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São Paulo-SP
Outubro de 2022
SUMÁRIO
OBJETIVO 1
Resumo................................................................................................................................3
Material e
métodos..............................................................................................................5
Resultados.........................................................................................................................12
Discussão..........................................................................................................................29
OBJETIVO 2
Resumo..............................................................................................................................36
Material e
métodos............................................................................................................38
Resultados e Discussão...................................................................................................43
CONCLUSÃO.....................................................................................................................57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................57
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OBJETIVO 1. AVALIAÇÃO FUNCIONAL DO RECEPTOR P2Y2 EM MODELO
ANIMAL DE DOENÇA DE ALZHEIMER ESPORÁDICA.
Resumo
Com o aumento progressivo da expectativa de vida, as doenças associadas ao
envelhecimento estão se tornando um grande problema de saúde pública mundial.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o número de pessoas acima de
60 anos de idade chegou à marca de 1 bilhão em 2019, sendo previsto atingir 1.4
bilhão em 2030. A demência é uma síndrome decorrente da deterioração das
funções cognitivas sendo o principal fator de risco o envelhecimento. A doença de
Alzheimer (DA) é o tipo mais frequente de demência, correspondendo cerca de
70% a 80% dos casos. Considerando que o principal fator de risco para a AD é o
envelhecimento, na ausência de uma estratégia de cura ou prevenção, sua
incidência deve progressivamente aumentar nos próximos anos. Deste modo,
estudos relacionados ao entendimento de fatores que contribuem para o
surgimento ou a prevenção da DA são necessários para o desenvolvimento de
métodos de tratamento mais assertivos. Os receptores purinérgicos, em particular
o receptor P2Y2, tem sido apontado como possível alvo para o tratamento dessa
doença. A regulação da atividade desses receptores é associada aos efeitos
neuroprotetores, melhora cognitiva e redução dos depósitos de proteína β-
amiloide. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar a expressão e função
na modulação sináptica dos receptores P2Y2 no hipocampo de camundongos
senescence-accelerated mouse prone - 8 (SAMP-8), animais que apresentam
envelhecimento acelerado e aspectos característicos da DA. Para isso, avaliamos
o comportamento exploratório e aspectos cognitivos de memória em animais com
7-8 meses de idade, confrontados com dados comportamentais do seu respectivo
controle, senescence-accelerated mouse resistent - 1 (SAMR-1), com idade
correlata. Além disso, avaliamos a comunicação sináptica hipocampal utilizando
registros de campo local e coletamos materiais biológicos para técnica de imuno-
histoquímica e Western blot, destinado à caracterização da expressão do receptor
P2Y2 no hipocampo e proteínas e/ou expressão de genes associados a patologia.
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Neste período, realizamos a padronização de anticorpos referentes ao receptor
P2Y2, assim como marcadores histopatológicos da DA em hipocampo de animais
SAMP-8. No intuito de avaliar características neuronais específicas por meio de
registro intracelular de fatias de animais com idade avançada, demos início à
padronização de métodos de aprimoramento para obtenção de fatias viáveis para
eletrofisiologia usando soluções com base de NMDG. Além disso, iniciamos a
investigação da modulação sináptica do receptor P2Y2 na comunicação sináptica
hipocampal utilizando o agonista 2-thio-UTP. Nossos resultados demonstraram
que a ativação desse receptor promove uma redução na sinalização sináptica e
uma redução da potenciação a longo prazo (LTP) hipocampal. Esses resultados
podem indicar um possível mecanismo neuroprotetor apontado em trabalhos
anteriores.
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biomoléculas que estarão finalizadas em breve. Os métodos utilizados para gerar
os resultados apresentados neste relatório estão descritos a seguir.
Material e métodos
Modelos animais
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gravado e analisado off-line. Foram avaliados fatores como a distância explorada,
velocidade média, imobilidade, e exploração do centro e da área periférica.
Reconhecimento de objeto
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adicionamos 150g de leite em pó, tornando o líquido turvo e incapacitando o
animal de visualizar a plataforma submersa (fase de treinamento, training; e fase
reverse). A água misturada ao leite foi mantida a 23±2 °C e substituída
diariamente. Nos treinos da fase training, na fase reverse e no probe, o animal foi
posicionado gentilmente de frente para a parede do tanque. Este experimento foi
realizado por 10 dias. Antes da fase de treinamento, realizamos o pré-treino com
quatro sessões, em que a plataforma foi posicionada em uma região diferente a
cada tentativa (trial) e o animal colocado no tanque em regiões aleatórias. Durante
o pré-treino (pre-training), a plataforma foi colocada 1cm acima da superfície da
água, com um objeto colorido posicionado sobre a plataforma fara facilitar sua
localização. Durante a fase de treino (training), que consiste em quatro dias
consecutivos de treino, a plataforma foi posicionada 1cm abaixo da superfície da
água, na posição SE. Durante essa fase, os animais foram colocados em posições
distintas do tanque (NE, N, NO, O ou SO) de forma aleatória. Foram realizadas
quatro tentativas (trials) de até 60 segundos com 20 minutos de intervalo, por cada
dia de treino. Após 48h do último dia de treino, realizamos o probe, em que a
plataforma foi retirada e foi realizada uma tentativa com o animal, dessa vez
iniciando na região oposta ao local de onde a plataforma era posicionada durante
a fase de treino. No teste reverse, iniciado 24h depois do teste probe, a plataforma
foi movida para a região oposta (NO) e foi repetido o protocolo de treino (quatro
trials diários de até 60 segundos com intervalo de 20 minutos por quatro dias
consecutivos). Durante a fase de pré-treino, training e reverse os camundongos,
ao encontrarem ou não a plataforma, foram mantidos por 10 segundos sobre a
plataforma. Nos casos em que os animais não encontraram a plataforma após os
60 segundos de treino, os camundongos foram colocados gentilmente na
plataforma. Após o treino, os animais foram secos e colocados próximo à fonte de
calor por cerca de 1 minuto. Todos os experimentos foram gravados para análise
off-line. Durante a fase training e na fase reverse, avaliamos o tempo que o animal
necessitou para encontrar a plataforma (latência, em segundos). Para fase de
probe, avaliamos o tempo que o animal necessitou para encontrar a região onde
estava a plataforma na fase de treino (target zone- TZ), o número de entradas na
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mesma região (entradas em TZ) e o tempo de permanência na TZ (latência na
TZ). Avaliamos o tempo que cada animal utilizou para encontrar a plataforma
como parâmetros. Agrupamos as tentativas do primeiro e segundo dia da fase de
treino e da fase reverse, e comparamos com os últimos dias da respectiva fase (1°
e 2° dia- early learning; 3° e 4° dia- late learning) e calculamos o índice de
aprendizado (learning index) que consiste na relação entre a performance no início
e final da fase de treinamento e reverse (Late learning - early learning)/(Early
learning + Late learning).
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de encéfalos foram coletadas e acondicionadas em solução artificial cérebro-
espinhal (aCSF) composto de (em mM) 126 de NaCl, 26 NaHCO 3; 2,5 KCl; 1,25
NaH2PO4; CaCl2; 2 MgCl2.6H20; 10 D-glicose, perfundido continuamente com
carbogênio e mantidas em temperatura ambiente. Antes de serem submetidas aos
registros eletrofisiológicos, foi realizado um corte entre a região de CA3 e CA1, e
posteriormente as fatias foram mantidas por 1-2h em temperatura ambiente
(~25°C).
