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Turma: K
Código: 708220972
Curso: História
2. Metodologia .............................................................................................................. 4
3.1. Mudanças ocorridas no seio dos africanos com a invasão europeia .................. 5
4. Conclusão ................................................................................................................ 14
1. Introdução
A partir do último quarto do século XIX o continente africano foi palco de intensas disputas
no campo geopolítico protagonizadas por potências capitalistas europeias. Além das nações
com envergadura política e económica suficientes para se colocar na dianteira do processo de
exploração do continente africano, crescia entre os países com a economia em
desenvolvimento, o sentimento de que a posse de colónias seria o caminho para o progresso.
O bom‑ senso faz‑ se necessário, portanto, para que se possa introduzir um pouco de ordem na
confusão de teorias a que essa mutação capital da história africana deu origem. Essas teorias
podem ser classificadas em: teoria económica, teorias psicológicas, teorias diplomáticas e
teoria da dimensão africana. Como se deu a investida europeia sobre o território africano na
primeira metade da década de 1880, nesse momento já havendo um interesse das nações
europeias quanto ao domínio e exploração económica daquela região. Com a conferência de
Berlim, poderemos analisar como funcionou o processo de partilha da África.
1.1.Objectivos
1.1.1. Geral
Saber acerca da dominação colonial e a partilha de África.
1.1.2. Específicos
Compreender a mudanças ocorridas no seio dos africanos com a invasão europeia;
Conhecer as diferentes teorias sobre a partilha de África;
Descrever as convergências e divergências entre a teoria económica e teoria da
dimensão Africana quanto a partilha de África.
2. Metodologia
Para a elaboração deste trabalho, usou-se o método de consulta bibliográfica, consistiu na
leitura de algumas obra que abordam sobre o tema em estudo. Portanto, as obras citadas no
desenvolvimento deste trabalho, constam nas referências bibliográficas.
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Em 1482 houve um primeiro contacto europeu com essa região quando navegantes
portugueses chegam à foz do rio Congo, o seu objectivo era o comércio. Em pouco tempo os
portugueses já haviam instalado missionários, em menos de dez anos a catequese era uma
prática muito presente naquela região, tanto que “em 1491 o futuro rei do Kongo, que
adoptaria o nome de Afonso I em seu reinado (1506 – 1546), eleva o cristianismo a religião
oficial do Estado”. Porém foi no primeiro quarto do século XVI que surgiram os primeiros
registos de tráfico de escravos na região. O tráfico de escravos na costa ocidental chegou ao
seu auge no século XVIII, a região da bacia hidrográfica do Congo forneceu grande parte dos
escravos para a Europa nesse período.
Ainda no século XIX, mesmo com a deterioração moral da estrutura escravista no mundo
ocidental, esta região era responsável por um grande veio de escravos, permanecendo assim
até o início do último quarto deste mesmo século. É muito importante colocar que os lucros
provenientes desse processo para os estados europeus foram altíssimos e financiaram a
industrialização de diversos deles, posteriormente se apoderando de um capital moral voltado
à abdicação dessa estrutura que lhes foi tão útil no passado. Esse processo de acumulação de
capitais é apontado nos estudos de Eric Willians, demonstrando na obra “Capitalismo e
Escravidão”, a íntima ligação entre o desenvolvimento industrial europeu com o tráfico de
escravos africanos (M’bokolo, 2009).
O processo de concentração do capital se faz em meio à crise, entre falências e acordos para
sustentar os preços, inimagináveis n ideário liberal. Indústrias e bancos sofrem processo
semelhante, e a aproximação de ambos gera o “capitalismo financeiro” – o capital bancário
financia os grandes empreendimentos industriais, os quais se protegem formando associações
monopolistas – cartéis, trastes, holdings.
Os alemães, por sua vez, na África, adoptaram o sistema inglês, por iniciativa dos capitalistas
Luderitz e Carl Peters. As maiores rivalidades entre a Deutsch Ostafrika e a British East
African ocorrem na África Oriental, antes que acordos definam áreas de influência (Fage,
2010).
Os franceses continuaram com suas iniciativas individuais na África. A partir dos eixos
estabelecidos no período anterior, a França expande-se: ao norte da Argélia para o oeste,
chega ao Marrocos; ao leste até a Tunísia, que será anexada em 1881. Às rivalidades iniciais
inglesas somam-se, agora, as alemãs e italianas, interessadas, respectivamente, no Marrocos e
na Tunísia.
A França, a partir dos anos 1880, põe fim, pela força das armas, a encarniçadas resistências,
como a de Samori Touré, Ahmadu, Lat- Dior ou Rabah de Sennar. Quase todos combateram,
na defesa dos seus territórios, até a morte.
A África Meridional representa não só o exemplo de uma grande resistência negra – a Zulu –,
mas também um dos poucos casos em que brancos chegaram a guerrear entre si: ingleses e
böers.
A rivalidade entre ingleses e böers aumentou com a descoberta de ouro e diamantes na região.
