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Como fazer:
Ritual do Julgamento:
relato do repórter;
abertura da sessão pelo juiz e relato do caso;
depoimento da vítima (relato com uma situação provocada pelo conceito
gerador,no caso, a inveja);
relatos das testemunhas (testemunhas de defesa e testemunhas de acusação);
questionamentos dos advogados e promotores às testemunhas;
relato do perito, o psiquiatra;
questionamentos dos advogados e promotores ao réu (acusado); depoimento
dos escrivães e júri popular;
reconstituição dos fatos pelos pontos de vista da defesa e da acusação (cena
improvisada de um fato da situação narrada pela vítima e pelo acusado, por
solicitação do juiz);
sentença do juiz.
Reunião do Júri:
Essa troca de papéis no ritual do Julgamento e nas reuniões do júri capacita os alunos
para a apropriação do próprio aprendizado, gerando criação, apreciação e
contextualização dos relacionamentos.
O Jogo do Tribunal:
Regras: Venceria o grupo que conseguisse convencer o(s) juízes(s) de seus
argumentos. A vitória viria na sentença.
Tempo de realização: Uma hora (15 minutos antes e depois, para montagem e
desmontagem do cenário).
Bullying:
Provocando, cada vez mais, cheguei numa tradução literal da palavra: comportamento
agressivo.
E continuei: “Se alguém empurrar uma pessoa, uma só vez, isso seria caracterizado
como bullying?”.
Continuei o desafio: “E qual será a razão de alguém fazer bullying com outra pessoa?”
Alguém gritou: “Ele ser mau!”.
Então, outro aluno disse: “Não professora, porque as vezes nos arrependemos”.
Completei a observação: “Algumas vezes, vemos o outro com medo e como uma
ameaça e, assim, reagimos com atitudes hostis. Será isso, pessoal? Será que quando
uma pessoa insiste em humilhar outra, por causa da cor da pele, do jeito e do tipo de
cabelo, é por que não aceita as diferenças?”
Alguns balançaram a cabeça afirmativamente.
“Então, pessoal, existem causas que levam ao bullying. Por não haver respeito às
diferenças, surgem preconceitos e discriminações. E isso pode levar a consequências
drásticas”.
Um aluno falou: “Algumas pessoas tem depressão e ficam tristes.” Completei dizendo:
“Você tem razão. As consequências vão das mais simples, como uma dor de
estômago, àquelas sérias, como uma tristeza profunda, que leva à depressão. Que tal
um desafio?”
Tínhamos, então, um problema: como criar uma história que fosse trabalhada na
forma de teatro se os alunos passavam por sérias dificuldades de construção textual?
Esse foi o primeiro ciclo de aprendizados, com duração de três meses. O texto teatral
nasceu da ação performática e das improvisações. Ele nos revelou o processo de
construção de aprendizados.
Eu disse, então: “Calma, pessoal! Num tribunal, temos muitos personagens. Terá lugar
para todos! Temos os advogados, os promotores, as vítimas, as testemunhas, os
psiquiatras, os escrivães e até os repórteres!”
Enquanto eu falava sobre cada um dos papéis, todos corriam para perto de mim
querendo falar de suas escolhas.
Esses eram os meninos mais tímidos e reservados, e que precisavam de uma maior
atenção.
A sala de aula se transformou para construção do nosso Tribunal, tanto no arranjo dos
elementos físicos como no modo de relacionamento (alunos e professora).
O Amigo Invejoso:
Ocorria uma redistribuição de papéis e lugares, por meio da realização do ritual, algo
próprio da lógica do pedagogo emancipador(Rancière, 2012), rompendo as fronteiras
entre o olhar e o agir, entre o dizer e o fazer, entre o ouvir e o falar.
Foi ao longo do ritual que a Dramaturgia “O Amigo Invejoso” foi sendo criada. Ela
foi se constituindo do acontecimento e do jogo que a constitui (Foucault, 1970).
Encontrar um sentido que levasse o caso de bullying à sentença final era o que gerava
a dinâmica do estudo de caso.
Dessa forma, a partir das relações estabelecidas no Tribunal, foi possível instigar
outras maneiras de ver e pensar.
Assim, ela foi sendo elaborada a partir de meta-pontos de vista (Morin, 2000), entre o
real e fictício, por meio das ações dos personagens/alunos, dos diálogos, dos conflitos
e da dramaturgia, na construção de um sentido de ética e justiça em nome de uma
cultura pela paz.
Socialização:
Fotos, textos e vídeos foram sendo compartilhados no Facebook, tanto na página
”Tribunal: caso bullying” como nos perfis pessoais do alunos. Esse material serviu para
que todos pudessem acompanhar o processo de evolução do projeto e o aprendizado.
Questionários
Esse trabalho, em particular, foi realizado em duas partes, com as seguintes questões:
Parte 1:
1. Qual o caso de bullying que é julgado no Tribunal? (fale com suas palavras sobre a
história que é julgada no Tribunal).
5. O juiz chegou a dar a sentença final? (em caso afirmativo, qual foi a sentença final
do juiz e seus argumentos para chegar a sentença final. Em caso negativo, se você
fosse o juiz, qual seria a sua sentença e justifique os seus argumentos).
Parte 2:
8. Fazer o Tribunal fez você pensar melhor sobre o bullying? Por quê?
9. Depois de fazer o Tribunal, deu vontade de, quando for adulto, exercer uma dessas
profissões que viveu no Tribunal? Ou ser ator? Qual e por quê?
10. O que acharia se o que fizemos e nossa dramaturgia “O Amigo Invejoso” virassem
um livro das nossas experiências?
estar capacitado para construir relatos das suas experiências com o Tribunal;
saber improvisar nas situações de jogo do Tribunal;
estar capacitado a emitir opiniões sobre suas criações e as dos colegas;
saber relacionar a realidade sociocultural a partir de sua criação com a de
outros autores apresentados em vídeos ou filmes da história do teatro.
Na fase de Avaliação I, apenas dez jovens (30% do total) escreveram relatos. Essa
porcentagem representava a quantidade dos alunos que se mantinham fora das brigas
e eram participativos no Tribunal.
Na Avaliação III, nada menos do que 100% dos alunos foram capazes de relatar sobre
a história do Tribunal, e a emitir suas opiniões.
Essa situação me levou a pensar que a falta de construção argumentativa poderia ser
fruto da exclusão social e da falta de protagonismo dos alunos, numa reprodução
inconsciente do ambiente de exclusão e indiferença em que viviam.
Nas primeiras experiências, eu sozinha montava o Tribunal. A realidade foi aos poucos
se transformando, e eles, juntamente comigo, passaram a afastar carteiras e cadeiras,
abrindo espaços e construindo um novo arranjo para os elementos envolvidos.
Eu dizia:
E ouvia:
“Não é, professora”.
Os alunos exclamavam: “Tem aluno novo na sala!” Eram colegas de outras turmas,
que queriam participar da experiência conosco. Mas, descobertos pelos funcionários,
retornavam às salas de origem.
A Socialização:
Autoavaliação: