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SIGLAS OU ABREVIATURAS
Al. – Alínea
CP – Código Penal
Art.º – Artigo
CRP – Constituição da República Portuguesa
DL – Decreto-Lei
N.º - Número
P. – Página
STJ – Supremo Tribunal de Justiça
§ – Parágrafo
Supra - «acima»
3
Índice
Abstract With this ‘paper’, the main objective is to address the topic of one of the
crimes against life, in this case, the crime of exposure or abandonment of
the elderly. In a first chapter, we will address the recognition of the
autonomy of the rights of the elderly. In a second chapter we will analyze
the crime of exposure or abandonment in its generality, according to
article 138 of the Penal Code, and consequently the typical conducts of
this legal type of crime, such as exposure foreseen in article 138 no. 1) of
the Penal Code and abandonment foreseen in article 138 no. 2) and finally,
we will analyze the crime of "abandonment" of the elderly in a coherent
and detailed perspective, highlighting the dimension of this problem.
After this, we will confront Article 138 of the Criminal Code and the
Resolution of the Council of Ministers No. 63/2015 of August 25
regarding the crime of abandonment of the elderly.
The third and last chapter is reserved for the problem of crime against the
elderly, making a confrontation between the legal type of art. 138 and
other legal types of crime, such as the crime of mistreatment (art. 152-A
of the CP) and the crime of domestic violence (art.152 of the CP).
Considerações Iniciais
1
José de Faria Costa, é professor catedrático em Direito, na área de especialização em Ciências Jurídico-
Criminais
2
FARIA COSTA, “Um direito fundamental: o direito a ser velho de ser inteiro – texto publicado no
jornal Diário de Notícias, em 28 de junho de 2017. In:
https://josedefariacosta.webs.com/28_06_2017_Um%20direito%20fundamental_o%20direito%20a%20se
r%20velho%20de%20ser%20inteiro.jpg (Consultado a 17/02/2023)
3
Artigo 24º nº1 da Constituição da República Portuguesa
4
FIGUEIREDO DIAS, Jorge, “Direito Penal, Parte Geral”, Tomo I, 2ª ed., Coimbra, Coimbra Editora,
2007, pp.114
5
SILVA, Fernando, Direito Penal Especial – “Os Crimes Contra as Pessoas
Crimes contra a vida | Crimes contra a vida intra-uterina | Crimes contra a integridade física” (4ª Edição),
Editora: Quid Iuris, p.10.
6
FIGUEIREDO DIAS, Jorge - Comentário Conimbricense do Código Penal - Tomo I Parte Especial -
Artigos 131º a 201º (2ª Edição), p.89.
7
criminador tem como consequência uma lesão efetiva do bem jurídico, por outro lado, o
os crimes de perigo, a realização do tipo não pressupõe a lesão, mas antes se basta com a
mera colocação em perigo do bem jurídico.7
7
FIGUEIREDO DIAS, Jorge – “Direito Penal - Parte Geral - Tomo I - Questões Fundamentais. A Doutrina
Geral do Crime”, (2ª Edição), p.309.
8
A ONU, preconiza que o limite etário mínimo, quando nos referimos ao conceito de pessoa idosa,
deverá ser os 60 anos, por entender que este é aquele que melhor espelha a realidade verificada num
maior número de países.
9
FARIA, Paula Ribeiro – “Os crimes praticados contra idosos”. 3ª edição, Universidade Católica Editora,
Porto, 2019, p.15
10
FONTAINE, Roger – “Psicologia do Envelhecimento”, Climepsi Editores, p. 26
11
Pensar juridicamente, hoje, na chamada “terceira idade”, afigura-se um exercício mais complexo do
que há alguns anos.
12
Artigo: “Perspetivas atuais sobre a proteção jurídica da pessoa idosa vítima de violência familiar:
contributo para uma investigação em saúde pública.” – Rita Fonseca, Inês Gomes, Paula Lobato Faria e
Ana Paula Gil. In: https://run.unl.pt/bitstream/10362/104884/1/RUN%20-%20RPSP%20-%202012%20-
%20v30n2a05%20-%20p149-162.pdf [Consultado a 16/02/2023]
8
de vida autónoma e com qualidade, e a quarta idade, que se aproxima da infância pela
dependência que existe em relação aos cuidadores ou membros da família, e que justifica
a aplicação de conceitos como a vulnerabilidade no direito penal, que não obstante a sua
dependência do princípio da legalidade, admite a este nível uma maior margem de
ponderação na aplicação das suas normas.
Todos os idosos são portadores de vários direitos que são reconhecidos e protegidos,
como o direito à saúde, os idosos têm direito a cuidados de saúde adequados e a um
sistema de saúde que respeite as suas necessidades específicas, o direito à segurança
social, o direito à habitação, o direito à participação social, o direito ao não abandono que
inclui a falta de assistência, apoio e cuidado e o direito à proteção contra a discriminação,
os idosos têm o direito a serem tratados com igualdade e respeito, sem descriminação
com base na idade, no entanto, o problema da discriminação ainda é muito preocupante
nos tempos de hoje.
