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Escritório de Advocacia

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Paulo Henrique Martins de Sousa


Demais advogados
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SUCESSÃO DOS DESCENDENTES

Superada a complexa sucessão do convivente, em


concorrência ou isoladamente, está na hora de retornar à ordem da vocação
hereditária mais tradicional. A partir daqui, é irrelevante se o falecido tinha ou não
convivente. A sucessão deste já foi outrora solucionada.
Agora é hora de saber como os descendentes herdarão.
Mencionarei o convivente apenas quando for estritamente necessário porque vou me
concentrar nos descendentes.
Dentro de cada classe, se houver um herdeiro mais próximo
ele exclui os mais remotos, prevê o art. 1.833. Assim, se seu avô falece, sem
convivente, deixando dois filhos, um deles seu pai, você e seus primos, netos do
falecido, ficam excluídos da sucessão. Apenas se seu pai e seu tio estivessem já
mortos, herdam os netos.
Os netos, você e seus primos, por sua vez, excluiriam os
bisnetos. Ou seja, em cada classe, a herança permanecerá na mesma linha (filhos,
netos, bisnetos etc.). Os herdeiros da mesma classe herdam por direito próprio e por
cabeça.
O que isso significa? Significa que os filhos do falecido herdam
precisamente porque são filhos (herança por direito próprio). Significa que se são
cinco filhos, divide-se a herança em cinco, contando-se “cada cabeça” (herança por
cabeça).
Porém, no exemplo acima, imagine que seu pai já faleceu,
antes de ter morrido seu avô. Seu tio continua vivo, mas não seu pai, pré-morto.
Nesse caso, você e seu irmão, netos do falecido avô, descendentes do descendente
falecido, são chamados à sucessão. Nesse caso, os netos do falecido, você e seu
irmão, têm os mesmos direitos à sucessão de seu pai (art. 1.834).
A isso se dá o chamado direito de representação, que nada
mais é do que a situação em que a lei chama certos parentes do falecido a suceder
em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse (art. 1.851). Segundo os
arts. 1.852 e 1.853, o direito de representação só ocorre na linha reta descendente e

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na linha transversal, em favor dos filhos de irmãos do falecido, quando com irmãos
deste concorrerem, jamais na linha ascendente.
Daí o nome “representação”. É como se os netos fossem
representantes no pai na sucessão do avô. Se representam o pai, herdam como se
fossem o pai. Por isso, os netos, que estão na linha descendente, mas em grau
diferente em relação ao filho do falecido (tio deles), herdam por representação e por
estirpe (art. 1.835).
Veja que, diferentemente do seu tio, filho do falecido avô, que
herda por direito próprio (porque é filho do morto), você não herda por direito próprio.
Você não herda porque é você, mas porque é filho de seu pai. A herança, então, é por
representação.
Igualmente, você não herda por cabeça, porque só se herda
por cabeça quando todos os herdeiros estão na mesma linha. Você está na mesma
linha de seu tio? Não, quem estava na mesma linha era seu pai, pré-morto. Por isso,
você e seu irmão herdam não por cabeça, mas por estirpe.
Nessa linha de raciocínio, necessário atentar para um detalhe.
Segundo o STJ (REsp 1.627.110), os descendentes do descendente pré-morto
herdam, por direito de representação, o patrimônio livre de dívidas. Assim, se seu pai
e seu avô falecem, quando você representa seu pai na herança do seu avô, você
herda sem que os credores de seu falecido pai possam assediar o patrimônio que
você recebe de seu pai. Podem apenas abater as dívidas do patrimônio exclusivo de
seu falecido pai.
Na renúncia à herança, os sucessores do renunciante não
podem exigir qualquer direito hereditário. Se seu pai renunciasse à herança, você e
seu irmão nada herdariam, porque vocês nunca teriam tido direito sucessório (viventes
non datur representatio).
No entanto, o renunciante à herança de uma pessoa poderá
representá-la na sucessão de outra (art. 1.856). No caso do art. 1.809, parágrafo único
(“Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde que
concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira”),
primeiro seu avô morreu e depois seu pai morreu. Como seu pai morreu sem dizer se
aceitava ou não a herança de seu avô (mas poderia ter dito), a solução é esta: você só
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pode aceitar a herança de seu avô se aceitar a de seu pai; renunciando à herança de
seu pai, renuncia automaticamente a de seu avô (porque o poder de aceitar a herança
de seu avô estava contido na herança de seu pai, que você renunciou).

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