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APRENDER E ENSINAR
COM E NA NATUREZA
Um percurso formativo
para professores da
educação básica
Histórias sobre aprender e ensinar com e na natureza: um percurso formativo
para professores da educação básica
SUMÁRIO
10 1. Pátios, praças e jardins para as infâncias
12 História: Não está enxergando nada?
23 Pauta formativa para a educação infantil
Paulo Freire
O compromisso com o direito à educação quanto ao Nesta perspectiva, a gestão da sala de aula e instrumen-
acesso, aprendizagem e permanência na escola con- tos como o planejamento criam oportunidades para que
ta com um projeto educativo inclusivo. Por educação todos os estudantes usufruam das propostas educativas.
inclusiva compreende-se aquela em que as singulari- Trata-se de planejamentos que oferecem materiais, am-
dades de cada estudante são afirmadas e valorizadas. bientes, atividades e serviços concebidos, na maior medi-
Ao mesmo tempo, a cultura escolar, incluindo o cur- da possível, para toda a diversidade humana, sem necessi-
rículo, a infraestrutura e seus espaços, os tempos, os dade de adaptação ou projeto para isto. Tal compreensão
materiais e recursos e as interações devem ser foco de não exclui apoio específico para pessoas com deficiência,
atenção ao eliminar barreiras que possam impedir o quando necessário. Encoraje os professores a explorarem
acesso, a participação e a aprendizagem de estudan- as múltiplas linguagens, recursos e tecnologias assistivas
tes com deficiência, transtornos globais de desen- na construção do planejamento, levando em conta o que
volvimento e com altas habilidades/ superdotação. A os estudantes já sabem e fazem e quais apoios precisam
Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas ser oferecidos. Importante destacar a fundamental cola-
com Deficiência, que no Brasil tem status de emen- boração de profissionais do Atendimento Educacional Es-
da constitucional, salienta a compreensão em torno pecializado e das próprias famílias de estudantes com de-
da deficiência como um conjunto ou impedimento de ficiência, na busca de soluções que assegurem sua plena
natureza física, mental, intelectual e sensorial. E não inclusão escolar. Esta escuta e diálogo podem aprimorar
um déficit, invalidade ou doença. A deficiência ocorre ainda mais os planejamentos.
Regina Gomes
Gerente de educação infantil
Louise Chawla,
professora emérita
de design ambiental
University of
Colorado Boulder
Alessandra Mendes
Professora de educação infantil
Tim Gill
Pesquisador e fundador do Child in the City
A história que você acaba de conhecer narra uma parte do processo de transforma-
ção da rede municipal de educação infantil de Novo Hamburgo, no sentido de garan-
tir que as crianças tenham seus direitos de aprendizagem ancorados nos benefícios
da aprendizagem ao ar livre na escola de educação infantil.
Um âmbito essencial para essa transformação é a gestão da sala de aula feita por
professores. A pauta formativa a seguir convida professores a pesquisar suas expe-
riências em ambientes ao ar livre, a partir da escuta e da observação das crianças, e
a criar novos e possíveis arranjos para suas realidades, onde o 'já para fora' seja tão
importante quanto o 'já para dentro'.
Acompanhe o percurso formativo e faça os ajustes que julgar necessários para a re-
alidade de sua rede ou escola, ou ainda para as demandas formativas dos docentes.
Oito horas, sendo sua organização a de- Reserve um espaço com pouca
pender da realidade da rede/escola. claridade e com pouco ruído ex-
Sugere-se que este tempo seja orga- terno para que a experiência de
nizado em dois blocos de quatro ho- assistir à produção audiovisual
ras ou quatro blocos de duas horas. seja prazerosa. Os demais mo-
Privilegie a organização do tempo mentos podem ocorrer em am-
da formação em função do desen- bientes como salas e auditórios
volvimento por etapas (ver mais em amplos para rodas de conversa,
"Desenvolvimento"). trabalhos em pares e projeções
de materiais visuais. Para a con-
versa fluir, você pode pensar em
espaços com almofadas ou ao ar
5. SUGESTÕES DE MATERIAIS
livre. Considere um lugar onde
todas as pessoas possam se en-
Computador ou outro equipa- xergar e escutar entre si. Círcu-
mento com áudio para exibição los ou semicírculos são ideais,
do filme O Começo da Vida 2: mas sua viabilidade depende da
Lá Fora, projetor, cópia da pau- quantidade de participantes. Se
ta formativa, papel, cartolinas necessário, organize práticas em
ou outros suportes para regis- subgrupos para que a etapa seja
tros, como canetas, lápis de cor, mais bem aproveitada por todos
giz de cera, carvão, giz pastel e e para potencializar a troca e coo-
canetinhas. peração entre participantes.
