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Cultura Documentos
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CONTABILIDADE E
INDICADORES DE
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RENTABILIDADE
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Contabilidade e
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indicadores de
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rentabilidade
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Piracicaba | Pecege
2020
© 2020 PECEGE
Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução desde que citada a
fonte.
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2.7
Organizadores
Carlos Shinoda
Daniela Flôres
Haroldo José Torres da Silva
Joze Aparecida Mariano Correa
Maria Cecília Perantoni Fuchs Ferraz
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Mariana Luzia Bettinardi
Revisão
Layane Rodrigues Vieira
Fernanda Latanze Mendes Rodrigues
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B715c
BONIZIO, RONI CLEBER.
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SÉRIE DIDÁTICA
ISBN 978-65-00-01839-4
CDD: 657
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Prefácio
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Prezado(a) aluno(a),
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Bons estudos!!
Equipe Pecege
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sobre o autor
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2.7
RONI CLEBER BONIZIO .40
Possui graduação em Ciências Contábeis pela Faculdade Economia Administração e Contabilidade
03
(1996), mestrado (2001) e doutorado (2005) em Controladoria e Contabilidade pela Faculdade Economia
Administração e Contabilidade. Atualmente é professor doutor da Universidade de São Paulo e professor
da Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia. Tem
a4
experiência na área de Controladoria, com ênfase em Informações contábeis para usuários internos.
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Sumário
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2.7
1. IntroduçÃo 9
2. Conceitos Fundamentais - Contabilidade 9
Contábeis
.40
3. Conceitos Fundamentais Demonstrações
11
03
4. Conceitos fundamentais – papel do lucro 16
a4
7. Indicadores de Desempenho 21
8. A Contabilidade e as Decisões
oO
22
Referências 33
R.C. Bonizio
1. Introdução
O material a seguir reproduz os principais conteúdos do curso contabilidade
e indicadores de rentabilidade, ministrado pelo Profº Dr. Roni Cleber Bonizio.
Nas videoaulas e nesta série acadêmica se encontram conceitos contábeis
e indicadores de rentabilidade fundamentais que subsidiam e qualificam os
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processos decisórios de agentes internos e externos a qualquer entidade. O
curso visa aprofundar a compreensão dos alunos quanto às informações
contábeis, ampliando sua capacidade de utilizá-las em decisões operacionais,
28
de investimento e de financiamento.
2.7
A ordem de apresentação dos conteúdos da apostila é fundamental-
mente a mesma do curso e dos slides. A utilização conjunta dos materiais
pode ser muito útil para sanar dúvidas, aprofundar a compreensão e melhor
fixar os conhecimentos.
.40
2. Conceitos Fundamentais -
03
Contabilidade
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A contabilidade pode
ser entendida como a
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terceira disciplina da
economia. Enquanto a
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macroeconomia se refere
aos agregados macroeco-
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nômicos e a microecono-
mia ao comportamento
e relacionamento entre
agentes econômicos indi-
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Contabilidade e indicadores de rentabilidade
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seus sócios. No caso de uma empresa, a contabilidade diferenciará e tratará separada-
mente o patrimônio da empresa e o patrimônio pessoal dos proprietários.
28
O que mostra a Figura 2? Fundamentalmente, que a contabilidade é a ten-
tativa de representação dos efeitos econômicos, financeiros e patrimoniais
2.7
ocorridos em uma organização durante um período.
.40
durante determinado período, no interior de uma organização. Entre eles de-
stacam-se: fluxos de mão de obra, maquinário, matérias-primas, energia e, até
mesmo, fluxos de recursos monetários. Existem unidades de medida que são
03
típicas para a mensuração de cada um destes fluxos: horas de mão de obra, horas
de maquinário, toneladas/quilos/metros de matéria-prima e quilowatts de energia.
a4
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R.C. Bonizio
3. Conceitos Fundamentais –
Demonstrações Contábeis
Como são organizadas e apresentadas as informações contábeis? Por meio
de demonstrações contábeis, elas nada mais são do que relatórios contábeis das
atividades da organização. Há uma diversidade de classes de demonstrações:
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Balanço Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demon-
stração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), Demonstração do Fluxo de Caixa
(DFC), entre outras. Cada tipo possui uma estrutura básica que é caracterizada
28
e que deve ser seguida independente do ramo de atividade.
