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O MÉTODO GRUMBACH DE
GESTÃO ESTRATÉGICA
MARÇO – 2013
Todos os direitos desta obra literária estão reservados à Brainstorming Consultoria, na forma da Lei 9.610, de 19 de fevereiro de
1998. Seu uso sem a expressa e prévia autorização implica na prática de crime, além do ressarcimento por perdas e danos.
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Sumário
1 PALAVRAS INICIAIS ................................................................................................. 7
2 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 11
9 ESTRATÉGIA ......................................................................................................... 63
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9.2.1 PROJETOS EM ANDAMENTO .................................................................. 69
10 ORÇAMENTO......................................................................................................... 83
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14 ASPECTOS TÉCNICOS ........................................................................................ 112
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ÍNDICE DE FIGURAS
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Figura 30 – Construção da Inteligência ........................................................................ 105
Figura 31 – Processo de Inteligência ............................................................................ 106
Figura 32 – Probabilidade X Certeza ............................................................................ 113
Figura 33 – Evento ...................................................................................................... 115
Figura 34 – Consulta Delphi ......................................................................................... 117
Figura 35 – Janela de Consistência .............................................................................. 121
Figura 36 – Cenários Partição ...................................................................................... 123
Figura 37 – Resposta Delphi ........................................................................................ 124
Figura 38 – Impactos Cruzados - Probabilidades .......................................................... 124
Figura 39 – Impactos Cruzados - Chance ..................................................................... 125
Figura 40 – Matriz Motricidade x Dependência ........................................................... 126
Figura 41 – Mapa de Cenários ..................................................................................... 128
Figura 42 – Probabilidade de Cenários ........................................................................ 129
Figura 43 – Cenário mais provável ............................................................................... 131
Figura 44 – Cenário Alvo ............................................................................................. 132
Figura 45 – Parcerias Estratégicas ............................................................................... 132
Figura 46 – Análise de Atores ...................................................................................... 134
Figura 47 – Identificação dos Riscos ............................................................................ 137
Figura 48 – Análise dos Riscos ..................................................................................... 138
Figura 49 – Mensuração da Criticidade dos Riscos ....................................................... 140
Figura 50 – Avaliação dos Riscos................................................................................. 141
Figura 51 – Tratamento dos Riscos .............................................................................. 142
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1 PALAVRAS INICIAIS
Prezado Leitor:
O livro que você tem em mãos é fruto de mais de 15 anos de estudos,
pesquisas, desenvolvimento de softwares e da experiência adquirida em
dezenas de consultorias realizadas para empresas públicas e privadas.
O Método Grumbach teve sua origem em meu curso de estratégia na
Espanha, nos anos 1989 e 1990. Naquela época, tomei contato com a análise
prospectiva e nunca mais me afastei do tema.
Em 1996, fui contatado pela Presidência da República para assessorar a
realização de um estudo prospectivo de suporte ao projeto Brasil 2020. Fruto
desse e de outros trabalhos percebi que a construção de cenários prospectivos
não poderia ser um fim em si mesmo, e deveria funcionar como ferramenta de
tomada de decisão em um processo de planejamento.
Ainda antes da virada do milênio, já com uma equipe de pesquisa e
desenvolvimento, criamos o primeiro software para processamento de
cenários, o software Puma 1.0 e logo em seguida, em sua versão 2.0, um
modelo de planejamento estratégico com cenários prospectivos ao qual
chamamos de Método Grumbach. O Método foi publicado no livro “Cenários
prospectivos: como construir um futuro melhor” (Marcial & Grumbach, 2004).
Em 2004 fomos novamente solicitados a colaborar com a Presidência da
República. O então Núcleo de Estudos Estratégicos da Presidência da
República (NAE/PR) nos propôs um desafio muito interessante. O NAE/PR
desejava um modelo de análise de cenários prospectivos que pudesse
englobar um grande número de variáveis. Além disso, a modelagem deveria
permitir o acompanhamento dos cenários e, o mais importante, o cenário alvo
(normativo) deveria ser um cenário negociado.
Essas necessidades originaram a inclusão, no Método, da geração de
cenários pela técnica de simulação Monte Carlo, e do emprego de conceitos da
teoria dos jogos, visando a orientar a modelagem de um porvir melhor, com
base em parcerias estratégicas.
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A partir de então, o Método Grumbach passou a contemplar a análise de
parcerias estratégicas (ou de atores, durante o planejamento) e o
monitoramento dos cenários, graças a dois desenvolvimentos paralelos:
- o emprego de princípios da teoria dos jogos na definição do cenário alvo
(normativo), que constituiu a base da tese de doutorado de Fernando Leme
Franco (responsável pelos algoritmos matemáticos), também chamado Método
Lince; e
- um novo software - o Lince 1.0 - Sistema de Simulação e Gestão de
Futuro, que incorporou o processo citado acima, bem como o processo de
simulação que permite o acompanhamento dos cenários como base em dados
obtidos pela inteligência estratégica – processo que constituiu outra inovação.
Com isso, conseguimos atender ao NAE/PR, que pode desenvolver o
Projeto Brasil 3 Tempos (NAE 2006.)
Em 2009, completamos o ciclo da gestão estratégica ao incorporar ao nosso
Método alguns princípios do Balanced Scorecard – BSC, de Robert Kaplan e
David Norton, a gestão de riscos, o alinhamento do orçamento ao planejamento
estratégico, o desdobramento do plano estratégico em planos setoriais, o
monitoramento dos indicadores de resultado e a revisão contínua de todo o
processo.
Assim integramos o ciclo completo do processo de concepção, execução,
avaliação e revisão de uma gestão estratégica.
Atualmente, o Método Grumbach vem sendo validado constantemente pelo
mercado ao ser utilizado por importantes órgãos públicos e empresas privadas,
por ser considerado singular, uma vez que integra todas as fases de uma
Gestão Estratégica, contemplando o planejamento estratégico, os cenários
prospectivos e o monitoramento de indicadores.
O título deste texto, “Construindo o Futuro”, leva o leitor a pensar nas formas
que se tem de influenciar o que acontecerá amanhã. Mas como?
O ser humano sempre tentou adivinhar o futuro. Desde as primeiras
civilizações neolíticas, as funções sociais relacionadas à previsão do futuro
foram valorizadas. Algumas dessas previsões eram somente fruto de
especulação, e emitidas de forma casuística ou ambivalente (um grande reino
cairá, dizia a Pitonisa do Templo de Apolo); outras eram frutos de
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conhecimento acumulado (as cheias do rio Nilo permitiam aos sacerdotes
egípcios anteciparem como seriam as colheitas). Todavia, em todas essas
previsões o ser humano não se via como peça fundamental para alterar o
futuro. A postura era somente de alguém que espera um futuro pré-
determinado que, no máximo, poderá se preparar para enfrentá-lo. Segundo
Bernstein (1997), essa passividade somente começou a mudar com o
conhecimento dos princípios da probabilidade e o domínio do risco em meados
do século XVII. É curioso observar que as civilizações ocidentais que
produziram a filosofia grega e a engenharia romana, não tenham conseguido
desenvolver o conceito de risco. O ponto central, contudo, é um conceito
abstrato que todas as crianças em idade escolar conhecem hoje em dia, mas
que, naquela época, era desconhecido: o conceito do zero.
O zero é um conceito abstrato, da não existência. Contudo, é com base no
zero que podemos definir perdas e ganhos. É a noção do zero, uma referência
absoluta, que nos permite comparar resultados e tomar decisões. É a noção do
zero que nos permite valorar a construção do futuro.
A construção do futuro inicia-se com a constatação do “onde estamos” e do
“para onde estamos indo”. Estes dois pontos de referência são o diagnóstico do
presente e a expectativa a respeito do futuro, respectivamente. Devemos
definir ainda outra referência que é o “para onde queremos ir”. Com base
nessas três referências será possível construir o futuro, e definir o foco: “para
onde vamos”.
O título acima procura ilustrar o que entendemos sobre a existência de
organizações governamentais, não governamentais, empresas privadas e de
nós mesmos. A razão de existir está na construção do futuro.
O seu, o nosso futuro, o futuro de nossa empresa, do nosso país, do nosso
planeta, está sendo construído neste exato momento. Se você e a sua
organização não participam da construção do futuro, saiba que ele será
construído por outras pessoas.
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Desejo que, ao final de todo o texto, o leitor possa tirar suas próprias
conclusões e responder a essa pergunta.
Boa leitura.
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2 INTRODUÇÃO
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Capítulo 4 – Implantação do Processo de Gestão Estratégica:
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mitigar consequências de ameaças e aproveitar as consequências das
oportunidades.
Capítulo 9 – Estratégia
Capítulo 10 – Orçamento
Capítulo 11 – Execução
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A primeira fase da Execução da Estratégia trata do desdobramento em
planos setoriais, que é uma parte fundamental para garantir a execução da
estratégia. Um plano estratégico corporativo envolve toda a instituição, deve
ser patrocinado e estar associado ao decisor estratégico. Contudo, em geral,
não é o decisor estratégico que irá executá-lo.
O Plano Estratégico deverá ser desdobrado por diversos órgãos executores
dentro da organização, que chamamos de Unidades Gestoras.
Cada unidade gestora também deve efetuar o seu planejamento tático e
operacional, com base no Planejamento Estratégico Corporativo.
O Plano Setorial é a junção das iniciativas advindas do Plano Tático de cada
Unidade Gestora, com as iniciativas estratégicas corporativas cuja execução
lhe são afetas.
A segunda fase da Execução da Estratégia envolve a gestão das iniciativas
estratégicas e dos processos estratégicos. As iniciativas estratégicas são
projetos ou programas. Recomendamos a Adoção da metodologia de gestão
de projetos, preconizado pelo Instituto de Gerenciamento de Projetos (Project
Management Institute - PMI).
De forma geral, preconizamos a execução e o monitoramento com base em
uma avaliação estratégica (índice estratégico), e nos índices de desempenho
de prazos e custos, referentes a cada iniciativa.
Do ponto de vista dos processos, recomendamos a adoção do conceito de
gerenciamento de processos corporativos (Enterprise Process Management -
EPM), preconizada pela Associação de Profissionais de Gerenciamento de
Processos de Negócios (Association of Business Process Management
Professionals – ABPMP)
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Capítulo 13 – Revisão
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3 DEFINIÇÕES IMPORTANTES
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software, etc.) concebidas para ajudar empresas e instituições nas tomadas de
decisões estratégicas de alto nível.
A Gestão Estratégica inclui a tomada de decisão sobre a execução de um
conjunto de iniciativas (tarefas, ações, etc.) visando à otimização da aplicação
dos recursos disponibilizados pela organização, para a execução de processos,
a fim de que sejam atingidos objetivos de médio e longo prazo.
A definição acima está baseada na sintaxe do termo Gestão Estratégica, que
é a junção dos dois termos base: Gestão e Estratégia. A gestão é um conceito
relativamente recente. Trata-se de uma derivação do conceito de qualidade
total proposto por Deming, o ciclo PDCA; Planejar (Plan), Executar (Do),
Monitoramento (Check), Atuar (Act). O propósito do PDCA, no modelo de
Deming, é a redução das variabilidades de processos, ou seja, fazer com que
os processos sejam sempre executados da mesma maneira, sem variações.
Os conceitos de Deming podem ser extrapolados para o conceito de Gestão
Estratégica. Neste aspecto, podemos ver a Gestão Estratégica como um
processo contínuo de redução de variabilidade no sentido de se atingir os
objetivos desejados. A Gestão Estratégica, portanto, deve ser vista como um
processo.
A gestão, sendo um processo que segue o ciclo do tipo PDCA, deve
começar com um planejamento (P=Planejar). Se incluirmos o termo
estratégico, estamos falando em começar pelo Planejamento Estratégico.
Alguns autores consideram que o planejamento estratégico deve abranger
as fases de concepção estratégica; análise do ambiente ou gestão do
conhecimento estratégico; formulação estratégica; “implementação” estratégica
e controle estratégico. Contudo, consideramos que o planejamento estratégico
abrange apenas as fases de concepção estratégica; análise do ambiente ou
gestão do conhecimento estratégico e formulação estratégica, ou seja, trata-se
somente da primeira fase do processo de gestão estratégica.
Neste ponto é importante definir o que chamamos de planejamento
estratégico.
A expressão tem se tornado um termo genérico, para definir qualquer tipo de
ação planejada. Fala-se em planejamento estratégico para o próximo ano, e
planejamento estratégico para o lançamento de um novo produto. Realmente é
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necessário um planejamento para definir as ações que serão executadas no
próximo ano, e nenhuma organização deve lançar um novo produto sem um
planejamento. Contudo, em ambos os casos, estes planejamentos não são
estratégicos. Em nosso ponto de vista, o lançamento de um novo produto pode
ser estratégico, contudo o planejamento de seu lançamento é operacional, e
não estratégico.
Surge, então, uma pergunta: O que é estratégico?
Para responder a esta pergunta vamos nos deter um pouco mais na análise
do termo “estratégia”.
Os conceitos de estratégia certamente nasceram nas campanhas militares.
Os grandes comandantes e suas estratégias aparecem em passagens bíblicas,
textos gregos, romanos, e chineses, entre outros. A origem da palavra está na
Grécia Antiga, e surgiu com uma conotação militar, “a arte do general”, ou a
arte de conduzir exércitos (strategos), sendo que naquele contexto tinha uma
visão descritiva, como uma arte.
O “estratego” seria aquele que conduz o exército, o empurra adiante. O
termo mais moderno “estrategista” seria aquele que pensa, que lidera. E a
“estratégia” seria o caminho, uma direção geral a ser seguida.
Neste contexto, a estratégia é um conjunto de decisões, tomadas no
presente, sobre um futuro que é desejado. O termo estratégico está muito
ligado à incerteza. Quanto maior a incerteza, maior o conteúdo estratégico.
As bases conceituais de estratégia militar ocidental foram estabelecidas no
século XIX por Antoine Henri-Jomini e Carl von Clausewitz. Os dois autores,
cada qual com visões ora alinhadas, ora discordantes, analisaram as
estratégias utilizadas nas chamadas Guerras Napoleônicas. Jomini, mais
prescritivo e Clausewitz mais descritivo, analisam os sucessos e fracassos
alcançados pelos governos e suas forças militares no final do século XVIII e
início do século XIX. A Europa, nesse período, era um continente fragmentado,
com diversos estados influentes e exércitos poderosos, que hora eram aliados,
hora inimigos, dependendo das circunstâncias, nem sempre muito claras.
Importante ressaltar que, na visão de Clausewitz, não há vitória na
estratégia. O sucesso da estratégia é a preparação favorável da vitória tática.
De forma semelhante, podemos dizer que não há vitória na construção de um
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plano estratégico, a vitória advém de sua correta execução, e seu impacto
sobre os objetivos da organização.
