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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

A religião e a arte dos povos africanos no período pré-colonial

Nome: Pedro Guerra Senzecua

Código: 708226324

Curso: Lic. Ensino de História

Disciplina: História das Sociedades II

Ano de frequência: 2º Ano

Docente: Albertina Franco

Quelimane, Maio de 2023


Classificação
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 Capa 0.5
 Índice 0.5
Estrutura Aspectos  Introdução 0.5
organizacionai  Discussão 0.5
s
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
Introdução  Descrição dos 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
 Articulação e
domínio do discurso
Conteúdo académico 2.0
(expressão escrita
Análise e cuidada, coerência /
discussão coesão textual)
 Revisão
bibliográfica
nacional e 2.0
internacionais
relevantes na área
de estudo
 Exploração dos 2.0
dados
Conclusão  Contributos teóricos 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
Aspectos Formatação tamanho de letra,
gerais paragrafo, 1.0
espaçamento entre
linhas
Normas APA  Rigor e coerência
Referências 6ª edição em das
Bibliográfica citações e citações/referências 4.0
s bibliografia bibliográficas
Índice

1. Introdução ........................................................................................................................ 3

1.2. Objectivos .................................................................................................................... 3

1.3. Metodologias ............................................................................................................... 3

2. A religião e a arte dos povos africanos no período pré-colonial. ........................................ 4

2.1. A génese da religião e da arte africana ............................................................................ 4

2.2. A evolução da religião e da arte africana ........................................................................ 6

2.3. Práticas e rituais da religião africana ............................................................................... 7

2.4. Características da arte africana ........................................................................................ 7

2.5. A relação existente entre a religião e arte no contexto africano ...................................... 8

3. Conclusão ...................................................................................................................... 10

4. Referência bibliográfica .................................................................................................... 11


1. Introdução

A “religião” a expressão deriva do latim re-ligar, religar com o divino, no âmbito das
concepções místicas, às percepções que vão além do mundo físico. A manifestação religiosa
está presente em todas as culturas e pode ser definida como o conjunto das atitudes e actos
pelos quais o homem se prende, se liga ao divino ou manifesta sua dependência em relação a
seres invisíveis tidos como sobrenaturais. Os mitos engendrados milenarmente reactualizavam
e ritualizavam convicções que mantinham a estrutura das sociedades.

1.2. Objectivos

1.2.1. Objectivo Geral


 Compreender a religião e a arte dos povos africanos no período pré-colonial.
1.2.2. Objectivos Específicos
 Descrever a génese da religião e da arte africana;
 Explicar a evolução da religião e da arte africana;
 Explicar as práticas e rituais da religião africana;
 Identificar as características da arte africana
 Estabelecer a relação existente entre a religião e arte no contexto africano.

1.3. Metodologias

De acordo com Marconi & Lakatos, (2003), qualquer pesquisa depende de uma
pesquisa bibliográfica, factores, magnitude e aspectos tomados no passado a partir do material
já elaborados de diversos autores sobre o assunto em análise. Este método permite
compreender as diversas opiniões de autores sobre o tema em pesquisa. Para a materialização
do trabalho utilizou se a técnica de pesquisa bibliografia.

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2. A religião e a arte dos povos africanos no período pré-colonial.

As civilizações africanas têm uma visão holística e simbólica da vida. Cada indivíduo é
parte de um todo, ligados, todos em função do cosmos em uma eterna busca pela harmonia e
de equilíbrio. Outro conceito fundamental na filosofia da existência africana é a importância
do grupo, para que a comunidade viva, cada fiel deve participar seguindo o papel que lhe
pertence em nível espiritual e terreno.

2.1. A génese da religião e da arte africana

i. A origem religião africanas

De um modo geral, grande maioria dos povos africanos eram adeptos as religiões de
matriz tradicional, entretanto, graças às invasões islâmicas e as actividades de cristãos, as
duas últimas religiões conseguiram um número considerável de seguidores. O Islã
predominava na região do Sudão e Norte da África. O cristianismo principalmente nas regiões
costeiras, periféricas ao Sul do Saara, com excepção a África do Sul e algumas áreas da
África Ocidental, onde havia penetrado um pouco no interior. (Silvério, 2013).

As religiões de matriz africana constituíam as próprias bases da sociedade africana que


incluíam as crenças em espíritos, forças sobrenaturais, deuses, cultos de magia, feitiçaria,
sacrifícios, rituais, tabus, reverências aos ancestrais, cerimónias e ritos de passagens como de
iniciação, fúnebres e de sepultamento. (Silvério, 2013).