ETAPA 1
Foco: relatos sobre c.2. No subgrupo - peça que seja estruturado o roteiro
sequências de ações,
a partir de aspectos como: Quais espaços? Quais
gestos, movimentos ou
Ferramentas tempos? Quais crianças ou qual criança? Por quan-
iniciativas de bebês e
de registro: podem to tempo? Acompanhe as discussões e intervenha
crianças em espaços
ser utilizados câmera ponderando aspectos como faixa etária, observação
ao ar livre e na relação
- para fotos e vídeos - sobre momentos de livre iniciativa do bebê ou crian-
com eles; sequências de
narrativa escrita etc. ça ou, ainda, momentos dirigidos pelos professores.
ações sobre os usos e
ocupações dos espaços
Obs.: o roteiro não esgota as descobertas e novos cri-
pelos bebês e crianças
térios que podem surgir da própria observação. Não
deixe de abrir esta conversa com os professores.
a. Mostra de observações das crianças e suas experiências b. Com o apoio de um projetor, apresente o Quadro 1.
ao ar livre (duração de 1 hora, a depender da quantidade Neste momento, você convidará os professores a
de trabalhos para a mostra) articular as observações de seus trabalhos com os objeti-
vos de aprendizagem e desenvolvimento da BNCC. Não
Uma das metodologias apropriadas para a mostra é a de é necessário esgotar todo o quadro, mas provocar uma
uma feira: o espaço pode estar organizado com bancas atitude investigativa dos docentes. (duração de 1 hora)
onde, enquanto um público circula, o outro se apresenta.
Pode-se dividir em dois momentos: num primeiro, alguns b.1. Leitura do Quadro 1
participantes apresentam seus registros em suas ‘bancas’
b.2. Anotação das primeiras associações das observa-
e, posteriormente, se alterna para os demais. Importante
garantir recursos eletrônicos como notebooks ou projeto- ções com a BNCC
res em quantidade suficiente para que, simultaneamente,
b.3. Outras associações - disponibilize exemplares da
se conheça os diversos trabalhos. Tudo, claro, a depender da
BNCC para consulta em meio impresso e digital,
quantidade de participantes.
para que novas descobertas sejam feitas
(EI02ET07)
Contar oralmente objetos, pessoas, livros
etc., em contextos diversos.
(EI02ET08)
Registrar com números a quantidade de
crianças (meninas e meninos, presentes
e ausentes) e a quantidade de objetos
da mesma natureza (bonecas, bolas,
livros etc.).
Chame os educadores para avaliar com você todo o percurso Para sua autoavaliação
do encontro. Proponha perguntas disparadoras, como: como formador:
Quais percepções,
O que passamos a
O que poderia considerações, falas ou
Como vocês avaliam enxergar nas crianças
ter sido diferente gestos dos educadores
este momento? e na escola que antes
nesta pauta? chamaram a sua
estava oculto?
atenção?
Livro:
Desemparedamento da Infância
CIDADES, BAIRROS
E TERRITÓRIOS
EDUCATIVOS
43 HISTÓRIAS SOBRE APRENDER E ENSINAR COM E NA NATUREZA
GOSTO DE SER LIVRE
Bia
Franz Thomas
Coordenador Pedagógico
Navegando nas Artes
Bia
Bia
Saymon
Ambientalistas relatam o quanto foram importantes as move vivências náuticas utilizando barcos à vela,
experiências junto à natureza durante sua infância na definição com foco no estímulo à reflexão, sensibilização
de seus valores e atitudes quando adultos. Por este e por todos e mobilização das comunidades que vivem às
os outros benefícios que a natureza traz à vida da criança é margens da Represa Billings, na zona sul de São
que se torna urgente defender a garantia do desenvolvimento Paulo. Busca a valorização da água como bem
pleno e da educação integral no - e com o - território. natural finito e do meio ambiente, a mobilização
e a ocupação dos espaços públicos sempre ali-
nhadas com a linguagem artística do graffiti, que
é forte na região, fomentando o diálogo e a cons-
cientização sobre o ambiente. O projeto atende a
O bairro para mim assim já está perfeito. Só queria estudantes de escolas do ensino fundamental da
que ele tivesse um pouco mais de árvores e que não região do bairro Gaivotas.
fosse tão poluído. O que eu queria era só que essa
Para saber mais sobre a atuação do Navegando
represa fosse bem limpa mesmo, tão limpa que
nas Artes, acesse: https://www.navegandonasartes.
