Você está na página 1de 5

INTRODUÇÃO

O período regencial é o período de transição entre o


primeiro e segundo reinado. Os interesses das camadas
populares foram esquecidos pelos regentes e há
constantes lutas buscando a descentralização do poder.
Para alguns historiadores, o governo do Brasil, nesse
momento, tem alguma semelhança com o regime
republicano. Nos dois casos, havia eleição e troca dos
governantes após o cumprimento do mandato. Esse
período é marcado por uma intensa agitação política e
social. Essas disputas políticas expressaram-se pelos
jornais, nos debates do parlamento e, várias vezes, pela
luta armada em revoltas sociais nas províncias. Figura://historiadornet.blogspot.com/2017/10/periodo-regencial-1831-1840.html

ATENÇÃO
Outra característica importante é que os latifundiários brasileiros estavam com o poder nas mãos pela primeira
vez na história do país. A inexistência de um projeto definido para a nação garantiu a manutenção da estrutura
social vigente.

FASES
REGÊNCIA TRINA REGÊNCIA TRINA REGÊNCIA UNA DE REGÊNCIA UNA DE
PROVISÓRIA PERMANENTE DIOGO FEIJO ARAÚJO LIMA
Abril a junho – 1831. Junho de 31 a outubro de 1835 a 1837. 1837 a 1840.
Equilíbrio político – elites. 35. Descentralização. Regresso conservador.
Equilíbrio político –
geográfico.

GRUPOS POLÍTICOS
Após a abdicação de Dom Pedro I, a vida política do país foi dominada por três grupos políticos: LIBERAL
MODERADO – LIBERAL EXALTADO – RESTAURADORES.

PARTIDO LIBERAL MODERADO (CHIMANGOS)


Defendiam a monarquia, mas sem Absolutismo, e queriam manter a
escravidão e a ordem social. Representava a elite latifundiária de SÃO
PAULO, RIO DE JANEIRO, MINAS GERAIS e REGIÃO NORDESTE.

O PADRE DIOGO FEIJÓ e EVARISTO DA VEIGA são as figuras de destaque e


suas ideias eram defendidas por meio do jornal A AURORA FLUMINENSE e
pela SOCIEDADE DEFENSORA DA LIBERDADE E DA INDEPENDÊNCIA
NACIONAL.

Figura://www.morrodomoreno.com.br/materias/visit
antes-ilustres-do-convento-da-penha-diogo-antonio-
feijo-parteii.html

PARTIDO LIBERAL EXALTADO (FARROUPILHA/JURUJUBAS)


Lutavam pela descentralização do poder e pela autonomia administrativa das
províncias por meio do Federalismo. Defendiam a implantação de uma
república e vão liderar as revoltas regenciais. Representavam os profissionais
liberais, os pequenos comerciantes, os militares de baixa patente e as
camadas urbanas da sociedade. As figuras de destaque são CIPRIANO BARATA
e BORGES DA FONSECA e suas ideias eram divulgadas pelos jornais A
MALAGUETA, A SENTINELA DA LIBERDADE e se organizavam pela
SOCIEDADE FEDERAL.

1
Figura://www.saopauloinfoco.com.br/cipriano-barata/
PARTIDO RESTAURADOR (CARAMURU)
Defendiam a volta de D. Pedro I, com um regime absolutista e centralizador.
Representava os comerciantes portugueses, os militares de alta patente e os altos
funcionários públicos. A figura de destaque é o patrono da independência JOSÉ
BONIFÁCIO, e se organizavam e defendiam suas ideias com as publicações do
jornal CARAMURU e SOCIEDADE MILITAR.
A disputa política entre essas três correntes vai aprofundar a crise nacional, que
já era grave devido aos problemas sociais aos quais estava submetida a maioria
da população.
Figura://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Bonif%C
3%A1cio_de_Andrada_e_Silva

LIBERAIS X CONSERVADORES
Com a morte de DOM PEDRO I, em 1834, os restauradores vão se aliar aos LIBERAIS MODERADOS, e, nesse
mesmo período, os LIBERAIS EXALTADOS também tiveram seu poder reduzido.
Por volta de 1837, os LIBERAIS MODERADOS dividiram-se em dois grupos distintos, os PROGRESSITAS E OS
REGRESSISTAS, passando a dominar a cena política brasileira.

