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Instituto Superior Mutassa

Delegação de Chimoio
Curso: Licenciatura em Ensino de Historia e Geografia
Cadeira: Historia Económica
1° Ano – Ensino a Distancia

Objecto de estudo da história económica; o papel da história dentro da


economia; os pontos convergentes e divergentes no pensamento de Jean Baptista
e Adam Smith e a cronologia das relações de produção em Karl Marx

Chimoio, Abril de 2023

Instituto Superior Mutassa


Delegação de Chimoio
Curso: Licenciatura em Ensino de Historia e Geografia
Cadeira: Historia Económica
1° Ano- EAD

Objecto de estudo da história económica; o papel da história dentro da economia; os pontos


convergentes e divergentes no pensamento de Jean Baptista e Adam Smith e a cronologia das
relações de produção em Karl Marx

Exame Normal de carácter avaliativo a ser


Estudantes:
apresentado no Instituto Superior Mutasa do
Alves Taruza Sueta
curso de Licenciatura em Ensino de Historia
e Geografia 1° Ano I° Semestre de 2023,
Disciplina de Historia Económica, EAD,
sob orientação da docente. dro Mário Simões
Tauzene

Chimoio, Abril de 2023

Índic

e
1. Introdução.............................................................................................................................4
2.1. Objectivo Geral.....................................................................................................................4

2.2. Específicos............................................................................................................................4

3. Metodologia..................................................................................................................................4

4. Objecto de estudo da história económica.....................................................................................5

5. O papel da história dentro da economia.......................................................................................6

6. Os pontos convergentes e divergentes no pensamento de Jean Baptista e Adam Smith.............7

7. Cronologia das relações de produção em Karl Marx.................................................................10

7.1. O conceito de modo de produção...........................................................................................14

8. Conclusão...................................................................................................................................16

9. Referências bibliográficas..........................................................................................................17
1. Introdução
A história da economia é o ramo da história que estuda os fenómenos económicos no
passado, e também o ramo da economia que estuda os factos do passado à luz da análise
económica. Dado que as ciências sociais não são susceptíveis à experimentação em laboratório,
as situações passadas e os dados recolhidos sobre elas podem servir para elaboração de hipóteses
verificáveis. A análise da história económica é feita usando uma combinação de métodos de
história, métodos estatísticos e pela aplicação da teoria económica às situações históricas. Inclui
a história da administração, história das finanças e sobrepõe-se com áreas da história social tais
como a história da demografia e a história do trabalho.

2. Objectivos
2.1. Objectivo Geral
 Analisar objecto de estudo da história económica; o papel da história dentro da economia;
os pontos convergentes e divergentes no pensamento de Jean Baptista e Adam Smith e a
cronologia das relações de produção em Karl Marx
2.2. Específicos
 Caracterizar objecto de estudo da história económica
 Debruçar o papel da história dentro da economia
 Identificar os pontos convergentes e divergentes no pensamento de Jean Baptista e Adam
Smith

 Descrever cronologia das relações de produção em Karl Marx

3. Metodologia
Segundo ANDRADE (2001:128), “metodologia é o conjunto de métodos ou caminhos que
são percorridos na busca do conhecimento”. A revisão bibliográfica é vantajosa na medida em
que desenvolve, esclarece e modifica conceitos e ideias, permitindo a formulação precisa de
problemas ou hipóteses pesquisáveis, proporcionam uma visão geral acerca de determinados
factos. Mais também corremos o risco de lermos tudo que é livro, artigos, esperando encontrar
qualquer coisa que explique o objectivo do trabalho. Mas a maior dificuldade encontrada no
local aquando do pedido de documentos oficiais, material e documentação específica sobre o
assunto em análise.

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4. Objecto de estudo da história económica

A História Económica é o ramo da História que estuda os fenómenos económicos no tempo, e


também o ramo da economia, que estuda os fatos à luz da análise económica. O seu objecto
consiste em estudar os modelos e/ou doutrinas económicas de cada época, a partir do
pensamento económico que perpassa os períodos históricos, ou melhor, da antiguidade, idade
média, mercantilismo, doutrina liberal e individualista, reacções socialistas e as não socialistas,
até as reacções contra a ciência clássica.