A aplicação de estratégia no ambiente empresarial ocorreu na segunda
metade do século XX, quando ocorreu a reprodução de um ambiente
semelhante ao vivenciado por Clausewitz e Jomini, desta feita na área
empresarial. Nessa época, o ambiente empresarial fragmentado, com disputa
de mercados por grandes corporações, permitiu transpor para o mundo dos
negócios os conceitos e terminologia propostos por Jomini e Clausewitz.
Assim, surgiu o termo Planejamento Estratégico aplicado à atividade
empresarial, proposto por Igor Ansoff no livro Corporate Strategy e, desde
então, o tema vem sendo explorado de forma crescente, tanto no campo
acadêmico como no empresarial.
Outra transposição importante de estratégia militar para o campo
empresarial ocorreu no final da década de 1970, quando grandes corporações,
universidades e pesquisadores, tanto nos EUA quanto na Europa, tentaram
encontrar uma explicação para a expansão da economia Asiática e o sucesso
de suas empresas. Vem daí o grande sucesso de Sun Tzu e o livro “A Arte da
Guerra”, que, no entanto, não tem relação com os textos de Jomini e
Clausewitz.
É interessante notar que tanto Clausewitz como Sun Tzu relacionam a
estratégia com o processo de tomada de decisão. Decisão esta que deve gerar
os resultados futuros desejados. Para Clausewitz, a estratégia está no
aproveitamento das vitórias táticas para a obtenção dos objetivos propostos
para a guerra.
Transportando os conceitos militares para o campo empresarial, podemos
dizer que a estratégia em si não produz resultados se não atinge os objetivos.
O que produz resultados é a execução da estratégia, o emprego tático dos
meios. A estratégia deve orientar o emprego dos meios, ou seja, a tomada de
decisão de como empregá-los. No entanto, é sempre o emprego dos meios que
geram os resultados que levam aos objetivos.
Essa deve ser a tônica do planejamento estratégico. É a execução do plano
estratégico que leva aos objetivos.
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O planejamento é considerado mais estratégico quanto mais extenso no
tempo for seu efeito e mais difícil de ser revertido. Ele é de longo prazo e tende
a afetar as atividades da Organização como um todo.
Além disso, Chiavenato (2004) ainda acrescenta que o planejamento
estratégico envolve toda a Empresa (ou Instituição), abrangendo todos os seus
recursos e áreas de atividade.
O Planejamento Estratégico, com base nos conceitos anteriores, deve ser
entendido como a análise dos resultados que serão obtidos no futuro com base
nas decisões tomadas no presente, com o propósito de alcançar objetivos
previamente estabelecidos.
Assim, para que os objetivos sejam alcançados, seja na guerra ou no campo
empresarial, o plano, derivado do planejamento estratégico, tem que ser
executado.
Consideramos que um Planejamento Estratégico para ser executado deve
ter alguns elementos chaves: um conjunto de objetivos, um conjunto de
iniciativas (ações, tarefas, etc.), um conjunto de futuros alternativos e um
conjunto de mecanismos que possam acompanhar o progresso da instituição
em direção a seus objetivos.
A tomada de decisão, no contexto estratégico, deve passar necessariamente
pela priorização de iniciativas. O propósito da priorização é definir como os
objetivos específicos serão atingidos dentro de um horizonte temporal pré-
definido, com base em futuros alternativos previamente avaliados.
Por outro lado, quando falamos em estratégia devemos sempre falar em
opções. Um plano estratégico que não permite escolhas é uma imposição.
Estratégias devem, sempre, permitir escolhas.
Desta forma, o plano estratégico deve ser dinâmico, não podendo ser
somente um documento estático. O decisor estratégico é quem deve definir as
estratégias e as prioridades da sua administração. As estratégias e as
prioridades podem ser alteradas sempre que houver mudanças de cenários,
objetivos e estratégias. O plano pode e deve ser atualizado sempre que
necessário.
O plano, portanto, deve ser suficientemente flexível para permitir que um
novo comandante faça alterações e defina sua estratégia. Em geral, os
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grandes objetivos não mudam, bem como a maioria das iniciativas
estratégicas, desde que tenham sido definidas depois de um diagnóstico
detalhado. Contudo, as estratégias e a priorização na execução das iniciativas
estratégicas são prerrogativas do decisor estratégico. Um plano estratégico
com horizonte de 10 anos, que não permita alterações corre o sério risco de
ser “engavetado”.
Outro aspecto fundamental de um planejamento estratégico é que este não
pode ser genérico. Não existe planejamento estratégico genérico! O
planejamento estratégico deve ser construído para uma determinada
organização, seja ela pública, privada, ou até mesmo um sistema difuso,
devendo ser individualizado e perfeitamente delimitado.
Por fim, o planejamento estratégico não pode prescindir de uma visualização
do futuro, mais precisamente, da visualização de futuros alternativos.
O principal produto de um processo de planejamento estratégico é o que
chamamos de Plano Estratégico. Muito embora seja um documento que indica
os caminhos a seguir, o plano não pode ser estático. Em nossa concepção, o
plano estratégico é um documento dinâmico, que pode, e deve, ser atualizado,
tendo por base todo o processo de gestão estratégica.
O Plano Estratégico é um documento de comunicação da estratégia, um
norte para a organização. Contudo, não é uma ferramenta de gestão.
Outro aspecto fundamental no planejamento estratégico é a análise de
cenários prospectivos, e a definição de futuros alternativos. Em nossa opinião,
a não avaliação do futuro em um planejamento estratégico, equivale a dirigir
um excelente carro, com o para-brisa tapado, olhando apenas para os
controles internos do carro (temperatura, combustível, etc.) e para o retrovisor,
acreditando que as curvas que irão surgir à frente, serão similares às curvas
que ficaram para traz.
Em nossa metodologia a visualização dos futuros alternativos, ou dos
futuros, é uma questão muito interessante. De fato, a única certeza que temos
sobre o futuro é que ele não é estático. O futuro está em constante mutação,
sendo continuamente alterado pelo presente.
A ferramenta que utilizamos para a visualização de futuros alternativos, de
médio e longo prazo, é chamada de cenários prospectivos.
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Cenários prospectivos são combinações de variáveis que descrevem
diversos futuros possíveis e suas ligações com o presente. Os cenários
prospectivos partem do presente e abrem um cone de futuros possíveis.
Não devemos confundir cenários prospectivos com previsão de futuro. A
tentativa de prever o futuro é algo tão antigo como a própria humanidade. Está
basicamente relacionada com o instinto de sobrevivência, pois a previsão do
futuro aumenta a chance de sobrevivência. Contudo, a previsão do futuro é
uma grande falácia, pois como enfatizado anteriormente, o futuro está em
constante mutação.
É fácil argumentar sobre a imprevisibilidade do futuro seguindo a linha de
raciocínio do que escrevemos anteriormente. Uma possível previsão do futuro
leva a decisões, no presente, que podem alterar o futuro, e, desta forma, negar
a própria previsão.
Podemos supor, por exemplo, que seja possível prever um grande
terremoto, com centenas de milhares de mortos. Caso esta previsão ocorra
com antecipação suficiente, digamos três dias, será possível tomar medidas e
evitar as mortes. Neste caso, a previsão de uma catástrofe evita a própria
catástrofe e, por conseguinte, anula a própria previsão (das mortes, não do
terremoto).
Se o futuro não pode ser previsto, ao menos pode ser monitorado. Esta
afirmação, muito embora possa parecer inconsistente, está perfeitamente de
acordo com a modelagem de cenários que utilizamos.
Mais uma vez é importante ressaltar que cenários prospectivos não são
previsões de futuro, mas ferramentas para auxiliar no processo de tomada de
decisão.
O conceito de cenários como uma proposta de mudança na sociedade não é
novo. Podemos rastrear o conceito no diálogo “A República” (Politéia), escrito
por Platão no século IV a.C., no qual é descrita uma república idealizada
(cenário ideal).
O emprego sistemático de técnicas de cenários prospectivos teve grande
impulso na segunda metade do século XX, tomando caminhos diferentes nos
Estados Unidos e na Europa. A tradição Europeia continha elementos
democráticos e uma ambição de mudanças radicais na sociedade. Nos
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Estados Unidos, por outro lado, a tradição era mais na área tecnológica,
iniciada na Segunda Guerra Mundial, tendo prosseguido no pós-guerra como
um mecanismo de apoio à formulação de estratégias bélicas. A questão central
norte-americana era a complexidade dos novos sistemas de armas, o longo
tempo necessário para o seu desenvolvimento e a incerteza quanto à sua
eficácia e quanto ao real inimigo a ser combatido.
A utilização de cenários prospectivos foi incorporada ao ambiente
empresarial com a divulgação dos trabalhos de Pierre Wack, da Shell
International Petroleum Company. O estudo, conduzido por Wack em 1967,
concluiu que o crescimento contínuo do setor petrolífero não iria além de 1985,
e que aspectos políticos passariam a ter considerável influência nos preços. O
estudo, de certa forma, vislumbrou antecipadamente a criação da OPEP
(Organização dos Países Produtores de Petróleo) e a enorme flutuação dos
preços do petróleo na crise de 1973.
De posse do estudo a Shell adaptou suas refinarias para processar petróleo
pesado e diversificou suas fontes de petróleo cru. O resultado foi que na
chamada primeira crise do petróleo, iniciada em 1973, a Shell estava muito
melhor preparada do que as demais empresas do setor e pode aproveitar a
vantagem competitiva adquirida.
Mas voltemos à parte teórica. Os cenários prospectivos são utilizados de
forma prática dentro do conceito de tomada de decisões, com foco em dois
tipos de postura estratégica: pré-ativas e proativas.
A postura pré-ativa está relacionada à preparação da instituição para o
futuro. A postura proativa está relacionada à construção de futuros alternativos.
Futuros alternativos, por seu turno, estão intrinsecamente relacionados a
atores. Excluindo aspectos naturais, são os atores (indivíduos, organizações,
países, etc.) e suas estratégias, que configuram os cenários. Qualquer análise
de cenários alternativos passa, necessariamente, por uma avaliação de
interações estratégicas dos atores chaves.
Conforme o leitor pode observar, o planejamento estratégico, muito embora
seja de médio e longo prazo, deve começar, sempre, com um diagnóstico do
presente, pois, como salientamos, o modelo de cenários adotado pelo Método
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Grumbach considera que o futuro é derivado do presente. Mais ainda, o
presente é o único ponto conhecido do cone de futuros.
O planejamento estratégico, conforme já enfatizado, não pode ser genérico.
Todo planejamento deve ser feito para o que chamamos de sistema, seja uma
empresa privada ou órgão público.
Desta forma, o planejamento deve ser iniciado pela identificação do sistema.
É bem verdade que, no início de um processo de planejamento estratégico,
muitas vezes existem mais lacunas do que definições, contudo, é importante
registrar, mesmo que de forma provisória, a missão e a estrutura
organizacional do sistema.
O passo seguinte deverá ser um diagnóstico detalhado da situação
presente. O diagnóstico, com a avaliação dos pontos fortes e fracos do
sistema, com suas respectivas causas e consequências, e as oportunidades e
ameaças do ambiente, será a origem das medidas reativas, bem como a
origem dos cenários prospectivos.
O diagnóstico, como será mostrado no capítulo 6, segue os princípios gerais
do método científico, proposto na Grécia Antiga, aperfeiçoado ao longo dos
tempos, principalmente por René Descartes e, logo após, por Isaac Newton. A
nosso juízo, a metodologia científica ainda hoje é a melhor forma de análise
estruturada disponível. Descartes propôs chegar à verdade através da dúvida
sistemática e da decomposição do problema em pequenas partes,
características que definiram a base da pesquisa científica. Nossa proposição
de diagnóstico estratégico segue estes princípios de decomposição do
problema em partes.
Além disso, no Método Grumbach, o planejamento estratégico, em seus
aspectos técnicos, é uma construção coletiva. É importante que todos, dentro
da organização, possam opinar na construção dos aspectos técnicos do
planejamento, deixando, obviamente, espaço para inclusão dos aspectos
político-estratégicos, que são fundamentais em todo processo decisório.
O balanceamento dos aspectos técnicos e políticos na execução da
estratégia serão abordados na definição do cenário alvo e na priorização por
multicritério.
Todos os direitos desta obra literária estão reservados à Brainstorming Consultoria, na forma da Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Seu uso
sem a expressa e prévia autorização implica na prática de crime, além do ressarcimento por perdas e danos.
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A construção de um plano estratégico participativo visa, entre outros
aspectos, a redução de resistências. As resistências internas, muitas vezes,
estão entre os principais obstáculos a serem enfrentados na execução do
plano, quer seja por uma dificuldade de entendimento, quer seja por
discordâncias quanto à sua priorização, execução, ou seus propósitos.
Para minimizar as resistências internas à execução do plano estratégico,
uma medida extremamente efetiva é o que chamamos de Planejamento
Estratégico Participativo (PEP). O PEP consiste em facultar a participação de
todos os colaboradores da organização na formulação do planejamento
estratégico. A participação de todos na fase do diagnóstico e em sua avaliação
é, a nosso ver, uma das peças chaves para garantir o sucesso na execução do
plano.
Outro aspecto importante para garantir a execução é conseguir que toda a
organização entenda o plano. Cada elemento organizacional deve visualizar a
sua contribuição na execução do plano e no atingimento dos objetivos
estratégicos.
A principal ferramenta utilizada para esta finalidade é o chamado Mapa
Estratégico. Os mapas estratégicos procuram representar as relações de
causas e consequência que existem entre objetivos estratégicos definidos no
planejamento. Os mapas foram propostos por Kaplan e Norton, dentro da
metodologia chamada de “Balanced Scorecard” (BSC).
Segundo os autores, o BSC é basicamente um mecanismo para a
implementação da estratégia, não para sua formulação.
Contudo, definida a Estratégia, o BSC é uma valiosa ferramenta para a
tradução da estratégia em objetivos, medidas e metas específicas.
É importante ressaltar que as iniciativas estratégicas são obtidas a partir do
diagnóstico do presente e da análise prospectiva, em uma estrutura própria,
onde são definidas causas para corrigir e consequências para mitigar ou
aproveitar. Esta não é a estrutura proposta pelo BSC. O alinhamento entre as
estruturas exige que a estrutura do diagnóstico seja transformada em uma
estrutura típica de um plano estratégico, e posteriormente alinhada com a
estrutura típica do BSC, que chamamos de fase do alinhamento estratégico.
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O propósito do alinhamento estratégico é efetuar uma correlação entre a
execução das iniciativas estratégicas e a melhoria dos processos. Entendemos
que o que gera resultados para uma organização são os processos que ela
executa. Desta forma, iniciativas estratégicas criam ou melhoram processos.
