Você está na página 1de 14

CURVA “S” E TOMADA DE DECISÃO: UMA COMPARAÇÃO

ENTRE O PLANEJADO E O EXECUTADO POR UMA EMPRESA DO


SETOR DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Aline Ignis Henkel Gonçalves, alinehenkel@hotmail.com


Érica Thaís Starepravo, erica.starepravo@gmail.com
Nayara Neves Soares, naynsoares@gmail.com
Orientador: Juliana Porto Renó Di Nicoló, juliana.nicolo@up.edu.br

Resumo: A ferramenta de gestão Curva “S” é amplamente utilizada na construção civil com objetivo
de planejar e acompanhar, principalmente os custos de obras. O presente artigo buscou realizar o
acompanhamento e análise de um dos projetos de uma empresa de construção civil localizada em São
José dos Pinhais, em que foi aplicada a ferramenta para demonstrar o planejado vs. realizado no que
tange os custos do projeto, assim como a importância da aplicação do método para a análise de
possíveis reduções de custos. Por fim, foi possível verificar que a aplicação da Curva “S” como método
de apoio, pode trazer mais confiança, assertividade e rapidez na tomada de decisão durante todo o
ciclo de vida do projeto.

Palavras-chave: Curva “S”, Gestão de Projetos, Custos, Gestão de Custos.

1 INTRODUÇÃO

Um dos fatores determinantes para o sucesso de uma obra é o gerenciamento e controle do projeto.
Quando o gerenciamento é apropriadamente realizado, é possível acompanhar todas as etapas do
processo e reduzir gastos por meio de tomadas de decisões mais assertivas, cumprir os prazos, prever
riscos, se ater ao cronograma, dentre outras vantagens.

“O gerenciamento de projetos é um conjunto de ferramentas que permitem que a


empresa desenvolva algumas habilidades, incluindo conhecimento e capacidades
individuais, destinado ao controle de eventos não repetitivos, únicos e muitas vezes
complexos, dentro de um cenário de tempo, custo e qualidade predeterminados.”
(VARGAS, 2018).

Uma das ferramentas largamente utilizada no mercado atual para gerenciar projetos é o guia Project
Management Institut (2015), pois abrange boas práticas para gerenciamento de projetos. A ferramenta
consiste em uma padronização que identifica e conceitua o que é aplicável em termos de processos,
ferramentas e técnicas de gerenciamento.

“O gerenciamento de custos do projeto inclui os processos envolvidos em


planejamento, estimativas, orçamentos, financiamentos, gerenciamento e controle dos
custos, de modo que o projeto possa ser terminado dentro do orçamento aprovado.”
(PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2015).

O presente artigo tem como principal foco uma das áreas identificadas pelo guia Project
Management Institut (2015), sendo ela a de custos. A gestão de custos permite que a empresa consiga
alcançar uma melhor estimativa sobre as necessidades de seus processos e pode auxiliar nas tomadas de
decisões durante todo o ciclo de vida do projeto, desde o planejamento até a entrega.
O setor de construção civil lidera projetos tanto de curta quanto de longa duração que, segundo
Silva et al. (2009), são observados raros controles gerenciais entre as atividades rotineiras de gestão, e
pouco se observa preocupação com o gerenciamento e controle de custos além do seu acompanhamento
para efeito de preços e orçamentos.
Atualmente, existem diversas ferramentas e técnicas para gerir e acompanhar os custos durante uma
construção civil. Em razão disso, encontrar a ferramenta certa que auxilie esse processo é fundamental
para que a empresa entregue seus projetos de acordo com os prazos estipulados e com o orçamento
dentro do aprovado.
Uma das ferramentas mais utilizadas atualmente para o acompanhamento físico e financeiro de
projetos é a Curva “S”, que possibilita, diante da comparação de duas curvas, sendo elas a prevista e a
realizada, verificar se a obra está ocorrendo de acordo com o cronograma esperado.
A ferramenta Curva “S” quando aplicada a custos possibilita identificar os desvios e tendências de
um projeto de modo estruturado baseando-se em dados. Diante disso, gestores encontram facilidade para
estimar e controlar gastos durante todo o projeto e aprimorar a tomada de decisão.
No presente artigo, foi aplicada a ferramenta de planejamento Curva “S”, utilizada para monitorar
e controlar o planejado vs. realizado com acompanhamentos periódicos por meio do método da
comparação, voltada aos custos de uma obra em um projeto de licitação.