De modo mais específico, podemos dizer que a história económica tem como objecto de estudo
as formas de produção e distribuição da riqueza social, assim como as causas e consequências do
crescimento económico na história. Essa ciência investiga diversas questões como:

a) Os tipos de bens e serviços produzidos;


b) As formas de organizar e financiar a produção;
c) O grau de eficiência dos métodos de produção;
d) A relação entre os sectores económicos (agricultura, indústria, comércio e serviços);
e) A forma com que a renda e a riqueza foram distribuídas;
f) As relações entre grupos sociais e a economia;
g) O papel do Estado, das leis, das ideias;
h) O crescimento demográfico e a economia;
i) O desenvolvimento tecnológico;
j) Descontinuidades e rupturas, na forma de crises e mudanças institucionais no sistema
económico. COLESTETE (2008).

Neste sentido, a História pode ser vista como um dos três pilares básicos da ciência económica,
junto com a teoria económica de um lado e os vários campos da economia aplicada, de outro.
Esses três pilares tem uma importância equivalente e devem ser considerados tão indispensáveis
pelos historiadores como pelos teóricos e/ou analistas da economia. Nem os primeiros nem os
segundos podem ir muito longe em suas sistematizações e generalizações sem o aporte conjunto
desses pilares. O historiador económico, em particular, sempre carece do suporte de um
arcabouço teórico capaz de propiciar os pressupostos e as hipóteses para seu raciocínio; também
precisa usualmente apoiar-se em um ou mais campo da economia aplicada, que sejam passíveis

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de lhe fornecer a armação empírica necessária para a organização e a análise das evidências
materiais que se encontram a seu dispor. (SZMRECSÁNYI, 1992).

Um exemplo concreto refere-se ao estudo de um processo histórico como a Revolução Industrial,


que requer não apenas o levantamento empírico de todos os factores e eventos responsáveis por
seu surgimento e existência, mas também e, talvez, principalmente – um entendimento teórico
dos vários níveis e aspecto da divisão (técnica e social) do trabalho, bem como a devida
compreensão da natureza complexa e diversificada de todos os tipos de produção material
envolvidos. (SZMRECSÁNYI, 1992).

É importante ressaltar que esse intercâmbio e essa interdependência entre a história, a teoria e as
várias áreas de conhecimento aplicadas não constitui apenas uma característica da ciência
económica, mas é um aspecto comum a todas as ciências humanas e sociais. Não há
compartimentos estanques no conhecimento histórico, por essa razão a história económica só
pode ser adequadamente estudada na medida em que tiver como pano de fundo o processo
histórico como um todo, e não apenas seus aspectos económicos. (SZMRECSÁNYI, 1992).

Nesse sentido, a História tem sido constantemente reescrita, representando por isso mesmo muito
mais que um simples estudo do passado. Seu principal objecto de análise reside na transformação
dos homens e da sociedade por meio do tempo. São os processos e mecanismos de mudança a
partir do tempo, e não o passado por si, que mais atraem o enfoque dos estudos históricos em
geral. Enquanto a História relata os fatos, localizando-os no tempo e no espaço, a Economia
estuda a alocação dos recursos escassos da sociedade em uma determinada época. Assim a
economia tenta resolver os problemas económicos quer seja estáticos ou dinâmicos, lançando
mão dos relatos históricos para melhor direccionar as decisões de um fazer perfeito, isto é, não
incorrendo nos erros do passado, como ainda se incorre hoje em dia.

5. O papel da história dentro da economia

A História do Pensamento Económico (HPE) é o campo de conhecimento do economista


permanentemente posto em xeque em termos de sua relevância e necessidade (Tolipan, 1989).
Sua existência só é aceita pela maioria da profissão na medida em que sirva como relato da
trajectória predeterminada, teleológica, da ciência ao estado actual, tido como conhecimento
correto, verdadeiro. O processo de erro e acerto vivenciado pelas gerações anteriores serviria,

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então, como a história da imperfeição do passado, da trajectória progressista do conhecimento
científico, em que cada acerto passa a ser incorporado ao estado actual da ciência.

Foley (2009) observa que os principais teóricos da ciência económica, quando se aventuram a
escrever sobre HPE, acabam por fazer Whig history, o tipo de história que, na sua definição,
"reads back the presumptions of current scholarship into the old texts" (Foley, 2009, p. 27). O
mesmo Foley (2009) atribui a Sraffa a constatação de que, quando a modelagem matemática e
estatística detém papel proeminente como ferramentas livres de erros se aplicadas ao
entendimento dos fenómenos sociais, a história da ciência acaba por se tornar "submerged and
forgotten" (Foley, 2009, p. 28), já que, quando se atinge um conhecimento superior, a história de
como se chegou a ele se torna desnecessária.