Quando o idoso chega à última etapa da sua vida, confronta-se com diversos
obstáculos que o tornam vulnerável e objeto de discriminação pela sociedade, ele passa a
ser visto como um “inútil”, como incapaz, sem autonomia para tomar decisões, e mesmo
sendo ainda ativo, é alvo de estereótipos discriminatórios que o condenam a ser visto
como um objeto e como alguém que está a chegar ao fim da vida.
Os idosos, são considerados vulneráveis devido à idade e devido a sua capacidade,
e por estes mesmos motivos é que devemos de conferir uma atenção particular aos crimes
praticados contra idosos, por várias razões, porque se trata de um grupo particularmente
desprotegido que é alvo preferencial de certo tipo de crimes, entre os quais crimes
violência doméstica, crimes de maus-tratos, crimes de abandono, crimes de natureza
patrimonial; porque grande parte destes crimes é praticado dentro de casa existindo
elevadas cifras negras relativamente à sua descoberta e punição, porque os efeitos do
crime neste tipo de vitimas são devastadores, comprometendo a sua saúde e a sua vida,
impondo-se a sua prevenção reforçada, porque se justifica o tratamento especifico destas
vítimas, enquanto vítimas vulneráveis e é extremamente necessário a punição agravada
daqueles que exploram a sua fragilidade e dependência.13
A idade foi sendo encarada de forma diferente ao longo dos séculos e nas civilizações, e
não é correto assumir que o fenómeno da violência contra os mais velhos é exclusivo das
13
FARIA, Paula Ribeiro – “Os crimes praticados contra idosos” - 3ª edição, Universidade Católica
Editora, Porto, 2019, p.12
9
A proteção dos idosos é garantida, como sabemos, pelo direito interno, pelo direito
europeu e pelo direito internacional, o que é suscetível de colocar problemas de
articulação entre planos normativos.
No direito interno, a Constituição da República Portuguesa consagra no seu artigo 1º, o
princípio da dignidade da pessoa humana como princípio de natureza fundamental.
O artigo 25º tutela a integridade física e moral das pessoas, independentemente das
circunstâncias pessoais de cada individuo, e reconhece especificamente à pessoa idosa,
no seu artigo 71º nº1, o direito à segurança económica e a condições de habitação e
convívio familiar e comunitário que respeitem a sua autonomia pessoal e evitem e
superem o isolamento e marginalização social.
A CRP de 1976, veio consagrar, de modo inovador, no artigo 72º, uma política
para a Terceira Idade em Portugal.
Na sua versão originária15, o normativo estabelecia como prioridade a obrigação do
Estado de promover uma política da Terceira Idade que garantisse a segurança económica
das pessoas idosas. Em desenvolvimento, determinada que tal política deveria de igual
modo, “proporcionar condições de habitação e convívio familiar e comunitário”, no
intento de evitar o isolamento e marginalização social da pessoa idosa e promover a sua
participação ativa na sociedade.16
Deste modo, o artigo 72º nº2, estabelece, por sua vez, que a política de terceira
idade engloba medidas de caráter económico, social e cultural, tendentes a proporcionar
às pessoas idosas oportunidades de realização pessoal através de uma participação ativa
na vida da comunidade.
Embora existam normas tipificadas para proteger os idosos, a Doutora Paula Ribeiro de
Faria e Renato Amorim Damas Barroso, verificam um problema no regime protetivo da
pessoa idosa.
O que se verifica, pelo menos até agora no nosso país, segundo a Doutora Paula Ribeiro
Faria “é a total inexistência de uma política coerente dirigida a integrar todos os
diplomas legislativos dirigidos aos mais velhos e a promover de forma consistente os
14
FARIA, Paula Ribeiro – “Os crimes praticados contra idosos” - 3ª edição, Universidade Católica
Editora, Porto, 2019, p.16
15
Artigo 72º da Constituição da República Portuguesa
16
AROSO, Joana Silva, “Os Novos Idosos – Envelhecimento ativo e direito” Edições Almedina,
dezembro de 2021, p.16
10
seus direitos.”17
O autor, Renato Amorim Damas Barroso, refere que “para além do artigo 72º da Lei
Fundamental que expressamente se refere à “terceira idade” e de diplomas provenientes
das áreas da segurança social e saúde, são praticamente nulas as referências legislativas
aos cidadãos mais velhos.”18
1. Generalidades
O artigo 138º do Código Penal (CP) prevê o crime de exposição ou abandono, este crime
configura-se como crime contra a vida, em que o elemento do tipo legal objetivo é o de
colocar a vida de outra pessoa em perigo, através de uma das modalidades de conduta
descritas, a modalidade da exposição ou a modalidade de abandono. Este elemento típico,
implica evidentemente, que com o ato do agente, se crie um perigo ou se potencie um
perigo.