desse para beber água.
com.br/
Saymon
NOTA 1
c. Criação de um roteiro observação dos espaços e territó- c.1. No coletivo - proponha a leitura compartilhada
rios educativos (30 minutos) do texto complementar do Quadro 1 (página 65)
e faça uma rodada de critérios em comum de
Organize o grupo para a criação de um roteiro de observa- observação:
ção dos espaços abertos, especialmente fora da escola, com
potencial para serem usados em experiências de aprendiza- • foco - relatos acerca do que os professores
gem ao ar livre. Sua intervenção será fundamental para que sabem sobre a comunidade do entorno da
o roteiro alcance o potencial de uso de espaços no bairro, escola. Quais oportunidades estes espaços
assim como dos saberes do território. Acompanhe de perto podem oferecer para o pleno desenvolvi-
a construção dos roteiros. mento dos estudantes?
Cada professor realizará o roteiro na comunidade de sua es- • registro - estimule os docentes a realizarem
cola. No entanto, a elaboração do roteiro deve prever o tra- uma caminhada pela comunidade docu-
balho em equipe. Havendo mais de um professor da mes- mentando sequências de ações, gestos e
2
TORRES, R. M. A educação em função do desenvolvimento local e da aprendiza-
gem. In: Muitos lugares para aprender. São Paulo: CENPEC/Fundação Itaú Social/
UNICEF, 2003. Citado por: FARIA. A. B. G. de. O Pátio escolar como ter[ritó]rio [de
passagem] entre a escola e a cidade. In: AZEVEDO, G. A. N.; RHEINGANTZ, P. A.; TÂN-
GARI, V. R. (Orgs). O lugar do pátio escolar no sistema de áreas livres: uso, forma e 65 HISTÓRIAS SOBRE APRENDER E ENSINAR COM E NA NATUREZA
apropriação. Rio de Janeiro: FAPERJ, 2011. p. 39.
construídos e estão presentes em todos os territórios, ainda dos por intencionalidades pedagógicas e relações com o cur-
que não sejam percebidos como tal. Os saberes locais con- rículo da escola.
duzem a um reconhecimento: perceber e conceber práticas
da vida cotidiana, como hábitos, valores, memórias e histórias
dos que residem no território. 1 Agentes - pessoas, coletivos ou instituições (públicas
ou privadas) que atuam direta ou indiretamente
Sob a perspectiva da educação integral, esses saberes ope-
naquele local, modificando suas dinâmicas, gerando
ram como insumos, vivências e contextualização do processo
demandas ou realizando intervenções.
educativo empreendido por escolas e organizações sociais do
território como museus, bibliotecas, entre outros equipamen-
2 Espaços - ambientes naturais (como praças e áreas
tos. Ao receberem intencionalidade educativa, os saberes
verdes), instituições (dentro e fora de edificações) e
locais contribuem para a construção de aprendizagens sig-
os lugares (espaço físico dotado de significado, de
nificativas e relevantes para crianças e adolescentes. Essas vi-
identidade que atribui sentido e valor afetivo e social).
vências, percepções e concepções 'espontâneas', ou seja, prá-
ticas e conhecimentos prévios com os quais chegam à escola, Dinâmicas - processos naturais e sociais que ocorrem
3
abrem um contexto significativo para as aprendizagens que no território: eventos climáticos, festas, rituais,
ocorrerão na escola, podendo ampliá-las, problematizá-las e deslocamentos, enfim, processos que caracterizam
valorizá-las. formas de uso do território.
usar a criativi-
NOTA 2 dade e expor de
diferentes formas, os suportes de ima-
A realização desta etapa pressupõe um intervalo de
gens e áudio visuais podem ajudar muito como fotos,
tempo entre as etapas 2 e 3.
mapas e até pequenos vídeos podem compor a exposição
dos aspectos chamaram a atenção na relação da criança com
estes espaços e destaque aqueles que possuem potencial
para compor o ecossistema educativo no bairro.
a. Mostra de observações das crianças e suas experiências
no - e com o - entorno da escola (duração de 1 hora, a de-
pender da quantidade de trabalhos para a mostra) b. Com o apoio de um projetor, apresente o Quadro 2. Neste
momento, você convidará os professores a articularem
Uma das metodologias apropriadas para a mostra é a de as observações de seus trabalhos com os objetivos de
uma feira: o espaço pode estar organizado com bancas aprendizagem e desenvolvimento da BNCC.
onde, enquanto um público circula, o outro se apresenta.