1.1 Definição e Importância do Problema


A empresa em que este artigo foi baseado, está localizada em São José dos Pinhais que atua no
ramo de construção civil, no setor de pavimentação asfáltica e com ênfase em obras públicas.
A construtora não conta com nenhum tipo de técnica ou ferramenta para o controle dos custos de
seus projetos. Atualmente, todo o controle financeiro é realizado por meio de planilhas do software
Microsoft Excel e sem aplicação de qualquer ferramenta de gerenciamento. Entendemos que é de grande
importância a utilização de ferramentas de gerenciamento de custos a fim de controlar, monitorar e
auxiliar as tomadas de decisões.
A falta de planejamento e gestão pode trazer prejuízos como atrasos para a entrega das obras, custos
elevados e inesperados, desperdícios de materiais e tempo, dentre outros. Com isso, muitas empresas
entregam suas obras com pouco lucro ou com saldo negativo. A gestão de custos permite a redução, ou
até mesmo a eliminação de muitos destes problemas.

1.2 Objetivos
O artigo tem por objetivo realizar a aplicação da ferramenta Curva “S”, através de uma máscara no
software Excel, demonstrando os custos de execução de um projeto.
A base para elaboração da máscara será a partir dos dados coletados na empresa determinada para
realização deste estudo. Para tal, é necessário analisar os arquivos pertinentes ao projeto desde sua fase
inicial até a conclusão da obra. Realizar uma Estrutura Analítica do Projeto (EAP) para que os dados
sejam lançados por etapa de execução. A partir dos dados coletados forma uma base de dados filtrada
para realizar a plotagem da Curva “S” na máscara elaborada a partir de macros.

1.3 Estrutura
No capítulo 2, será apresentado o referencial teórico que contempla os fundamentos referentes aos
temas: Gestão de Projetos, Estrutura Analítica do Projeto (EAP), Gestão de Custos e Curva “S” de
custos.
No capítulo 3, será demonstrado a metodologia, descrevendo o processo de aplicação da Curva “S”
em um projeto da empresa.
No capítulo 4, serão apresentados a análise dos resultados, se positivos ou negativos e ainda serão
discutidos os objetivos propostos junto aos resultados.
No capítulo 5, o artigo será finalizado com as conclusões, demonstrando o que foi aplicado além
de sugestões para a empresa.
2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Gestão de Projetos


No cenário competitivo atual, as empresas têm buscado cada vez mais otimizar seus processos, para
assegurar baixo custo de produção e prazos diferenciados, com a ideia de atender as altas expectativas
das partes interessadas. Para alcançar esses objetivos, surge a necessidade da ótima gestão de projetos,
uma vez que se trata de uma ferramenta capaz de contribuir para a execução, planejamento, controle e
consequente aumento do faturamento da empresa.
Segundo Heldman (2006), o termo “projeto” pode ser entendido como um empreendimento
temporário, com datas de início e término determinadas, e tem como objetivo criar um produto ou
serviço único e que o projeto somente é finalizado quando suas metas e objetivos são alcançados e
aprovados pelos stakeholders.
Valeriano (2015) afirma que o ciclo de vida do projeto é definido por cinco fases, a citar:
• Iniciação;
• Planejamento;
• Execução e Controle;
• Encerramento.

Segundo ele, as fases de um projeto não são sequenciais e não é necessário finalizar uma etapa
para dar início a outra. Assegura que é comum que ocorra a superposição, principalmente nas fases de
execução e controle, como ilustrado na Figura 1.

Figura 1. Fases de um Projeto.

Fonte: Valeriano (2015).

