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AULA 7 – CORREÇÃO DE EXERCÍCIOS PORTUGUÊS – Prof.

a Isabel Vega

► CACD 2015 – Questões 10 e 11

Distingo, no português histórico, dois períodos principais: o português antigo, que se escreveu até os
primeiros anos do século XVI, e o português moderno. Robustecida e enriquecida de expressões novas, a
linguagem usada nas crônicas desse segundo período, que relatam os descobrimentos em África e Ásia e os
feitos das armas lusitanas no Oriente, culmina no apuro e no gosto do português moderno d’Os Lusíadas (1572).
É o século da Renascença literária, e tudo quanto ao depois se escreve é a continuação da linguagem desse
período. E como não ficou estacionário o português moderno, denominou-se quinhentista, seiscentista,
setecentista a linguagem própria a cada era. Reservo a denominação de português hodierno para as
mudanças características do falar atual criadas ou fixadas recentemente, ou recebidas do século XIX, ou que
por ventura remontam ao século XVIII.
Limites entre os diversos períodos não podem ser traçados com rigor. Ignoram-se a data ou o
momento exato do aparecimento de qualquer alteração linguística. Neste ponto, nunca será a linguagem
escrita, dada a sua tendência conservadora, espelho fiel do que se passa na linguagem falada. Surge a
inovação, formulada acaso por um ou poucos indivíduos; se tem a dita de agradar, não tarda a generalizar-se
o seu uso no falar do povo. A gente culta e de fina casta repele-a, a princípio, mas, com o tempo, sucumbe ao
contágio. Imita o vulgo, se não escrevendo com meditação, em todo o caso no trato familiar e falando
espontaneamente. Decorrem muitos anos, até que por fim a linguagem literária, não vendo razão para enjeitar
o que todo o mundo diz, se decide a aceitar a mudança também. Tal é, a meu ver, a explicação não somente
de fatos isolados, mas ainda do aparecimento de todo o português moderno.
Não é de crer que poucos anos depois de 1500, quase que bruscamente e sem influxo de idioma
estranho, cessassem em Portugal inveterados hábitos de falar e se trocasse o português antigo em português
moderno. Nem podemos atribuir a escritores, por muito engenho artístico que tivessem, aptidões e autoridade
para reformarem, a seu sabor, o idioma pátrio e sua gramática. Consistiria a sua obra antes em elevar à
categoria de linguagem literária o falar comum, principalmente o das pessoas educadas, tornando-o mais
elegante e desterrando locuções que lhe dessem aspecto menos nobre. Mas os escritores antigos evitavam
afastar-se da prática recebida de seus avós e, posto que muitas concessões tivessem de fazer ao uso para
serem entendidos, propendiam mais a utilizar-se de recursos artificiais que dessem ao estilo certo ar de
gravidade e acima do vulgar.
O século XVI, descerradas as cortinas que encobriam o espetáculo de novos mundos, e dada a
facilidade de pôr a leitura das obras literárias ao alcance de todos, graças ao desenvolvimento da imprensa,
devia fazer cessar a superstição do passado, mostrar o caminho do futuro e ditar a necessidade de se
exprimirem os escritores em linguagem que todos entendessem. Resolveram-se a fazê-lo. Serviram-se da
linguagem viva de fato, como o demonstram os diálogos das comédias de então, que reproduzem o falar
tradicional da gente do povo. Trariam estes diálogos os característicos gramaticais do português antigo, se
fosse este ainda o idioma corrente.

M. Said Ali. Prólogo da Lexeologia do português histórico, 1.ª ed. 1921. In: Gramática histórica da língua
portuguesa. 8.ª ed. rev. e atual. por Mário Eduardo Viaro. São Paulo: Companhia Melhoramentos; Brasília, DF:
Editora Universidade de Brasília, 2001, p. 17-8 (com adaptações

1) Acerca das ideias do texto de M. Said Ali, julgue (C ou E) os itens que se seguem.
I. Infere-se do desenvolvimento das ideias no segundo parágrafo do texto que pessoas instruídas inicialmente
rejeitam uma inovação na língua; entretanto, passado algum tempo, incorporam-na à escrita, de forma refletida,
assim como à linguagem empregada nos relacionamentos íntimos e no cotidiano.
II. Segundo o autor, os escritores portugueses, tendo adotado, após 1500, o falar comum da gente instruída em
suas obras literárias, refinando-o, atingiram seu intento de transformar a língua oral e reformar o português
antigo.
III. Depreende-se do texto que, nas crônicas escritas em português moderno, a linguagem, fortalecida e
renovada, atingiu seu mais alto grau de aperfeiçoamento e estilo.
IV. As noções de tempo “hodierno”, “atual” e “recentemente” têm como referência o século XX.

