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Biossegurança e

Primeiros Socorros
Material Teórico
Primeiros Socorros

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Gabriela Cavagnolli

Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Primeiros Socorros

• Introdução;
• Suporte Básico de Vida no Adulto;
• Avaliação dos Sinais Vitais;
• Parada Cardiorrespiratória (PCR);
• Queimaduras;
• Corpos Estranhos nos Olhos;
• Acidentes com Perfurocortante;
• Desmaios;
• Convulsão.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Conhecer os tipos de ferimentos e primeiros socorros necessários para a atuação como socorrista;
• Aprender a entrar em contato com o serviço de urgência;
• Atender a uma situação de urgência, prevenindo complicações até a chegada do atendi-
mento especializado.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Primeiros Socorros

Introdução
Os primeiros socorros referem-se ao atendimento temporário e imediato presta-
do a uma pessoa ferida ou que adoece repentinamente; porém, não substituem o
atendimento médico, de enfermeiros ou paramédicos.

Os principais objetivos dos primeiros socorros são:


• Reconhecer situações que coloquem a vida em risco;
• Providenciar assistência médica;
• Aplicar respiração e circulação artificiais quando necessário;
• Controlar o sangramento;
• Tratar de outras condições que coloquem a vida em risco;
• Minimizar o risco de outras lesões e complicações;
• Evitar infecções;
• Deixar a vítima o mais confortável possível.

Quando começamos a trabalhar em um ambiente de risco como um laboratório,


ambulatório, hospital e outros serviços de saúde, devemos conhecer algumas infor-
mações essenciais:
• Localização do chuveiro de emergência e lava olhos;
• Equipamentos de segurança e materiais para atendimento à vítima;
• Rota de evacuação do local;
• Quem são as pessoas treinadas para ajudar em caso de acidentes e como fazer
contato com os seus representantes.

Nos primeiros minutos após o acidente é essencial que o Serviço de Resgate


Médico (SRM) seja acionado. Se não houver um telefone disponível, prossiga com
o atendimento de emergência até que haja possibilidade de contatar o SRM.

Importante! Importante!

Em seu espaço de trabalho, o local onde estão afixados os telefones de emergência


deve ser visível a todos. Para a sua segurança, de seus familiares e companheiros de
trabalho, guarde os principais números de emergência na página favoritos de seu te-
lefone celular – isso evita que o pânico dificulte encontrar o número telefônico em
uma situação necessária.

A quem devo chamar em caso de urgência? Quais são os telefones de con-


tato? Na maior parte do Brasil, isso pode ser feito discando para:
• 192 – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu);

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• 193 – Serviço de Emergência do Corpo de Bombeiros;
• 190 – Serviço de Polícia Militar;
• 0800 722 6001 – disque-intoxicação.

Figuras 1 – Para acionar o serviço de resgate médico, deve-se telefonar


para o atendimento médico de urgência (192 ou 193)
Fontes: Adaptado de Getty Images

Ao telefonar para o 192/Samu, o profissional que atenderá é quem definirá o


tipo de socorro, ambulância e equipe adequada a cada caso. Há situações em que
basta somente uma orientação por telefone. Esse serviço chega ao usuário onde
este estiver: na residência, no local de trabalho, na via pública etc.

Ao telefonar para o SRM é necessário informar aos técnicos de emergência:


• A localização exata da vítima – tal como o endereço completo e, se for o caso,
o número do andar ou escritório dentro do edifício;
• O número do telefone em que você pode ser encontrado;
• Qualquer informação sobre a vítima que possa ajudar o atendente a enviar
equipe e equipamento adequados.

Suporte Básico de Vida no Adulto


A avaliação inicial da vítima é uma etapa essencial para o seu apropriado diag-
nóstico. O suporte básico de vida inclui o reconhecimento precoce de pacientes
com diversas anormalidades, entre as quais podemos citar os primeiros sinais e
sintomas de síndrome coronariana aguda, acidente vascular cerebral e obstrução
de via aérea.

Como socorrista, você deve ser capaz de:


• Ter raciocínio rápido e ação imediata;
• Assumir a liderança em uma situação problemática;

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UNIDADE Primeiros Socorros

• Manter a calma enquanto estiver trabalhando sob pressão;


• Usar do bom senso;
• Orientar as outras pessoas a fazerem o mesmo;
• Pedir ajuda através dos telefones de emergência;
• Atender a vítima com mais uma ou duas pessoas;
• Trabalhar com segurança;
• Utilizar proteção – luvas – para evitar contato direto com sangue ou outras
secreções;
• Fornecer suporte básico à vida das pessoas que estiverem em risco, priorizan-
do o atendimento às vítimas mais graves.

Ao demonstrar competência e escolher bem as palavras de incentivo, os socor-


ristas conseguem ganhar a confiança das outras pessoas presentes para que pos-
sam fazer tudo o que for possível no sentido de acalmar a vítima.

Avaliação dos Sinais Vitais


Avaliação da Respiração
Uma pessoa responsiva alerta e que fala com facilidade está respirando de forma
adequada. Para definir se a respiração é adequada, você deve garantir que a pro-
fundidade e o ritmo da respiração estejam adequados (Figura 2).
• Ritmo: não deve ser nem muito lento nem muito rápido. Ritmos abaixo de 8
a 10 respirações por minuto e acima de 40 respirações por minuto não forne-
cem ar suficiente aos pulmões para manter a vida;
• Profundidade: a respiração da vítima deve ser profunda o suficiente para levar
o ar para todas as partes dos pulmões. A respiração adequada é aquela que
movimenta a cavidade torácica de forma significativa quando você observa ou
toca na vítima para sentir o movimento.

Figura 2 – Avaliando a respiração: observe o movimento do tórax, ouça os sons


da respiração, sinta se sai ar quente oriundo da expiração por 10 a 15 segundos
Fonte: Getty Images

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Avaliação da Temperatura
A temperatura é um importante indicador da atividade metabólica, já que o calor
obtido nas reações metabólicas se propaga pelos tecidos e pelo sangue circulante.
O corpo humano tem uma temperatura média normal que varia de 35,9 a 37,2º C.

