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Teoria da
relação do
desejante com o
Objeto (falo)

J Conrado
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Sumário

Descobrindo os objetos de desejo

Teoria da psique do desejante

Diagrama de atuação

Composição - Pulsão de vida e Pulsão de morte

Pulsão de vida

Pulsão de morte

Perda de um significante

Princípio da ressignificação
Não – a palavra que pode salvar

Felicidade ou Falicidade

Afeto aflitivo

Possibilidade de estabilidade na relação.

PULSÃO DE VIDA E PULSÃO DE MORTE


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Descobrindo os Objetos de Desejo

Quando entramos da idade de entendimento, saindo da


fase da adolescência, nos relacionamos. Relacionamos com
algo, alguém ou ambos.

Algo é considerado aquilo que não libera afeto, mas que


retem o afeto. Quando se relaciona com algo, o objeto de
satisfação emerge perfeito, sem falhas ou contratempos, mas
pode surgir durante a convivência com o mesmo percalço que
deverão ser reconsiderados, assim a perfeição imaginada é
bloqueada, surgindo a realidade na qual se encontra. Nesse
caso há a possibilidade de: expandir os limites de prazer, para
um patamar que inclua o desprazer como sendo prazer.
Substituir o objeto por outro para reiniciar o princípio de
prazer.

Quando se relaciona com alguém também se inicia pelo


início do princípio de prazer, este vai aumentando até ao limite
em que deve ser considerado aceitável, pois o excesso de prazer
também vai levar a entrar no princípio de realidade, onde
encontra-se a zona de desprazer.

Em um relacionamento com alguém, esse libera afeto e


recebe afeto, onde essa troca de afetos pode elevar um muito o
nível de prazer.

A elevação desse nível leva os pares a procuram mais


prazer, pois é disso que se alimentam os objetos de satisfação.
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Quando da elevação desse nível, entrará no princípio da


realidade, onde surgirá um certo desconforto. Com esse nível
de desconforto a subir, os pares fazem uma intervenção, uma
ressignificação dos pontos que se revelaram, e devem ser
considerados, para novamente voltar a zona de prazer.

Caso um dos pares não concorde em reconsiderar esses


pontos, há uma segunda possibilidade, expandir os limites para
entrar na zona de prazer. Com os novos limites aquilo que era
considerado desprazer torna-se em prazer. Quando se expande
os níveis de prazer, sabe-se que estamos falando de, abrir mão
da moral em que cada um dos pares fora educado.

Mexer na expansão dos limites pode causar desconforto


para um dos pares, se isso ocorre, o afeto torna-se aflitivo, não
será mais só de prazer, mas surgirá uma angustia, uma culpa,
pois mexeu nos limites da moral.

Se voltar a aumentar o nível de realidade, aumentará o


nível de desprazer, onde os pares devem chegarem a um
entendimento se vale a pena nova expansão dos limites. Se não
houver concordância, deverá haver uma intervenção, ou
substitui o objeto de prazer, ou ressignifica novamente os
pontos que querem expandir os limites, ou substitui-se o objeto
de satisfação.

Quando se há amor verdadeiro, há respeito pelos limites


um do outro.
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TEORIA
DA PSIQUE DO DESEJANTE
(Freud 1920)
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Essa teoria representa o quanto o desejante está disposto


a investir no seu objeto de desejo para garantir a sua retenção,
mesmo que isso leve a um desprazer.

Freud, fala que tudo aquilo que buscamos através do que


imaginamos para nós, nossos desejos, estão baseados pelo
princípio de prazer. Nada desejamos para nós que vá nos
causar desprazer, mesmo que tenhamos que experienciar um
desprazer para sentir esse prazer.

O prazer é buscado pois não sentimos conforto em estar


em estado desprazer. Assim essa busca vai a procura da
evitação de desprazer, ou seja, em busca da produção do
prazer.

