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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE ENSINO À DISTÂNCIA

Resistência colonial na África Austral

Nome: Délia Teresa Luciano


Código: 708202631

Curso: Licenciatura em Ensino de História


Disciplina: História das Sociedades III
Ano de frequência: 3º ano, Turma C
Docente: Arnaldo Mateus Naite

Nampula, Julho de 2022

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bibliográfica
nacional e
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relevantes na área de
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gerais Formatação parágrafos,
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Referências 6ª edição em das
bibliográfic citação e citações/Referencias
a bibliografia bibliográficas

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Folha de Observações

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Indice

Introdução..........................................................................................................................5

1. Breve compreensão da Resistência ao colonialismo.....................................................6

1.1. Formas de resistência.................................................................................................7

2. A resistência em Moçambique......................................................................................8

2.1. Revolta de Bárué........................................................................................................9

2.1.1. Causas e preparação para a revolta de Bárué..........................................................9

3. Resistência na África do Sul........................................................................................10

3.1. A resistência Zulu.....................................................................................................10

3.2. A guerra dos Bóeres na África do Sul......................................................................10

4. Resistência na Namíbia...............................................................................................12

Conclusão........................................................................................................................14

Referência Bibliográfica..................................................................................................15

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Introdução

A resistância africana diante da dominação europeia foi um trampolim muitíssimo


importante na defesa da soberania do território africano e dos seus valores. Assim como
em diversos pontos de Africa, a parte austral nao ficou indiferente diante desta ameaça,
o que fez com que vários lideres se recusassem a dominação estrangeira.

Esta atitude criou uma relação de continua hostilidade entre os dois povos (africanos e
europeus). Em consequência disso, os europeus investem pesado e os africanos perdem
o domínio das suas terras para os europeus. A chefatura fica sequestrada pelo império
colonizador; os britânicos e portugueses implantam um sistema administrativo
fortemente centralizado na mão de colonos brancos ou representantes da coroa europeia.

Portanto, neste presente trabalho cujo tema é “A resistência colonial na Africa Austral”,
pretendemos fazer a pesquisa em torno da seguinte questão: “Como foi o processo de
dominação nesta parcela de África?”, com objectivo de “analisar a resistência colonial
na África Austral”. Para alcançar o objectivo traçado, usaremos o método de revisão
bibliográfica que consiste em leitura e interpretação de obras de vários autores que
falam a respeito da temática em análise neste trabalho, que citaremos ao longo do
decurso e apresentaremos na bibliografia no fim do trabalho.

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1. Breve compreensão da Resistência ao colonialismo

A resistência africana surge após a instalação do sistema colonial com as suas


humilhações, os seus crimes e especialmente a proibição ao tráfico de escravos que era
a principal fonte de rendimento dos chefes locais. Assim, desperta uma resistência em
geral mais popular que tomou as formas mais variadas desde a fuga á sublevação
armada.

Com o intuito de cristianizar os africanos, os europeus entraram em choque com o


aparato ideológico local, visto que estes já dispunham das suas crenças, hábitos e
costumes e já tinham sofrido uma forte influência do islamismo. O período colonial é
considerado por africanos como sendo o “tempo de força”, pois foi na verdade pela
força, pela coerção e violência física que se estabeleceu este regime.

As campanhas militares iniciadas no seculo XIX, que culminaram com a ocupação


efetiva, os estados africanos também não ficaram indiferentes muito embora a sua
atitude tenha sido variada. Os europeus, em certos momentos, trataram-nos com
hostilidade e noutros momentos com hospitilidade.

De acordo com Macedo (2013), a hostilidade esteve relacionada com o aparecimento


do tráfico de escravos que, após a sua generalização, fez com que qualquer branco fosse
conotado com o tráfico de escravos. A hospitalidade caracterizou-se pela surpresa
receosa ou divertida devido a presença dos homens brancos, como foi o caso do Bornu
em que os brancos eram vistos com receio de que fossem leprosos.

De facto, em alguns reinos, como é o caso dos reinos Haúças, ao contrário, imaginava-
se que os brancos tinham poderes sobrenaturais e as pessoas doentes e as mulheres
estéreis as vezes iam ao seu encontro pedir-lhes amuletos. “No Zambeze, os brancos
eram tidos como selvagens e eram olhados com espanto. Os reis, por preconceito nem
se quer os queriam ver” (Newitt, 1997, p. 35).

