síndrome de Down podem ter algumas características
semelhantes e estar sujeitos a uma maior incidência de doenças, mas apresentam personalidades e
características diferentes e únicas.
É importante esclarecer que o comportamento dos pais não causa a síndrome de Down. Não há nada que
eles poderiam ter feito de diferente para evitá-la. Não é culpa de ninguém. Além disso, a síndrome de Down
não é uma doença, mas uma condição da pessoa associada a algumas questões para as quais os pais
devem estar atentos desde o nascimento da criança.
As pessoas com síndrome de Down têm muito mais em comum com o resto da população do que
diferenças. Se você é pai ou mãe de uma pessoa com síndrome de Down, o mais importante é descobrir que
seu filho pode alcançar um bom desenvolvimento de suas capacidades pessoais e avançará com crescentes
níveis de realização e autonomia. Ele é capaz de sentir, amar, aprender, se divertir e trabalhar. Poderá ler e
escrever, deverá ir à escola como qualquer outra criança e levar uma vida autônoma. Em resumo, ele poderá
ocupar um lugar próprio e digno na sociedade. Saiba mais no vídeo abaixo.
Entenda a trissomia
Os seres humanos têm, normalmente, 46 cromossomos em cada uma das células de seu organismo.
Esses cromossomos são recebidos pelas células embrionárias dos pais, no momento da fecundação. Vinte e
três vêm dos espermatozoides fornecidos pelo pai e os outros 23 vêm contidos no óvulo da mãe. Juntos, eles
formam o ovo ou zigoto, a primeira célula de qualquer organismo. Essa célula, então, começa a se dividir,
formando o novo organismo. Isso quer dizer que cada nova célula é, em teoria, uma cópia idêntica da
primeira.
Os cromossomos carregam milhares de genes, que determinam todas as nossas características. Desses
cromossomos, 44 são denominados regulares e formam pares (de 1 a 22). Os outros dois constituem o par
de cromossomos sexuais – chamados XX no caso das meninas e XY no caso dos meninos. O que ocorre,
então, para um bebê apresentar 47 cromossomos, em vez de 46, e ter síndrome de Down?
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Por alguma razão que ainda não foi cientificamente explicada, ou o óvulo feminino ou o espermatozoide
masculino apresentam 24 cromossomos no lugar de 23, ou seja, um cromossomo a mais. Ao se unirem aos
23 da outra célula embrionária, somam 47. Esse cromossomo extra aparece no par número 21. Por isso a
síndrome de Down também é chamada de trissomia do 21. A síndrome é a ocorrência genética mais comum
que existe, acontecendo em cerca de um a cada 700 nascimentos, independentemente de raça, país, religião
ou condição econômica da família.

SÍNDROME DO X FRÁGIL
A Síndrome do X Frágil é uma doença genética ligada ao cromossomo sexual X, sendo conhecida como
a causa mais frequente de retardo mental. É caracterizada por uma repetição de trinucleotídeos CGG do
gene FMR-1 do cromossomo X. Em um paciente com X Frágil, a repetição chega a mais de 200, por isso, ele
é chamado de portador de mutação completa. Em um indivíduo normal, a repetição dos trinucleotídeos varia
de 6 a 55. Quando uma pessoa apresenta repetições que variam de 55 a 200, dizemos que ela apresenta
uma pré-mutação.
A repetição dos trinucleotídeos faz com que a proteína FMRP, traduzida pelo gene FMR 1, não seja
produzida adequadamente. Como essa proteína está relacionada com a função sináptica e com o
crescimento dos dendritos, a sua deficiência gera problemas nas funções normais do cérebro.
A doença afeta tanto homens quanto mulheres. Entretanto, em pessoas do sexo masculino, ela apresenta-
se de forma mais grave. A incidência da doença é de 1 a cada 4000 homens e de 1 a cada 6000 mulheres. A
maior frequência em homens é atribuída ao fato de eles apresentarem apenas um cromossomo X. Como as
mulheres apresentam dois cromossomos X, um sadio compensa o outro.
A síndrome afeta o desenvolvimento intelectual do portador e varia de deficiência mental mediana a
profunda. Em alguns casos, características do autismo são observadas. Além disso, compromete o
comportamento do indivíduo, que geralmente apresenta déficit de atenção e hiperatividade. Outro sintoma
comum em portadores da doença é a ocorrência de convulsões.
Além das variações neurológicas e psiquiátricas, podem ser observadas algumas variações nas
características físicas. Pacientes com a síndrome geralmente apresentam uma face mais alongada, orelhas
grandes, hiperextensibilidade das articulações, pés planos e palato alto e ogival. Essas características
geralmente são associadas com o comprometimento do tecido conjuntivo.

Nas mulheres afetadas, é comum a ocorrência de falha ovariana prematura, que ocasiona uma
menopausa antes mesmo dos 40 anos de idade. Nos homens, há macrorquidia, isto é, aumento no tamanho
dos testículos.
O diagnóstico da Síndrome do X Frágil é feito através de exames que utilizam técnicas de biologia
molecular para estudar o DNA do paciente. A análise do gene é feita normalmente através de técnica do PCR
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e Southern blotting. O exame de cariótipo por muito tempo foi utilizado para diagnosticar a Síndrome,
entretanto, é um procedimento que pode gerar um falso negativo, não sendo, portanto, recomendado.
Após o diagnóstico da síndrome, é importante iniciar o tratamento, que não leva à cura, porém melhora a
qualidade de vida. O tratamento possui como objetivos principais socializar o portador e melhorar seu
aprendizado. Para que a terapia funcione adequadamente, é fundamental que o trabalho seja realizado por
diferentes profissionais, tais como neurologistas e fonoaudiólogos.

SÍNDROME DE PRADER-WILLI
Esta síndrome descrita em 1956 é de origem genética localizada no cromossomo 15 ocorrendo no
momento da concepção. Afeta meninos e meninas em um complexo quadro de sintomas, durante todas
suas vidas, estes variando em presença e intensidade de indivíduo para indivíduo. Um diagnóstico precoce,
antes da manifestação dos sintomas, principalmente a obesidade, tem trazido uma melhora na qualidade de
vida dos portadores nos últimos anos. Mas ainda em caso de diagnósticos tardio, uma série de cuidados
pode ser iniciados, retornando na qualidade de vida dos portadores.
Bebês com Síndrome de Prader-Willi (PWS) apresentam baixo Apgar ao nascer, dificuldade de sugar,
choro fraco e são muito pouco ativos, dormindo a maior parte do tempo. Raramente conseguem ser
amamentados. Seu desenvolvimento neuro-motor é lento, tardam a sentar, engatinhar e caminhar.
Os sintomas da síndrome variam de individuo para indivíduo e estão também associados ao ambiente em
que este vive, aos estímulos e ao acompanhamento terapêutico e educacional que recebe, os principais
sintomas são:
 Hiperfagia - constante sensação de fome e
interesse com comida, que pode surgir entre os 2 e
5 anos de idade e levar a obesidade ainda na
infância.
 Hipotonia - atraso nas fases típicas do
desenvolvimento psicomotor quando bebês. Mais
tarde fracos tônus musculares, dificuldades com
alguns movimentos, equilíbrio, escrita, uso de
instrumentos, lentidão.
 Dificuldades de aprendizagem e fala.
 Instabilidade emocional e imaturidade nas trocas
sociais.
 Alterações hormonais - atraso no
desenvolvimento sexual.
 Baixa estatura.
 Diminuição da sensibilidade à dor.
 Mãos e pés pequenos.
 Pele mais clara que os pais.
 Boca pequena com o lábio superior fino e
inclinado para baixo nos cantos da boca.
 Fronte estreita.
 Olhos amendoados e estrabismo.