Pode-se dividir em dois momentos: no primeiro, alguns Em que medida a observação da ocupação e da participa-
participantes apresentam seus registros em suas ‘bancas’ ção das crianças na comunidade indica parcerias ou novos
e, posteriormente, alterna-se para os demais. Importante arranjos no planejamento da turma?
garantir recursos eletrônicos como notebooks ou projeto-
res em quantidade suficiente para que, simultaneamente, Há relação entre o uso dos espaços observado e o poten-
se conheça os diversos trabalhos. Tudo, claro, a depender cial para a promoção de direitos de aprendizagem e de-
da quantidade de participantes. Os professores podem senvolvimento, bem como dos objetivos de aprendiza-
Quais parcerias ou quais arranjos podem ser construídos b.4. Sistematize, no Quadro 3, o conjunto das as-
para se empregar intencionalidade educativa na integração sociações feitas entre os níveis de ensino, as
dos usos desses espaços ao currículo da escola? áreas, objetivos de aprendizagem e campos
de experiências.
Foram observados espaços que demandam intervenção
para que todas as crianças possam ocupar e participar?
Quais apoios devem ser construídos para tanto?
EDUCAÇÃO INFANTIL
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
Formas de
(EF02GE08) Identificar e elaborar diferentes formas de representação
representação Localização, orientação e
(desenhos, mapas mentais, maquetes) para representar
e pensamento representação espacial
componentes da paisagem dos lugares de vivência.
espacial
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
Circulação
A circulação de pessoas e (EF04HI04) Identificar as relações entre os indivíduos e a natureza
de pessoas,
as transformações no meio e discutir o significado do nomadismo e da fixação das primeiras
produtos e
natural comunidades humanas.
culturas
Transfor-
mações e O passado e o presente: a
(EF04HI03) Identificar as transformações ocorridas na cidade ao longo
permanências noção de permanência e as
do tempo e discutir suas interferências nos modos de vida de seus
nas trajetórias lentas transformações sociais e
habitantes, tomando como ponto de partida o presente.
dos grupos culturais
humanos
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
Diversidade de ecossistemas;
(EF07CI07) Caracterizar os principais ecossistemas brasileiros quanto
fenômenos naturais e
à paisagem, à quantidade de água, ao tipo de solo, à disponibilidade
impactos ambientais;
de luz solar, à temperatura etc., correlacionando essas características à
programas e indicadores de
flora e fauna específicas.
saúde pública
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O sujeito e
(EF06GE01) Comparar modificações das paisagens nos lugares de
seu lugar no Identidade sociocultural
vivência e os usos desses lugares em diferentes tempos.
mundo
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
Sua paz é você que define Foi assim que criaram e assim que tem que ser
Longe do álcool, longe do crime O mestre de cerimônia rimando pra você
A escola é o caminho do sucesso Enquanto o DJ troca as bases
Pro guerreiro honrar desde o começo O grafiteiro pinta todo o contraste
Chame os educadores para avaliar com você todo o percurso Para sua autoavaliação
do encontro. Proponha perguntas disparadoras, como: como formador:
Quais percepções,
O que passamos a
O que poderia considerações, falas ou
Como vocês avaliam enxergar nas crianças
ter sido diferente gestos dos educadores
este momento? e na escola que antes
nesta pauta? chamaram a sua
estava oculto?
atenção?
Vídeos
Esta pauta formativa se encerra em um momento de
A natureza como lugar de acolhimento
planejamento de novas intervenções na gestão da sala
de aula, a partir da observação das crianças. É importante Do tamanho que o planeta é
que a formação acompanhe o progresso e a execução dos
planejamentos, apoiando com os novos aportes teóricos ou
Livros
metodológicos que surgirem. A rede também deve valorizar
os planos realizados, reunindo-os em uma coletânea digital de Desemparedamento da Infância: a escola como lugar de en-
boas práticas ou, ainda, por meio da organização de mostras contro com a natureza
como a sugerida nesta pauta. As práticas dos professores são
Currículo e Educação Integral na Prática: uma referência para
bons conteúdos formativos e podem mobilizar outros docentes
estados e municípios
a transformarem suas ações em benefício das aprendizagens
e do desenvolvimento em espaços abertos e naturais. Cidades para brincar e sentar
Site
TERRA, ALIMENTOS
E ORIGENS DA VIDA
86 HISTÓRIAS SOBRE APRENDER E ENSINAR COM E NA NATUREZA
Em certas fases do desenvolvimento infantil é comum escutar
"o que é isso?" e "por que?". Crianças têm uma curiosidade ina-
ta de conhecer e decifrar os fenômenos do mundo. De saber
Precisamos nos dar conta de que
sobre a origem das coisas.
a Terra é nossa melhor professora.