2.7
Antes de adentrar na compreensão da estrutura dos balanços, destaque-
mos um ponto fundamental: O Balanço Patrimonial (BP), esta estrutura é
.40
a mais famosa e importante demonstração contábil, pode ser considerada,
metaforicamente, uma “foto” da organização. Isso significa dizer que ele rep-
resenta a organização em um momento no tempo, não durante um período.
03
A Figura 3 apresenta a estrutura básica do BP.
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Contabilidade e indicadores de rentabilidade
-21
produtos, é um ativo permanente e não é destinado a troca.
28
direitos, estes possuem saldo correspondente, que se trata do valor numérico
que é fruto de sua avaliação monetária. Naturalmente, no decorrer da atividade
2.7
da empresa os saldos vão se alterando: o recebimento de um valor que lhe era
devido leva o contador a dar baixa (reduzir o saldo) da conta valores a receber, o
aumento do estoque leva-o a dar alta (elevar o saldo) da conta estoques e assim
por diante.
.40
Em seu lado direito, passivo e patrimônio líquido (PL), são representadas todas
03
as obrigações contraídas e ainda não honradas pela organização. O passivo
nada mais é do que o conjunto de obrigações para com terceiros e PL é o con-
a4
parte de terceiros (passivo), em parte dos próprios sócios (PL), não havendo
outra origem possível que não uma destas. Assim:
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(1)
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(2)
empresa honre todas as suas obrigações para com terceiros, isto é, para com
funcionários, fornecedores, governo, bancos etc., em outras palavras, imag-
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inemos que honre todos os seus passivos. O valor dos ativos que restar após
todas essas operações são, naturalmente, de direito dos proprietários. Pode
parecer estranho, mas uma empresa deve também aos seus donos, afinal, estes
integralizaram capital e reinvestiram lucros. Diante disso, o termo patrimônio
líquido: trata-se simplesmente do patrimônio já líquido do conjunto de passivos
(obrigações para com terceiros) contraídos pela organização.
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R.C. Bonizio
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ter, pelo menos, dois BP’s. Assim saberemos que, por exemplo, os estoques au-
mentaram em determinado montante ou que as dívidas para com fornecedores
reduziriam em certo montante. Com um só BP, no entanto, tem-se apenas um
28
conjunto de informações quanto ao estado patrimonial da organização dado
momento no tempo, sendo um conjunto de saldos de contas (um determinado
2.7
valor em estoques, por exemplo, nada mais é do o saldo da conta estoques).
Tendo dois Balanços Patrimoniais poderíamos, ainda, nos perguntar como exata-
.40
mente a organização transitou de um estado de coisas para outro, de uma “foto” para
outra “foto”. Para responder tal pergunta existem demonstrações que representam
fluxos e que metaforicamente podem ser consideradas “filmes” da organização.
03
Demonstração Das Mutações Do Patrimônio Líquido (DMPL)
a4
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Contabilidade e indicadores de rentabilidade
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PL, estes três itens são os principais responsáveis por mutações do PL.
28
A DRE, por sua vez, mostra a receita obtida durante o ano deduzida dos
custos (Custo das Mercadorias vendidas (CMV)) e despesas incorridas no perío-
2.7
do, resultando no lucro líquido (resultado do período) auferido.
Neste caso, ambas as demonstrações, DMPL e DRE, se referem ao aspecto
econômico da organização, assim, vale lembrar que se trata de lucro (uma das
.40
variações patrimoniais). Outro aspecto a se considerar é o financeiro.
