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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO-UFMA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS -CCH


CURSO DE PSICOLOGIA

Edith Theresa Hedwig Stein (1891-1942)

Agência Fapesp

Seminário apresentado na disciplina Psicologia Fenomenológica e Existencial

Lara Ramos Rosado Duailibe

Prof. Dr. Jean Marlos Pinheiro Borba

São Luís
2022
Biografia

Edith Stein foi uma filósofa e teóloga nascida no ano de 1891 em uma família judia
em Breslau, Alemanha (hoje chamada Wroklav, Polônia). Doutorou-se em Filosofia e
foi uma das 10 primeiras mulheres a conquistar esse feito. Seu pai era comerciante
e proprietário de uma madeireira, acabou falecendo durante uma viagem por
insolação quando Edith tinha apenas dois anos de idade, desde então, sua mãe,
Auguste, precisou tomar conta dos negócios da família e ter total responsabilidade
pela educação e sustento dos filhos. Filha caçula de onze irmãos, destes quatro
falecidos ainda pequenos, foi criada com rigidez judaica, intensa educação religiosa.
Contudo, identificava-se como agnóstica, principalmente no período em que
frequentou os cursos de Psicologia e Cultura Germânica na Universidade de
Breslávia, de 1911 a 1913. Logo após, transferiu-se para Gottingen para estudar a
fenomenologia de Edmund Husserl e completar seus estudos no domínio da
filosofia. Na sua dissertação de formatura foi orientada por Husserl quanto ao tema
da empatia. “Aos 26 anos, completou seu doutorado, obtendo suma cum laud
(máxima com louvor), a nota mais alta possível, em uma defesa que durou dez
horas. No dia seguinte, tornou-se assistente de seu mestre Husserl, organizando
seus estudos e ministrando aulas para iniciantes da fenomenologia,que ela
chamava de “jardim da infância da filosofia”, sempre em busca de uma resposta
para sua grande pergunta: ‘o que é a verdade?’” (LEITE, 2008, p. 17). Ela publicou
dois ensaios na revista dirigida por Husserl: em 1922, "Contribuições para uma
fundamentação filosófica da psicologia e das ciências do espírito", dedicado aos 60
anos de Husserl; em 1925, “Uma pesquisa sobre o Estado”, completando o primeiro
trabalho. Durante a I Guerra Mundial, Edith serviu como enfermeira da Cruz
Vermelha e, ao retornar para casa, foi premiada com uma medalha de honra ao
mérito. Ao término da guerra, ela se converte ao catolicismo e, em primeiro de
janeiro de 1922, aos 31 anos, é batizada na Igreja Católica. Após o momento de
guerra, Edith também inicia estudos sobre a Escolástica de São Tomás de Aquino e,
assim, passa a buscar aproximações teóricas do santo com Husserl. Isso deu base
para o sua obra “Ser finito e Ser eterno”, 1937, o qual encaminha os conhecimentos
sobre Deus pela fenomenologia e pela teologia. Antes mesmo da publicação, em
1933, entrou no Carmelo da Colônia para se tornar freira. Em 1942, Stein, agora
reconhecida como Irmã Teresa Benedita da Cruz e sua irmã Rosa, recém convertida
ao catolicismo, foram levadas ao campo de concentração de Auschwitz, onde foram
mortas na câmara de gás.

Influências recebidas

Em seus estudos e teorias, Stein recebeu influência direta de Edmund Husserl,


tendo sido sua aluna na faculdade com sua tese de doutorado orientada por ele e
vindo a ser, por um tempo, sua assistente. Husserl foi essencial para a sua teoria
fenomenológica relacionada à empatia. Em outros momentos, enquanto mulher
convertida ao catolicismo, recebeu influência de São Tomás de Aquino, no que diz
respeito aos estudos acerca da Escolástica, permitindo-se, pela primeira vez,
realizar uma aprofundação teórica na busca pela verdade, a partir de uma
aproximação com os conhecimentos teológicos e as questões voltadas à existência
de Deus. Essa união teórica vai se fazer ainda mais presente quando Edith
envolve-se na leitura de escritos de Santa Teresa D’ Ávila, da qual recebe uma
influência teológica ainda maior.

Influências deixadas

Enquanto filósofa e fenomenóloga, Edith Stein vai deixar herança de seus estudos
um "olhar" fenomenológico, não totalmente husserliano, mas mesclado às ideias de
São Tomás de Aquino. Ela torna, então, possível uma fenomenologia correlacionada
com muitos conceitos teologais, deixando a influência não só de uma filosofia cristã,
mas, ainda, de uma fenomenologia cristã. Ademais, ela vai deixar como "marca" sua
pesquisa acerca da empatia, a qual é analisada como um ato de consciência pura,
sendo possível a comparação com outros atos do tipo. No ato empático, Stein
conclui que a posição do Sujeito do ato será sempre originária, a qual atua com as
vivências não originárias do Outro. "O conteúdo analisado pelo sujeito empático é
não-originário, porque não está acontecendo “com ele” em carne e osso, mas sim,
“com o Outro” e somente a empatia dá a percepção completa de sua vivência"
(BAREA, 2015, p. 69).

