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As respostas deverão ser enviadas pelos candidatos no período das 8 às 12h do dia 24/11/2021, por meio
do formulário online específico para esta finalidade: https://forms.gle/o3khnENUhhn6Htn37
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QUESTÃO 1
Linha de pesquisa: Análise Fonológica, Morfossintática, Semântica e Pragmática
Tema: Teorias e abordagens linguísticas
Cunha e Cintra (2007, p. 555) descrevem o advérbio como um modificador do verbo, como em (1),
podendo, no entanto, modificar toda a oração (p. 556), como em (2):
Bechara, por sua vez, retomando Mattoso Câmara (1975), afirma que a mobilidade semântica e
funcional “perturba a descrição e a demarcação classificatória” dos advérbios. (BECHARA, 2009, p. 288)
Segundo Givón (2001, p. 87,88), de todas as classes de palavras, o advérbio é a menos homogênea
no que diz respeito a seus valores (funções) semânticos, morfossintáticos e sintáticos, abrangendo,
principalmente numa perspectiva translinguística, um continuum entre morfologia, léxico e sintaxe.
Buscando dar conta da multiplicidade de usos e funções dos advérbios na língua portuguesa,
Castilho (2010) explora a natureza do seu estatuto categorial a partir de perspectivas morfológica, sintática,
semântica e discursiva. Considerando sua dimensão semântica, gostaríamos de destacar, entre as suas
classes funcionais, os advérbios predicativos, especialmente os advérbios modalizadores, envolvidos no
processo de modalização, e advérbios discursivos, através dos quais notamos a verbalização das reações do
locutor em relação ao conteúdo proposicional. Segundo o autor, a modalização envolve a avaliação do
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falante em relação à verdade da proposição ou a expressão de um julgamento sobre a forma escolhida para
a verbalização desse conteúdo (CASTILHO, 2010, p. 553).
Advérbios em -mente, por exemplo, podem ser usados para expressar valores epistêmicos e valores
discursivos. Partindo, portanto, das reflexões dos autores, discorra sobre a natureza da categoria dos
advérbios e seus diferentes valores semânticos tendo em vista sentenças como (3-5):
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QUESTÃO 2
Linha de pesquisa: Ensino/Aprendizagem de Língua
Tema 4: Políticas linguísticas no ensino e na aprendizagem de línguas
QUESTÃO 3
Linha de pesquisa: Estrutura, organização e funcionamento discursivos e textuais
Tema 2 e 3: Enunciado e enunciação; Linguagem e ideologia
Faça uma breve análise do texto abaixo reproduzido, a partir das concepções teóricas de
enunciado, enunciação, linguagem e ideologia de alguma(s) das perspectivas discursivas, com base nas
leituras da bibliografia sugerida para a prova de Conhecimentos Específicos do curso de Doutorado,
constante no Edital 07/2021-DTA-FCL/CAr. (Anexo V).
Conto de mistério
Stanislaw Ponte Preta
Com a gola do paletó levantada e a aba do chapéu abaixada, caminhando pelos cantos escuros, era
quase impossível a qualquer pessoa que cruzasse com ele ver seu rosto. No local combinado, parou e fez o
sinal que tinham já estipulado à guisa de senha. Parou debaixo do poste, acendeu o cigarro e soltou a
fumaça em três baforadas compassadas. Imediatamente um sujeito mal-encarado, que se encontrava no
café em frente, ajeitou a gravata e cuspiu de banda.
Era aquele. Atravessou cautelosamente a rua, entrou no café e pediu um guaraná. O outro sorriu e se
aproximou: “
Siga-me! – foi a ordem dada com voz cava. Deu apenas um gole no guaraná e saiu. O outro entrou
num beco úmido e mal iluminado e ele – a uma distância de uns dez a doze passos – entrou também.
Ali parecia não haver ninguém. O silêncio era sepulcral. Mas o homem que ia na frente olhou em volta,
certificou-se de que não havia ninguém de tocaia e bateu numa janela. Logo uma dobradiça gemeu e a
porta abriu-se discretamente.
Entraram os dois e deram numa sala pequena e enfumaçada onde, no centro, via-se uma mesa
cheia de pequenos pacotes. Por trás dela um sujeito de barba crescida, roupas humildes e ar de agricultor
parecia ter medo do que ia fazer. Não hesitou – porém – quando o homem que entrara na frente apontou
para o que entrara em seguida e disse: “É este”.
O que estava por trás da mesa pegou um dos pacotes e entregou ao que falara. Este passou o
pacote para o outro e perguntou se trouxera o dinheiro. Um aceno de cabeça foi a resposta. Enfiou a mão
no bolso, tirou um bolo de notas e entregou ao parceiro. Depois virou-se para sair. O que entrara com ele
disse que ficaria ali.
Saiu então sozinho, caminhando rente às paredes do beco. Quando alcançou uma rua mais clara,
assoviou para um táxi que passava e mandou tocar a toda pressa para determinado endereço.
O motorista obedeceu e, meia hora depois, entrava em casa a berrar para a mulher:
- Julieta! Ó Julieta... consegui.
A mulher veio lá de dentro enxugando as mãos em um avental, a sorrir de felicidade. O marido
colocou o pacote sobre a mesa, num ar triunfal. Ela abriu o pacote e verificou que o marido conseguira
mesmo.
Ali estava: um quilo de feijão.
QUESTÃO 4
Linha de pesquisa: Estudos do Léxico
Tema 5: Estudos do léxico e cultura
• “[...] o léxico, nas suas diferentes dimensões, está intimamente relacionado a questões de
educação e cultura”. [...]. Em nossa situação particular, a ‘invisibilidade’ é comum, sobretudo
porque ‘a palavra’ é um bem coletivo, natural ao homem. Consequentemente, o profissional que
com ela ‘lida’ não recebe a devida valorização. “[...] sobre o léxico e sobre a palavra, todos podem
dizer alguma coisa, autorizados então pelo fato de que dele fazem uso”. (p. 163).
• “[...] a palavra comunica, cria, nomeia, refere, designa, delimita, descreve, sugere, denuncia”. [...] E,
não por acaso, é a marca da nossa condição de seres humanos, de nossa subjetividade e também a
condição para o pensar, [...]”. (p. 167).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BECHARA, E. Gramática escolar da língua portuguesa. 2.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
CUNHA, C.; CINTRA, L. F. L. Nova gramática do português contemporâneo. 3 ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2007.
MATTOSO CÂMARA JR. J. História e estrutura da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Padrão, 1975.
MOITA LOPES, L. P. (Org.) Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
PONTE PRETA, S. Conto de mistério. In: ___. Dois amigos e um chato. São Paulo, Moderna, 1986. p. 65-6.