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Cuiabá
2019
GABRIEL RODRIGUES CAMPOS
Cuiabá
2019
Sumário
Introdução ................................................................................................................................... 5
Referências ............................................................................................................................... 28
Anexo ....................................................................................................................................... 29
Lista de Quadros
Introdução
O presente trabalho tem intuito de trazer uma abordagem sobre jogos musicais no
processo de musicalização infantil. Assim como vários educadores musicais
(SWANWICK, 2013; PALHARES, 2010; entre outros) defendem que a música é algo
essencial e importante no desenvolvimento das pessoas, compactuo da mesma ideia. É na
primeira parte da vida do ser humano que ele acaba se desenvolvendo mais, ou seja,
quando criança. Nesse momento também que se inicia o progresso musical. Quanto a isso
acredito que os jogos musicais são relevantes para o aprendizado da criança, pois se trata
de atividades lúdicas que sempre estimulam e motivam aqueles que participam.
Outro ponto que deve ser considerado é a socialização estimulada por todas as
atividades que as crianças participam, inclusive pela música. Os jogos, em especial os
musicais, contribuem para o desenvolvimento desta socialização, os quais estimulam a
criança a desenvolver sua relação interpessoal.
A importância do presente trabalho é poder contribuir com as discussões acerca
do tema por meio de um estudo de caso com crianças na idade de 5 anos. Por isso o
objetivo é desenvolver uma experiencia musical com essa faixa etária através de jogos
musicais. Com isso, trataremos especificamente sobre as aptidões desenvolvidas através
dos jogos, a socialização entre as crianças, e o comportamento das mesmas.
Utilizei como base para este trabalho conceitos e propostas de cerca de quatro
autores: Miranda (2013), Silveira (2013), Storms (2000), Swanwick (2003), os quais
discutem questões relacionadas aos jogos musicais. Estes autores nortearam essa
pesquisa, contribuindo significativamente com as questões levantadas. Storms (2000) traz
todo o estudo prático no desenvolvimento dos jogos musicais em seu livro, organizando
um esquema de atividades no qual possuem mais de 100 jogos envolvendo música, para
várias faixas etárias. Seus jogos possuem diversos objetivos que abrangem desde o
trabalho da escuta, até jogos de criação e improvisação e, a partir dos jogos apresentados
por este autor, foram selecionados os jogos aplicados neste estudo.
Miranda (2013) trata da questão da humanização na musicalização infantil e a
socialização mediante a jogos, mostrando a importância de se brincar nessa etapa
fundamental que é a da infância. Silveira (2013) também acrescenta sua experiencia com
jogos desenvolvidos numa escola municipal. A contribuição de Swanwick (2003), entre
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outros autores, para esse trabalho foi na questão do desenvolvimento musical mediante
as faixas etárias. Através desse processo pude selecionar atividades fazendo as devidas
adaptações para os alunos na faixa etária escolhida (5 anos). Através disso, elaborei um
sistema de avaliação, abrangendo o processo musical, social e comportamental dos
alunos.
Para fundamentar a análise da coleta de dados, consultei também outros estudiosos
e pesquisadores que abordam este tema, cujas referências serão apresentadas quando
necessário.
O trabalho foi organizado da seguinte forma: no primeiro capítulo foi abordado
todo o referencial teórico, trazendo as bases para a questão da musicalização infantil e
para o uso do jogo. Esta fase da pesquisa foi primordial para se verificar o que outros
estudiosos e pesquisadores já escreveram sobre o assunto.
No segundo capitulo foi apresentada a parte metodológica da pesquisa, discutindo
o caso estudado, a turma escolhida, a seleção dos jogos e as ferramentas para análise.
Como se trata de um estudo de caso, com o qual o pesquisador possui um envolvimento
afetivo, foi necessário o auxílio de uma juíza independente, a fim de que a pesquisa tivesse
validade.
Os resultados da pesquisa foram apresentados no último capítulo, dialogando com
todas as observações acerca da aplicação dos jogos, os pareceres dados por mim e pela
juíza independente e a comparação entre as duas visões.
Após as Considerações Finais, encontram-se as referências e o Anexo, no qual
pode se verificar o questionário desenvolvido pelo pesquisador como ferramenta para a
coleta de dados.