PROGRESSISTAS – Defendiam um governo forte e REGRESSISTAS – Não estavam dispostos a fazer


centralizado no RIO DE JANEIRO, mas estavam concessões aos exaltados e eram favoráveis a um
dispostos a dar mais autonomia às províncias, que legislativo forte e centralizado no Rio de Janeiro.
era uma das demandas dos exaltados.

Em 1840, os REGRESSISTAS assumiram a denominação de PARTIDO CONSERVADOR. Foram apelidados de


SAQUAREMAS, e os PROGRESSISTAS, de PARTIDO LIBERAL, mais tarde apelidados de LUZIAS. Do ponto de
vista ideológico, tinham poucas diferenças entre si.

POLITICAMENTE FALANDO, a regência é dividida em duas etapas distintas:


AVANÇO LIBERAL REGRESSO CONSERVADOR
1831 até 1837 1837 até 1840.

REGÊNCIA TRINA PROVISÓRIA – 1831 E O


AVANÇO LIBERAL
EQUILÍBRIO POLÍTICO – ELITES – DE ABRIL A
JUNHO DE 1831.
Foi eleita por um grupo de parlamentares,
FRANCISCO DE LIMA E SILVA – EXÉRCITO,
MARQUES DE CARAVELAS – CONSERVADOR e
NICOLAU VERGUEIRO LIBERAL/MODERADO.
Eles governaram até que a assembleia geral
pudesse se reunir, após as férias dos
parlamentares, para eleger os três regentes que
governariam o país.
Formada a junta governativa, era necessário
adotar MEDIDAS EMERGÊNCIAIS PARA
ACALMAR O PAÍS.
Assim, ela expulsou os estrangeiros do
exército, conferiu anistia aos presos políticos e
reintegram o Ministério de 20 de março,
acabando com a censura à imprensa. Figura 1: ARQUIVO - OFICINA DA HISTÓRIA/2017

Confere mais poder à assembleia nacional, limitando o poder do regente, que não pode exercer o poder
moderador, não pode dissolver a câmara e não pode conceder títulos e condecorações.
Ao final de aproximadamente três meses, convocam votação para uma nova regência.

2
REGÊNCIA TRINA PERMANENTE – 1831 A
35
EQUILIBRIO POLÍTICO GEOGRÁFICO com a
DESCENTRALZAÇÃO DO PODER.
FRANCISCO DE LIMA E SILVA – EXÉRCITO,
JOSÉ DA COSTA CARVALHO – SUL,
Figura:ARQUIVO-OFICINA DA HISTÓRIA-2017 BRÁULIO MUNIZ – NORDESTE.
Uma das figuras de destaque da regência trina permanente foi o padre DIOGO FEIJÓ, nomeado ministro da
justiça. Sua principal preocupação era garantir a ordem pública que interessava aos moderados,
acabando com as agitações populares e com as revoltas militares que se opunham ao governo central.

GUARDA NACIONAL
Em 18 de agosto de 1831 é criada a GUARDA NACIONAL. Diferente
do exército é uma polícia local, criada para conter as tensões e
rebeliões provinciais.
Os cargos da guarda eram distribuídos por renda aos “homens de
bens”, e os grandes latifundiários recebiam o título de “coronel”,
ganhando o poder político e militar nas regiões que controlavam.
Todos os brasileiros eleitores eram obrigados a se alistarem na
Guarda Nacional, sendo dispensado o alistamento no Exército
Nacional.
Figura://oridesmjr.blogspot.com/2016/12/a-guarda-nacional-de-cidadaos-
soldados.html

ATENÇÃO
Durante sua longa duração – 1831-1922 –, ela contribuiu para fortalecer o poder dos coronéis, por isso foi mantida
mesmo depois da proclamação da república.