A avaliação da temperatura é uma das maneiras de identificar o estado de uma


pessoa, pois em algumas emergências tende a mudar significativamente.

Deve-se observar a sensação de tato na face e nas extremidades. A pele úmida,


fria e pálida pode indicar choque, uma condição grave. A cianose – coloração azu-
lada – é um sinal de hipóxia e igualmente grave.

A via axilar é a mais sujeita a fatores externos, de modo que a temperatura mé-
dia varia de 36 a 36,8º C. O termômetro deve ser mantido sob a axila seca por
3 a 5 minutos, com o acidentado sentado, semissentado – reclinado – ou deitado.

Importante! Importante!

Não se verifica a temperatura em:


• Vítimas inconscientes;
• Crianças depois de ingerirem líquidos – frios ou quentes;
• Após a extração dentária ou inflamação na cavidade oral;
• Vítimas de queimaduras no tórax;
• Processos inflamatórios na axila;
• Fratura dos membros superiores.

Primeiros socorros da febre:

Aplicar compressas úmidas na testa, cabeça, no pescoço, nas axilas e virilhas


– que são as áreas por onde passam os grandes vasos sanguíneos.

Quando o acidentado for um adulto, submetê-lo a um banho frio ou cobrir com


coberta fria.

Podem ser utilizadas compressas frias aplicadas sobre grandes estruturas vascu-
lares superficiais quando a temperatura corporal estiver consideravelmente elevada.

Avaliação do Pulso
O pulso é a onda de distensão de uma artéria transmitida pela pressão que o
coração exerce sobre o sangue. Tal onda é perceptível pela palpação de uma artéria
e se repete com regularidade, segundo as batidas do coração.

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Para avaliar a circulação, verifique o pulso radial – no punho, ao lado do


polegar. Os pulsos muito fracos ou aqueles rápidos ou lentos ao extremo são
particularmente preocupantes.

O pulso radial pode ser sentido na parte da frente do punho. Deve-se utilizar as
pontas dos dedos indicador e médio sobre o pulso da pessoa do lado correspon-
dente ao polegar (Figura 3).

Importante! Importante!

Recomenda-se não fazer pressão forte sobre a artéria, pois isto pode impedir que os
batimentos sejam percebidos.
Jamais utilize o seu polegar para sentir a pulsação da vítima, dado que o polegar possui
uma artéria que pulsa fortemente, causando interferência na medição.

Figuras 3 – Palpação do pulso radial: modo correto mostrado à esquerda e incorreto à direita
Fontes: Adaptado de Getty Images

Se a vítima estiver inconsciente ou você não conseguir encontrar o pulso radial,


verifique o pulso carotídeo – no sulco do pescoço (Figura 4).
ARTÉRIA CARÓTIDA

Figura 4 – Pulso carotídeo


Fonte: Adaptado de Getty Images

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Avaliação da Pressão Arterial
A pressão arterial é a pressão do sangue, que depende da força de contração do
coração, do grau de distensibilidade do sistema arterial, da quantidade de sangue e
de sua viscosidade.

No adulto normal a pressão arterial varia da seguinte forma:


• Pressão arterial máxima ou sistólica: de 100 a 140 milímetros de mercúrio
(mm Hg);
• Pressão arterial mínima ou diastólica: de 60 a 90 mm Hg.

A pressão muda também conforme a idade:


• 17 a 40 anos apresenta a pressão de 140 × 90 mm de Hg;
• 41 a 60 anos apresenta pressão de 150 × 90 mm de Hg.

Quadro 1 – Condições que alteram a pressão arterial


Diminui a pressão Aumenta a pressão
Menstruação Digestão
Gestação Excitação emocional
Sono / Repouso Convulções
Hipotireoidismo Hipertireoidismo
Homorregia grave Arterioscierose
Anemia grave
Fonte: fiocruz.br

Parada Cardiorrespiratória (PCR)


A PCR permanece como uma das emergências cardiovasculares de grande pre-
valência e com morbidade e mortalidade elevadas. As ações mais importantes para
a sobrevivência de uma vítima de parada cardíaca são (Figura 5):
1. O reconhecimento de uma PCR com o acionamento imediato do SRM;
2. A Reanimação Cardiopulmonar (RCP) precoce com ênfase à qualidade
das compressões torácicas;
3. A desfibrilação rápida;
4. O fornecimento de suporte avançado à vida de forma eficaz;
5. Os cuidados integrados pós-parada cardíaca.

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Figura 5 – Cinco fatores importantes para a sobrevivência de uma


vítima de parada cardíaca segundo a American Heart Association (AHA)
Fonte: American Heart Association, 2015, p. 4

Quando uma vítima apresenta parada cardíaca, você a encontrará não responsiva
e sem atividade respiratória, ou com respiração extremamente anormal. A vítima não
se moverá, respirará ou tossirá. O pulso carotídeo estará ausente. Em casos assim
você deverá ministrar RCP, que requer três competências importantes:
1. Fornecer circulação artificial com compressões torácicas;
2. Abrir e manter a abertura das vias aéreas;
3. Ministrar ventilação artificial com respiração de resgate.

A RCP aumenta as chances de sobrevivência pela oxigenação e circulação do


sangue até que a desfibrilação e o suporte cardíaco avançado possam ser ofereci-
dos. Quando a desfibrilação é realizada precocemente, em até 3 a 5 minutos do
início da PCR, a taxa de sobrevida é em torno de 50 a 70%.

Compressões Torácicas
Os aspectos principais a serem observados nas compressões são frequência,
profundidade, retorno do tórax a cada compressão e interrupção mínima.

Para a oxigenação adequada dos tecidos, é essencial minimizar as interrupções


das compressões torácicas e maximizar a quantidade de tempo em que as compres-
sões torácicas geram fluxo de sangue.