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ajustado a 7.3-4 e saturado com carbogênio a temperatura ambiente. As fatias
foram mantidas nessa solução por, pelo menos, 1h antes do início dos registros.
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pareado. ANOVA de duas vias foi aplicada para os registros com variação de
intensidade de corrente (corrente-resposta) e para avaliação do PPR em
diferentes condições.
Imuno-histoquímica
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Anticorpo Concentração Marca (N Cat.)
Tau fosforilada 1:1000 Sigma (T6819)
GFAP 1:1000 Sigma (G3893)
P2Y2 1:200 Alomone (APR -010)
Resultados
Campo aberto
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Fig. 1. Teste de campo aberto em animais SAMP-8 e SAMR-1. (A) Esquema da arena
adotada para realização do teste de campo aberto. O círculo central representa 30% da
área total da arena, adotada como centro (center), sendo a área restante considerada
periférica. (B) Distância explorada pelos animais SAMP-8 (barras laranjas) e SAMR-1
(barras azuis) durante 10 minutos. (C) Velocidade média dos animais SAMP-8 e SAMR-1.
(D) Tempo de imobilidade e (E) número de eventos de imobilidade dos camundongos de
ambos os grupos. (F) Exemplo de percurso e latência (mapa de calor) adotado por um
animal SAMR-1 e SAMP-8. (G-H). Número de entradas na área central e na área
periférica. (I-J) Tempo em que os animais permaneceram na área central (J) ou periférica
(J). (K) Razão entre o tempo expendido no centro sobre o tempo expendido na periferia.
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Barras representam as médias com erro padrão. Pontos representam a média obtida pela
performance de cada animal. *p<0001 em teste T não-pareado. SAMP-8 n=16 e SAMR-1
n= 21).
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Fig. 2. Teste de reconhecimento de objetos. (A) Esquema do protocolo aplicado. No
primeiro dia (habituation) o animal interage com dois objetos iguais (Objetos A1 e A2).
Após 1h (test 1), um dos objetos é substituído por um novo objeto (objeto B). 24h depois,
o objeto B é substituído por um novo objeto (test 2, objeto C). (B) Tempo de exploração
dos objetos A1 e A2 durante a habituação. (C) Tempo de exploração dos objetos A e B,
apenas A e apenas B. (D) Razão entre o tempo de exploração do objeto B e o tempo total
de exploração de ambos os objetos (A+B). (E) Tempo de exploração dos objetos A e C, A
ou apenas C. (F) Razão entre o tempo de exploração do objeto C e o tempo total de
exploração de ambos os objetos (A+C). Barras azuis representam as médias e erro
padrão dos animais SAMR-1. Barras laranjas representam médias e erro padrão dos
animais SAMP-8. Os pontos no gráfico representam a média de cada animal utilizada na
análise. * p<0.05 em teste T não-pareado. SAMR-1, n= 21; SAMP-8, n= 16.
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Labirinto aquático de Morris
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Fig. 3. Animais SAMP-8 apresentam melhor performance no Labirinto aquático de
Morris. (A) Esquema do Labirinto aquático de Morris e o desenho experimental adotado.
O teste consiste na fase de pré-treino, fase de treinamento, fase probe e fase reverse.
Durante a fase de treinamento e a fase reverse é utilizada uma plataforma submersa. Na
fase probe essa plataforma é removida. (B) Exemplos do percurso adotado pelos animais
SAMR-1 e SAMP-8 nos quatro treinos (trials) do primeiro dia da fase de treinamento.
Média da latência de cada grupo em cada trial e em cada dia da fase de training (C) e
reverse (G). Análise do aprendizado inicial (early learning) e o aprendizado tardio (late
learning) entre SAMP-8 e SAMR-1 da fase training (D) e da fase reserse (G). Índice de
aprendizado (learning index) na fase training (E) e da fase reverse (H). Tempo para
encontrar a área-alvo (target zone, TZ), tempo dentro da TZ e número de entradas na TZ.
Barras azuis representam as médias com erro padrão do grupo SAMR-1. Barras laranjas
representam as médias com erro padrão do grupo SAMR-1. Os pontos representam
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informações sobre as amostras individuais. * p<0.05 em teste T não-pareado ou ANOVA
de duas vias. SAMR-1, n= 7; SAMP-8, n= 9.
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Fig. 4.Avaliação sináptica hipocampal dos animais SAMR-1 e SAMP-8. (A) Exemplo
de fatia de hipocampo proveniente de animal SAMR-1 com mais de 7 meses de idade. Os
eletrodos de registro e de estímulo estão localizados no stratum radiatum de CA1
(estímulo- proximal a CA3; registro- proximal ao subículo). (B) Traços representativos do
fEPSP deflagrado por corrente com intensidade de 200% e 400% do estímulo mínimo em
hipocampo de animais SAMP-8 e SAMR-1. (C) Gráfico da inclinação dos fEPSPs obtidos
com diferentes intensidades de corrente. (D) Traços representativos de animais SAMR-1
e SAMP-8 deflagrados com estímulos com intervalo de 50 ms. Note a resposta acentuada
do segundo pulso em relação ao primeiro. (E) Gráfico da razão entre os valores de
inclinação de fEPSP do segundo e primeiro pulso (P2/P1) obtidos com pulsos
consecutivos com diferentes intervalos (PPR, paired-pulse ratio). Círculos azuis
representam a média com erro padrão dos valores de SAMR-1. Círculos laranjas
representam a média com erro padrão dos valores de SAMP-8. *p<0.01 em ANOVA de
dias vias com pós-teste de Sidak.
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intensa em relação aos animais SAMR-1 (figura 5-G, SAMR-1 vs. SAMP-8,
amplitude e inclinação P<0.0.5 em teste-T não pareado).
Fig. 5. Indução de LTP por HFS em hipocampo de SAMR-1 e SAMP-8. (A, C) Gráfico
respectivo a inclinação (A- slope) e amplitude (C- peak) dos fEPSPs registrados antes e
após a indução HFS em hipocampos de SAMR-1. Os fEPSPs foram normalizados pela
média da inclinação ou amplitude da resposta sináptica. (B) Gráfico respectivo a
inclinação (B- slope) e amplitude (D, peak) dos fEPSPs registrados antes e após a
indução HFS em hipocampo de SAMP-8. Os fEPSPs foram normalizados pela média da
inclinação ou amplitude da resposta sináptica. Traços representativos de fEPSPs antes
(preto) e após a indução HFS (vermelho) de animais SAMR-1 (círculo azul) e SAMP-8
(círculo laranja). (E-F) Sobreposição dos gráficos de inclinação (E) e amplitude (F) do
SAMR-1 (círculos azuis) e SAMP-8 (círculos laranjas). (G) Média dos 5 minutos finais dos
valores normalizados da inclinação (slope) e amplitude (peak) após a indução. Barras
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azuis representam a média com erro padrão dos valores obtidos de SAMR-1. Barras
laranjas representam a média com erro padrão dos valores obtidos de SAMP-8. ***
p<0.0001, *p<0.05 em teste-T não pareado
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e de estimulação (proximal a CA3) são posicionados no SR de CA1. As fatias são
transeccionadas entre a região CA3 e CA1 para diminuir a reposta reverberante dos
neurônios de CA3, resultando em uma menor resposta pré-sináptica em relação ao
fEPSP (fiber volley, fb). (B) Exemplo de traços obtidos com estimulação de 80 µA e 100
µA em condições controle e sob efeito do 2-thio-UTP 5 µM. (C) Gráfico da inclinação dos
fEPSPs obtidos com diferentes intensidades de corrente em condições controle e sob
efeito do 2-thio-UTP. (D) Gráfico da amplitude de fEPSPs obtidos com diferentes
intensidades de corrente em condições controle e sob efeito do 2-thio-UTP. Círculos
pretos (controle) e círculos cinza (2-thio-UTP) representam a média e as barras
representam o erro-padrão (N=6, P>0.05 em ANOVA de duas vias). (E) Valores das
médias e o erro-padrão do declínio (slope) e amplitude de fatias controle e sob ação de 2-
thio-UTP.
