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SÉRIE ACADÊMICA

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CONTABILIDADE E
INDICADORES DE
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RENTABILIDADE
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RONI CLEBER BONIZIO


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RONI CLEBER BONIZIO

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Contabilidade e
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indicadores de
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rentabilidade
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Piracicaba | Pecege
2020
© 2020 PECEGE
Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução desde que citada a
fonte.

A responsabilidade pelos direitos autorais de texto e imagens desta obra


são dos autores.

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2.7
Organizadores
Carlos Shinoda
Daniela Flôres
Haroldo José Torres da Silva
Joze Aparecida Mariano Correa
Maria Cecília Perantoni Fuchs Ferraz
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Mariana Luzia Bettinardi

Projeto Gráfico e Editoração


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Edson Pereira da Mota


Marcos Valerio Saito
Juan Carlo Sotelo da Fonseca
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Revisão
Layane Rodrigues Vieira
Fernanda Latanze Mendes Rodrigues
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B715c
BONIZIO, RONI CLEBER.
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CONTABILIDADE E INDICADORES DE RENTABILIDADE. /


RONI CLEBER BONIZIO. - – PIRACICABA, SP : PECEGE EDITORA, 2020.
Ty

SÉRIE DIDÁTICA

ISBN 978-65-00-01839-4

1. ECONOMIA. 2. PATRIMÔNIO. 3. LUCRO. I. AUTOR II. TÍTULO. III. SÉRIE.

CDD: 657
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Prefácio
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Prezado(a) aluno(a),
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Esse material foi desenvolvido no intuito de auxiliá-lo com os


estudos nos cursos de MBA da USP/ESALQ, servindo como um
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referencial teórico básico e complementar às aulas oferecidas nos


cursos.
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Desejamos que esse material, de alguma forma, contribua para


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acrescentar novos conhecimentos, impulsionar o aprendizado e


aprimorar as competências que já possui.

Bons estudos!!

Equipe Pecege
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sobre o autor

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RONI CLEBER BONIZIO .40
Possui graduação em Ciências Contábeis pela Faculdade Economia Administração e Contabilidade
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(1996), mestrado (2001) e doutorado (2005) em Controladoria e Contabilidade pela Faculdade Economia
Administração e Contabilidade. Atualmente é professor doutor da Universidade de São Paulo e professor
da Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia. Tem
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experiência na área de Controladoria, com ênfase em Informações contábeis para usuários internos.
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Sumário

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2.7
1. IntroduçÃo 9

2. Conceitos Fundamentais - Contabilidade 9

Contábeis
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3. Conceitos Fundamentais Demonstrações
11
03
4. Conceitos fundamentais – papel do lucro 16
a4

5. Conceitos Fundamentais – Lucro vs. Caixa 18


eir

6. Conceitos Fundamentais – Patrimônio vs. Riqueza 19


liv

7. Indicadores de Desempenho 21

8. A Contabilidade e as Decisões
oO

22

9. Indicadores de Atividade e Ciclos Operacional e


Financeiro 28
ag

10. Indicadores de Atividade – Estoques 30


Ty

11. Indicadores de Atividade – Contas A Receber 31

12. Indicadores de Atividade – Fornecedores a Pagar 32

Referências 33
R.C. Bonizio

1. Introdução
O material a seguir reproduz os principais conteúdos do curso contabilidade
e indicadores de rentabilidade, ministrado pelo Profº Dr. Roni Cleber Bonizio.
Nas videoaulas e nesta série acadêmica se encontram conceitos contábeis
e indicadores de rentabilidade fundamentais que subsidiam e qualificam os

-21
processos decisórios de agentes internos e externos a qualquer entidade. O
curso visa aprofundar a compreensão dos alunos quanto às informações
contábeis, ampliando sua capacidade de utilizá-las em decisões operacionais,

28
de investimento e de financiamento.