A obesidade manifestada por muitos portadores é consequência de um consumo excessivo de calorias,


pelo comportamento compulsivo em relação a comida, somado a fatores metabólicos e pouca atividade
física. A fome constante é provavelmente causada por uma desordem do hipotálamo, no cérebro: durante
uma refeição, a "mensagem" de saciedade não é processada. E se não controlado esse acesso a
quantidade/composição da comida, o ganho de peso é rápido. Portadores desta síndrome, em geral,
necessitam algum nível de assistência ou supervisão em sua alimentação, mesmo quando bem informados
de sua condição de saúde. Diferentemente por exemplo de portadores de diabetes.
Muitos efeitos relacionados aos sintomas podem ser amenizados com um diagnóstico, que proporciona a
chance de intervenções terapêuticas e educacionais; pelo conhecimento e compreensão da síndrome pela
família que deve buscar estruturar um ambiente inclusivo, seguro, assistido e estimulador para o indivíduo se
desenvolver; e por um acompanhamento de saúde e educação adequada.

SÍNDROME DE ANGELMAN
Presente em uma a cada 12.000 crianças que nascem, a Síndrome de Angelman é uma condição causada
por uma mutação genética que leva principalmente a anomalias neurológicas. Suas características incluem
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atraso global de desenvolvimento neuropsicomotor, deficiência intelectual, severo atraso de linguagem e fala,
problemas de coordenação motora e ataxia. Estes sinais e sintomas começam a ser evidentes nos primeiros
6 a 12 meses de vida e podem estar associados a crises epilépticas de difícil controle.
Crianças com Angelman apresentam em seu comportamento traços considerados típicos. Costumam ter
fácies de constante felicidade e sorriso, dentes bem separados, hiperatividade, crises de riso, facilmente
excitáveis e movimentos repetitivos com as mãos. A epilepsia costuma piorar em fase mais tardia e
estabilizarem até a fase adulta. Com o tempo, podem apresentar pele mais clara e pálida, cabelos coloridos e
escoliose.
A maioria das características da Síndrome são causadas pela perda de função de um gene
chamado UBE3A. A perda de sua função ocorre de forma desigual e difusa pelo cérebro do portador. Setenta
por cento dos casos são oriundos da perda de um pedaço da parte materna deste gene e 11% por mutação
num segmento deste gene. Normalmente, não são mutações herdáveis e novos portadores são afetados por
erros acidentais no gene.
1 – Ponte nasal afundada;
2 – Inchaço ao redor dos olhos;
3 – Rugas nos olhos;
4 – Olhos azuis com sinais de expressão;
5 – Espaço entre o nariz e os lábios;
6 – Boca larga;
7 – Lábio inferior grande;
8 – Queixo pequeno.

O diagnóstico se dá por meio de análise genética com técnicas de rastreamento desta mutação ou desta
perda de fragmento no cromossomo 15. O tratamento ainda é baseado em reabilitação, controle de crises
epilépticas e compensação dos atrasos com suportes de adaptação. Recentemente, pesquisadores tem
tentado desenvolver terapia gênica para corrigir as falhas no gene mas tal procedimento ainda é incipiente e
encontra-se em fase experimental.
SÍNDROME DE WILLIAMS

A Síndrome de Williams também conhecida como síndrome Williams-Beuren é uma desordem genética
que, talvez, por ser rara, frequentemente não é diagnosticada. Sua transmissão não é genética. O nome
desta síndrome vem do médico, Dr. J.C.P. Williams que a descreveu em 1961 na Nova Zelândia e pelo Dr.
A. J. Beuren da Alemanha em 1962.
Acometendo ambos os sexos, na maioria dos casos infantis (primeiro ano de vida), as crianças têm
dificuldade de se alimentar, ficam irritadas facilmente e choram muito.
A síndrome de Williams é uma doença caracterizada por "face de gnomo ou fadinha”, nariz pequeno e
empinado, cabelos encaracolados, lábios cheios, dentes pequenos e sorriso frequente. Estas crianças
normalmente têm problemas de coordenação e equilíbrio, apresentando um atraso psicomotor. Seu
comportamento é sociável e comunicativo embora utilizem expressões faciais, contatos visuais e gestos em
sua comunicação.
Embora comecem a falar tarde, por volta dos 18 meses, demonstram facilidade para aprender rimas e
canções, demonstrando muita sensibilidade musical e concomitantemente boa memória auditiva.
Seu desenvolvimento motor é mais lento. Demoram a andar, e tem grande dificuldade em executar
tarefas que necessitem de coordenação motora tais como: cortar papel, desenhar, andar de bicicleta,
amarrar o sapato etc.
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Tratamento e Prevenção das Complicações


É muito importante identificar portadores desta síndrome logo na primeira infância, pois, tem influência em
diversas partes do desenvolvimento cognitivo, comportamental e motor.
As medidas preventivas devem-se iniciar logo após o diagnóstico com um estudo minucioso para
descarte de anomalias do coração e rins. É necessário monitorar frequentemente a hipertensão arterial,
incluindo a avaliação da tensão arterial nos quatro membros.
A otite crônica exige avaliações auditivas frequentes e quando necessário o envio para uma consulta de
otorrinolaringologia. O tratamento de problemas dentários necessita da profilaxia da endocardite. Face às
infecções urinárias frequentes torna-se necessário avaliar a função renal periodicamente e realizar um
estudo minucioso na infância e na adolescência.
Na adolescência, para além de se manter a vigilância dos sistemas já descritos, deve-se pesquisar a
presença de escoliose e contratura das articulações. Os problemas alimentares observados nos mais novos
são ultrapassados, sendo a obesidade encontrada em 29% dos adultos. O comportamento e aproveitamento
escolar, quando problemáticos carecem de medidas de apoio. A ansiedade pode estar associada à úlcera
péptica e a litíase biliar é um diagnóstico possível em doentes com dores abdominais.
Personalidade e comportamento
Nas crianças portadoras desta síndrome é grande a sociabilidade, entusiasmo, grande sensibilidade, tem
uma memória fantástica para pessoas, nomes e local; ansiedade medo de alturas, preocupação excessiva
com determinados assuntos ou objetos, distúrbios do sono, controle do esfíncter. É normal crianças com
esta síndrome serem amigas de adultos e procurarem a companhia deles ao mesmo tempo tem dificuldade
em fazer amizades outras crianças da sua idade. Muitas crianças com esta síndrome demonstram medo ao
escutarem ruídos de bater palmas, liquidificador, avião, etc., por serem hipersensíveis ao som.