6. Os pontos convergentes e divergentes no pensamento de Jean Baptista e Adam


Smith

Adam Smith, fundador da escola clássica inglesa, é considerado o “pai da política”, sendo a sua
principal obra “A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas”. O
economista não concorda com as ideias dos fisiocratas, pois para ele a riqueza se baseia na
divisão do trabalho e na liberdade económica e não somente ao trabalho na terra (DROUIN,
2008).

A doutrina mercantilista, que vigorou entre o século XV e meados do século XVIII, era fundada
na crença de que um país seria mais rico quanto maiores fossem sua população e seu estoque de
metais preciosos. Portanto, o Estado deveria fomentar o comércio, a indústria e a agricultura com
o objectivo de estimular as exportações e obter um superávit comercial nas transacções com seus
parceiros, pois os pagamentos internacionais eram feitos em ouro ou prata (SILVA;
CARVALHO, 2007).

"A falha dos mercantilistas, segundo Smith, foi não perceber que uma troca deveria beneficiar as
duas partes envolvidas no negocio, sem que se registre, necessariamente, um deficit para uma
das nações envolvidas" (SILVA; CARVALHO, 2007, pag. 4).

A teoria da vantagem absoluta de Adam Smith defende que os países devem abrir-se para o
comércio, realizando trocas. Desta maneira, obtém-se vantagem quando cada nação concentra

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seus esforços na produção do bem que consegue produzir em melhores condições (SILVA;
CARVALHO, 2007).

Desta maneira, Adam Smith elaborou um forte argumento para contribuir com a expansão do
comércio e redução de controles comerciais que caracterizaram o período mercantilista, capaz de
promover o aumento da produção de cada país por meio da especialização e, com as trocas,
aumentar o consumo e o bem-estar da população (APPLEYARD et al., 2010).

Após a percepção de que a riqueza era obtida através da produção de serviços e produtos finais o
que gerou a especialização dos indivíduos em habilidades especiais.

"Os indivíduos, em função de suas capacidades se orientam para uma profissão a qual se
dedicam após um período de aprendizagem. Uma vez estabelecidos em sua ocupação
profissional, eles venderão os produtos de sua actividade, e os ganhos assim auferidos vão lhes
permitir obter os bens e serviços que não produzem e que lhes são necessários" (DROUIN, 2008,
pag. 18).

A percepção de que a riqueza era obtida através da produção de serviços e produtos finais geraria
o interesse próprio de cada indivíduo em especializar-se em habilidades especiais, conforme
exposto anteriormente. Dessa forma, o interesse pessoal e a competição regulariam
automaticamente o mercado, com pouca necessidade de intervenção governamental,
intensificando a política governamental da laissez-faire. (APPLEYARD et al., 2010).

Adam Smith denomina a “mão invisível” a orientação do interesse pessoal na direcção mais
adequada aos interesses da sociedade. Além disso, o Estado tem um papel a desenvolver, visto
que deve assegurar as funções que são atinentes a ele como Estado-polícia e ainda, em relação ao
mercado proteger a livre concorrência e produzir certas actividades. (DROUIN, 2008).

Ao contrário da teoria da vantagem absoluta, David Ricardo defende a teoria da vantagem


comparativa, em que uma nação pode preferir importar algumas mercadorias que poderia fazer
com custos mais baixos do que outro país, desde que tiver a possibilidade de conquistar uma
posição dominante em outras mercadorias exportáveis. Cada país opta pelo tipo de produção em
que se destaca, sendo que as receitas obtidas com as exportações permitem financiar as
importações (DROUIN, 2008).

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Embora um país seja menos eficiente na produção de dois bens em comparação a outro país, a
teoria das vantagens comparativas defende que pode haver comércio de forma vantajosa entre
países quando os custos de produção envolvidos são diferentes determinados pelas diferenças
tecnológicas que se reflectem na produtividade da mão de obra e nas vantagens comparativas
(SILVA; CARVALHO, 2007).