Nesta história, iremos conhecer a iniciativa dos Huertos Mil- Então, por que não colocar as
pazul na Cidade do México, no México. É um espaço de promo- crianças dentro do laboratório de
ção de permacultura nos ambientes escolares. Lá, as crianças
vida que é uma horta, para que
cultivam regularmente suas perguntas sobre a vida natural no
aprendam com ela?
manejo da terra e dos alimentos. Uma relação com a nature-
za essencial, que pode ser estimulada por famílias e escolas.
Como diz a idealizadora da iniciativa Fabienne Ginon:
‒‒ Cadê as minhocas?
‒‒ Por quê?
‒‒ Isso mesmo.
‒‒ Vamos regar
as plantas.
‒‒ Por quem?
‒‒ Está pronto
para colher.
Fabienne Ginon
Idealizadora Huertos Milpazul
Fabienne Ginon
Idealizadora Huertos Milpazul
A história que você acaba de conhecer narra uma iniciativa de uso de hortas, dentro ou fora das
escolas, como oportunidade para as crianças criarem relações profundas e significativas com as
origens da vida, seus ciclos e frutos da terra.
Diante do cenário de grande “cacofonia alimentar”4, onde são estimulados cada vez mais o consu-
mo exacerbado de alimentos industrializados, e no qual a escolha do que comer é individualizada,
as hortas escolares podem ter um efeito contrário: a observação atenta e o cuidado em grupo com
o cultivo dos alimentos cria vínculos afetivos que são benéficos para as crianças. Um importante
contraponto ao aumento do consumo de produtos alimentícios industrializados, gerador de uma
grave consequência cientificamente comprovada na saúde infantil: o aumento da obesidade.
Os vínculos criados vão além da relação com os alimentos produzidos, estendem-se ao ambiente
escolar, à comunidade e seus meios de produção e à natureza. Compreender como a horta es-
colar pode ser um laboratório vivo e articulador de diferentes campos do conhecimento, além de
tornar visíveis as aprendizagens e habilidades conquistadas por estudantes, ainda é um grande
desafio formativo para docentes.
4
(COELHO; BÓGUS; 2016) 100 HISTÓRIAS SOBRE APRENDER E ENSINAR COM E NA NATUREZA
PERCURSO FORMATIVO 2. RESULTADOS ESPERADOS
Professores dos anos iniciais e finais do Computador ou outro equipamento com áudio para exibi-
ensino fundamental. ção do filme O Começo da Vida 2: Lá Fora, projetor, cópia da
pauta formativa, papel, cartolinas ou outros suportes para
registros, como canetas, lápis de cor, giz de cera, carvão, giz
NOTA pastel e canetinhas.
ETAPA 1
O problema:
As soluções:
desafios para
estratégias,
crianças, adultos
colaborações e
e educadores,
inovações
entre outros
ETAPA 2
c.2. Eleja critérios para a organização do grupo, que po- Disponibilize, por meio de projeção ou impressão, qua-
derá ser em subgrupos ou duplas. Cada professor dros destacados da BNCC educação infantil ou anos
pode ter seu próprio planejamento afinado ao con- iniciais do fundamental para apoiar o desenvolvimento
texto específico de seu grupo de crianças ou rea- dos objetivos.
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
Propriedades físicas
(EF05CI05) Construir propostas coletivas para um consumo mais consciente
Matéria dos materiais; ciclo
e criar soluções tecnológicas para o descarte adequado e a reutilização ou
e energia hidrológico; consumo
reciclagem de materiais consumidos na escola e/ou na vida cotidiana.
consciente; reciclagem
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
Cadeias
(EF04CI06) Relacionar a participação de fungos e bactérias no processo de
alimentares simples;
decomposição, reconhecendo a importância ambiental desse processo.
microrganismos
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
Mundo do Trabalho e inovação (EF05GE07) Identificar os diferentes tipos de energia utilizados na produção
trabalho tecnológica industrial, agrícola e extrativa e no cotidiano das populações.