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1 Referencial Teórico
1.1 A Musicalização Infantil
A criança entra em contato com a música desde muito cedo, logo na primeira fase
da vida. Quando bebê, suas primeiras vivências surgem em momentos afetivos entre mãe
e filho. Ao balançar, ao amamentar e ao fazer dormir aparecem as primeiras canções de
ninar, que acalentam o bebê, trazendo segurança e bem-estar. (SILVEIRA, 2013).
Alguns pesquisadores ainda afirmam que antes mesmo do nascimento, o feto já
recebe os primeiros estímulos musicais. Brito (2003) é uma das estudiosas que defende
que os bebês acabam por conviverem com sons produzidos pelo próprio corpo da mãe,
como por exemplo o sangue correndo pelas veias, o movimento do intestino, e até mesmo
a respiração.
Esses primeiros contatos sonoros constituem a primeira vivência sonora
proporcionada ao ser humano. Mediante isso, inicia-se a trajetória sonora/musical das
crianças.
Quando as crianças crescem, começam a se desenvolver como um todo,
cognitivamente, fisicamente, emocionalmente, etc. a música acaba se fazendo presente
também nessas etapas. Incontáveis pesquisas discutem dados relacionados a música e a
sua importância para o desenvolvimento cognitivo das crianças (ver: BRITO, 2003;
SWANWICK, 2014; KAIL, 2004, entre outros); estudiosos propõem atividades lúdicas
e jogos musicais para serem desenvolvidas com crianças, inclusive se preocupando com
o desenvolvimento da socialização (ver: STORMS, 2000; SILVEIRA, 2013; MIRANDA,
2013; HUIZINGA, 2000). Outros pesquisadores estudam habilidades cognitivas e
musicais (ver: BRÉSCIA, 2003); e todos eles contribuem para a ampliação de discussões
na área da educação musical.
No processo educacional e no desenvolvimento da criança, Piaget traz em sua
teoria grandes contribuições relacionadas ao processo de aprendizagem e
desenvolvimento cognitivo, envolvendo crianças e adultos. Apesar de não ter trabalhado
diretamente com a música, Piaget traz um importante conhecimento sobre o
desenvolvimento cognitivo infantil que muitos estudiosos da área da música estudam,
além de ser mencionado e estudado também em várias outras áreas acadêmicas. Caviccha
(2014) realizou um estudo sobre Piaget e apresenta uma ideia relativa ao pensamento do
teórico referente ao desenvolvimento cognitivo.
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Todo esse funcionamento, das atividades mentais citado por Caviccha (2014), é o
que Piaget denomina como estágios do desenvolvimento cognitivo. Esses estágios
representam as etapas pelo qual o mundo da criança é construído.
Sua teoria é dividida em quatro estágios que demonstram o processo evolutivo
cognitivo da criança. De forma resumida, esses estágios se complementam e respeitam
uma estrutura cronológica. São eles:
1.2 O Jogo
Para Huizinga (2000) apresentar um conceito ou um significado de jogo é
complicado. Em seus estudos, o autor aponta que jogo é basicamente uma expressão
lúdica que se manifesta no homem e que também se faz presente na vida nos animais.
Para ele:
Os animais brincam tal como os homens. Bastará que observemos os
cachorrinhos para constatar que, em suas alegres evoluções, encontram-
se presentes todos os elementos essenciais do jogo humano. Convidam-
se uns aos outros para brincar mediante um certo ritual de atitudes e
gestos. Respeitam a regra que os proíbe morderem, ou pelo menos com
violência, a orelha do próximo. Fingem ficar zangados e, o que é mais
importante, eles, em tudo isto, experimentam evidentemente imenso
prazer e divertimento. Essas brincadeiras dos cachorrinhos constituem
apenas uma das formas mais simples de jogo entre os animais. Existem
outras formas muito mais complexas, verdadeiras competições, belas
representações destinadas a um público. (HUIZINGA, 2000, p.1).
Essas atitudes tomadas pelos animais, como o brincar com o outro, sem morderem
sem machucar, se divertirem, apresentam bem os aspectos de socialização e afetividade,
mostrando que esses mesmos aspectos já citado no tópico anterior também são
fundamentais para os animais.