As religiões consideradas originais, ou seja, as primeiras de origens africanas por se tratar


de uma grande concentração e celebração aos deuses e aos antepassados são diversas no
continente africano. As religiões de matriz tradicional preservaram seus tipos de cultos, pois
ainda que alguns se convertessem as novas religiões, continuavam seus rituais secretamente,
para não perderem seus costumes e suas origens. Ainda que variada e de múltiplas
orientações, uma religião tradicional mescla manifestações culturais, actividades colectivas de
culto e rituais visando atingir o mundo espiritual, (Inquecis, orixás ou voduns).

Para os povos de origem Bantu, praticantes do Candomblé, o criador supremo é nominado


de Zambi (Nzambi ou Nzambi Mpungu). Mas no Candomblé Ketu, que é ao maior e mais
popular “nação” do candomblé, equivale à Olorum, o criador de todas as coisas. O
interessante que Zambi não tem representação física porque é o ser incriado. Representá-lo

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seria um sacrilégio, uma vez que Ele não tem forma conhecida. A representação é feita para
os Inquices.

Os orixás são pequenas ramificações ou forças da natureza criada por Zambi na qual os
Iorubas chamavam de olorum-maré. O orixá Yemanjá é regente do mar, Oxum como regente
do rio, Xangô como regente do fogo, Ogum como regente do ferro, dentre vários outros. Cada
orixá tem domínio sobre uma força da natureza ou um elemento da nossa terra; Eles não são a
própria natureza e sim, atuam com poder sobre ela.

De acordo com Silvério (2013), por exemplo, na tradicional religião Iorubá o ser supremo
é Olódùmarè, que vive numa dimensão paralela à nossa, conhecida como Òrun. Por isso,
também é aclamado como Olórun, Senhor do Òrun, ou Olorum. É o Criador do Òrun e do
Àiyé, o universo conhecido ou ainda desconhecido por nós. É o Ser Superior e Criador dos
orixás e do Homem, que estabeleceu a existência e o Universo.

ii. A origem da arte africana

A história da arte africana originou-se no período pré-histórico, quando a humanidade


ainda não havia inventado a escrita.

Suas esculturas mais antigas encontradas, datam de 1.500 a.C., e foram produzidas pela
cultura Nok, na região onde hoje se localiza a Nigéria.

As origens da história da arte africana estão situadas muito antes da história registada. A
arte africana em rocha no Saara, em Níger, conserva entalhes de 6000 anos. As esculturas
mais antigas conhecidas são dos Nok cultura da Nigéria,500 d.C.. Junto com a África
Subsariana, as artes culturais das tribos ocidentais, artefactos do Egipto antigo, e artesanatos
indígenas do sul também contribuíram grandemente para a arte africana.

Métodos mais complexos de produção de arte foram desenvolvidos na África Subsaariana,


por volta do século X, alguns dos mais notáveis avanços incluem o trabalho de bronze do
Igbo Ukwu e a terracota e trabalhos em metal de Ife|Ile Ife fundição em bronze e , muitas
vezes ornamentados com marfim e pedras preciosas, tornou-se altamente prestigiado, em
grande parte da África Ocidental, às vezes sendo limitado ao trabalho dos artesãos e
identificado com a Família real|realeza, como aconteceu com os Bronzes do Benim.

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2.2. A evolução da religião e da arte africana

i. A evolução da religião

Candomblé É de conhecimento público que as religiões Tradicionais africanas se


expandiram por todo o mundo em razão do grande processo de escravização que aconteceu a
partir de 1500. As religiões que nasceram no berço africano ainda existem em suas formas
originais, preservando seus costumes e tradições em muitas partes da África. Mas ao
transportarem africanos como escravos para o Brasil, os negros distanciados cada um para
uma terra diferente e se espalhando por causa do mecanismo de distribuição dos escravizados,
separados de suas famílias e levados para lugares diferentes, predominou o Candomblé ou
mitologia Iorubá, sem a exclusão de outras menos conhecidas no país, (Silvério, 2013).

Segundo Prisco (2012) “após mais de um século de escravidão, o Candomblé passou a ser
um recurso para se resguardar a identidade de cada povo, pois possibilitava definir um
processo de integração das diferentes nações cujos representantes chegaram ao Brasil durante
o período da escravidão”.

Segundo Manuela, (2008), O Candomblé hoje é reconhecido como religião, mas não foi
sempre assim. Na verdade, teve seus dias de luta para que pudesse ser reconhecida e ter
direitos de cultos livres. Isso mesmo, depois do fim oficial da escravização no Brasil.

ii. A evolução da arte africana

O consenso social, portanto, é algo diferente em cada período histórico nos quais a arte se
liga. Há uma realidade social e cultural da qual a arte é parte concisa e possui uma função
social a partir do momento de sua concepção, com o resultado de uma dada organização
cultural.