“Quiçá houvesse uma ciência, que nos tornasse


consciente, sobre esse sentimento tão imperativo sobre nós da
necessidade do prazer e desprazer”. (Freud 1920).

Paulo, o apostolo, fala dessa força que excede sobre nós


em ambivalência de prazer e desprazer, representando pulsão
de vida e pulsão de morte.

“Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso


não faço, mas o que aborreço isso faço”.

Considera-se impossibilitado de vencer por si só essa


força tão intensa, se considerando como um miserável.

“Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo


desta morte?”
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O princípio do prazer, o qual dá sentido à vida, que é a


pulsão de vida, quanto mais o desejante procurar alimentar seu
objeto de desejo, mais ele buscará satisfação, pois na realização
de seus pedidos não há saciabilidade, e quanto mais for
atendido, mais se avança sobre o princípio de realidade.

Sendo impulsionado pela força de excitação, acabará


ascendendo esse prazer até aos seus limites, se atinge o
princípio da realidade, onde há o desprazer, e percorrerá vários
caminhos até atingir a pulsão de morte.

A solução não é aumentando o vivenciar de prazeres que


se chega à felicidade, quanto mais se alimenta de prazer, mais
se aproxima do princípio da realidade, do desprazer. Parece
paradoxal, mas é verdade.

“O demasiado excesso de prazer, pode levar a um


desprazer” (Freud 1920).

A Teoria foi desenvolvida a partir de análises e clínica,


onde a cada dia aumenta a ansiedade, o medo, a culpa e o
sentimento pela morte.

“O princípio do prazer é ineficaz e perigoso para garantia


da preservação da vida” (Freud 1920).

Segue um percorrer do objeto de desejo na psique do


desejante, onde este buscar atender as demandas do objeto de
desejo a fim de não querer enfrentar sua perda. Essa decisão
pode gerar várias consequências, físicas e psíquicas ao
desejante.
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Digrama de Atuação

GRAFICO EM ANEXO
Zona de morte
PERDA DO FALO PULSÃO
DE
Zona de desprazer MORTE

PRINCÍPIO
DESPRAZER
Objeto desejo (falo)
Zona de Desconforto

Zona de Satisfação Instabilidade


PRINCÍPIO
PRINCÍPIO Zona de DA
relação MORAL
REALIDADE
afetiva
(EGO) (SUPEREGO)

Estabilidade PULSÃO
Zona de Perfeição
DE
Objetos satisfação VIDA

Força Excitação - FE

PRINCÍPIO
PRAZER
(ID) Imagens/percepções
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PULSÃO DE VIDA
Princípio do prazer

a) Imagens/percepções (inconsciente profundo);


b) Zona de perfeição;
c) Zona afetiva (estabilidade da relação);
d) Objetos de desejo.

Princípio de realidade

a) Zona de perfeição (ilusão e fantasia);


b) Zona de satisfação;
c) Zona de desconforto;
d) Zona afetiva (instabilidade e estabilidade da relação)
e) Princípio de moralidade;
f) Objetos de desejo;
g) Força de excitação.

PULSÃO DE MORTE
Princípio de desprazer

a) Princípio de realidade;
b) Zona afetiva (instabilidade da relação);
c) Zona de satisfação;
d) Força de excitação;
e) Princípio da moralidade;
f) Zona de desconforto (ansiedade, angústia, medo, culpa);
g) Zona de desprazer (sofrimento, segredo, silêncio;
h) Zona de morte (depressão);
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PULSÃO DE VIDA
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Princípio de Prazer - Id
Freud coloca de forma conceitual que o aparelho psíquico
está dividido em inconsciente, pré consciente e consciente, o
qual funciona sob o Princípio de prazer e Princípio de
realidade, assim Freud coloca o Princípio de prazer no
inconsciente e o Princípio de realidade no consciente, pré
consciente.