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R.C. Bonizio
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acumularam resultando em uma variação positiva de caixa em R$20,00.
28
reram? A DFC permite responder tais perguntas, uma vez que, os fluxos
de caixa são divididos em três grandes grupos: fluxos operacionais, de in-
2.7
vestimento e de financiamento. O somatório dos vários fluxos de caixa op-
eracionais resulta no fluxo de caixa das operações, o somatório dos fluxos de
investimento resulta no fluxo de caixa de investimentos e o somatório dos fluxos
.40
de financiamento resulta no fluxo de caixa de financiamentos. Somados estes três
fluxos teremos, sempre e necessariamente, a variação de caixa observada no
período, no nosso exemplo, R$20,00.
03
Dessa forma, trata-se de demonstrar exatamente o que saiu e o que en-
a4
Reflexões
liv
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Contabilidade e indicadores de rentabilidade
4. Conceitos fundamentais –
papel do lucro
Conforme já abordado, o lucro auferido pela empresa é uma importante
medida de seu desempenho. Mas afinal, por quê? Vejamos:
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As empresas, assim como as pessoas, estão inseridas em ambientes compet-
itivos e em permanente transformação. A permanente transformação do am-
biente é verificada especialmente nas dimensões econômica e social. No que
28
tange a dimensão econômica, destacam-se os desenvolvimentos tecnológicos,
os novos bens de consumo e as profissões que surgem e se extinguem. No que
2.7
tange a dimensão social, saltam aos olhos as modificações comportamentais e
psicológicas de geração para geração. Em tal ambiente, qual seria a missão de
uma organização? Basicamente, continuar e se perpetuar.
.40
Para cumprir tal missão é necessário que os proprietários e gestores de
uma organização tomem decisões, por exemplo, a decisão de manter seu
03
capital investido no negócio. Tal decisão é tomada em função da expectativa
de auferir um benefício, um resultado, um lucro. Diante disso, ao tomá-la, os
a4
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O lucro contábil subtraído do custo de oportunidade resulta no lucro
econômico. O lucro econômico nada mais é do que a diferença entre a
28
rentabilidade da aplicação do capital em determinada atividade (lucro con-
tábil) e a rentabilidade da melhor alternativa disponível (custo de opor-
2.7
tunidade). Um lucro econômico positivo ou igual a zero significa que a
continuidade do negócio é desejável, caso ele seja negativo, a continuidade
do negócio é indesejável.
.40
Em outras palavras: se o custo de oportunidade excede o lucro con-
tábil, gerando lucro econômico negativo, significa que existe uma alterna-
03
tiva de investimento mais rentável disponível sendo desperdiçada. O custo
de oportunidade é um custo implícito, ou seja, diferentemente dos demais
a4
custos, ele não implica saída de dinheiro do caixa. Quanto aos custos que
impliquem desembolso são chamados explícitos.
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Reflexões
ag
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Contabilidade e indicadores de rentabilidade
5. Conceitos Fundamentais –
Lucro vs. Caixa
Observe a sucessão de equações abaixo:
(4)
(5)
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(6)
28
ual à soma de passivo e patrimônio líquido (PL), então o PL é igual ao ativo
subtraído do passivo e patrimônio líquido (PL), sendo assim o PL é igual ao
2.7
ativo subtraído do passivo, o que por sua vez implica que a variação (∆) do
PL seja igual a variação do ativo subtraída da variação do passivo.
.40
Como é possível observar na Figura 7 na Demonstração das Mutações
do Patrimônio Líquido (DMPL) um dos itens que faz variar o PL é o lucro
(resultado do exercício). O lucro obtido em dado período depende de como
03
é realizada a avaliação do ativo, ou seja: a variação do PL, por ser sensível ao
valor do lucro, é sensível a maneira de avaliar o ativo.
a4
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R.C. Bonizio
-21
ma análise, nos informam do mesmo fato, em momentos distintos.