No caso da arte africana, em suas múltiplas linguagens, manifestações e padrões culturais,


isto não é diferente, trata -se de produções conectadas a culturas organizadas que demanda
conhecimento a cerca da realidade cultural de sua criação e reconhecimento da ideia de arte
como manifestação da vida quotidiana. É preciso que se considere a arte na realidade cultural
da África como propõe Herskovits (1964:179), como uma manifestação que prima pelo todo
embelezamento da vida quotidiana, comum e que conseguido com habilidade de saberes e
experiências especificas.

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A arte africana chegou ao Brasil através dos escravos, que foram trazidos para cá pelos
portugueses durante os períodos colonial e imperial. Em muitos casos, os elementos artísticos
africanos fundiram-se com os indígenas e portugueses, para gerar novos componentes
artísticos de uma magnífica arte afro-brasileira.

2.3. Práticas e rituais da religião africana

Na religião africana os rituais e as cerimónias se assemelham aos do Catolicismo. De


acordo com Bezerra (2018), “Os rituais de Candomblé são, via de regra, realizados por meio
de cânticos, danças, batidas de tambores, oferendas de vegetais, minerais, objectos e, às vezes,
sacrifício de alguns animais”.

Cada participante deve usar seus trajes da mesma cor e guias dos seus orixás. Assim como
no Catolicismo, as celebrações são dirigidas por um líder experiente, o "babalorixá" ou
"iyalorixá", em culto a um deus único cujo nome pode variar de acordo com a região de
origem da África, para os Ketu é Olorum, entre os Bantus é Nzambi e para os Jeje é Mawu.

Na religião africana, existe o ritual de iniciação significando um renascimento, onde tudo


será novo e o orixá dará um novo nome pelo qual passará a ser chamado na comunidade. Este
ritual consiste em permanecer 21 dias de confinamento e ali são realizados o banho, o bori,
oferendas, ebós, as rezas, as danças, as cantigas. Para cada momento da iniciação, a ritos
específicos, com oferendas, festas ritualistas e homenagens (Manuela, 2008).

2.4. Características da arte africana

A arte africana é um conjunto de manifestações artísticas produzidas pelos povos da


África subsaariana ao longo da história.

O continente africano acolhe uma grande variedade de culturas, caracterizadas cada uma
delas por um idioma próprio, tradições e formas artísticas características. O deserto do Saara
actuou e continua actuando como uma barreira natural entre o norte da África e o resto do
continente. Os registos históricos e artísticos demonstram indícios que confirmam uma série
de influências entre as duas zonas. Estas trocas culturais foram facilitadas pelas rotas de
comércio que atravessam a África desde a antiguidade Gillon (1989).

Podemos identificar actualmente, na região sul do Saara, características da arte islâmica,


assim como formas arquitectónicas de influência norte-africano. Pesquisas arqueológicas

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demonstram uma forte influência cultural e artística do Egipto Antigo nas civilizações
africanas do sul do Saara.

A arte africana é um reflexo fiel das ricas histórias, mitos, crenças e filosofia dos
habitantes deste enorme continente. A riqueza desta arte tem fornecido matéria-prima e
inspiração para vários movimentos artísticos contemporâneos da América e da Europa.
Artistas do século XX admiraram a importância da abstracção e do naturalismo na arte
africana Gillon (1989).

Outra forma de arte é a escultura de madeira, neste estilo se destacam as cabeças de


tamanhos maiores que a proporção dos corpos, simbolizando o princípio director dos mitos,
onde a cabeça é um símbolo de força sagrada da criação. Sua arte reflecte esta variante
humanista de suas formas, porque está embasado na ideia de família solidária. Em conclusão,
é a partir do artista e de sua obra o que permite ao grupo social recuperar valores da antiga
cultura e religião.

Tanto máscaras como estátuas da África são símbolos religiosos com uma função definida
e clara na vida de cada povoado, de tal forma que são parte do conjunto do costume, o qual
ordenam e regulam e estão sempre associados à ritos religiosos. A mascara representa o tipo
de cara da sociedade a qual pertence, desta maneira, o aspecto da mesma tem um significado
estritamente iconográfico, simbolizando nas suas figuras relíquias do Poder Sagrado de Deus
e da Natureza Silvério (2013).