Quanto ao tipo legal subjetivo, o tipo legal só se preenche com dolo, bastando o dolo
eventual. O dolo eventual carateriza-se por o agente prever a realização do tipo como
provável/possível e conformar-se com essa realização. Esta figura é importante, tem
semelhanças com a negligência consciente, quer no dolo eventual, quer na negligência
consciente, o agente prevê a realização do facto típico como possível, como provável, só
que, no dolo eventual, o agente prevê e conforma-se com essa realização; na negligência
consciente, o agente prevê, mas não se conforma a realização. Assim, no dolo eventual e
na negligência consciente, o elemento intelectual é o mesmo nas duas figuras: o agente
prevê a realização do facto típico como possível, no entanto, o que varia é a parte volitiva:
no dolo eventual, o agente conforma-se; na negligência consciente o agente não se
conforma.
Neste contexto do crime de exposição ou abandono, o dolo eventual tem de abarcar a
criação de perigo para a vida da vítima, bem como a ausência de capacidade de defesa da
vítima.
17
FARIA, Paula Ribeiro – “Os crimes praticados contra Idosos”, 3ª edição, Universidade Católica
Editora, Porto, 2019, p. 31.
18
Renato Amorim Damas Barroso – “Há direitos dos idosos? – Julgar nº 22 / Ano: 2014. In:
http://julgar.pt/wp-content/uploads/2014/01/07-Renato-Barroso.pdf (Consultado a 20/02/2023)
11
Na primeira conduta, da alínea a) do nº1 do artigo 138º Código Penal (CP), a atuação (por
ação ou omissão) consiste em alguém colocar em perigo outra pessoa através da
exposição a uma situação de que esta não possa, só por si só, se defender.
A exposição19 implica que a vítima seja transferida de um local (relativamente seguro)
para um outro menos seguro, isto significa que se tem de verificar uma deslocação
espacial produzida pelo agente; dessa deslocação deve resultar um agravamento de riscos
de tal ordem que a vítima fique numa situação em que seja incapaz, de, por si só, defender-
se. (face aos novos riscos criados pela exposição e que colocam em perigo a sua vida).
Existe um elemento caraterístico e diferenciador da segunda modalidade de conduta, é o
facto de neste caso, estar subjacente uma ideia de perigosidade objetiva.
Como resulta das Actas 1993 205, foi proposto que na alínea a) se recolhesse a
perigosidade do lugar em que a vítima é exposta, normalmente, a perigosidade objetiva,
tem a ver com os perigos desse mesmo lugar face à incapacidade de a vítima se defender.
Se por exemplo, a pessoa se deslocou pelos seus próprios meios, releva a omissão de
quem tinha o dever de impedir essa deslocação e violou, não atuando no sentido de a
impedir. Há, portanto, que atender ao local onde a vítima é exposta ou colocada e às
caraterísticas da pessoa da vítima.
José Damião da Cunha entende que a forma de como se verifica a exposição é
indiferente: “não é necessária a violência, basta apenas a ameaça, o ardil ou a astúcia
que motive a vítima a aceitar a deslocação de lugar. Pode também a exposição resultar
do aproveitamento de uma incapacidade da própria vítima.”20
Esta modalidade de conduta pode ser cometida por qualquer pessoa, é considerado um
crime comum e pode igualmente ser cometida por omissão.
A segunda modalidade de conduta, referente ao artigo 138º nº1 b) trata-se de um de um
crime de ação (embora passível de ser cometido por um universo limitado de agentes),
pois o abandono é uma conduta positiva, no fundo, este crime consiste em o agente
abandonar a vítima, sem defesa sempre que tenha um dever de garante de guardar, vigiar
ou assistir. Este dever tem de ser pré-existente à situação de abandono e deve estar
diretamente referido à ausência de defesa da vítima, tornando-se necessário que o dever
19
O ato de exposição sempre foi entendido como a deslocação física da vítima, que é levada para um
lugar de acesso difícil.
20
DAMIÃO DA CUNHA, José “Comentário Conimbricense do Código Penal, Tomo I – (Parte Especial -
Artigos 131º a 201º)” – Coimbra Editora, 1999, pág. 120
12
que sobre o agente impende, tenha por finalidade garantir o auxílio para situações de risco
em cujo círculo a vítima se encontra. O perigo é centrado na qualidade da pessoa, mas
pode até acontecer que o agente se mantenha junto à vítima, omitindo, porém, qualquer
ato de auxílio.