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Fig. 7. Modulação sináptica promovida pelo receptor P2Y2. (A) Exemplo de fatia
hipocampal de animal com 166 dias de idade submetido a avaliação do papel do receptor
P2Y2 na modulação sináptica. Eletrodo de registro e de estimulação posicionados no
stratum radiatum de CA1. (B) Exemplo de traços respectivos à resposta sináptica evocada
na região CA1 em condições basais (preto) e sob efeito do agonista 2-thio-UTP (5 µM).
(C) Gráfico da média de inclinação (slope) (D) e do pico de amplitude de fEPSPs
evocados em fatias de hipocampo em condições controle
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inclinação: 133 ± 37%, P=0.36; amplitude: 110 ± 36%, P=0.74, Teste-T pareado).
Análises comparando a amplitude e inclinação dos fEPSPs nos 5 minutos finais
após a indução, demonstraram diferenças entre a resposta a potenciação
sináptica sem e com a presença do 2-thio-UTP (Fig. 8 F, controle vs. 2-thio-UTP,
inclinação: P=0.024, amplitude: P=0.0015, teste-T não-pareado)
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fEPSPs foram normalizados pela média da inclinação da resposta sináptica (C) ou pelo
pico de amplitude (D) obtidos durante condições basais. (E) Traços representativos da
resposta sináptica obtidos durante a primeira e a quarta estimulação de alta frequência
(quatro trens de 100 pulsos em 1 segundo, com intervalos de 20 segundos). Nota-se uma
reposta sináptica aumentada entre a primeira e quarta indução. Esta resposta é
proeminente em fatias controle comparadas com fatias expostas ao 2-thio-UTP. (F)
Gráfico das médias da inclinação e da amplitude dos fEPSPs dos 5 minutos finais após a
indução sem (controle) e na presença de 2-thio-UTP. *P<0.5 em teste-T não pareado.
Barras representam erro-padrão.
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Fig. 9- Imunomarcação da proteína TAU fosforilada (p-TAU) em tecido hipocampal
de animais SAMP-8. (A) Corte coronal encefálico contendo a região hipocampal de
animal com 6 meses de idade. (B) Hipocampo dorsal com suas diferentes sub-regiões
(CA1, CA3 e giro denteado- DG). (c) Região CA1 de animal de 6 meses marcada com
anticorpo para TAU fosforilada. (d) Região CA3 de animal de 6 meses marcada. (e)
Região do giro denteado animal de 6 meses. (F-G) Hipocampos em corte coronal de
animal SAMP-8 com 9 meses de idade marcadas para proteína TAU fosforilada. (h)
Região CA1 de animal de 9 meses marcada com anticorpo para TAU fosforilada. (i)
Região CA3 de animal de 9 meses marcada. (e) Região do giro denteado animal de 9
meses. Nota-se um acúmulo de p-TAU em todas as regiões hipocampais, sendo mais
expressivo o aumento no DG. SO- stratum oriens, SP- stratum pyramidale, SR- stratum
radiatum, SL- stratum lucidum, GCL- camada de células granulares. Barras de escala = 1
mm e 50 µm.
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proteína GFAP em diferentes áreas do cornu ammonis (CA1, CA2 e CA3) e do
DG.
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neuronais (neuritos), não apenas no hipocampo, mas em outras regiões corticais e
subcorticais.
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Sendo assim, iniciamos testes utilizando soluções com base em NMDG
adaptados de estudos publicados na última década (Ting, Daigle, Chen, & Feng,
2014; Ting et al., 2018). Nossos resultados iniciais demonstraram que o método
promove uma melhora significativa na qualidade dos neurônios hipocampais e
corticais permitindo o registro intracelular por patch-clamp (Fig. 11).
Fig. 12. Fatias encefálicas de animais adultos obtidas por soluções com base de
NMDG. (A) Fatia de hipocampo de animal com 160 dias de idade. (B) Fatia de hipocampo
de animal adulto obtida com solução de corte com base em sacarose. Células com
volume aumentado na SP de CA1, células não viáveis para registro intracelular (#). (C)
Fatia de hipocampo de animal adulto obtida com solução de corte com base em NMDG. A
fatia apresenta neurônios piramidais na região CA1 viáveis para registros intracelulares
(*). (D-E) Registro de potenciais de ação obtidas por meio de injeção de corrente (step =
210 pA, ramp = 25uA a cada 200 final) em neurônio piramidal da região CA1 de corte
obtido com solução NMDG. (F) Registro de 4 EPSPs evocados por estimulo de quatro
pulsos (10 Hz) com eletrodo posicionado em SR de CA1 (via CS).
Discussão
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proteína amiloide, hiperfosforilação da proteína TAU, disfunção vascular
encefálica, estresse oxidativo e neuroinflamação crônica (Bejanin et al., 2017;
Hong et al., 2020; Miras-Portugal et al., 2015). O estudo dos mecanismos que
desencadeiam o surgimento dessas alterações é de estrema importância para a
compreensão da patologia. Entretanto, grande parte dos estudos sobre a DA
utilizam animais com alterações em genes específicos, o que contribui de forma
eficiente para o entendimento da função dos mesmos na DA. Porém, esses
métodos de investigação apresentam algumas limitações, já que grande parte das
patologias que acometem o encéfalo (ex. DA esporádica) provem de alterações
multifatoriais (Ito, 2013).
Desta forma, os modelos animais que apresentam o surgimento
espontâneo da DA podem auxiliar a forma predominante da doença em humanos.
Os animais senescence-accelerated mouse prone- 8 (SAMP-8) apresentam
grandes partes da característica da DA esporádica. Esses animais são
provenientes dos animais SAM (senescence-accelerated mouse), que foram
desenvolvidos na Universidade de Kyoto a partir da seleção de animais que
apresentavam envelhecimento acelerado, identificados a partir da colônia de
camundongos AKR/J e utilizados na investigação de tipos de câncer. O
cruzamento selecionado desses animais originou 12 diferentes subtipos de
animais senescence-accelerated mouse prone (SAMP) e senescence-accelerated
mouse resistant (SAMR), classificados de acordo com o fenótipos patológicos
que apresentam (Akiguchi et al., 2017).