"O principio das vantagens comparativas prevê̂ que uma nação exportará os produtos com custos
de oportunidade relativamente menores e importará os produtos nos quais tenha custos de
oportunidade relativamente maiores" (VASCONCELLOS, 2007, p. 17).

David Ricardo, foi considerado o principal teórico da escola clássica, exibiu uma reformulação
da teoria do valor-trabalho de Adam Smith. (DROUIN, 2008).

“A teoria do valor-trabalho é empregada no modelo. Consequentemente, o valor relativo de uma


mercadoria baseia-se somente em seu conteúdo de trabalho relativo. De um ponto de vista de
produção, isso significa que (a) nenhuma outra entrada é usada no processo produtivo, ou (b)
quaisquer outras entradas são medidas em termos do trabalho representado em sua produção, ou
(c) as outras entradas/médias de trabalho são as mesmas em todas as industrias. Em termos
simples, essa suposição significa que um produto que representa duas horas de trabalho é duas
vezes mais caro do que um produto que utiliza apenas uma hora” (APPLEYARD et al., 2010,
p.29).

Além disso, elaborou uma nova ponderação sobre repartição de rendas, lucros e salários, bem
como adoptou a teoria do livre-câmbio a estabilidade da moeda. Ricardo consentia com as ideias
de Smith e Malthus em relação a taxa salarial resulta em um crescimento demográfico, e quando
a demanda de trabalho é maior que a oferta os salários tendem a aumentar, dessa forma, acredita
tal como Malthus que os desequilíbrios económicos decorrem da mão-de-obra excessiva. Além
disso, defendia que a alta nos preços dos bens de subsistência origina maiores salários e queda
nos lucros causando a estagnação a economia. (DROUIN, 2008).

Thomas Malthus, o teórico da superlotação defende que as terras cultiváveis do planeta estão
limitadas pelo espaço geográfico do território nacional, e que naturalmente irá existir um ponto
de esgotamento na produção de alimentos. O mesmo autor explica que a população cresce de

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maneira mais rápida em comparação à produção agrícola, gerando o aumento da fome e da
destruição da ordem social (DROUIN, 2008).

"Os que se beneficiam de recursos económicos suficientes poderão contrair uma aliança
matrimonial e procriar; por outro lado, todos os que apenas conseguem não morrer de fome terão
de se impor como dever uma castidade completa, até o momento em que forem capazes de
manter uma família" (DROUIN, 2008, p.59).

A teoria da superlotação ficou conhecido como pessimista, pois além do que foi citado
anteriormente, houve a preocupação com o desenvolvimento tecnológico, uma vez que não
haveria recursos naturais suficientes para atender a expansão da população causando a redução
das áreas cultiváveis (ALBERGONI, 2008).

O economista Jean-Baptiste Say define o empreendedorismo como a reunião dos factores de


produção, são estes: os agentes naturais, o trabalho humano e o capital. A função do
empreendedor é associar os homens, as máquinas e as matérias-primas com o objectivo de criar
os produtos necessários à satisfação dos consumidores (DROUIN, 2008).

O termo entrepreneur foi primeiramente utilizado pelo economista francês Jean Baptiste Say,
para referir-se aos indivíduos capazes de gerar valor ao estimular o progresso económico através
da convergência e interacção entre os meios de produção disponíveis (BULGACOV et al., 2007).

Ao contrário de Smith, que se concentrava na actividade industrial como sua tese sobre a riqueza
das nações, Say estendeu a noção de trabalho produtivo ao conjunto das actividades dos
prestadores de serviços, que devem ser incluídos no mesmo nível de utilidade social das partes
que contribuem para a criação das riquezas materiais (DROUIN, 2008).

7. Cronologia das relações de produção em Karl Marx

Relações de Produção é um conceito elaborado por Karl Marx e que recebeu muitas definições e


utilizações posteriores. Resumidamente, as relações de produção são as formas como os seres
humanos desenvolvem suas relações de trabalho e distribuição no processo de produção e
reprodução da vida material.

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Segundo a teoria marxista, nas sociedades de classes as relações de propriedade são expressões
jurídicas das relações de produção. Assim, nas sociedades de classes, as relações de produção
são relações entre classes sociais, proprietários e não-proprietários. As relações de produção,
conjuntamente com as forças produtivas são os componentes básicos do modo de produção, a
base material da sociedade.