Gray et al. (2010) afirma que o gerenciamento de projetos está se transformando em uma forma
padrão de realizar negócios por trazer melhorias e soluções para a direção estratégica da organização.
Algumas das razões pelas quais este gerenciamento está se tornando cada vez mais importante, é a
diminuição do ciclo de vida do produto, a forma eficiente e flexível de realizar tarefas, a integração de
projetos ao plano estratégico, dentre outras razões.

2.1.1 Estrutura Analítica do Projeto (EAP)


Sotille (2010) define a EAP como uma ferramenta que atinge o detalhamento necessário para
definição do escopo do projeto. Desta forma, é realizada a subdivisão das entregas e produto em
componentes menores para que o gerenciamento do projeto aconteça de forma mais fácil. Esta
ferramenta tem como objetivo melhorar a definição das atividades, a precisão das estimativas de custos,
duração e recursos, facilitando as atribuições de responsabilidades.
A ferramenta EAP pode ser apresentada de forma hierárquica, através de listas ou organogramas,
por exemplo. A criação da EAP é importante para a compreensão do que se deve ou não considerar no
projeto, evitando trabalhos desnecessários, como citado por Carvalho (2015).
2.2 Gestão de Custos
Para se obter resultados cada vez melhores em relação a um sistema de custos, é necessário que a
empresa se estruture cada vez mais. O conhecimento de custos é um fator determinante para o sucesso
da empresa que independe do tipo ou porte da organização. Desta forma, a construção de ferramentas
auxiliares para a boa administração da empresa se torna imprescindível.
Segundo Horngren (2004), a gestão de custos possui três características, sendo elas:
● O cálculo do custo de produtos, serviços e outros objetos de custo;
● A obtenção de informações para o planejamento e controle e a avaliação do desempenho;
● A análise de informações relevantes para a tomada de decisões.

Segundo Kerzner (2015), as possíveis reduções de custos estão mais disponíveis nas fases iniciais
do projeto, como demonstrado na Figura 2.

Figura 2. Análise da redução de custos.

Fonte: Kerzner (2015).

A gestão de custos permite que a empresa identifique os custos do projeto em todo seu ciclo de
vida. Com isso, este gerenciamento pode auxiliar na identificação de possíveis reduções de custos e
melhorias, desde a fase inicial até o encerramento do projeto.

2.3 Curva “S” Aplicada aos Custos


A Curva “S” é uma curva de acumulação, que lembra a forma da letra “S”, sendo ela uma
ferramenta de fácil visualização e que pode ser aplicada tanto para o gerenciamento do planejamento de
projetos, quanto para o acompanhamento periódico da evolução de uma variável, como por exemplo,
faturamento e custos.
A aplicação da Curva “S” no controle de custos do projeto permite que se faça um comparativo
entre o acúmulo de desembolsos previstos com os desembolsos realizados em um determinado período,
conforme citado por Daychoum (2012).
Já Pinheiro (2014) define a Curva “S” como sendo um gráfico de acompanhamento, que com ele é
possível realizar o controle e proceder com ajustes necessários no decorrer da obra. O gráfico é elaborado
com os valores acumulados ao longo da execução do projeto, em que é possível conhecer os gastos
previstos para cada período. Os valores para a elaboração deste gráfico são obtidos através do
cronograma físico-financeiro, onde o cronograma físico retrata a evolução dos serviços ao longo do
tempo e o cronograma financeiro quantifica mensalmente os custos desses mesmos serviços.
Esta ferramenta demonstra como o total acumulado de recurso se constrói ao longo do tempo. A
curva é sempre crescente, portanto, a ordenada mais alta da curva é o total geral do uso de recursos.
Existe a possibilidade de se aplicar várias Curvas “S” para um mesmo período do projeto, como citado
por Mattos (2010). Na Figura 3 é ilustrado o avanço acumulado em relação ao tempo de uma Curva “S”
genérica.

Figura 3. Curva “S” Genérica.

Fonte: Mattos (2010).

