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Organização geral do sistema nervoso III

8ª aula

2.3-SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

2.3.1 TERMINAÇÕES NERVOSAS


As terminações nervosas situam-se na extremidade de fibras sensitivas e motoras.
Nestas últimas, o exemplo mais típico é a placa motora. Nas fibras sensitivas, as
terminações nervosas são estruturas especializadas para receber estímulos físicos ou
químicos na superfície ou no interior do corpo. Assim, os cones e bastonetes da retina
são estimulados pelos raios luminosos, os receptores do ouvido, pelas vibrações sonoras,
os gustativos, por substâncias químicas capazes de determinar as sensações de doce,
amargo, azedo e ácido.; na pele e nas mucosas existem receptores para os agentes
causadores do calor, do frio, da pressão, do tacto, enquanto que as sensações dolorosas
são captadas por terminações nervosas livres, não especializadas. Quando os receptores
sensitivos são estimulados originam impulsos nervosos que se propagam pelas fibras em
direcção ao SNC.

2.3.2 GÂNGLIOS
Tal como os corpos celulares de neurónios se podem aglutinar, no seio do SNC,
constituindo a massa cinzenta, também fora do SNC se aglutinam, formando gânglios.

2.3.3 NERVOS
Os nervos são cordões esbranquiçados formados por fibras nervosas unidas por tecido
conjuntivo e que têm como função levar ou trazer impulsos do e para o SNC. Distinguem-
se dois grupos: nervos cranianos e nervos espinais ou raquidianos.

2.3.3.1 NERVOS CRANIANOS


Existem 12 pares de nervos cranianos. A maioria deles (10) tem origem no tronco
encefálico. Além do seu nome, são designados por números romanos numa sequência
crânio-caudal (Figura 2.10):

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Figura 2.10. Esquema geral da inserção dos nervos cranianos.

I – Olfactivo: é formado por uma vintena de finos filamentos que nascem na mucosa olfactiva que cobre a
parede das fossas nasais. Todos estes filamentos atravessam orifícios do osso etmoide e alcançam a
face inferior do bolbo olfactivo.
II – Óptico: é um nervo grande que nasce na retina do globo ocular, percorre o canal óptico e termina ao
nível do quiasma óptico.
III – Oculomotor comum: é um nervo motor que nasce no cérebro e se dirige para a cavidade orbitária
onde enerva a maior parte dos músculos motores do olho.
IV – Patético: é também um nervo motor que enerva o músculo grande oblíquo do olho.
IX – Glossofaríngeo: é também um nervo misto. Enerva a faringe e a língua. Desempenha um papel
essencial no mecanismo da deglutição.
V – Trigémeo: é um nervo misto, com uma grande raiz sensitiva e uma pequena raiz motora. Este nervo
emerge do tronco encefálico. As duas raízes desembocam num gânglio, designa do por gânglio de
Gasser, de onde partem três nervos, que são os três ramos principais do trigémeo: o nervo oftálmico, o
nervo maxilar superior e o nervo maxilar inferior. O nervo oftálmico é puramente sensitivo e enerva os
tegumentos da fronte, da pálpebra superior, da raiz do nariz e mucosa da parede interna da parte
anterior das fossas nasais. O nervo maxilar superior é igualmente sensitivo. É deste nervo que saem
ramos que vão enervar os tegumentos da face, lábio superior, dentes, mucosa do palato e também para
as fossas nasais. O nervo maxilar inferior é sensitivo-motor. A parte motora é essencialmente destinada
aos músculos mastigadores. A parte sensitiva divide-se em vários ramos que enervam nomeadamente
a língua, o lábio inferior e o queixo
VI – Oculomotor externo: é um pequeno nervo motor que enerva um único músculo, o músculo recto
externo do olho.
VII – Facial: é um nervo misto; as fibras motoras enervam os músculos faciais e as fibras sensitivas, a parte
anterior da língua.
VIII – Auditivo: é um nervo puramente sensitivo formado por duas partes: uma parte enerva os canais
semicirculares do ouvido e uma outra que enerva o caracol.
X – Vago ou pneumogástrico: é também um nervo misto que enerva vasto território as vísceras do
pescoço, do tórax e do abdómen.
XI – Espinal: nervo motor, enerva em parte os músculos esterno-cleido-mastóideos e o trapézio.
XII - Hipoglosso: unicamente motor. Enerva os músculos da língua.