O QUE SÃO OS TRANSTORNOS GLOBAIS DO


DESENVOLVIMENTO (TGD)?
Os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) são distúrbios nas interações sociais recíprocas que
costumam manifestar-se nos primeiros cinco anos de vida. Caracterizam-se pelos padrões de comunicação
estereotipados e repetitivos, assim como pelo estreitamento nos interesses e nas atividades.
Os TGD englobam os diferentes transtornos do espectro autista, as psicoses infantis, a Síndrome de
Asperger, a Síndrome de Kanner e a Síndrome de Rett.
Com relação à interação social, crianças com TGD apresentam dificuldades em iniciar e manter uma
conversa. Algumas evitam o contato visual e demonstram aversão ao toque do outro, mantendo-se isoladas.
Podem estabelecer contato por meio de comportamentos não-verbais e, ao brincar, preferem ater-se a
objetos no lugar de movimentar-se junto das demais crianças. Ações repetitivas são bastante comuns.
Os Transtornos Globais do Desenvolvimento também causam variações na atenção, na concentração e,
eventualmente, na coordenação motora. Mudanças de humor sem causa aparente e acessos de
agressividade são comuns em alguns casos. As crianças apresentam seus interesses de maneira
diferenciada e podem fixar sua atenção em uma só atividade, como observar determinados objetos, por
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exemplo.
Com relação à comunicação verbal, essas crianças podem repetir as falas dos outros - fenômeno
conhecido como ecolalia - ou, ainda, comunicar-se por meio de gestos ou com uma entonação mecânica,
fazendo uso de jargões.
Como lidar com o TGD na escola?
Crianças com transtornos de desenvolvimento apresentam diferenças e merecem atenção com relação
às áreas de interação social, comunicação e comportamento. Na escola, mesmo com tempos diferentes de
aprendizagem, esses alunos devem ser incluídos em classes com os pares da mesma faixa etária.
Estabelecer rotinas em grupo e ajudar o aluno a incorporar regras de convívio social são atitudes de
extrema importância para garantir o desenvolvimento na escola. Boa parte dessas crianças precisa de ajuda
na aprendizagem da autorregulação.
Apresentar as atividades do currículo visualmente é outra ação que ajuda no processo de aprendizagem
desses alunos. Faça ajustes nas atividades sempre que necessário e conte com a ajuda do profissional
responsável pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE). Também cabe ao professor identificar as
potências dos alunos. Invista em ações positivas, estimule a autonomia e faça o possível para conquistar a
confiança da criança. Os alunos com TGD costumam procurar pessoas que sirvam como 'porto seguro' e
encontrar essas pessoas na escola é fundamental para o desenvolvimento.

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)


O Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba diferentes condições marcadas por perturbações do
desenvolvimento neurológico com três características fundamentais, que podem manifestar-se em conjunto
ou isoladamente. São elas: dificuldade de comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da
imaginação para lidar com jogos simbólicos, dificuldade de socialização e padrão de comportamento
restritivo e repetitivo.
Também chamado de Desordens do Espectro Autista (DEA ou ASD em inglês), recebe o nome de
espectro (spectrum), porque envolve situações e apresentações muito diferentes umas das outras, numa
gradação que vai da mais leves à mais grave. Todas, porém, em menor ou maior grau estão relacionadas,
com as dificuldades de comunicação e relacionamento social.
De acordo com o quadro clinico, o TEA pode ser classificado em:
 Autismo clássico: Grau de comprometimento pode variar de muito. De maneira geral, os indivíduos
são voltados para si mesmos, não estabelecem contato visual com as pessoas nem com o ambiente;
conseguem falar, mas não usam a fala como ferramenta de comunicação. Embora possam entender
enunciados simples, têm dificuldade de compreensão e apreendem apenas o sentido literal das palavras.
Não compreendem metáforas nem o duplo sentido. Nas formas mais graves, demonstram ausência
completa de qualquer contato interpessoal. São crianças isoladas, que não aprendem a falar, não olham
para as outras pessoas nos olhos, não retribuem sorrisos, repetem movimentos estereotipados, sem muito
significado ou ficam girando ao redor de si mesmas e apresentam deficiência mental importante;
 Autismo de alto desempenho (também chamado de síndrome de Asperger): Os portadores
apresentam as mesmas dificuldades dos outros autistas, mas numa medida bem reduzida. São verbais e
inteligentes. Tão inteligentes que chegam a ser confundidos com gênios, porque são imbatíveis nas áreas do
conhecimento em que se especializam. Quanto menor a dificuldade de interação social, mais eles
conseguem levar vida próxima à normal.
 Distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação (DGD-SOE): Os indivíduos são
considerados dentro do espectro do autismo (dificuldade de comunicação e de interação social), mas os
sintomas não são suficientes para incluí-los em nenhuma das categorias específicas do transtorno, o que
torna o diagnóstico muito mais difícil.

Incidência do Autismo
Não faz muito tempo, o autismo era considerado uma condição rara, que atingia uma em cada 2 mil
crianças. Hoje, as pesquisas mostram que uma em cada cem crianças (algumas pesquisas indicam que o
transtorno é ainda mais frequente) pode ser diagnosticada com algum grau do espectro, que afeta mais os
meninos do que as meninas. Em geral, o transtorno se instala nos três primeiros anos de vida, quando
os neurônios que coordenam a comunicação e os relacionamentos sociais deixam de formar as conexões
necessárias.
As manifestações na adolescência e na vida adulta estão correlacionadas com o grau de
comprometimento e com a capacidade de superar as dificuldades seguindo as condutas terapêuticas
adequadas para cada caso desde cedo.
O diagnóstico é essencialmente clínico. Baseia-se nos sinais e sintomas e leva em conta os critérios
estabelecidos por DSM–IV (Manual de Diagnóstico e Estatística da Sociedade Norte-Americana de
18

Psiquiatria) e pelo CID-10 (Classificação Internacional de Doenças da OMS), o comprometimento e o


histórico do paciente.
Recomendações para tratar com o autismo
 Ter em casa uma pessoa com formas graves de autismo pode representar um fator de desequilíbrio
para toda a família. Por isso, todos os envolvidos precisam de atendimento e orientação especializados;
 É fundamental descobrir um meio ou técnica, não importam quais, que possibilitem estabelecer
algum tipo de comunicação com o autista;
 Autistas têm dificuldade de lidar com mudanças, por menores que sejam; por isso é importante
manter o seu mundo organizado e dentro da rotina;
 Apesar de a tendência atual ser a inclusão de alunos com deficiência em escolas regulares, as
limitações que o transtorno provoca devem ser respeitadas. Há casos em que o melhor é procurar uma
instituição que ofereça atendimento mais individualizado;
 Autistas de bom rendimento podem apresentar desempenho em determinadas áreas do
conhecimento com características de genialidade.
Quais as principais características de uma criança com autismo?
O mais comum é que os sinais fiquem evidentes antes da criança completar 3 anos. Os sintomas variam
muito conforme o tipo, mas os mais frequentes são: ausência completa ou dificuldade de manter contato
interpessoal (principalmente contato visual), incapacidade de aprender a falar (ou não usa a fala como forma
de comunicação), incidência de movimentos estereotipados e repetitivos, deficiência mental, o paciente fica
ausente ou voltado para si mesmo, comprometimento da compreensão
Uma criança com autismo pode levar uma vida normal?
Depende do grau do transtorno. Com frequência, os autistas com grau leve são muito inteligentes,
somente são sensíveis a mudanças súbitas, o que faz com que possam ter uma vida bem próxima da
normalidade. Alguns podem viver anos sem receber o diagnóstico, e não raro, são confundidos com pessoas
que são apenas muito tímidas. Em graus mais graves, porém, que implicam em grande dificuldade de
relacionamento, pode haver comprometimento da qualidade de vida que exige acompanhamento
especializado.
Existe remédio natural para autismo?
Não. Autismo não tem cura. Medicamentos são prescritos na presença de agressividade e de outras
doenças paralelas, como depressão e ansiedade.
O tratamento deve ser multidisciplinar, englobando médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos e
pedagogos, de forma a incentivar o paciente a realizar sozinho tarefas cotidianas.
19
20

PSICOSE INFANTIL
A psicose adulta e a psicose infantil são diferentes uma da outra. Nos adultos, costuma apresentar-se em
diversas forma clínicas, como esquizofrenia, alterações mentais, ou como era chamada no passado: psicose
maníaco-depressiva (sem confundir com transtorno bipolar). A psicose infantil costuma apresentar-se como
autismo. Há autores que os consideram sinônimos, outros não, porque o autismo ocorre habitualmente desde
o nascimento, e a psicose pode desenvolver-se mais tarde. Além disso, na psicose infantil não ocorrem
delírios e alucinações, já que isto exige um nível de desenvolvimento que as crianças não possuem.