A linhagem SAMP-8 apresenta alterações neurobiológicas precoces
relacionadas à senescência do sistema nervoso central, incluindo o déficit na
aprendizagem e memória, desordem emocional, resposta imune deficitária,
alteração no ritmo circadiano, aumento do estresse oxidativo, superprodução da
APP, acúmulo de proteína Aβ e hiperfosforilação da proteína TAU. Devido à essas
características, esses animais vem sendo adotados como modelo para DA
(Akiguchi et al., 2017; Liu, Liu, & Shi, 2020; Morley, Armbrecht, Farr, & Kumar,
2012; Morley, Farr, Kumar, & Armbrecht, 2012). Além disso, possuem alterações
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nos níveis do ApoE e presilina-2 no hipocampo, genes relacionados aos fatores de
risco para a DA esporádica (Wei, Zhang, & Zhou, 1999).
As alterações associadas a DA surgem progressivamente nos animais
SAMP-8, sendo evidenciadas alteração aberrantes na expressão gênica,
degeneração esponjosa, estresse oxidativo e hiperfosforilação da TAU
evidenciada nos primeiros 3 meses de idade. Alterações cognitivas,
neuroinflamação, depósitos de Aβ, redução da plasticidade sináptica e alterações
morfológicas neuronais são evidenciados entre o 4° e o 8° mês de vida desses
animais (Liu et al., 2020; Taniguchi, Mizuno, Kuwahara, & Ito, 2015).
Desta forma, para definirmos o modelo SAMP-8 como modelo de AD,
iniciamos testes comportamentais com animais SAMP-8 e SAMR-1 com idades
entre 7 e 8 meses de idade. Nossos dados demonstram que os animais SAMP-8
exploram menos a arena no teste de campo aberto, apresentando maior
quantidade de eventos de imobilidade. Além disso, esses animais exploram mais a
área central do que seu respectivo controle, os animais SAMR-1. Em conjunto,
esses resultados indicam que os animais SAMP-8 são menos ansiosos e menos
ativos. Estudos anteriores demonstraram que os animais SAMP-8 apresentam
anormalidades comportamentais antes do declínio cognitivo. Dentre essas
alterações está uma redução da ansiedade e a hiperatividade em relação aos
animais SAMR-1 (Markowska, Spangler, & Ingram, 1998; Miyamoto, Kiyota,
Nishiyama, & Nagaoka, 1992; Sawano, Negishi, Aoki, Murakami, & Tashiro, 2013).
Para avaliar a capacidade de memória e aprendizagem dos animais SAMP-
8, utilizamos o teste de reconhecimento de objetos e o Labirinto aquático de
Morris. O teste de reconhecimento de objetos consiste em um ensaio simples da
capacidade de memória baseada no comportamento inato dos roedores de
exploração, não havendo a necessidade de aplicação de regras ou indutores
externos. Assim, a memória do animal é mensurada a partir do tempo de
exploração do objeto novo em relação ao objeto familiar (Antunes & Biala, 2012).
Esse método é amplamente adotado na pesquisa básica em diferentes modelos
de DA (Bengoetxea, Rodriguez-Perdigon, & Ramirez, 2015). Nossos resultados
não apontaram diferenças no tempo de exploração entre os objetos novos e os
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objetos familiares, tanto para os SAMP-8 quanto para os SAMR-1 nos testes
realizados (1h e 24h após a habituação). Apesar disso, observamos um maior
tempo de exploração dos objetos pelos SAMP-8 em relação aos animais controle.
Estudos anteriores reportaram a capacidade alterada de discriminação entre
objetos novos e objetos familiares entre SAMP-8 e SAMR-1 com idades de 6 e 9
meses (Dobarro, Orejana, Aguirre, & Ramirez, 2013). Devido à indiscriminada
exploração entre os objetos utilizados no teste, iremos otimizar o ensaio adotando
objetos mais atrativos para os animais e aprimorando o protocolo adotado.
Apesar do teste de reconhecimento ser inconclusivo sobre os aspectos
cognitivos dos animais SAMP-8 e SAMR-1, nossos dados referentes ao Labirinto
de Morris demonstraram que os animais SAMP-8 apresentam uma melhor curva
de aprendizagem em relação aos animais SAMR-1. O Labirinto aquático de Morris
é considerado um método efetivo para o estudo da memória espacial, que
corrobora com os mecanismos de plasticidade sináptica hipocampal e a função do
receptor NMDA (Tian et al., 2019; Vorhees & Williams, 2006).
Com esse intuito, investigamos a função sináptica hipocampal dos animais
SAMP-8 e SAMR-1 por meio da estimulação dos axônios dos neurônios piramidais
de CA3, que se projetam para a arborização dendrítica apical dos neurônios
piramidais de CA1 (via colateral de Schaffer). Nossos resultados demonstraram
que a capacidade de transmissão sináptica é mais eficiente em animais SAMP-8,
quando comparadas com os animais SAMR-1. Essa eficiência, por sua vez, é
determinada por mecanismos pós-sinápticos, já que não observamos alterações
no teste de pulso-pareado. Além disso, demonstramos que a potenciação de longo
prazo (LTP) induzida por estímulo de alta frequência (100 pulsos a 100Hz
aplicados quatro vezes, HFS) em fatias hipocampais de animais SAMP-8
apresenta maior amplitude em relação a dos animais SAMR-1.
Em conjunto, esses resultados demonstraram que o animal SAMR-1
apresenta déficits cognitivos mais severos do que os observados pelos animais
SAMP-8, com possível base em alterações na circuitaria hipocampal. Apesar de
um grande número de estudos apontarem os animais SAMR-1 como controle para
o SAMP-8, alguns trabalhos expõem possíveis problemas na utilização dessa
33
linhagem para tal propósito (Armbrecht et al., 2015). O distanciamento genético
progressivo entre as duas linhagens devido as múltiplas gerações desde sua
concepção, pode gerar diferenças significativas entre as linhagens e promover o
surgimento de sub-linhagens com características distintas. Deste modo, Armbrecht
et al (2015) adota um modelo híbrido entre animais SAMP-8 e CD-1, os quais não
apresentam déficits cognitivos. Sendo assim, iremos avaliar a utilização de outra
linhagem (ex. híbrida) para substituir os animais SAMR-1.
Além da avaliação comportamental e dos mecanismos sinápticos
hipocampais, iniciamos a padronização da técnica de imuno-histoquímica para
marcadores histopatológicos da DA em tecido de animais SAMP-8, a p-TAU
(serina 1999/202) e a proteína astroglial GFAP. Além disso, utilizamos tecido de
animais SAMP-8 para avaliar a presença e distribuição dos receptores P2Y2 no
hipocampo desses animais.
Nossos experimentos preliminares indicaram um aumento progressivo da p-
TAU nos animais SAMP-8. A marcação abundante dessa proteína foi identificada
nas diferentes regiões hipocampais em tecido de animais com 6 e 9 meses de
idade, porém com um aumento aparente no tecido de animais com 9 meses de
idade. Em condições fisiológicas, a proteína TAU atua na estabilização de
microtúbulos axonais. Na DA essa proteína se torna hiperfosforilada formando
emaranhados neurofibrilares e perde sua função fisiológica, contribuindo para
morte neuronal (Mandelkow & Mandelkow, 1998).
