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Resumo: A ferramenta de gestão Curva “S” é amplamente utilizada na construção civil com objetivo
de planejar e acompanhar, principalmente os custos de obras. O presente artigo buscou realizar o
acompanhamento e análise de um dos projetos de uma empresa de construção civil localizada em São
José dos Pinhais, em que foi aplicada a ferramenta para demonstrar o planejado vs. realizado no que
tange os custos do projeto, assim como a importância da aplicação do método para a análise de
possíveis reduções de custos. Por fim, foi possível verificar que a aplicação da Curva “S” como método
de apoio, pode trazer mais confiança, assertividade e rapidez na tomada de decisão durante todo o
ciclo de vida do projeto.
1 INTRODUÇÃO
Um dos fatores determinantes para o sucesso de uma obra é o gerenciamento e controle do projeto.
Quando o gerenciamento é apropriadamente realizado, é possível acompanhar todas as etapas do
processo e reduzir gastos por meio de tomadas de decisões mais assertivas, cumprir os prazos, prever
riscos, se ater ao cronograma, dentre outras vantagens.
Uma das ferramentas largamente utilizada no mercado atual para gerenciar projetos é o guia Project
Management Institut (2015), pois abrange boas práticas para gerenciamento de projetos. A ferramenta
consiste em uma padronização que identifica e conceitua o que é aplicável em termos de processos,
ferramentas e técnicas de gerenciamento.
O presente artigo tem como principal foco uma das áreas identificadas pelo guia Project
Management Institut (2015), sendo ela a de custos. A gestão de custos permite que a empresa consiga
alcançar uma melhor estimativa sobre as necessidades de seus processos e pode auxiliar nas tomadas de
decisões durante todo o ciclo de vida do projeto, desde o planejamento até a entrega.
O setor de construção civil lidera projetos tanto de curta quanto de longa duração que, segundo
Silva et al. (2009), são observados raros controles gerenciais entre as atividades rotineiras de gestão, e
pouco se observa preocupação com o gerenciamento e controle de custos além do seu acompanhamento
para efeito de preços e orçamentos.
Atualmente, existem diversas ferramentas e técnicas para gerir e acompanhar os custos durante uma
construção civil. Em razão disso, encontrar a ferramenta certa que auxilie esse processo é fundamental
para que a empresa entregue seus projetos de acordo com os prazos estipulados e com o orçamento
dentro do aprovado.
Uma das ferramentas mais utilizadas atualmente para o acompanhamento físico e financeiro de
projetos é a Curva “S”, que possibilita, diante da comparação de duas curvas, sendo elas a prevista e a
realizada, verificar se a obra está ocorrendo de acordo com o cronograma esperado.
A ferramenta Curva “S” quando aplicada a custos possibilita identificar os desvios e tendências de
um projeto de modo estruturado baseando-se em dados. Diante disso, gestores encontram facilidade para
estimar e controlar gastos durante todo o projeto e aprimorar a tomada de decisão.
No presente artigo, foi aplicada a ferramenta de planejamento Curva “S”, utilizada para monitorar
e controlar o planejado vs. realizado com acompanhamentos periódicos por meio do método da
comparação, voltada aos custos de uma obra em um projeto de licitação.
1.2 Objetivos
O artigo tem por objetivo realizar a aplicação da ferramenta Curva “S”, através de uma máscara no
software Excel, demonstrando os custos de execução de um projeto.
A base para elaboração da máscara será a partir dos dados coletados na empresa determinada para
realização deste estudo. Para tal, é necessário analisar os arquivos pertinentes ao projeto desde sua fase
inicial até a conclusão da obra. Realizar uma Estrutura Analítica do Projeto (EAP) para que os dados
sejam lançados por etapa de execução. A partir dos dados coletados forma uma base de dados filtrada
para realizar a plotagem da Curva “S” na máscara elaborada a partir de macros.
1.3 Estrutura
No capítulo 2, será apresentado o referencial teórico que contempla os fundamentos referentes aos
temas: Gestão de Projetos, Estrutura Analítica do Projeto (EAP), Gestão de Custos e Curva “S” de
custos.