Todas essas características dos animais também aparecem nos seres humanos e
demonstram apenas uma simples forma de jogo, mas que define bem o sentido intrínseco
do mesmo. Dentro do jogo é possível identificarmos alguns pontos que são muito
importantes para seu fundamento: o sentido de brincar e de se divertir, as regras e o
espirito competitivo. Em todo e qualquer tipo de jogo, podemos ver um desses pontos
presentes.
Huizinga (2000) ainda levanta algumas teorias sobre o jogo, as quais atribuem um
significado e uma função para o mesmo.
Algo em comum nessas hipóteses levantada por Huizinga (2000) são que todas
levam a uma suposição de que o jogo está ligado a algo que não seja o próprio jogo, mas
sim a uma finalidade biológica. Isso porque todas elas questionam o motivo e os objetivos
do jogo.
Por trás do jogo sempre há algo a mais. Podem haver vários sentidos como o
divertimento, ou uma realização pessoal, um sentimento por competir, ou mesmo
relacionar-se com o outro. Pode-se também desenvolver habilidades que se enquadram
na finalidade biológica citada por Huizinga.
Para esse presente trabalho, o objetivo do jogo está ligado a um conteúdo musical,
onde os objetivos são desenvolver aptidões musicais. O jogo também parte para o
desenvolvimento de outras habilidades como a concentração, o respeito, além de estarem
ligados a socialização, a afetividade e o desenvolvimento cognitivo, pontos citados
anteriormente, que são de extrema importância para que o jogo seja levado a diante.
Além desses aspectos, há que se considerar o divertimento e a boa relação com o outro
que qualquer atividade lúdica proporciona.
Abordando especialmente os jogos que envolvem aptidões musicais, Storms
(2000) possui um trabalho acerca desse tema, cujo livro apresenta diversos jogos para
serem aplicados com várias faixas etárias. Segundo ele, o uso da música para a criação de
jogos não é novo. Um exemplo dado por ele é um dos métodos de composição de Mozart
e também de John Cage.
Sabe-se, por exemplo, que Mozart, quando queria poupar a sua energia
criadora, compunha peças por dados de jogar. Nos nossos dias, John
Cage serve-se do velho oráculo chinês Yi King para determinar a linha
de uma composição. (STORMS, 2000, p. 12).
Os jogos desenvolvidos por este autor buscam colocar em destaque essas aptidões
citadas anteriormente, mas procuram também trabalhar a sociabilidade dos envolvidos. O
jogo tem um poder muito grande quando se trata da motivação, além de trazer ao jogador
12
Este autor apresenta que a gama de pesquisa e as possibilidades são enormes para
esse tipo de abordagem, deixando de certa forma o pesquisador mais livre para se
aventurar nesse tipo de estudo.
A presente pesquisa se caracteriza como estudo de caso, porque investiga um
grupo especifico de uma determinada faixa etária, valendo-se da observação de outras
pessoas envolvidas no processo, possibilitando a triangulação na análise dos dados. De
forma alguma se propõe uma generalização, mas sim, o estudo de um caso específico.
O grupo estudado faz parte da escola da rede privada Espaço da Criança,
localizada na cidade de Cuiabá-MT, no bairro Santa Cruz I, rua Castro Alves, nº 6, com
crianças da turma do Jardim II, com idade de 5 anos.
A turma escolhida normalmente possuía cerca de 10 alunos, porém como escola
estava em período de recesso, algumas crianças se ausentaram. Nesse período, a turma
contou com cerca de 7 alunos, sendo 5 meninos e 2 meninas. O aprendizado e contato
com a música na escola iniciou no ano de 2018, por meio do projeto de musicalização
infantil desenvolvido na escola. Durante esse tempo, foram trabalhados com os alunos
vários conteúdos que comtemplavam elementos musicais e habilidades tais como a
socialização. Os alunos dessa turma possuem uma sala destinada a eles. A mesma é
pequena, possui mesas e cadeiras e um armário onde são guardados os materiais da
professora titular. Os materiais musicais, como por exemplo os instrumentos, são de uso
particular do pesquisador, não fornecido pela escola.
Além dos conteúdos, com o tempo, foi gerado um vínculo afetivo com a turma.