Só existe criação penalmente relevante de um risco quando o agente não gere
adequadamente os perigos que decorrem da sua atuação, onde não cria condições para
evitar a concretização de um resultado que era previsível e evitável21, onde, em suma, não
atua com o cuidado devido, tanto monta falar de criação desaprovada de um risco, ou de
violação de um dever de cuidado na sua gestão, já que o sentido dos dois conceitos tem
forçosamente que convergir.
O Doutor Faria Costa, refere aqui uma “relação de cuidado de perigo” para designar a
forma como a ação negligente se deixa ancorar numa relação de cuidado de perigo não
cumprida no caso concreto22, colocando embora o cento tónico no não cumprimento dessa
relação de cuidado.
Do abandono tem de resultar uma situação de agravamento de riscos (para a vida
da vítima), para qual a vítima não tenha por si, capacidade de se defender. Esta ausência
de capacidade de se defender deve ser interpretada nos mesmos termos da alínea a).
Como é evidente, tal como sucede para o caso de exposição, caso seja a vítima que, pelo
seu comportamento, potencie ou agrave os riscos, não deverá haver tipicidade. Assim, no
caso de um acidente em que o agente abandone a vítima, sem que seja previsível um
perigo para a vida, e a vítima, pelo seu comportamento, cause um perigo para a sua vida,
não subsistirá o presente tipo legal.
Os idosos, tal como as crianças são considerados grupos vulneráveis que merecem a
devida proteção e atenção.
Durante o processo de envelhecimento é comum existirem “perdas” de ordem física,
psicológica e até emocional, tornando o idoso mais vulnerável para o confronto com
acontecimentos súbitos e imprevisíveis e dada esta circunstância torna-se crucial para o
idoso adquirir acompanhamento de um cuidador.
O abandono das pessoas idosas constitui um problema extremamente grave, a dimensão
do problema exige a realização de estudos que permitam um maior conhecimento deste
21
FARIA, Paula Ribeiro – “Formas Especiais do Crime”, Universidade Católica Editora, Porto, p. 47.
22
FARIA COSTA, “O perigo em Direito Penal”, p. 476
13
23
FIGUEIREDO DIAS, Jorge, “Comentário Conimbricense do Código Penal, Tomo I – (Parte Especial -
Artigos 131º a 201º)” – Coimbra Editora, 1999, pág. 193
24
DIAS, Augusto Silva, “Direito Penal – Parte Especial: Crimes Contra a Vida e a Integridade Física”,
Lisboa, A.A.F.D. Lisboa, 2005
25
ALBUQUERQUE, Paulo Pinto “Comentário do Código Penal: Á Luz da Constituição portuguesa e da
Convenção Europeia dos Direitos do Homem”
14
ação, mas também pode ser um crime de omissão. Isto porque o agente tem o dever de
garante para com a pessoa idosa (vítima), e como tal deve proteger e cuidar da vítima.
Sendo que pode relacionar este dever de garante com o dever previsto no artigo 10º nº2
do Código Penal (CP), uma vez que este último artigo abrange a omissão dos meios
apropriados a salvar e cuidar da vítima.
Em relação ao tipo legal de crime preenchido, como se referiu anteriormente, é necessário
que exista dolo por parte do agente, e basta que este dolo seja um dolo eventual (artigo
14º, nº3 do CP), que é “construído sobre a base de factos de cuja insegurança o agente é
consciente”26 como refere o Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça27 (STJ).
Isto significa que existe uma confrontação com a criação de um perigo para o idoso e a
ausência de capacidade de o mesmo se defender sozinho, não sendo necessário verificar-
se a existência de dolo direito.
O Projeto de Lei n.º 62/XIII28, apresentado a 4 dezembro de 2015 na Assembleia
da República de Portugal pelo Partido Socialista Português (PSD), foi criado com o
intuito de combater o abandono, a negligência e os maus-tratos a idosos.
O problema mais relevante neste projeto foi o crime de abandono de idosos em
instituições ou estabelecimentos dedicados à prestação de saúde e os crimes contra os
direitos fundamentais dos idosos que não estavam previstos no Código Penal.
Dadas estas circunstâncias, propôs-se criar uma estratégia de proteção dos idosos,
acrescentando ao título dos crimes contra as pessoas, um Capítulo IX reservado para os
crimes praticados contra os direitos fundamentais dos idosos. Acrescentariar-se-ia, desta
maneira, um artigo 201º -A ao Código Penal (CP), a prever que quem abandonasse uma
pessoa idosa em hospitais ou outros estabelecimentos dedicados à prestação de cuidados
de saúde, quando a pessoa idosa se encontre ao cargo do agente29, este seria punido com
26
Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, nº SJ200507130021223 de 13-07-2005 – 1. “No dolo
eventual (artigo 14º, nº 3 do Código Penal) há uma decisão contra valores tipicamente protegidos, mas
como a produção de resultado depende de eventualidades ou condições incertas, o dolo eventual é
construído sobre a base de factos de cuja insegurança o agente é consciente.” In:
http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/f1cf30d43e934f08802570770061a390?