Contudo, os primeiros expedicionários como Livingstone, Caile, Binger, Mungo, Park,


entre outros, são unânimes quanto a hospitalidade dos africanos e consideram que foi
essa atitude que facilitou o sucesso de várias viagens de reconhecimento ao continente
africano no século XIX.

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Entende Macedo (2013), que este comportamento de hospitalidade fez com que alguns
historiadores falseassem o espírito de unidade africana e a luta pela preservação da sua
soberania. Afirmavam que os africanas demonstravam ausência total do sentimento
nacional entre eles e que apenas alguns régulos os oprimiram, mas na sua maioria
tinham sido de facto receptivos.

No entanto os africanos enquanto guardiões da sua soberania e independência, e nunca


se resignaram perante a ocupação dos seus territórios. Eles resistiram heroicamente
apesar de alguns fatores que ditaram a vitória colonial. Mas a partir de 1960, essa
situação seria invertida com as independências.

1.1. Formas de resistência

De acordo com Crowder (2010, p. 65), existiram várias formas de resistência contra a
presença colonial em África. Dentre elas destaca-se as seguintes:

 A primeira forma de resistência consistia em pegar em armas. Esta forma de luta


foi abandonada no final da primeira guerra mundial, pois era um recurso sem
esperança e condenado ao fracasso, pois as armas haviam sido consfiscadas em
sua maior parte e a pólvora não era encontrada;
 A segunda forma era a retirada, pois quando a situação se tornava intolerável,
aldeias inteiras abandonavam os campos e partiam para zonas situadas fora do
alcance das autoridades coloniais;
 A terceira solução forma de resistência residia nos cultos religiosos ou
messiânicos fundados pelos africanos em reacção a religião europeia. Essa
revolta metafísica dos africanos aparentemente tinha poucas raízes locais.

Enquanto maior parte dessas formas de oposição tinham a base rural, os intelectuais e
jornalistas assimilados, denunciavam os abusos do colonialismo e reafirmavam a sua
identidade africana. De facto, desde meados do século XIX, existia uma tradição de
oposição literária muito rica.

Era quase sempre difundida pelos imperialistas europeus que África era uma espécie de
vazio político onde tinha livre curso a anarquia e selvajaria sangrenta e gratuita a
escravidão, a ignorância, miséria e ainda ausência total do nacionalismo entre os

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africanos. A atitude dos africanos aquando da chegada dos europeus no século XIX foi
muito variada.

2. A resistência em Moçambique

Moçambique, tal como diversos países não ficaram de braços cruzados diante da
dominação estrangeira. A história da nossa pátria é repleta de exemplos de guerreiros
que resistiram heroicamente contra a conquista e dominação coloniais: Nwamantibjana,
Mahazule, Ngungunhane, Maguiguane, Kanyemba, Matakenya, etc.

Em finais do século XIX, os povos de Zixaxa e Magaia, dirigidos por Nwamantibjana e


Mahazule, respectivamente, ocupavam terras que se estendiam desde a baía de Maputo,
onde os portugueses tinham uma guarnição militar, até as margens do rio Incomati. Para
dominar aqueles territórios, “os portugueses iniciaram uma campanha militar. Os dois
chefes uniram-se e enfrentaram o exército português na batalha de Marracuene, a 2 de
Fevereiro de 1895” (Hedges, 1999, p. 72). Esta famosa batalha ficou conhecida pelo
nome de Guaza Muthini, o que em língua local significa atrair o inimigo para o matar
em casa.

No cento de Moçambique a resistência foi liderada pelos prazeiros ou pelos seus antigos
guerreiros, os A-chicundas. Estes estados tinham o nome de prazos e devido a sua forte
militarização foram também chamados estados militares do Vale do Zambeze.

Inicialmente, “os prazeiros aliaram-se aos portugueses, servindo os seus interesses mas,
mais tarde, recusaram-se a pagar impostos a Coroa portuguesa e lutaram contra a
penetração colonial portuguesa” (Conceição, 2006, p. 63).

Podemos destacar também a dinastia dos Matacas, do povo Yão, reinou nos territórios
que hoje pertencem a província de Niassa. Os membros desta dinastia enriqueceram
com a venda de escravos aos comerciantes europeus. Nos finais do século XIX, os
portugueses entregam o território da dinastia dos Matacas a companhia do Niassa, para
desenvolver as suas actividades agrícolas com recurso a mão-de- obra local.