2) Julgue (C ou E) os itens a seguir, a respeito de elementos coesivos e do vocabulário do texto de M.


Said Ali.

I. Na linha 11, a expressão “os diversos períodos” refere-se não só à oposição entre português antigo e
moderno, mas também aos períodos que compõem o português moderno, como o seiscentista, o setecentista
e até o do português hodierno.
II. O vocábulo “inveterados” foi empregado como sinônimo de obsoletos, podendo ser substituído por essa
palavra sem prejuízo para o sentido e para a correção gramatical do texto.
III. As formas verbais “sucumbe” e “desterrando”, que poderiam ser corretamente substituídas, respectivamente,
por não resiste e livrando-se de, foram assim empregadas no texto: a primeira, em sentido denotativo, e a
segunda, em sentido conotativo.
IV. Em textos contemporâneos, a expressão “por ventura” tem como variante o vocábulo porventura, cujo
sentido equivale a talvez.

► CACD – 2007 – Questão 6


Frente à tradição hindu que há 2.500 anos divide a sociedade indiana em mais de 2.000 castas, os 60
anos dos ideais liberais de Gandhi e os 10 anos da legalização do casamento entre castas revelam-se
impotentes para transformar a organização hierárquica da sociedade. Em confronto direto com o costume
milenar, o governo da Índia oferece uma recompensa de R$ 2.400 para homens e mulheres de diferentes
grupos sociais que formalizem sua união. O dinheiro equivale ao dobro da renda per capita anual do país. O
governo justifica que a medida é um passo para a reacomodação das desigualdades. Para grande parte da
sociedade, é um passo no escuro.
O governo — que já enfrenta protesto contra cotas em universidades — vê-se, agora, diante de um
desafio maior. O esquema está sob ataque de todos os lados. Os conservadores alegam que a medida é gatilho
para o caos social. Os liberais sustentam que poucos vão receber a oferta porque o dinheiro vai desaparecer
no bolso de autoridades corruptas.
Indianos de castas mais baixas dizem que rejeitariam a recompensa, pois perderiam o acesso
preferencial às universidades, garantido pelas já controversas cotas. Hoje, o governo oferece 22,5% das vagas
aos intocáveis, os últimos na hierarquia hindu, mas pretende aumentá-las para 50%.
“Sei que esta não é a única maneira de pôr um fim à discriminação, mas é preciso começar de algum
lugar”, defende a ministra da Justiça Social. Para a socióloga Radhika Chopra, a oferta é uma forma de sinalizar
que esses casamentos não devem ser condenados. “Com a medida, o governo apoia os indivíduos que
transgrediram barreiras sociais e mostra que podem funcionar como exemplos”, acrescenta a socióloga.
Jornal do Brasil, 17/12/2006 (com adaptações).

3) No que se refere a funções da linguagem, predomina, no texto, a função


( A ) fática, visto que o autor do texto busca, de forma sutil, convencer os leitores dos benefícios do projeto que
visa a incentivar o casamento entre pessoas pertencentes a castas diferentes.
( B ) referencial, dado que a ênfase recai nas informações a respeito de determinado assunto.
( C ) emotiva, dado que são as falas das autoridades entrevistadas que direcionam a forma como as
informações são apresentadas.
( D ) conativa, visto que as opiniões expressas estão devidamente referenciadas, não havendo, portanto, perda
de objetividade na transmissão das informações.
( E ) metalinguística, haja vista o foco em aspectos intertextuais, como demonstram as diversas vozes que
acompanham a informação divulgada.

► CACD – 2015 – Questão 8

Sei que fazer o inconexo aclara as loucuras.


Sou formado em desencontros.
A sensatez me absurda.
Os delírios verbais me terapeutam.
Posso dar alegria ao esgoto (palavra aceita tudo).
(E sei de Baudelaire que passou muitos meses tenso
porque não encontrava um título para os seus poemas.
Um título que harmonizasse os seus conflitos. Até que
apareceu Flores do mal. A beleza e a dor. Essa antítese o
acalmou.)

As antíteses congraçam.
Manoel de Barros. Livro sobre nada. Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 49.

4) Julgue (C ou E) os itens seguintes, relativos ao poema de Manoel de Barros.

I. No trecho “E sei de Baudelaire que passou muitos meses tenso” (v.6), a omissão da vírgula necessária para
isolar a oração adjetiva explicativa introduzida pelo pronome “que” é desvio da norma gramatical circunscrito à
denominada licença poética.
II. O último verso do poema — “As antíteses congraçam” — resume o que a própria composição dos demais
versos demonstra.
III. As palavras “inconexo” (v.1) e “absurda” (v.3) foram formadas pelo mesmo processo de derivação, que
resulta em mudança de categoria gramatical de um vocábulo, sem que haja alteração morfológica
IV. O uso da função fática da linguagem na oração “palavra aceita tudo” (v.5) ressalta o didatismo que permeia
o poema.

► CACD – 2015 – Questão 9

O subúrbio de S. Geraldo, no ano de 192..., já misturava ao cheiro de estrebaria algum progresso.


Quanto mais fábricas se abriam nos arredores, mais o subúrbio se erguia em vida própria, sem que os
habitantes pudessem dizer que transformação os atingia. Os movimentos já se haviam congestionado e não
se poderia atravessar uma rua sem desviar-se de uma carroça que os cavalos vagarosos puxavam, enquanto
um automóvel impaciente buzinava atrás lançando fumaça. Mesmo os crepúsculos eram agora enfumaçados
e sanguinolentos. De manhã, entre os caminhões que pediam passagem para a nova usina, transportando
madeira e ferro, as cestas de peixe se espalhavam pela calçada, vindas, através da noite, de centros maiores.
Dos sobrados desciam mulheres despenteadas com panelas, os peixes eram pesados quase na mão, enquanto
os vendedores em mangas de camisa gritavam os preços. E quando, sobre o alegre movimento da manhã,
soprava o vento fresco e perturbador, dir-se-ia que a população inteira se preparava para um embarque.
Clarice Lispector. A cidade sitiada. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. 15-6.

5) Com referência às ideias e às estruturas do texto acima, julgue (C ou E) os itens que se seguem.

I. Os segmentos “um automóvel impaciente buzinava” e “entre os caminhões que pediam passagem”
expressam a mesma figura de linguagem.
II. No primeiro período do texto, Clarice Lispector, em linguagem figurada, refere-se ao contexto híbrido do
subúrbio de S. Geraldo na década de 20 do século passado, resultante da chegada do progresso.
III. A relação estabelecida entre as duas primeiras orações do segundo período do texto expressa a
proporcionalidade da mudança em curso no subúrbio de S. Geraldo.
IV. Sem prejuízo para o sentido da oração “que transformação os atingia”, a autora poderia ter optado pelo
emprego do artigo a logo após o termo “que”, empregado como conjunção integrante.

► CACD – 2006 – Questão 14

A história do Brasil, nos três primeiros séculos, está intimamente ligada à da expansão comercial e
colonial europeia na Época Moderna. Parte integrante do império ultramarino português, o Brasil-colônia
refletiu, em todo o largo período de sua formação colonial, os problemas e os mecanismos de conjunto que
agitaram a política imperial lusitana. Por outro lado, a história da expansão ultramarina e da exploração colonial
portuguesa desenrola-se no amplo quadro da competição entre as várias potências, em busca do equilíbrio
europeu; dessa forma, é na história do sistema geral de colonização europeia moderna que devemos procurar
o esquema de determinações no interior do qual se processou a organização da vida econômica e social do
Brasil na primeira fase de sua história e se encaminharam os problemas políticos de que esta região foi o
teatro.
Fernando A. Novais. Aproximações: estudos de história e historiografia. São Paulo: Cosac Naify, 2005, p. 45.

6) Com relação a aspectos linguísticos do texto, julgue (C ou E) os itens a seguir.

I. No trecho “ligada à da expansão comercial e colonial europeia” (l.1-2), o acento grave indica crase de
preposição e pronome, o qual substitui “história”.
II. O emprego do artigo “o”, no trecho “em todo o largo período de sua formação colonial” (l.3), reflete opção
estilística do autor, visto que o artigo poderia ser eliminado, sem prejuízo para o sentido da frase.
III. A substituição de “no interior do qual” (l.7) por em cujo interior seria justificada pela prescrição gramatical.
IV. O pronome “que”, na última oração, tem como antecedente “os problemas políticos”.