Segundo Daychoum (2012) é fundamental que seja desenvolvida uma linha de base (Baseline) de
custo, para que se possa efetivamente comparar os gastos previstos e os gastos realizados.
A ferramenta Curva “S” permite realizar análises que podem contribuir com o controle do custo do
projeto, como:
● Identificar mudanças em relação ao custo planejado;
● Mostrar a necessidade de replanejamento do projeto;
● Verificar se o orçamento em realização atende ao que foi programado;
● Auxiliar a aplicação de métodos de controle de produção e desempenho;
● Dentro de cada período, definir os recursos financeiros necessários e seus limites máximos
e mínimos, visando atender aos prazos previstos.

Para a construção da Curva “S” de custos é necessário realizar três atividades, sendo elas:
● Realizar a identificação das tarefas, pode-se utilizar a ferramenta EAP para esta
identificação;
● Identificar os custos previstos de cada tarefa do projeto;
● Elaborar o cronograma físico-financeiro do projeto.

Após estas atividades, é necessário coletar as informações dos custos previstos e realizados e aplicar
graficamente a somatória destes custos em cada período do cronograma. Ao decorrer da execução do
projeto, todos os gastos acumulados por período deverão ser lançados no mesmo gráfico, formando
assim, duas Curvas “S”, uma de gastos previstos e outra de gastos realizados.
A figura 4 apresenta graficamente duas Curvas “S”, o eixo X apresenta o tempo e o eixo y apresenta
os custos. A Curva “S” dos custos previstos é a mais alta e a Curva “S” dos custos realizados é a curva
incompleta. Através deste gráfico, é possível comparar as duas curvas e analisar a evolução dos custos
previstos e realizados do projeto durante seu período de execução, assim possibilitando o controle do
escopo do projeto.
Figura 4. Curva “S” Gasto Previsto x Gasto Realizado.

Fonte: Daychoum (2012).

A comparação das curvas do previsto vs realizado pode ser analisada da seguinte forma:
● Curva de gasto previsto > Curva de gasto real: Significa que está sendo gasto menos do
que o previsto para realizar o trabalho, ou seja, ficou abaixo do orçamento. Neste caso, o
baixo orçamento pode ser em virtude de uma boa negociação, um bom controle de gastos
ou a economia pode ter sido obtida por meio de uma má qualidade de serviço ou dos
insumos. As medidas a serem tomadas neste caso, seria identificar a fonte de ganho e
manter o ritmo de trabalho.
● Curva de gasto previsto = Curva de gasto real: Significa que está sendo gasto o que foi
orçado para realizar o trabalho, ou seja, está no orçamento. Neste caso, a medida seria
manter o ritmo de trabalho.
● Curva de gasto previsto < Curva de gasto real: Significa que está sendo gasto mais do que
o previsto para realizar o trabalho, ou seja, ficou acima do orçamento. Neste caso, o
orçamento alto pode ser em razões como baixa produtividade, contratempos encareceram
o serviço, mudança de projeto, chuva, paralisação, falta de material, entre outros motivos.
As medidas a serem tomadas neste caso, seria identificar a fonte de perda, adotar
providências para prevenir futuras perdas e corrigir o ritmo inadequado de trabalho.

3 METODOLOGIA
A metodologia aplicada neste artigo consiste no método quantitativo, abordando os temas
principais acerca da Gestão de Projetos, Gestão de Custos e Curva “S” de custos. Foi realizado diversas
pesquisas com foco sobre as definições a respeito do tema principal e EAP.
Após as pesquisas, foi definido que o estudo de caso seria aplicado em uma empresa do setor de
construção civil, já que a equipe entende que este setor necessita de ferramentas de gestão, como citado
nos tópicos acima. Para aplicação da Curva “S” são realizadas as etapas descritas no fluxograma (Figura
5).
Figura 5. Processo de aplicação da Curva “S”.

Fonte: Os autores.