OpenDocument&Highlight=0,tentativa,e,dolo,eventual (Consultado a: 18/02/2023)
27
Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, nº SJ200507130021223 de 13-07-2005. In:
http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/f1cf30d43e934f08802570770061a390?
OpenDocument&Highlight=0,tentativa,e,dolo,eventual (Consultado a: 18/02/2023)
28
PROJETO DE LEI N.º 62/XIII - 41ª ALTERAÇÃO AO CÓDIGO PENAL, APROVADO PELO
DECRETO-LEI N.º 400/82, DE 23 DE SETEMBRO, CRIMINALIZANDO UM CONJUNTO DE
CONDUTAS QUE ATENTAM CONTRA OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS IDOSOS. In:
https://www.smmp.pt/wp-content/uploads/pjl62-XIII-penal.pdf (Consultado a 18/02/2023)
29
PROJETO DE LEI N.º 62/XIII, «Capítulo IX – Dos crimes contra direitos fundamentais dos idosos»
Artigo 201.º-A d) “Abandonar pessoa idosa em hospitais ou outros estabelecimentos dedicados à
prestação de cuidados de saúde, quando a pessoa idosa se encontre a cargo do agente;”
15
uma pena de prisão até 2 anos ou com pena de multa de até 240 dias.30
No entanto, no tópico de seguida iremos verificar que existe uma problemática sobre este
assunto.
4. Resolução do Conselho de Ministros n.º 63/2015 de 25 de agosto
A Doutora Paula Ribeiro de Faria31 entende que é necessário fazer uma referência à
Resolução do Conselho de Ministros n.º 63/2015 de 25 de agosto32 devido a esta estratégia
ser relevante para a proteção dos idosos.
O Conselho de Ministros, a 25 de agosto de 2015, aprovou a estratégia de proteção ao
idoso, interposta pelos partidos do CDS-PP e do PS, que implementou quatro medidas,
com o intuito de evitar práticas que atentam contra os direitos fundamentais dos idosos.
A primeira medida (medida 1), consistia em reforçar os direitos dos idosos33 enunciando
de forma expressa e clara os direitos dos mesmos.
A segunda medida e terceira (medida 2.1, 2.2 e 3) consistia em alterar os artigos 138º a
156º do Código Civil, e a quarta medida (medida 4) consistia em reforçar a proteção dos
direitos dos idosos, através da tutela penal e de alterar o Código Penal34, mais
concretamente, introduzir normas no Código Penal que sancionem comportamentos que
atentem contra os direitos fundamentais dos idosos.
O Projeto de Lei nº 62/XIII propôs alterar o Código Penal e acrescentar um artigo
autónomo e específico ao mesmo, mais concretamente o artigo 201º-A, com o objetivo
de sancionar o agente que cometesse crimes contra os direitos fundamentais dos idosos,
no entanto, encontramos um problema na alínea d) do artigo supra-mencionado, que nos
diz que quem “Abandonar pessoa idosa em hospitais ou outros estabelecimentos
dedicados à prestação de cuidados de saúde é punido com pena de prisão até dois anos
30
PROJETO DE LEI N.º 62/XIII, «Capítulo IX – Dos crimes contra direitos fundamentais dos idosos»
Artigo 201.º-A “é punido com pena de prisão até dois anos ou com pena de multa até 240 dias.»”