Como a psicose se apresenta na infância?


 A psicose que se apresenta na infância de forma precoce (antes dos seis anos), costuma aparecer da
seguinte forma: Autismo, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância e
transtornos globais do desenvolvimento (TGD).
 A psicose que se apresenta na infância mais tardia (dos 6 aos 12 anos), costuma se apresentar como:
psicose tardia aos 5 a 6 anos, psicose dos 10 a 11 anos, psicose com transtornos delirantes.
Quais os sintomas da psicose na primeira infância?
 Durante o primeiro ano de vida, os pais descrevem seus filhos como bebês “fáceis”, que não choram,
não distorcem, não mostram interesse pela figura adulta e que se mostram felizes quando estão sozinhos.
Ausência de sorriso e ausência de ansiedade diante de estranhos (apresentando-se como autismo).
 Durante o segundo e o terceiro anos de vida não apresentam contato com o meio, nem mesmo com a
mãe, que sente como se seu filho não a reconhecesse. O olhar da criança é “vazio”, como se estivesse
ausente. O adulto pode sentir-se vigiado, como se seu filho o olhasse de canto de olho. A criança utiliza os
objetos com manipulações repetitivas e estereotipadas. As figuras humanas podem desencadear
agressividade e ela as rasga. Pode aparecer o sintoma do cubo que queima (toca um objeto e retira a mão
rapidamente). Não apresenta relações com outras crianças, bem como com os adultos, apenas os manipula
como se fossem objetos. É indiferente ao jogo. Potencializar a relação entre iguais pode ocasionar crises
violentas. Não pede colo (característica do autismo).

Sintomas durante o desenvolvimento


 Condutas motoras. Gestualidade pouco habitual para a idade, comportamentos motores específicos
como as estereotipias (movimentos repetitivos), instabilidade com muita agitação no movimento (subir a
mesas ou cadeiras, por exemplo), gestos desajeitados. Não há ajuste postural.
 Transtornos intelectuais. Nem sempre precisa estar acompanhado de atraso mental.
 Transtornos da linguagem. Pode apresentar total ausência de linguagem ou mesmo atraso da fala,
ainda que habitualmente seja pouco compreensível (autismo). Cantoria, distorção da linguagem, estereotipias
verbais, quando há uma linguagem satisfatória, podem apresentar regressões na fala. Linguagem atrasada
ou particular. Dá a sensação de estar surdo. Em todas as situações, a linguagem não costuma ser com uma
função comunicativa, embora algumas vezes a criança psicótica possa obedecer a ordens simples.
 Afetividade. Variações rápidas do humor, angústia aguda, ansiedade, crise de riso, intolerância à
frustração, crises agressivas. Resistência à mudança.
 Condutas mentalizadas. Rituais, raramente delírios normalmente associados ao corpo ou temas
ambientais.

Outros transtornos associados


 Distúrbios do sono
 Transtornos alimentares
 Transtornos esfincterianos (enurese, por exemplo)
 Possíveis epilepsias

SÍNDROME DE KANNER
A literatura da área é assertiva ao atribuir a primeira descrição desse quadro ao cientista e psiquiatra
austríaco Leo Kanner, em 1943. Kanner realizou um estudo onde ele ficou responsável pela observação e
acompanhamento de uma amostra composta por onze crianças (oito meninos e três meninas). A pesquisa
ocorreu no Serviço de Psiquiatria Infantil do Hospital John Hopkins, na cidade Baltimore, Estados Unidos.
Por meio dessa análise, o estudioso percebeu que os participantes apresentavam comportamentos
incomuns, tal como o isolamento severo em relação ao mundo exterior. Os pais das crianças relatavam essa
característica e afirmavam que isso podia ser notado precocemente.
Partindo da observação, Kanner estabeleceu um estudo onde se perguntava até que ponto o tipo de
relação precoce entre os familiares e as crianças poderia influenciar e aprofundar os distúrbios mostrados.
Diante disso, o pesquisador constatou que esse grupo observado não demonstrava habilidades sociais, como
o contato afetivo com seus interlocutores, incluindo seus próprios pais.
21

Além disso, outros sintomas foram percebidos por Kanner, como distúrbios intelectuais, alimentares,
psicomotores, da linguagem e do comportamento. Com base em seus experimentos, o psiquiatra atribuiu
esse conjunto de características ao que ele convencionou chamar de Distúrbios Autísticos. Pouco tempo
depois, Kanner descreveria essa condição de Autismo Infantil Precoce.

Características da Síndrome de Kanner


Profissionais e especialistas referem-se à Síndrome de Kanner como autismo de baixo funcionamento em
função da falta de capacidade dos pacientes em se relacionar e se comunicar com as pessoas à sua volta.
É importante salientar que existem déficits em três áreas essenciais do aspecto funcional do indivíduo, a
saber: incapacidade de se relacionar com outras pessoas (como mencionado acima), rigidez mental e
comportamental; e comportamentos estereotipados. Vale ressaltar que dentro do primeiro item, a criança não
estabelece qualquer forma de comunicação e linguagem. Diferente de outros graus de autismo apresentados.
Dentre os principais sintomas, podemos destacar uma determinada fixação do paciente aos padrões de
estereótipos, apego irredutível a rotinas, maneirismos motores, preocupação exagerada e persistente por
certos objetos. Ressaltando que tais sinais estão dentro do grupo dos padrões de comportamento. Por conta
das características citadas, é imprescindível que os pais levem seus filhos para um acompanhamento médico
tão logo os primeiros sinais começarem a se manifestar.

Quais os critérios utilizados para se considerar a Síndrome de Kanner?


Alguns critérios são utilizados pelos médicos acerca da Síndrome de Kanner, a saber: múltiplos
comportamentos não-verbais, falta de reciprocidade social e emocional, incapacidade para desenvolver
relações com companheiros e pouca ou nenhuma tendência em compartilhar objetos. Tudo isso interligado ao
eixo ‘alteração de relações interpessoais’.

A importância de um acompanhamento médico


O fato da Síndrome de Kanner estar presente nos graus mais severos do autismo exige que a observação
dos adultos responsáveis pela criança seja feita com total precisão a fim de que o profissional seja informado.
Esse contato vai ser determinante para a aplicação de intervenções que visarão à busca pelo
desenvolvimento do pequeno. É verdade que não são todos os casos em que a criança ou jovem conseguem
desempenhar habilidades funcionais, mas os especialistas detêm as técnicas necessárias para trabalhar o
tratamento do paciente em questão.
 Os sintomas incluem um declínio nas habilidades sociais e da fala após um período inicial de
desenvolvimento normal.
 O diagnóstico se baseia na observação de um médico do desenvolvimento e do crescimento inicial da
criança e em exames genéticos.
 O tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar que dá enfoque ao controle dos sintomas e
apoio educacional.