São 3 relações de produção:

a) Antagônica: corresponde a corrente clássica marcada pela relação entre os detentores dos
meios de produção e os que vendem sua força de trabalho;
b) Revolucionária: refere-se aos bens de consumo, e mostra a relação entre o processo
material (executado pelos funcionários) e o processo de produção (executado pela
indústria);
c) Anárquica: equivale a relação de trabalho pautada na concorrência, no controle privado e
no individualismo.

A primeira relação de produção foi a comuna primitiva, quando os indivíduos, depois coletores


e caçadores, tinham que unir forças e trabalhar juntos. Mais tarde, surge a velha relação,
uma relação que nasceu com a invenção da agricultura.

O conceito de modo de produção é um dos mais importantes do pensamento marxista.


Conhece - lo significa compreender parte essencial da obra teórica de Marx e Engels.
Quando tratamos do conceito de modo de produção temos que abordar, necessariamente, o papel
das estruturas, a determinação em última instância do econômico e a estrutura dominante, as
relações de produção e forças produtivas, além da transição de um modo de produção a outro,
embora esse último possa ser separado.

Também é interessante ressaltar desde o início que o conceito de modo de produção, bem como
o materialismo histórico, é resultado de uma trajetória intelectual e militante de Marx e Engels,
que passaram por outras influências teóricas antes de desenvolver sua própria e original teoria,
portanto, estão presentes e se desenvolvem a partir de um determinado momento do
pensamento de ambos, particularmente a partir de 1845. Esse ano marca a passagem de dois
jovens pensadores e militantes alemães para a construção de uma obra original. Portanto, nos
escritos anteriores a 1845 não estão presentes esses conceitos fundamentais, o que é o mesmo

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que dizer que o materialismo histórico ainda aí não existia. Isso é fundamental para a
compreensão da obra de Marx e Engels: algumas correntes do marxismo buscam encontrar
nas obras anteriores ao desenvolvimento do materialismo histórico seus fundamentos, ou
mesmo fazem uma leitura dessas obras anteriores à luz da obra de maturidade dos nossos
pensadores, chegando a conclusões equivocadas ou incorporando determinados conceitos
estranhos ao próprio materialismo histórico, conceitos esses abandonados e até mesmo criticados
nas obras posteriores.

Embora teimosamente negado por alguns, o próprio Marx refere se ao corte epistemológico
que marca o abandono dos referenciais teóricos anteriores no momento do nascimento e
desenvolvimento do materialismo histórico. Essas influências não vinham apenas do
pensamento de Hegel, mas também de Fichte, Kant e Feuerbach. As fases pelas quais passaram
o desenvolvimento intelectual e a produção teórica de Marx e Engels 3 são marcadas por dois
aspectos principais: um mais óbvio e ligado a idade dos nossos pensadores; outro histórico e
com forte ligação com a prática militante.

Pegando o exemplo de Marx: em 1845, quando ocorre o que se chamou aqui de corte
epistemológico, ele tinha apenas 27 anos! Um jovem que já havia passado e produzido obras
de profundidade em outras correntes do pensamento filosófico e que, ainda que tão jovem,
chegava a um nível de maturidade intelectual que lhe permitiu o desenvolvimento de uma
nova e fecunda teoria. É absurdo procurar nesse jovem uma única e mesma teoria. Como
todo e qualquer mortal que se aventura nesse campo, é razoável que ele tenha permanecido
durante algum tempo sob a influência de outras correntes até que sua própria reflexão teórica, à
luz de sua prática política e do processo histórico, lhe permitiu o descortinar de um novo
campo. Isso nos remete ao segundo aspecto mencionado: foi ligando o processo real à
reflexão teórica que Marx galgou esse caminho.

Inicialmente (1840¬42) voltado a uma compreensão do Estado bastante diferente do período


posterior e por um humanismo racionalista¬liberal, ele vai advogar que era necessária a crítica
aberta ao Estado para que esse cumprisse seu papel de condutor do humano à sua essência,
que era a liberdade e a razão, daí sua insistência inicial na liberdade de imprensa. Logo depois
(1842-45), percebendo que o Estado prussiano não caminhava no sentido de cumprir sua
suposta missão, percebe que o Estado, por si, não pode fazer isso e, então, Marx recorre à

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necessidade da organização política e da revolução como forma de “restituir ao homem a sua
natureza alienada na forma fantástica do dinheiro, do poder e dos deuses.”