O alinhamento estratégico consiste em sinalizar quais processos serão
criados, ou melhorados, pela execução de cada iniciativa estratégica. Contudo,
para melhorar qualquer coisa é necessário, primeiro, medir. A mensuração de
processo é efetuada por meio de indicadores.
Os indicadores são fundamentais para que seja possível efetuar o
alinhamento estratégico. Não há como melhorar um processo sem medi-lo,
com já era postulado no século XIX, pelo físico escocês Lorde Kelvin (William
Thompson, 1824-1907) que afirmava: “o que não se pode mensurar, não se
pode controlar”.
Voltando ainda ao aspecto de execução do plano, o segundo aspecto
importante, na neutralização das resistências, é a priorização das iniciativas
estratégicas. As iniciativas estratégicas são definidas na fase de planejamento
estratégico, contudo, sempre existirá um dilema entre a execução das
iniciativas de resultados de curto prazo e as de resultados de médio e longo
prazo.
O dilema existe, quer seja na iniciativa privada, quer seja no setor público,
com um forte apelo para o atendimento das demandas de curto prazo. No setor
privado o gestor deve avaliar os resultados de curto prazo, e as demandas dos
acionistas. No setor público, em geral, os gestores devem atender os anseios
da sociedade, sem o que correm o risco de não serem eleitos para um próximo
mandato.
Para tentar minimizar este dilema priorizamos as soluções, evitando a
priorização dos problemas. Ocorre que muitas vezes as iniciativas não são
provenientes de problemas, e sim de oportunidades, e em muitos casos, o
aproveitamento de uma oportunidade, pode ser a melhor forma para neutralizar
um problema.
A priorização na execução do plano estratégico deve ser pautada em
aspectos técnicos e políticos, sempre com foco nas soluções e não nos
problemas.
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Em nossa metodologia utilizamos a técnica de priorização por multicritério,
pelo modelo aditivo linear. O modelo conjuga os aspectos técnicos e políticos
na priorização e na execução do plano estratégico, o que reduz o apelo pelos
resultados imediatos e por decisões personalistas.
A priorização das iniciativas estratégicas é importante para que se possa
seguir em frente e definir a alocação do orçamento e a execução da estratégia.
O orçamento deve garantir os recursos necessários para a execução das
iniciativas estratégicas, e, por conseguinte, do próprio plano. É o orçamento
que garante a execução do plano.
Contudo, para que sejam executadas, preconizamos que as iniciativas
estratégicas devam possuir pelo menos cinco atributos: uma descrição clara,
um período definido para início, uma duração prevista, um responsável por sua
execução e uma previsão de recursos.
É importante ressaltar que a gestão estratégica tem foco de médio e longo
prazo, no entanto, sua execução é de curto prazo. As iniciativas estratégicas
devem ser distribuídas ao longo do tempo, pois, em geral, as organizações não
dispõem de recursos (financeiros, material, pessoal, e outros) para executar
todas as iniciativas ao mesmo tempo. Na área pública, onde a maioria dos
recursos está na categoria de gastos, o orçamento é um dos principais
limitantes na execução do plano estratégico.
O orçamento deve ser analisado em dois momentos distintos: na proposta
orçamentária e na execução orçamentária.
O plano estratégico deve ser a origem da proposta orçamentária, e não o
oposto. A proposta orçamentária deve ser definida com base nas iniciativas
previstas para serem executadas em um determinado período.
A definição do plano orçamentário com base no plano estratégico parece
ser óbvia, contudo, muitas organizações definem o que fazer em um
determinado ano com base no orçamento disponível. Algo do tipo: como vamos
gastar o orçamento?
É bem verdade que, em geral, não existem recursos suficientes para
implementar todas as iniciativas estratégicas ao mesmo tempo. Entretanto, é
importante relembrar que o planejamento estratégico é de longo prazo.
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O planejamento orçamentário refere-se ao sequenciamento da execução da
estratégia dentro dos orçamentos. No caso de órgãos públicos, estamos
falando dos Planos Plurianuais (PPA) e das Leis Orçamentárias Anuais (LOA).
A definição do ano base em que será executada cada iniciativa deve seguir a
priorização definida anteriormente.
Na fase da execução orçamentária, de forma semelhante, caso a verba não
seja suficiente, as iniciativas a serem cortadas e/ou postergadas, deverão ter
por base a priorização.
A existência de um conjunto de iniciativas, ranqueadas por um critério de
priorização, que incluam aspectos técnicos e políticos, facilita não somente a
definição da proposta orçamentária, mas também a sua execução. O processo
de decisão evita possíveis resistências dos que se sentirem preteridos em suas
demandas. A inclusão ou retirada de iniciativas para serem executadas em um
determinado ano, passam a ter critérios e prioridades transparentes e
previamente definidos.
A fase seguinte, de extrema importância, é o monitoramento da execução do
plano estratégico e dos resultados obtidos e, por conseguinte, da própria
estratégia.
Do ponto de vista de Gestão Estratégica, devemos monitorar os indicadores
estratégicos, os projetos estratégicos, os cenários prospectivos e, em se
tratando da iniciativa privada, os concorrentes.
O monitoramento dos cenários prospectivos é fator crítico de sucesso. Não
basta que os indicadores estratégicos estejam excelentes para garantir o
sucesso e a perenidade, a médio e longo prazo das organizações.
No médio e longo prazo mudanças na tecnologia, nos aspectos sociais,
econômicos, ambientais, dentre outros, podem ser decisivos no sucesso ou
fracasso de uma organização. Um exemplo simples desse conceito ocorreu
com as máquinas de escrever. No Século XX existiam excelentes empresas,
fabricando excelentes máquinas de escrever, com qualidade, com processos
otimizados, com custos compatíveis, com excelentes revendas e atendimento
pós venda. Essas empresas eram lucrativas. Hoje, ou mudaram de ramo ou
não existem mais. O que mudou foi a tecnologia. Hoje usamos computadores e
impressoras. E amanhã?
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Para o monitoramento de indicadores de resultado, de cenários prospectivos
e de concorrentes, utilizamos técnicas de Inteligência Estratégica.
A inteligência estratégica tem como propósito o acompanhamento das
variáveis e dos atores que impactam nos cenários e nos objetivos de resultado.
A inteligência estratégica tem como foco antecipar mudanças, possibilitando
decisões tempestivas e pré-ativas para neutralizar as ameaças e potencializar
as oportunidades para a organização.
Em nossa metodologia, a Inteligência Estratégica monitora o que chamamos
de variáveis estratégicas, sejam indicadores ou sinalizadores. Indicadores
estão relacionados ao presente, ao passo que sinalizadores estão relacionados
ao futuro (ver Cap.12).
O propósito da inteligência estratégica é a implementação e a gestão de um
sistema de alerta antecipado, com a finalidade de subsidiar o processo de
tomada de decisões estratégicas.
Finalmente, completando o ciclo do PDCA, devemos efetuar revisões
periódicas de todo o processo de gestão. Preconizamos revisões periódicas,
chamadas de Reunião de Avaliação da Estratégia (RAE), e/ou revisão
inopinadas, fruto de mudanças bruscas no ambiente externo.
A inteligência estratégica e as revisões periódicas devem ser vistas como
atividades transversais ao processo de gestão estratégica, e estão presente em
todas as fases do processo de gestão.
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4 IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO DE GESTÃO ESTRATÉGICA
GESTÃO ESTRATÉGICA
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A mitigação de resistências internas deve ser considerada, desde o início do
processo de implantação da gestão estratégica, como fator crítico de sucesso e
tratada como tal.
Dessa forma, as primeiras providências para a implantação de um processo
de gestão estratégica devem conter ações que visem a mitigação de
resistências, com ênfase para;
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e um núcleo de sistematização, sendo que o grupo de controle é parte
integrante do núcleo.
O grupo de controle, em geral, formado por quatro a dez integrantes, é
constituído pelas pessoas que irão trabalhar efetivamente na construção do
plano estratégico. Essas pessoas deverão ter dedicação exclusiva durante a
toda fase de implantação da Gestão Estratégica.
A dedicação dos componentes do grupo de controle deve ser exclusiva, ou
seja, devem ser afastados de suas funções durante a implantação da gestão
estratégica.
32
O núcleo de sistematização é muito mais amplo. Deve ser constituído de
representantes de todos os principais setores da organização. Os integrantes
não precisam ter dedicação exclusiva. O núcleo de sistematização deverá se
reunir algumas vezes durante a fase de implantação da gestão estratégica. Sua
contribuição principal é na inserção do conhecimento sobre a instituição nas
fases do diagnóstico, na avaliação do diagnóstico, na definição de questões
estratégicas e sua análise, na análise e na validação do plano.
É fundamental que o núcleo de sistematização seja constituído por pessoas
que conheçam a instituição, tenham experiência e estejam dispostas a
contribuir para o Planejamento Estratégico da instituição.
No sentido de permitir uma ampla participação de todos os colaboradores da
organização no processo de planejamento estratégico, preconizamos a
definição de um comitê de planejamento, que dependendo da organização,
pode ser integrado por todos os seus colaboradores. O comitê de planejamento
devera ser reunido três vezes durante todo o processo de implantação da
gestão estratégica: no início do diagnóstico e no início e no final da análise
prospectiva. Contudo, o comitê de planejamento pode e deve participar
intensivamente, à distância, de toda a fase de diagnóstico e da análise reativa.
Os outros grupos que aparecem na Figura 3 referem-se à análise
prospectiva, que utiliza a pesquisa Delphi para estimar a probabilidade de
ocorrência dos eventos. A pesquisa Delphi é basicamente um processo de
convergência de opiniões entre especialistas, conforme será abordado em
detalhe no Anexo A.
Fruto de nossa experiência em diversas consultorias realizadas para
diversos órgãos públicos, recomendamos ampliar a consulta Delphi, também,
para a sociedade como um todo. As respostas da sociedade devem ser
mantidas em base de dados separadas, tendo em vista as características da
consulta Delphi. A grande contribuição da consulta à sociedade, em se tratando
de órgãos públicos, é a confrontação entre a pertinência e a probabilidade de
ocorrência dos eventos, que é um excelente critério de priorização de políticas
públicas, conforme será abordado posteriormente.
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5 IDENTIFICAÇÃO DO SISTEMA
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IV. Visão – A visão estabelece o que a instituição quer ser no futuro. É o
que se sonha para o negócio. A perseguição desse sonho é o que deve
manter a instituição viva. É o que a energiza e inspira. A visão
impulsiona a instituição, enquanto a missão dá rumo a ela. A visão é
inspiradora, enquanto a missão é motivadora.
V. Valores – São os princípios da instituição que são incorporados à sua
maneira de agir. São conjuntos de padrões éticos que norteiam a sua
vida cotidiana e a dos seus integrantes. Mais do que uma simples
declaração de princípios, os valores se revelam pelas atitudes e
comportamentos que a instituição adota diante dos desafios que
enfrenta ao longo de sua existência.
VI. Fatores Críticos de Sucesso – São pré condições internas, de diferentes
naturezas, relacionadas tanto a seus ativos tangíveis quanto aos
intangíveis, e essenciais para que a instituição atinja seus objetivos
estratégicos.
Caso alguns desses fatores ainda não estejam disponíveis, devem ser
assumidos como novos objetivos estratégicos e a instituição deverá
adotar planos contingentes, elaborados com a devida antecedência,
para que a organização possa prosseguir na busca aos seus demais
objetivos, até que esses fatores críticos de sucesso sejam alcançados.
VII. Políticas – São diretrizes gerais que expressam os limites dentre os
quais as ações dos integrantes da instituição devem se desenvolver na
busca dos seus objetivos estratégicos. Devem ser coerentes com os
limites éticos estabelecidos pelos valores compartilhados pela
Instituição.
VIII. Processos – Identificação dos principais processos que a instituição
executa. Os processos devem ser estruturados em árvore. Contudo,
recomendamos estruturá-los em apenas dois níveis (macro processos e
processos). A estrutura, definida nesta fase, será a base do diagnóstico
e da Gestão Estratégica.
IX. Recursos – identificação dos principais recursos que a instituição utiliza
para executar seus processos. Recomendamos, também, estruturar os
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recursos, em árvores, de apenas dois níveis (macro recursos e
recursos).
X. Variáveis externas – Identificação das principais variáveis externas que
impactam no negócio da instituição. Recomendamos, também,
estruturar as variáveis externas em árvores com apenas dois níveis.
XI. Atores – identificação dos principais atores externos que impactam no
resultado da instituição. No caso dos atores, devem ser identificadas,
também, as estratégias que impactam o resultado do sistema. Um ator
não deve ser visto como uma ameaça ou oportunidade para o sistema
em análise. O que deve ser visto como oportunidade ou ameaça são as
estratégias desse ator.
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6 DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO
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O diagnóstico estratégico é a matéria prima da gestão estratégica, quer seja
para o tratamento dos pontos vislumbrados, quer seja para a definição das
questões estratégicas que serão avaliadas na análise prospectiva.
O diagnóstico estratégico tem por propósito identificar os pontos fortes e
pontos fracos, do ambiente interno, e as oportunidades e ameaças do ambiente
externo.
Em nossa metodologia, utilizamos uma abordagem focada em metodologia
científica de análise em que, para cada ponto identificado, procuramos
esmiuçar suas causas e consequências. O propósito final será definir medidas
para o tratamento das causas e a mitigação ou aproveitamento das
consequências.
Esta abordagem evita a priorização de problemas e facilita a priorização de
soluções, o que é um dos fatores chaves para garantir a efetividade do plano.
O diagnóstico é uma fase extremamente importante do Método. É a base
sobre a qual será fundamentado todo o plano estratégico, dando-lhe
consistência, legitimidade e sustentabilidade. Por isso, deve ser uma
construção coletiva de conhecimento organizacional. Todos na instituição
devem ser instados a participar do diagnóstico. A construção do conhecimento
organizacional é do tipo “de baixo para cima”, em que a participação das
pontas, principalmente dos colaboradores que fazem a ligação da organização
do exterior, é de fundamental importância.
O diagnóstico tem duas vertentes, uma voltada para o diagnóstico interno
da organização, que chamamos de diagnóstico do sistema, e outro voltado
para o ambiente em que a organização está inserida, chamado de diagnóstico
do ambiente.
Para o diagnóstico consideramos as seguintes definições:
Pontos Fortes - são características vantajosas, controláveis pela
instituição, e relacionadas aos Processos e aos Recursos.
Pontos Fracos - são características desvantajosas, controláveis pela
instituição, e relacionadas aos Processos e aos Recursos.
Oportunidades - são forças ambientais que não estão sob controle total
da Instituição, que podem favorecer sua ação estratégica, desde que
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reconhecidas e aproveitadas satisfatoriamente enquanto perduram. São
relacionadas às variáveis externas e atores externos.