2.7
A ordem de apresentação dos conteúdos da apostila é fundamental-
mente a mesma do curso e dos slides. A utilização conjunta dos materiais
pode ser muito útil para sanar dúvidas, aprofundar a compreensão e melhor
fixar os conhecimentos.
.40
2. Conceitos Fundamentais -
03
Contabilidade
a4

A contabilidade pode
ser entendida como a
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terceira disciplina da
economia. Enquanto a
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macroeconomia se refere
aos agregados macroeco-
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nômicos e a microecono-
mia ao comportamento
e relacionamento entre
agentes econômicos indi-
ag

viduais, a contabilidade constitui o que poderia chamar de “nano-economia”,


isto é, a ciência da economia interna à organização. Nela se estudam, por
Ty

meio de conceitos econômicos, processos internos às organizações e suas


consequências para as mesmas.

Tal estudo “nano-econômico” tem como objetivo gerar informações


(referentes a um período de atividade da organização) em três dimensões:
econômica, financeira e patrimonial.

9
Contabilidade e indicadores de rentabilidade

Por entidade entende-se qualquer agente econômico que demande produção de


demonstrações contábeis referentes às suas transações. Tanto pessoas físicas quanto
organizações de pessoas (famílias, ONGs, empresas, bancos etc.) constituem uma
entidade no momento em que têm suas atividades econômicas representadas por
meio de demonstrações contábeis. Na contabilidade vigora o princípio da entidade,
este princípio deve ser separado o patrimônio da entidade do patrimônio pessoal de

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seus sócios. No caso de uma empresa, a contabilidade diferenciará e tratará separada-
mente o patrimônio da empresa e o patrimônio pessoal dos proprietários.

28
O que mostra a Figura 2? Fundamentalmente, que a contabilidade é a ten-
tativa de representação dos efeitos econômicos, financeiros e patrimoniais

2.7
ocorridos em uma organização durante um período.

O círculo esquerdo representa o conjunto de fluxos físicos que ocorrem,

.40
durante determinado período, no interior de uma organização. Entre eles de-
stacam-se: fluxos de mão de obra, maquinário, matérias-primas, energia e, até
mesmo, fluxos de recursos monetários. Existem unidades de medida que são
03
típicas para a mensuração de cada um destes fluxos: horas de mão de obra, horas
de maquinário, toneladas/quilos/metros de matéria-prima e quilowatts de energia.
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Já o círculo direito representa cada um destes fluxos medidos em uni-


dades monetárias. As setas ligando recursos a cifrões representam parte do
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trabalho do contador: ela consiste precisamente em expressar, via grandezas


monetárias, os fluxos físicos de recursos empresariais.
liv

Em suma, a contabilidade nada mais é do que um instrumento de geração


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de informações “nano-econômicas” (nas dimensões econômica, financeira e


patrimonial) em que tudo é medido em termos monetários.
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Ty

Figura 2. Contabilidade: representação econômica do conjunto de eventos ocorridos em uma


organização, em um período

10
R.C. Bonizio

3. Conceitos Fundamentais –
Demonstrações Contábeis
Como são organizadas e apresentadas as informações contábeis? Por meio
de demonstrações contábeis, elas nada mais são do que relatórios contábeis das
atividades da organização. Há uma diversidade de classes de demonstrações:

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Balanço Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demon-
stração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), Demonstração do Fluxo de Caixa
(DFC), entre outras. Cada tipo possui uma estrutura básica que é caracterizada

28
e que deve ser seguida independente do ramo de atividade.

Balanço Patrimonial (BP)

2.7
Antes de adentrar na compreensão da estrutura dos balanços, destaque-
mos um ponto fundamental: O Balanço Patrimonial (BP), esta estrutura é

.40
a mais famosa e importante demonstração contábil, pode ser considerada,
metaforicamente, uma “foto” da organização. Isso significa dizer que ele rep-
resenta a organização em um momento no tempo, não durante um período.
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A Figura 3 apresenta a estrutura básica do BP.
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Figura 3. Estrutura básica do balanço patrimonial


ag

Em seu lado esquerdo, ativo, são representados todos os bens e direitos de


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propriedade da organização, em determinada data. Os ativos se dividem entre


realizáveis e não realizáveis.

Os realizáveis são aqueles mantidos com a intenção de serem trocados por


dinheiro, isto é, serem realizados. São exemplos de ativos, realizáveis os valores
a receber (direitos) e estoques de produtos e matérias-primas (bens). Eles se dividem

11
Contabilidade e indicadores de rentabilidade

entre realizáveis a curto prazo e realizáveis a longo prazo. Em contabilidade a curto


prazo refere-se, na maioria das vezes, ao período de um ano.