Natureza,
ambientes Condições de vida nos (EF01GE10) Descrever características de seus lugares de vivência relacionadas
e qualidade lugares de vivência aos ritmos da natureza (chuva, vento, calor etc.).
de vida
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
Circulação A circulação de
(EF04HI04) Identificar as relações entre os indivíduos e a natureza e
de pessoas, pessoas e as
discutir o significado do nomadismo e da fixação das primeiras
produtos e transformações
comunidades humanas.
culturas no meio natural
O trabalho e a
A sobrevivência e a (EF02HI11) Identificar impactos no ambiente causados pelas diferentes
sustentabilidade
relação com a natureza formas de trabalho existentes na comunidade em que vive.
na comunidade
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
Mecanismos
(EF08CI07) Comparar diferentes processos reprodutivos em plantas e
reprodutivos;
animais em relação aos mecanismos adaptativos e evolutivos.
sexualidade
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O sujeito e seu Identidade (EF06GE01) Comparar modificações das paisagens nos lugares de vivência
lugar no mundo sociocultural e os usos desses lugares em diferentes tempos.
Relações entre os
Conexões e (EF06GE05) Relacionar padrões climáticos, tipos de solo, relevo e formações
componentes físico-
escalas vegetais.
naturais
Natureza,
(EF06GE11) Analisar distintas interações das sociedades com a natureza,
ambientes e Biodiversidade e ciclo
com base na distribuição dos componentes físico-naturais, incluindo as
qualidade hidrológico
transformações da biodiversidade local e do mundo.
de vida
Modalidade Organizativa Cada professor, cada escola e cada rede tem uma
Atividade permanente maneira própria de construir um planejamento
de ensino. Essa diversidade pode e deve ser va-
Sequência didática lorizada, atentando a aspectos comuns que todo
Projeto didático planejamento deve prever. Compartilhe algumas
referências sobre este conteúdo e posteriormente
Atividades independentes
sobre planejamento com o grupo.
Quais pontos do planejamento da proposta e de sua realiza- Qual continuidade está prevista para este planejamento?
ção foram positivos? Por quê?
Quais descobertas, perguntas, hipóteses e sentimentos as
Quais pontos do planejamento e da realização demandam crianças manifestaram na experiência com a horta escolar?
atenção? Por quê?
c. Acompanhe as conversas em grupo e, se possível, incen-
Quais intervenções foram necessárias para qualificar as tive novos agrupamentos para que os professores pos-
oportunidades de aprendizagem das crianças na horta? sam narrar e escutar diferentes propostas realizadas.
Chame os educadores para avaliar com você todo o percurso Para sua autoavaliação
do encontro. Proponha perguntas disparadoras, como: como formador:
Quais percepções,
O que passamos a
O que poderia considerações, falas ou
Como vocês avaliam enxergar nas crianças
ter sido diferente gestos dos educadores
este momento? e na escola que antes
nesta pauta? chamaram a sua
estava oculto?
atenção?
10. INSPIRAÇÕES OU MATERIAIS COMPLEMENTARES TiNi é um pedaço de terra para crianças e adoles-
centes cultivarem vida, gerando bem-estar para a
Filme natureza, para outras pessoas e para si mesmos. O
O Começo da Vida 2: Lá Fora objetivo é nutrir o vínculo afetivo criança-natureza
para que criem empatia por todas as formas de vida
e cresçam como agentes de transformação para um
Livros:
mundo sustentável. Esse projeto é inspirado na ex-
Desemparedamento da Infância periência da ANIA, de Joaquín Leguía, no Peru, e já
Dedo Verde na Escola: Cultivando a Alfabetização Ecológica na existe em diversos países, incluindo agora o Brasil.
Educação Infantil, de Mônica Pilz Borba
Para saber mais, acesse: https://www.tinis.com.br/
Horta escolar: uma sala de aula ao ar livre, de Amanda Frug
(coordenação)
PARQUES, ÁREAS
PROTEGIDAS E
NATUREZA SELVAGEM
124 HISTÓRIAS SOBRE APRENDER E ENSINAR COM E NA NATUREZA
Estes são estudantes da Escola da Serra e, como muitos outros mais seguros para os adolescentes terem momentos de lazer
adolescentes, gostam de passear em seus momentos de lazer com alguma liberdade.
em centros de comércio em sua cidade.
As experiências familiares, comunitárias e escolares desempe-
Esses centros, em sua maioria, são espaços fechados que hipe- nham um papel significativo na constituição de crianças e ado-
restimulam o consumo de produtos, marcas e modos de ser, lescentes enquanto pessoas em formação. E, assim como ocor-
de conviver e de participar do mundo. Muitas vezes, reforçam re com outros meninos e meninas, eles passam por um período
e reproduzem estereótipos de gênero, etários, raciais e mo- da vida definido por intensas e diversas modificações biopsicos-
rais. Entretanto, são considerados pelas famílias como os locais sociais entre o final da infância e todo o curso da adolescência.