Ameaças - são forças ambientais que não estão sob controle total da
Instituição, que criam obstáculos à sua ação estratégica, mas que, em
sua maioria, podem ser evitadas ou gerenciadas, desde que
reconhecidas em tempo hábil. São relacionadas às variáveis externas e
atores externos.
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6.1.1 PROCESSOS
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de apoio (exercício de liderança; comprometimento com a cultura de
excelência; aprendizado organizacional; análise crítica do desempenho
global; formulação, desdobramento e operacionalização de Estratégias;
medição do desempenho; reforço da imagem institucional; relacionamento
com usuários; interação com a sociedade; gestão das informações próprias
e comparativas; gestão do conhecimento; gestão de sistemas de trabalho;
educação e capacitação; promoção de qualidade de vida; avaliação e
melhoria de práticas de gestão);
de suprimento (compras de bens materiais e serviços; classificação e
gestão de bens materiais de bens patrimoniais e dos estoques;
classificação e avaliação de fornecedores; atendimento aos requisitos da
organização, pelos fornecedores; e gestão do processo de serviços
terceirizados); e
de gestão orçamentária e financeira (elaboração de proposta orçamentária;
gestão de cortes e contingenciamentos; monitoramento da execução
orçamentária e financeira; avaliação e administração de risco financeiro;
seleção e realização de captação, investimentos e aplicações de recursos;
administração de parâmetros orçamentários e financeiros); ou
c) Terceira abordagem - utilizar a perspectiva dos processos internos do
Balanced Scorecard, que identifica os poucos processos críticos que, espera-
se, exerçam o maior impacto sobre a Estratégia da instituição. De acordo com
essa abordagem, os processos internos de uma organização podem ser
classificados em quatro grupamentos:
de gestão operacional – são os processos básicos do dia-a-dia, por meio
dos quais as organizações produzem os atuais bens e serviços e os
entregam aos clientes (desenvolver e sustentar relacionamentos com os
fornecedores; produzir bens e serviços; distribuir os bens e serviços aos
clientes; gerenciar o risco);
de gestão de clientes – ampliam e aprofundam os relacionamentos com os
clientes-Alvo (selecionar clientes-alvo; conquistar clientes-Aavo; reter
clientes; aumentar os negócios com os clientes);
de inovação – desenvolvem novos bens, processos e serviços, em geral
criando condições para que a organização penetre em novos mercados e
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segmentos de clientes (identificar oportunidades para novos bens e
serviços; gerenciar o portfólio de pesquisa e desenvolvimento; desenhar e
desenvolver novos bens e serviços; lançar os novos bens e serviços no
mercado);
regulatórios e sociais – ajudam as organizações a reter continuamente o
direito de operar nas comunidades e nos países em que produzem e
vendem. A regulamentação nacional e local impõe normas e padrões às
práticas das organizações. Muitas delas, contudo, procuram ir além das
obrigações mínimas impostas por lei (realizar investimentos em meio
ambiente, em segurança, em saúde, em práticas trabalhistas e na
comunidade).
42
processos e de todos os lançamentos gera, como fator principal, uma grande
sinergia na construção do conhecimento coletivo da instituição. Este
conhecimento coletivo será fundamental para a construção das propostas da
estratégia institucional.
A Figura 5 mostra a estrutura para análise de Processos.
6.1.2 RECURSOS
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FIGURA 5 – DIAGNÓSTICO DE RECURSOS
O Ambiente pode ser definido como tudo aquilo que, não pertencendo ao
sistema em estudo, com ele interage de alguma forma. A análise do ambiente
deve ser ater às variáveis externas e aos atores externos que impactam nos
objetivos de resultados da organização, assim definidos:
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FIGURA 6 – DIAGNÓSTICO DE VARIÁVEIS EXTERNAS
6.2.1 ATORES
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FIGURA 7 – DIAGNÓSTICO DE ATORES
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falta de computadores, etc.) a falta de recursos financeiros. Levada a questão
ao setor financeiro ficou evidente que não havia falta de recursos, mas sim,
falta de um processo estruturado de gestão de aquisição. Foi constatado, por
exemplo, que os encarregados de solicitar os recursos não estavam
capacitados para preparar um projeto básico e/ou não compreendiam os
trâmites do processo de aquisição, principalmente com relação aos prazos. As
recusas na aquisição dos itens não eram fruto de falta de recursos, mas sim de
projetos incompletos, e/ou apresentados fora dos prazos.
Em geral, as principais distorções ocorrem em processo e recursos, sendo
raras as discrepâncias relacionadas a variáveis externas e atores.
Para esta validação de processos e recursos, deve ser efetuada uma
reunião com cada responsável pelos processos e pelos recursos, para que
validem os lançamentos.
Caso os lançamentos não sejam validados, deve haver uma justificativa
plausível e/ou a indicação de outro setor ou recurso que seja a origem do
problema. Esta justificativa é importante para evitar resistências futuras dos
colaboradores que apontaram os problemas.
Recomendamos que os itens não validados não sejam apagados,
possibilitando, desta forma, auditorias futuras.
Novamente sugerimos a utilização de sistemas informatizados de análise,
tendo em vista que a quantidade de lançamentos pode, e deve, ser bastante
volumosa.
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7 ANÁLISE REATIVA
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É importante ressaltar que a proposição de medidas deve se ater apenas às
causas e consequências validadas na fase anterior.
A proposta de medidas segue a mesma estrutura básica do diagnóstico,
incluindo as medidas.
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Os filtros, avaliações, análises e consolidação das medidas em iniciativas
estratégicas deverão ser efetuados em uma fase posterior, quando de sua
confrontação com as medidas proveniente da análise prospectiva, dentro de
uma estrutura de plano estratégico (ver Cap. 9.2).
8 ANÁLISE PROSPECTIVA
50
A análise prospectiva, para nós, está alicerçada no estudo de cenários
prospectivos.
51
A prospectiva considera que os futuros são múltiplos e incertos. Desta
forma, a melhor representação do futuro, na prospectiva, não é um ponto,
como na Figura 9, e sim um cone, conforme mostrado na figura 10.
O vértice do cone está colocado no presente, pois a descrição de um cenário
prospectivo deve manter uma estreita conexão com o presente e a descrição
do cenário deve identificar os caminhos pelos quais o presente poderá se
transformar no futuro.
Na Figura 10, o centro da base do cone representa o cenário mais provável.
O ponto foi escolhido porque apresenta maior probabilidade de permanecer
dentro do cone, em caso de variação das forças atuantes. O cenário mais
provável, portanto, não é o cenário previsto, mas sim o cenário com maior
probabilidade de ocorrer no futuro, dentro de um grande número de cenários
possíveis. O cenário mais provável, em muitos casos, pode não coincidir com o
cenário de projetivo, conforme visto na Figura 10.
52
década de 1950, e que incorpora os modelos de análise de impacto de
tendências e análise de impactos cruzados; e (iii) a escola francesa, que teve
início com os trabalhos de Gaston Berger na década de 1950, sendo
largamente ampliada com os trabalhos de Michael Godet, a partir de 1970.
O processo de geração de cenários prospectivos, que utilizamos no Método
Grumbach, está baseado na escola probabilística.
Cenários Prospectivos, em nossa metodologia, são combinações de
variáveis discretas que descrevem futuros possíveis. Cada variável discreta
representa o que chamamos de Questão Estratégica e são utilizadas na
geração dos cenários.
As variáveis discretas são obtidas pela transformação das variáveis do
ambiente, quer sejam discretas ou não, em variáveis discretas, pela definição
de valores específicos de tomada de decisão estratégica da organização.
No caso específico de cenários prospectivos estratégicos utilizamos
variáveis binárias, mais precisamente variáveis de Bernoulli. Neste caso, para
cada variável utilizada, deverá ser definido um único valor de tomada de
decisão estratégica da instituição.
As variáveis de Bernoulli são variáveis binárias que podem assumir duas
posições, sendo que a probabilidade de assumir uma posição é igual ao
complemento da probabilidade de assumir a outra posição.
Questões estratégicas são definidas como variáveis, do ambiente, com
grande impacto sobre objetivos da organização. A matéria-prima para a
definição das questões estratégicas é a identificação do sistema e o
diagnóstico estratégico, pois são eles que determinam a natureza do problema
estratégico da organização.
A geração de cenários prospectivos, no Método Grumbach, utiliza as
técnicas de Brainstorming, método Delphi, análise de Impactos Cruzados e
simulação Monte Carlo.
O resultado é um mapa de cenários prospectivos que se configura em uma
partição do espaço de probabilidades.
A modelagem garante a representação de todos os cenários possíveis,
como combinações de variáveis binárias.
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53
A geração de cenários prospectivos pelo Método Grumbach, incluindo o
método Delphi, a análise de Impactos Cruzados e a simulação Monte Carlo,
incluindo a modelagem matemática e respectivos algoritmos, está detalhada no
Capítulo 14.
54
ideal e o cenário mais provável indica se o que está sendo vislumbrado é uma
oportunidade ou uma ameaça. Confrontando esta oportunidade ou ameaça
com o cenário projetivo (ou de tendência) é possível verificar se estamos
vislumbrando uma quebra de tendência ou não.
O resultado final da análise pré-ativa é a identificação dos eventos que
compõem o cenário, como uma oportunidade ou uma ameaça.
A estrutura da análise pré-ativa segue padrão semelhante à análise do
diagnóstico (Fig. 11)
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FIGURA 12 – INTERPRETAÇÃO DE CENÁRIOS
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FIGURA 13 – MEDIDAS PRE ATIVAS
A construção do futuro, como foi visto anteriormente, não pode ser utópica.
O futuro não pode ser construído sem uma base, sem um alicerce.
O futuro deverá ser construído a partir do presente. Portanto, a construção
do futuro deve ser baseada em análise de futuros alternativos, que são
derivados do presente.
Conforme pode ser visto no Capítulo 14, a transformação de variáveis
contínuas em variáveis binárias e sua simulação (pelo algoritmo apresentado)
gera uma partição do espaço amostral, o que garante, entre outras coisas, que
um, e somente um, dos cenários irá ocorrer.
Não é possível garantir qual cenário irá ocorrer, existem apenas
probabilidades de ocorrência. Contudo, sabemos a priori que um dos cenários
irá ocorrer e, desta forma, podemos selecionar um cenário alvo, garantindo que
sua ocorrência é possível. Isso não quer dizer que será fácil obtê-lo.
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A estratégia de construção de futuro passa pela seleção de um cenário
como alvo, pela seleção das diversas alternativas de atuação e pela seleção
dos atores chaves que podem ser parceiros na construção deste futuro.
A seleção das alternativas deve ser pautada na capacidade de atuação e
nos recursos que a instituição dispõe, bem como na relação de custo X
benefício da empreitada.
De forma geral, nenhuma organização, seja pública, ou até mesmo um país,
dispõe de capacidade e recursos suficientes para atuar sobre todos os eventos
que compõe o cenário. Sendo assim, é fundamental que a organização
selecione alguns eventos, dentre os mais expressivos, para priorizar sua
atuação.
O procedimento básico para a seleção do cenário alvo consiste da definição
de diversas linhas de ação. Cada linha de ação é definida pela seleção de um
ou mais eventos sobre os quais se deseja atuar. A atuação deve ser no
sentido de maximizar a probabilidade de ocorrência ou de não ocorrência dos
eventos e, vale lembrar, que os eventos são binários, portanto não existe outra
solução possível.
Além da seleção dos eventos, podemos selecionar também uma sequência
específica de atuação, uma “linha de ação”.
Uma linha de ação é uma estratégia, que pode ser definida como um
conjunto de ações coordenadas e priorizadas que visam a aumentar a
probabilidade de ocorrência de alguns eventos e/ou reduzir a probabilidade de
ocorrência de outros.
A priorização define, em geral, uma sequência de atuação no sentido da
ocorrência de eventos. A não ocorrência de algum evento pode e deve ser
incluída nas linhas de ação, contudo não é possível definir uma sequência de
não ocorrência de eventos. Atuar para que um evento não ocorra exige um
esforço contínuo durante todo o horizonte temporal.
Cada linha de ação conduz a um cenário mais provável. O cenário mais
provável, de uma linha de ação, pode ser idêntico ao cenário mais provável
obtido pelo processamento da opinião dos peritos. Neste caso, estamos em
uma estratégia de preservação, caso contrário, em uma estratégia de
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transformação. Importante ressaltar que estamos falando em manutenção ou
transformação do futuro, não do presente (ver Cap. 14).
A exequibilidade, o custo e o benefício de cada linha de ação devem ser
avaliados em um ambiente de interações estratégicas. Este é o ambiente
corporativo em que a grande maioria das instituições públicas e privadas
enfrenta neste início de século XIX.
A análise proativa está baseada no conceito de interações estratégicas, que
ocorrem quando nenhum dos atores tem controle total sobre os eventos,
devendo, neste caso, considerar as possíveis ações tomadas pelos outros. A
decisão tomada por um determinado ator interage com as decisões adotadas
pelos demais, mesmo que tomadas separadamente.
No ambiente interativo, a cada ação tomada por um dos atores, surge uma
nova ação adotada pelos demais. A melhor ação vista de forma isolada, pode
não ser eficaz quando considerada em conjunto com as decisões tomadas
pelos outros atores. O resultado final será sempre um somatório de ações e
reações.
Um dos casos mais interessantes de interações estratégicas é chamado de
Dilemas Sociais.
Dilemas sociais são problemas fundamentais de toda criatura social, que
deve balancear a obtenção de benefícios pessoais com a obtenção de
benefícios pelos outros do mesmo grupo social.
Os dilemas sociais estudam as situações em que a racionalidade individual
conduz a uma irracionalidade coletiva. Nessas situações, cada indivíduo
recebe uma recompensa maior por não cooperar com os demais; contudo, se
todos os indivíduos fizerem a mesma escolha, o resultado será pior do que
aquele que seria obtido por cooperação coletiva. Segundo Kollock (1998, p.
183), “muitos dos problemas mais desafiadores enfrentados, desde
relacionamentos interpessoais até conflitos internacionais, são enquadrados
nesta categoria”.
Existem diversas ferramentas de modelagem matemáticas utilizadas no
estudo de interações estratégicas; a principal é a teoria dos jogos.
O interesse pela teoria dos jogos foi despertado pelo livro “A teoria dos
Jogos e o Comportamento Econômico”, publicado e 1944 por Jonh von
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Neumann e Morgenstern, no qual analisam os jogos de soma zero. Um dos
grandes expoentes no estudo da teoria dos jogos é Jonh F. Nash, com o
desenvolvimento de ferramentas teóricas que permitiram analisar uma maior
variedade de modelos de interação estratégica.
A grande contribuição de Nash foi demostrar matematicamente, que em uma
situação de interação estratégica não cooperativa, o equilíbrio de forças não
caminha para um ótimo de Pareto, e sim para um ponto que foi posteriormente
chamado de equilíbrio de Nash.