28
caixa, isto é, dinheiro é medido em dinheiro. Neste caso, não existe, em
se tratando de caixa, espaço para abordagens distintas que resultam va-
2.7
lores distintos. Para os outros itens do ativo, no entanto, os critérios e as
premissas utilizadas para representá-los em unidades monetárias fazem
variar seus valores. Dessa forma, ao modificar o valor do ativo, também
.40
se modifica o valor da variação do ativo e, por conseguinte, modifica-se
o valor do lucro. Por esta razão, o valor do lucro auferido num período
pode ser considerado subjetivo.
03
6. Conceitos Fundamentais –
a4
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Contabilidade e indicadores de rentabilidade
-21
Repare que a empresa representada no lado esquerdo da Figura 9 pos-
sui um capital investido de R$1000,00 (ela custa R$1000,00) e um valor
econômico de R$1300,00 (ela vale R$1300,00). Os R$300,00 de diferença en-
28
tre capital investido e valor econômico constituem precisamente a riqueza da
empresa. Estes R$1000,00 de capital investido se originam, evidentemente,
2.7
em parte de terceiros e em parte dos próprios sócios. Considerando que a
contribuição dos sócios foi de R$600,00, como mostra a figura, e a riqueza da
empresa é de R$300,00, como demonstrado anteriormente, o valor do capital
.40
investido pelos sócios nada mais é do que a soma da riqueza (que se deve aos
sócios) e do montante por eles investido: R$900,00.
03
Já a empresa representada no lado direito da Figura 9 possui um capital
investido muito inferior: meros R$200,00. No entanto, mesmo com um capital
a4
investido cinco vezes menor que o da primeira empresa, poderia a segunda ger-
ar mais riqueza? Sim. É exatamente isso que ocorre, a riqueza totaliza R$500,00
e seu valor, a soma de riqueza e capital investido, R$700,00. Neste caso, o valor
eir
20
R.C. Bonizio
-21
- valor de mercado agregado) é igual ao Economic Value Added (EVA®- valor
econômico agregado) dividido pelo Weight Average Capital Cost (WACC - cus-
to médio ponderado do capital).
28
(7)
2.7
Reflexões
7. Indicadores de Desempenho
liv
Assumindo que a empresa vise gerar valor (riqueza), cabe aprofundar o estudo
de como se alcança tal objetivo. Para iniciar tal reflexão observemos que o capital
oO
que a empresa possui, naturalmente, um custo, este capital, ao ser investido, possui
retorno. O segredo da geração de valor é simples: otimizar o retorno do capital e
minimizar seu custo, como verifica-se na Figura 10. Isto se faz por meio de de-
cisões de natureza operacional, de investimento e de financiamento.
ag
Ty
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Contabilidade e indicadores de rentabilidade
8. A Contabilidade e as Decisões
No balanço patrimonial encontramos, no lado esquerdo, o conjunto de
ativos da empresa (fundamentalmente bens e direitos por ela detidos) e, no
lado direito, o conjunto de passivos (fundamentalmente as obrigações assu-
midas pela empresa). Como mostra a Figura 11, os ativos refletem decisões
-21
operacionais e de investimento. Os passivos, por sua vez, refletem decisões
operacionais e de financiamento.
28
Quando uma empresa adquire matérias-primas e as estoca, por exemplo,
é uma decisão operacional que se reflete no ativo. Quando ela adquire novo
2.7
maquinário trata-se de uma decisão de investimento que se reflete no ativo.
Por sua vez, ao tomar recursos de terceiros, um empréstimo bancário, por
exemplo, ou financiar recursos dos sócios, a empresa incorre em decisões de
.40
financiamento. As obrigações para com terceiros se refletem na parte da fig-
ura intitulada passivos onerosos e aquelas para com os sócios na parte patrimônio
líquido.