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2.3.3.2. NERVOS RAQUIDIANOS


De cada lado da medula espinal saem 31 pares de
nervos de forma regularmente espaçada. Em
princípio, todos os nervos raquidianos são
formados segundo o mesmo esquema. Cada nervo
possui duas raízes, uma anterior e outra posterior.
A raiz anterior provém do corno anterior da medula
e contem as fibras nervosas centrífugas cujos
corpos celulares constituem a massa cinzenta do
corno anterior. A raiz posterior termina no corno
Figura 2.11. Constituição mista do nervo posterior e contem fibras nervosas centrípetas,
raquidiano. Neurónios sensitivos e os
cujos corpos celulares estão agrupados num
neurónios motores ligam-se nos cornos
espaçamento da raiz designado por gânglio
do H da medula espinal.
espinal. As raízes anterior e posterior unem-se e
formam o nervo raquidiano, naturalmente misto (Figura 2.11).

Segundo a sua situação relativamente à


coluna vertebral, os nervos raquidianos
distinguem-se (Figura 2.12):
- 8 pares cervicais, que tomam o número
da vértebra situada a baixo deles (o 8º par
cervical está compreendido entre a 7ª
vértebra cervical e a 1ª dorsal);
- 12 pares dorsais;
- 5 pares lombares;
- 5 pares sagrados e
- 1 par coccígeo.

Os pares dorsais, lombares e sagrados


tomam o número da vértebra situada
acima deles. À saída do canal raquidiano
Figura 2.12. Zona de enervação periférica: da coluna, cada nervo divide-se em dois
cervical (C1-C8), toráxica (T1-T12), lombar (L1-
L5) e sacral (S1-S4) ramos: um anterior e outro posterior,

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contendo cada um, em geral, fibras sensitivas e motoras.

Os ramos posteriores dirigem-se individualmente para trás. O segundo cervical é o único


que é puramente sensitivo: dirige-se para o occipício para enervar os tegumentos desta
região. Os outros ramos posteriores são mistos e enervam os músculos profundos da
nuca e do dorso, bem como os tegumentos da nuca, do dorso e da região lombar.

Os ramos anteriores enervam a parede ântero-externa do tronco e os membros. O seu


território é portanto muito mais extenso que o dos ramos posteriores e o seu calibre maior.
Têm como característica unirem-se entre si para formarem plexos.

Distinguem-se cinco plexos:


- o plexo cervical, formado pelos ramos anteriores dos quatro primeiros nervos
raquidianos; dá ramos motores profundos e ramos sensitivos cutâneos.

- o plexo braquial, é formado pelos ramos anteriores dos quatro últimos nervos cervicais
e do primeiro nervo dorsal; enerva o ombro e os membros superiores.

Entre os plexos braquial e lombar, situam-se a zona torácica enervada por 12 pares de
nervos intercostais que não formam plexos. Os 6 primeiros acompanham os espaços
intercostais correspondentes; os seis inferiores, prolongam-se pela parede abdominal,
enervam os músculos intercostais, os músculos da parede abdominal e os tegumentos do
tronco.

- o plexo lombar, formado pelos ramos anteriores dos quatro primeiros pares lombares;
emite nervos para a parte inferior da parede abdominal e para a coxa.

- o plexo sagrado, formado pela união lombo-sagrado e dos ramos anteriores dos três
primeiros pares sagrados; emite nervos que se destinam à região glútea e o nervo ciático
(o maior nervo do organismo) que enerva o membro inferior.

- o plexo pudendo,

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