Os ingleses fizeram grandes inversões de capital, o que resultou em uma demanda maciça de
mão-de-obra negra e no surgimento de uma rica oligarquia local, da qual será originário Cecil
Rhodes. Este fundou e administrou a Gold Fields of South África, para explorar o ouro, e a
De Beers Consolidated Mines, para exploração de diamantes. Detentor dos direitos da
Companhia Britânica da África do Sul, obteve os poderes que lhe permitiram a anexação de
vários territórios.
A guerra anglo-böer resultou em perda momentânea para estes últimos, mas, em 1909, foi
criada a União Sul-Africana, que irá reconhecer duas línguas oficiais: a inglesa e a africander
(böer). A preponderância política böer se firmará no período entre guerras, moldando uma
sociedade que terá como característica a extrema segregação dos grupos nativos no Apartheid.
Há discussões sobre o fato de até 1879 haver poucas colónias europeias na África. A Argélia
Francesa, o Egipto e o território Túnis eram talvez as únicas dominações europeias no Norte
da África, pois, eram as mais importantes regiões Africanas. No Ocidente/Sul as relações
comerciais com os povos litorâneos não resultaram em grandes dominações. Eram poucas as
Colónias europeias. Em quatro séculos as maiores administrações coloniais eram as do
Senegal Francês e da Costa do Ouro pelos britânicos. As demais eram administrações
coloniais bem tímidas (Hobson, 2010).
De acordo com Fage (2010), a conquista da África foi motivada principalmente pelo
aparecimento da Bélgica e Alemanha no Cenário Africano. Duas potências que até então não
havia manifestado nenhum interesse por esse continente. A Alemanha não possuía nenhuma
colónia ou relações comerciais em terras africanas até 1883 mas, até o início de 1885
promoveu anexações de terras na África de grandes proporções que desencadearam a corrida
imperialista numa escala acelerada.
Os europeus tinham ambições políticas que iam à contramão dos interesses dos líderes
africanos e novas necessidades económicas. Os Africanos não sabiam que o tempo do livre
cambismo e do controle político oficioso cedera lugar às novas intenções, a conquista e
dominação de suas riquezas- O Imperialismo Capitalista. De acordo com Henri Brunschwig
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(2004) os interesses dos europeus com relação a África mudaram a partir do momento em que
se conscientizaram das riquezas e benefícios que o continente poderia lhes proporcionar.
O Brunschwing comunga com Boahen do mesmo pensamento de que os anos que se seguiram
após 1880 foram os mais difíceis para a África pois, até esse período a maior parte do
continente – a África negra – não interessava aos diplomatas. ´´Não se falava da África negra
no concerto das grandes potências`` (Brunschwing, 2004). O Brunschwig também acredita
que até a corrida imperialista rumo a África que se intensificou após a Conferência de Berlim
iniciada em 1884, eram poucas as dominações na África negra. Para ele, a presença europeia
se restringia a algumas regiões ou seja, os portugueses se concentravam em Angola e
Moçambique, os ingleses na Gâmbia e os franceses no Senegal.
O darwinismo social
A obra de Darwin, A origem das espécies por meio da selecção natural, ou a conservação das
raças favorecidas na luta pela vida publicada em inglês em Novembro de 1859, parecia
fornecer caução científica aos partidários da supremacia da raça branca, tema que, depois do
século XVII, jamais deixou de estar presente, sob diversas formas, na tradição literária
europeia. Os pós‑darwinianos ficaram, portanto, encantados: iam justificar a conquista do que
eles chamavam de “raças sujeitas” , ou “raças não evoluídas”, pela “raça superior” ,
invocando o processo inelutável da “selecção natural”, em que o forte domina o fraco na luta
pela existência. Pregando que “a forca prima sobre o direito”, eles achavam que a partilha da
África punha em relevo esse processo natural e inevitável. O que nos interessa neste caso de
flagrante chauvinismo racista – já qualificado, e com muita razão, de “albinismo” – e que ele
afirma a responsabilidade das nações imperialistas (Reader, 1997).
Resta concluir que o darwinismo social, aplicado a conquista da África, e mais uma
racionalização tardia que o móvel profundo do fenómeno.
3.2.3. Teoria do Prestígio Nacional
Para Reader, (1997). Esta teoria sustenta que o imperialismo era um fenómeno nacionalista
movido por um forte desejo de afirmação de prestígio nacional. Para os defensores desta
teoria, após consolidar e redistribuir as cartas diplomáticas no seu continente, os europeus
eram incitados por uma força obscura, atávica, que se exprimia por um desejo de manter ou
de restaurar o prestígio nacional.
Segundo Recama (2006), A Teoria de Equilíbrio de Forças defende que o desejo de paz e de
estabilidade dos Estados europeus foi a causa principal da partilha da África. Segundo esta
teoria desde que em 1878 os estadistas europeus pararam com os conflitos em solo europeu,
os motivos de conflito passaram para África e Ásia.