Nessa fase, ainda calcada na suposta essência do homem, que funda a história e a política,
“A história é a alienação e a produção da razão na desrazão, do homem verdadeiro no homem
alienado. Nos produtos alienados do seu trabalho (mercadorias, Estado, religião), o homem,
sem sabê¬lo, realiza essência do homem. Essa perda do homem, que produz a história e o
homem, supõe antes uma essência preexistente definida.

Ao final da história, esse homem, transformado em objetividade inumana, não terá mais do
que tomar, como sujeito, a sua própria essência alienada na propriedade, na religião e no Estado,
para vir a ser o homem total, o homem verdadeiro. A revolução não será mias somente
política (reforma liberal racional do Estado), mas ‘humana’ (‘comunista’)”6 Por fim, (1845 em
diante) Marx rompe “com a teoria que funda a história e a política em uma essência do homem”,
compreende qual o papel real do Estado, seu caráter de classe, que as relações sociais de
produção e a estrutura econômica ocupam um papel fundamental na configuração de uma
formação social e vão surgindo assim os novos conceitos de modo de produção, de luta de
classes, de revolução etc.

Nessa nova fase, na qual se desenvolve o materialismo histórico, os homens não são tratados
mais como indivíduos alienados ou uma classe alienada, que bastaria tomar consciência de
classe para que emancipe não somente a si própria, mas por uma predestinação da história, a
humanidade inteira. Na introdução a primeira edição de “O Capital”, de 1867, o próprio
Marx expressa como percebe os homens ou os indivíduos e, portanto, o rompimento com a fase
anterior: “aqui só se trata de pessoas à medida que são personificações de categorias
econômicas, portadoras de determinadas relações de classe e interesses. Menos do que qualquer
outro, o meu ponto de vista, que enfoca o desenvolvimento da formação econômica da
sociedade como um processo histórico¬natural, pode tomar o indivíduo responsável por
relações das quais ele é, socialmente, uma criatura, por mais que ele queira colocar-se
subjetivamente acima delas.” Foi a própria necessidade de pensar a prática e as relações sociais
da época que lançou Marx na sua magnífica construção teórica.

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Compreender isso é dar um gigantesco passo na compreensão do marxismo, que não é só uma
teoria da sociedade, mas uma ciência da história, ligada à prática política e, conseqüentemente,
à luta de classes. Ninguém pode, mesmo os que procuram, por razões diversas, desqualificar
Marx, negar sua grandiosa obra e a influência profunda que exerce pelo mundo afora seu
pensamento nos últimos 160 anos.

7.1. O conceito de modo de produção

Marx diz que mais importante do que o que produz a humanidade num certo momento é como a
humanidade se organiza para executar essa produção. Em outras palavras, para se compreender o
conceito de modo de produção é preciso considerar esse aspecto central: as relações específicas
que são postas em movimento pelos humanos numa dada sociedade, com a intenção de produzir
e reproduzir sua vida material. Essas relações sociais de produção correspondem a um
determinado estágio de desenvolvimento das forças produtivas e, ao mesmo tempo, determinam
seu próprio desenvolvimento. Essas relações sociais de produção também estão ligadas a outras
estruturas, que derivam dela e mantêm entre si interacções recíprocas nos períodos de
reprodução.

A reprodução é possibilitada, por sua vez, exactamente por essa interacção das estruturas, ainda
que a económica exerça sempre a determinação em última instância. Isso quer dizer que as
relações sociais de produção sempre ocorrem debaixo de uma estrutura jurídico-política (forma
de Estado, sistema jurídico, conjunto de leis, aparelho repressivo) que tem por papel legitimar e
garantir a reprodução do modo de produção, ou seja, dar possibilidade constante das condições
necessárias para sua continuidade, inclusive frustrando a organização política das classes
antagónicas. Também a estrutura ideológica tem o papel de gerar representações das próprias
práticas e da inserção dos grupos e dos indivíduos nessas práticas, no sentido de tornar essas
relações viáveis aos olhos das classes, permitindo assim a coesão social, a resignação e a
possibilidade de a classe dominante exercer plenamente sua dominância. Pode-se dizer, portanto,
que um modo de produção é um “todo complexo com dominante” .