Sérgio Godinho
Nosso convite é que você reflita como uma das principais finalida-
des educativas nos anos finais do fundamental e no ensino médio
da educação básica - a autonomia - pode ser conquistada gradual-
mente quando a relação com a natureza compõe o PPP da escola.
Falabella de Queiroz
Lopes, aluna
O que as crianças aprenderam com esta experiência de acam- Ademais, estimulou o sentido de fazer parte do todo, conhe-
pamento? Quais conhecimentos estão envolvidos? O conhe- cimento que fundamenta uma consciência ambiental, tão
cimento construído a partir das experiências com o corpo cria importante para o enfrentamento de desafios do presente
memórias próprias, diferentes daqueles vividos na mediação (como as mudanças climáticas), dos quais as crianças são
com os livros e tecnologias. parte e também herdeiras.
Os desafios que a natureza trouxe aos estudantes desperta- Para Richard Louv, autor do livro A Última Criança na Na-
ram uma noção de autonomia, propiciaram maior consciên- tureza, a educação com a - e na - natureza se expande para
cia sobre si, o outro e o ambiente natural ao seu redor. Irene além de uma construção de projeto pessoal: dialoga com e
Falabella de Queiroz Lopes volta a afirmar que acampar é um fundamenta a construção de um projeto coletivo de socie-
exercício de confiança, base fundamental na construção de dade e de planeta.
projetos pessoais:
vão se importar tanto com ela. Podem se importar te (MG). Dispõe de uma estrutura física privile-
giada. São 2.000 m² de área livre e arborizada,
num nível intelectual, mas a não ser que realmente
com dois amplos pátios (um deles específico
molhem as mãos e sujem os pés, que entrem em
para a educação infantil, com tanque de areia,
contato físico com a natureza, elas não vão criar
playground e casinha de brincar). Existem cinco
uma conexão com ela. E se grande parte dessa
grandes salões para os estudos, um laboratório,
geração ou das gerações seguintes estiverem cada
um auditório, uma quadra coberta e uma des-
vez mais desconectadas da natureza, de onde virão
coberta para a prática de esportes, além de ou-
os próximos defensores do planeta? Sempre haverá tros ambientes.
ambientalistas, mas se não tomarmos cuidado, eles
carregarão a natureza numa pasta de Para saber mais sobre a Escola da Serra, acesse:
documentos e não no coração. https://www.escoladaserra.com.br/
Professores do ensino
fundamental anos fi-
Reconhecer as nais e ensino médio.
Planejar oportunidades para
propostas de aprendizagem COM
atividades em A - e NA - natureza
ambientes e relacionar aos
naturais conteúdos da Base
preservados Nacional Comum
Curricular (BNCC)
Os benefícios:
As condições:
desenvolvimento e
quais condições
aprendizagem para
foram criadas ou
as crianças, para
necessárias para
adultos educadores e
viabilizar a iniciativa
para a escola/rede
• a história do lugar
c. Leitura de contexto (30 minutos) • processos legais e de regulamentação da área
• comunidades locais que vivem ao redor da área
Em círculo, peça aos professores que reflitam sobre os con-
textos de vida dos estudantes e de suas famílias. Vá orga- • ativos culturais e turísticos
nizando o registro sempre de maneira que todos acom-
• manejo e proteção
panhem e possam qualificar o debate a partir do que está
sendo apresentado. Você pode intervir com perguntas • desafios e riscos
como: o currículo da escola dialoga com os contextos deba- • infraestrutura de acampamento
tidos? Em qual sentido? Podemos observar a presença da
natureza neste contexto? De qual maneira? Como a escola Por tratar-se de uma proposta de projeto interárea, en-
pode atuar na garantia desse direito? quanto alguns professores pesquisam, os outros podem
selecionar os materiais para a construção de uma maque-
te da área. Caso seja de interesse e viabilidade da escola,
a construção da maquete pode ocorrer por meio digital,
d. Pesquisa e mapeamento dos ambientes naturais preser-
ou seja, uma maquete 3D. Potencialize os saberes que já
vados do território, da cidade ou da região (1 hora)
circulam entre seus professores. Ao final, antecipe que o
Utilizando os recursos tecnológicos disponíveis na escola - encontro seguinte contará com o planejamento do proje-
computador ou tablet - com conexão à internet, os professo- to interáreas a partir da maquete elaborada.