Já os não realizáveis, também conhecidos como permanentes, são os ativos


mantidos com a intenção de serem utilizados nas atividades empresariais. As-
sim, um caminhão de propriedade da empresa, utilizado para transportar seus

-21
produtos, é um ativo permanente e não é destinado a troca.

Diante de cada um dos itens listados referentes ao ativo, os diversos bens e

28
direitos, estes possuem saldo correspondente, que se trata do valor numérico
que é fruto de sua avaliação monetária. Naturalmente, no decorrer da atividade

2.7
da empresa os saldos vão se alterando: o recebimento de um valor que lhe era
devido leva o contador a dar baixa (reduzir o saldo) da conta valores a receber, o
aumento do estoque leva-o a dar alta (elevar o saldo) da conta estoques e assim
por diante.
.40
Em seu lado direito, passivo e patrimônio líquido (PL), são representadas todas
03
as obrigações contraídas e ainda não honradas pela organização. O passivo
nada mais é do que o conjunto de obrigações para com terceiros e PL é o con-
a4

junto de obrigações para com os próprios sócios. O valor do ativo é sempre e


necessariamente igual à soma de passivo e patrimônio líquido. Por quê? Pelo
simples fato de que todos os recursos aplicados no ativo se originaram em
eir

parte de terceiros (passivo), em parte dos próprios sócios (PL), não havendo
outra origem possível que não uma destas. Assim:
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(1)
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(2)

O que seriam as obrigações para com os sócios? Ora, imaginemos que a


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empresa honre todas as suas obrigações para com terceiros, isto é, para com
funcionários, fornecedores, governo, bancos etc., em outras palavras, imag-
Ty

inemos que honre todos os seus passivos. O valor dos ativos que restar após
todas essas operações são, naturalmente, de direito dos proprietários. Pode
parecer estranho, mas uma empresa deve também aos seus donos, afinal, estes
integralizaram capital e reinvestiram lucros. Diante disso, o termo patrimônio
líquido: trata-se simplesmente do patrimônio já líquido do conjunto de passivos
(obrigações para com terceiros) contraídos pela organização.

12
R.C. Bonizio

As contas do passivo representam obrigações exigíveis e as contas do PL


representa obrigações não exigíveis. Grosso modo, no lado esquerdo do BP fig-
ura tudo o que a empresa tem e no lado direito tudo o que a empresa deve em
determinada data.

Se quisermos saber um pouco do que ocorreu durante um período é preciso

-21
ter, pelo menos, dois BP’s. Assim saberemos que, por exemplo, os estoques au-
mentaram em determinado montante ou que as dívidas para com fornecedores
reduziriam em certo montante. Com um só BP, no entanto, tem-se apenas um

28
conjunto de informações quanto ao estado patrimonial da organização dado
momento no tempo, sendo um conjunto de saldos de contas (um determinado

2.7
valor em estoques, por exemplo, nada mais é do o saldo da conta estoques).

Tendo dois Balanços Patrimoniais poderíamos, ainda, nos perguntar como exata-

.40
mente a organização transitou de um estado de coisas para outro, de uma “foto” para
outra “foto”. Para responder tal pergunta existem demonstrações que representam
fluxos e que metaforicamente podem ser consideradas “filmes” da organização.
03
Demonstração Das Mutações Do Patrimônio Líquido (DMPL)
a4

A Figura 4 exemplifica os saldos (“fotos”) e fluxos (“filmes”) anteriormente


referidos, dessa forma, observe os BP’s de 31/12/X0 e 31/12/X1, estes são
“fotografias” do ativo, passivo e PL em cada uma das datas.
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liv
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Ty

Figura 4. Demonstrações contábeis: aspecto econômico

13
Contabilidade e indicadores de rentabilidade

A DMPL representa o processo de mutação do PL ao longo do ano, se trata


de um “filme” do PL e nela constam precisamente os fenômenos que alteram o
PL. Os aportes de capital são os recursos externos próprios que os sócios investem
na empresa. O resultado do exercício é o lucro líquido auferido no período, de di-
reito dos sócios e, consequentemente, uma dívida da empresa para com eles. A
distribuição de lucros é o pagamento de dividendos aos sócios, um valor redutor do

-21
PL, estes três itens são os principais responsáveis por mutações do PL.

Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)

28
A DRE, por sua vez, mostra a receita obtida durante o ano deduzida dos
custos (Custo das Mercadorias vendidas (CMV)) e despesas incorridas no perío-

2.7
do, resultando no lucro líquido (resultado do período) auferido.
Neste caso, ambas as demonstrações, DMPL e DRE, se referem ao aspecto
econômico da organização, assim, vale lembrar que se trata de lucro (uma das

.40
variações patrimoniais). Outro aspecto a se considerar é o financeiro.

Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC)


03
O aspecto financeiro refere-se a determinado saldo do ativo no BP, qual
seja, disponibilidades, constituído pelo caixa e equivalentes de caixa, apesar de dis-
a4

tintos, caixa e disponibilidades são frequentemente tomados como sinônimos.


A conta disponibilidades é o primeiro item do ativo, como se verifica na
Figura 5, as disponibilidades nada mais são do que os recursos financeiros,
eir

o dinheiro e a disposição da organização na data do balanço. Dessa forma,


incluem tanto o dinheiro em espécie (caixa), quanto os saldos em aplicações
liv

financeiras de liquidez imediata (equivalentes de caixa).


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Figura 5. Demonstrações contábeis: aspecto financeiro

14
R.C. Bonizio

Dessa forma, é de interesse do tomador de decisão optar pelo caixa que


está à disposição e como ele se comporta em um período, assim, tem-se a
necessidade da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC). Imaginemos que a em-
presa apresente em seus BP’s um saldo de caixa de R$100,00 no início do ano
e de R$120,00 ao final. Evidentemente, isto ocorreu em função das diversas
saídas e entradas de dinheiro (fluxos de caixa) ao longo de um ano que se

-21
acumularam resultando em uma variação positiva de caixa em R$20,00.

Quais foram exatamente essas saídas e entradas de caixa? Quando ocor-

28
reram? A DFC permite responder tais perguntas, uma vez que, os fluxos
de caixa são divididos em três grandes grupos: fluxos operacionais, de in-

2.7
vestimento e de financiamento. O somatório dos vários fluxos de caixa op-
eracionais resulta no fluxo de caixa das operações, o somatório dos fluxos de
investimento resulta no fluxo de caixa de investimentos e o somatório dos fluxos

.40
de financiamento resulta no fluxo de caixa de financiamentos. Somados estes três
fluxos teremos, sempre e necessariamente, a variação de caixa observada no
período, no nosso exemplo, R$20,00.
03
Dessa forma, trata-se de demonstrar exatamente o que saiu e o que en-
a4

trou em termos de caixa no período, agrupar estas saídas e entradas, e ao fim


atingir a variação explicitada nos BP´s. Neste contexto, o aspecto financeiro está
em jogo.
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Reflexões
liv

A leitura dos capítulos anteriores permite refletir e responder as


seguintes perguntas:
oO

• O que você entende como o princípio da entidade?


ag

• Quando a contabilidade informa o aspecto econômico de um


negócio, qual é o assunto em questão? Qual informação con-
Ty

tábil serve como referência para esse aspecto?

• Quando a contabilidade informa o aspecto financeiro de um


negócio, qual é o assunto em questão? Qual informação con-
tábil serve como referência para esse aspecto?

15
Contabilidade e indicadores de rentabilidade

4. Conceitos fundamentais –
papel do lucro
Conforme já abordado, o lucro auferido pela empresa é uma importante
medida de seu desempenho. Mas afinal, por quê? Vejamos:

-21
As empresas, assim como as pessoas, estão inseridas em ambientes compet-
itivos e em permanente transformação. A permanente transformação do am-
biente é verificada especialmente nas dimensões econômica e social. No que

28
tange a dimensão econômica, destacam-se os desenvolvimentos tecnológicos,
os novos bens de consumo e as profissões que surgem e se extinguem. No que

2.7
tange a dimensão social, saltam aos olhos as modificações comportamentais e
psicológicas de geração para geração. Em tal ambiente, qual seria a missão de
uma organização? Basicamente, continuar e se perpetuar.