Para a realização das compressões torácicas (Figura 6):


1. Posicione-se ao lado da vítima e mantenha os seus joelhos com certa dis-
tância um do outro, para que tenha melhor estabilidade;
2. Afaste ou corte a roupa da vítima – se uma tesoura estiver disponível –
para deixar o tórax desnudo;
3. Coloque a base de uma mão no centro do tórax da vítima e a outra mão
sobre a primeira. Os dedos devem ser entrelaçados e as mãos devem man-
ter-se sempre em contato com o tórax;
4. Os braços do socorrista devem permanecer estendidos cerca de 90º acima
da vítima;
5. Certifique-se de que os seus ombros estão acima do centro do tórax da vítima;
6. Comprima na frequência de 100 a 120 compressões/minuto;

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7. Comprima com profundidade de, no mínimo, 5 cm – evitando compres-
sões com profundidade maior que 6 cm;
8. Cada vez que pressionar para baixo, deixe que o tórax retorne à posição
inicial – isto permitirá que o sangue flua de volta ao coração;
9. Minimize interrupções das compressões, pause no máximo 10 segundos
para a realização de duas ventilações;
10. Reveze com outro socorrista a cada 2 minutos, para evitar o cansaço e
as compressões de má qualidade;
11. Continue as manobras até a chegada de ajuda.

Figuras 6 – Posicionamento adequado das mãos para a realização das compressões torácicas
Fontes: Adaptado de Getty Images

Importante! Importante!

A função da RCP não é despertar a vítima, mas estimular a oxigenação e circulação do


sangue até que seja iniciado o tratamento definitivo.

As manobras de RCP devem ser ininterruptas, exceto quando a vítima se mo-


vimentar; durante a fase de análise do ritmo cardíaco pelo desfibrilador; durante o
posicionamento de via aérea avançada; e quando ocorrer exaustão do socorrista.

Ventilação e Abertura das Vias Aéreas


Devem ser realizadas em uma proporção de 30 compressões para duas ventila-
ções, com duração de apenas 1 segundo cada, fornecendo quantidade de ar sufi-
ciente para promover a elevação do tórax. A abertura das vias aéreas é necessária

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e pode ser realizada com a manobra da inclinação da cabeça e elevação do queixo


(Figura 7a) e, se houver suspeita de trauma, a manobra de elevação do ângulo da
mandíbula (Figura 7b).

a b
Figura 7 – (a) Manobra da inclinação da cabeça e elevação do queixo;
(b) Manobra de elevação do ângulo da mandíbula
Fontes: Adaptado de Getty Images

Importante! Importante!

É indicado que o socorrista utilize mecanismos de barreira, tais como máscara de bolso
(Figura 8) ou bolsa válvula-máscara (Figuras 9) e evite a ventilação boca a boca. Não
podemos descartar a possibilidade de a vítima ou socorrista ter alguma infecção que
possa ser transmitida, tal como herpes ou algum vírus transmissível via secreções.

Figura 8 – Posicionamento utilizando máscara de bolso com hiperextensão da cabeça


Fonte: Getty Images

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O uso da Bolsa Válvula-Máscara (BVM) (Figura 9) requer considerável prática e
deve ser feito na presença de dois socorristas: um responsável pelas compressões e
outro por aplicar as ventilações com o dispositivo. Se disponível oxigênio comple-
mentar, conecte-o na BVM assim que possível, de modo a oferecer maior porcen-
tagem de oxigênio para a vítima.

Figuras 9 – Demonstração da ventilação utilizando bolsa válvula-máscara


Fontes: Adaptado de Getty Images

Se o profissional não possuir máscara de bolso ou não se sentir preparado para


aplicar as ventilações, poderá realizar as compressões contínuas de 100 a 120 por
minuto. Compressões torácicas efetivas são essenciais para promover o fluxo de
sangue, devendo ser realizadas em todos os pacientes em parada cardíaca.

Desfibrilação
A grande maioria de PCR em adultos envolve pacientes com ritmo inicial de
Fibrilação Ventricular (FV) ou Taquicardia Ventricular (TV) sem pulso; portanto, a
desfibrilação precoce e a compressão torácica são necessárias.

A desfibrilação é a aplicação de eletricidade no tórax de uma vítima que sofreu


uma parada cardíaca. Pode ser realizada com um equipamento manual ou com o
Desfibrilador Externo Automático (DEA).

Importante! Importante!

Se você não tiver um DEA, mantenha as compressões torácicas até a chegada de uma
equipe de emergência.

O DEA é um equipamento eletrônico portátil que tem como função identificar


o ritmo cardíaco. A leitura automática é realizada através de pás adesivas que são
fixadas no tórax da vítima (Figura 10). Pode ser utilizado por público leigo, com
recomendação de que o operador realize um curso de suporte básico em parada
cardíaca. Esse equipamento é autoinstrutivo, ou seja, tem todas as informações de
como deve ser utilizado.

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Depois de ligado, dá instruções verbais para o procedimento a ser executado.


Identifica automaticamente o ritmo cardíaco normal e as arritmias potencialmente
letais (FV e TV). Além de diagnosticar, é capaz de tratá-las através da desfibrilação
– aplicação de corrente elétrica que interrompe a arritmia, fazendo com que o co-
ração retome o ciclo cardíaco normal.

Figura 10 – Dispositivo Desfibrilador Externo Automático (DEA)


Fonte: Getty Images

O DEA deve ser utilizado assim que disponível. Recomenda-se que a RCP seja
fornecida enquanto as pás do DEA são aplicadas e até que o DEA esteja pronto
para analisar o ritmo.

Assim que o DEA estiver disponível, o socorrista, se estiver sozinho, deve parar
a RCP para conectar o aparelho à vítima. Porém, se houver mais de um socorrista,
o segundo deve manusear o DEA e, neste caso, a RCP só será interrompida quan-
do o DEA emitir um alerta verbal como “analisando o ritmo cardíaco”, “não toque
o paciente” e/ou “choque recomendado, carregando, afaste-se do paciente”.