A imunomarcação para GFAP contribui para o entendimento de processos
neuroinflamatórios característicos da DA (Hauss-Wegrzyniak, Dobrzanski, Stoehr,
& Wenk, 1998). O GFAP constitui o principal filamento intermediário em
astrocitário, podendo, portando, ser um marcador de astrócitos. Em condições
patológicas os astrócitos se tornam reativos promovendo um aumento na
expressão de GFAP. Nessas condições, esse tipo celular altera suas funções e
seu fenótipo participando da progressão da DA (Jain, Wadhwa, & Jadhav, 2015).
Em cortes coronais de hipocampo de animais SAMP-8 com 6 meses de idade,
identificamos imunomarcação abundante do GFAP na região de CA1 e do DG.
Estudos anteriores utilizando o modelo de SAMP-8 identificaram o aumento de
34
GFAP no hipocampo quando comparados com animais SAMR-1, após 5 meses de
idade. Entretanto, não foram observadas alterações no número de astrócitos,
indicando que as alterações foram atribuídas ao aumento da reatividade astroglial
(Nomura et al., 1996; Sawano et al., 2013).
Por sua vez, a imunomarcação para os receptores P2Y2 foi identificada em
todas as regiões hipocampais dos animais SAMP-8 com 6 meses de idade.
Nossos testes iniciais demonstraram que o P2Y2 encontra-se no soma e em
processos neuronais, como verificado previamente em estudos in vitro com células
N2a (Miras-Portugal et al., 2015). Apesar de trabalhos anteriores reportarem a
presença do receptor P2Y2 na região do hipocampo e do cerebelo, esses artigos
não apresentam resultados de imuno-histoquímica (Weisman et al., 2012;
Weisman et al., 2005).
Alguns estudos indicam que a modulação da expressão e dos níveis de
atividade dos receptores P2Y2 pode contribuir para a diminuição dos processos
patológicos da DA. Estudos in vivo e in vitro têm demonstrado que a expressão e
ativação dos receptores P2Y2 está envolvida em mecanismos neuroprotetivos. A
redução desse do P2y2 foi identificada no córtex parietal em encéfalos post-
mortem de pacientes diagnosticados com DA. Essa redução da expressão foi
correlacionada com a perda sináptica e o score neuropatológico da DA (Lai et al.,
2008). A ativação do receptor P2Y2 promove o aumento do processamento não
amiloidogênica da proteína precursora amiloide (APP) pela α-secretase, além de
aumentar a captação e degradação da proteína β-amiloide (Aβ) por microglias
(Kim et al., 2012; Kong et al., 2009). A deleção do receptor P2Y2 em animais
transgênicos utilizados como modelo para DA (camundongos TgCRND8),
apresenta diminuição da sobrevida (Ajit et al., 2014).
Apesar disso, pouco se sabe sobre a participação do receptor P2Y2 na
comunicação sináptica em áreas encefálicas afetadas pela DA e seu possível
envolvimento nos mecanismos neuroprotetores na DA. Sendo assim, iniciamos a
investigação da participação do receptor P2Y2 na comunicação sináptica
hipocampal em condições controle. Nossos resultados preliminares demonstraram
que a ativação do receptor P2Y2 pelo agonista seletivo 2-thio-UTP promove uma
35
diminuição da resposta pós-sináptica na região de CA1. Possivelmente, essa
redução é resultante de mecanismos pós-sinápticos, já que não observamos
alterações na liberação de neurotransmissores acessados pelas nossas análises
de pulso pareado.
Estudos anteriores utilizando fatias hipocampais de animais knockout (KO)
para o P2Y2 e terminais nervosos purificados de hipocampos de ratos
demonstraram que o P2Y2 regula negativamente a liberação de
neurotransmissores (Alhowail, Zhang, Buabeid, Shen, & Suppiramaniam, 2020;
Rodrigues, Almeida, Richardson, Oliveira, & Cunha, 2005). Deste modo, é
possível que a regulação aguda em relação à ausência permanente do receptor,
assim como a preservação das relações celulares do tecido hipocampal,
contribuam para que mecanismos pós-sinápticos sejam preponderantes.
Além disso, demonstramos que a capacidade de indução da LTP por meio
de estímulos consecutivos de 100 Hz no hipocampo de animais adultos (HFS) foi
reduzida sob a ativação do receptor P2Y2 via 2-thio-UTP. Desta forma, é possível
que a ativação dos receptores P2Y2 promova alterações pós-sinápticas que
envolvam as sinalizações necessárias para deflagração do LTP via HFS. As
sinapses excitatórias glutamatérgicas via receptor N-metill-d-aspartato (NMDAR)
são essenciais para a plasticidade sináptica induzida pela atividade de alta
frequência na interação sináptica entre CA3 e CA1 (Grover & Teyler, 1994; Kumar,
2011). Além disso, a atividade excessiva desses receptores promove
excitotoxicidade e morte celular pelo acúmulo de Ca +2 citosólico, um dos
mecanismos relacionados aos processos neurodegenerativos ocorridos na DA.
Assim, intervenções que promovam a redução da atividade do NMDAR em
condições patológicas poderiam auxiliar na redução da excitotoxicidade
glutamatérgica e redução da morte celular (Wang & Reddy, 2017).
Em conjunto, nossos resultados sobre a modulação purinérgica sugerem
que a ativação dos receptores P2Y2 desempenha um papel inibidor sobre a
atividade excitatória glutamatérgica do hipocampo. O agonista para esse receptor
reduz a resposta sináptica e os efeitos da LTP, limitando a excitabilidade das
populações neuronais do hipocampo. Dessa forma, a ativação do receptor poderia
36
reduzir processos tóxicos ligados à hiperexcitação que poderiam contribuir à
insurgência de doenças neurodegenerativas.
37
OBJETIVO 2. O PAPEL DO RECEPTOR P2Y2 NA NEUROGÊNESE EM
MODELO DE ALZHEIMER IN VITRO
Resumo
A doença de Alzheimer (AD) é uma doença neurodegenerativa progressiva que se
apresenta como a causa de demência mais prevalente em todo o mundo, estando
relacionada a 60-80% dos casos dessa comorbidade (DETURE; DICKSON, 2019)
caracterizada por distúrbios de memória, alterações de personalidade e raciocínio
prejudicado (KNOPMAN et al., 2021).
Essa prevalência tende a continuar aumentando juntamente ao aumento da
expectativa de vida, visto que o principal fator de risco para AD é o
envelhecimento e não há até o momento cura ou prevenção disponíveis (GÖTZ;
BODEA; GOEDERT, 2018; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2015).
As características moleculares que definem a AD são a presença de deposições
extracelulares do peptídeo β-amilóide (Aβ) na forma de placas e de emaranhados
neurofibrilares (NFTs) intracelulares de proteína tau hiperfosforilada (LONG;
HOLTZMAN, 2019). A neuroinflamação crônica é umas dos principais sinais
patofisiológicos da AD (KNOPMAN et al., 2021) e possui uma relação complexa
de causalidade com a deposição de Aβ e os NFT, com evidências sugerindo uma
ocorrência downstream à deposição de Aβ e uma ação paralela à deposição da
proteína tau levando aos processos neurodegenerativos (DAL PRÀ et al., 2015;
LONG; HOLTZMAN, 2019), enquanto a ativação microglial associada à
neuroinflamação resulta na liberação de citocinas que estimulam a liberação de
mais Aβ por neurônios e astrócitos (DAL PRÀ et al., 2015; KUMAR; SINGH;
EKAVALI, 2015).