.40
Para cumprir tal missão é necessário que os proprietários e gestores de
uma organização tomem decisões, por exemplo, a decisão de manter seu
03
capital investido no negócio. Tal decisão é tomada em função da expectativa
de auferir um benefício, um resultado, um lucro. Diante disso, ao tomá-la, os
a4

proprietários e gestores renunciam a aplicação alternativa do capital. Ora, se


abdicaram de outra aplicação, a qual traria resultado/lucro, pode-se consid-
erar que o custo da decisão de manter o capital aplicado foi, precisamente,
eir

o resultado que decorreria da aplicação alternativa. Mais precisamente, da


melhor aplicação alternativa disponível. Desse modo, tal custo é chamado custo de
liv

oportunidade, também conhecido como trade-off. Na Figura 6 encontra-se um


esquema do conteúdo apresentado.
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ag
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Figura 6. Decisão e custo de oportunidade

16
R.C. Bonizio

Diante do exposto, o custo de oportunidade se faz presente em toda


e qualquer decisão tomada, dentro ou fora do mundo dos negócios, inde-
pendente do tomador da decisão estar ou não consciente deste fato. Afi-
nal, para qualquer decisão que se tome existe uma decisão alternativa cujo
benefício não se aufere.
(3)

-21
O lucro contábil subtraído do custo de oportunidade resulta no lucro
econômico. O lucro econômico nada mais é do que a diferença entre a

28
rentabilidade da aplicação do capital em determinada atividade (lucro con-
tábil) e a rentabilidade da melhor alternativa disponível (custo de opor-

2.7
tunidade). Um lucro econômico positivo ou igual a zero significa que a
continuidade do negócio é desejável, caso ele seja negativo, a continuidade
do negócio é indesejável.

.40
Em outras palavras: se o custo de oportunidade excede o lucro con-
tábil, gerando lucro econômico negativo, significa que existe uma alterna-
03
tiva de investimento mais rentável disponível sendo desperdiçada. O custo
de oportunidade é um custo implícito, ou seja, diferentemente dos demais
a4

custos, ele não implica saída de dinheiro do caixa. Quanto aos custos que
impliquem desembolso são chamados explícitos.
eir

Por fim, cabe salientar que o custo de oportunidade está relacionado


a determinada atividade que é a função do risco da mesma, sendo assim,
liv

deve-se tomar como custo de oportunidade o retorno da melhor alternativa


de investimento que está disponível com o semelhante nível de risco.
oO

Reflexões
ag

A leitura do quarto capítulo permite refletir sobre as seguintes


perguntas e respondê-las:
Ty

• Quando pode dizer que um negócio é UM BOM NEGÓCIO?

• O que você entende por lucro contábil e lucro econômico?

• Explique o seu entendimento sobre custo de oportunidade.

17
Contabilidade e indicadores de rentabilidade

5. Conceitos Fundamentais –
Lucro vs. Caixa
Observe a sucessão de equações abaixo:
(4)
(5)

-21
(6)

As equações se tratam da sucessão de deduções. Ou seja, se o ativo é ig-

28
ual à soma de passivo e patrimônio líquido (PL), então o PL é igual ao ativo
subtraído do passivo e patrimônio líquido (PL), sendo assim o PL é igual ao

2.7
ativo subtraído do passivo, o que por sua vez implica que a variação (∆) do
PL seja igual a variação do ativo subtraída da variação do passivo.

.40
Como é possível observar na Figura 7 na Demonstração das Mutações
do Patrimônio Líquido (DMPL) um dos itens que faz variar o PL é o lucro
(resultado do exercício). O lucro obtido em dado período depende de como
03
é realizada a avaliação do ativo, ou seja: a variação do PL, por ser sensível ao
valor do lucro, é sensível a maneira de avaliar o ativo.
a4

O único item do ativo o qual é objetivamente avaliado se trata do caixa,


isto é, dinheiro é medido em dinheiro. Neste caso, não existe, em se tratando
eir

de caixa, espaço para abordagens distintas que resultam valores distintos.