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2.1. Revolta de Bárué

A revolta de Báruè é a mais emblemática revolta a dominação colonial desencadeada no


nosso país, não só pelo nivel de preparaçao e execuçao que teve, mas também pelos
impactos que ela causou.

Com a decadência do estados Mwenemutapas, Báruè fortaleceu-se com o comércio de


ouro e marfim, o que permitiu adquirir armas e munições, conseguindo assim manter a
sua autonomia. Com derrota dos estados militares do Vale de Zambeze pelos
Portugueses, emergiu Báruè como único grande reino desta região fora do controlo
Português, constituído no fim do século XIX, o maior centro da actividade anti-colonial.

De acordo com Newitt (1997), no início de do século XX, a região foi dominado pelos
Portugueses e os seus chefes Ndogwe-Ndongwe e Makossa estavam divididos,
enfraquecidos e sem forças e moral para lutarem contra os portugueses. “Ndongwe-
Ndongwe, mobilizou os achicundas, os Senas, Torwa e Nsenga, a formarem uma grande
coligação anti-colonial Zambeziana que a 27 de Março de 1917 iniciou a revolta com a
tomada de Chemba, Tambara e Chiramba” (Newitt, 1997, p. 88).

2.1.1. Causas e preparação para a revolta de Bárué

Recrutamento compulsivo da mão-de-obra e sem remuneração na construção de uma


estrada, ligando Tete à Macequece, passando pela terra dos Bárue; Abusos de sipaios
aos trabalhadores recrutados em 1914.

Newitt (1997), escreve que nas vésperas da rebelião em virtude das guerras de 1902,
esta importante comunidade do Zambeze estava dividida em duas chefaturas: Ndogwe-
Ndongwe, com a capital em Mungari e Matrosa, primo de Nongue, que governava os
territórios do sul do interior de Gorongosa.

O aparecimento na cena politica zambeziana de uma jovem de nome Mbuya, Nongue –


Nongue para levar a cabo os seus intentos iniciou um intenso trabalho diplomático,
visando a formação de uma ampla coligação anti-colonial zambeziana.

A revolta de Bárue “iniciou a 27 de Março de 1917, quando Chemba, Tambara e


Chiramba foram atacados e paralelamente os camponeses de Sena e Tonga se
soblevaram” (Macedo, 2013, p. 67). Em Abril os portugueses foram expulsos de

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Massangane, Cheringoma, Gorongosa e Inhaminga. Instalaram-se na companhia de
Moçambique. Os Barue cercaram Tete, Zumbo estimulando outros povos ainda
oprimidos (sobretudo os do sul).

3. Resistência na África do Sul

3.1. A resistência Zulu

Os Zulu eram um povo numeroso que vivia na região Norte da África do Sul. Este povo
resistiu contra a dominação dos ingleses que pretendiam submete-lo e usar os seus
filhos como mão-de-obra barata nas plantações agrícolas e nas minas.

De acordo com Diamond (2001), a resistência dos Zulu foi liderada por Cetswayo e teve
inicio em Dezembro de 1878, quando os ingleses enviaram um ultimato para que este
dês mantelasse o seu exercito.

Em Janeiro de 1870, os ingleses atacaram o território Zulu mas foram derrotados na


batalha de Isandlwana. Em Junho do mesmo ano, os ingleses, mais bem armados,
derrotaram finalmente os Zulu na batalha de Ulundi. Depois desta vitória, os ingleses
dividiram o império Zulu em treze chefaturas cuja administração entregaram a pessoas
da sua confiança.

3.2. A guerra dos Bóeres na África do Sul

Em 1887, prospectores descobriram o maior campo de ouro do mundo em


Witwatersrand (“The Rand”), com uma área de 60 milhas de leste para oeste a 30
milhas a sul de Pretória. Todo este potencial e beneficio pode ser entendido nas palavras
do Presidente do Transvaal Paul Kruger quando disse: “todo o regozijo que vocês
podem ter, com este ouro será proventura por ele que o nosso país será mergulhado em
sangue” (Crowder, 2010, p. 84).

O cerne do conflito está na gradual expansão britânica pelo sul do continente africano,
em territórios previamente ocupados por descendentes de antigos colonos holandeses.
Ao contrário da maioria dos outros entrepostos da Companhia das Índias Orientais
Holandesa, colonos estabeleceram-se naquela parte do globo (holandeses em maioria,
mas não a totalidade do grupo, que incluía ainda franceses, alemães e outros grupos
étnicos).