CÓDIGO DE PROCESSO CRIMINAL


Criado em novembro de 1832, visava a
descentralização do judiciário, instituindo
o tribunal do júri e aumentou o poder
dos Juízes de paz.
Esse código legitimou o uso do habeas
corpus que permitia ao acusado responder
ao julgamento em liberdade.
Os juízes exerciam o poder judiciário e de
polícia em nível local, julgavam algumas
ações, presidiam mesas eleitorais e
ajudavam a compor listas de jurados.
Eram escolhidos entre os grandes Figura://www.cliquebrasil.com.br/artigos/voce-o-significado-tem-os-simbolos-da-
Figura://www.rafaelcasellipereira.com.br/histor justica
ia/14/lei-de-29-11-1832-codigo-do-processo- latifundiários que, na maioria das vezes,
usavam do título em proveito próprio.

ATO ADICIONAL DE 1834


Outra medida decisiva da regência trina permanente foi o
ATO ADICIONAL, que foi uma reforma na constituição de
1824, buscando harmonizar as diversas forças em conflito
no país, uma verdadeira tentativa conciliadora, propondo
MAIOR AUTONOMIA às províncias, mas que, na prática,
decidiu pela redução da autonomia das províncias.
As províncias não podiam ter constituição própria; os
presidentes das províncias seriam nomeados pelo governo
central.

Figura://alunosonline.uol.com.br/historia-do-brasil/ato-adicional-1834-as-mudancas-governo-
central.html 3
São criadas assembleias legislativas provinciais e os municípios estão totalmente subordinados ao
governo provincial. As Assembleias tinham a responsabilidade de fixar as despesas municipais, as
despesas provinciais e lançar impostos. Nomear e demitir funcionários públicos. Com esse tipo de troca, o
serviço público, muitas vezes, funcionou como arma para obtenção de votos.
Estabeleceu a distribuição de rendas entre governo central, províncias e municípios. Extinguiu o
Conselho de Estado, criou o município neutro – o Rio de Janeiro.
Criação da regência una, com duração de 4 anos (experiência republicana), mediante eleição de um
regente feita por voto secreto e direto. O voto, no entanto, continuava a ser censitário.

REGÊNCIA UMA - DIOGO FEIJO 1835-37


De caráter extremamente excludente, no sistema político que vigorou no início do
Estado brasileiro, apenas 1,5% da população votava. O padre Diogo Feijó foi eleito
com o apoio dos progressistas moderados, superando o conservador Holanda
Cavalcanti, com uma pequena diferença de
votos.
Depois de eleito, enfrentou grande
oposição dos regressistas que o acusavam
de não conseguir manter a ordem no país.

Figura://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historia
dobrasil/regencia-una-diogo-feijo-1835-1837.htm

Durante o seu governo, ocorreu a eclosão de diversas revoltas por


todo o país:
*GUERRA DOS FARRAPOS
*CABANAGEM
*BALAIADA
*REVOLTA DOS MALÊS
*SABINADA
Figura://www.apoioescolar24horas.com.br/salaaula/estudos/historia/643_revoltas_rege
nciais/revoltasregenciais_content.html

Diogo Feijó provocou a ira da aristocracia agrária ao apoiar o fim da escravidão. Chegou a enviar uma
missão a Londres para tratar com o governo inglês medidas de repressão ao tráfico negreiro. Essa atitude
aumentou o temor dos proprietários rurais, que passaram a assumir posições mais conservadoras.
O autoritarismo do regente fazia aumentar, a cada dia, seu grupo de opositores, presentes também na
Câmara e no Senado. Teve sua atuação bastante limitada, sendo responsabilizado pelas revoltas sociais
que se espalhavam por todo o país. Sentindo-se acuado e sem respaldo político, renunciou em 19 de
setembro de 1837.

ATENÇÃO
O primeiro momento das Regências (1831 - 1836) é caracterizado pela instabilidade política, sobretudo, pelos
projetos de liberdade e democracia.
É o momento da AÇÃO baseado no princípio da liberdade, que irá se contrapor ao segundo momento, o da
AÇÃO, baseado no princípio da autoridade, a partir de 1836, que virá com a posição centralizadora.