03
No entanto, nem todas as obrigações assumidas pela empresa são decor-
a4
rentes deste tipo de decisão, em uma parcela, elas advêm de decisões ligadas
à própria operação, as quais são obrigações tributárias e obrigações salariais
para com os funcionários. Dessa forma, elas se refletem em contas do pas-
eir
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R.C. Bonizio
-21
Com base nisso, caso a empresa decida contratar o serviço de terceiros,
ela se compromete com a decisão operacional com reflexo no ativo operacional
e no passivo operacional. Mas, no caso de a decisão ter um caminhão próprio, a
28
empresa incorre de investimento com reflexo no ativo não operacional na parte
de imobilizados.
2.7
No caso de o caminhão ser adquirido com recursos de terceiros ou
até mesmo com recursos próprios, trata-se da decisão de financiamento
.40
(o caminhão é o mesmo). Ao adquirir o recurso de terceiros, o reflexo
da decisão é passivo oneroso e ao ser adquirido com recursos próprios o
reflexo ocorre no patrimônio. Tais diferenciações são relevantes, pois elas
03
permitem verificar o efeito de cada tipo de decisão na agregação de valor
realizada pela organização.
a4
operacional. Por outro lado, o capital possui custo decorrente dos juros sobre
o capital tomado de terceiros e do custo de oportunidade relativo ao capital dos
liv
23
Contabilidade e indicadores de rentabilidade
-21
sócios mais ricos. Neste caso, a empresa foi capaz de gerar riqueza para seus
proprietários. Uma vez que, a riqueza nada mais é do que o já citado Valor
Econômico Agregado (EVA®), assim: A riqueza nada mais é do que o já citado
28
Valor Econômico Agregado (EVA®). Assim:
2.7
(8)
.40
perspectiva seja de EVA® negativo, eles têm diante de si, mau negócio. Con-
forme observamos até este ponto, a dimensão econômica, (a anatomia do desempen-
ho), trata do lucro auferido pela empresa. O raciocínio a ser desenvolvido para
03
a dimensão financeira (para a anatomia do fôlego) se trata do caixa.
a4
caixa de financiamento.
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Na Figura 14 verifica-se que foi investido um capital de R$4000,00 sobre
o qual se auferiu um lucro de R$800,00. Ao longo de um período, um ano,
por exemplo, este capital foi gerido, ou seja, foram tomadas decisões op-
28
eracionais e de investimento quanto a sua aplicação resultando no lucro de
R$800,00 ao fim do período.
2.7
Verifica-se também que o capital foi financiado por terceiros no val-
or de R$1500,00, sobre este passivo oneroso incidiram juros no valor de
.40
R$150,00. Além disso, os sócios financiaram os R$2500,00 restantes do
capital, sobre este patrimônio líquido incidiu um custo de oportunidade no
valor de R$375,00. Dado que 375 + 150 = 525, temos que o custo total do
03
capital foi de R$525,00.
(9)
a4
(10)
25
Contabilidade e indicadores de rentabilidade
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28
Figura 15. Decomposição do lucro econômico para as diferentes decisões – indicadores
de desempenho
2.7
O capital de terceiros (passivos onerosos) no valor de R$1500,00 ao gerar
juros de R$150,00 no ano, apresentou um custo de 10% no ano. Daí o Custo
.40
do Capital de Terceiros (Ki) de 10%aa. Por fim, o capital dos sócios (patrimônio
líquido) no valor de R$2500,00, ao custar R$375,00 no ano, apresentou um custo
de oportunidade (Ke) de 15%aa.
03
O custo total do capital, ao totalizar R$525,00, representou 13,125% do capi-
a4
Dessa forma, o EVA® nada mais é do que o lucro econômico gerado ao lon-
go do ano. Um EVA® de R$275,00 significa que a empresa foi um bom negócio
nesse período, além disso, significa que a empresa deixou seus sócios mais ricos
em R$275,00. Afinal, sua rentabilidade foi capaz exceder o necessário para re-
ag
do custo total do capital (EVA®=0), ainda assim, a empresa teria cumprido seu
papel, sob o ponto de vista econômico. No entanto, no caso de o EVA® ser
negativo, implicaria em mau negócio.