31
FARIA, Paula Ribeiro – “Os crimes contra as pessoas”, 2ª edição, Universidade Católica Editora,
Porto, 2022, p.199
32
Resolução do Conselho de Ministros n.º 63/2015 de 25 de agosto. In: https://ucccb.pt/wp-
content/uploads/2016/02/resolucao-do-conselho-de-ministros-no-63-de-2015-diario-da-republica-1a-
serie-no-165-de-25-de-agosto-de-2015.pdf (Consultado a 17/02/2023)
33
Resolução do Conselho de Ministros n.º 63/2015 de 25 de agosto, Secção II – Medidas, Medida 1:
Reforçar os direitos dos idosos. In: https://ucccb.pt/wp-content/uploads/2016/02/resolucao-do-conselho-
de-ministros-no-63-de-2015-diario-da-republica-1a-serie-no-165-de-25-de-agosto-de-2015.pdf
(Consultado a 17/02/2023)
34
Resolução do Conselho de Ministros n.º 63/2015 de 25 de agosto, Secção II – Medidas, Medida 4:
Alteração ao Código Penal. In: https://ucccb.pt/wp-content/uploads/2016/02/resolucao-do-conselho-de-
ministros-no-63-de-2015-diario-da-republica-1a-serie-no-165-de-25-de-agosto-de-2015.pdf (Consultado a
17/02/2023)
16
35
PROJETO DE LEI N.º 62/XIII, «Capítulo IX – Dos crimes contra direitos fundamentais dos idosos»
Artigo 201.º-A “é punido com pena de prisão até dois anos ou com pena de multa até 240 dias.»” In:
pjl62-XIII-penal.pdf (smmp.pt) (Consultado a 17/02/2023)
36
Resolução do Conselho de Ministros n.º 63/2015 de 25 de agosto, Secção II – Medidas, Medida 4:
Alteração ao Código Penal, nº1 alínea a) iv): “Abandonar pessoa idosa em hospitais ou outros
estabelecimentos dedicados à prestação de cuidados de saúde, quando a pessoa idosa se encontre a cargo
do agente;“ In: https://ucccb.pt/wp-content/uploads/2016/02/resolucao-do-conselho-de-ministros-no-63-
de-2015-diario-da-republica-1a-serie-no-165-de-25-de-agosto-de-2015.pdf (Consultado a 17/02/2023)
37
Os crimes públicos são aqueles cujo processo se desencadeia oficiosamente pelo Ministério Público,
após aquisição da notícia do crime – por conhecimento próprio, por intermédio dos órgãos de polícia
criminal ou mediante denúncia (cfr. art.º 241.º do CPP). Nos processos respeitantes à prática de crimes
públicos, não há necessidade de intervenção do ofendido para que o processo corra os seus trâmites, isto
é, pode o processo iniciar-se e prosseguir apenas por iniciativa do Ministério Público, mesmo que não se
tenha verificado a apresentação de qualquer queixa. – Lexionário: Crime Público. In:
https://dre.pt/dre/lexionario/termo/crime-publico (consultado a 22/02/2023)
17
Um outro problema é a questão de definir qual seria a moldura penal do crime em causa,
uma vez que a Resolução do Conselho de Ministros não nos indica especificamente qual
a pena a aplicar, podemos considerar a proposta do Projeto de Lei n.º 62/XIII que propôs
uma pena de prisão até dois anos ou pena de multa até 240 dias, a quem praticasse este
facto.38
O artigo 152º foi criado com o intuito de prevenir as frequentes, formas de violência no
âmbito da família, da educação e do trabalho,39 a interpretação redutora de que o crime
de maus-tratos apenas protege a integridade física, é hoje, de excluir, porque para além
da saúde física, é protegida também a integridade pessoal e moral, considerada inviolável
pelo artigo 25º, nº1 da Constituição da República Portuguesa.
O artigo 152º-A do Código Penal (CP) prevê o crime de maus-tratos, tanto o crime de
maus-tratos como o crime de abandono ou de exposição apresentam semelhanças entre
si, uma vez que são crimes que podem ser cometidos por ação ou por omissão.
Como verificamos, no crime de exposição ou abandono pode haver deslocação espacial
por parte da vítima (exposição) e deslocação por parte do agente (abandono), como
também pode haver um abandono por parte do agente através de uma omissão.
No caso dos crimes de maus-tratos, o artigo 152º-A do Código Penal (CP) prevê que o
agente exerça maus-tratos físicos ou psíquicos, privações da liberdade e ofensas sexuais
ou tratamentos cruéis sobre a vítima indefesa, neste caso, a vítima indefesa é a pessoa
idosa que é considerada uma pessoa que não é capaz de se defender por si própria, como
refere o artigo 138º do Código Penal CP), porque os maus tratos, são considerados atos
únicos ou repetidos, ou ainda, a ausência de uma reação apropriada; que causa dano,
sofrimento ou angústia a um idoso.
Deste modo, podemos constatar que o crime de maus-tratos apresentam
semelhanças com o crime de exposição ou abandono previsto pelo artigo 138º do Código
Penal (CP), uma vez que existe um dever do agente para com a vítima devido a uma
38
PROJETO DE LEI N.º 62/XIII, «Capítulo IX – Dos crimes contra direitos fundamentais dos idosos»
Artigo 201.º-A “é punido com pena de prisão até dois anos ou com pena de multa até 240 dias.»”
39
TAIPA DE CARVALHO, Américo – “Comentário Conimbricense do Código Penal - Tomo I Parte
Especial - Artigos 131º a 201º” (2ª Edição), p.392
18
relação de supra-ordenação, havendo um dever de garante por parte do agente para com
a vítima, sendo que ambos os crimes, tal como referi anteriormente, podem ser praticados
por ação, como por omissão.
A violência doméstica é um crime previsto no artigo 152º do Código Penal, esta conduta
provoca várias consequências na vítima, tanto a nível físico como psicológico. Sendo que
a nível psicológico podemos incluir o medo, a tristeza, a vergonha, a desconfiança em
relação a tudo e todos, dificuldade em tomar as próprias decisões, perdas de memória e
perturbações sendo que todas as agressões colocam em causa os direitos inerentes da
vítima, como o direito à integridade física e à saúde, mas também vai contra a sua
dignidade humana.
