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M e n t e s
q u e n à O
MEN T E M
Em entrevista exclusiva, Martin Lindstrom, autor do best-seller Buyology,
explica o que é exatamente o neuromarketing, com base em uma pesquisa com
mais de 2 mil voluntários que buscou entender o que impulsiona as compras
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inglesa, que vem aumentando
suas vendas direto.
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82 HSMManagement 78 • JANEIRO-FEVEREIRO 2010 hsmmanagement.com.br
anúncio
DOSSIÊ
captam suas razões de ser. As pessoas costumam ter difi- mais importante para criar marcas e comunicar não é
culdades para explicar por que compraram uma camisa a visão, e sim a audição. E outra grande surpresa foi a
de determinada marca ou o último modelo de telefone forte conexão que há entre religião e marcas.
da Nokia, porque suas decisões são impulsionadas por
emoções, que elas nem percebem –ou, quando perce- Como foi detectada a relação entre religião e marcas?
bem, acham que é bobagem falar delas. As zonas do cérebro que são ativadas nas pessoas reli-
giosas quando recordam suas experiências nessa área
E como o neuromarketing capta a atividade cerebral? são as mesmas que se ativam no cérebro dos consumi-
Principalmente por meio de um aparelho de resso- dores quando pensam em suas marcas preferidas. Para
nância magnética, uma espécie de scanner do cére- detalhar as características desse vínculo entre religião e
bro, normalmente usado para detectar tumores. Com marcas, entrevistei líderes de várias religiões, especial-
esse equipamento é possível examinar o cérebro de mente a católica, a protestante, a budista e a islâmica.
uma amostra de consumidores, identificar as regiões Queria entender os pilares sobre os quais se baseiam, e
associadas a certos comportamentos e detectar o que descobri que são os mesmos em todas: rituais, visão forte
sentem quando pensam em determinadas marcas e e poderosa, um inimigo claro, apelo aos sentidos e nar-
produtos. Em outras palavras, o neuromarketing re- ração de histórias estupendas. Cada vez mais, as marcas
presenta uma nova geração de pesquisas, em que a são desenvolvidas a partir desses elementos também.
ciência cruza com o marketing. Pense no seguinte: a maioria das religiões tem uma
missão bem definida, como alcançar o estado de graça
Mas como exatamente se descobrem no cérebro quais ou certo objetivo espiritual. A maior parte das empre-
são as emoções associadas a uma marca? sas também tem uma missão bem definida, como a de
Por uma série de estudos anteriores. Já sabemos, por Steve Jobs para a Apple em meados da década de 1980,
exemplo, que o medo e a amígdala cerebral estão es- quando ele disse “O homem é o criador da mudança
treitamente associados. Então, pense o seguinte: algu- no mundo. Como tal, deveria sobrepor-se aos sistemas
mas pessoas veem um anúncio publicitário e dizem e estruturas, e não estar subordinado a eles”. Cerca de
que gostam dele, mas não sabem por quê. Aí vamos 20 anos e alguns milhões de iPods mais tarde, a em-
escanear seu cérebro, detectamos que nessas pessoas presa ainda persegue essa missão, é ou não é?
se ativa –ou há maior fluxo sanguíneo– a região da Outra comparação: as religiões se concentram em
exercer o poder sobre o inimigo,
o que contribui para reunir os
“as zonas do cérebro ativadas nas pessoas religiosas fiéis em torno do combate a ele.
são as mesmas dos consumidores quando pensam em O mesmo fazem as marcas quan-
suas marcas preferidas” do promovem a rivalidade: Coca-
-Cola versus Pepsi, Visa versus
MasterCard. A estratégia do “nós
amígdala quando veem o anúncio, o que significa que versus eles” incentiva a lealdade, desperta a controvérsia
o anúncio as perturba. Graças ao maior conhecimen- e o debate e, dessa forma, estimula a compra.
to do cérebro e das regiões associadas a alguns tipos
de pensamento, captamos emoções que as pessoas Em um mundo em que predominam as imagens e os
não conseguem expressar verbalmente. estímulos visuais, é difícil aceitar que o sentido mais
importante para criar uma marca seja a audição...
Que resultados dessa pesquisa de neuromarketing Aí há outra lição importante do neuromarketing. Quando
mais o surpreenderam? olhamos algo, somente a parte visual do cérebro é ativada;
Eu citaria três resultados particularmente. Fiquei mui- quando escutamos algo, ativam-se as regiões relacionadas
to surpreso em ver que as advertências nos maços de com os cinco sentidos: visão, olfato, tato, paladar e audição.
cigarros não funcionam. Algumas dizem, de manei- É por isso que, quando ouvimos uma música de nossa infân-
ra drástica e direta, que fumar é prejudicial à saúde cia, voltam-nos à mente tantas recordações visuais.
e causa essa ou aquela doença, mas não conseguem
o efeito desejado nas pessoas. Vou além. Essas adver- Que marcas já entenderam isso? Quer dizer, que mar-
tências, ao contrário, incentivam as pessoas a fumar. cas aproveitam o som para ser inesquecíveis?
Também me surpreendeu comprovar que o sentido A Harley-Davidson criou um som distinto dos demais
para o arranque do motor, por exemplo. Outras, como mencionados estão em consonância com o mote do pro-
Apple, Microsoft e Intel, compuseram melodias que to- grama ou do filme. O problema é que em 95% dos casos
cam ao ligar o computador ou iniciar o sistema; trata-se os produtos estão fora de contexto, e, quando isso acon-
de melodias muito simples, mas que acabam se tornan- tece, eles não são registrados pelo cérebro. A menção
do inesquecíveis. Eu, quando as ouço, imediatamente da marca precisa estar relacionada com a trama; aí as
as reconheço e penso na marca associada. Sempre. pessoas lembram. No filme E.T., por exemplo, a inclusão
Algumas montadoras, entre elas Mercedes-Benz, da marca de chocolates Reese tinha sentido dentro da
BMW e Porsche, também criaram sons para o abrir e história: o menino atraía o E.T. com o chocolate. O opos-
fechar das portas. Outra é a Disney, que conseguiu ex- to aconteceu no último filme de James Bond, em que ele
celente comprometimento emocional dos consumido- aparece bebendo Coca-Cola Light, quando as pessoas as-
res com suas melodias. sociam James Bond com Martini, não com Coca-Cola.
O sr. também pesquisou a eficácia da menção de produtos O sr. estudou a eficácia da polêmica publicidade sublimi-
em programas de televisão e em filmes. O que descobriu nar, partindo daquele mítico experimento da Coca-Cola
a esse respeito? Esse merchandising no momento em que nos anos 50, não foi? É bom caminho?
o consumidor presta atenção funciona mais que a publici- Esse experimento virou uma espécie de lenda urba-
dade convencional? na e eu falo dele em meu livro. O pesquisador James
É uma técnica que só dá resultado quando os produtos Vicary divulgou que pôs um projetor de slides em uma