Freud (1920) “Sabemos que o Princípio de prazer é


próprio de um método primário de funcionamento por parte
do aparelho mental, mas que, do ponto de vista da
autopreservação do organismo entre as dificuldades do mundo
externo, ele é, desde o início, ineficaz e até mesmo altamente
perigoso”. Nosso primeiro cérebro, que está localizado no
tronco cerebral e dotado de uma parte emocional. Este cérebro
é muito instintivo, rápido, sua função primordial é nossa
sobrevivência, salvar nossa vida. Por assim agir pode ser
inconsequente em alguns momentos, não é a parte que se
encarrega da razão, mas assume o controle quando se tem
alguma dúvida e quando se deve tomar uma rápida decisão.
Boa parte do que fazemos em nossa vida, fazemos através desse
cérebro, que é onde estão todos os programas inconscientes
herdados ao longo do processo de evolução.

No Princípio de prazer temos o inconsciente profundo,


onde estão localizadas as pulsões, compostas das
imagens/percepções, estas, desligadas de seus afetos originais,
mas que pulsam no Id para serem lançadas no Ego a fim de
novamente receber suas identidades, que agora, impregnadas
de ilusão e fantasia, após encontrarem sua identificação, se
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transformarão em objetos de satisfação, perfeitos e prontos


para serem utilizados pelo Ego.

As imagens/percepções advindas do Id lançadas ao Ego


sob a pulsão da libido, agora ressignificadas, serão utilizadas
pelo Ego para liberar prazer através dos objetos individuais.

Não serão todos os objetos de satisfação que se


transformarão em objetos de desejo, o falo, somente aquele que
for investido de excitação, esse será o objeto de desejo que terá
o poder de causar alterações emocionais significativas na
psique do desejante.

No Princípio de prazer temos parte do Princípio de


realidade, representado pela zona de perfeição, impregnada de
ilusão e fantasia, onde receberam as imagens e percepções para
serem ressignificadas em objetos de satisfação perfeitos.
Também se encontra parte da zona de relação afetiva, sua
função: Estabilidade da relação, a qual é nela que o prazer da
interação do objeto de desejo com seu desejante será
sensibilizado. O ponto ótimo da relação do objeto de desejo com
seu desejante é sempre estar modulando na zona de perfeição,
isso é possível quando o desejante permanece em estado de
ilusão e fantasia, retirando dessa relação o máximo de prazer
possível.
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Força de excitação
A força de excitação é a responsável pela movimentação
do objeto de desejo dentro da psique. Mesmo de forma
desagradável, contra os princípios do desejante, ela pulsa para
dar prazer ao objeto de desejo. A excitação pode ser acionada
quando o desejante tiver um despertar, e quase sempre
advindo do externo, a necessidade de intervir sobre o seu objeto
de desejo, esta poderá modular o objeto no princípio de
realidade.

Na compulsão a Força de excitação é suficiente forte para


vencer o Princípio de prazer, para atender ao prazer, mesmo
que cause um desprazer. “(...)essa compulsão é algo derivado
da natureza mais íntima dos instintos (sendo) suficientemente
poderosa para desprezar o princípio de prazer” (Freud 1920)

Princípio de Realidade - Ego


Freud (1920) “Sob a influência dos instintos de
autopreservação do ego, o Princípio de prazer é substituído
pelo Princípio de realidade. Esse último princípio não
abandona a intenção de fundamentalmente obter prazer; não
obstante, exige e efetua o adiamento da satisfação, o abandono
de uma série de possibilidades de obtê-la, e a tolerância
temporária do desprazer como uma etapa no longo e indireto
caminho para o prazer”. É nele que está o Princípio da moral,
onde esta, de acordo com a educação individual, exige a
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renúncia os prazeres que venham a superar seus limites


consentidos. É no Princípio de realidade onde surgem os
conflitos interiores, o Ego, que luta para atender ao Id, e o
Superego (moral) que luta para não irromper com seus limites.