A AD pode se apresentar de forma familiar, com início prematuro dos sintomas e
baixa prevalência (menos de 5%), ou na sua forma esporádica de manifestação
tardia dos sintomas (majoritariamente após os 65 anos), que é a mais comum
(LONG; HOLTZMAN, 2019). Cerca de 10-15% dos casos da forma familiar estão
38
associados a uma herança autossômica dominante (CACACE; SLEEGERS; VAN
BROECKHOVEN, 2016), quase em sua totalidade ligados a mutações de alta
penetrância nos genes APP, PSEN1 e PSEN2, que codificam, respectivamente, a
Proteína Precursora Amilóide (APP) e as Presenilinas 1 e 2 (PS1 e PS1),
proteínas integrantes da via que culmina na formação de Aβ (ERB et al., 2019;
KNOPMAN et al., 2021).
O modelo a ser utilizado nesse projeto é constituído por camundongos
transgênicos para os genes APP e PSEN1 (APP/PS1), o qual manifesta diversos
traços patológicos da AD como placas Aβ, gliólise, perdas neuronais e sinápticas,
e desenvolvimento de déficits cognitivos; porém eles não apresentam patologia na
proteína tau levando à formação de NFTs (GÖTZ; BODEA; GOEDERT, 2018).
Os receptores purinérgicos já foram extensivamente relacionados ao controle de
processos inflamatórios, agindo sobre recrutamento de células imunes, liberação
de citocinas, tonicidade vascular e percepção de dor (ERB et al., 2019; WOODS et
al., 2016). Uma ação neuroprotetiva da ativação do receptor purinérgico P2Y2
(P2Y2R) na AD já foi demonstrada por diversos estudos (AJIT et al., 2014;
CIEŚLAK; WOJTCZAK, 2018; ERB et al., 2019), através de mecanismos variados,
como o estímulo da via de processamento da APP pela α-secretase, a qual não
gera Aβ (MIRAS-PORTUGAL et al., 2015); ativação da fagocitose de Aβ por
células microgliais (KIM et al., 2012), a extensão de neuritos e a proliferação
celular (PETERSON et al., 2010, 2013).
O projeto do qual esse trabalho faz parte investigou o envolvimento do P2Y2R em
processos relacionados a AD, com foco na neurogênese e inflamação. O presente
trabalho examinou, utilizando técnicas de citometria de fluxo, os efeitos da
modulação do P2Y2R no ciclo celular de culturas de células progenitoras neurais
(NPCs) isoladas de modelo murino da doença, visando revelar as possíveis
consequências dessa modulação no estado proliferativo e destino celular das
células.
39
NPCs isoladas do telencéfalo de embriões de camundongos podem ser utilizadas
para reproduzir in vitro eventos do desenvolvimento cortical, como proliferação,
migração e diferenciação celular. A suplementação com os fatores de crescimento
EGF e FGF-2 mantém as NPCs em estado indiferenciado proliferativo, com a
remoção desses fatores induzindo a diferenciação (PILLAT et al., 2016),
permitindo avaliar os efeitos do tratamento durante o processo de diferenciação
celular, sendo a proporção de células nas diferentes fases do ciclo informativa do
estado proliferativo (BERRIDGE, 2014; GLASER et al., 2014) e a duração do ciclo
celular preditiva para o destino de diferenciação celular (PILLAT et al., 2016).
No período compreendido entre 20 de setembro de 2021 a 20 de setembro de
2022, padronizamos a extração e cultura das NPCs, além de investigarmos o
papel do receptor P2Y2 nos modelos selvagem (WT) e transgênico (APP/PS1) em
diferentes processos biológicos relacionados à: diferenciação, proliferação,
excitotoxicidade glutamatérgica, formação de espécies reativas de oxigênio e
morte celular.
Material e métodos
Obtenção e cultura de neuroprogenitoras do telencéfalo de embriões
APP/PS1
Fêmeas prenhes de 13,5 dias foram eutanasiadas por overdose de
anestésicos (Tiopental 150mg/Kg) após a aplicação de lidocaína 10 mg/kg (i.p.).
Os fetos foram retirados do útero e parte do corpo dos embriões foi separada para
genotipagem e identificação do genótipo APP/PS1 positivo. A região do
telencéfalo foi extraída, com a ajuda do estereomicroscópio (Nikon). Os tecidos
foram colocados em um eppendorf e incubados em uma solução de tripsina 0,05%
estéril por 5 minutos a 37 °C, seguido de inativação com SFB (Gibco). Os tubos
foram centrifugados a 1500 rpm por 7 minutos e o tecido dissociado
mecanicamente com o auxílio de micropipetas (P1000 e P200) em DMEM-F12 +
DNAse. Após uma nova centrifugação, o pellet foi ressuspenso em 0,5 mL de
DMEM. As células obtidas foram cultivadas na densidade de aproximadamente
100.000 cél/mL em garrafas plásticas de 25 cm 2, previamente tratadas com poli 2-
40
hidroxietil metacrilato (Sigma), um polímero para evitar a adesão das células. O
meio de cultura padrão utilizado para o crescimento das neuroesferas foi
composto por DMEM-F12 50:50 (Invitrogen), suplementado com 1% de N 2
(Invitrogen), 1% de B27 (Invitrogen) ,1% de L-glutamina (200 mM; Invitrogen),
penicilina (100 UI/mL), estreptomicina (100 ug/mL) e anfotricina B (0,25 ug/mL),
além dos fatores EGF (20 ng/mL; Sigma) e FGF 2 (10 ng/mL; R&D) (CICCOLINI e
SVENDSEN, 1998). As células foram mantidas em estufa a 37ºC e 5% de CO 2 por
aproximadamente 5 dias.
41
GTGGATAACCCCTCCCCCAGCCTAGACC -3’, AL1597: 5’-
GACTGACCACTCGACCAGGTTCTG -3’, AL1598: 5’-
CTTGTAAGTTGGATTCTCATATCCG -3’), 2 µL de DNA e 9 µL de água. A reação
de PCR foi então submetida a desnaturação inicial a 94ºC por 5 minutos, seguidos
de 39 ciclos de 95ºC por 45 segundos, 59ºC por 30 segundos e 72ºC por 2
segundos e extensão final a 72ºC por 10 minutos. O produto de PCR resutante foi
analisado por eletrofose em gel de agarose a 2% corado com Brometo de Etídeo a
0,1% utilizando 10µL de produto de PCR. Os geis foram analisado em
fotodocumentador (Stratagene) conforme o tamanho das bandas: os animais WT
apresentam bandas de 750bp (controle interno), enquando os animais DA
possuem bandas de 350 bp e 750bp.
Diferenciação de NPCs
Citometria de fluxo
-Morte celular
As células NPCs frescas foram preparadas para análise de morte celular por
citometria de fluxo com o intercalante de DNA iodeto de propídeo (ThermoFisher),
que emite fluorescencia no espectro 535nm quando excitada com a luz em 488
nm.