26
R.C. Bonizio
ano). Mas qual é o valor da empresa? Para calculá-lo faz-se necessário projetar o
EVA® dos anos vindouros. Partindo da premissa (muito forte e evidentemente)
de que o EVA® obtido no último ano venha a se repetir perpetuamente, pode-se
obter o valor de mercado agregado (MVA) pela divisão do EVA® pelo WACC.
(11)
-21
O WACC opera, neste caso, como taxa de desconto de um hipotético fluxo
futuro perpétuo de EVA®´s. Assim, ao dividir o valor do EVA® pelo WACC,
28
o fluxo é trazido a valor presente, resultando no MVA. Fica a cargo do leitor a
tarefa simples de calcular o MVA da empresa do exemplo anterior.
2.7
A soma do MVA com o patrimônio da empresa (R$4000,00 no exemplo
anterior) resulta em seu valor atual. Isto significa que o valor da empresa de-
.40
pende não só do patrimônio presente (capital bruto investido), mas das futuras
perspectivas de geração de EVA®´s que, trazidos a valor presente, resultam no
MVA (riqueza gerada). A Figura 16 resume o conteúdo acima.
03
A seguir, a lista de fórmulas dos indicadores de desempenho utilizados:
a4
(12)
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(13
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(14)
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(15)
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27
Contabilidade e indicadores de rentabilidade
-21
Para calcular o Ke para cada setor da economia brasileira basta acessar o
link clicando no endereço eletrônico logo abaixo, Métricas de Valor e Ke – Custo do
28
Capital Próprio e aplicar o filtro.
2.7
http://institutoassaf.com.br/indicadores-e-demonstracoes-financeiras/met-
odologia-2000-a-2016/indicadores-de-desempenho-e-valor-de-balancos/
.40
Diante do exposto, observe que os valores são todos nominais. Para encon-
trar os custos de oportunidade reais, basta subtrair a inflação do ano correspondente
e para estimar o Ke do ano anterior (que ainda não está apresentado na tabela),
03
assim uma boa técnica é obter a média de todos os Ke´s anteriores.
a4
9. Indicadores de Atividade e
Ciclos Operacional e Financeiro
eir
contas ativas e passivas derivadas de tais decisões, faz-se necessário estudar o ciclo
operacional e o ciclo financeiro.
oO
28
R.C. Bonizio
Com base na figura, observa-se que o prazo médio de pagamento das com-
pras, intervalo médio entre a aquisição e o pagamento da matéria prima, é
de 20 dias. O prazo médio de estocagem, intervalo médio entre a compra da
matéria-prima e a venda do produto, é de 30 dias. O prazo médio de recebimento
de vendas, intervalo médio entre a venda do produto e o recebimento da ven-
da, é de 60 dias.
-21
Assim, temos um ciclo financeiro, período entre o pagamento da matéria-prima
e o recebimento pela venda do produto, sendo este um período de 70 dias, e um
28
ciclo operacional, período entre a compra da matéria-prima e o recebimento pela
venda do produto, sendo este de 90 dias.
2.7
Digamos que, em média, a empresa compre R$1000,00 em matéria-prima ao
dia, consequentemente, ela desembolsará durante os 70 dias do ciclo financeiro
aproximadamente R$70.000,00.