“Contudo, o Princípio de prazer persiste por longo tempo


como o método de funcionamento empregado pelos instintos
sexuais, que são difíceis de ‘educar’, e, partindo desses
instintos, ou do próprio ego, com frequência consegue vencer o
princípio de realidade, em detrimento do organismo como um
todo” (Freud 1920).

Zona de satisfação
A zona de satisfação é um despertar do desejante, onde
nela há um descortinar sobre o Objeto de desejo, mas que ainda
é possível estar satisfeito, mas não o prazer.

A força de excitação entrando em ação, pode encaminhar


o objeto de desejo a zona de satisfação, dentro do Princípio de
realidade. Quando esse objeto de desejo chega à zona de
satisfação, parte da ilusão e fantasia pode desapensar do objeto
de desejo, podendo causar um despertar de emoções
desagradáveis, uma vez que esta zona já está inserida no
Princípio de desprazer, este despertar poderá causar uma certa
instabilidade na relação afetiva com objeto e seu desejante.
Quem identificará essa sensação será a zona de relação afetiva,
representada pela função: Instabilidade da relação.
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Caso os motivos que levaram a força de excitação mover


o objeto da zona de perfeição para zona de satisfação já dentro
do princípio de desprazer, e estes sejam amenizados, este pode
se manter em nível aceitável na relação.

Uma vez que o objeto de desejo adentra a zona de


satisfação no princípio de desprazer, não retornará mais a zona
de perfeição do princípio de prazer.

Se a excitação não for aplacada e esta, voltar a atuar, e isso


pode acontecer, pois uma vez que o objeto de desejo ao
experienciar algo novo, pode pulsar por mais prazer, e esta
necessidade poderá ressurgir, já que o mesmo se alimenta de
excitação. Ele pode não permanecer estável na zona de
satisfação no princípio de desprazer.

Zona de desconforto
Essa relação do objeto de desejo com seu desejante e a
reciprocidade da relação será o gatilho para a força de
excitação, responsável pela movimentação desse objeto voltar a
atuar.

Freud (1920) “A maior parte do desprazer que


experimentamos é um desprazer perceptivo. Esse desprazer
pode ser a percepção de uma pressão por parte de instintos
insatisfeitos, ou ser a percepção externa do que é aflitivo em si
mesmo ou que excita expectativas desprazerosas no aparelho
mental, isto é, que é por ele reconhecido como um ‘perigo”’.
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Quanto mais o desejante irrompe os limites da moral para


atender as demandas do objeto de desejo, mais poderá
requerer, e isso causará uma movimentação do mesmo na
psique, levando o desejante a não sentir mais conforto em si
mesmo, fazendo perder toda motivação, podendo a levar a
angustia.

Freud define o afeto de angústia como uma reação à


sensação de incapacidade de lidar com um perigo externo. “a
psique cai no afeto da angústia quando se sente incapaz de
tramitar, mediante a reação correspondente, uma tarefa (um
perigo) vinda de fora; cai na neurose de angústia quando se
nota incapaz de reequilibrar a excitação (sexual) endógena. Se
comporta então como se ela projetasse a excitação para fora. O
afeto e a neurose a ela correspondente se situam em um estreito
vínculo recíproco; o primeiro é uma reação ante uma excitação
exógena, e a segunda, uma reação ante uma excitação endógena
análoga. O afeto é um estado extremo passageiro, enquanto a
neurose é crônica; isto se deve ao fato de que a excitação
exógena atua como um só golpe, e a endógena, como uma força
constante. O sistema nervoso reage na neurose ante uma força
interna de excitação, como no afeto correspondente o faz ante
uma força externa análoga”. (Freud 1895)

Quando o desejante aceita tais demanda do objeto, esta


romperá para zona de desprazer, uma zona de perigo, já na
pulsão de morte.
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Princípio da moral - Superego

Uma intervenção do desejante terá de ser repensada ao


seu objeto de desejo, e qual ação tomará. Toda essa cobrança de
uma ação estará sendo imposta pelo Superego, o qual é
cumplice da moral.