SÍNDROME DE RETT
A síndrome de Rett é um distúrbio genético e de neurodesenvolvimento raro que ocorre quase
exclusivamente nas meninas. Ela é causada pela mutação de um gene que é necessário para o
desenvolvimento cerebral. Ela prejudica as interações sociais, causa perda das capacidades linguísticas e
movimentos repetitivos das mãos. As meninas com a síndrome de Rett são geralmente bebês a termo que
passaram por uma gestação e parto sem intercorrências. Embora muitos sintomas se pareçam com os
sintomas de um transtorno do espectro autista, incluindo dificuldade nas habilidades sociais e de
comunicação, a síndrome de Rett é um distúrbio separado.
Meninas com síndrome de Rett parecem se desenvolver normalmente até algum momento entre os seis
meses e os quatro anos de idade. Quando o distúrbio se inicia, o crescimento da cabeça diminui e as
capacidades linguísticas e sociais se deterioram. Caracteristicamente, as meninas manifestam movimentos
repetitivos das mãos, como se as estivessem lavando ou retorcendo. Perdem-se os movimentos
intencionais das mãos, o caminhar é prejudicado e os movimentos do tronco ficam desajeitados. Ocorre o
desenvolvimento da deficiência intelectual e, em geral, ela é grave. Podem ocorrer convulsões e com o
tempo a mobilidade pode ser afetada. As crianças podem desenvolver escoliose e, frequentemente,
apresentam problemas cardíacos. Elas podem ter retardo do crescimento e tendem a ter dificuldade em
manter o peso.
Diagnóstico
 Avaliação do médico
 Exames genéticos
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O médico faz o diagnóstico da síndrome de Rett ao observar sintomas durante o crescimento e o


desenvolvimento inicial da criança. É necessária uma avaliação contínua do estado físico e neurológico da
criança.
Testes genéticos são feitos para confirmar o diagnóstico.
O prognóstico de longo prazo, incluindo a estimativa de tempo de vida, é variável. No entanto,
geralmente as crianças sobrevivem até a idade adulta com o apoio de uma equipe médica. Muitos fatores,
incluindo a eficácia no controle das convulsões, se a pessoa conseguir ou não manter a capacidade de
andar e a nutrição, afetam o prognóstico.
Tratamento
 Equipe de apoio médico
 Apoio educacional especial
 Controle de sintomas
Não há cura para a síndrome de Rett.
O melhor tratamento para a síndrome de Rett compreende uma abordagem por equipe médica incluindo
fisioterapia, terapia ocupacional e terapia da fala/linguagem. A maioria das meninas com síndrome de Rett
necessita de cuidados abrangentes e de programas especiais de educação.
Pequenas melhorias espontâneas da interação social podem ocorrer na parte final da infância e no início
da adolescência, mas os problemas da linguagem e do comportamento persistem.
Os médicos podem administrar medicamentos para controlar as convulsões.
Reavaliações médicas regulares são necessárias para monitorar a progressão de escoliose e para
monitorar problemas cardíacos.
Pode ser necessário oferecer suporte nutricional para ajudar crianças afetadas a manter seu peso

DEFICIÊNCIA FÍSICA
Alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o
comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia,
monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência
de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades
estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções.

Tipos de Deficiência Física:


Paraplegia: Perda total das funções motoras dos membros inferiores.
Paraparesia: Perda parcial das funções motoras dos membros inferiores.
Monoplegia: Perda total das funções motoras de um só membro (inferior ou posterior)
Monoparesia: Perda parcial das funções motoras de um só membro (inferior ou posterior)
Tetraplegia: Perda total das funções motoras dos membros inferiores e superiores.
Tetraparesia: Perda parcial das funções motoras dos membros inferiores e superiores.
Triplegia: Perda total das funções motoras em três membros.
Triparesia: Perda parcial das funções motoras em três membros.
Hemiplegia: Perda total das funções motoras de um hemisfériodo corpo (direito ou esquerdo)
Hemiparesia: Perda parcial das funções motoras de um hemisfério do corpo (direito ou esquerdo)
Amputação: Perda total ou parcial de um determinado membro ou segmento de membro.
Paralisia Cerebral: Lesão de uma ou mais áreas do sistema nervoso central, tendo como consequência
alterações psicomotoras, podendo ou não causar deficiência mental.
Ostomia: Intervenção cirúrgica que cria um ostoma (abertura, ostio) na parede abdominal para adaptação
de bolsa de coleta; processo cirúrgico que visa à construção de um caminho alternativo e novo na eliminação
de fezes e urina para o exterior do corpo humano (colostomia: ostoma intestinal; urostomia: desvio urinário).

ALTAS HABILIDADES
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 3% a 5% da população brasileira é portadora de altas
habilidades, e segundo as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (Ministério da
Educação, 2001), o conceito de altas habilidades/superdotação é adotado por alguns programas brasileiros
para destacar crianças consideradas superdotadas e talentosas. São destacadas as que apresentam notável
desempenho e elevada potencialidade em aspectos isolados ou combinados: “capacidade intelectual geral,
aptidão acadêmica específica, pensamento criador ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial
para as artes e capacidade psicomotora. ” (SEESP – Secretaria de Educação Especial, 2006). De acordo com
Parcell (1978, in Hardmann, 1983), os termos “superdotado” e talentoso” se referem a crianças e jovens,
23

identificados na pré-escola, no ensino fundamental ou no ensino médio, como possuidores de habilidades


potenciais ou demonstradas, que evidenciam alta capacidade de desempenho, em áreas tais como no
desempenho intelectual, criativo, acadêmico especifico ou habilidade de liderança, ou nas artes de
representação, artes de um modelo geral e que, por essa razão, necessitam de serviços ou atividades que
não são rotineiramente oferecidas pela escola (seção 902) “(p.379).

MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS
As múltiplas inteligências são o conjunto de habilidades que compreendem as inteligências. Embora haja
todas estas competências, são raros aqueles que conseguem desenvolver os 8 tipos de inteligência. Confira
quais são eles:
 Linguística;
 Lógico-matemática;
 Espacial;
 Corporal-cinestésica;
 Interpessoal;
 Intrapessoal;
 Naturalística;
 Musical.

Leonardo Da Vinci: o gênio do seu tempo


O italiano Leonardo da Vinci, conhecido e admirado em todo mundo, é considerado um dos maiores gênios
de todos os tempos e ainda hoje é um caso raro do desenvolvimento das múltiplas habilidades.
Neste sentido o desenvolvimento de suas múltiplas inteligências possibilitou a Da Vinci realmente ser
diferenciado, notado e reconhecido até hoje como exímio: cientista, matemático, engenheiro, inventor,
anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e também músico.