Neste contexto, o idoso é considerado uma vítima, pois trata-se de uma pessoa
particularmente indefesa em razão da idade, como refere o artigo 152º nº1 d) do Código
Penal40, contudo, é importante ter em atenção que só podemos enquadrar os idosos no
âmbito da violência doméstica, se estes coabitarem com o agressor41 é necessário a
existência de uma especial relação entre o agente e a vítima, que implica uma agravação
tanto na ilicitude, como na culpa, porque o crime de violência doméstica, é considerado
uma crime específico impróprio42 tendo como bem jurídico protegido a dignidade e a
saúde da pessoa humana, o dolo do agente tem que abranger a relação de proximidade
entre este e a vítima podendo este dolo ser direto ou eventual.
Para se diferenciar o crime de violência doméstica do crime de exposição ou
abandono quanto aos idosos é necessário ter em conta dois aspetos importantes no que
concerne com as características da vítima, mais concretamente à análise do sujeito passivo
deste tipo legal de crime e com tipo de maus-tratos que pode haver neste tipo de crime.
O crime de violência doméstica tem de ser praticado por alguém específico e não por uma
40
Artigo 152º nº1 d):” A pessoa particularmente indefesa, nomeadamente em razão da idade, deficiência,
doença, gravidez ou dependência económica, que com ele coabite;”
41
“Também pratica o crime de violência doméstica quem infligir maus-tratos físicos ou psíquicos, uma ou
várias vezes, sobre pessoa particularmente indefesa em razão da idade, deficiência, doença, gravidez ou
dependência económica, desde que com ela coabite” – Associação Portuguesa de Apoio à vítima (APAV)
– In: https://apav.pt/vd/index.php/features2 (Consultado a 22/02/2023)
42
“Trata-se de um crime específico impróprio, um crime em que a qualidade do autor ou o dever que
sobre ele impende não servem para fundamentar a responsabilidade, mas unicamente para a agravar, uma
vez que só o agente com essa característica subjetiva relacional o pode cometer” - Acórdão do Tribunal
da Relação do Porto, nº: RP201306262293/11.9TAVCD.P1 de 26-06-2013 – In:
http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/beb1555de8e2fd8d80257b9c003a9686
?OpenDocument (Consultado a 22/02/2023)
19
mera pessoa. Sendo este crime específico, temos de diferenciar o crime específico do
crime impróprio, são duas modalidades distintas que tem de ser devidamente explicadas.
O crime específico, o agente tem de ser uma pessoa em concreto, não podendo ser
uma mera pessoa, sendo a sua responsabilidade fundamentada por essa relação. Por outro
lado, a segunda modalidade, o crime específico impróprio, na qual também se verifica a
fundamentação da responsabilidade derivada da relação existente entre ambos, mas
acresce a existência de uma agravação da ilicitude.
Deste modo, verifica-se a existência de uma característica comum entre o crime
de violência doméstica e o crime de exposição ou abandono no que diz respeito aos
idosos, uma vez que em ambos o crime deve de haver uma relação entre o agente e a
vítima e como o facto da debilidade da vítima ser um dos requisitos em ambos os crimes,
não obstante, constatamos diferenças quanto a este ponto, pois, no crime de exposição ou
abandono pode estar em causa uma pessoa indefesa, mas não é feita a referência à idade
da mesma. Por outro lado, no crime de violência doméstica, é feita uma referência
explícita às referências da vítima, tendo em conta a idade, isto é, considera-se que possa
ser uma pessoa idosa.
A violência doméstica pode ser praticada como por ação, como por omissão, uma vez que
o agente pode praticar violência ativa sob a vítima, ou violar o dever de garante para com
ela e deste modo, podemos constatar que o crime de violência doméstica possui
semelhanças com o crime de exposição ou abandono previsto no artigo 138º do Código
Penal (CP), no sentido em que pode ser praticado por uma pessoa que detenha um dever
de garante com a vítima. No entanto, o que parece ser relevante para a distinção destes
dois tipos legais de crime são as características da vítima, uma vez que o artigo 152º do
Código Penal (CP) prevê que a vítima possa ser uma pessoa indefesa, em razão da idade,
isto é, pode ser uma pessoa idosa, o que o artigo 138º do CP não prevê na sua totalidade,
uma vez que o tipo legal do crime de exposição ou abandono só prevê que a vítima tenha
que ser alguém que não se consiga por si só, se defender.
Apesar disso, o artigo 138º do Código Penal (CP) não deixa de poder abranger a
exposição ou abandono de idosos, uma vez que o que está aqui em causa, é uma pessoa
indefesa, devido à idade e por estes mesmos motivos é que um idoso tem de estar
protegido e incluído neste tipo legal de crime, como no crime de violência doméstica.