• Estudo da Empresa
A empresa foi fundada em 2018, por dois irmãos; os quais já são sócios em outro ramo, o de
minérios do solo (agregados de areia e pedra). A localização da mineradora, Região Metropolitana de
Curitiba, proporciona escoamento em grande escala desses minérios, devido fácil acesso e qualidade do
material oferecido. Com esse cenário viu-se a demanda de serviços de construção civil no ramo de
pavimentação asfáltica.
A base da organização é toda familiar, porém sua expansão ocorreu de forma muito rápida e
desenfreada, dobrando seu faturamento em questão de um ano. Com o subsídio financeiro da mineradora
a construtora iniciou suas atividades com equipamentos modernos, possibilitando capacidade produtiva
e participação em licitações públicas. Outro fator que contribuiu para esse crescimento é a base da
matéria-prima do CBUQ (Concreto Betuminoso Usinado Quente), popularmente conhecido como
asfalto; é composto basicamente por agregados de pedra (pedrisco, pó de pedra) e ligante CAP (Cimento
Asfáltico de Petróleo), obtido da destilação fracionada do petróleo.
Com o financiamento da mineradora, a disponibilidade da matéria-prima e a localização dos
empreendimentos, os irmãos criaram o Grupo XXX, o qual ocorreu pela fusão da mineradora e
construtora. Isso beneficiou o novo empreendimento, levando consigo a logo da mineradora a qual está
no mercado há 40 anos.
A falta de controle no ramo da pavimentação pode trazer vários desvios na execução do projeto,
uma das causas é devido as condições do solo. Frente a essa situação a empresa tem notado algumas
perdas e até prejuízos, pois o resultado só aparece após concluída a obra e fechado os custos do projeto.
O Grupo XXX utiliza planilhas do software Microsoft Excel para lançamento dos seus custos,
porém sem aplicação de ferramentas de gerenciamento.

• Escolha do Projeto
Dentre uma das visitas técnicas e reunião com os sócios, foi identificado a dificuldade no controle
dos custos. Após explanado pelos autores de forma breve a ferramenta Curva “S”, tomou-se a decisão
de aplicar a ferramenta em um dos projetos já concluídos pois, segundo normas da empresa, é necessário
respeitar o sigilo de obras em andamento, assim, é mais viável a comparação entre o planejado e o
realizado uma vez que o projeto foi encerrado. Em consenso entre autores escolheu-se a obra X, a qual
apresentou valores significativos para a organização e dados para objeto de estudo deste artigo,
demonstrando todo seu ciclo de vida.
O projeto obra X, é oriundo de uma licitação pública, executada em um município da Região
Metropolitana de Curitiba, a qual exigiu a execução dos serviços de pavimentação em CBUQ, 47.511
m², incluindo os serviços preliminares de terraplenagem, base/sub-base, revestimento em CBUQ,
paisagismo/urbanismo, sinalização de trânsito, iluminação pública, serviços diversos, drenagem, ensaios
tecnológicos e placas de comunicação visual. O prazo de execução firmado em contrato era de 360 dias.

• Coleta dos dados do projeto


A empresa se dispôs a fornecer dados reais do custo da obra já finalizada para estudo, com objetivo
de melhorar a aplicação da ferramenta bem como a análise do resultado, contudo mantendo o sigilo do
nome.

• Filtragem dos dados


Nesta etapa foram analisados os arquivos pertinentes ao projeto executado, onde considerou-se
dados como orçamento, contrato, cronograma, aditivos, entre outros que apresentassem custos, os quais
são utilizados para a aplicação da ferramenta Curva “S”.

• Criação do EAP do Projeto


Nesta etapa, foi desenvolvido o EAP do projeto, como ilustrado na Figura 6. A figura apresenta
apenas a primeira hierarquia do projeto, devido seus vários desdobramentos, os subgrupos com as
demais etapas estão demonstrados no apêndice.

Figura 6. EAP do projeto obra X.

Fonte: Os autores

• Identificação dos Custos do Projeto


Nesta etapa de levantamento e identificação dos custos foram analisados arquivos desde a proposta
da licitação, contrato firmado entre as partes, notas fiscais de serviço referente ao fechamento de cada
mês e planilha com os dados dos custos da execução.

• Análise do Cronograma Físico-Financeiro do projeto obra


Nesta etapa foram analisados os cronograma físico-financeiro previsto e o realizado. Os dados para
montar a base da máscara de aplicação da ferramenta no Excel.