Howard Gardner e a sua teoria


O psicólogo cognitivo e educacional americano Howard Gardner se tornou conhecido mundialmente ao
apresentar, em 1982, sua teoria das Múltiplas Inteligências, que contestava os modelos clássicos da época
para a medição do quoeficiente de Inteligência. Para Gardner, o famoso teste de Q.I não poderia servir
como base para mensurar e definir se uma pessoa é inteligente ou não.
Segundo o pesquisador, possuímos de 8 a 9 tipos de inteligências diferentes, algumas desenvolvidas e
outras não. Entretanto, isso não significa que não sejamos pessoas perfeitamente normais ou inteligentes.
Em outras palavras para o psicólogo, o termo “inteligência”, como ainda é usado pode denotar limitação de
capacidades quando considerado sob a ótica daquele que dispõe de um tipo de inteligência para o
aprendizado escolar, como o de novas línguas, por exemplo.
O que Gardner enfatiza é o desenvolvimento de habilidades e capacidades, além das escolásticas e que
de modo geral podem evidenciar qualidades e competências do ser humano, que hoje ficam limitadas pelo
senso comum da avaliação de QI (Quociente de Inteligência).

Diferentes tipos de inteligência


Você sabia que existem diferentes tipos de inteligência? Eu fiz uma seleção das principais para vocês
conhecerem. Confira:
 Linguística: essa inteligência está ligada diretamente à capacidade de domínio da linguagem e da
expressão. A habilidade é responsável pela utilização com maestria de toda forma de linguagem, não se
limitando apenas a oral e escrita, mas extrapolando para gestual, corporal e demais tipos de comunicação.
Quem possui esse tipo de inteligência é mais propenso a ter sucesso na hora de transmitir ideais, ensinar,
convencer, negociar e motivar. Por isso, essa habilidade pode ser notada facilmente em profissionais como
jornalistas, escritores, cineastas, mestres de cerimônia, vendedores, CEOs e políticos.
 Lógico-matemática: amplamente utilizada para determinar o quanto uma pessoa é inteligente, ela é a
base para os testes de QI. Porém, ao fazermos essa análise bem mais profunda, podemos perceber que
ela é somente mais um tipo de inteligência e não a mais importante. A principal virtude de pessoas com
essa habilidade é a habilidade e capacidade de criar e entender padrões e fazer sistematizações. Isso
garante a eles maior facilidade para resolverem problemas complexos que envolvam números e modelos
abstratos. Com essa qualidade estão os profissionais que trabalham nos ramos da ciência, engenharia,
economia e matemática.
 Espacial: esse tipo de habilidade é característica de pessoas que trabalham com criatividade e
qualquer tipo de arte visual. A inteligência espacial é referente à capacidade de elaborar espaços
complexos dentro da mente e os manipular em qualquer perspectiva sem nenhum problema. Sendo assim,
24

as pessoas com essa capacidade conseguem visualizar os seus projetos claramente antes mesmo de
fazer os primeiros rascunhos. Os profissionais que possuem inteligência espacial normalmente optam por
áreas como arquitetura, artes plásticas, design, entre outras.
 Corporal-cinestésica: pessoas que possuem essa habilidade são reconhecidas por serem
notoriamente superiores em suas capacidades motoras, conseguindo se destacar em atividades mais
atléticas. Também compartilham da inteligência corporal-cinestésica os indivíduos que utilizam o corpo
como ferramenta para expressar sentimentos. Devido a essas qualidades, os indivíduos que se
enquadram nesse grupo normalmente optam por se tornarem atletas, dançarinos, artistas circenses ou
cênicos.
 Interpessoal: quem possui esse know-how tem mais facilidade para interpretar as expressões mais
sutis. Esse é o famoso modo de ler nas entrelinhas o que a pessoa quer dizer, mas não consegue
expressar em palavras. Por isso, eles são conseguem se comunicar da forma mais adaptada possível até
mesmo nas situações mais complicadas e delicadas. Os profissionais que têm a inteligência interpessoal
mais desenvolvida costumam optar por áreas como psicologia, direito, pedagogia e posições de liderança.
 Intrapessoal: esse tipo de inteligência é referente às pessoas que desenvolveram um alto nível de
autoconhecimento, conseguindo compreender todas as suas emoções mais arraigadas em seu interior,
quais são seus valores e os ideais e o que os motiva a seguir com os objetivos traçados. Isso faz com que
os indivíduos com essa habilidade consigam focar nas atividades que possuem maior domínio, mas sem
deixar de trabalhar seus pontos de melhoria. Quem tem a inteligência intrapessoal têm facilidade em lidar
com a maioria dos tipos de trabalho, já que ela é um diferencial para ampliar outras capacidades.
 Naturalística: quem possui essa habilidade tem mais aflorados os seus sentidos em relação a vida na
natureza. Eles normalmente identificam com maior facilidade os animais, e as plantas e seus benefícios. A
inteligência naturalística funciona como uma ligação forte entre o indivíduo e o meio ambiente. Os
profissionais que possuem essa qualidade optam por desempenhar funções ligadas a área da biologia,
podendo até ir para os caminhos da floricultura, agricultura e mesmo alguns guias turísticos.
 Musical: esse é um dos tipos de inteligência que é mais facilmente reconhecido. Essa qualidade é
relacionada a sensibilidade que a pessoa tem para reconhecer notas musicais provenientes de qualquer
tipo de objeto. Além disso, eles conseguem reproduzir e criar melodias que encantam os ouvidos de todos.
Os músicos são os principais profissionais que possuem inteligência musical, podendo ser tanto artistas
quanto produtores, críticos e outras pessoas ligadas a essa área.
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA ESCOLA REGULAR


O que são as redes de apoio?
O aprendizado dos alunos com deficiência é de responsabilidade de todos que fazem parte do processo
educacional e não apenas do professor. Nesse sentido, existem as redes de apoio compostas por pessoas
que colaborarão no processo de ensino e aprendizagem do aluno. A seguir, listaremos todos que fazem parte
dela.

A família
Ela é a primeira e a principal responsável pela educação escolar da criança ou do jovem. Por isso é tão
importante que se crie uma relação de cooperação e confiança entre escola e família, e que exista uma ampla
comunicação entre elas.

Os profissionais da área de saúde


Eles podem ser médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos ou psicopedagogos. Esses
profissionais ajudarão os educadores a entenderem as necessidades do aluno e poderão dar
direcionamentos sobre como atendê-las.

Qual é o papel da escola?


A escola tem o dever de aceitar os alunos com deficiência e realizar as adaptações necessárias para que
eles tenham seu direito à educação garantido.
Outra preocupação que a escola deve ter é fornecer aos seus educadores capacitação e formação
continuada fundamentais para lidar com esses alunos, bem como as adaptações e os equipamentos que
forem necessários para seu aprendizado. Reuniões entre os professores e os coordenadores pedagógicos
favorecem a troca de experiências e o aprendizado.
Infelizmente, os cursos de graduação não preparam os futuros professores para lidarem com as diferenças
e particularidades de cada aluno.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que orienta as escolas. Ele deve ser seguido
por toda a educação básica, porém não se trata de algo fixo e imutável.
Realizar uma flexibilização nesse currículo de modo a favorecer a aprendizagem do aluno com deficiência
também é papel e responsabilidade da escola e de todos os seus educadores. Essa flexibilização inclui
fornecer material e mobiliário essenciais e adquirir equipamentos específicos, como computadores e
softwares, por exemplo.
A escola não está sozinha nessa tarefa. Esse deve ser um trabalho conjunto entre a escola regular, o
Atendimento Educacional Especializado (AEE) e o Estado.

Quais são os pilares da educação?


O relatório para a Unesco feito pela Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI
apresenta quatro pilares sobre os quais a educação deve se firmar:
 aprender a conhecer;
 aprender a fazer;
 aprender a conviver;
 e aprender a ser.
Firmar a educação inclusiva em todos esses pilares é garantir que a aprendizagem de crianças e jovens
com deficiência aconteça por meio das várias possibilidades de desenvolvimento que podemos encontrar na
escola.

