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ANOTAÇÕES SOBRE MERLEAU PONTY - A dúvida de Cézanne - 22/05

“Encontro-me num tal estado de perturbação cerebral, numa perturbação tão grande que
temo, a qualquer momento, que minha frágil razão me abandone […] Parece-me agora que
sigo melhor e que penso com mais exatidão na orientação de meus estudos. Chegarei à
meta tão buscada e há tanto tempo perseguida? Estudo sempre a partir da natureza e
parece-me que faço lentos progressos”

Merleau Ponty era pintor e escreveu isso a um mês antes de morrer; não tinha amigos, não
tinha apoio da família e era muito sozinha;

“Essa perda dos contatos dóceis com os homens, essa incapacidade de dominar situações
novas, essa fuga nos hábitos, num meio que não se coloca problemas, essa oposição rígida
entre a teoria e a prática, entre “ser fisgado” e uma liberdade de solitário “ - cezanne sofreu
disso na vida e via na arte uma unica motivaçao para estar vivo

“É possível que, não obstante suas fraquezas nervosas, Cézanne tenha concebido uma
forma de arte válida para todos” - acreditava que a arte salvava
“O sentido de sua obra não pode ser determinado por sua vida. “

“Provêm dos sentimentos e querem antes de tudo provocar sentimentos. São pintados
quase sempre em grandes pinceladas e apresentam antes a fisionomia moral dos gestos
que o seu aspecto visível.” - como era o estilo de sua arte

“O impressionismo queria exprimir na pintura a maneira como os objetos impressionam


nossa visão e atacam nossos sentidos.” - cezanne chegou a entrar em contato com o
impressionismo e foi contra os seus criterios de fazer artistico

acreditava que “Além disso, cada cor que vemos na natureza provoca, por uma espécie de
repercussão, a visão da cor complementar, e essas complementares se excitam” “Cézanne
faz supor que ele busca outro objetivo: há não apenas as sete cores do prisma, mas dezoito
cores, seis vermelhos, cinco amarelos, três azuis, três verdes, um preto.” Atraves da luz e da
forma possibilita a visao de cores complementares

“O objeto não está mais coberto de reflexos, perdido em suas relações com o ar e os outros
objetos, ele é como que iluminado secretamente do interior, a luz emana dele, e disso
resulta uma impressão de solidez e de materialidade”

ainda assim escolheu não excluir totalmente o impressionismo e foi capaz de trazer algumas
caracteristicas para suas obras “Sua pintura seria um paradoxo: buscar a realidade sem
abandonar a sensação, sem tomar outro guia senão a natureza na impressão imediata, sem
delimitar os contornos, sem enquadrar a cor pelo desenho, sem compor a perspectiva nem o
quadro “

Bernard sobre essa nova arte declarou que era o suicidio de cezanne: “ele visa a realidade
e proíbe-se os meios de alcançá-la. “
ele passou a brincar com os modos de perspectiva e visao da arte: “Ora, as sensações
fariam inverter os objetos e sugeririam constantemente ilusões, como o fazem às vezes –
por exemplo a ilusão de um movimento dos objetos quando movemos a cabeça –, se o
julgamento não corrigisse a todo instante as aparências”

para a realidade, só pode julgar assim sua pintura quem não prestar atenção à metade do
que ele disse e fechar os olhos ao que ele pintou

mas em dialogos de cezanne e emile >


“é manifesto que Cézanne busca sempre escapar às alternativas prontas que lhe propõem –
a dos sentidos ou da inteligência”

arte e natureza era uma dicotomia e era de desejo de cezanne uni-las. Cézanne não
acreditou ter que escolher entre a sensação e o pensamento, como entre o caos e a ordem.

ele confiava q a inteligencia e a razao fossem entender a arte: ““Eu gostaria de uni-las. A
arte é uma apercepção pessoal. Coloco essa apercepção na sensação e peço à inteligência
para organizá-la como obra”

o desejo de chegar em uma ordem entre sensaçao & inteligencia “Percebemos coisas,
entendemo-nos sobre elas, estamos enraizados nelas, e é sobre essa base de “natureza”
que construímos ciências.” PAGINA 12

A fenomenologia da percepção de Ponty

O que é fenomenologia? Século XIX - nasce a fenomenologia; o estudo do método.