► CACD – 2010 – Questão 8

Que a obra de boa qualidade sempre se destaca é uma afirmação sem valor, se aplicada a uma obra
de qualidade realmente boa e se por “destaca” quer-se fazer referência à aceitação na sua própria época.
Que a obra de boa qualidade sempre se destaca, no curso de sua futuridade, é verdadeiro; que a obra de boa
qualidade, mas de segunda ordem sempre se destaca, na sua própria época, é também verdadeiro.
Pois como há de um crítico julgar? Quais as qualidades que formam não o incidental, mas o crítico
competente? Um conhecimento da arte e da literatura do passado, um gosto refinado por esse conhecimento,
e um espírito judicioso e imparcial. Qualquer coisa menos do que isto é fatal ao verdadeiro jogo das faculdades
críticas. (...)
Quão competente é, porém, o crítico competente? Suponhamos que uma obra de arte profundamente
original surja diante de seus olhos. Como a julga ele? Comparando-a com as obras de arte do passado. Se for
original, afastar-se-á em alguma coisa — e, quanto mais original, mais se afastará — das obras de arte
do Passado. Na medida em que o fizer, parecerá não se conformar com o cânone estético que o crítico
encontra firmado em seu pensamento. (...)
De todos os lados, ouvimos o clamor de que o nosso tempo necessita de um grande poeta. O vazio
central de todas as modernas realizações é uma coisa mais para se sentir do que para ser falada. Se o grande
poeta tivesse de aparecer, quem estaria presente para descobri-lo? Quem pode dizer se ele já não apareceu?
O público ledor vê, nos jornais, notícias das obras daqueles homens cuja influência e camaradagens tornaram-
nos conhecidos, ou cuja secundariedade fez que fossem aceitos pela multidão.

Fernando Pessoa. Fernando Pessoa – obras em prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986, p. 284-85.

7) Com relação a vocabulário e aspectos gramaticais do texto, julgue C ou E.

I. Seria mantida a correção gramatical do texto, caso fosse suprimido o acento indicativo de crase empregado
em “à aceitação na sua própria época” (l.2).
II. Na frase “Quais as qualidades que formam não o incidental, mas o crítico competente?” (l.5-6), o emprego
da palavra de realce “que” e a oposição estabelecida por “não..., mas” são recursos de ênfase.
III. Pelo desenvolvimento das ideias do texto, verifica-se que a referência do sujeito elíptico de todas as orações
do período iniciado por “Se for original” (l.10-12) corresponde à expressão “o crítico competente” (l.9).
IV. O emprego do pronome “nos”, no segmento “tornaram-nos conhecidos” (último período), evidencia que o
autor do texto se inclui entre os homens “aceitos pela multidão”.

8) Complete as lacunas adequadamente com uma das formas a seguir: a, à, as, às.

a) Estendeu o passeio Copacabana, Ipanema e Gávea.


b) Aguardo-o desde nove horas, e só poderei esperá-lo até dez.
c) Chegou casa dos sessenta esbelto, custa de regimes.
d) tardinha, voltou casa e descansou antes de ir festa.
e) De hoje uma semana voltarei enfim terra onde nasci.
f) Chegando tradicional Roma, sentiu-se vontade para entregar-se contemplação de tão
belos monumentos.
g) Agora poderás revelar qualquer pessoa o segredo que há tempos só ti confiei.
h) Preferiu a Faculdade de Campinas Gama Filho.
i) A joia pertencia Helena.
j) Até velhinha caiu seus pés, suplicando-lhe ajuda necessária.
k) Semana semana, os meses vão passando.
l) propósito de Machado de Assis, disse Rui Barbosa que poetava Camões e que sua prosa se
assemelha de Frei Luís de Sousa.
m) Tinha aversão festas, e por isso saiu francesa.
n) O mobiliário do palácio era todo Luís XV; o que mais me agradou, porém, foram os quadros
óleo.
o) Fazendo vezes da dona de casa, saía-se ele, vezes, mil maravilhas.
p) Não dê ouvidos suas palavras nem suas ameaças: elas se devem uma irritação que não
tarda passar.
q) Não se negue alimento quem tem fome.

► CACD 2005 – Texto VIII


circum-lóquio
(pur troppo non allegro)
sobre o neoliberalismo terceiro-mundista

7.
1 o neoliberal 13 bunker blau
sonha um admirável durando para sempre – festa
mundo fixo estática
4 de argentários e multinacionais 16 (ainda que sustente sobre
terratenentes terrapotentes fictas
coronéis políticos palafitas
7 milenaristas (cooptados) do 19 e estas sobre uma lata
perpétuo de lixo)
status quo:
10 um mundo privé
palácio de cristal Haroldo de Campos. Poema
à prova de balas: inédito. In: Folha de S. Paulo, 12/6/1998.

9) Com base na análise do vocabulário da estrofe transcrita no texto, julgue (C ou E) os itens a seguir
(adaptada).