O que é uma escola inclusiva?


É uma escola comum — ou regular — que acolhe todos os tipos de alunos, independente das diferenças.
Nela, são criadas situações que favoreçam e respeitem os diferentes ritmos e estilos de aprendizagem dos
alunos.
São realizadas ações como a presença de um segundo professor em sala, tenha ele formação específica
ou básica, ou de um estagiário, com o intuito de dar apoio à equipe pedagógica. O acompanhamento do
trabalho do professor é fundamental para dar a ele o suporte que ele necessita.
Na escola inclusiva, todas as propostas que orientarão as atividades escolares e as intenções dos
educadores relativas à inclusão estão registradas em seu Projeto Político Pedagógico (PPP). Nele, ficam
estabelecidas quais redes de apoio serão necessárias para o atendimento aos alunos com deficiência.
A escola deverá fornecer ao aluno os recursos diferenciados indispensáveis ao seu aprendizado, como
adaptações físicas do ambiente escolar, professores especialistas ou aceleração de conteúdo.
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Dependendo do caso, o aluno, além de frequentar a escola regular inclusiva, também deverá frequentar no
contraturno uma escola especial que funcionará como um centro de apoio e complementação de sua
formação, com a presença de profissionais especializados para isso.

Quais são os desafios a serem enfrentados?


A educação inclusiva ainda está em fase de implementação no Brasil, por isso são muitos os desafios a
serem enfrentados.
O maior deles ainda é a falta de preparo e capacitação dos professores para lidarem com os alunos com
deficiência. O número de professores especialistas em Libras ou Braille, por exemplo, ainda está muito
aquém do desejado.
Muitas escolas públicas também não têm os recursos financeiros necessários para fazer as adaptações ou
comprar os equipamentos necessários às necessidades de seus alunos com deficiência.
A educação inclusiva é mais do que necessária para permitir que absolutamente todos tenham pleno
acesso a uma formação escolar de qualidade. Os desafios são grandes, mas as iniciativas e a dedicação dos
professores têm feito com que ela aconteça.

ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS
As estratégias pedagógicas correspondem aos diversos procedimentos planejados e implementados por
educadores com a finalidade de atingir seus objetivos de ensino. Elas envolvem métodos, técnicas e
práticas explorados como meios para acessar, produzir e expressar o conhecimento.
No contexto da educação inclusiva, recomenda-se que o ponto de partida seja as singularidades do
sujeito, com foco em suas potencialidades. Se, por um lado, a proposta curricular deve ser uma só para todos
os estudantes, por outro, é imprescindível que as estratégias pedagógicas sejam diversificadas, com base
nos interesses, habilidades e necessidades de cada um. Só assim se torna viável a participação efetiva, em
igualdade de oportunidades, para o pleno desenvolvimento de todos os alunos, com e sem deficiência.

Como desenvolver estratégias pedagógicas inclusivas


O ponto de partida deve ser o próprio estudante. É preciso empenhar-se em conhecê-lo bem. Partir do seu
repertório e dos seus eixos de interesse torna o processo de ensino-aprendizagem muito mais espontâneo,
prazeroso e significativo. Uma dica é se perguntar com frequência: o que cada um deles sabe sobre o
conceito a ser trabalhado? Como seus interesses podem ser explorados como facilitadores do ensino de cada
conteúdo?
Vale ressaltar a importância de se observar as barreiras existentes e investir na diversificação de
estratégias pedagógicas. O profissional de atendimento educacional especializado (AEE) tem o papel de
colaborar com esse processo. Professores criativos ou que já tenham experiência com inclusão de
estudantes com deficiência também podem ser bons parceiros.

Atividades para alunos com um mesmo diagnóstico devem ser iguais?


Durante muito tempo, acreditou-se ser possível generalizar as características das pessoas e, assim,
padronizar estratégias pedagógicas a partir de um mesmo quadro diagnóstico. Atualmente, sabemos que
essa noção é, no mínimo, simplista. Ainda que apresentem pareceres diagnósticos absolutamente iguais,
duas pessoas podem reagir às mesmas estratégias de maneiras totalmente distintas.
Não há, portanto, “receitas prontas” ou manuais de atividades ideais, indicando exatamente como ou o que
trabalhar com um aluno com esse ou aquele diagnóstico. E isso não se aplica somente a pessoas com
alguma deficiência. Posto que a diferença é inerente à condição humana, o processo de aprendizagem de
cada estudante torna-se singular.
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Planejamento pedagógico
O planejamento pedagógico tem como finalidade definir os objetivos e as estratégias que orientam o
processo de ensino-aprendizagem.
No contexto da educação inclusiva, o planejamento deve ser contínuo e colaborativo. Ao mesmo tempo,
deve valorizar os interesses e atender às necessidades de cada estudante. Isso significa pensar aulas
desafiadoras para todos, diversificando as formas de apresentar e explorar os conteúdos curriculares.

Quem deve planejar as atividades para os alunos com deficiência?


O responsável pelo planejamento – para todos os estudantes – é o professor regente. No entanto, essa
não precisa, nem deve ser uma tarefa solitária. Ao contrário, a perspectiva inclusiva prevê que o processo de
elaboração do planejamento pedagógico inclusivo seja colaborativo, envolvendo a participação de outros
agentes da escola, docentes e não docentes, das famílias e até mesmo dos alunos, como protagonistas do
próprio processo de ensino e aprendizagem.
Assim, outros professores criativos ou que já tenham trabalhado com alunos com deficiência e,
particularmente, o profissional do atendimento educacional especializado (AEE) podem contribuir
significativamente sugerindo atividades e recursos – desde que isso se dê numa perspectiva de colaboração,
considerando que tais atividades precisam estar contextualizadas no planejamento.

Como o AEE pode contribuir um planejamento pedagógico inclusivo?


O atendimento educacional especializado pode contribuir para um planejamento pedagógico inclusivo
tanto na proposição de estratégias diversificadas, considerando os interesses e as necessidades de cada um
dos estudantes com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação,
quanto na identificação das barreiras a sua aprendizagem e na escolha ou construção de recursos ou
estratégias para a superá-las e para equiparar oportunidades.
Apesar de atender diretamente somente os alunos com deficiência, o profissional de AEE pode contribuir
para que o planejamento pedagógico seja de fato inclusivo, ou seja, garanta a aprendizagem e o pleno
desenvolvimento do potencial de todos os alunos, já que as estratégias pensadas para estudantes com
deficiência podem servir, também, para outras crianças.

O que significa dizer que o planejamento é contínuo?


Um planejamento fechado, “parado no tempo”, baseado em etapas estanques fundamentadas na
expectativa de homogeneização é característico de uma pedagogia tradicional, excludente. A partir
da perspectiva inclusiva, sabemos que o processo de aprendizagem e o desenvolvimento de cada estudante
é único, singular. Assim como também é dinâmico, não linear.
Não há como prever, por exemplo, o que um determinado aluno será capaz de fazer sozinho em um mês.
Por isso o processo de elaboração do planejamento pedagógico na perspectiva inclusiva é contínuo, isto é,
baseado no que cada estudante – e o grupo como um todo – demanda, aqui e agora. O planejamento deve
ser revisto continuadamente a partir da configuração dos novos desafios e potencialidades que se
apresentam para a garantia de uma educação de qualidade para todos, em igualdade de condições.