ARAÚJO LIMA 1837-40 – O REGRESSO CONSERVADOR


Araújo Lima, então Ministro da Justiça, assume como regente interino e
nomeia um novo gabinete composto por políticos regressistas, que ficou
conhecido como MINISTÉRIO DAS CAPACIDADES. Em abril de 1838, ocorreu a
segunda eleição para Regente UNO, lançando-se como candidato, enfrentando
com o "progressista" Holanda Cavalcanti de Albuquerque. Araújo Lima foi
eleito com a maioria dos votos e, assim, instalaram-se os regressistas no
centro do poder.
Em seu governo, as primeiras revoltas eram consideradas uma consequência
das liberdades oferecidas pelo Ato Adicional. Dessa forma, foi homologado, em
maio de 1840, a chamada LEI INTERPRETATIVA DO ATO ADICIONAL, que
Figura://simplificandohistoria.blogspot.com/2014/08/per 4
iodo-regencial-regencia-una-de.html
revisou alguns pontos da reforma de 1834. Com a reforma, as províncias perderam parte de suas
atribuições político-administrativas. De acordo com a nova lei, o governo central teria o direito de
nomear funcionários públicos e funcionários da polícia e da justiça. Em meio às revoltas e às grandes
derrotas políticas, os liberais uniram-se em torno do projeto de antecipação do coroamento de Dom
Pedro II.
Reunidos no chamado Clube da Maioridade, os representantes
liberais argumentavam que a chegada de Dom Pedro II ao trono
ofereceria condições para que os problemas políticos e as revoltas
fossem contornados. Na medida em que os conservadores não
tinham habilidade para resolver os problemas vigentes, a campanha
em prol da antecipação do Segundo Reinado ganhava mais força.

23 DE JULHO DE 1840: COM O APOIO DO PARTIDO LIBERAL, PÔS FIM


AO PERÍODO REGENCIAL BRASILEIRO.
Os liberais agitaram o povo, que pressionou o Senado a declarar o
jovem Pedro II maior de idade antes de completar 15 anos. Esse ato
teve como principal objetivo a transferência de poder para Dom
Pedro II, para que ele pudesse pôr fim às disputas políticas que
abalavam o Brasil mediante sua autoridade.
Para auxiliar o novo imperador do país, foi instaurado o Ministério da
Maioridade, de orientação liberal, conhecido como o Ministério dos
Irmãos, pois era formado, entre outros, pelos irmãos Antônio Carlos
e Martim Francisco de Andrada e os irmãos Cavalcanti.
Figura://historiandonanet07.wordpress.com/2016/10/24/segundo-reinado-
anos-iniciais/

Brasileiros!
A Assembleia Geral Legislativa do Brasil, reconhecendo o feliz desenvolvimento intelectual de S.M.I. o
Senhor D. Pedro II, com que a Divina Providência favoreceu o Império de Santa Cruz; reconhecendo
igualmente os males inerentes a governos excepcionais, e presenciando o desejo unânime do povo
desta capital; convencida de que com este desejo está de acordo o de todo o Império, para conferir-se
ao mesmo Augusto Senhor o exercício dos poderes que, pela Constituição lhe competem, houve por
bem, por tão ponderosos motivos, declará-lo em maioridade, para o efeito de entrar imediatamente
no pleno exercício desses poderes, como Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil.
Brasileiros! Estão convertidas em realidades as esperanças da Nação; uma nova era apontou; seja ela
de união e prosperidade. Sejamos nós dignos de tão grandioso benefício.

Paço da Assembleia Geral, 23 de julho de 1840

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRUDA, José Jobson de; PILETTI, Nelson. Toda a História: História geral e história do Brasil. 6.ed. São
Paulo: Ática, 1996.
COTRIM, Gilberto. História Global Brasil e Geral. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
JÚNIOR, Alfredo Boulos. 360° História sociedade & cidadania. Volume 1, 2.ed. São Paulo: Ftd, 2015.
JÚNIOR, Alfredo Boulos. 360° História sociedade & cidadania. Volume 2, 2.ed. São Paulo: Ftd, 2015.
JÚNIOR, Alfredo Boulos. 360° História sociedade & cidadania. Volume 3, 2.ed. São Paulo: Ftd, 2015.
WRIGHT, Edmund; LAW, Jonathan. Dicionário de História do Mundo. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

Você também pode gostar