• Aplicação da Ferramenta Curva “S”


Para aplicar a ferramenta Curva “S” os autores elaboraram uma base de dados no Excel a partir do
cronograma físico-financeiro, onde estão compilados todos os custos do projeto, de forma comparativa
do previsto vs. realizado lado a lado; a partir da base, a máscara foi elaborada para apresentação dos
dados, gráfico e a plotagem da Curva S. A estrutura da máscara foi desenvolvida a partir de macros.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A metodologia foi aplicada em um projeto já concluído por uma questão de sigilo, a pedido da
empresa, visto que seus projetos realizados em grande maioria são oriundos de licitações em órgãos
públicos; todos os dados são publicados no Diário Oficial do munícipio.
Na Figura 7 é demonstrada a página inicial da máscara, a qual apresenta um resumo do projeto
como todo, contendo informações de início, execução e término, orçamento planejado e o realizado,
status de andamento do projeto, Curva S plotada, custos por serviço planejado vs. realizado e o menu
de acesso as macros.

Figura 7. Máscara desenvolvida para aplicação da Curva S no Excel.

Fonte: Os autores

O estudo e aplicação da ferramenta Curva S elaborado em uma máscara do Excel é factível para a
empresa apresentada, porém o resultado encontrado foi um custo real de R$ 9.691.543,41 diferença de
R$ 1.395.841,96 do planejado para o projeto obra X. Aprofundando a análise foi constatado que a maior
diferença está na etapa de execução do serviço referente a base/sub-base da obra; o gráfico de barras
demonstra essa diferença e a Curva S a partir do quarto mês demonstra variação entre o real e planejado.
Verificando o cronograma físico-financeiro para maior detalhamento do custo real averiguou-se os
seguintes pontos: alguns itens apresentaram maior custo real unitário em relação ao planejado, as etapas
de execução que apresentaram maior divergência entre planejado vs. realizado foram terraplanagem com
aumento de 18,57%, base/sub-base 20,88% e drenagem 32,32%. Considerando que o maior valor
agregado está na execução da base/sub-base, deveria ser a etapa de maior controle e acompanhamento
no projeto.
Ao apresentar esse valor para a empresa o engenheiro responsável do projeto exemplificou que isso
ocorreu devido a variações no solo, houveram pontos onde precisou escavar mais e preencher com mais
material agregado, elevando o custo. Através de relatórios técnicos e ensaios tecnológicos a empresa
conseguiu demonstrar os custos superiores a proposta de licitação e receber essa diferença por meio de
aditivos protocolados juntamente a prefeitura.
A empresa esteve aberta para a demonstração da ferramenta e apresentação dos resultados, e após
os valores apresentados a empresa expressou interesse para utilizar a ferramenta em novos projetos e
em andamento. O feedback obtido foi que a ferramenta é de fácil aprendizagem para preenchimento,
capaz de gerar um ponto de atenção visual, indicando o caminho a ser investigado, ou seja, qual a etapa
que está consumindo mais do que o planejado, permitido uma ação mais assertiva, seja ela solicitar um
aditivo ou mitigar causas raízes. A organização relatou que o aspecto visual ficou de fácil entendimento
para leitura e análises.

5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS


A partir do estudo de caso realizado, demonstrou-se que é possível aplicar os conceitos da
ferramenta Curva “S” para o setor da construção civil, no ramo específico de pavimentação asfáltica
para gerenciamento de custos de um projeto.
Os resultados encontrados devem-se exclusivamente a ferramenta proposta, visto que a empresa
não possui nenhuma metodologia de gestão aplicada em seus projetos, não mensurando os resultados de
seus custos e lucros reais. Com o conceito da ferramenta Curva “S” e a máscara elaborada no software
Excel a organização consegue visualizar seus custos e assim antecipar a tomada de decisão,
minimizando as despesas não planejadas.
A Curva “S” mostra-se eficaz para o início de uma estruturação. Sugere-se para a empresa a
construção de outras curvas “S”, como a curva “S” de trabalho, que representa o acumulado Homem
hora versus tempo, para controlar as horas extras, por exemplo.
Apesar de a Curva “S” ter sido elaborada em um projeto já concluído, foi possível demonstrar sua
aplicação e conceitos. A máscara elaborada no software Excel poderá ser utilizada para outros projetos
e empresas, atingido o objetivo deste estudo.
A ferramenta possibilita fazer a gestão de custos e gestão do projeto de forma ampla e geral, porém
para um controle mais refinado e minucioso sugere-se que a empresa utilize de sistemas integrados como
ERP (Enterprise Resource Planning), pois é possível fazer o planejamento, a gestão de vários setores
integrados e criar históricos de dados, que serão fundamentais para previsões.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, F.C.A. Gestão de Projetos. 1ª Edição. São Paulo: Pearson, 2015.