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Tais colonos tinham como objetivo real ocupar e habitar as áreas em que residiam,
diferentemente de muitos outros pontos do império holandês, e mesmo da colônia do
Cabo, que eram praticamente meros entrepostos onde os indivíduos passavam
determinado tempo antes de migrarem para outro ponto e continuar a atividade
mercantil.

A Segunda Guerra Bóer deu-se entre 1899-1902, nessa fase os borés resistiram com
tácitas de guerrilha, usando o seu conhecimento superior da terra, mas os britânicos
venceram-nos pela força do número e pela possibilidade de organizar mais facilmente
os abastecimentos.

Com o passar do tempo, e a gradual ocupação britânica da colônia do Cabo, os bôeres


optam por não se submeter à autoridade britânica e migram mais e mais para dentro do
continente. Esses migrantes receberão o nome de “afrikaners” (africanos) ou
“voortrekers” (migrantes, andarilhos). “Desalojando muitas vezes as populações locais,
os voortrekkers fundam várias repúblicas independentes na região nordeste da atual
República da África do Sul, sendo as mais importantes as já mencionadas Transval e
Orange” (Kennedy, 1989, p. 103).

Na segunda metade do século XIX, porém, com a corrida colonialista entre as potências
europeias a pleno vapor, os planos de colonização do interior do continente africano são
postos em prática pelos britânicos, culminando na anexação, em 1877, da República da
África do Sul (Transval). Com tal situação, os bóeres protestam, e em dezembro de
1880 estoura a guerra com a declaração formal de independência do Transval. Neste
primeiro confronto os bóeres foram vitoriosos e conseguiram o reconhecimento do
Transval como estado independente em março de 1881.

De acordo com Crowder (2010), em 1887 é descoberta a maior jazida de ouro do mundo
próximo a Pretória, então capital do Transval. Assim, milhares de colonos britânicos
passam a fronteira para buscar a riqueza em território boer. Os líderes britânicos
sentem-se cada vez mais propensos a tentar a anexação das repúblicas bóeres. Tal ideia
torna-se cada vez mais forte com a política bôer de taxar pesadamente a indústria do
ouro.

Em setembro de 1899 o primeiro ministro britânico Chamberlain envia um ultimato às


repúblicas exigindo direitos iguais aos cidadãos britânicos nos ganhos da prospecção de

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ouro. O presidente do Transval, Paul Kruger, na certeza de que a guerra era inevitável,
lança em contrapartida seu próprio ultimato, para que os britânicos retirem em 48 horas
suas tropas da fronteira do Transval, caso contrário, este entraria em guerra com os
britânicos aliados ao Estado Livre de Orange.

Assim, em 12 de outubro de 1899, estoura a segunda guerra entre Grâ-Bretanha e as


Repúblicas Bóeres. Desta vez os britânicos são vencedores, e o destino daqueles que
tiveram propriedades e posses arrasadas são os campos de concentração criados pelas
autoridades coloniais. Os bóeres rendem-se por meio do tratado de Vereeniging, onde
era dado a eles 3 milhões de libras esterlinas em compensação e a promessa de um
eventual governo, o estabelecimento da União da África do Sul em 1910. O tratado
extinguiu as repúblicas bóeres e colocou seus cidadãos sob a autoridade do Império
Britânico (Diamond, 2001, p. 106-107).

4. Resistência na Namíbia

A partir da década de 1880, a Namíbia sofreu o domínio da colonização Alemã. A essa


dominação opuseram-se quatro grupos populacionais Khoisan: os Namas, os Hereros,
os Sans e os Ovambos. Dentre estes grupos populacionais os que mais efectuaram
resistência foram os dois primeiros: Hereros e os Namas.

De acordo com Conceição (2006), um comerciante alemão Franz Luderiz recebeu do


seu governo a permissão para fazer tratados com os chefes africanos e comprar os seus
territórios. Assim sendo, os alemães entraram na Namíbia a força reconhecendo Samuel
Maherero como chefe supremo, para esmagar a oposição a dominação colonial por parte
dos outros chefes.

Na verdade os chefes africanos estavam relutantes em assinar tratados que pouco depois
revogavam. Os chefes Hereros aliavam-se aos alemães na perspectiva de limitar a
penetração colonial Britânica e a dos africânderes, mas porém, nada sabiam das
pretensões alemãs em dominar a região.