Passos para a utilização do DEA:


1. Ligue o DEA, apertando o botão on-off: alguns dispositivos ligam au-
tomaticamente ao abrir a tampa. Isso ativa os alertas verbais que orientam
todas as etapas subsequentes;
2. Conecte as pás – eletrodos – ao tórax desnudo da vítima, observando o
desenho contido nas próprias pás sobre o posicionamento correto – sele-
cionar pás do tamanho apropriado, adulto ou pediátrico, para o tamanho
e a idade do paciente. Remover o papel adesivo protetor das pás;
3. Posicionamento anterolateral: remova as roupas e descubra a vítima,
coloque uma pá imediatamente abaixo da clavícula direita. Coloque a ou-
tra pá ao lado do mamilo esquerdo, com a borda superior da pá a alguns
centímetros abaixo da axila (Figura 11);

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Figura 11 – Posicionamento das pás anterolaterais
Fonte: Getty Images

4. Posicionamento anteroposterior: deixe o tórax desnudo. Aplique uma


pá do DEA no lado esquerdo do tórax, entre o lado esquerdo do esterno
e o mamilo esquerdo, e a outra no lado esquerdo das costas, próxima à
coluna (Figura 12);

Figura 12 – Posicionamentos das pás anteroposteriores: aplique uma pá entre o lado esquerdo
esterno e o mamilo esquerdo e a outra no lado esquerdo das costas, próxima à coluna
Fonte: BERNOCHE et. al; 2019, p. 466

5. Encaixe o conector das pás – eletrodos – ao aparelho;


6. Quando o DEA indicar “analisando o ritmo cardíaco, não toque no pacien-
te”, solicitar para que todos se afastem efetivamente;
7. Se o choque for indicado, o DEA emitirá a frase: “choque recomendado,
afaste-se do paciente”. O socorrista que estiver manuseando o DEA deve
solicitar para que todos se afastem;
8. Pressionar o botão indicado pelo aparelho para aplicar o choque, o qual
produz uma contração repentina dos músculos do paciente;
9. A RCP deve ser iniciada pelas compressões torácicas, imediatamente após
o choque. A cada 2 minutos, o DEA analisa o ritmo novamente e pode

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indicar novo choque, se necessário. Se não indicar choque, deve-se reini-


ciar a RCP imediatamente, caso a vítima não retome a consciência;
10. Mesmo se a vítima retomar a consciência, o aparelho não deve ser desli-
gado e as pás não devem ser removidas ou desconectadas até que o servi-
ço médico de emergência assuma o caso;
11. Se não houver suspeita de trauma e a vítima já apresentar respiração
normal e pulso, o socorrista pode lateralizar a vítima (Figura 13); porém,
deve permanecer no local até que o serviço médico de emergência chegue.

Figura 13 – Posição de recuperação


Fonte: Getty Images

Dos 3 a 5 minutos iniciais de uma PCR em FV o coração se encontra altamente


propício ao choque. Após 5 minutos de PCR, a amplitude da FV diminui devido à
depleção do substrato energético miocárdico. Assim, o tempo ideal para a aplica-
ção do primeiro choque compreende do terceiro ao quinto minuto inicial da PCR.

Importante! Importante!

O DEA não funciona em casos de PCR, mas apenas para FV e TV. Portanto, após a análise
do ritmo cardíaco, se não comandar um choque, inicie a massagem cardíaca.

Uso de desfibriladores externos automáticos em situações especiais:


• Excesso de pelos no tórax: remover o excesso de pelos somente das regiões
onde serão posicionadas as pás;
• Tórax molhado: se o tórax da vítima estiver molhado, secar por completo;
• Marca-passo ou Cardioversor Desfibrilador Implantável (CDI): se estiver
na região onde é indicado o local para aplicação das pás, afaste-as ou opte por
outro posicionamento das pás – anteroposterior, por exemplo;

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• Adesivos de medicamentos: remover o adesivo se estiver no local onde são
aplicadas as pás do DEA; enxugue, se necessário.

Figura 14 – Suporte básico de vida para leigos


Fonte: BERNOCHE et. al; 2019, p. 470

Quadro 2 – O que fazer e o que não fazer no SBV para obter uma RCP de alta qualidade para adultos
Os socorristas devem Os socorristas NÃO devem
Realizar compressões torácicas a uma frequência de Comprimir a uma frequência inferior a 100/min ou
100 a 120/min supeior a 120/min
Comprimir a uma profundidade de pelo menos 2 Comprimir a uma profundidade inferior a 2 polegadas
polegadas (5 cm) (5 cm) ou superior a 2,5 polegadas (6 cm)
Permitir o retorno toral do tórax após casa compressão Apoiar-se sobre o tórax entre compressões
Minimizar as interrupções nas compressões Interromper as compressões por mais de 10 segundos
Ventilar adequadamente (2 respirações após 30 Aplicar vontilação excessiva (ou seja, uma
compressões, cada respiração administrada em 1 quantidade excessiva de respirações ou respirações
segundo, provocando a elevação do tórax) com força excessiva)
Fonte: American Heart Association, 2015

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Queimaduras
Queimadura é toda lesão provocada pelo contato direto com alguma fonte de
calor ou frio, produto químico, corrente elétrica ou radiação.

A maioria das queimaduras ocorre como resultado de um incêndio; outras cau-


sas comuns de queimadura são acidentes com água quente, contato com objetos
quentes, eletricidade e agentes químicos.

As queimaduras provocam danos aos tecidos e prejudicam o equilíbrio hidroele-


trolítico, a capacidade de regular a temperatura, função articular, habilidade manual
e aparência física.

As queimaduras podem causar choque ao lesionar o tecido superficial e romper


e dilatar os vasos sanguíneos subcutâneos, levando à perda significativa de plasma
– que é a porção de água do corpo.