No capítulo 3, será demonstrado a metodologia, descrevendo o processo de aplicação da Curva “S”
em um projeto da empresa.
No capítulo 4, serão apresentados a análise dos resultados, se positivos ou negativos e ainda serão
discutidos os objetivos propostos junto aos resultados.
No capítulo 5, o artigo será finalizado com as conclusões, demonstrando o que foi aplicado além
de sugestões para a empresa.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo ele, as fases de um projeto não são sequenciais e não é necessário finalizar uma etapa
para dar início a outra. Assegura que é comum que ocorra a superposição, principalmente nas fases de
execução e controle, como ilustrado na Figura 1.
Gray et al. (2010) afirma que o gerenciamento de projetos está se transformando em uma forma
padrão de realizar negócios por trazer melhorias e soluções para a direção estratégica da organização.
Algumas das razões pelas quais este gerenciamento está se tornando cada vez mais importante, é a
diminuição do ciclo de vida do produto, a forma eficiente e flexível de realizar tarefas, a integração de
projetos ao plano estratégico, dentre outras razões.
Segundo Kerzner (2015), as possíveis reduções de custos estão mais disponíveis nas fases iniciais
do projeto, como demonstrado na Figura 2.
A gestão de custos permite que a empresa identifique os custos do projeto em todo seu ciclo de
vida. Com isso, este gerenciamento pode auxiliar na identificação de possíveis reduções de custos e
melhorias, desde a fase inicial até o encerramento do projeto.
Segundo Daychoum (2012) é fundamental que seja desenvolvida uma linha de base (Baseline) de
custo, para que se possa efetivamente comparar os gastos previstos e os gastos realizados.
A ferramenta Curva “S” permite realizar análises que podem contribuir com o controle do custo do
projeto, como:
● Identificar mudanças em relação ao custo planejado;
● Mostrar a necessidade de replanejamento do projeto;
● Verificar se o orçamento em realização atende ao que foi programado;
● Auxiliar a aplicação de métodos de controle de produção e desempenho;
● Dentro de cada período, definir os recursos financeiros necessários e seus limites máximos
e mínimos, visando atender aos prazos previstos.
Para a construção da Curva “S” de custos é necessário realizar três atividades, sendo elas:
● Realizar a identificação das tarefas, pode-se utilizar a ferramenta EAP para esta
identificação;
● Identificar os custos previstos de cada tarefa do projeto;
● Elaborar o cronograma físico-financeiro do projeto.
Após estas atividades, é necessário coletar as informações dos custos previstos e realizados e aplicar
graficamente a somatória destes custos em cada período do cronograma. Ao decorrer da execução do
projeto, todos os gastos acumulados por período deverão ser lançados no mesmo gráfico, formando
assim, duas Curvas “S”, uma de gastos previstos e outra de gastos realizados.
A figura 4 apresenta graficamente duas Curvas “S”, o eixo X apresenta o tempo e o eixo y apresenta
os custos. A Curva “S” dos custos previstos é a mais alta e a Curva “S” dos custos realizados é a curva
incompleta. Através deste gráfico, é possível comparar as duas curvas e analisar a evolução dos custos
previstos e realizados do projeto durante seu período de execução, assim possibilitando o controle do
escopo do projeto.
Figura 4. Curva “S” Gasto Previsto x Gasto Realizado.
A comparação das curvas do previsto vs realizado pode ser analisada da seguinte forma:
● Curva de gasto previsto > Curva de gasto real: Significa que está sendo gasto menos do
que o previsto para realizar o trabalho, ou seja, ficou abaixo do orçamento. Neste caso, o
baixo orçamento pode ser em virtude de uma boa negociação, um bom controle de gastos
ou a economia pode ter sido obtida por meio de uma má qualidade de serviço ou dos
insumos. As medidas a serem tomadas neste caso, seria identificar a fonte de ganho e
manter o ritmo de trabalho.
● Curva de gasto previsto = Curva de gasto real: Significa que está sendo gasto o que foi
orçado para realizar o trabalho, ou seja, está no orçamento. Neste caso, a medida seria
manter o ritmo de trabalho.
