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INSTITUTO DE FILOSOFIA SANTO TOMÁS DE AQUINO – INFISTA

HERMENÊUTICA

José Augusto Scudilio Junior

SÃO CARLOS
Maio/2023
José Augusto Scudilio Junior

Trabalho apresentado ao curso do


Instituto de Filosofia Santo Tomás de
Aquino em disciplina Hermenêutica.

Professor: Padre Marcos Eduardo Coró.

SÃO CARLOS
Maio/2023
DA PALAVRA AO CONCEITO – A TAREFA DA HERMENÊUTICA
ENQUANTO FILOSOFIA (1995)

Segundo o apresentado pelo autor, a Hermenêutica se caracteriza em seu


processo de desenvolvimento, que vai da palavra ao conceito. Ao longo de sua
exposição, Gadamer vai retratar e refletir acerca do conceito, e da compreensão,
olhando para todo o processo histórico, tanto da filosofia, como do desenvolvimento da
ciência humana até os dias de hoje, e quais os problemas que norteiam e envolvem
diretamente os processos hermenêuticos de compreensão e interpretação. Apontando
também que é necessária uma via de mão dupla, tanto na hermenêutica da palavra ao
conceito, como o retorno do conceito a palavra, e esta relação, concretamente se
refletirá nas vivências humanas futuras.
Primeiramente Gadamer desenvolve a reflexão a respeito do conceito, se
referindo primeiramente ao traço apresentado pela linha de pensamento Ocidental, que
posteriormente se chocou com a invasão da cultura persa à cultura grega e
posteriormente suas relações com as filosofias asiáticas e africanas. Sendo assim,
buscando refletir sobre o que é o saber para nós, partindo dos pressupostos Socráticos
que afirmava que o conhecimento consiste em se saber que nada se sabe, ou seja, um
pequeno ponto de partida da compreensão a respeito do homem e das coisas, que foi
objeto de estudo e norte para o desenvolvimento das filosofias posteriores, as tais
ciências como conhecemos.
O autor leva a refletir também sobre o surgimento e a contextualização das
línguas, que levou a uma certa ordem civilizada, com características e comportamentos
universais, dada a capacidade do homem de transformar-se e adaptar-se as mais diversas
situações, mesmo diante dos embates culturais, entre diferentes povos, conforme ao
longo da história humana foram se concretizando a o que afirma como uma
uniformização global. Apontando que está, encaminha a sociedade atual para uma
futura revolução, em um novo choque cultural, de realidades, diálogos entre crenças e
religiões, que se concretizem em uma nova forma de ciência, do saber a respeito do
homem, do outro, em como lidar com as coisas, também com a natureza.
Cita que no que se refere ao desenvolvimento da filosofia, alguns pensadores,
como Aristóteles, buscaram uma validade universal para as coisas, refletindo o que é o
ser e sua relação entre tal. Neste ponto, faz menção comparativa entre a relação das
ciências sociais e das ciências do espírito, que pautadas por modelos históricos, pela
experiencia, pela adaptação ao destino e, em todo caso, por uma forma de exatidão
bem diversa, por exemplo, da exatidão da física matemática. Ou seja, se refere que há
um tipo de entendimento há por trás, muitas outras cadeias complexas de razões que se
conectam e falam entre si, resultando no conhecimento cientifico, nas certezas e
incertezas que possuímos hoje das coisas, e o que principalmente possibilitou o
desenvolvimento tecnológico vastamente utilizado e explorado no tempo presente.
Assim, o autor afirma, que a hermenêutica é uma visão fundamental do que
significa em geral pensar e conhecer para o homem na vida prática, mesmo quando
trabalhamos com métodos científicos. E que para isso, não requer poucas habilidades,
mas, um bom estudo aprofundado para que se encontre a medida correta e adequada de
interpretação das coisas.
Sendo assim, no primeiro ponto, Gadamer refere-se ao conceito, sendo este o
primeiro ponto a ser determinado para uma relação hermenêutica, que para isso é
necessário primeiramente considerar os pontos vastos culturais e diferentes entre como
este se dá para um ou para outro. Subsequente, afirma necessário também a arte da
compreensão, afirmando que ela se dá em saber ponderar o que o outro pensa, ou seja,
é a capacidade humana de se compreender, entender, mesmo sem dar ao outro razão, é a
capacidade empática de perceber como o outro pensa e nessa relação, refletir sobre os
mais variados aspectos.
O filosofo direciona a compreensão como uma tarefa global para o futuro,
principalmente no que se refere as reflexões acerca das relações humanas entre povos,
do convívio na busca pela paz e cessação das guerras, como também, na resolução de
conflitos éticos e morais que envolvem o homem e sua utilização dos bens naturais.
Porém, para isso, é necessário que o homem se demore a compreender, estudar as mais
diferentes etnias, culturas, religiões, para que se encontre aí elementos e características
de consenso universal, para que através do diálogo se chegue à harmonia:
“Se não apreendermos a virtude hermenêutica, ou seja, se não percebermos que
o que importa é compreender primeiramente o outro, para ver se, depois, não se
torna possível algo assim como uma solidariedade da humanidade como um
todo, também em relação à convivência mútua e a sobrevivência, se não
percebermos isso, então não conseguiremos cumprir as tarefas humanas
essenciais, nem as grandes tarefas nem as pequenas” (GADAMER, 1995, p.
206)

Deste modo, através de sua reflexão hermenêutica entre a relação do conceito e


da compreensão, Gadamer desperta um ponto fundamental a respeito das relações
humanas, que para se alcançar uma harmonia, na busca pela paz comum, é necessário
compreender para além do outro, em uma visão mais abrangente, para que através disso,
nas palavras alcancemos o outro em vista de uma compreensão mútua, mas, para isso,
como afirma, é necessário abdicar-se de si mesmo, para alcançar as condições
fundamentais do desenvolvimento humano e a com ordem nas suas relações.

REFERENCIA
GADAMER, H. G. Da Palavra ao Conceito – A Tarefa da Hermenêutica. 1995.

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