A gravidade de uma queimadura é determinada pelos seguintes fatores:


• Profundidade da queimadura (Figura 15);
• Porcentagem queimada do corpo;
• Gravidade da lesão;
• Local da queimadura;
• Complicações associadas – tais como condições físicas ou mentais preexistentes;
• Idade da vítima.

Figura 15 – Níveis de queimadura na pele


Fonte: Adaptado de Getty Images

Primeiro grau: atinge somente a camada da epiderme. Segundo grau: atin-


ge a epiderme e derme. Terceiro grau: atinge a epiderme, derme, camada de
gordura e as terminações nervosas, podendo afetar músculos e ossos.

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As queimaduras são classificadas de acordo com o nível de lesão causado à pele
e aos tecidos subjacentes nos seguintes graus:

1. Envolve somente a camada mais externa da pele, denominada epiderme.


É caracterizada por dor e pela presença de vermelhidão. O tempo de re-
cuperação é em torno de 2 a 5 dias. Prognóstico: ausência de cicatrizes;
alteração temporária da cor;

2. Costuma ter aparência muito avermelhada ou branca, sendo demasiada


dolorosa e úmida, podendo produzir bolhas. É caracterizada por verme-
lhidão, bolhas, inchaço e dor; o tempo de recuperação é de 5 a 21 Dias.
Prognóstico: alguma formação cicatricial (Figura 16a);

3. Danifica todas as camadas da pele e pode afetar tecido subcutâneo, mús-


culo e osso. É caracterizada por pele com aspecto de couro ressecado, car-
bonizada ou esbranquiçada. Tempo de recuperação: de semanas a anos.
Prognóstico: comumente requer cirurgia e enxerto de pele (Figura 16b).

Queimaduras de primeiro e segundo graus são extremamente dolorosas, en-


quanto nas de terceiro grau a vítima pode não sentir dor imediata, pois as termina-
ções nervosas foram destruídas.

Figura 16 – (a e b) Queimaduras de segundo grau; (c) Queimadura de terceiro grau


Fontes: (a e c) Wikimedia Commons; (b) Getty Images

Em relação à profundidade de uma queimadura (Figura 17):


• Se se tratar de uma escaldadura em pele nua e a vítima for uma criança ou um
idoso, a queimadura poderá atingir camadas mais profundas, pois a espessura
da epiderme é mais fina;
• Uma queimadura térmica causada por chamas geralmente é de espessura par-
cial ou total;
• As queimaduras causadas por eletricidade ou produtos químicos provocam da-
nos extensos. As vítimas dessas queimaduras quase sempre são hospitalizadas
de modo que os médicos possam monitorar os sinais vitais e as funções dos
principais órgãos.

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UNIDADE Primeiros Socorros

Figura 17 – Classificação de queimaduras por profundidade


Fontes: Adaptado de Getty Images

Cuidados Gerais para Todas as Queimaduras


Queimaduras de pequena extensão:
• Colocar a parte queimada debaixo da água corrente fria, em jato suave, por
aproximadamente 10 minutos;
• Compressas úmidas e frias também são indicadas.

Queimaduras extensas:
• Colocar a vítima debaixo do chuveiro durante 30 minutos. Após este perí-
odo, retirar as roupas molhadas e proteger o seu corpo com um lençol ou
pano limpo;
• Não retirar roupas aderidas;
• Retirar também os adornos – pulseiras, anéis etc.;
• Em caso de vestes pegando fogo, não permitir que a pessoa corra, pois poderá
aumentar as chamas;
• Abafar, com um cobertor, para apagar as chamas ou rolar o acidentado no chão.

Queimaduras Térmicas e Causadas por Irradiação de Calor


Queimaduras térmicas ou por irradiação devem ser imediatamente atendi-
das, no momento da ocorrência. Logo após uma queimadura dessa natureza é

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importante avaliar e tratar as vias aéreas, a respiração e qualquer outra lesão
potencialmente fatal.

Importante! Importante!

Um socorrista não trata uma queimadura, simplesmente cuida da lesão até que a vítima
possa ser levada a um hospital ou centro de queimados para o tratamento completo.

Em situações assim, veja o que fazer:

1. Afastar a vítima da fonte da queimadura, levando-a para longe do foco do


incêndio de modo que não inale a fumaça;

2. Eliminar a causa da queimadura, apagando o fogo;

3. Lavar a queimadura por escaldadura ou por óleos imergindo a parte afe-


tada em água fria, a fim de interromper o processo de queima (Figura 18);

Figura 18 – Resfriando uma queimadura por meio de imersão da área queimada em água corrente fria
Fonte: Getty Images

Avalie as funções vitais e aplique o tratamento para as complicações cardíacas e


respiratórias. Ajude a vítima imediatamente com respiração, se esta:
• Estiver respirando ruidosamente ou tossindo ao respirar;
• Apresentar cheiro de fuligem ou fumaça na respiração;
• Apresentar partículas de fuligem na saliva;

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UNIDADE Primeiros Socorros

• Apresentar as mucosas da boca ou do nariz queimadas. A inalação de ar su-


peraquecido, vapor ou chamas pode queimar o revestimento das vias aéreas
superiores, causando edema severo. Isto pode criar uma obstrução parcial ou
completa das vias aéreas. Além disso, a inalação de fumaça tóxica pode tornar
a respiração ineficaz.

1. Acione o SRM o mais rápido possível;

2. Continue a avaliar as funções vitais da vítima até a chegada de ajuda


médica;
3. Interrompa o processo de queimadura por meio da aplicação de água fria
sobre tal queimadura, de modo que:

• Nunca rompa bolhas que tenham se formado na pele, pois aumentará a inci-
dência de infecções pela quebra da barreira de proteção da pele;

• Aplique curativos estéreis secos sobre a área queimada. É importante manter o


espaço queimado o mais limpo e descontaminado possível e utilizar curativos
estéreis para reduzir as chances de infecção;

• Se menos de 10% do corpo estiver queimado, podem ser utilizados curativos


umedecidos com água estéril – que gera algum alívio para as dores (Figura 19);

Figura 19 – Umedecendo um curativo para queimadura


Fonte: KARREN, et. al; 2013, p. 412

• Não utilize materiais plásticos ou “não porosos” e não estéreis para cobrir uma
queimadura, pois pode ocorrer crescimento bacteriano;

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• Um kit estéril para queimaduras contém curativos e outros itens para esse tipo
de tratamento (Figura 20).