Enquanto Samuel Maherero optava por realizar tratados de protecção, primeiro com a
colónia do cabo e depois com a Alemanha, Hendrik Witbooi chefe dos Namas opunha-
se a assinar tratados de protecção pois para ele “todos os protegidos são súbditos de
quem os protege” (Macedo, 2013, p. 97).

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Com a presença alemã, os africanos viram expropriadas as suas terras, sendo forçados a
aceitar trabalhos a troco de baixos salários nas fazendas ou minas de ouro. Em 1903, o
governador alemão temendo uma possível rebelião por parte dos africanos pela perda
das terras, decidiu criar reservas para ao Namas e os Hereros.

Porém, essa atitude foi mal interpretada pelos nativos pois temiam a expropriação
definitiva das suas terras. Devido a interferência colonial crescente, desencadeou-se
uma resistência sucessivamente mais coesa em toda a Namíbia.

Segundo Crowder (2010), em Janeiro de 1904, os Hereros revoltaram-se aproveitando


da retirada das tropas alemãs que haviam partido para subjugar os Bondelswarts, tendo
matado 100 alemães, destruindo várias fazendas.

Em conformidade com Santos (2015), face a essa situação, o general Von Trotha
apoiado pelos soldados vindos da Alemanha, comandou uma acção de extermínio, onde
todos os Hereros que caíssem nas mãos das tropas eram mortos. Temendo a morte,
maior parte destes refugiou-se no deserto oriental.

Ainda neste ano, os Namas de Hendrik Witbooi, se revoltaram, adoptando tácticas de


guerrilha eficazes. A rebelião teve sucesso até a morte de Witbooi, em Outubro de 1905.
A partir daí, a resistência Nama foi continuada por Jacob Murenga e Simon Kooper até
1907 a 1908.

Segundo Crowder (2010), Jacob Murenga foi um dos últimos chefes da resistência a
dominação colonial alemã na Namíbia. Foi o mais forte e duradouro dos principais
comandantes do sul. Na guerra de guerrilha era efectivamente o mestre, abastecendo as
suas forças nas fazendas com armas. Foi preso e assassinado em coordenação com as
autoridades do Cabo. Fracassada a resistência, os alemães dominaram o território do
sudoeste africano (Namíbia).

Em Junho de 1915, a última guarnição alemã teve que se render e a partir desse
momento a Namíbia ficou sob ocupação militar sul-africana e na sequência do tratado
de Versalhes e da SDN a Namíbia passou sob sistema de mandatos, sob administração
da Inglaterra.

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Conclusão

Quando se fala da resistencia na Africa austral, ficou claro que os povos zulo (Africa do
Sul), Barue (Mocambique) e Herero e Nama (Namibia), ganham grande destaque. Este
povos foram os que causaram maiores problemas a dominacao europeia e ofereceram
maior resistencia a maquina governativa estrangeira.

Os ingleses, diferentemente dos franceses e portugueses, não instalaram sua máquina


administrativa nas suas colónias, apenas exerceu o controle dessas colónias por meio
dos chefes locais. Por isso ficou famosa a sua postura governativa de “forma indirecta”.
O imperialismo também serviu ao propósito de diminuir a população residente na
Europa (que havia crescido muito no século XIX).

Neste trabalho impôs-me a missão de descrever a resistencia colonial na Africa Austral.


Para tal, tomei os tres povos como exemplo de resistencia na zona austral de Africa..

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Referência Bibliográfica

Conceição, J. M. N. (2006). África: Um novo olhar. Rio de Janeiro: CEAP.

Crowder, M. (2010). História geral de África: África sob dominação colonial, 1880-
1935. (2ª ed.). Brasília: UNESCO.

Departamento da Historia Universidade Eduardo Mondlane. (1982). História de


Moçambique. Maputo: Livraria Universitária.

Diamond, J. (2001). Armas, Germes e Aço: o destino das sociedades humanas. Rio de
Janeiro: Record.

Hedges, D. (1999). Moçambique no auge do colonialismo 1930-1961. Volume II.


Maputo: Livraria Universitária Eduardo Mondlane.

Kennedy, P. (1989). Ascensão e Queda das Grandes Potências: transformação


económica e conflito militar de 1500 a 2000. Rio de Janeiro: Campus.

Macedo, J. R. (2013). História da África. São Paulo: Contexto.

Newitt, M. (1997). História de Moçambique. Mem-Martins: Publicações Europa-


América.

Santos, A. B. dos. (2015). África: nossa história, nossa gente. São Paulo, Brasil:
Mirante.

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