As crianças sempre foram carismáticas e desde o começo reagiram bem às propostas
apresentadas nas aulas. Ao mesmo tempo que a turma se mostrou carismática, também
demonstrou alguns problemas. Alguns alunos expressaram não ter uma boa relação
interpessoal com os demais colegas. Em certos momentos, foram presenciados muitos
comportamentos indesejáveis entre os próprios alunos.
Essas vivências e as características específicas possibilitaram uma reflexão e
ajudaram-me a escolher essa turma para desenvolver essa pesquisa. A partir daí,
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decidimos propor o ensino de música junto com o jogo, que é algo que eles gostam muito,
com a hipótese de obter melhores resultados com a turma.
Dentre o material encontrado que apresenta o jogo musical, optou-se pela
utilização do livro “100 Jogos Musicais” de Storms (2000), cujo conteúdo foi discutido
no capítulo anterior. De posse desse livro e das características da turma, foram
selecionados 6 jogos, os quais serão tratados no tópico a seguir.
será vendado. A partir disso, será escolhido um dos jogadores do círculo para não tocar.
Os demais tocarão os instrumentos ao mesmo tempo e o objetivo do jogador da vez será
dizer qual instrumento não foi tocado.
2.2.4 - Stop!
Faixa etária: ilimitada
Disposição e material: aparelho de som
Esse jogo consiste em concentração e atenção. Poderá ser colocada uma música,
a qual os jogadores poderão se movimentar, correr e até dançar. Quando a música parar,
todos os jogadores deverão parar exatamente na posição que estiverem. O mediador então
irá conferir se os jogadores não mexeram, dentro de 20 segundos poderá iniciar a música
novamente.
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2.2.5 - Quente!
Faixa etária: ilimitada
Disposição e material: instrumentos e um compartimento grande
Nesse jogo um dos jogadores deve ser vendado, enquanto um outro escolhe um
lugar da sala para tomar como fixo. Os demais jogadores estarão de posse de um
instrumento musical. O objetivo é que o jogador vendado ache o outro jogador que estará
num ponto fixo. Para isso, os demais jogadores guiarão o jogador vendado através da
intensidade produzida pelos instrumentos. Quando o jogador da vez estiver perto do
outro, os instrumentos tocarão mais fortes, quando mesmo estiver longe do outro jogador,
os instrumentos tocarão mais fracos.
turma, o qual foi respondido por mim e pela juíza independente para posterior
comparação. Importante ressaltar que as respostas dos questionários foram comparadas
somente ao final do processo, justamente para que fosse mantida a validade e a
confiabilidade da pesquisa e que as respostas de cada respondente não influenciassem as
respostas do outro. Somente depois do termino da aplicação de todos os jogos que foi
possível observar e analisar os questionários em sua totalidade.
Esse questionário1 contemplou dimensões envolvendo os domínios de algumas
aptidões, como a musicalidade, o respeito, a socialização e o comportamento. A partir da
comparação das respostas obtidas, foi possível mensurar o desenvolvimento musical,
social e comportamental do ponto de vista do pesquisador e da professora titular da turma,
atuando como juíza independente.
A cada dia de aula, foram aplicados dois jogos de uma forma flexível, totalizando
06 jogos em 3 dias de encontros com a turma do Jardim II. O tempo destinado para a
aplicação dos jogos foi flexível de acordo com a duração dos mesmos.
Os jogos abordaram algumas aptidões a serem desenvolvidas pelos alunos. Dentro
dessas aptidões estavam alguns aspectos musicais como o timbre, intensidade e a escuta
atenta. Outros elementos como a movimentação, concentração, o respeito, socialização,
também entraram nessas aptidões. O quadro abaixo apresenta as aptidões trabalhadas em
cada jogo.
1
Este questionário pode ser verificado na íntegra no Anexo deste trabalho.
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nos mesmos. A relação social dos alunos foi ainda melhor. Prestaram atenção nas
explicações dos jogos e também conseguiram se ajudar durante a realização dos mesmos.
A empolgação tomou conta dos alunos durante os jogos, o que corroborou para um bom
desenvolvimento da atividade.