Para os outros itens do ativo, no entanto, os critérios e as premissas utilizadas
liv

para representá-los em unidades monetárias fazem variar seus valores. Dessa


forma, ao modificar o valor do ativo, também se modifica o valor da variação
oO

do ativo e, por conseguinte, modifica-se o valor do lucro. Por esta razão, o


valor do lucro auferido num período pode ser considerado subjetivo.
ag
Ty

Figura 7. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

18
R.C. Bonizio

Assim, o caixa é um valor objetivo e o lucro é um valor subjetivo, estes dois


valores são sempre iguais, sendo a única diferença o tempo. Isto se deve ao
fato de o valor do lucro contábil ser composto de caixa presente, caixa pas-
sado e caixa futuro, ou seja, o lucro auferido em determinado período é em
parte formado por fluxos de caixa do mesmo período e em parte formado
por fluxos passados e futuros de caixa. Diante disso, o lucro e caixa, em últi-

-21
ma análise, nos informam do mesmo fato, em momentos distintos.

O único item do ativo o qual é objetivamente avaliado se trata do

28
caixa, isto é, dinheiro é medido em dinheiro. Neste caso, não existe, em
se tratando de caixa, espaço para abordagens distintas que resultam va-

2.7
lores distintos. Para os outros itens do ativo, no entanto, os critérios e as
premissas utilizadas para representá-los em unidades monetárias fazem
variar seus valores. Dessa forma, ao modificar o valor do ativo, também

.40
se modifica o valor da variação do ativo e, por conseguinte, modifica-se
o valor do lucro. Por esta razão, o valor do lucro auferido num período
pode ser considerado subjetivo.
03
6. Conceitos Fundamentais –
a4

Patrimônio vs. Riqueza


eir

A contabilidade tradicional se dedica, em grande proporção, a avaliação


patrimonial de empresas, no entanto, uma empresa não se resume ao patrimô-
liv

nio de que se dispõe. O patrimônio se diferencia da riqueza, embora sejam


frequentemente tomados como sinônimos. O patrimônio é uma soma de
oO

ativos passíveis de contabilização. Mas, e a riqueza? O que é? Como contabi-


lizar? A seguir responderemos essas questões por meio dos dados. Primeira-
mente, observe a Figura 8 e reflita sobre ela.
ag
Ty

Figura 8. Empresas com elevados valores de mercado

19
Contabilidade e indicadores de rentabilidade

As empresas Airbnb, Facebook, Netflix, Instagram e Uber são bem-suce-


didas e com elevados valores de mercado. Entretanto, o patrimônio por elas
detido é insignificante. O patrimônio por elas detido, no entanto, é insig-
nificante. Na sequência vejamos um exemplo hipotético o qual evidencia a
diferença entre riqueza e patrimônio:

-21
Repare que a empresa representada no lado esquerdo da Figura 9 pos-
sui um capital investido de R$1000,00 (ela custa R$1000,00) e um valor
econômico de R$1300,00 (ela vale R$1300,00). Os R$300,00 de diferença en-

28
tre capital investido e valor econômico constituem precisamente a riqueza da
empresa. Estes R$1000,00 de capital investido se originam, evidentemente,

2.7
em parte de terceiros e em parte dos próprios sócios. Considerando que a
contribuição dos sócios foi de R$600,00, como mostra a figura, e a riqueza da
empresa é de R$300,00, como demonstrado anteriormente, o valor do capital

.40
investido pelos sócios nada mais é do que a soma da riqueza (que se deve aos
sócios) e do montante por eles investido: R$900,00.
03
Já a empresa representada no lado direito da Figura 9 possui um capital
investido muito inferior: meros R$200,00. No entanto, mesmo com um capital
a4

investido cinco vezes menor que o da primeira empresa, poderia a segunda ger-
ar mais riqueza? Sim. É exatamente isso que ocorre, a riqueza totaliza R$500,00
e seu valor, a soma de riqueza e capital investido, R$700,00. Neste caso, o valor
eir

do capital investido pelos sócios totaliza R$600,00 o qual corresponde a soma


dos R$100,00 investidos pelos mesmos e da riqueza de R$500,00. Diante disso,
liv

percebe-se que um maior patrimônio bruto (capital total investido) e um maior


valor não implicam, necessariamente, em maior riqueza.
oO
ag
Ty

Figura 9. Riqueza e patrimônio

20
R.C. Bonizio

Assim, o que leva uma empresa a gerar riqueza? Inteligência, comporta-


mentos, ideias, inovações são fontes de riqueza. A empresa deve trabalhar
para gerar, com menos patrimônio, mais riqueza.