Como o currículo influencia na construção de um planejamento pedagógico inclusivo?


A perspectiva inclusiva indica o direito de todos os estudantes, com e sem deficiência, acessarem um
mesmo currículo. Um currículo flexível, que implica a busca pela coesão da base curricular comum com a
realidade dos estudantes, suas características sociais, culturais e individuais – incorporando também
os diferentes modos de aprender presentes em sala de aula.
Um planejamento pedagógico tradicional, baseado em conteúdos pré-determinados que desconsideram o
contexto e as diferenças que compõe o grupo, está fadado à exclusão, particularmente daqueles que
historicamente já vem sendo excluídos do direito à participação e à aprendizagem.

Material pedagógico
Material pedagógico é todo e qualquer recurso utilizado em sala de aula com uma finalidade específica de
ensino e aprendizagem.
A educação inclusiva prevê o uso de diferentes materiais pedagógicos para alcançar um mesmo objetivo
de ensino. Nesse caso, a referência para a escolha ou desenvolvimento de atividades deve ser o próprio
estudante, suas necessidades (baseadas em características físicas, sensoriais ou outras), seus interesses e
habilidades, visando sempre a equiparação de oportunidades.

Avaliação
A avaliação na perspectiva inclusiva é um processo contínuo e contextualizado, no qual a referência deve
ser a trajetória individual do estudante, sem que haja classificações ou comparações. Isso porque a educação
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inclusiva parte do pressuposto de que cada pessoa tem um modo singular de acessar, produzir e expressar o
conhecimento. Por essa razão, a avaliação demanda a adoção de estratégias e ferramentas diversificadas,
considerando as especificidades de cada aluno.
O Plano educacional individualizado (PEI), instrumento cada vez mais utilizado no contexto do atendimento
educacional especializado (AEE), pode se tornar um importante recurso de avaliação para todos os
estudantes, com e sem deficiência.

Qual a diferença entre a avaliação tradicional e a inclusiva?


A avaliação tradicional tem como referência um padrão considerado “normal” ou estatisticamente mais
frequente. É como se todos os estudantes devessem aprender da mesma forma, no mesmo ritmo e no
mesmo espaço de tempo. Os métodos de medição de conhecimento são padronizados, justamente porque se
espera o mesmo resultado de todos os alunos. Aqueles que não alcançam esse parâmetro são excluídos.
Na perspectiva inclusiva, a avaliação tem como referência o processo individual do estudante. Não há
comparação com o outro. O parâmetro do aluno é ele mesmo. Por isso, o objetivo não é classificar nem
selecionar.
Para desenvolver uma avaliação inclusiva, o ponto de partida deve ser o próprio estudante. Ou seja, é
preciso, antes de qualquer coisa, “olhar” para ele – porém não pontualmente, nem descontextualizadamente.
É preciso acompanhá-lo processualmente para conhecer sua trajetória individual e conhecê-lo profundamente
para descobrir de que modo é capaz de expressar melhor o conhecimento.
Não há um padrão de avaliação para o grupo como um todo que é adaptado a alguns poucos “diferentes”.
Partindo do pressuposto de que a diferença é uma característica humana, ou seja, de que todos são
diferentes, é preciso pensar em estratégias de avaliação diversificadas para todos os alunos, não somente os
com deficiência.
Os erros são bem-vindos, produções autorais são valorizadas e um mesmo problema suscita a
oportunidade de explorar múltiplas respostas. Provas, testes ou outras estratégias pontuais de avaliação têm
menor valor que os processos de aprendizagem, a partir dos quais é possível reconhecer a evolução em
relação ao que o educando já sabia ou era capaz de fazer anteriormente.
A atribuição de nota emerge justamente dos fenômenos observados no cotidiano da aprendizagem, em
contextos que tornam visíveis os novos conhecimentos e as novas execuções.

Plano educacional individualizado (PEI)


O plano educacional individualizado (PEI) é um instrumento de planejamento e acompanhamento do
processo de aprendizagem e desenvolvimento de estudantes com deficiência, transtornos do espectro autista
(TEA) e altas habilidades/superdotação, cuja referência é a trajetória individual de cada um. O modelo mais
comum, adotado por escolas e redes de ensino no Brasil e em outros países, baseia-se em seis áreas de
habilidades: acadêmicas, da vida diária, motoras/atividade física, sociais, recreação/lazer e
pré-profissionais/profissionais. Quando aplicado numa perspectiva inclusiva, pode-se tornar uma importante
ferramenta de apoio ao trabalho em sala de aula, principalmente na avaliação de estudantes público-alvo da
educação especial.

O PEI pode ser usado na sala de aula regular?


Sim. Usar o plano educacional individualizado na sala de aula regular não só recomendável como
necessário.
Primeiro porque, considerando seus objetivos, o trabalho do atendimento educacional individualizado
(AEE) perde o sentido se não for diretamente articulado com o realizado em sala de aula. Idealmente, o PEI
deveria ser construído de forma colaborativa, a partir do estabelecimento de uma parceria efetiva entre o
professor de sala e o de AEE. Além disso, considerando que a educação inclusiva diz respeito a todos os
estudantes e que o processo de cada estudante é singular, estratégias de planejamento e acompanhamento
individual do processo de aprendizagem e desenvolvimento como o PEI deveriam ser estendidas a todos, ao
invés de ficarem restritas somente ao público-alvo da educação especial.

O uso do plano educacional individualizado é obrigatório?


Em alguns países, como em Portugal e nos Estados Unidos, a aplicação do instrumento é obrigatória para
todos os estudantes com deficiência. No Brasil, essa obrigatoriedade não existe. Entretanto, algumas redes
de ensino regulamentam o uso da ferramenta localmente.
A legislação brasileira garante aos alunos com deficiência o pleno acesso ao currículo e a participação em
todas as atividades da escola em condições de igualdade. Ou seja, o modelo não precisa necessariamente
ser o mesmo, mas estratégias de planejamento e acompanhamento individual do processo de aprendizagem
e desenvolvimento dos alunos público-alvo da educação especial são, sim, necessários.
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PARA O 1º CICLO 2020

1. Educação inclusiva: conheça o histórico da legislação sobre inclusão.............. 01


2. O que é educação inclusiva? Um passo a passo para a inclusão escolar ......... 04
3. Doenças mentais........................................................................................................ 11
4. Deficiência intelectual................................................................................................ 11
5. O que são os transtornos globais do desenvolvimento (TGD)? .......................... 16
6. Deficiência física........................................................................................................ 22
7. Altas habilidades.......................................................................................................... 22
8. Múltiplas inteligências ................................................................................................. 23
9. Educação inclusiva na escola regular.......................................................................... 25
10. Estratégias pedagógicas ............................................................................................. 26

ATIVIDADES:
1 – Quais os principais marcos da história da educação inclusiva no Brasil e no mundo?
2 – O que é educação numa perspectiva inclusiva?
3 – O que são e como caracterizamos as doenças mentais?
4 – O que são e como caracterizamos a deficiência intelectual?
5 – Diferencie doenças mentais de deficiência intelectual.
6 – Como podemos definir os TGD?
7 – Qual a importância de se conhecer os TGDs numa educação que se pretende inclusiva?
8 – O que são deficiências físicas?
9 – Quais cuidados devemos ter para incluir o aluno com deficiência numa sala de aula?

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