● Curva de gasto previsto < Curva de gasto real: Significa que está sendo gasto mais do que
o previsto para realizar o trabalho, ou seja, ficou acima do orçamento. Neste caso, o
orçamento alto pode ser em razões como baixa produtividade, contratempos encareceram
o serviço, mudança de projeto, chuva, paralisação, falta de material, entre outros motivos.
As medidas a serem tomadas neste caso, seria identificar a fonte de perda, adotar
providências para prevenir futuras perdas e corrigir o ritmo inadequado de trabalho.
3 METODOLOGIA
A metodologia aplicada neste artigo consiste no método quantitativo, abordando os temas
principais acerca da Gestão de Projetos, Gestão de Custos e Curva “S” de custos. Foi realizado diversas
pesquisas com foco sobre as definições a respeito do tema principal e EAP.
Após as pesquisas, foi definido que o estudo de caso seria aplicado em uma empresa do setor de
construção civil, já que a equipe entende que este setor necessita de ferramentas de gestão, como citado
nos tópicos acima. Para aplicação da Curva “S” são realizadas as etapas descritas no fluxograma (Figura
5).
Figura 5. Processo de aplicação da Curva “S”.
Fonte: Os autores.
• Estudo da Empresa
A empresa foi fundada em 2018, por dois irmãos; os quais já são sócios em outro ramo, o de
minérios do solo (agregados de areia e pedra). A localização da mineradora, Região Metropolitana de
Curitiba, proporciona escoamento em grande escala desses minérios, devido fácil acesso e qualidade do
material oferecido. Com esse cenário viu-se a demanda de serviços de construção civil no ramo de
pavimentação asfáltica.
A base da organização é toda familiar, porém sua expansão ocorreu de forma muito rápida e
desenfreada, dobrando seu faturamento em questão de um ano. Com o subsídio financeiro da mineradora
a construtora iniciou suas atividades com equipamentos modernos, possibilitando capacidade produtiva
e participação em licitações públicas. Outro fator que contribuiu para esse crescimento é a base da
matéria-prima do CBUQ (Concreto Betuminoso Usinado Quente), popularmente conhecido como
asfalto; é composto basicamente por agregados de pedra (pedrisco, pó de pedra) e ligante CAP (Cimento
Asfáltico de Petróleo), obtido da destilação fracionada do petróleo.
Com o financiamento da mineradora, a disponibilidade da matéria-prima e a localização dos
empreendimentos, os irmãos criaram o Grupo XXX, o qual ocorreu pela fusão da mineradora e
construtora. Isso beneficiou o novo empreendimento, levando consigo a logo da mineradora a qual está
no mercado há 40 anos.
A falta de controle no ramo da pavimentação pode trazer vários desvios na execução do projeto,
uma das causas é devido as condições do solo. Frente a essa situação a empresa tem notado algumas
perdas e até prejuízos, pois o resultado só aparece após concluída a obra e fechado os custos do projeto.
O Grupo XXX utiliza planilhas do software Microsoft Excel para lançamento dos seus custos,
porém sem aplicação de ferramentas de gerenciamento.
• Escolha do Projeto
Dentre uma das visitas técnicas e reunião com os sócios, foi identificado a dificuldade no controle
dos custos. Após explanado pelos autores de forma breve a ferramenta Curva “S”, tomou-se a decisão
de aplicar a ferramenta em um dos projetos já concluídos pois, segundo normas da empresa, é necessário
respeitar o sigilo de obras em andamento, assim, é mais viável a comparação entre o planejado e o
realizado uma vez que o projeto foi encerrado. Em consenso entre autores escolheu-se a obra X, a qual
apresentou valores significativos para a organização e dados para objeto de estudo deste artigo,
demonstrando todo seu ciclo de vida.
O projeto obra X, é oriundo de uma licitação pública, executada em um município da Região
Metropolitana de Curitiba, a qual exigiu a execução dos serviços de pavimentação em CBUQ, 47.511
m², incluindo os serviços preliminares de terraplenagem, base/sub-base, revestimento em CBUQ,
paisagismo/urbanismo, sinalização de trânsito, iluminação pública, serviços diversos, drenagem, ensaios
tecnológicos e placas de comunicação visual. O prazo de execução firmado em contrato era de 360 dias.
