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C O N T E X T UA L I Z A Ç Ã O

 Conquistas napoleônicas
(invasões territoriais)

 Nasce o sentimento de
nacionalismo nos portugueses.

 Orgulho histórico nacional

 Publicação do poema Camões, de


Almeida Garret (1825)

 Guerra civil – Absolutistas e


Liberais (1832 – 1834)

 Independência do Brasil (1822)

 O Romantismo em Portugal
desenvolveu-se em três fases

 Durou cerca de 40 anos


CONTEXTO HISTÓRICO

Com a Revolução Francesa (1789-1799), a classe burguesa


subiu ao poder. A partir de então, passou a influenciar
econômica e politicamente os rumos da França. Assim, a
diminuição do poder da aristocracia atingiu toda a Europa.
Antes disso, ocorreu a Independência dos Estados Unidos,
em 4 de julho de 1776, que foi de grande inspiração para os
franceses.
CONTEXTO HISTÓRICO
Dessa forma, tanto a Europa quanto o continente
americano passaram a valorizar um regime democrático
não monárquico. A ideia de um monarca detentor de um
poder divino sobre seus servos ficou ultrapassada. Agora,
havia uma nova força política, isto é, o cidadão burguês,
com deveres, mas também direitos.
CONTEXTO HISTÓRICO
Entre 1799 e 1815, Napoleão Bonaparte (1769-1821) realizou a
expansão do império francês. Assim, invadiu alguns países,
como Alemanha e Portugal. Tais conquistas napoleônicas
acabaram fortalecendo o sentimento de nacionalidade nos
territórios ocupados. Dessa forma, o Romantismo nasceu não só
influenciado pelo ideal de liberdade francês e estadunidense,
mas também pelo nacionalismo alemão.
CONTEXTO HISTÓRICO
Em 1807, devido à ameaça de invasão, D. João VI (1767-1826)
e sua corte fugiram de Portugal em direção ao Brasil, que
passou a ser a sede do governo. Dessa forma, a colônia, que
tinha importância econômica, adquiriu também relevância
política. Só em 1821, D. João VI, temendo perder o poder em
Portugal, voltou ao seu país, onde precisou enfrentar revoltas
que precederam a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834).
CONTEXTO HISTÓRICO
Diante desse contexto, os artistas românticos foram de
suma importância para unir a nação portuguesa em um
mesmo sentimento patriótico. Enquanto isso, no Brasil,
a independência, ocorrida em 1822, inspirava os escritores
e artistas brasileiros a dar forma a uma identidade
nacional, com características originais.
PRIMEIRA FASE
(1825 - 1840)

Características: Principais autores e suas


obras de destaque:
• Fase marcada pelo nacionalismo, medievalismo,
idealização da mulher e saudosismo; • João de Almeida Garret
• Surge como resultado da instabilidade política
“Camões”
em Portugal, nos anos que antecederam essa “Folhas caídas”
geração – a invasão francesa, o domínio inglês • Alexandre Herculano
e a ausência do rei; “A voz do profeta”
• Tem início em 1825, com a publicação do
poema Camões de Almeida Garret
Não te amo .

Não te amo, quero-te: o amar vem d’alma. Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
E eu n’alma - tenho a calma, Quem ama a aziaga estrela
A calma do jazigo. Que lhe luz na má hora
Ai! Não te amo, não. Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado.


Não te amo, quero-te: o amor é vida.
De mau, feitiço azado
E a vida - nem sentida
Este indigno furor.
A trago eu já comigo.
Mas oh! Não te amo, não.
Ai! Não te amo, não.
E infame sou porque te quero; e tanto
Ai! Não te amo, não; e só te quero. Que de mim tenho espanto,
De um querer bruto e fero De ti medo e terror...
Que o sangue me devora, Mas amar!... Não te amo, não.
Não chega ao coração.
Almeida Garret
SEGUNDA FASE
(1840 - 1860)

Características: Principais autores e suas


obras de destaque:
• Fase conhecida como ultrarromântica;
• Esboça um sentimentalismo exagerado; • Camilo Castelo Branco
• Apresenta fortemente as ideias do “Mal do “Amor de perdição”
século” – desespero, morte. • Antônio Augusto Soares Passos
• As produções artísticas são marcadas pelo “Poesias”
tédio, melancolia, pessimismo, negativismo,
morbidez e temas fúnebres.
O NOIVADO DO SEPULCRO

Vai alta a lua! na mansão da morte Ergueu-se, ergueu-se!... com sombrio


Já meia-noite com vagar soou; espanto
Que paz tranquila; dos vaivéns da sorte Olhou em roda... não achou ninguém...
Por entre as campas, arrastando o manto,
Só tem descanso quem ali baixou. Com lentos passos caminhou além.

Que paz tranquila!... mas eis longe, ao longe Chegando perto duma cruz alçada,
Funérea campa com fragor rangeu; Que entre ciprestes alvejava ao fim,
Parou, sentou-se e com a voz magoada
Branco fantasma semelhante a um monge, Os ecos tristes acordou assim:
D'entre os sepulcros a cabeça ergueu.
"Mulher formosa, que adorei na vida,
Ergueu-se, ergueu-se!... na amplidão celeste "E que na tumba não cessei d'amar,
Campeia a lua com sinistra luz; "Por que atraiçoas, desleal, mentida,
"O amor eterno que te ouvi jurar?
O vento geme no feral cipreste,
O mocho pia na marmórea cruz.
Antônio Augusto Soares Passos
TERCEIRA FASE
(1860 - 1870)

Características: Principais autores e suas


obras de destaque:
• Fase considerada pré-realista, pois marca a
transição do Romantismo para o Realismo e • Júlio Dinis
Naturalismo português. “As pupilas do Senhor Reitor”
• Produções literárias com temática social, • João de Deus
trazendo uma característica um pouco mais
realista, apesar de seu caráter sentimental.
“Campo de flores”
• Troca-se o exagero sentimental pelo
equilíbrio, leveza e espontaneidade lírica.
A Vida
A vida é o dia de hoje, Nuvem que o vento nos ares,
a vida é ai que mal soa, onda que o vento nos mares
a vida é sombra que foge, uma após outra lançou,
a vida é nuvem que voa; a vida – pena caída
a vida é sonho tão leve da asa de ave ferida -
que se desfaz como a neve de vale em vale impelida,
e como o fumo se esvai: a vida o vento a levou!

A vida dura um momento,


mais leve que o pensamento,
João de Deus
a vida leva-a o vento,
a vida é folha que cai!
A vida é flor na corrente,
a vida é sopro suave,
a vida é estrela cadente,
voa mais leve que a ave:

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