Figura 20 – Kit de primeiros socorros para queimaduras


Fonte: Getty Images

Importante! Importante!

• Nunca aplique manteiga, óleo ou gordura sobre uma queimadura;


• Não utilize gel ou pomada sobre queimadura de segundo ou terceiro grau;
• Não aplique gelo ou compressa de gelo sobre uma queimadura.

Queimaduras Químicas
As substâncias químicas continuam a queimar enquanto estão em contato com
a pele, resultando em queimaduras consideradas graves; por isso toda vítima de
queimaduras químicas necessita ser transportada para um hospital. O SRM deve
ser acionado imediatamente, afinal, quanto mais rapidamente você for capaz de
remover a fonte da queimadura e iniciar o atendimento, menos grave será a lesão.

Antes de iniciar o atendimento de emergência, certifique-se de que poderá se


aproximar da vítima com segurança – se não for seguro, espere pelo resgate.

Durante cada passo do resgate, proteja-se também de contaminação. Se possí-


vel, coloque luvas de proteção antes de começar a atender a vítima – para prote-
ger-se de lesões.

Vejamos os passos:
1. Escovar a pele para remover qualquer substância seca em pó e lavar bem
a área queimada no chuveiro de emergência com fluxo de água regular

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27
UNIDADE Primeiros Socorros

por, pelo menos, 20 minutos (Figura 21). O jato não deve ser muito forte,
pois a alta pressão provocará a penetração do agente químico nos poros
da pele. Ademais:
» O pó de cal torna-se corrosivo quando misturado à água; assim, antes de
lavar a área queimada, certifique-se de que todos os traços foram removidos
não somente da pele, mas também da roupa;
» O fenol – ácido carbólico – deve ser removido com álcool; a seguir, a área
queimada deve ser irrigada com água;
» O ácido sulfúrico concentrado produz calor quando misturado com água e
pode causar queimaduras maiores, a menos que seja lavado vigorosamente
com uma mangueira ou em um chuveiro – siga o protocolo local.

Figura 21 – Uma vítima de queimadura química


deve se lavar sob um chuveiro no local de trabalho
Fonte: Getty Images

2. Enquanto estiver lavando a área queimada, remova as roupas, os sapatos,


as meias e os acessórios da vítima;
3. Se a vítima estiver apta, faça com que se lave com água e sabão, enxa-
guando-se bem depois que você terminar a irrigação da queimadura;
4. Se alguma substância química espirrar no olho da vítima, use a água de
torneira ou mangueira com pouca pressão para irrigá-lo durante, pelo me-
nos, 20 minutos; certifique-se de que as lentes de contato foram retiradas.

28
Você pode utilizar também uma panela, um balde, uma xícara ou garrafa;
irrigue bem a parte interior das pálpebras;
5. Depois de ter irrigado muito bem a área queimada, cubra-a com um cura-
tivo de gaze esterilizada e seca;
6. Se puder, obtenha o nome da substância química, ou envie o recipiente ao
hospital juntamente com a vítima.

Importante! Importante!

Nunca tente usar um antídoto ou neutralizar uma área queimada com soluções alcalinas
ou ácidas, pois você poderá aumentar a lesão.

Queimaduras Químicas nos Olhos


Os olhos podem sofrer danos permanentes segundos depois da lesão, de modo
que os 10 primeiros minutos geralmente determinam o resultado – por isso repre-
sentam uma emergência prioritária (Figura 22).

Figura 22 – Queimadura química nos olhos


Fonte: KARREN, et. al; 2013, p. 136

Os álcalis, tais como amônia, limpadores de ralos, cimento e gesso causam


mais danos aos olhos do que os ácidos porque continuam a queimar e penetrar
mais profundamente. Ácidos de bateria, clorídrico e nítrico provocam queimaduras.

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UNIDADE Primeiros Socorros

Independentemente da substância, no entanto, a queimadura e os danos ao tecido con-


tinuarão enquanto qualquer substância permanecer no olho – ainda que seja diluída.

Atendimento de emergência:
1. Acione o SRM;
2. Segurando as pálpebras abertas, irrigue os olhos com água corrente entre
30 a 60 minutos – de forma suave e continuamente –, ou até o SRM che-
gar (Figura 23);

Importante! Importante!

Irrigue os olhos somente com água ou soro fisiológico.

Figura 23 – Em casos de queimaduras químicas,


irrigue os olhos em um sistema de lavagem de olhos
Fonte: Getty Images

Importante! Importante!

• Não tente neutralizar a substância química; utilize apenas água;


• Nunca utilize antídotos químicos, incluindo vinagre diluído, bicarbonato de sódio
ou álcool;
• Nunca utilize colírios.

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1. A água deve ser despejada no canto interno, passando pelo globo ocular
até chegar à borda externa; tome cuidado para não contaminar o outro
olho. Peça à vítima para que mova o globo ocular – isso ajuda a lavar todo
o olho;
2. Remova lentes de contato;
3. Remova quaisquer partículas sólidas da superfície do olho com um coto-
nete úmido;
4. Continue a irrigação até a chegada da equipe de resgate;
5. Se a equipe de emergência estiver atrasada e você já tiver lavado os olhos
com água corrente por, pelo menos, 60 minutos, enfaixe frouxamente
ambos os olhos utilizando compressas úmidas e frias, até que a equipe de
emergência chegue ao local;
6. Após a irrigação, evite contaminar os próprios olhos, lavando bem as
mãos e utilizando uma escova para limpar embaixo da unha.