42
O iodeto não ultrapassa membrana íntegra de células saudáveis, dessa forma,
apenas células com a permeabilidade seletiva da membrana danificada permite a
coloraçao com iodeto de propídeo. As células foram dissociadas com Accutase
por 5 min e lavadas com PBS. Após lavagem as células foram incubadas com
solucao contendo iodeto de propídeo (250ug/ml). Um tubo contendo celulas sem
marcador foi utilizado como controle negativo e um tubo contendo marcador mais
agente permeabilizante TritonX-100 (1%) como controle positivo de morte. As
células foram incubadas em temperatura ambiente por 30min e transferidas para
gelo após incubação e lidas imediatamente no citômetro de fluxo Attune (Applied
Biosystems). Os dados obtidos foram analisados no pacote de software FlowJo
v10 (Becton, Dickinson and Company).
-Ciclo celular:
43
solução de marcação contendo Iodeto de Propídio (IP) para a análise do ciclo
celular e incubadas por 30min à 37ºC em PBS contendo Iodeto de propídio
(125mg/ml), RNAse A (0,2mg/ml, Triton X-100 (0,1%). Foi preparada uma amostra
controle sem marcação. As amostras foram lidas e analisadas por citometria de
fluxo. As amostras preparadas foram submetidas a leitura no citômetro de fluxo
Attune (Applied Biosystems) e os dados obtidos analisados no pacote de software
FlowJo v10 (Becton, Dickinson and Company).
-Fenotipagem
Então foram lavadas com PBS e incubadas por 1h em temperatura ambiente com
os anticorpos secundários Alexa Fluor 488 anti-rabbit (Invitrogen, Life
Technologies) 1:500, Alexa Fluor 647 anti-mouse (Invitrogen, Life Technologies)
1:1000. Foi preparada uma amostra controle sem marcação. As amostras foram
lidas e analisadas por citometria de fluxo. As amostras preparadas foram
submetidas a leitura no citômetro de fluxo Attune (Applied Biosystems) e os dados
obtidos analisados no pacote de software FlowJo v10 (Becton, Dickinson and
Company).
Microscopia de imunofluorescência
44
Foi realizado o ensaio de imunofluorescência de imagem para a caracterização
celular fenotípica do modelo. Células em cultura aderidas à placa foram fixadas
em PBS 1x com 4% de PFA a 25-28ºC por 30min, em seguida lavadas e
permeabilizadas 3x com Triton X-100 0,1% em PBS por 15min 1. Após a
permeabilização as células foram incubadas com Normal Goat Serum 2% por
30min a temperatura para bloqueio de sítio inespecíficos e incubadas overnight a
4ºC com os anticorpos primários anti-TUJ1 camundongo (Sigma) 1:300 e anti-
GFAP coelho (Abcam plc.) 1:300, lavadas com PBS 1X, incubadas por 1h em
temperatura ambiente com os anticorpos secundários Alexa Fluor 488 anti-rabbit
(Invitrogen, Life Technologies) 1:500, Alexa Fluor 647 anti-mouse (Invitrogen, Life
Technologies) 1:1000 e o corante DAPI (4 ', 6 -diamidino-2-phenylindole) (Gibco,
Thermo Fisher) para marcação nuclear 1:1000. Os poços foram lavados e
fotografados com o microscópio Nikon Elipse Ti acoplado a uma câmera CCD.
Imageamento de Cálcio
Células NPCs após 48hs de diferenciação foram incubadas com 5 μM Fluo-3 AM,
dissolvido em 0.5% Me2SO4 e 0.1% de acido plurônico. As celulas foram lavadas
tres vezes com aCSF livre de Mg 2+ contendo (em mM): 126 NaCl, 26 NaHCO3, 2.5
KCl, 1.45 NaH2PO4, 2 CaCl2, e 9 d-Glicose. O influx de Ca 2+ induzido por NMDA
(300uM) foi monitorado em células previamente incubadas com glicina (0.2 mM).
Para testar a influência do P2Y2R tambem incubamos por 5min com MRS2768
(4uM) ou AR-C118925XX (10uM). Ao final do experimento aplicamos 5 μM do
ionoforo de Ca2+ (ionomicina) como controle positivo da marcação. Para gravação
foram utilizados microscopio Nikon elipse Ti acoplado à camera CCD, e
adiquiridos 2 quadros por segundo por 5min.
Análise Estatística
45
Resultados e discussão
Metade das células foi analisada 48h (t0) e a outra metade 9 dias (t7) após a
indução da diferenciação (Fig. 14).
46
tratamentos: Veículo, agonista específico de P2Y2R (MRS 2768 tetrasodium salt -
Tocris) (4µM) e antagonista específico de P2Y2R (AR-C 118925XX - Tocris)
(10µM), referidos daqui em diante respectivamente como VCL, MRS e AR-C.
Os 6 grupos experimentais formados pelos dois genótipos de neuroesferas e os
três tratamentos a eles aplicados foram replicados com o cultivo das células em
dois meios base diferentes nos quais as células foram mantidas durante todo o
cultivo até a coleta e fixação (desconsiderando a suplementação responsável pela
manutenção da indiferenciação, alterada durante os experimentos, como será
descrito mais adiante):
1. 100% de meio DMEM/F-12 suplementado com 1% de B-27 (Meio normal).
2. 75% de meio DMEM/F-12 suplementado com 1% de B-27 + 25%: de meio
condicionado de cultura de células de microglia e astrócitos contendo
citocinas pró-inflamatórias (Meio inflamatório). A cultura de microglia e
astrócitos foi obtida em colaboração com Prof. Beatriz Monteiro-UNIFESP,
no qual as células foram extraídas de camundongos neonatos e após 21
dias estimuladas com LPS por 24h para coleta do meio condicionado
inflamatório.
Assim totalizando 12 grupos experimentais ilustrados na Fig. 16:
47
Fig. 15. Genotipagem dos embrioes usados para extração de NPCs. Amostras
com 2 amplicons de tamanho diferentes (350 e 750pb) são trangênicas para
modelo de doença de Alzheimer (APP/PS1), enquanto que amostras com 1
amplicon são selvagem (WT). Exemplo de 1 extração que obtivemos 15 embriões.
Gel de agarose 1%. C1 controle positivo para APP/PS1, C2 controle positivo para
WT.
48
NPCs APP/PS1 diferenciam em celulas gliais reativas à citocinas
inflamatórias
49
Fig. 17. Ensaio de imunofluorescência das células em t0 revelando diferenças na
proporção de células positivas para TUJ e GFAP, e morfologia de compatível com
astrogliose, entre os grupos formados pelos genótipos celulares (WT e APP/PS1)
e os meio utilizado no cultivo (normal e inflamatório).
50
Fig.18. Resultado da marcarção das NPCs do anti-P2Y2R por citometria de fluxo.
A. Padronização da imunomarcação nas proporções de 1:100, 1:200 e 1:500 do
anticorpo. B. Presença do P2Y2R nas culturas diferenciadas por 48hs tratadas ou
não com MRS2768 (agonista) ou AR-C118925XX (antagonista) no contexto
inflamatorio ou não. C. Imunomarcação de P2Y2R em neurônios (TUJ1) WT ou
APP/PS1. Media ±SEM de 3 experimentos independentes. ANOVA one-way com *
para P≤0.05.