Não sendo tomada uma ação enérgica, e o desejante


querendo manter seu objeto de desejo, ele deverá expandir seus
limites da moral. Como fazer para os objetos de desejo não
serem levado as próximas etapas?

Deve se impor limites, os limites são formados pela moral,


aquilo que foi herdado dos antepassados: avós, pais, tios,
professores, igreja e outros, todos que ajudaram a formar a base
da moralidade na qual o desejante está inserido. Irromper esses
limites é muito perigoso.

A moral é o limiar entre a zona de satisfação e a zona de


desconforto, dentro do Princípio de desprazer. Cada indivíduo
tem seus princípios de moralidade, pois esta depende do meio
onde foi formada sua educação. Quanto mais rígida essa
educação moral, menos serão os limites dessa moral.

A pulsão de vida vai até o limite máximo de aceitabilidade


de expansão, o qual é a zona de desconforto. Fora desse limite
já adentra em pulsão de morte. O prazer da vida estará no
atender esses limites, pois só assim o indivíduo terá prazer em
viver.
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Uma outra maneira de evitar que objeto de desejo siga


ganhando energia, será ressignificar. Se o objeto de desejo
conseguir ser ressignificado e perder energia, permanecerá na
zona de desconforto, podendo voltar a zona de satisfação, mas
poderá acontecer de surgir um estado de alerta.
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PULSÃO DE MORTE
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Zona de desprazer

Caso não consiga ressignificar e continuar a avançar,


adentrará a zona de desprazer, e surgirá resíduos de
sentimentos por irromper novamente os limites da moral
surgindo sentimentos de medo, perda, culpa e raiva, por saber
que poderá perder seu objeto de desejo.

A força de excitação, advinda do objeto de desejo (Outro),


moverá ainda mais este, quando voltar a pulsar, isso fará a fim
de inserir novos elementos, que são gerados a partir da fantasia
do Outro. Esses elementos podem requerer do desejante, que
almeja reter seu objeto de desejo, a expandir ainda mais seus
limites, ou seja, corromper sua moral para atender tal demanda.
Isso sendo cedido, adentrará na zona de desprazer, onde
novamente o Superego sinaliza ao Ego repensar sua estratégia
de retenção.

Se nesse momento a estratégia do Ego for de substituir


esse objeto por outro, será a decisão mais econômica a ser
tomada, a fim de preservar os princípios morais e não deixar
que o objeto de desejo anule o desejante.
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Zona de morte

Não havendo a substituição do objeto de desejo pelo


desejante e este continuar a demandar energia, pode ocorrer
que mesmo com os limites da moral irrompidos, não havendo
saciabilidade do objeto de desejo (Outro), pode levar a
inconsequência de adentrar na zona de morte, e uma possível
fuga do objeto para o externo.

Uma vez que não haja poder de retenção, mesmo com a


expansão dos limites da moral, essa pressão exercida para
retenção do objeto, desde a zona de satisfação até a na zona de
morte, incidirá em uma pressão negativa, pois Superego cobra
do Ego o respeito pelo Princípio da moralidade, surgindo a
sentimento de insignificância, por não conseguir vencer as
demandas do objeto de desejo para rete-lo.

Ocorrendo que o objeto de desejo escape por não ser


atendida suas exigências, irrompendo na fuga para o externo,
essa pressão elástica negativa, voltará em depressão, pulsão de
morte, arrastando todo conteúdo da zona de morte até inundar
princípio de realidade, imergindo todos os demais objetos de
satisfação ali existentes, em desprazer.

Quando isso ocorre poderá surgir a ideação suicida, pois


todo o meio psíquico está contaminado pela pulsão de morte,
uma veze que a soma da satisfação dos demais objetos
imergidos, não serão suficientes para garantir a satisfação do
Ego.
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PERDA DE UM SIGNIFICANTE

Outra situação da perda do objeto de satisfação pode


ocorrer por uma causa natural, onde o ciclo da vida entra em
ação e há um “recolher” do objeto de desejo.