O Chamado “Equilíbrio de Nash” para estratégias mistas, pode ser postulado
da seguinte forma: “uma combinação de estratégias constitui um equilíbrio de
Nash quando cada estratégia é a melhor resposta possível às estratégias dos
demais jogadores, e isso é verdade para todos os jogadores” (Fiani, 2004).
Segundo Holt & Hoth (2004, p. 4002), a noção de equilíbrio de Nash “tem
sido modificada, generalizada e refinada, mas a análise básica do equilíbrio
tem sido colocada no início (e, algumas vezes, no final) de análises de
interações estratégicas, não somente em economia, mas também em lei,
políticas etc.”.
Em nosso modelo de análise, consideramos que o futuro será um equilíbrio
de forças, assim como é o presente e como foi o passado.
Esse equilíbrio, segundo o European Committee for Social Cohesion (2004),
não é estático, e muda constantemente de ponto a ponto para se adaptar às
mudanças do ambiente social e econômico, da tecnologia e dos sistemas
políticos nacionais e internacionais, o que faz com que seja fundamental o
monitoramento constante das forças envolvidas.
A construção do futuro, olhando sob esse prisma, consiste em atuar no
sentido de preservar ou alterar o equilíbrio de forças, para que o futuro caminhe
no sentido desejado, ou seja, no sentido do cenário alvo.
O propósito da atuação proativa da organização será no sentido de criar
parceiros estratégicos capazes de preservar o equilíbrio de forças, ou alterá-lo,
induzindo quebrar tendências e conduzir o processo de construção do futuro.
É importante ressaltar que em um contexto de interação estratégica, a
percepção dos atores com relação ao futuro determina os objetivos individuais,
e estes podem alterar o próprio futuro.
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O futuro real não existe, está em construção; todavia, a prospectiva pode
indicar o mais provável de ocorrer. É a percepção do futuro mais provável que
abre espaço para a construção de um futuro melhor.
A distância entre o futuro mais provável e o futuro ideal abre espaço para
negociações. O confronto entre ambos deve determinar a margem de
negociação de cada ator (ver cap. 14).
Conforme visto anteriormente, a estratégia de construção do futuro passa
pela definição de linhas de ação que podem conduzir a um novo cenário mais
provável, chamado de cenário alvo.
A seleção de um cenário alvo deve ser pragmática, levando-se em
consideração o cenário mais provável, o cenário ideal, e a distância entre
ambos. O cenário alvo deverá estar situado entre o mais provável e o ideal. No
entanto, quanto maior a distância entre o cenário alvo e o cenário mais
provável, mais difícil será sua construção (Fig. 14).
61
resultado desejado, ou seja, o futuro que se deseja. Repare que este será um
futuro negociado, o que é um dos pressupostos da construção de futuro em um
ambiente de interação estratégica.
De posse dos eventos, da priorização, e das parcerias, basta definir o que
deverá ser feito. Ou seja, o que exatamente será proposto aos parceiros.
As medidas proativas são exatamente isso, são propostas de parcerias
estratégicas, onde deve ser definido o que deverá ser feito, e com que parceiro
ou parceiros.
A estrutura de análise das medidas proativas é similar às demais estruturas
de análises (Figura 15), em que, para cada evento selecionado na linha de
ação considerada, devem ser previstas medidas adequadas de parcerias
estratégicas.
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9 ESTRATÉGIA
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A concepção da estratégia e o encadeamento das correlações de causa e
efeito não devem estar focados no diagnóstico, e sim em soluções focadas em
estratégias.
A estrutura que utilizamos para a construção da estratégia é a proposta por
Kaplan e Norton chamada de Balanced Scorecard. Não se trata da concepção
da estratégia, e sim de sua estruturação.
Segundo os autores do BSC, a metodologia “é uma técnica que visa à
integração e balanceamento de todos os principais indicadores de desempenho
existentes em uma empresa, desde os financeiros/administrativos até os
relativos aos processos internos, estabelecendo objetivos da qualidade
(indicadores) para funções e níveis relevantes dentro da organização, ou seja,
desdobramento dos indicadores corporativos em setores, com metas
claramente definidas”.
64
Segundo Kaplan e Norton (2009), na área privada, a perspectiva financeira
descreve os objetivos tangíveis da estratégia, por meio de critérios de
avaliação comuns. Esses resultados, cujos indicadores são também chamados
de indicadores de resultado, mostram se a estratégia está sendo eficaz na
produção de resultados tangíveis.
A perspectiva de clientes inclui indicadores de resultado para os clientes
(satisfação, retenção, e crescimento), bem como indicadores referentes á
proposta de valor escolhido para segmentos de clientes alvo. A proposta de
valor é o coração da estratégia
A perspectiva de processos deve identificar os processos internos críticos que
realizarão os objetivos das perspectivas de clientes e financeira. Muito embora
as organizações executem centenas de processos, e todos devam ser
executados de forma adequada, no mapa devem constar apenas os processos-
chave, que criam real diferenciação para a estratégia, e sobre os quais os
gestores e funcionários devem concentrar esforços na melhoria contínua,
A perspectiva de crescimento e desenvolvimento identifica os executores
(colaboradores), sistemas (informação e conhecimento organizacional), que
apoiam os processos de geração de valor. As duas últimas perspectivas
descrevem como a instituição implementa a estratégia.
Contudo, existe uma diferença na sequência das perspectivas do mapa para o
setor público e para o setor privado (Fig.16).
Na área pública a perspectiva da base, é a perspectiva financeira, e a
perspectiva de resultado é a sociedade. Esta distribuição reflete o que se
entende por setor público, que tem com objetivo final, entregar um bem ou
serviço para a sociedade.
Na área privada, a perspectiva da base é a de crescimento e desenvolvimento,
ou seja, das pessoas. A perspectiva de resultado é a financeira, como o
objetivo de gerar valor para os donos ou acionistas.
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FIGURA 16 – MAPA ESTRATÉGICO - PRESPECTIVAS
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9.1.1 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS
9.1.2 ESTRATÉGIAS
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rotineiras da organização, destinadas a ajudar a organização a alcançar o
desempenho almejado”.
As iniciativas estratégicas são geradas inicialmente pela validação e
compilação das medidas oriundas do diagnóstico e da análise prospectiva. A
grande maioria das iniciativas estratégicas são ações, projetos, ou programas.
Dentro deste conceito, as iniciativas estratégicas devem possuir pelo menos
cinco atributos fundamentais:
I. Uma descrição;
II. Um período previsto para execução;
III. Uma duração prevista de execução;
IV. Um orçamento alocado;
V. Um responsável pela sua execução.
Na fase de definição das iniciativas estratégicas será necessária, apenas, a
descrição detalhada de cada iniciativa. Os demais itens serão concluídos após
a fase de planejamento orçamentário (Capítulo 10).
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A consolidação das medidas começa, portanto, com uma descrição da
concepção inicial da estratégia da organização.
Esta estrutura representa o plano estratégico da organização. Deve ser vista
como a primeira aproximação.
É importante que nesta primeira aproximação, sejam visualizados (na
estrutura) os resultados desejados, os processos organizacionais, os recursos,
as pessoas e as variáveis utilizadas na análise prospectiva.
A concepção da estratégia é um processo iterativo, que parte da proposta
inicial de estrutura e vai agregando dados, que inclusive podem alterar a
estrutura inicial.
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9.2.2 ANÁLISE DE MEDIDAS
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Antes de efetuar o link de uma medida a uma iniciativa estratégica (figura
20), será necessário validá-la. Para a validação das medidas utilizamos três
critérios base: Adequabilidade, Exequibilidade e Aceitabilidade.
O critério de Adequabilidade diz respeito à capacidade de uma determinada
medida lidar eficazmente com a causa ou consequência que a originou. É de
natureza binária (sim ou não), não admitindo, portanto, meios-termos, ou seja,
uma medida não pode ser “mais ou menos” adequada. Ou ela satisfaz
plenamente esse critério, ou não.
O critério de exequibilidade diz respeito, como o próprio nome indica, à sua
capacidade de ser implementada com os recursos disponíveis (financeiros, de
pessoal, materiais, e tecnológicos). Esse critério também é de natureza binária
(sim ou não) e medidas não exequíveis também devem ser descartadas ou,
então, reformuladas para que esse critério seja atendido.
Existe ainda o terceiro critério, que é o da de aceitabilidade, e tem a ver com
uma relação de custo x benefício e é de natureza mais subjetiva. Uma
determinada medida pode, por exemplo, ser adequada e exequível, mas,
entretanto, o seu custo (financeiro, imagem, resistências) ser inaceitável. A
avaliação da relação custo x benefício deverá ser efetuada quando do
Alinhamento Orçamentário Estratégico, como apresentado no Cap. 10.
Outro ponto importante que deve ser incluído, no critério de aceitabilidade, a
confrontação das medidas os valores compartilhados pela organização.
Medidas que entram em choque com os valores (de natureza ética) não devem
ser validadas.
Para agrupar as medidas em iniciativas estratégicas devem ser efetuadas as
seguintes verificações:
(i) Identificar a que objetivo a medida pode ser associada;
(ii) Identificar a que estratégia a medida pode ser associada;
(iii) Identificar a possibilidade de incluir a medidas em uma das iniciativas
estratégicas já existentes, dentro da estratégia selecionada;
(iv) Associar a medida à iniciativa selecionada; e
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(v) Caso a medida não possa ser associada a um objetivo, e/ou
estratégia, e/ou iniciativa estratégica já existente, deverá ser avaliada
a necessidade de criar um desses itens.
Outro aspecto importante, na transformação das medidas em iniciativas
estratégicas diz respeito às resistências internas. Iniciativas estratégicas que
incorporam medidas que alteram a cultura e/ou a estrutura de poder da
instituição podem gerar resistência interna. Neste caso deverão ser previstas
novas iniciativas estratégicas com o propósito de obter a aceitação e o apoio
para a execução dessas iniciativas.
É importante ressaltar que existe outro conjunto de medidas que deverá ser
integrado no processo de gestão estratégica, que são as medidas de
tratamento de riscos.
O conceito de risco, segundo a norma ISO 31000, é caracterizado por “todos
os eventos que possam impactar os objetivos da organização”. Dessa forma,
entendemos que a gestão de risco somente pode ser vislumbrada após a
definição dos objetivos. Confirmando nossa ideia, a referida norma recomenda
que o tratamento de risco seja incorporado ao processo de gestão estratégica
da organização.
O risco não é necessariamente algo ruim. Segundo Mansur, quando for
identificado um evento de risco, sua probabilidade de ocorrência, e seu
impacto, a organização pode desenvolver iniciativas estratégicas para o
tratamento desse risco, o que permite uma maior exposição ao risco e a
“alavancagem” do negócio, algo semelhante a uma vacina contra o risco.
De fato, a nosso ver a gestão de risco é uma parte integrante da gestão
estratégica. A identificação dos riscos é fruto do plano estratégico e, por isso, a
implantação das medidas de tratamento de risco deve ser inserida na própria
gestão estratégica. Em geral, a gestão de risco é consolidada em um plano de
tratamento de riscos.
O processo de gestão de risco, alicerçado na norma ABNT ISO 31000, está
detalhado no Capítulo 14.
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As medidas de gestão de risco podem ser incorporadas ao plano estratégico
como um objetivo distinto, ou em diversos objetivos de forma transversal.
9.3 INDICADORES
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Validade: é a capacidade de representar, com a maior proximidade possível, a
realidade que se deseja medir e modificar. Um indicador deve ser aderente ao que
está sendo medido e manter essa aderência ao longo do tempo;
I. Confiabilidade: os valores observados de um indicador devem ter fontes
confiáveis, utilizando metodologias reconhecidas e transparentes de
coleta, processamento e divulgação;
II. Simplicidade: os indicadores devem ser de fácil obtenção, construção,
manutenção, comunicação e entendimento pelo público, interno ou
externo;
III. Sensibilidade: os indicadores devem ter capacidade de refletir
tempestivamente as mudanças decorrentes das intervenções realizadas;
IV. Economicidade: os indicadores devem ser obtidos a custos módicos. A
relação entre os custos de obtenção e os benefícios advindos deve ser
favorável;
V. Estabilidade: capacidade de estabelecimento de séries históricas
estáveis que permitam monitoramentos e comparações; e
VI. Auditabilidade: os indicadores devem permitir auditorias e
rastreabilidades a qualquer momento.
74
Indicadores analíticos são aqueles que medem diretamente o valor de uma
variável ou são resultados do cálculo de uma fórmula matemática dos valores
observados de variáveis. Indicadores analíticos possuem metas a serem
alcançadas em um horizonte temporal definido.
Indicadores sintéticos agregam o resultado de dois ou mais indicadores
analíticos em uma média ponderada do status de cada indicador analítico que
o compõe.
Os indicadores dos objetivos, em geral, são indicadores sintéticos. Os
indicadores sintéticos dos objetivos podem agregar diversos indicadores dos
processos que contribuem para o atendimento do referido objetivo.
Os indicadores sintéticos são compostos por indicadores sintéticos e/ou
analíticos, como apresentado na Fig. 17. A composição é efetuada por meio de
uma média ponderada, em função da contribuição ou importância de cada
indicador, na composição dos referido indicador sintético.
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FIGURA 18 – INDICADORES DE DESEMPENHO
76
Por outro lado, as metas devem embutir um desafio e gerar motivação pelo
seu alcance. De forma semelhante às metas muito ousadas, as muito baixas
também podem gerar frustração.
As metas devem ser definidas em função da série histórica da variável que
está sendo observada. No caso em que a organização não possui a série
histórica, deve ser efetuada uma rodada inicial de mensuração para que possa
ser definido um valor inicial, e uma meta a ser alcançada.
Em se tratando de um plano estratégico de longo prazo, os indicadores
devem possuir metas de curto prazo e uma meta de longo prazo. Isso evita
causar frustração por metas inatingíveis nos primeiros anos de execução do
plano. Como pode ser observado na Figura 18, caso a meta de valor “25” seja
colocada durante todo o período de quatro anos, vai gerar frustração, pois
durante os três primeiros anos será uma meta inatingível.
Recomendamos que as metas sejam pactuadas com as áreas envolvidas
em seu cumprimento.
FIGURA 19 – METAS
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A definição da amplitude das faixas que define o status deve ser efetuada
tendo por base a variabilidade dos indicadores. Quando maior a variabilidade
do indicador, maior deve ser a faixa considerada.
A amplitude da escala de medição deve ser adequada à variabilidade do
processo mensurado. Faixas muito estreitas ou muito largas não permitem o
correto acompanhamento do processo. No caso mostrado na figura 20, muito
embora o processo apresente um crescimento contínuo, isso não fica evidente
em função de escolhas equivocadas de faixas de avaliação.