Quer dizer que um modo de produção é determinado pela existência de estruturas, pelo menos
três: a económica, a jurídico-política e a ideológica, sendo que a estrutura económica é sempre
determinante em última instância. “ (...) a estrutura com determinação do todo comanda a própria

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constituição ¬ a natureza – das estruturas regionais, atribuindo lhes o lugar respectivo e
distribuindo-lhes funções: por conseguinte, as relações que constituem cada nível nunca são
simples, mas antes sobre determinadas pelas relações dos outros níveis” Isso quer dizer que,
ainda que sempre determinante em última instância, a estrutura económica, dependendo do
modo de produção, atribui a uma das outras estruturas o papel dominante, ou seja, as duas outras
estruturas, ou a estrutura económica mesma, tem um papel dominante no sentido de cumprir
uma tarefa especial para a reprodução das relações sociais de produção específicas de um
modo de produção especifico. “a determinação, em última instância, da estrutura do todo pelo
económico não significa que o económico aí detenha sempre o papel dominante. Se é verdade
que a unidade, representada pela estrutura com dominante, implica que todo modo de
produção possui um nível ou uma instância dominante, de fato o económico só é determinante
na medida em que atribui a esta ou aquela instância o papel dominante”

A definição de um modo de produção depende, portanto, da análise da articulação especifica das


estruturas, sempre considerando a determinação em última instância pela estrutura económica.
Portanto, pode-se dizer que a caracterização de um modo de produção depende do
reconhecimento de como as relações sociais de produção são reproduzidas, ou seja, quais as
determinações da permanência contínua da reprodução do modo de produção, o que nos leva,
necessariamente, a ter que desvendar: quais são as características essenciais dessas relações
sociais de produção; como estão distribuídos os meios de produção (propriedade dos meios de
produção); como se dá a apropriação do que é produzido; como estão dispostos os humanos
nessas relações sociais de produção (as classes sociais); a forma de Estado e de todo o
aparelho jurídico-político derivado dessas relações e essenciais para a reprodução, bem como as
representações ideológicas que permitem até certo ponto a coesão social. Na análise da história
pode-se perceber a existência de diversos modos de produção. Essa teoria, apenas esboçada, do
modo de produção é somente uma teoria geral, que não existe em estado puro concretamente,
daí a necessidade de acrescentar outro conceito: o de formação social.

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8. Conclusão
Depois de explanação do trabalho concluí que, a definição de um modo de produção
depende, portanto, da análise da articulação específica das estruturas, sempre considerando a
determinação em última instância pela estrutura económica. Portanto, pode-se dizer que a
caracterização de um modo de produção depende do reconhecimento de como as relações sociais
de produção são reproduzidas, ou seja, quais as determinações da permanência contínua da
reprodução do modo de produção, o que nos leva, necessariamente, a ter que desvendar: quais
são as características essenciais dessas relações sociais de produção; como estão distribuídos os
meios de produção (propriedade dos meios de produção); como se dá a apropriação do que é
produzido; como estão dispostos os humanos nessas relações sociais de produção (as classes
sociais); a forma de Estado e de todo o aparelho jurídico-político derivado dessas relações e
essenciais para a reprodução, bem como as representações ideológicas que permitem até certo
ponto a coesão social.

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9. Referências bibliográficas

 ALBERGONI, Leide. Economia. 1ª Edição. Curitiba: IESDE Brasil S. A., 2008.


 APPLEYARD, Dennis R., FIELD JR., Alfred, COBB, Steven L., LIMA, André
Fernandes. Economia Internacional, 6ª edição. São Paulo: ArtMed, 2010.
 DROUIN, Jean-Claude. Os grandes economistas, 1ªedição. São Paulo: Martins, 2008.
 GACOV, Sergio; SOUZA, Queila Regina; PROHMANN, José Ivan Paula; COSER,
Claudia. Administração estratégica: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2007.
 Marx, Karl. Contribuição à Crítica da Economia Política. São Paulo, Martins Fontes, 1983.
 Marx, Karl. Miséria da Filosofia, 1847
 SILVA, César Roberto da, CARVALHO, Maria de. Economia Internacional, 4ª edição.
São Paulo: Saraiva, 2007.
 VASCONCELLOS, Marco Antonio de. Manual de Economia e negócios internacionais,
1ªedição. São Paulo: Saraiva, 2007.
 Viana, Nildo. A Consciência da História. Goiânia, Edições Combate, 1997.

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