Fonte: Os autores
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A metodologia foi aplicada em um projeto já concluído por uma questão de sigilo, a pedido da
empresa, visto que seus projetos realizados em grande maioria são oriundos de licitações em órgãos
públicos; todos os dados são publicados no Diário Oficial do munícipio.
Na Figura 7 é demonstrada a página inicial da máscara, a qual apresenta um resumo do projeto
como todo, contendo informações de início, execução e término, orçamento planejado e o realizado,
status de andamento do projeto, Curva S plotada, custos por serviço planejado vs. realizado e o menu
de acesso as macros.
Fonte: Os autores
O estudo e aplicação da ferramenta Curva S elaborado em uma máscara do Excel é factível para a
empresa apresentada, porém o resultado encontrado foi um custo real de R$ 9.691.543,41 diferença de
R$ 1.395.841,96 do planejado para o projeto obra X. Aprofundando a análise foi constatado que a maior
diferença está na etapa de execução do serviço referente a base/sub-base da obra; o gráfico de barras
demonstra essa diferença e a Curva S a partir do quarto mês demonstra variação entre o real e planejado.
Verificando o cronograma físico-financeiro para maior detalhamento do custo real averiguou-se os
seguintes pontos: alguns itens apresentaram maior custo real unitário em relação ao planejado, as etapas
de execução que apresentaram maior divergência entre planejado vs. realizado foram terraplanagem com
aumento de 18,57%, base/sub-base 20,88% e drenagem 32,32%. Considerando que o maior valor
agregado está na execução da base/sub-base, deveria ser a etapa de maior controle e acompanhamento
no projeto.
Ao apresentar esse valor para a empresa o engenheiro responsável do projeto exemplificou que isso
ocorreu devido a variações no solo, houveram pontos onde precisou escavar mais e preencher com mais
material agregado, elevando o custo. Através de relatórios técnicos e ensaios tecnológicos a empresa
conseguiu demonstrar os custos superiores a proposta de licitação e receber essa diferença por meio de
aditivos protocolados juntamente a prefeitura.
A empresa esteve aberta para a demonstração da ferramenta e apresentação dos resultados, e após
os valores apresentados a empresa expressou interesse para utilizar a ferramenta em novos projetos e
em andamento. O feedback obtido foi que a ferramenta é de fácil aprendizagem para preenchimento,
capaz de gerar um ponto de atenção visual, indicando o caminho a ser investigado, ou seja, qual a etapa
que está consumindo mais do que o planejado, permitido uma ação mais assertiva, seja ela solicitar um
aditivo ou mitigar causas raízes. A organização relatou que o aspecto visual ficou de fácil entendimento
para leitura e análises.
REFERÊNCIAS
GRAY, C.F.; LARSON, E.W. Gerenciamento de Projetos: o processo gerencial. 4ª Edição. Porto
Alegre: AMGH, 2010.
HANSEN, D.R; MOWEN, M.M. Gestão de Custos: contabilidade e controle. 3ª Edição. São Paulo:
Cengage Learning, 2009.
HELDMAN, K. Gerência de Projetos: guia para o exame oficial do PMI. 3ª Edição. Elsevier, 2006.
MATTOS, A.D. Planejamento e Controle de Obras. 1ª Edição. São Paulo: Pini, 2010.
MEGLIORINI, E. Custos: análise e gestão. 2ª Edição. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
OLIVEIRA, D.P.R. Planejamento Estratégico: conceitos, metodologia, práticas. 29ª Edição. Atlas,
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SILVA, R.N.S.; LINS, L.S. Gestão de Custos: contabilidade, controle e análise. 3ª Edição. Atlas,
2009.
SOTILLE, M.A; MENEZES, L.C.M; XAVIER, L.F.S; PEREIRA, M.L.S. Gerenciamento do Escopo
em Projetos. 2ª Edição. Rio de Janeiro: FGV, 2010.