.40
1000 ×70=70.000 (16)
03
Estes R$70.000,00 refere-se ao capital de giro necessário para a manutenção
a4
29
Contabilidade e indicadores de rentabilidade
-21
giro. Por que fazê-lo? Ora, o aumento do capital de giro implica no aumento do
capital investido no negócio. Dessa forma, com maior capital investido para um
mesmo volume de receitas de vendas implica, necessariamente, em menor giro e,
28
mantida a margem, menor retorno. Para compreender isto retomemos a equação:
2.7
(17)
.40
Observando a equação é fácil perceber que o aumento do investimento (1) re-
duz o giro (2) e, por conseguinte, cai o ROI (retorno sobre o capital investido) (3):
03
(18)
a4
Estoques
Para calcular o prazo médio de estocagem é preciso, primeiramente, calcular
ag
o giro dos estoques. O giro dos estoques nada mais é que o indicador que nos
informa o número de vezes em que o estoque girou ao longo de determi-
Ty
nado período.
(19)
Para calcular o giro de um ano, basta dividir o Custo dos Produtos Vendidos
(CPV) do ano pelo estoque médio do mesmo ano. O CPV é o valor do estoque
30
R.C. Bonizio
-21
(20)
28
Cabe destacar que o giro dos estoques e o prazo médio de estocagem
podem também ser calculados para produtos específicos ou para classes
2.7
de produtos. Basta substituir o CPV geral e o estoque médio geral pelo
CPV e o estoque médio particular do produto ou da classe de produtos
de interesse.
(21)
liv
Para calcular o giro de um ano, basta dividir as receitas de venda do ano em:
oO
questão pelo valor médio de contas a receber do mesmo ano. As receitas de ven-
das podem ser obtidas na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e os
valores de contas a receber se encontram nos Balanços Patrimoniais (BP´s).
ag
Desse modo, para obter o prazo médio de cobrança do ano, basta dividir
o número de dias de um ano pelo giro das contas a receber:
Ty
(22)
Perceba que quanto maior o giro das contas a receber, menor será o tem-
po médio de recebimento pelas vendas (prazo médio de cobrança). Isto im-
plica menor necessidade de capital de giro para a empresa.
31
Contabilidade e indicadores de rentabilidade
-21
nado período.
(23)
28
Para calcular o giro de um ano divide-se o valor das compras do ano pelo
2.7
valor médio de fornecedores a pagar do mesmo ano. Para obter o valor em compras
basta subtrair do estoque final o estoque inicial (obtidos nos BP´s do início
e fim do ano) e adicionar ao resultado da subtração o CPV (obtido na DRE
do ano):
.40 (24)
03
Os valores de fornecedores a pagar encontram-se nos BP´s. O prazo mé-
dio de pagamento é obtido a partir da divisão do número de dias do ano pelo
a4
(25)
eir
se traçar o gráfico da Figura 17. Neste caso, tais prazos se alteram em função
das decisões operacionais e é fundamental monitorá-los sistematicamente
oO
32
R.C. Bonizio
Referências
Principal:
Assaf Neto, A. 2010. Finanças corporativas e valor. 5ed., Atlas, São Paulo, SP, Brasil.
Garrison, H.R.; Noreen, E.W.; Brewer, P.C. 2007. Contabilidade gerencial. LTC, Rio de
Janeiro, RJ, Brasil.
-21
Complementar:
Assaf Neto, A. 2014. Valuation: Métricas de Valor & Avaliação de Empresas. Atlas,
28
São Paulo, SP, Brasil.
Bonizio, R.C.; Martins, V.A; Gilioli, A. 2010-2011. Manual de Técnicas e Práticas
2.7
de Elaboração de Fluxo de Caixa para Pequenas e Médias Empresas e Sua
Interpretação. CRCSP, São Paulo, SP, Brasil.
Iudícibus, S. Martins, E.; Gelbcke, E.R.; Santos, A. 2010. Manual de Contabilidade
Societária. Atlas, São Paulo, SP, Brasil.
.40
Martins, E. 2000. Avaliação de Empresas: da Mensuração Contábil à Econômica. Caderno
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pecege.com
ISBN 978-65-00-01839-4
(19) 3377.0937
(19) 9 9948.4769
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