DAYCHOUM, M. 40 Ferramentas e Técnicas de Gerenciamento. 4ª Edição. Rio de Janeiro: Brasport,


2012.

GRAY, C.F.; LARSON, E.W. Gerenciamento de Projetos: o processo gerencial. 4ª Edição. Porto
Alegre: AMGH, 2010.

HANSEN, D.R; MOWEN, M.M. Gestão de Custos: contabilidade e controle. 3ª Edição. São Paulo:
Cengage Learning, 2009.

HELDMAN, K. Gerência de Projetos: guia para o exame oficial do PMI. 3ª Edição. Elsevier, 2006.

HORNGREN, C.T; DATAR, S.M; FOSTER, G. Contabilidade de Custos: uma abordagem


gerencial. 11ª Edição. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004.

JUNIOR, J. T. P. et al. A Importância De Um Escritório De Gerenciamento De Projetos Em Uma


Organização. Produção online revista científica eletrônica de Engenharia de Produção. Vol. 21, n. 2, p.
353 - 371. Disponível em: https://www.producaoonline.org.br/rpo/article/view/3586/2027. Acesso em
04 de junho de 2022.

KERZNER, H. Gerenciamento de Projetos: uma abordagem sistêmica para planejamento,


programação e controle. 1ª Edição. São Paulo: Blucher, 2015.

KERZNER, H. Gestão de Projetos: as melhores práticas. 3ª Edição. Bookman, 2017.

MATTOS, A.D. Planejamento e Controle de Obras. 1ª Edição. São Paulo: Pini, 2010.

MAXIMIANO, A. C. A. Administração de Projetos: como transformar ideias em resultados. 5ª


Edição. São Paulo, Atlas, 2014.

MEGLIORINI, E. Custos: análise e gestão. 2ª Edição. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
OLIVEIRA, D.P.R. Planejamento Estratégico: conceitos, metodologia, práticas. 29ª Edição. Atlas,
2011.

PINHEIRO, A.C.F.B.; CRIVELARO, M. Planejamento e Custos de Obras. 1ª Edição. São Paulo:


Érica, 2014.

PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de


Projetos (Guia PMBOK®). 5ª Edição. Pennsylvania: PMI, 2015.

SILVA, R.N.S.; LINS, L.S. Gestão de Custos: contabilidade, controle e análise. 3ª Edição. Atlas,
2009.

SOTILLE, M.A; MENEZES, L.C.M; XAVIER, L.F.S; PEREIRA, M.L.S. Gerenciamento do Escopo
em Projetos. 2ª Edição. Rio de Janeiro: FGV, 2010.

SOUZA, K.M.S.S. Gerenciamento de Custos de um Projeto. 2009. Trabalho de Conclusão de Curso


(Pós-graduação em Finanças e Gestão Coorporativa Campo do Conhecimento Gestão de Custos) –
Universidade Candido Mendes, Rio de Janeiro, 2009.

VALERIANO, D. Moderno Gerenciamento de Projetos. 2ª Edição. São Paulo: Pearson, 2015.

VARGAS, R.V. Gerenciamento de Projetos: Estabelecendo Diferenciais Competitivos. 9ª Edição.


Brasport, 2018.
APÊNDICE

Apêndice 1 – Base de dados cronograma físico-financeiro.


Apêndice 2 – Curva “S” plotada.
Apêndice 3 – EAP projeto obra X.

Você também pode gostar