● inicia-se com descartes sem a influência das externalidades, ele busca quais
métodos possíveis para a razão (não solucionado);
● Kant dizia que a fenomenologia se reduzia ao empirismo, a partir da física tb;
● Hegel responde à problemática kantiana dizendo: conhecimento do mundo
fenomenológico, metafísico, lógico, sensível. Sistema absoluto universal sobre as
diferentes manifestações e concretizações do espírito: filosofia, arte e religião;
● As ideias de sistematização e totalidade de Hegel permitiram que os autores
posteriores pensassem que era uma ideia fechada e definida demais;
● Séc XIX - Tentativa de automatização de métodos para os diferentes saberes;
● Wilhelm Dilthey - Fundação das ciências humanas através da psicologia
compreensiva. As ciências humanas tentavam se emancipar ao mesmo tempo que
englobava um todo;
● A consciência - percepção, intuição sao particularidades da consciencia em relaçao
aos objetos;
● Franz Brentano - elaborou os fenomenos da consciência e motivou freud quais os
problemas das dimensoes inconscientes da vida (subjetiva e cultural)
● Realidade psíquica - objetividades criadas internamente
● fenomenos psiquicos que nao trabalhassem com fenomenos fisicos ligados a
casualidade- fatores externos atuam no ser humano fazendo com que a mente
processe as coisas de forma passiva
● O que nos aparece na consciencia eh mais imediato do que acontece por fora - as
perceçpoes aparecem pra nos se elaborando de outro modo
● nao eh mais fenomenos da natureza que os filosofos irao analisar, mas uma analise
descritiva do que aparece para nos;
● nós temos uma intencionalidade para algo a fim de direcionar nossa compreensao
sobre o objeto;
● A fenomenologia amplia as visao sobre a possibilidade de varias perspectivas para
se conhecer sobre o objeto e sai da bolha para se abrir a outras direçoes;
● A intencionalidade - objetividade imanente. o modo como nos voltamos para a
objetividade previamente definido anterior ao ato em cima dele.
● podemos ser conscientes a partir da logica, contexto historia, vivencia subjetiva..
● A fenomenologia diferencia analisa e explica os diferentes modos de intencionalidade
● Ponty considera sua fenomenologia como uma reflexao filosofica que questiona e
ressignifica os metodos e principios das outras ciencias e q tambem pretende ser um
fundamento para as outras ciencias

1. No prefácio à Fenomenologia da Percepção, Merleau-Ponty afirma pretender “repor as


essências na existência”, retornar a um mundo “ali” antes da reflexão, “despertar essa
experiência de mundo do qual ela (a ciência) é a expressão segunda”. O autor ressalta
ainda que “a percepção não é uma ciência do mundo” e que “o real não pode ser
construído”. Analise os trechos destacados a fim de elucidar a proposta fenomenológica
apresentada por Merleau-Ponty em sua Fenomenologia da Percepção.

Merleau Ponty ressignificou e ampliou a fenomenologia a partir dos ideais de Husserl e


filósofos anteriores. Dentro disso ele propõe a ciência e a razão como segundo plano, o qual
prioriza seu destaque na relação do corpo com o objeto, o que automaticamente entende-se
por sua citação “despertar essa experiência de mundo do qual ela (a ciência) é a expressão
segunda.” Um tópico visto, por toda história da filosofia, como inferior quando inserido em
uma hierarquização entre corpo e cérebro, visto que acreditava-se que o cérebro era o único
responsável por absorver e refletir externalidades para o resto do corpo.