51
O papel do receptor P2Y2 na diferencialção de NPCs (Fenotipagem)
52
Fig.19. Análise de citometria de fluxo das NPCs nos dois genótipos utilizados no
estudo (WT e APP/PS1) com ou sem citocinas pró-inflamatórias. A. Marcação
para precursores neurais em t0 a partir da imunomarcação com anti-nestin. B.
Marcação para neurônio em t0 a partir da imunomarcação com anti-TUJ1. C.
Marcação para astrócitos em t7 a partir da imunomarcação com anti-S100β. D.
Marcação para microglia em t0 a partir da imunomarcação com anti-IBA1. Media
±SEM de 2 experimentos independentes. ANOVA one-way com * para P≤0.05.
53
diferenciação talvez sejam mais adequados para acessar o ciclo celular das
células em adição à análise em t0.
Já em t0 foram observadas diferenças significativas na distribuição de células em
diferentes fases do ciclo somente nas células APP/PS1 tratadas com o
antagonista AR-C cultivadas em meio normal e sem tratamento cultivadas em
meio inflamatório (Fig.20A e B); sendo esses dois grupos os que apresentaram
maior número de células em fases proliferativas (S e G2/M).
Acreditamos que o meio inflamatório promova a replicação das células
precursoras já que temos mais células proliferativas e expressando nestin,
enquanto que a inibição de P2Y2R com AR-C 118925XX provavelmente
promoveu a proliferação de células gliais, pois nessa condição a quantidade de
precursoras está muito reduzido. A inibição do P2Y2R está possivelmente
relacionado com as células realizando uma divisão proliferativa não geradora de
neurônio tendo uma fase G1 mais curta (PILLAT et al., 2016), o que se expressa
na proporção de células em G0/G1.
Também é observável uma tendência não significativa dos grupos com fenótipo
WT a uma menor proporção de células nas fases proliferativas do ciclo, o que
pode indicar uma divisão deslocada a geração de neurônios (LAKO; NEGANOVA;
ARMSTRONG, 2009). O tratamento com o agonista MRS2768 também demonstra
um padrão oposto ao efeito do antagonista descrito anteriormente, com uma
redução na proporção de células proliferativas, ou seja, um retorno ao observado
na condição WT sem tratamento, o que estaria alinhado aos efeitos
neuroprotetores da ativação do P2Y2R que já foram descritos em outros trabalhos
(AJIT et al., 2014; CIEŚLAK; WOJTCZAK, 2018; ERB et al., 2019). Essas
tendências observadas não significativas podem se dever ao baixo N do trabalho
(N=2), sendo promissora a realização de mais replicatas para a avaliação desses
resultados.
O maior grau proliferativo observado nos grupos que replicam uma condição
patológica também pode estar relacionado à característica precoce da AD de
desregulação mitótica, muitas vezes apontadas como uma causa da cascata
fisiopatológica juntamente ao estresse oxidativo, na qual neurônios que já
54
deveriam estar quiescentes re-entram no ciclo enquanto não tem mais a
capacidade de se comprometer com a divisão e acabam numa via de morte
apoptótica (ZHU et al., 2007). A deleção do receptor P2Y2 em animais
transgênicos utilizados como modelo para DA (camundongos TgCRND8),
apresenta diminuição da sobrevida (Ajit et al., 2014). Porém, observamos apenas
uma diminuição na morte nessas condições versus aumento da proliferação
(Fig.20C), portanto reforçando a hipótese de uma maior proliferação glial com
astrogliose reativa, também, que indicam que os genótipos APP/PS1 não
apresentam uma morte celular mais elevada, provavelmente pelo fato de nosso
modelo replicar uma fase muito precoce da doença. Essa hipótese da gliose fica
evidente na figura 17, em que mostra claramente que a população glial maior em
populações de células APP/PS1.
Fig.20. Análise de citometria de fluxo das NPCs nos dois genótipos utilizados no
estudo (WT e APP/PS1) com ou sem citocinas pró-inflamatórias para proliferação
e morte celular. A. Definição das fases do ciclo por marcação com iodeto de
55
propídeo. B. Quantificação das células em estagio proliferativo (S+G2/M). C.
Marcação de células mortas por incorporação de iodeto de propídeo em células
frescas. TritonX-100 foi usado como controle positivo para morte. Media ±SEM de
2 experimentos independentes. ANOVA one-way com * para P≤0.05.
56
Fig. 21. Análise de ROS por citometria de fluxo das NPCs nos dois genótipos
utilizados no estudo (WT e APP/PS1) com ou sem citocinas. A. Definição dos
gates com controles negativo e positivo (H 2O2). B. Histogramas mostrando a
distribuição da marcação por intensidade defluoresnceia emitida pelo H2-DCFDA.
C. Marcação de células mortas por incorporação de iodeto de propídeo em
células frescas. TritonX-100 foi usado como controle positivo para morte. Media
±SEM de 2 experimentos independentes. ANOVA one-way com * para P≤0.05.
57
mediada por receptores de NMDA, que são o principal mediador da
excitotoxicidade glutamatérgica. Através da sinalização de cálcio foi possivel
observar que quase todas as células respondiam ao insulto com NMDA (300uM)
(Fig.22A) e que na condição WT esse sinal é oscilatório tanto na condição normal
como pró-inflamatória (Fig.22B). Com relação às células derivadas de embriões
APP/PS1, foi possivel observar uma amplitude e duração muito maior do sinal,
que durante a condição inflamatória gerou 2 padrões diferentes, um rápido e curto
e outro retardado e de longa duração. Quando pré-tratadas com antagonista de
P2Y2R, as células apresentaram uma resposta rapida e curta, enquanto que o
ativador gerou uma resposta letargica e duradoura. Portanto, a condição de
ativação do receptor P2Y2 modula o padrão de resposta de canais NMDA,
promovendo um padrão observado na condição sem citocinas inflamatórias,
portanto revertendo o efeito deletério do perfil inflamatório na DA. Enquanto que a
falta de atividade do P2Y2R favorece a resposta rapida e intensa, provavelmete
relacionada com formação de ROS, observada em nossos dados.
58
Fig.21. Sinalização de cálcio induzida por NMDA. A. Imagem de microscopia de
NPCs após 48hs de diferenciação, coradas com Fluo-3AM e desafiadas com
NMDA (300uM). B. Perfis de resposta em NPCs mostrando a variação na
concentração de cálcio intracelular (F/F0) seguida da indução por NMDA em
células cultivadas com meio condicionado ou não e previamente incubadas com
AR-C 118925XX ou NMR2768. Dados representativo de ≥160 células para cada
condição.
59
Conclusão
Referências
Ajit, D., Woods, L. T., Camden, J. M., Thebeau, C. N., El-Sayed, F. G., Greeson,
G. W., . . . Weisman, G. A. (2014). Loss of P2Y(2) nucleotide receptors
enhances early pathology in the TgCRND8 mouse model of Alzheimer's
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aging and dementia: Toshio Takeda's legacy and future directions.
Neuropathology, 37(4), 293-305. doi: 10.1111/neup.12373
Alhowail, A., Zhang, L. X., Buabeid, M., Shen, J. Z., & Suppiramaniam, V. (2020).
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