Por também sair pela zona de morte, esse muitas vezes


exigiu uma demanda de energia grande para rete-lo. Pode ter
ocorrido sem nenhum irromper da moral. Mas a energia
demandada pela luta de sobrevida da quele que era de muita
significância pode levar a consequências semelhantes. A
doença quase sempre é um desses elemento que surge aos
significantes mais importantes de nossas vidas, mesmo sem
motivo ou causa claras.

Esse significante pode ser perdido por causa inexplicável,


onde o desprazer após rompido, invade todo o universo de
prazer, não só de um, mas de muitos, levando a uma cadeira de
depressão incalculável. Ressignificar esse significante, é para
um profissional da psique um desafio grande, pois haverá
vários outros que também sofrem pela perda e podem
influenciar na recuperação dessa psique a ressignificar todo
seus princípios.

Nessa situação uma solução, que dependerá de cada


situação, será um outro significante para compartilhar esse
lugar, que tenha maturidade de entender que jamais será um
substituto, mas que poderá simbolizar as duas essências, dele,
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e do lugar daquele a qual ele compartilhará a função, por vezes


paterna ou materna.

Princípio de Ressignificação.

A ideação suicida é impulsionada:

a) Pelo sofrimento da culpa e acusação emanado do


Superego por irromper o princípio da moralidade;
b) Pelos segredos que foram ocultados para irromper esses
limites;
c) Pela vergonha que esses segredos, quando revelados
àqueles que foram os balizadores.
d) Pelo silêncio exigido pelo próprio desejante, afim de
demonstra-se sempre forte e audaz o qual sempre se
mostrou.
e) E a vergonha de romper esse silêncio, pode levar esse
desejante a ser impulsionado a enterrar tudo no
inconsciente eterno.

Na ideação suicida a intensidade da vida é semelhante à


da morte.

“Somente com a tomada de consciência, poderemos


preservar a dignidade da vida” (Freud 1920).

Aquele que busca essa saída está em um estado de


consciência que não vale mais apena viver.
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Ele vai ao encontro da morte a procura da vida.

Viver é um conflito e uma conciliação diária entre o prazer


e desprazer. Quando se toma decisões impensadas,
inconsequentes, colheremos resultados indesejados. Quando se
fala de suicídio tem 3 S que também o acompanham.

a) Sofrimento – pois quem busca essa saída está em


sofrimento profundo. O nosso maior crítico, somos nós
mesmos. Por vezes somos mais impiedosos conosco
que com os outros. A misericórdia também está
direcionada nós.

b) O segundo é o Segredo, quando se buscar fugir da vida,


há muito segredos que nos envergonhamos de termos
praticados e quer se levar. Por não ter tido força para dizer não
para muitas coisas que foram abertas, ações e atitudes que nos
envergonhamos, não queremos que sejam expostas. Mas não se
deve tomar essa atitude.

c) O terceiro é o silêncio, somos seres verbalizantes, não


devemos calar quando algo nos aflige.

“Quando a boca cala os dedos falam” (Freud)

É através da fala que se alcança a cura na psicanálise,


“calar é ser desumanizado ou excluído de nossa humanidade”
(Solnit)

A ressignificação da psique individual só será possível


com ajuda profissional, a fim de alcançar sua capacidade
funcional novamente, um trabalho árduo e cauteloso.
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NÃO, a palavra que pode salvar

A grande arma poderosa para evitar essa catástrofe


psíquica é usar a palavra mágica NÃO.

Salomão, o sábio, em seus escritos diz:


“Não remova os marcos antigos que seus pais colocaram”.