Principais noções, conceitos, ideias

Edith Stein vai refletir sobre linhas fundamentais da concepção fenomenológica:


redução, enquanto eliminação de premissas duvidosas e de conhecimentos
pautados em comprovações científicas e, ainda, de experiências naturais. Volta-se,
também, para uma suspensão do mundo físico e psicofísico, além de propor que se
realize a operação de suspender a própria "situação de existência”. Discussões
prevalentes da autora são encontradas nas questões que envolvem a redução à
essência, ao passo que ela vai em busca da “essência da essência” e isso não vai
consistir apenas no ser essencial, mas também no que ela vai chamar de ser
atual-real. A essência vai se apresentar, portanto, em uma posição intermediária
entre a essencialidade (único ser é o ser essencial) e o mundo atual-real.
Aprofunda-se na temática da empatia, que se faz uma qualidade permitida aos
seres humanos de compreender os atos de consciência alheia, sendo reconhecida
quanto capacidade de perceber a vivência alheia.

Método de trabalho

O método da filósofa fundamenta-se no rigor fenomenológico husserliano, no


entanto de uma forma menos idealista, levando em consideração a interação com o
mundo atual-real em sua análise. A preocupação no seu método de estudo volta-se
às questões metafísicas tradicionais, a uma busca redutiva da essência da essência
na consciência das vivências reais circundantes.

Relação com a Fenomenologia

Em seus trabalhos e teorizações, Stein tem como base e fundamentação o viés


fenomenológico husserliano, em que é defendida e proposta a redução para ir de
encontro à essência (ao fenômeno puro), a suspensão de juízo. Tais atitudes
fenomenológicas se fazem presentes nas buscas constantes dela por respostas às
questões existenciais que a intrigavam. Vale salientar que os ideias de Husserl,
apesar de terem exercido importante inspiração em seus trabalhos, foram seguidos
de forma menos idealista, sendo levados em consideração, não só o mundo das
essências, como na noção husserliana, mas também no mundo das vivências, do
real.

Contribuições para a Psicologia

A fenomenologia de Stein se mostra como fornecedora de elucidações acerca da


estrutura essencial da pessoa humana, podendo assim delimitar metodologicamente
a psicologia em relação às demais ciências naturais ou do espírito. a percepção de
si e a do outro, tomado como o corpo vivente que se mostra, de imediato em sua
corporalidade já doada na sensibilidade do corpo vivente de si e do outro. De
maneira pertinente, é trabalhada por ela a empatia, a experiência da própria psique,
apontando o entrelaçamento da percepção interna e da percepção do corpo vivente.
Esse tratamento permite que, de modo claro e apropriado, sejam tratadas as
ciências da subjetividade, destacando a interdisciplinaridade para o conhecimento
desse assunto, enfatizando as conexões importantes entre a fisiologia, a psicofísica
e a psicologia.

Grupos de Estudo e Pesquisa ou Revistas ou Associações, encontros que


tenham a filósofa como tema

edithstein.com.br
Grupo de Estudo Introdutório ao Pensamento de Edith Stein 
(1891-1942) PUC-SP
Grupo de Estudos de Filosofia Fenomenológica em Edith Stein – GEFFES
Grupo de Estudo Virtual Edith Stein (UNEB)
Grupo de Pesquisa Edith Stein (UNIFESP)
Curso – O Feminino e o Masculino em Edith Stein (gravado de novembro de 2020
até janeiro de 2021)
Curso – Empatia em Edith Stein (gravado de fevereiro a abril de 2021)
Lives: Espiritualidade, Mística e Educação em Edith Stein (dia 13 de maio de 2021)
XX Simpósio de Filosofia (2022): A originalidade do pensamento de Edith Stein (do
dia 5 a 7 de outubro de 2022)
Seminário Internacional Teologia e Interdisciplinaridade na Fenomenologia de Edith
Stein (dias 9 e 10 de novembro de 2022)

Pesquisadores brasileiros e internacionais

Maria Cecília Isatto Parise


Maria Alice Soares de Castro
Jakeline de Oliveira Cordeiro
Suzana Filizola Brasiliense Carneiro
Patrícia Teixeira
Manuele Porto Cruz
Magna Celi Mendes da Rocha

Referências Bibliográficas

LEITE, Cynthia. A vida e a obra de Edith Stein – Santa Teresa Benedita da Cruz
– à luz de Sören Kierkegaard. Rio de Janeiro. Instituto de Psicologia
Fenomenológico-Existencial, 2008.

BAREA, Rudimar. O Tema da Empatia em Edith Stein. Santa Maria, RS. Programa
de Pós-graduação em Filosofia. 2015.

PARISE, Maria Cecília; CASTRO, Maria Alice; CORDEIRO, Jackeline; et all.


Grupos de Estudo. edithstein.com.br .

PARISE, Maria Cecília; CASTRO, Maria Alice; CORDEIRO, Jackeline; et all.


Cursos. edithstein.com.br .

PARISE, Maria Cecília; CASTRO, Maria Alice; CORDEIRO, Jackeline; et all.


Eventos. edithstein.com.br .

HUISMAN, Denis. História do Existencialismo. Editora Edusc. 2001.

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