Os jogos aplicados no terceiro dia foram o “Quem tem a voz a voz mais forte” e
a “Dança da chave”. As aptidões desenvolvidas foram: intensidade, escuta atenta,
movimentação e a atenção. Esse dia foi semelhante ao primeiro dia. Os alunos se
dispersaram durante as explicações, mas mantiveram o foco durante os jogos. A relação
entre eles também foi boa e os próprios alunos acabaram se ajudando durante o jogo. Ao
mesmo tempo entenderam a minha relação como mediador e seguiram as instruções
propostas durante os jogos. O comportamento observado nos alunos foi a agitação,
semelhante também ao primeiro dia. Em certos momentos, alguns alunos falavam forte
demais durante o jogo, chegando a gritar. Foi necessário intervir algumas vezes para que
os alunos compreendessem que cantar forte não era a mesma coisa de gritar. Em alguns
momentos também houve bastante conversas paralelas que atrapalhavam a explicação
dos jogos.
Uma dificuldade em comum que foi observada nos dias que os jogos foram
aplicados foi a falta de atenção e a concentração dos alunos durante as explicações dos
jogos. Foi perceptível uma grande dificuldade para parar e ouvir. Dentre os três dias, o
segundo pode ser destacado no que diz respeito a uma concentração maior por parte das
crianças. Este tipo de comportamento pode ser explicado, provavelmente, por ocasião do
horário e do dia, que foram diferentes do que como de costume. Isso gerou uma provável
quebra na rotina que motivou os alunos a participarem com mais foco na aula.
Partindo para o lado social, a relação afetiva e social dos alunos foi semelhante
em todos dias. Os mesmos se ajudaram muito durante os jogos, foram compreensivos por
exemplo, quando um colega não acertava que instrumento faltava no jogo dos
instrumentos. Durante os jogos, prestaram atenção nas indicações dadas por mim,
estabelecendo assim uma relação muito saudável entre mediador e jogadores.
no vínculo que mesma possuía com a turma. Ela observou todas as aulas anotando todos
os quesitos propostos no questionário, os quais serão discutidos a seguir.
Em seu parecer, ela relatou no primeiro dia que as aptidões musicais foram
desenvolvidas com o passar da aula e que as crianças, em sua percepção, compreenderam
os jogos propostos. Houve dificuldades com a concentração, pois os alunos se
dispersaram quando viram os instrumentos musicais e queriam tocar todos ao mesmo
tempo. Na relação entre os alunos, ela observou alguns momentos de disputa por certos
instrumentos, em especial pelo tambor. Já na relação entre professor e alunos, a juíza
observou que os alunos ouviram as instruções ditas pelo mesmo. Tratando-se do
comportamento, houve uma criança que se recusou a participar, mas que foi respeitada a
decisão pelo professor.
Já no segundo dia, os alunos entenderam e conseguiram desenvolver os jogos
como foi instruído. A concentração dos alunos foi total no jogo do “Stop!”, diferente do
jogo “Quente”, onde a concentração foi desenvolvida de acordo com o tempo de
interação.
A relação entre os alunos foi tranquila, porém em um momento houve criança que
se recusava a participar, pois não queria dividir os instrumentos. Em relação ao professor,
houve tranquilidade na execução da aula. Outra observação feita por ela, foi do
comportamento. A juíza relatou o fato de alguns alunos se recusarem em compartilhar os
instrumentos, sendo necessário algumas intervenções por parte do professor.
No terceiro dia, na opinião da juíza, as crianças compreenderam o que foi
estabelecido nas atividades. No jogo “Quem tem a voz mais forte” as crianças não
conseguiram conter o volume da voz e acabaram gritando. Esse foi um comportamento
observado por ela, que gerou também uma falta de concentração na aula.
É provável que o aluno que não se sentiu à vontade para ser vendado e ir ao centro
da roda não gostasse de ser exposto. Em conversa com a professora da turma, a mesma
comentou que tal aluno age da mesma forma em todas as aulas, mostrando que o “se
reservar” é uma característica dele. Ainda segundo ela, as vezes ele participa e, as vezes,
não. Esse tipo de comportamento também foi observado pelo pesquisador no período
anterior a realização dessa pesquisa. Nos outros dias que ocorreram os jogos, o aluno
participou normalmente, pois não havia mais jogos que expusesse tanto os jogadores,
como este.