Queimaduras oculares pela luz


Olhar para uma fonte de luz ultravioleta pode queimar os olhos, resultando em
dor forte por 1 a 6 horas após a exposição. Uma das causas mais comuns desse
tipo de queimadura é a luz do Sol refletida na neve e nas soldas. Para pessoas
que trabalham em laboratórios e hospitais, é importante proteger-se ao ligar a luz
ultravioleta em cabines de biossegurança e aparelhos para visualizar ácidos nuclei-
cos. Tanto o paciente quanto o funcionário devem tomar as precauções necessá-
rias ao utilizar equipamentos de luz pulsada ou Light Amplification by Stimulated
Emission of Radiation (Laser) em clínicas de estética.

Câmaras de bronzeamento artificial são proibidas no Brasil desde 2009. As lâmpadas de


Explor

bronzeamento podem causar queimaduras severas nos olhos e na pele, além de câncer com
alta probabilidade de metástase. Assim, oriente as pessoas a jamais frequentarem clínicas
clandestinas, tomando cuidado com propagandas enganosas.
Sobre este assunto, acesse o seguinte material:
• http://bit.ly/3aP2vid
• http://bit.ly/2vyiPUv
• http://bit.ly/3aRFs6z
• https://glo.bo/2t9y1qn

As vítimas devem ser vistas por um oftalmologista, especialista que pode deter-
minar a extensão das queimaduras e receitar o tratamento e/ou os medicamentos
necessários. Enquanto isso:
1. Leve a vítima para longe da luz do Sol. Se possível, a vítima deve ser colo-
cada em um local escuro, onde não haja fontes de luz;

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UNIDADE Primeiros Socorros

2. Cubra os dois olhos com gazes umedecidas em água fria;


3. Não deixe a vítima esfregar os olhos, pois isso inflamará ainda mais os
tecidos lesionados.

Corpos Estranhos nos Olhos


É importante remover corpos estranhos dos olhos, pois podem causar infecção
ou inflamação, ou ainda arranhões na córnea. Corpos estranhos que podem ficar
alojados nos olhos podem ser partículas de poeira, areia, cinzas, pó de carvão ou
pequenos pedaços de metal.

Nunca deixe uma vítima com objetos estranhos nos olhos esfregar ou coçar a re-
gião, pois essa atitude poderá levar os objetos a se alojarem ainda mais para dentro
do olho. Se as lágrimas não expulsarem os objetos estranhos, peça para a vítima
piscar várias vezes, o que removerá objetos soltos.

Tente remover apenas os corpos alojados na conjuntiva – mucosa transparente


que reveste as pálpebras e recobre a superfície externa do globo ocular –, nunca os
que estiverem na córnea.

Se piscar não ajudar a remover o objeto, realize os seguintes passos:


1. Enxágue o olho delicadamente com água limpa, afastando as pálpebras;
2. Remova objetos alojados sob a pálpebra superior, forçando-a sobre a infe-
rior; quando voltar para a posição normal, a superfície subjacente passará
sobre os cílios da pálpebra inferior, removendo o corpo estranho;
3. Se o corpo estranho continuar no olho, segure os cílios da pálpebra supe-
rior e dobre-a sobre um cotonete ou objeto semelhante. Remova cuidado-
samente o corpo estranho da pálpebra com o canto de um pedaço de gaze
estéril (Figura 24).

Figura 24 – Para remover partículas da esclera, puxe a pálpebra inferior para baixo enquanto
a vítima olha para cima, ou puxe a pálpebra superior para cima enquanto olha para baixo
Fonte: KARREN, et. al; 2013, p. 134

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4. Se o objeto estiver alojado sob a pálpebra inferior, puxe-a para baixo,
expondo a superfície interna da pálpebra; remova-o com o canto de um
pedaço de gaze estéril ou cotonete (Figura 24);
5. Se o objeto se alojar no globo ocular, não mexa; cubra os dois olhos com
uma compressa e acione o SRM (Figura 25).

Figura 25 – Se um corpo estranho se alojar no olho,


enfaixe os dois olhos para reduzir o movimento
Fonte: KARREN, et. al; 2013, p. 135

Acidentes com Perfurocortante


Todos os fluidos corporais devem ser considerados infecciosos, incluindo saliva,
sangue, secreções vaginais, sêmen, líquido amniótico – que envolve o feto no útero
– e fluidos que lubrificam o cérebro, a coluna vertebral, os pulmões, o coração, os
órgãos abdominais, as articulações e os tendões.

O contato com material perfurocortante contaminado é um acidente frequente


na área da Saúde.

Figura 26 – As infecções podem ser adquiridas e disseminadas


pelo contato físico com sangue e outros fluidos corporais
Fonte: KARREN, et. al; 2013, p. 7

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UNIDADE Primeiros Socorros

Os patógenos hematogênicos, ou doenças causadas por microrganismos trans-


portados pelo sangue são motivos de preocupação por parte dos socorristas e das
outras pessoas envolvidas em uma emergência. A exposição aos quais ocorre quan-
do se entra em contato com o sangue da vítima ou qualquer outro fluido corporal
que contenha sangue; pode-se minimizar esse risco utilizando-se equipamento de
proteção, tais como luvas de proteção para evitar contato com o sangue da vítima.

As hepatites B e C e o vírus da imunodeficiência humana (HIV) são patógenos


hematogênicos particularmente preocupantes.

Procure atendimento imediato se entrar em contato com sangue ou fluidos cor-


porais. Caso a vítima seja portadora de alguma doença infecciosa, agir com rapidez
é essencial. A exposição ocorre quando essas substâncias entram em contato com
uma ferida aberta que você tenha na pele, ou com uma membrana mucosa – tais
como olhos e boca.