FIGURA 20 - FAIXA
78
contudo, não é adequada para a gestão estratégica. A estrutura que
recomendamos para a gestão estratégica é a de objetivos e indicadores.
Para possibilitar uma adequada gestão estratégica é necessário alinhar as
iniciativas aos indicadores. A ideia é simples: a execução das iniciativas
estratégicas deve contribuir para a melhoria de algum indicador estratégico.
Desta forma, as iniciativas estratégicas obtidas pela consolidação das medidas
(reativas, pré-ativas e proativas, além das de tratamento de risco), deverão ser
alinhadas com os indicadores definidos na fase anterior.
O propósito é validar tantos os indicadores quanto às iniciativas.
Uma iniciativa estratégica, portanto, deve melhorar um processo ou criar um
novo processo. Mesmo que a iniciativa seja para criar algo novo, do tipo
construir um edifício, ainda assim estará criando um processo ou melhorando
outro.
O alinhamento das iniciativas estratégicas consiste em associá-las a um ou
mais indicadores.
A Figura 21 apresenta uma nova mudança de estrutura de análise.
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Durante o alinhamento, pode ocorrer que algumas iniciativas fiquem sem
indicadores e/ou que alguns indicadores fiquem sem iniciativas.
No primeiro caso, devemos perguntar se a iniciativa é realmente necessária,
tendo em vista que, a princípio, não melhora nenhum dos indicadores
existentes, ou se estão faltando indicadores.
No segundo caso, a pergunta se inverte. Devemos perguntar se o indicador
é realmente consistente, tendo em vista que, durante o diagnóstico e a análise
prospectiva, não foi identificada a necessidade de nenhuma ação para
melhorar a grandeza medida pelo referido indicador. Outra possibilidade é de
que estejam faltando iniciativas estratégicas.
Este último caso é o mais comum. Segundo Kaplan e Norton (2009) “esses
hiatos explicitam a necessidade de novas iniciativas estratégicas”. Nesses
casos, é bom lembrar que “algumas das melhores ideias sobre novas
iniciativas são apresentadas pelo pessoal da linha de frente”, que talvez não
tenha participado.
Os dois questionamentos anteriores visam a garantir a consistência dos
indicadores e das iniciativas estratégicas.
9.5 PRIORIZAÇÃO
80
A priorização da execução das iniciativas estratégicas está na categoria de
priorização multiatributo, tendo em vista que as possibilidades são finitas.
Os problemas multiatributo, em geral, são classificados em métodos da
Escola Americana e da Escola Francesa. A Escola Francesa é baseada em
relações de prevalência e nela se destacam os métodos das famílias
ELECTRE e PROMETHEE.
Os métodos da Escola Americana, reduzem os vários critérios a um critério
síntese, na grande maioria das vezes através de uma soma ponderada.
O método básico da Escola Americana é chamado de modelo aditivo linear,
que basicamente pode ser descrito como uma média dos valores de cada
critério, ponderada pelos respectivos pesos. O modelo é relativamente simples,
todavia, fornece respostas robustas e efetivas, no sentido de orientar a tomada
de decisão em um amplo conjunto de problemas e em várias circunstâncias. A
principal restrição na utilização do modelo é a independência entre os critérios,
desta forma, somente é adequado quando for plausível supor que a preferência
por um critério e independe da preferência pelos demais, o que geralmente
ocorre na priorização das iniciativas estratégicas.
O modelo aditivo linear tem ainda outras vantagens para a priorização das
iniciativas estratégicas, no que se refere ao balanceamento entre os aspectos
técnicos e os aspectos políticos da decisão. O aspecto técnico é representado
pelo valor de cada iniciativa para o critério e o aspecto político é o peso relativo
de cada critério em relação aos demais.
Para a utilização do modelo, primeiro, devem ser elencados os critérios
relevantes para a tomada de decisão.
Para cada critério deve ser definido um peso relativo. O peso refere-se ao
fator político de tomada de decisão, e deve ser atribuído pelo decisor
estratégico, ou sua equipe.
O valor de cada iniciativa, para cada critério, é o aspecto técnico, e deve ser
atribuído pela equipe técnica, em geral, pelo grupo de controle assessorado por
representantes de outras áreas técnicas, quando necessário.
Outro aspecto importante na escolha da metodologia de priorização por
multicritério pelo modelo aditivo linear está relacionado com a execução do
plano e sua continuidade no longo prazo.
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81
Com o emprego da priorização por multicritério é possível balancear os
resultados de curto, médio e longo prazo. Conforme foi enfatizado
anteriormente, o plano estratégico deve ser de longo prazo, contudo, a
execução e os resultados, devem ser distribuídos ao longo do horizonte
temporal.
Outro aspecto importante refere-se à decisão. O plano estratégico, e sua
execução, devem permitir a tomada de decisão dos gestores. O plano não
pode ser uma imposição. A gestão estratégica deve começar com um grande
diagnóstico. Os problemas e soluções encontradas não mudam, e independem
dos gestores. O que muda, de gestor para gestor, ou de governo para governo,
são as prioridades, as estratégias, e até mesmo os objetivos. O processo de
gestão estratégica deve ser estratégico, também em sua forma, ou seja, deve
permitir a tomada de decisão pelos atuais e futuros gestores.
O resultado final do processo de priorização é uma lista ordenada de todas
as iniciativas estratégicas. Isso não quer dizer que serão executadas,
necessariamente, na ordem resultante do processo de priorização.
A priorização é uma primeira aproximação. A ordem de execução deverá
levar em consideração, também, a necessidade de precedência entre as
iniciativas e, principalmente a disponibilidade de recursos (financeiros,
humanos, materiais, tecnológicos, etc.) para sua execução.
A fase seguinte é a de alinhamento orçamentário, tendo em vista que o
principal recurso é geralmente de ordem financeira. Desta forma, torna-se
fundamental o alinhamento do orçamento estratégico.
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10 ORÇAMENTO
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FIGURA 22 – PLANEJAMENTO DE LONGO PRAZO
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Este item é extremamente importante, pois a inexistência de orçamento de
custeio pode inviabilizar a execução da estratégia e a obtenção dos resultados
desejados. Não é raro observarmos, em algumas organizações, processos
deficientes não por falta de investimentos adequados, porém por falta de
manutenção adequada.
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10.2 ALINHAMENTO ORÇAMENTÁRIO ESTRATÉGICO
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FIGURA 23 – ALINHAMENTO ORÇAMENTÁRIO
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11 EXECUÇÃO DA ESTRATÉGIA
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FIGURA 24 – PLANOS SETORIAIS
Os planos setoriais devem ter uma estrutura similar à estrutura do plano
estratégico, composta pela Identidade Estratégica, Mapa Estratégico, objetivos,
estratégias, iniciativas estratégicas, indicadores e painel de contribuição. Sua
finalidade é desdobrar a Estratégia Organizacional para os setores da
instituição e definir o nível de contribuição de cada departamento para a
execução do Plano Estratégico.
Para a construção do plano setorial deve haver uma análise do plano
estratégico corporativo; a construção da identidade estratégica do setor; a
análise das iniciativas estratégicas prioritárias relacionadas ao setor; uma
revisão do diagnóstico estratégico do setor; a elaboração do Mapa Estratégico
do setor e a elaboração do painel de contribuição do setor.
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atividades, de acordo com as normas institucionalizadas, no ciclo de vida de
um produto.
Diferente da natureza continua das operações, os projetos são esforços
temporários, o que não quer dizer, necessariamente, de curto prazo.
A gestão de projetos deve ser coordenada por um escritório de projeto.
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projeto e outras partes interessadas. O gerente de projeto ocupa o centro das
interações entre interessados e o projeto em si.
Segundo Adriano Santana (2011), gerenciar um projeto é administrar as
incertezas do projeto, planejando sua execução antes de iniciá-lo, controlando
o projeto de modo a assegurar sua conclusão no escopo, prazo e orçamento
previstos, além de atender seus requisitos esperados.
Planejar significa estabelecer o objetivo e o escopo do esforço, dividi-lo em
fases, definir e refinar as tarefas e responsáveis para alcançar o objetivo
proposto, considerando premissas e restrições existentes.
Monitorar significa acompanhar, avaliar e regular o progresso, medindo o
desempenho do projeto por meio da comparação entre o realizado e o
planejado, tomando ações para atender aos objetivos de desempenho do
Plano de Projeto.
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III. Gerenciamento da execução do projeto - processo de realização do
trabalho definido no plano de gerenciamento do projeto, para atingir os
objetivos do projeto;
IV. Monitoramento e controle dos resultados do projeto – processo de
acompanhamento, revisão e regulação do progresso para atender aos
objetivos de despenho definidos no plano de gerenciamento do projeto;
V. Controle integrado de mudanças - processo de revisão de todas as
solicitações de mudanças, aprovação de alterações nas entregas, ativos
de processos organizacionais, documento de projeto e planos de
gerenciamento do projeto; e
VI. Encerramento do projeto - processo de finalização de todas as
atividades de todos os grupos de processos de gerenciamento do
projeto, a fim de terminar formalmente o projeto ou a fase.
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VI. Controlar o cronograma - processo de monitoramento do andamento do
projeto para atualização do seu progresso e gerenciamento das
mudanças feitas na linha de base do cronograma.
93
atividade ou componente da estrutura analítica do projeto. É o trabalho
autorizado que foi terminado mais o orçamento autorizado. O VA sendo medido
deve ser relacionado à linha de base do VP. O VA medido não pode ser maior
que o orçamento VP de um determinado componente. O termo VA é
frequentemente usado para descrever a porcentagem completa de um projeto.
Deve ser estabelecido um critério de medição do progresso para cada
componente da estrutura analítica do projeto. O VA serve tanto para monitorar
os incrementos com a finalidade de determinar a situação corrente quanto, de
forma cumulativa, para determinar as tendências de desempenho a longo
prazo.
Custo Real – Custo Real (CR) é o custo incorrido e registrado na execução
do trabalho para a atividade ou para um componente da estrutura analítica do
projeto. É o custo total incorrido na execução do trabalho, medido pelo VA. O
CR tem que corresponder à mesma unidade de mensuração que foi definida
para o VP e VA (somente horas diretas e somente custos diretos, ou todos os
custos diretos e indiretos). O CR não terá limite superior, tudo o que for gasto
para atingir o VA deve ser medido.
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Os valores de VP, VA e CR podem ser convertidos em indicadores de
eficiência para refletir o desempenho dos custos e dos prazos de qualquer
projeto e podem ser utilizados para comparação de desempenho de projetos
entre si. Os índices e suas variações são úteis para determinar o andamento
do projeto e fornecer uma base para a estimativa do resultado final de custos e
prazos.
Segundo o PMBOK, o gerenciamento de projetos deve contemplar nove
dimensões.
Em nossa metodologia de planejamento de longo prazo sentimos a
necessidade de incluir uma décima dimensão (Iniciação), não necessariamente
nesta sequência de numeração. As dimensões recomendadas são as
seguintes:
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X. Iniciação – assegurar que o projeto tenha início no período previsto,
dentro do que foi previsto no plano estratégico.
O monitoramento da iniciação refere-se ao intervalo de tempo em que o
projeto deve ser iniciado. Na área pública refere-se ao empenho do projeto.
O gerenciamento da iniciação do projeto é um dos pontos fundamentais do
gerenciamento de projetos na área pública, estando relacionado ao ciclo de
execução orçamentária.
Em geral, os orçamentos na área pública estão atrelados a uma determinada
LOA e sua não utilização na vigência desta (anual) devem ser devolvidos ou
alocados a outro projeto.
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VII. Iniciativa não contratada no ano previsto; e
VIII. Iniciativa paralisada.
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Tanto para o IDC quanto para o IDP é importante definir as faixas de
desempenho consideradas como: adequada (verde), alerta (amarela) e crítica
(vermelha), como apresentado na Figura 27.
A “gestão de processo” não deve ser confundida com gestão por processos.
Gestão de processo refere-se ao método de gerenciamento de processos
específicos com o propósito de torná-los mais eficientes, eficazes e adaptáveis,
ao passo que gerenciamento por processos refere-se ao gerenciamento da
instituição com foco nos processos (Toledo at. all., 2013).
A gestão de processos tem foco na avaliação contínua, análise e melhoria
de desempenho dos processos de uma instituição.
Segundo Kaplan e Norton (2008), os processos estratégicos, em geral, são
explicitados na perspectiva de processo do mapa estratégico, e devem ser
objeto de avaliações periódicas nas Reuniões de Avaliação da Estratégica
(RAE), conforme será pontuado no Capítulo 13.
As relações de causa e efeito, inerentes à concepção da estratégia
(explicitados no mapa estratégico), devem enfatizar as melhorias ou
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manutenção dos níveis de qualidade e desempenho dos processos chaves
para a execução bem sucedida da estratégia. A Gestão Estratégica, nesse
contexto, fornece as ferramentas para que a organização redistribua os
escassos recursos disponíveis, deslocando-os de melhorias pontuais em
processos vitais que já estejam funcionando adequadamente, para processos
mais críticos para a execução da estratégia (Kaplan e Norton, 2008).
Outro aspecto fundamental da gestão de processo alinhada ao
planejamento estratégico é a identificação de novos processos, em que a
instituição deve focar para alavancar sua estratégia.
Ainda segundo Kaplan e Norton (2008), os projetos de qualidade e melhoria
de processo que forem selecionados com base no critério de impacto nos
objetivos estratégico gerarão retornos mais altos para a organização.
O Guia para o Gerenciamento de Processos de Negócio, da Associação de
Profissionais de Gerenciamento de Processos de Negócios por Processos -
ABPMNP BPM CBOK v2.0, segue na mesma linha. O gerenciamento de
processos corporativos (EPM - Enterprise Process Management) assegura o
alinhamento do portfólio de processos de negócio ponta-a-ponta e da
arquitetura de processos com a estratégia de negócios da organização e a
alocação de recursos. O EPM fornece um modelo de governança para o
gerenciamento e avaliação de iniciativas. O EPM deve ser visto como uma
prática de gerenciamento valiosa e adicional ao enfatizar a forma como a
organização cria valor para seus clientes
Segundo o CBOK v2.0, “é importante compreender que o EPM envolve uma
avaliação estratégica de alto nível da visão do processo organizacional, uma
análise de processos de alto nível e uma avaliação de desempenho e não
deveria ser confundida com análise e modelagem de processos mais
detalhada”. Neste ponto, o papel da medição é indispensável para manter o
foco centrado no cliente e assegurar a prestação de contas pelo desempenho
dos grandes processos de negócio interfuncionais da organização.
Para o gerenciamento de processo devem ser definidos:
I. Uma estrutura de medição centrada no cliente;
II. Um esquema de nível de processos organizacionais; e
III. Um plano de gerenciamento e melhoria de processos organizacionais.
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O plano de gerenciamento e melhoria dos grandes processos de negócio
interfuncionais da organização necessita responder a duas questões
fundamentais:
I. Quais processos de negócio têm de ser melhorados e em que extensão,
a fim de atingir nossos objetivos estratégicos? e
II. Quem será indicado para prestar contas por essa melhoria e seu
gerenciamento?
