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Escritório de Advocacia

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Paulo Henrique Martins de Sousa


Demais advogados
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SUCESSÃO DOS DESCENDENTES

No caso do art. 1.856 (“O renunciante à herança de uma


pessoa poderá representá-la na sucessão de outra.”), primeiro seu pai morreu e
depois seu avô morreu. Como seu pai morreu sem dizer se aceitava ou não a herança
de seu avô (e não poderia ter dito, porque estava morto), a solução é esta: você pode
aceitar a herança, aceitando ou renunciando a de seu pai (porque o poder de aceitar a
herança de seu avô NÃO estava contido na herança de sei pai, quando ele morreu, já
que o avô ainda estava vivo).
No caso do art. 1.809, parágrafo único, você herda por direito
de transmissão, ao passo que no caso do art. 1.856 você herda por direito de
representação. Orlando Gomes distingue o direito de transmissão – quando se
substitui o herdeiro pertencente à classe chamada à sucessão depois de sua abertura
– do direito de representação – quando se toma o lugar do herdeiro pertencente à
classe chamada à sucessão no momento de sua abertura – de maneira bastante
simples, facilitando a compreensão.
A deserdação ou declaração de indignidade de seu pai não se
equipara com a renúncia, lembre-se. Em caso de deserdação ou declaração de
indignidade considera-se que seu pai é pré-morto, pelo que você e seu irmão herdam.
Os herdeiros do herdeiro indigno herdam, por estirpe e representação, determina o art.
1.816 (exceção à regra viventes non datur representatio).
Se você atentar, o art. 1.835 prevê que na linha descendente,
os outros descendentes herdam, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou
não no mesmo grau.
Ademais, lembre-se que, de acordo com o art. 1.832, se os
descendentes concorrerem com o convivente, deve-se respeitar a quarta parte da
herança a ele, caso seja herdeiro, e caso seja ascendente dos herdeiros com que
concorrer.
E se um dos descendentes renunciar? Os valores renunciados
devem ser divididos entre os quatro irmãos (seu pai e os outros três tios), apenas, ou
entre eles e sua avó? Não há resposta prêt-à-porter. A interpretação literal do art.
1.810 (“Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros
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da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subsequente”) parece
indicar para a divisão apenas entre os irmãos.
Isso porque temos quatro classes: descendentes, ascendentes,
convivente e colaterais. Ocorre que os herdeiros da terceira classe, os conviventes,
são chamados à sucessão em concorrência com os herdeiros da primeira classe. Mas
isso não muda o fato de que são herdeiros da terceira classe, isoladamente.
No entanto, de acordo com o Enunciado 575 do CJF, o
convivente, ao concorrer com herdeiros da primeira classe, herdeiro da primeira classe
também se torna. Por isso, a divisão deveria ser entre os filhos do falecido e sua
esposa (seus tios e avó, respectivamente). Esta solução me parece mais adequada.

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