Desmaios
O desmaio é provocado por falta de oxigênio no cérebro, que reage com falta
de força muscular, queda do corpo e perda da consciência. Sintomas como palidez,
suor, vista escura, perda do controle dos músculos e sentidos são característicos de
desmaio. Assim:
1. Se a vítima ainda estiver acordada – consciente – evite que caia. Sente-a,
abaixe a cabeça e faça leve pressão na nuca para baixo (Figura 27a);
2. Se a vítima estiver desmaiada, mantenha-a deitada de costas, com as per-
nas elevadas em 20 ou 30 cm (Figura 27b);

Figura 27 – (a) Sente a vítima que está prestes a desmaiar, posicionando a


sua cabeça entre as pernas; (b) Eleve as pernas da vítima desmaiada
Fonte: Fiocruz, 2003

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Monitore possíveis vômitos; afrouxe as roupas que possam restringir a respiração;
3. Faça uma rápida avaliação para detectar qualquer condição potencialmen-
te fatal que possa ter causado o desmaio; inicie o tratamento adequado;
4. Verifique se ocorreu alguma lesão durante a queda – se for o caso – e trate
de maneira adequada;
5. Não deixe a pessoa que acabou de desmaiar sentar-se imediatamente,
pois isso pode provocar um AVE. Em vez disso, ajude a vítima a se sentar
de forma lenta e gradual;
6. Ajude a vítima a se sentir melhor, levando-a para um local onde tenha ar
fresco ou colocando um pano frio e úmido sobre o seu rosto.

Convulsão
A crise convulsiva é uma alteração involuntária e repentina nos sentidos, no
comportamento, na atividade muscular e/ou no nível de consciência, resultando
da irritação ou superatividade das células cerebrais. Uma das principais causas das
crises convulsivas é a epilepsia. Algumas crises convulsivas podem ocorrer espon-
taneamente, sem causa conhecida.

A maioria das crises convulsivas cessa após 5 minutos – embora a vítima possa
permanecer inconsciente por mais alguns minutos. Em contraste, o estado epilépti-
co é uma única crise convulsiva que dura mais de 5 minutos ou uma série de crises
convulsivas que ocorrem sem que a vítima recobre a consciência entre as quais.
O estado epiléptico é uma emergência médica prioritária.

Se necessário, acione o SRM e, em seguida:


1. Só mova a vítima se esta estiver perto de um objeto perigoso que não pos-
sa ser afastado. Caso contrário, afaste os objetos da vítima. Coloque um
apoio macio sob a cabeça da vítima a fim de evitar lesões;
2. Mantenha as vias aéreas desobstruídas;
3. Mantenha a calma; se a vítima estiver consciente, tranquilize-a; acalme
também as outras pessoas que estiverem com a qual. Confusão é uma das
principais manifestações do período pós-ictal para a vítima;
4. Permaneça com a vítima até que a crise convulsiva tenha terminado; se
precisar buscar ajuda, mande outra pessoa;
5. Nunca tente colocar nada à força entre os dentes da vítima, e nunca admi-
nistre nada por via oral;
6. Remova ou afrouxe roupas apertadas, principalmente em volta do pescoço;
remova os óculos;

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UNIDADE Primeiros Socorros

7. Posicione a vítima do lado esquerdo com o rosto virado para baixo (Figura 28)
para que as secreções e o vômito possam drenar rapidamente e para que a
língua não caia para trás, bloqueando a garganta;

Figura 28 – Posicione a vítima de modo a permitir a drenagem de saliva e vômito


Fonte: Getty Images

8. Se a vítima parar de respirar, desobstrua as vias aéreas, removendo qual-


quer coisa que possa dificultar a respiração e aplique respiração artificial;
9. Não tente restringir os movimentos da vítima, a menos que esteja próxima
a objetos perigosos que não possam ser movidos;
10. Evite que a vítima se transforme em um espetáculo; peça aos observado-
res para que se retirem;
11. Após a crise convulsiva, acalme e reoriente a vítima; fale devagar, com
calma e em um tom de voz normal. Permita que a vítima repouse; ajude a
mantê-la o mais confortável possível.

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Explor
Para complementar o estudo sobre primeiros socorros e conhecer os procedimentos que
devem ser adotados em outras situações, leia o manual escrito pela equipe da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Nesta apostila você aprenderá a como socorrer vítimas de acidentes com animais peçonhen-
tos e venenosos, picadas de abelhas, insolação, alcoolismo agudo, choque elétrico, crise hi-
pertensiva, coma diabético e hipoglicêmico, infarto agudo do miocárdio, amputações, con-
tusões, engasgos, entre outros estados.
Você, futuro(a) profissional da Saúde, deve estar preparado(a) para atender a população com
maestria em todos os níveis de necessidades, promovendo a saúde e prevenindo as doenças
tanto no quesito individual como coletivo; afinal, prestar um bom atendimento de emergên-
cia pode aumentar as chances de recuperação e reabilitação da vítima.
Disponível em: http://bit.ly/2uHfBxC

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UNIDADE Primeiros Socorros

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Vídeos
RCP somente com as mãos da American Heart Association
https://youtu.be/3MDp487I7h4
Como fazer uma RCP de QUALIDADE? – RCP de maneira eficaz
https://youtu.be/N3hQMxwtbtA
Parada Cardiorrespiratória com DEA (Desfibrilador Externo Automático)
https://youtu.be/3ck-3YkWPDU

 Leitura
Estudo epidemiológico das queimaduras químicas dos últimos 10 anos do CTQ-Sorocaba/SP
http://bit.ly/2U7clGc

38
Referências
AMERICAN HEART ASSOCIATION. Destaques das diretrizes da American
Heart Association 2015. Atualização das diretrizes de RCP e ACE. [S.l.], 2015.

BERNOCHE C. et. al. Atualização da diretriz de ressuscitação cardiopulmonar e


cuidados de emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia 2019. Arq. Bras.
Cardiol., v. 113, n. 3, p. 449-663, 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de


intervenção para o Samu 192 – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência.
2. ed. Brasília, DF, 2016.

KARREN, K. J. et. al. Primeiros socorros para estudantes. 10. ed. Barueri, SP:
Manole, 2013.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Noções de primeiros socorros


em ambientes de saúde. Belo Horizonte, MG, 2018.

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Você também pode gostar