I. A Poesia Concreta foi o movimento literário que acendeu a consciência plástica da linguagem poética, nas
dimensões sonora e visual.
II. O autor utiliza os seguintes estrangeirismos: “terratenentes”, “status quo”, “privé”, “bunker blau” e “fictas”, que
deveriam ter sido obrigatoriamente escritos em itálico.
III. Nos versos 2 e 3, “sonha um admirável / mundo fixo”, a posição dos adjetivos que modificam o substantivo
“mundo” é evidência de que a ordem das palavras na oração diz respeito à sintaxe e também à semântica.
Caso se alterasse a ordem (sonha um mundo / admirável fixo), haveria significativa mudança de sentido.
IV. A composição por justaposição, como processo de formação de palavras, prevalece no texto, tendo como
exemplos: “neoliberal”, “multinacionais”, “terratenentes” e “terrapotentes”.

► CACD 2013 – Questão 12


Conta Darcy Ribeiro (1996) que, entre os Índios Urubu-Kaapor, a Cobra Grande engolia muita gente e
precisou ser morta. “Antes de morrer, teve um sobressalto. Se levantou, subiu e foi bater no céu. Ficou lá a
sombra dela. É a Via Láctea, que até hoje a gente vê. Depois, caiu lá de cima, com grande barulho. Veio bater
no chão, acabou com a mata toda naquele lugar; só deixou um buraco. Agora é o mar Parana-Ramiu.” Darcy,
com o jeito que lhe era característico, exclama: “Não é uma beleza? Aqui, o sangue de uma Cobra gigantesca
deu origem à Via Láctea e ao Avô-Mar!”
Lux Vidal. A Cobra Grande: uma introdução à cosmologia dos povos indígenas do Uaçá e Baixo Oiapoque – Amapá.

10) Julgue (C ou E) os itens seguintes, relativos a aspectos gramaticais do texto acima.

I. Sem alteração de informação, o primeiro período do texto poderia ser reescrito da seguinte forma: Entre os
índios Urubu-Kaapor, contou, em 1996, Darcy Ribeiro que a cobra-grande, porque engolia muita gente,
morreu.
II. A referência do sujeito elíptico da oração ‘É a Via Láctea’ (l.3) é a expressão ‘a sombra dela’ (l.2-3), que
funciona como sujeito da oração ‘Ficou lá a sombra dela’ (l.2-3).
III. Sem que se contrariasse a informação original do texto, o pronome ‘toda’ na expressão ‘com a mata toda’
(l.4) poderia estar anteposto ao substantivo de duas formas: com toda a mata; com toda mata.
IV. A oração ‘Não é uma beleza?’ expressa uma pergunta retórica que corresponde à frase exclamativa É uma
beleza!, sendo o advérbio de negação empregado como termo de realce na sentença interrogativa.
GABARITO:

1–EEEC
2–CECC
3 – letra B
4–ECEE
5–CCCE
6–CECC
7–CCEE
8–
a) Estendeu o passeio _a_ Copacabana, _a_ Ipanema e _à_ Gávea.
b) Aguardo-o desde _as_ nove horas, e só poderei esperá-lo até _as/às_ dez.
c) Chegou _à_ casa dos sessenta esbelto, _à_ custa de regimes.
d) _À_ tardinha, voltou _a_ casa e descansou antes de ir _à_ festa.
e) De hoje _a_ uma semana voltarei enfim _à_ terra onde nasci.
f) Chegando _à_ tradicional Roma, sentiu-se _à_ vontade para entregar-se _à_ contemplação de tão belos
monumentos.
g) Agora poderás revelar _a_ qualquer pessoa o segredo que há tempos só _a_ ti confiei.
h) Preferiu a Faculdade de Campinas _à_ Gama Filho.
i) A joia pertencia _a/à_ Helena.
j) Até _a_ velhinha caiu _a_ seus pés, suplicando-lhe _a_ ajuda necessária.
k) Semana _a_ semana, os meses vão passando.
l) _A_ propósito de Machado de Assis, disse Rui Barbosa que poetava _à_ Camões e que sua prosa se
assemelha _à_ de Frei Luís de Sousa.
m) Tinha aversão _a_ festas, e por isso saiu _à_ francesa.
n) O mobiliário do palácio era todo _à_ Luís XV; o que mais me agradou, porém, foram os quadros _a_ óleo.
o) Fazendo _as_ vezes da dona de casa, saía-se ele, _às_ vezes, _às_ mil maravilhas.
p) Não dê ouvidos _a/às_ suas palavras nem _a/às_ suas ameaças: elas se devem _a_ uma irritação que não
tarda _a_ passar.
q) Não se negue alimento _a_ quem tem fome.

9–CECC
10 – E C C C

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