Inicie o encontro a partir das memórias dos professores do últi- c. Outras associações - disponibilize exemplares da BNCC
mo momento. Convide-os a apresentar as maquetes construí- para consulta em meio impresso e digital, para que novas
das. A depender da quantidade de participantes, opte por uma descobertas sejam feitas
estratégia mais dinâmica.
d. Sistematize o conjunto das associações feitas
Uma das metodologias apropriadas para tanto é a de uma fei-
ra: o espaço pode estar organizado com bancas onde, enquan-
to um público circula, o outro se apresenta. Pode-se dividir em
dois momentos: num primeiro, alguns participantes apresen-
tam suas maquetes em suas ‘bancas’ e, posteriormente, se al-
terna para os demais. Importante garantir recursos eletrônicos
como notebooks ou projetores em quantidade suficiente para
que, simultaneamente, se conheça os diversos trabalhos.
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
Diversidade de
ecossistemas;
(EF07CI07) Caracterizar os principais ecossistemas brasileiros quanto à
fenômenos naturais e
paisagem, à quantidade de água, ao tipo de solo, à disponibilidade de luz
impactos ambientais;
solar, à temperatura etc., correlacionando essas características à flora e fauna
programas e
específicas.
indicadores de saúde
pública
Vida e
Hereditariedade; (EF09CI12) Justificar a importância das unidades de conservação para a
evolução
ideias evolucionistas; preservação da biodiversidade e do patrimônio nacional, considerando os
preservação da diferentes tipos de unidades (parques, reservas e florestas nacionais), as
biodiversidade populações humanas e as atividades a eles relacionados.
Hereditariedade;
(EF09CI13) Propor iniciativas individuais e coletivas para a solução de
ideias evolucionistas;
problemas ambientais da cidade ou da comunidade, com base na análise de
preservação da
ações de consumo consciente e de sustentabilidade bem-sucedidas.
biodiversidade
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
Práticas
Práticas corporais de (EF89EF20) Identificar riscos, formular estratégias e observar normas de
corporais de
aventura na natureza segurança para superar os desafios na realização de práticas corporais de
aventura
aventura na natureza.
UNIDADES OBJETOS DE
HABILIDADES
TEMÁTICAS CONHECIMENTO
O sujeito e
(EF06GE01) Comparar modificações das paisagens nos lugares de vivência
seu lugar no Identidade sociocultural
e os usos desses lugares em diferentes tempos.
mundo
ENSINO MÉDIO
Formular propostas, intervir e tomar decisões que levem em conta o bem comum
1º, 2º, 3º EM13LGG304 e os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável
em âmbito local, regional e global.
ENSINO MÉDIO
ENSINO MÉDIO
ENSINO MÉDIO
Avaliar e prever efeitos de intervenções nos ecossistemas, e seus impactos nos seres
vivos e no corpo humano, com base nos mecanismos de manutenção da vida, nos ciclos
1º, 2º, 3º EM13CNT203 da matéria e nas transformações e transferências de energia, utilizando representações
e simulações sobre tais fatores, com ou sem o uso de dispositivos e aplicativos digitais
(como softwares de simulação e de realidade virtual, entre outros).
ENSINO MÉDIO
ENSINO MÉDIO
ENSINO MÉDIO
b. Proponha a organização dos professores interáreas para c. Socialização dos planejamentos (30 minutos)
o planejamento de uma visita ou acampamento em uma
área natural preservada (1 hora) Em roda, peça que os participantes apresentem o planeja-
mento do projetos. Considere como indicadores de análise:
O que deve ser considerado:
• O protagonismo do estudante como centro da
b.1. Ponto de partida - contexto dos estudantes, pes- proposta
quisa e mapeamento da área
• Os benefícios da aprendizagem ao ar livre
b.2. Definição do objetivo do projeto e das habilidades
• A articulação com a BNCC
a serem exploradas
• A articulação e a integração das áreas
b.3. Cronograma, etapas e divisão das responsabili-
dades - como cada professor e cada área estará • Parcerias e colaboração no projeto - dentro e fora
engajada? da escola
Chame os educadores para avaliar com você todo o percurso Para sua autoavaliação
do encontro. Proponha perguntas disparadoras, como: como formador:
Quais percepções,
O que passamos a
O que poderia considerações, falas ou
Como vocês avaliam enxergar nas crianças
ter sido diferente gestos dos educadores
este momento? e na escola que antes
nesta pauta? chamaram a sua
estava oculto?
atenção?
Materiais:
10. INSPIRAÇÕES OU MATERIAIS COMPLEMENTARES
O que o brincar ao ar livre tem a ver com a conservação da
natureza?
Filme:
Acampando com crianças: acampar é uma aventura tendo
O Começo da Vida 2: Lá Fora apenas a natureza e uns aos outros
Realização
criancaenatureza.org.br