A máscara protege, capta a força vital, se completa com a vestimenta, ainda que seja
considerada em alguns casos, a cabeça, como lugar onde reside a força vital. Sua função é
reafirmar em intervalos regulares a verdade e a presença dos mitos na vida quotidiana.
Assegurar a vida colectiva em todas as suas actividades . Tenta tirar o homem de sua
degradação no tempo histórico mediante representações. Que o homem adquira consciência
de seu lugar no universo.

2.5. A relação existente entre a religião e arte no contexto africano

O As únicas religiões que tem relação com a arte africana, são o Candomblé, e o Culto aos
Egungun efectivamente de origem africana.

Literatura Africana-Dança Na dança africana, cada parte do corpo movimenta-se com um


ritmo diferente. Os pés seguem a base musical, acompanhados pelos braços que equilibram o
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balanço dos pés. O corpo pode ser comparado a uma orquestra que, tocando vários
instrumentos, harmoniza-os numa única sinfonia. Outra característica fundamental é o
policentrismo que indica a existência no corpo e na música de vários centros energéticos,
assim como acontece no cosmo Laplantine (1993).

A dança africana é um texto formado por várias camadas de sentidos. Esta


dimensionalidade é entendida como a possibilidade de exprimir através e para todos os
sentidos. No momento que a sacerdotisa dança para Oxum, ela está criando a água doce não
só através do movimento, mas através de todo o aparelho sensorial. A memória é o aspeto
ontológico da estética africana. É a memória da tradição, da ancestralidade e do antigo
equilíbrio da natureza, da época na qual não existiam diferenças, nem separação entre o
mundo dos seres humanos e os dos deuses Lopes (1988).

A repetição do padrão-musical manifesta a energia que os fiéis estão invocando. A


repetição dos movimentos produz o efeito de transe que leva ao encontro com a divindade,
muito usado em rituais. O mesmo ato ou gesto é praticado num número infinito de vezes, para
dar à acção um carácter de temporalidade, de continuação e de criação continua.

Nas danças africanas o contacto contínuo dos pés nus com a terra é fundamental para
absorver as energias que deste lugar se propagam e para enfatizar a vida que tem que ser
vivida agora e neste lugar, ao contrário das danças ocidentais preformadas sobre as pontas a
testemunhar a vontade de deixar este mundo para alcançar um outro. Existem várias danças.
Entre elas destacam-se: lundu, batuque, Ijexá, capoeira, Coco (dança) congadas e jongo Mello
(1986).

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3. Conclusão

A presença religiosa se dá de diferentes formas e não sempre pelo medo ou pela força, paz
ou alegria, mas em diversas relações, que se dão de maneira ideológica, formando-se no
sentido mais tradicional de „deformação inconsciente‟, actuando nas infra-estruturas
económicas.

As concepções religiosas interagem com os meios sociais onde foram testadas, contudo,
são vivas, não estáticas, podendo ser inúmeras em uma mesma sociedade, portanto, uma
religião também expressa uma estrutura em seu dinamismo e as tendências de um contexto
particular. São a comunhão e a expressão própria do vínculo entre o profano e o sagrado, está
presente no social, o que não quer dizer que seja o social o “criador” da religião.

Para compreender a religiosidade africana há que se considerar a escravidão, o trabalho


artesanal dos libertos, quadros sociais como estrutura familiar, organização política,
corporativa, religiosa e os aspectos geográficos, demográficos, políticos, económicos e sociais
em seus diferentes níveis. Todas essas inter-relações revelam a complexidade dos temas que
envolvem origens religiosas, sobretudo, os africanos, neste país.

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4. Referência bibliográfica

Bezerra. Juliana, FABIO. et al. (organizadores) (2013). Cultura e religiões na


contemporaneidade; v.2. – Londrina : UEL.

Gillon, Werner, (1989). Breve história del arte africano. Ed.Cast: Alianza Editorial, S. A.

Lakatos, E. M & Marconi, M. A., (2003). Fundamentos de metodologia científica. (6ª


ed.).

Laplantine, François, (1993). Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense S.A.

Lopes, Nei, (1988). Bantos, malês e identidade negra. RJ: Forense Universitária.

Mello, Luiz Gonzaga de, (1986). Antropologia Cultural: iniciação, teoria e temas.
Petrópolis, Vozes.

Prisco. Yá, Carmen S. Comendadora (2012). As religiões de matriz africana e a escola.


Guardiãs da Herança cultural, memória e tradição africana. Praia Grande, SP.

Silvério, Valter Roberto. (2013). Síntese da coleção História Geral da África: século XVI
ao século XX. UNESCO, MEC, UFSCar,

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