Ponty quebra essa ideologia e analisa as maneiras que as circunstâncias mundanas


chegam para nós, sendo totalmente influenciadas e refletidas em uma percepção e
consciência. A partir disso, a mente percebe o exterior, no caso o objeto, de maneira passiva
e imediata, o que consequentemente, juntamente com a intencionalidade, serve como
caminho de compreensão do objeto. Ou seja, ao tratar de “o real não pode ser construído”,
Ponty quer dizer que a realidade é o que é e não temos controle algum sobre ela. Além
disso, o filósofo pontua sobre as diferentes perspectivas que a realidade possui, o que
sugere um desapego às ideias fixas e concretas sobre a compreensão do objeto e amplia o
conhecimento e entende que um pensamento pode ser outro pensamento, isto é, uma gama
de possibilidades.

Sendo assim, como um gancho também para “repor as essências na existência”, Merleau
Ponty pontua o desenvolvimento das ciências humanas a partir de seu entendimento
fenomenológico da percepção, uma vez que serve como fundamento para outras ciências e
para futuros filósofos, a mudança de plano entre a busca pelo entendimento dos fenômenos
da natureza para o entendimento de uma análise descritiva do que aparece para nós a partir
do real
2. Em “A dúvida de Cézanne” Merleau-Ponty apresenta a pintura de Paul Cézanne numa
abordagem peculiar à fenomenologia, destacando os seguintes temas: a relação entre
pintura e desenho; o olhar e a relação com os demais sentidos; a relação entre arte e
ciência; a relação entre arte, corpo e expressão. Elucide os temas mencionados
reconstruindo os argumentos do autor.

Assim como a filosofia apontada pelo filósofo Merleau Ponty sobre a fenomenologia da
percepção, ao tratar sobre Cézanne, um pintor do século XIX, ele adepta de suas
conceituações e trata a arte de um modo inovador. Inicialmente a relação entre pintura e
desenho, passa por transformações perante à história, isto é, a delimitação de uma forma,
preenchimento e um contorno deixam de ser prioridades para Cézanne e direciona suas
pinturas sem se preocupar com um contorno e forma exata dos objetos.

Consequentemente, ele foge dos conceitos pregados no impressionismo, que preza a figura
com cores vibrantes e vívidas a partir das delimitações puras entre cada objeto. De certo
modo, Cézanne interliga um pouco desses conceitos em suas obras, o qual apresenta a
figuração do objeto mas com uma ampla variação de cores dentro de uma luminosidade e
busca trazer uma estrutura essencial das formas e cores, onde questionava as convenções
tradicionais da pintura na época.

Cézanne buscava a representação da essência do objeto, que por não ser visível, tentava
mostrá-la visivelmente. A partir disso, entende-se a relação entre a arte e a ciência, uma vez
que é um modo empirista do fazer artístico ao visar e priorizar a experiência, isto é, a
extrema atenção à natureza, a cor e ao caráter inumano de sua pintura. A ligação do olhar
com os demais sentidos também ao representar o movimento e o aqui e o agora sem se
prender aos requisitos impostos pelo realismo.

Sendo assim, a arte sempre foi uma forma de expressão, e Cézanne não fugiu disso. A ideia
de despertar a arte no receptor e descentralizar o corpo no fazer artístico, tornando-o como
um objeto.

Na percepção primordial, as distinções do tato e da visão são desconhecidas. É a ciência do


corpo humano que nos ensina, posteriormente, a distinguir nossos sentidos. A coisa vivida
não é reconhecida ou construída a partir dos dados dos sentidos, mas se oferece desde o
início como o centro de onde estes se irradia,......

merleau ponty acredita na possibilidade de restituiçao da experiencia sensivel a partir da


pintura;
o filosofo enxerga a pintura como a meditaçao mais efetiva da nossa experiencia sensivel,
fundindo a experiencia sensorial e o pensamento racional;

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