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Para Recama (2006), Essa teoria conheceu vicissitudes de toda sorte. Quando o comunismo
ainda não constituía ameaça ao sistema capitalista ocidental, ninguém punha realmente em
dúvida a base económica da expansão imperialista. Não e, pois, casual o sucesso da critica de
Schumpeter a noção de imperialismo capitalista1 entre especialistas não marxistas. Os
repetidos ataques a essa teoria apresentam hoje resultados cada vez menos concludentes. Em
consequência, a teoria do imperialismo económico, sob forma modificada, volta a encontrar
aceitação.
Eminentemente retrata a perspectiva economicista. De facto, tal teoria não se pode anula-la.
Visto que o principal interesse europeu sobre o continente africano, a nosso ver, fora suas
riquezas materiais, recursos minerais etc. Esta teoria está relacionada com a expansão do
imperialismo económico. Sua formulação clássica remonta ao autor John Aktison Hobson
(1902)
Para ele, a raiz económica do imperialismo seria, grosso modo, a estratégia de expansão
política com vistas a se apossar de novos territórios. Outros autores, contemporâneos, como
Rosa Luxemburgo e Lênin (1916) reformularam a questão do Imperialismo. Em
contrapartida, reduzir a complexidade do fenómeno, não explica como a partilha foi possível
Que se deve entender por imperialismo económico? As origens teóricas da noção remontam a
1900, quando os social-democratas alemães colocaram na ordem do dia do congresso anual
do seu partido, realizado naquele ano em Mainz, a Weltpolitik, ou seja, a política de expansão
imperialista em escala mundial. Foi lá que, pela primeira vez, Rosa Luxemburgo apresentou o
imperialismo como o ultimo estágio do capitalismo. Foi lá também que George Ledebour fez
observar que a essência da Weltpolitik era o impulso profundo que conduz todos os
capitalismos a uma política de pilhagem, a qual leva o capitalismo europeu e o americano a
instalarem‑ se no mundo inteiro.
Para ele, estava ai “a raiz económica do imperialismo”. Embora admitindo que forcas de
carácter não económico desempenharam certo papel na expansão imperialista, Hobson estava
convicto de que,
Idem Não surpreende que esta propaganda entusiástica tenha sido aceita por numerosos
especialistas marxistas. Nacionalistas e revolucionários do Terceiro Mundo também
adoptaram, sem sombra de hesitação, as doutrinas de Hobson e de Lenin.
Não obstante nem Hobson nem Lenin terem-se preocupado directamente com a África, está
claro que suas análises têm implicações fundamentais no estudo da partilha do continente.
Ainda assim, um enorme exército de especialistas não marxistas demoliu mais ou menos a
teoria marxista do imperialismo económico aplicada a África.
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Segundo Carpintier e Lebrun (2002), As teorias sobre a partilha expostas até agora tratam da
África no quadro ampliado da história europeia. E claro que isso e um grave erro. Mesmo a
abordagem “protonacionalista” do atavismo feita por Robinson ou Gallagher não foi
totalmente desenvolvida, exactamente por terem eles seu interesse voltado para a Europa e a
Asia.
O autor do presente capítulo concorda com a maior parte dos historiadores desta escola. Como
eles, explica a partilha levando em consideração tanto os factores europeus como os africanos
e, assim procedendo, acredita que se completam dessa forma as teorias eurocêntricas
examinadas anteriormente com a da dimensão africana. Rejeita a ideia de que a partilha e a
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conquista eram inevitáveis para a África, como dado inscrito na sua história. Pelo contrário,
considera‑as
Impõe-se contudo, analisar a partilha da África também na perspectiva da História africana Nesse
contexto, surgiu a teoria da dimensão africana segundo a qual a partilha de África foi resultado do
longo período de roedora do continente iniciada no século XV. Portanto a partilha mais não seria,
senão o culminar do longo processo de delapidação do continente iniciada com a chegada dos
primeiros europeus a África.
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4. Conclusão
Chegando ao fim do trabalho conclui-se que a importância dessa fase histórica, no entanto,
vai muito além da guerra e das transformações que a caracterizaram. No passado, impérios
ergueram‑se e desmoronaram, conquistas e usurpações também são tão antigas como a
própria história, e, desde há muito, diversos modelos de administração e de integração
coloniais tem sido experimentados. A África foi o ultimo continente subjugado pela Europa.
O que há de notável nesse período e, do ponto de vista europeu, a rapidez e a facilidade
relativa com que, mediante um esforço coordenado, as nações ocidentais ocuparam e
submeteram um continente assim tão vasto. E um fato sem precedentes na história. Salientar
que todas as teorias expostas no trabalho referem-se a África no contexto da história europeia. Impõe-
se contudo, analisar a partilha da África também na perspectiva da História africana Nesse contexto,
surgiu a teoria da dimensão africana segundo a qual a partilha de África foi resultado do longo período
de roedora do continente iniciada no século XV.
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5. Referencia Bibliográfica