Esses marcos, podem ser considerados os alicerces de sua


educação moral. Não, que não se possa remover, mas sabendo-
se que, ao remover, sua consciência cobrará sua remoção.
Não se deve expandir os limites da moral a ponto de não
conseguir reaver seu controle. Não se deve permitir que a
pulsão seja forte a ponto de expandir os limites do prazer,
trazendo para a zona de desprazer, para garantia de retenção
do objeto de satisfação.

Não se deve expandir os limites da moral como garantia


de amor. Não se deve aceitar desprazer como prazer para
satisfazer o prazer nosso ou do outro.

Não devemos expandir os limites de prazer para aumento


de satisfação do objeto.

A expansão dos limites da moral, leva a um anulamento


daquele que expande os limites.

Quem ama respeita os limites do outro.


Aquele que expande os limites da moral para níveis de
anulação, não tem amor próprio, pois quando o Outro exerce
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esse poder sobre ele, poderá surgir consequências irreparáveis,


duradouras ou até irreversíveis.

Felicidade e Falicidade

O falo na psicanálise fere-se ao objeto de desejo


responsável pelo gozo, esse objeto de desejo quase sempre
estará investido de libido. A libido é o veículo responsável por
fazer fluir a imaginação e a disposição do indivíduo irromper
com tudo aquilo que impeça a ele de atingir o gozo com seu
objeto de desejo.

Todos os objetos quando surgem, são objetos de


satisfação, mas nem todos são destinados ao investimento da
libido, aquele será o falo.

Os objetos que são destinados ao gozo, e por vezes são


poucos, ou muitas vezes apenas um. Será o objeto a qual o
indivíduo estará disponível a atingir o prazer, reconsiderando
o desprazer como parte desse meio.

Somente o objeto de desejo desperta a coragem do


desejante investir em afeto suficiente para vencer os limites da
moral, ele faz acreditando que esse, é o objeto de felicidade,
onde na realidade se trata de um objeto de falicidade. A
falicidade por ser investida de muita libido, por vezes pode
burlar o sistema de consciência e ir para o sistema de execução.
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Assim esse sistema é utilizado pelo instinto, não passando pela


razão, a qual seria a responsável para dar o despertar das
consequências de abertura dos limites da moral.

O prazer está ligado ao vivenciar, não ao viver.

Afeto Aflitivo

O afeto se torna aflitivo quando o desejante sai de sua


zona de Princípio de prazer, isso pode acontecer quando o
desejante desperta e identifica que:

- O objeto de desejo não é lícito;

- O objeto de desejo não está a corresponder seu afeto o quanto


deseja;

- O objeto de desejo precisa ser ressignificado e vai precisar de


tempo;

- O desejante precisa se desvencilhar do objeto de desejo;

Serão tomadas de decisões que, enquanto estiver em


ação, levará o desejante a estar posicionado na zona de
desconforto, esta, estará imersa de medo, perda, culpa e raiva.

Havendo a perda do objeto de desejo neste momento,


pode as perdas da afetividade em geral ser menos traumática,
pois não houve tanto investimento para impedir que a força de
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excitação ascendesse as demais zonas. Assim a relação tempo x


desprazer será menor e menos dolorida para a conclusão do
término da afetividade total.

Possibilidade de Estabilidade na Relação

Quando os desejantes resolvem investir na estabilidade


da relação, como objetos de desejo, devem entrar em equilíbrio
para amenizar as forças de excitação para ambos.

A força de excitação pode ser amenizada através da


reciprocidade aos princípios da moralidade; o
autoconhecimento de cada um; a cumplicidade da relação; e o
respeito aos limites, o qual é o princípio do amor. Essa
maturidade será o início da volta a estabilidade da relação e o
retorno a zona de satisfação e possível retorno ao Princípio de
prazer no Princípio de realidade.

O objeto de desejo não voltará mais a ser um objeto de


prazer, mas pode ser considerado um objeto de satisfação e
desejo, pois conseguindo seu retorno à zona de perfeição, parte
da ilusão e fantasia poderá se apegar novamente ressuscitando
antigos sonhos.

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