O propósito, de um gestor de processo, é monitorar o desempenho e
conduzir à melhoria e ao gerenciamento de processos.
Segundo o CBOK v2.0 o ciclo de vida de um projeto BPM tem 6 fases (Fig.
28)
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O monitoramento de desempenho de processo utiliza dois tipos de
indicadores: esforço e resultado.
Indicadores de esforço referem-se às causas, condições ou entradas e à
execução inerente ao processo ou atividade. Em geral, são índices numéricos
estabelecidos sobre as principais causas que afetam o processo.
Indicadores de resultado referem-se às consequências, resultado, saída ou
produto da atividade ou processo. Em geral, são índices numéricos
estabelecidos sobre as consequências.
As métricas e medições de desempenho de processo são baseadas em
quatro dimensões:
I. Tempo – relacionada à duração do processo;
II. Custos – relacionada a valor monetário;
III. Capacidade – relacionada ao volume de uma saída; e
IV. Qualidade – relacionada ao real em relação ao ótimo ou máximo,
podendo ter várias formas.
O monitoramento de processo deve ser baseado em indicadores de
desempenho, também chamados de Indicadores-chave de desempenho (KPIs
– Key Performance Indicators) e metas estratégicas em um portfólio de
processo, que devem ser utilizados para priorizar os recursos e as iniciativas
estratégicas a eles associados.
Segundo o CBOK, os KPIs devem ter as seguintes características;
Alinhamento – Os KPIs devem estar sempre alinhados com os objetivos
e estratégias corporativas;
Responsabilidade – Todo KPI deve ter um responsável pelo seu
resultado;
Previsibilidade – KPIs medem valores de negócio e desempenho
desejado;
Acionável – Os KPIs devem refletir dados atuais, facilitando uma
atuação tempestiva dos gestores;
Síntese – Os KPIs devem focar nas atividades de alto valor ou na
efetividade geral do processo;
Simplicidade – Os KPIs devem ser de fácil compreensão;
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Complementariedade – Os KIPs devem ser complementares entre si e
não competir um com o outro;
Transformação - Um KPI deve provocar uma reação de mudança
positiva na organização quando monitorado pelo Gestor;
Padronização – KPI são mais efetivos quando baseados em definições e
regras e cálculos padronizados, de modo a que possam ser integrados a
diferentes painéis ao “logo” da organização;
Orientação a contexto - Os KPIs devem colocar desempenho no
contexto, permitindo que os usuários possam medir seu desempenho;
Reforçada - O impacto dos KPIs podem aumentar quando associados à
remuneração e incentivos; e
Relevante - KPIS gradualmente perdem seu impacto ao longo do tempo
e por isso devem ser revisados e renovados periodicamente.
O propósito geral das métricas de processos é tornar possível ao gestor
atribuir valores à melhoria ou transformação de processos como parte do
gerenciamento de desempenho de processos.
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11.4.1 POR OBJETIVOS ESTRATÉGICOS
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metas. Os autores sugerem duas técnicas para a definição das metas: dividir
as lacunas de valor total em metas para cada tema ou definir metas para cada
tema estratégico como base na lógica de causa e efeito do mapa estratégico.
Desta forma, preconizamos a definição dos temas estratégicos como uma
combinação de indicadores, o que facilita a definição das metas específicas.
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12 MONITORAMENTO ESTRATÉGICO
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FIGURA 31 – PROCESSO DE INTELIGÊNCIA
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iii. Perfis de atores estratégicos – informações estruturadas em perfis,
sobre concorrentes, fornecedores, clientes, órgãos reguladores,
potenciais parceiros, etc.
Essas categorias não são excludentes, sendo que um mesmo usuário pode
ter necessidades de inteligência dos três tipos. A categorização é importante
porque as diferentes necessidades poderão ser atendidas por diferentes
produtos que, por sua vez, serão resultados de diferentes processos.
O processo de identificação dos KIT’s inicia-se com uma entrevista com
quem usará os produtos de inteligência (boletins, análises de situação, análises
de oportunidade, alertas antecipatórios, perfis de concorrentes, relatórios por
demanda, entre outros) para a tomada de decisões.
Após a entrevista, a equipe do Núcleo de Inteligência faz a análise das
necessidades identificadas e, posteriormente, apresenta ao usuário
entrevistado a proposta de fluxos e produtos para alinhamento das
expectativas.
A definição dos KITs resultará também em uma avaliação das necessidades
de equipe e recursos do Núcleo de Inteligência e contribuirá para a modelagem
dos processos do ciclo de inteligência.
II. Planejamento
III. Coleta
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Recomendamos também a utilização de coleta em redes internas, que
apesar de serem simples, são uma excelente fonte de coleta, além de
altamente confiáveis.
IV. Análise
V. Produção
VI. Disseminação
VII. Consumo
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12.1 MONITORAMENTO DE RESULTADO
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13 REVISÃO
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devem fazer a identificação das causas dos problemas e propor providências
para eliminar esses obstáculos e definir responsabilidades para a consecução
dos resultados almejados.
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14 ASPECTOS TÉCNICOS
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o intervalo de tempo, podemos dizer que estamos fazendo inferência sobre
uma área.
A terceira característica das variáveis de Bernoulli, neste caso, é que ela nos
fornece também um indicador de certeza (não confundir com margem de erro).
Quando dizemos que um evento tem 0% de probabilidade de ocorrer, estamos
dizendo também que temos 100% de certeza que ele não irá ocorrer. De forma
semelhante, quando dizemos que um evento tem 100% de probabilidade de
ocorrer, estamos dizendo também que temos 100% de certeza que ele irá
ocorrer. Contudo, quando dizemos que um evento tem 50% de probabilidade
de ocorrer, estamos dizendo também que temos 0% de certeza sobre sua
ocorrência. A Figura 32 representa essa dupla informação desse tipo de
variável (considerando uma relação linear).
Probabilidade X Certeza
100
90
80
70
Certeza (%)
60
50
40
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Probabilidade (%)
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Neste ponto, fica evidente que a pergunta que se faz tão importante quanto
as respostas da consulta DELPHI. Antes de se obter uma resposta, é
fundamental que se saiba o que fazer com ela.
A utilização de uma única variável binária para modelar o futuro seria um
grande reducionismo, pois teríamos apenas dois futuros possíveis a serem
analisados. Contudo, com 10 variáveis temos 1.024 futuros possíveis, com 15
são 32.768, e com 20 já são 1.048.576. Não se trata, portanto, de analisar 10
variáveis binárias, mais sim 1024 combinações.
Outro aspecto importante diz respeito à transformação de uma variável
contínua em variável binária. A transformação deve estar associada a um ponto
de tomada de decisão estratégica.
A organização deverá definir um nível característico para a tomada de
decisão. Tal nível identifica uma ruptura de comportamento estratégico. Um
patamar que, uma vez ultrapassado, conduzirá a outro cenário e, portanto, do
ponto de vista da organização, a outro futuro.
O nível de referência está pautado na própria definição de estratégia
empresarial formulada por Ansoff (Ansoff & McDonnel 1993, p. 70,) “estratégia
é um conjunto de regras de tomada de decisão para orientação do
comportamento de uma organização”.
O nível de referência é o ponto que, uma vez ultrapassado, altera o
comportamento da Organização. A definição desse nível deve levar em
consideração fatores relativos à natureza do negócio, aos pontos fortes e
fracos, concorrentes, entre outros. O nível de referência muda de organização
para Organização, sendo que o mesmo comportamento de uma variável do
ambiente pode conduzir a cenários diferentes, quando analisado pela ótica de
uma ou de outra Organização.
A Figura 33 ilustra a definição de um evento, relacionado ao preço do barril
de petróleo, para três organizações atuando em áreas distintas. A primeira atua
na área de biocombustíveis, a segunda na área de exploração de petróleo, e a
terceira na área de tecnologia automotiva.
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FIGURA 33 – EVENTO
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O preço médio do barril de petróleo é apenas uma das variáveis que deverá
ser levada em consideração para decidir sobre o investimento no longo prazo.
Outras variáveis devem ser agregadas aos cenários, tais como crescimento da
economia, taxas de câmbio, aspectos legais e acordos internacionais, dentre
outras.
Conforme enfatizado anteriormente, a riqueza da análise está na
combinação dessas as variáveis, cada qual com o seu ponto de tomada de
decisão específica, que serão representados por um conjunto de cenários
prospectivos.
A definição dos eventos, como variáveis de Bernoulli, necessitam de uma
estimativa das probabilidades a eles associados, ou seja, do parâmetro “p” de
cada variável.
Para a inferência do parâmetro “p” julgamos que o método mais adequado é
o método DELPHI. A inferência pode estar, ou não, baseada em séries
históricas, até porque muitas variáveis não possuem séries históricas e,
devemos avaliar também possíveis quebras de tendências.
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A aplicação da técnica consiste em consultas sucessivas a um grupo de
especialistas (peritos) sobre a probabilidade de ocorrência de eventos futuros.
Em cada consulta os especialistas são instados a avaliar as probabilidade de
ocorrência dos eventos e a pertinência dos eventos para o objeto do estudo.
Cada perito ainda é instado a avaliar seu conhecimento sobre cada um dos
eventos em questão. A avaliação das probabilidades de ocorrência dos eventos
e sua pertinência devem seguir uma escala pré-definida (figura 34).
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dependência no algoritmo de simulação de cenários é chamada de impactos
cruzados.
A Técnica de Impactos Cruzados é uma revisão das probabilidades
estimadas a priori, em função do impacto que a suposta ocorrência de um
evento causa na probabilidade de ocorrência dos demais.
A quantidade de informação necessária para estimar todas as
probabilidades condicionais, em todos os cenários possíveis, tornaria a
aplicação do método Delphi impraticável. Segundo Turoff (2002, p. 338), o
número é da ordem de “e” elevado “n”, quando “n” tende para infinito, onde “n”
é o número de eventos no cenário.
A necessidade de limitar a quantidade de informações necessárias a
números razoáveis obriga que estas sejam formuladas do ponto de vista de
causalidade. Em tais condições, as probabilidades refletem uma relação de
causa e efeito, das quais serão extraídos coeficientes de correlação. Esses
coeficientes fornecem uma medida relativa do grau do impacto que a
ocorrência de um evento provoca na probabilidade de ocorrência dos outros.
Todavia, segundo Turoff (2002), o termo “probabilidade condicional” tem sido
largamente usado. A aplicação dessa solução limita o número de informação
necessária a perguntas a “n” elevado a 2, onde “n” é a quantidade de eventos
no cenário.
A causalidade significa que os impactos podem não ser recíprocos, como
em casos gerais de probabilidades condicionais, contudo seguem as mesmas
leis.
Vejamos o caso dos seguintes eventos: (i) probabilidade de que ocorra um
maremoto no litoral brasileiro, e (ii) probabilidade de que caia um meteoro
próximo da costa. A probabilidade de ambos os eventos nos parece baixa.
Caso ocorra o segundo evento, ou seja, ocorra a queda de um meteoro
próxima à costa brasileira, é plausível supor que ocorrerá um aumento
significativo da probabilidade de que ocorra um maremoto. Contudo, caso
ocorra o primeiro evento, ou seja, ocorra um maremoto no litoral brasileiro, não
é plausível supor que haja qualquer impacto na probabilidade de queda de um
meteoro. Resumindo, queda de meteoro impacta em probabilidade de ocorrer
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maremotos, contudo, maremotos não impactam na probabilidade de queda de
meteoros.
Outro aspecto importante na avaliação de impactos cruzados é que, como
dito anteriormente, temos que seguir algumas leis das probabilidades, mais
especificamente o teorema de Bayes.
A fórmula apresentada mais adiante, parece complicada, contudo, a questão
é relativamente simples. Procure responder às seguintes perguntas:
Qual a probabilidade de que o prédio (ou casa), em que você está no
momento, caia? Avalie com cuidado esta probabilidade, porque se for alta,
recomendamos continuar a leitura deste livro em outro lugar.
A resposta, em geral, é de que a probabilidade é muito baixa.
Avalie agora duas outras situações condicionais.
Primeira: Qual a probabilidade de que chova, neste ano, no local onde está o
prédio. Para a maioria das regiões, a resposta é que a probabilidade é alta.
Então, caso ocorra este evento, ou seja, ocorra chuva na região, qual o
impacto sobre a probabilidade de que o prédio caia.
A resposta deve ser de que o impacto será mínimo ou nulo. Por quê?
Porque o efeito da chuva deve ter sido previsto pelo arquiteto ou engenheiro
que projetou e construiu a obra. O prédio deve ter telhado, calhas e sistema de
drenagem de águas pluviais.
Segunda: Qual a probabilidade de que ocorra terremoto de magnitude
superior a 7 no local onde está o prédio.. Para a maioria das regiões do Brasil,
a resposta é que a probabilidade é muito baixa.
Então, caso ocorra este evento, ou seja, ocorra um terremoto de magnitude
superior a 7 na região, qual o impacto sobre a probabilidade de que o prédio
caia.
A resposta deve ser de que o impacto será muito alto. Por quê? Porque, em
geral, os prédios no Brasil não foram projetados para resistir a terremotos
dessa magnitude.
Então, do ponto de vista matemático, qual é a diferença entre os eventos da
chuva e do terremoto? A diferença é sua probabilidade de ocorrência.
Somente eventos de baixa probabilidade de ocorrência têm capacidade de
alterar significativamente a probabilidade de ocorrência de outros eventos.
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A fórmula do teorema de Bayes, que estipula os limites dos impactos, é a
seguinte:
P A P B 1 P A
P A / B
P B P B
Onde P(A) é a probabilidade de ocorrência do evento “A” (probabilidade a
priori), P(B) é a probabilidade de ocorrência do evento “B” e P(A/B) é a
probabilidade de ocorrência do evento “A”, dado que o evento “B” ocorreu
(probabilidade a posteriori do evento “A”).
Esta fórmula pode ser visualizada em um gráfico, onde podemos ver os
limites, ou envelope de validade das probabilidades causais (Figura 40).
A Figura 40 mostra, também, outro conceito que é fundamental não somente
na simulação e análise de impactos cruzados, como também em todo processo
de tomada de decisões envolvendo probabilidades, chamado de Chance.
Por definição, o conceito de probabilidade é a razão entre a quantidade de
ocorrências favoráveis dividida pela quantidade total de ocorrências. Chances,
por outro lado, é definida como a razão entre a quantidade de ocorrências
favoráveis, dividida pela quantidade de ocorrências desfavoráveis.