Certos tipos de comportamento podem não ser saudáveis nessa idade. Kail (2004)
retrata que na idade pré-escolar, um comportamento muito comum das crianças é a de
brincar solitariamente. Porém, existem alguns comportamentos nesse brincar que
precisam observados, explica o autor. Um deles é quando a criança ronda os colegas, se
mantem próximo, mas não participa. Com o tempo, isso pode ser algo prejudicial à
criança. O aluno observado nesse dia muitas vezes manifesta esse tipo de atitude apontado
pelo autor.
O comportamento deste aluno pode ser atribuído também a uma baixa autoestima.
Segundo Kail (2004), a autoestima vem à tona na idade pré-escolar, quando a criança
estipula valor sobre si mesma.
Hipoteticamente pode-se atribuir esse tipo de sentimento ao aluno que não quis
ser vendado, ou seja, ele preferiu se omitir a passar por uma situação em que estaria em
evidência. Porém, seria necessário a realização de mais pesquisas para tal afirmação.
Comparando o segundo dia, foi perceptível ver apontamentos um pouco
diferentes, como visto no Quadro 3, porém que se complementam.
Um ponto a ser destacado nesse dia foi a empolgação dos alunos. Houve uma
empolgação muito grande nesse dia pelo fato de os jogos terem sido mais dinâmicos e
com muita movimentação. Comparando as duas visões, essa empolgação acabou gerando
comportamentos bem contrastantes. Um deles foi a animação presente no primeiro jogo
que os levou a uma concentração total. A outra foi a questão dos instrumentos, nos quais
os alunos não queriam compartilhar. Diferentemente da primeira, que beneficiou o
andamento da atividade, a segunda atrasou alguns momentos do jogo. Porém não foi algo
que atrapalhou a aplicação. Esse tipo de atitude observado pode ser visto em crianças
dessa idade, como uma característica normal.
Já na comparação do terceiro dia, houveram semelhanças nas respostas
relacionadas à socialização (relação aluno/aluno e aluno/professor), como pode ser
observado no Quadro 4.
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Considerações finais
No decorrer desses três encontros, foi possível perceber que as crianças realmente
gostam de música e tem o prazer em vivenciá-la. A proposta escolhida para esse presente
trabalho trouxe algo diferenciado aos alunos, que até então não tinham visto na aula de
música que é o jogo musical.
Os jogos desenvolvidos por Storms (2000) e que foram selecionados e aplicados
na turma, surtiram bons resultados no sentido de despertar e vivenciar aptidões. Em
alguns momentos os alunos estranharam o jogo na hora das explicações, pois não sabiam
o que ia acontecer. Quando o mesmo foi desenvolvido, os alunos passaram a conhecer e
a gostar do jogo. Estabeleceram boas relações com os colegas de sala e também com o
professor.
Ficou bem evidente nessa pesquisa a importância de brincar e de viver a infância.
Toda criança precisa brincar e estabelecer relações afetivas e sociais. Todas as
experiências obtidas nessa fase constituem o mundo da criança e o acompanharão por
toda vida, trazendo boas recordações.
Um grande aprendizado que ficou foi que o professor nunca deve se esquecer da
sua bagagem lúdica. Como diz Palhares (2010), muitas vezes a aula de música pode se
tornar cansativa devido a uma má aplicação, gerada pela desconsideração da bagagem
lúdica do próprio professor. E não é isso que queremos para a aula de música, mas sim,
aulas prazerosas. Como pesquisador e professor, preciso trazer também as minhas
vivências para a sala de aula.
Ressalto a importância da aula de música já nos primeiros anos de vida, para que
a criança vivencie e se desenvolva cognitivamente, afetivamente e socialmente. Destaco
também a importância da realização de mais pesquisas voltadas para área, especialmente
em relação ao jogo. São poucos os pesquisadores que tratam sobre o tema em especifico
e que criam jogos musicais. Essa escassez deve servir como motivação para os que gostam
e desejam pesquisar mais a fundo sobre o tema. Pretendo continuar pesquisando e
estudando, para contribuir com o assunto de jogos musicais.
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Referências
Anexo
Questionário utilizado para a coleta de dados
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Turma: Data:
Na sua opinião:
Na sua opinião:
Observações:
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