20
Considerações Finais
Com tudo o que exploramos com o presente relatório foi possível consolidar algumas
ideias relativas à importância dos idosos ou dos ‘velhos’ tal como o Doutor Faria Costa
menciona, na nossa sociedade e de como o crime de abandono de idosos, os afeta
severamente tanto a nível físico como psicológico. É indubitável de que os idosos
merecem uma maior proteção a nível jurídico-penal, porque o crime de abandono de
idosos ainda é uma prática criminosa muito comum e frequente que se inter-relaciona
com outros tipos de crimes, como maus-tratos, violência doméstica, abusos entre muitos
outros, e que este tipo legal de crime do abandono merece a nossa total atenção.
Os idosos embora sejam considerados pessoas vulneráveis, não devem de sofrer de
discriminação devido à idade ou a sua própria aparência, porque tal como o Professor
Doutor Faria Costa menciona, o ‘velho’ tem “o direito a ser tratado com dignidade
humana, sempre; o direito a ser visto e valorado como ser inteiro, por mais maltratados
que se mostrem o corpo e o espírito.”43
As pessoas mais velhas têm tendência a serem ignoradas pelo nosso ordenamento
jurídico, e há muito pouca reflexão acerca da forma de como a idade influencia as
soluções legais ou justifica formas específicas da resolução dos problemas em sede de
aplicação do direito, é claro que se pode dizer que não se justifica autonomizar um ramo
de direito relativamente às pessoas mais velhas uma vez que a idade não diferencia, e que
o próprio princípio da igualdade de tratamento exige que não se proceda à delimitação
arbitrária de um grupo de destinatários da ordem jurídica, porque à luz da lei, uma pessoa
com 20 anos e uma pessoa com 80 anos, são iguais. Chega-se inclusivamente a sustentar
que a idade não constitui um fator específico de vulnerabilidade, no entanto, a Doutora,
Paula Ribeiro de Faria, discorda plenamente deste preceito e realça que “Não temos essa
opinião. Não se trata de identificar um grupo de pessoas dentro da sociedade em função
de um critério aleatório ou sem significado, mas de reconhecer que a idade pode colocar
as pessoas numa posição de desvantagem que gera necessidades de proteção
próprias.”44
43
FARIA COSTA, “Um direito fundamental: o direito a ser velho de ser inteiro – texto publicado no
jornal Diário de Notícias, em 28 de junho de 2017. In:
https://josedefariacosta.webs.com/28_06_2017_Um%20direito%20fundamental_o%20direito%20a%20se
r%20velho%20de%20ser%20inteiro.jpg (Consultado a 17/02/2023)
44
FARIA, Paula Ribeiro – “Os crimes praticados contra idosos”. 3ª edição, Universidade Católica
Editora, Porto, 2019, p.10
21
Bibliografia
FARIA COSTA, “Um direito fundamental: o direito a ser velho de ser inteiro – texto
publicado no jornal Diário de Notícias, em 28 de junho de 2017. In:
https://josedefariacosta.webs.com/28_06_2017_Um%20direito%20fundamental_o%20d
ireito%20a%20ser%20velho%20de%20ser%20inteiro.jpg ;
FIGUEIREDO DIAS, Jorge, “Direito Penal, Parte Geral”, Tomo I, 2ª ed., Coimbra,
Coimbra Editora, 2007;
SILVA, Fernando, Direito Penal Especial – “Os Crimes Contra as Pessoas | Crimes
contra a vida | Crimes contra a vida intra-uterina | Crimes contra a integridade física” (4ª
Edição), Editora: Quid Iuris;
FARIA, Paula Ribeiro – “Os crimes praticados contra idosos”. 3ª edição, Universidade
Católica Editora, Porto, 2019;
Artigo: “Perspetivas atuais sobre a proteção jurídica da pessoa idosa vítima de violência
familiar: contributo para uma investigação em saúde pública.” – Rita Fonseca, Inês
Gomes, Paula Lobato Faria e Ana Paula Gil. In:
https://run.unl.pt/bitstream/10362/104884/1/RUN%20-%20RPSP%20-%202012%20-
%20v30n2a05%20-%20p149-162.pdf ;
22
AROSO, Joana Silva, “Os Novos Idosos – Envelhecimento ativo e direito” Edições
Almedina, dezembro de 2021;
Renato Amorim Damas Barroso – “Há direitos dos idosos? – Julgar nº 22 / Ano: 2014.
In: http://julgar.pt/wp-content/uploads/2014/01/07-Renato-Barroso.pdf ;
DIAS, Augusto Silva, “Direito Penal – Parte Especial: Crimes Contra a Vida e a
Integridade Física”, Lisboa, A.A.F.D. Lisboa, 2005;