A probabilidade de que saia o número “2”, em um único lançamento de um
dado, é 1/6, ao passo que a chance é de 1/5. Em caso de uma aposta no
lançamento de um único dado, você tem uma Chance de ganhar e cinco de
perder. A Chance não é de 1 para 6.
O mesmo conceito vale para qualquer tipo de tomada de decisão que
envolva eventos probabilísticos, inclusive avaliar impactos.
No Método Grumbach, avaliamos o impacto da ocorrência de um evento
sobre os demais pelo conceito de chance. A ocorrência de um evento, portanto,
pode, ou não, alterar a chance de ocorrência dos demais.
Em termos numéricos, a ocorrência de um evento que dobra a chance de
ocorrência de outro, tem um impacto 1, ou seja, altera a chance em 100%.
Caso altere a chance em 200% terá um impacto 2, e assim por diante.
A Figura 35 mostra um impacto de nível 0 (evento independente),e um
impacto de nível 2 (alteração de 200%). A figura mostra, também, os envelopes
de validade dos impactos, para probabilidade de eventos impactantes (P(B)),
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de 30% e 60%. O quadrilátero cinza mostra o envelope de validade de
impactos, para um evento impactante com probabilidade de 30% (evento B).
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economia mundial, crescimento da população, investimentos em infraestrutura,
etc.
Os dois tipos de abordagem são válidos. Contudo, fruto de nossa
experiência, consideramos que os peritos, de fato, analisam de forma holística,
global, ou seja, consideraram outras variáveis.
Ocorre que, se assim o fizeram, e caso alguma desses variáveis faça parte
do conjunto de variáveis do cenário, há que se desconsiderar um dos impactos,
ou serão considerados duas vezes.
Suponhamos que outra variável, do mesmo estudo de cenários proposto,
seja: Qual a probabilidade de que, nos próximos 10 anos, a taxa média de
crescimento da economia mundial permaneça em um patamar superior a 5%?
Segundo nossa proposta, consideramos que quando foi respondida a
primeira pergunta, o perito considerou a probabilidade da segunda.
Desta forma, suponhamos que um perito tenha respondido que a
probabilidade de que nos próximos 10 anos, a taxa média de crescimento da
economia mundial permaneça em um patamar superior a 5% seja de 38%.
Suponhamos também, que este mesmo perito tenha respondido que a
probabilidade de que, nos próximos 10 anos, a taxa média de crescimento do
PIB permaneça em um patamar superior a 5% seja de 75%.
O perito respondeu que acredita que a taxa de crescimento do PIB ficará em
média acima dos 5% ao ano, nos próximos 10 anos, contudo não tem muita
certeza. Respondeu também que acredita que a taxa de crescimento mundial
não ficará, em média, acima dos 5% ao ano, contudo não tem certeza.
Ocorre que, como estamos em uma partição do espaço amostral, existem
quatro cenários possíveis, como apresentado na Figura 36.
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FIGURA 36 – CENÁRIOS PARTIÇÃO
Os cenários não são equiprováveis. Mais ainda, não nos parece plausível
que a probabilidade de que o crescimento do PIB, nos próximos 10 anos,
permaneça em um patamar superior a 5% (probabilidade estimada em 75%)
seja a mesma em um cenário de crescimento da economia mundial acima de
5% (cenário 1) e abaixo de 5% (cenário 3).
Desta forma, é necessário distribuir adequadamente o valor de 75%
estimados entre os cenários 1 e 3, sendo que no cenário 1 a probabilidade será
maior do que 75% e no cenário 3 será menor.
Portanto, a técnica de impactos cruzados está muito mais relacionada a
separar os impactos individuais, dentro de cada cenário.
Os cenários são uma combinação de ocorrências e não ocorrência de
eventos. Como exemplo teórico, vamos incluir uma terceira variável ao
exemplo do crescimento econômico. Taxa de desemprego, com a seguinte
pergunta: qual a probabilidade de que nos próximos 10 anos a taxa de
desemprego fique em um patamar superior a 10% da PIA. Suponhamos que a
média das respostas dos peritos tenha sido 45%. A Figura 37 mostra a tabela
de respostas da consulta.
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FIGURA 37 – RESPOSTA DELPHI
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FIGURA 39 – IMPACTOS CRUZADOS - CHANCE
125
P A I A 0,3 2
P A / B
0,6
B
0,46
1 P A P A I A 1 0,3 0,3 2 1,3
B
0,3 0,46
0,428 0,857
A chance de ocorrência do evento passa de 0,7 , para 0,54
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passo que os eventos explicativos e de resultado induzem estabilidade aos
cenários.
14.1.3 SIMULAÇÃO
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3.2 Se a probabilidade for maior ou igual ao número aleatório, o
evento é considerado como ocorrendo, e a probabilidade de
ocorrência de cada um dos outros eventos é recalculada com base no
impacto IA/B.
4. Retorna-se ao passo “1”, até que todos os eventos tenham sido
selecionados.
O conjunto de cenários prospectivos gerados, conforme enfatizado
anteriormente, é uma partição, o que garante que a ocorrência de um
determinado cenário impede a ocorrência de qualquer outro. Isso equivale a
dizer que o futuro, seja ele qual for, será único.
Cada cenário, conforme pontuado anteriormente, é uma combinação de
ocorrências e/ou não ocorrência de eventos, como apresentado na Figura 41.
O mapa de cenários é um conjunto de cenários mutualmente excludentes,
cujo somatório das probabilidades de ocorrência é igual a 100%, o que
configura uma partição.
128
são muito mais prováveis do que os cenários onde ela não ocorre, muito
embora a probabilidade de ocorrência da taxa de desemprego seja de 45%.
Em casos extremos, eventos com probabilidade inferiores a 50% podem
ocorrer no cenário mais provável, e/ou eventos com probabilidades superiores
a 50% podem não ocorrer no cenário mais provável.
A figura 42 ilustra esse aspecto. A probabilidade de ocorrência do evento 2 é
de 45%, contudo, devido à sua elevada correlação com o evento 1, o cenário
mais provável é a ocorrência dos dois eventos. Repare que a probabilidade
total de ocorrência do evento 2 continua a ser de 45%, que é igual à soma das
probabilidades de ocorrência dos cenários em que este evento ocorre (cenário
1 com 40% de probabilidade de ocorrência e cenário 4 com 5% de
probabilidade de ocorrência)
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A principal contribuição da teoria dos jogos para a definição do cenário
normativo (alvo), diz respeito à postura estratégica dos atores face aos
cenários: mais provável e alvo.
Definimos, por princípio, que o futuro será um ponto de equilíbrio de Nash.
Isso quer dizer que o futuro, seja ele qual for, será um ponto de equilíbrio de
Nash. Portanto, transformar o futuro do mais provável para o alvo, significa
caminhar de um ponto de equilíbrio de Nash para outro. Ocorre que, como o
futuro ainda não existe, esses pontos de equilíbrio são basicamente
conceituais, e dependem de um consenso.
A aplicação da teoria dos jogos aos cenários prospectivos tem como
propósito o que chamamos de construção do futuro. Entendemos que a
construção de futuro será sempre negociada.
A montagem de uma coalizão que vise alterar o futuro em direção ao futuro
normativo deverá, portanto, garantir um ganho para todos os seus membros.
A construção do futuro baseada em conceitos de jogos cooperativos permite
afirmar que a coalizão pode obter um resultado melhor do que o cenário mais
provável, conforme representado na Figura 43, a qual mostra uma coalizão dos
atores “A” e “C”, cujo propósito é direcionar o futuro para o cenário 9, escolhido
como normativo. Este cenário, por estar mais próximo do cenário ideal de
ambos, é uma solução melhor do que o cenário 11, avaliado como mais
provável.
A Figura 43 mostra também os limites das margens de negociação dos
atores. Do ponto de vista do ator “A”, é possível escolher como cenários
normativos os de números 1, 2, 3, 5, 6, 7, 9 e 10. Os cenários negociáveis são
aqueles situados na intersecção da margem de negociação de dois ou mais
atores. Ainda do ponto de vista do ator “A”, é possível negociar os cenários 3 e
7, montando uma parceria com o ator “B”, ou 9 e 10, com o ator “C”.
A montagem da coalizão deve alterar o equilíbrio de forças preexistente. O
equilíbrio de Nash original (cenário mais provável), obtido pela atuação
individual dos atores, será transferido para outro ponto de equilíbrio (cenário
normativo), conforme mostrado na Figura 44. O cenário normativo, definido
dessa forma, é outro ponto de equilíbrio de Nash, pois qualquer ator que se
afaste unilateralmente de sua nova estratégia direcionará o futuro para um
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ponto mais distante de seu cenário ideal. Segundo Marini & Currarini (2002),
este é um ponto de equilíbrio cooperativo conjuntural, em que a coalizão atua
como um “superator” e os demais atores procedem de forma isolada,
oferecendo suas melhores respostas possíveis às ações da coalizão.
A alteração de um equilíbrio de forças, de acordo com a modelagem
adotada, poderá ocorrer de três formas básicas: (i) pela inserção de uma força
nova, (ii) pela alteração da intensidade de uma força já atuante, ou (iii) pela
alteração no sentido de atuação de uma força já atuante.
A montagem de uma coalizão atende ao terceiro tópico. Os membros devem
direcionar seus esforços para um cenário normativo comum, e não mais para o
cenário ideal de cada um, conforme mostrado na Figura 44.
Margem de negociação do
ator “A”
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FIGURA 44 – CENÁRIO ALVO
O caso mais comum, conforme está mostrado na Figura 45, cria uma
coalizão parcial, em que seus membros atuam em bloco, ao passo que os
demais continuam a oferecer suas melhores respostas possíveis às ações dos
demais, inclusive da coalizão. Olhando de um ponto de vista externo, o jogo
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continua sendo não colaborativo; contudo, para os membros da coalizão, valem
as condições básicas de jogos colaborativos.
A alteração do equilíbrio de forças – condição necessária para promover
quebras de tendências e redirecionar o futuro – ocorre quando todos os
membros da coalizão passam a considerar o cenário normativo como o novo
cenário ideal.
A aplicação de conceitos da teoria dos jogos para a construção do futuro
necessita de um ponto de referência, em relação ao qual será possível
determinar ganhos e perdas.
A estratégia de construção do futuro deve ser vista como um processo de
tomada de decisão sob incerteza. A decisão será a escolha de preservação do
cenário mais provável ou a seleção de outro cenário alternativo.
Qualquer que seja a forma de avaliação é necessário que tenhamos um
ponto de referência. O ponto de referência, em nossa metodologia, é o cenário
mais provável obtido pela simulação da opinião dos peritos (consulta Delphi).
Outro ponto fundamental, na metodologia, é a definição do cenário mais
provável como um ponto de equilíbrio de Nash.
O propósito da análise proativa é definir um terceiro conjunto de medidas
que serão incorporadas ao plano estratégico, chamadas de medidas proativas.
Medidas proativas, em geral, são medidas de parceria estratégica. O propósito
é definir quais parcerias deverão ser firmadas e quais ações deverão ser
executadas. A ferramenta de avaliação de parcerias é a matriz Interesse X
Influência, onde os atores são separados em quatro quadrantes: Juízes,
Jogadores, Plateia e Apostadores.
Os juízes são muito influentes, porém tem pouco interesse no resultado dos
eventos, além de serem normalmente órgãos normativos, cuja participação na
coalizão é pouco comum. O acompanhamento da postura estratégica dos
juízes, por outro lado, é fundamental, pois pode indicar mudanças significativas
no ambiente.
Os jogadores são muito influentes e têm muito interesse no resultado dos
eventos. Estes são os atores prioritários para participar da coalizão, pois, em
geral, têm muito a ganhar ou a perder com a ocorrência dos eventos. Além
disso, dada a sua capacidade de atuação sobre a ocorrência, ou não, dos
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eventos, podem efetivamente introduzir as rupturas de tendências necessárias
para construir o futuro.
Os outros dois tipos de atores, plateia e apostadores, podem ser incluídos
na coalizão, todavia têm pouco a influir nos eventos. A inclusão dos
apostadores é mais fácil, pois são fortemente impactados pelos eventos.
De acordo com a análise efetuada os impactos podem ser positivos ou
negativos.
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14.3 GESTÃO DE RISCO
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14.3.1 CONTEXTO
14.3.2 CRITÉRIOS
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14.3.3 IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS
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Como a maioria das fontes de risco estão relacionadas a fatores internos, e
que podem ser potencializadas por fatores externos, recomendamos retornar
ao diagnóstico, desta feita com o foco nos riscos.
O capítulo referente ao Diagnóstico Estratégico explicou como realizar um
diagnóstico detalhado do ambiente interno e do ambiente externo, para serem
apontados pontos fracos e pontos fortes e ameaças e oportunidades, bem
como suas causas e consequências. É importante que toda essa informação
seja avaliada como possível fonte de riscos.
138
Para cada causa levantada deverá ser avaliada a probabilidade de
concorrência do risco, segundo o que foi definido no item de critérios
(certamente, provável, possível, rara e improvável). A probabilidade de
ocorrência do risco será a maior probabilidade levantada.
Para cada consequência deverá ser avaliado o impacto para a organização,
da ocorrência do risco, segundo o que for definido no item de critérios
(catastrófica, alta, média, baixa e insignificante). O Impacto da ocorrência do
risco será o maior impacto levantado.
Definida a tabela constante da Figura 49, a probabilidade de ocorrência dos
riscos será a maior probabilidade identificada, bem como seu impacto sobre a
organização será o maior impacto identificado.
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14.3.7 AVALIAÇÃO
14.3.8 TRATAMENTO
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As medidas de tratamento de riscos deverão ser integradas às demais
medidas em uma estrutura idêntica às anteriores, seguindo os mesmos
critérios.
As formas de tratamento dos riscos devem estar pautadas na análise de
custo x benefício decorrentes da severidade de cada risco, que podem ser
visualizados no gráfico de severidade, apresentado na Figura 50. Contudo
podemos analisar as formas de tratamento em quatro conjuntos base:
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probabilidade x consequências estas ações significam mover os risco
residual para o quadrante D.
C. Área de catástrofe – Os riscos localizados nesta área apresentam baixa
probabilidade de ocorrência, todavia possuem um potencial de causar
grande impacto sobre a organização. Uma preparação efetiva para o
gerenciamento de crises e/ou planos de contingência são opções válidas
para riscos residuais catastróficos. Na matriz probabilidade x
consequências estas ações significam mover os risco residual para o
quadrante D.
D. Área de rotina – Os riscos localizados nesta área, em geral, poderão ser
gerenciados por rotinas básicas, sistemas e procedimentos padronizados.
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I. Evitar o risco;
II. Alterar as probabilidades dos eventos de risco;
III. Alterar as consequências dos eventos de risco;
IV. Compartilhar riscos; e
V. Reter riscos
14.3.9 MONITORAMENTO
14.3.10 COMUNICAÇÃO
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