A fórmula matemática da geração de riqueza, que discutiremos nos


próximos capítulos, nos diz simplesmente que o Market Value Added (MVA

-21
- valor de mercado agregado) é igual ao Economic Value Added (EVA®- valor
econômico agregado) dividido pelo Weight Average Capital Cost (WACC - cus-
to médio ponderado do capital).

28
(7)

2.7
Reflexões

A leitura do sexto capítulo permite refletir sobre as seguintes


perguntas e respondê-las: .40
03
• O que leva um negócio a gerar riqueza?
• A contabilidade tradicional está focada no patrimônio ou na riqueza?
a4

• O que os negócios citados têm a nos ensinar?


eir

7. Indicadores de Desempenho
liv

Assumindo que a empresa vise gerar valor (riqueza), cabe aprofundar o estudo
de como se alcança tal objetivo. Para iniciar tal reflexão observemos que o capital
oO

que a empresa possui, naturalmente, um custo, este capital, ao ser investido, possui
retorno. O segredo da geração de valor é simples: otimizar o retorno do capital e
minimizar seu custo, como verifica-se na Figura 10. Isto se faz por meio de de-
cisões de natureza operacional, de investimento e de financiamento.
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Ty

Figura 10. Fluxo da geração de valor

21
Contabilidade e indicadores de rentabilidade

8. A Contabilidade e as Decisões
No balanço patrimonial encontramos, no lado esquerdo, o conjunto de
ativos da empresa (fundamentalmente bens e direitos por ela detidos) e, no
lado direito, o conjunto de passivos (fundamentalmente as obrigações assu-
midas pela empresa). Como mostra a Figura 11, os ativos refletem decisões

-21
operacionais e de investimento. Os passivos, por sua vez, refletem decisões
operacionais e de financiamento.

28
Quando uma empresa adquire matérias-primas e as estoca, por exemplo,
é uma decisão operacional que se reflete no ativo. Quando ela adquire novo

2.7
maquinário trata-se de uma decisão de investimento que se reflete no ativo.
Por sua vez, ao tomar recursos de terceiros, um empréstimo bancário, por
exemplo, ou financiar recursos dos sócios, a empresa incorre em decisões de

.40
financiamento. As obrigações para com terceiros se refletem na parte da fig-
ura intitulada passivos onerosos e aquelas para com os sócios na parte patrimônio
líquido.
03
No entanto, nem todas as obrigações assumidas pela empresa são decor-
a4

rentes deste tipo de decisão, em uma parcela, elas advêm de decisões ligadas
à própria operação, as quais são obrigações tributárias e obrigações salariais
para com os funcionários. Dessa forma, elas se refletem em contas do pas-
eir

sivo, intitulada como passivos operacionais.


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Figura 11. Decomposição das informações contábeis para as diferentes decisões

22
R.C. Bonizio

Para refletir sobre os diferentes tipos de decisão e seus efeitos no balanço


patrimonial, devemos imaginar, por exemplo, uma empresa de comércio de
livros que necessita transportar seu produto ao consumidor. Diante disso,
ela se depara com duas possibilidades para realizar tal operação: i) contratar
serviços terceirizados; ou ii) utilizar um caminhão próprio.

-21
Com base nisso, caso a empresa decida contratar o serviço de terceiros,
ela se compromete com a decisão operacional com reflexo no ativo operacional
e no passivo operacional. Mas, no caso de a decisão ter um caminhão próprio, a

28
empresa incorre de investimento com reflexo no ativo não operacional na parte
de imobilizados.

2.7
No caso de o caminhão ser adquirido com recursos de terceiros ou
até mesmo com recursos próprios, trata-se da decisão de financiamento

.40
(o caminhão é o mesmo). Ao adquirir o recurso de terceiros, o reflexo
da decisão é passivo oneroso e ao ser adquirido com recursos próprios o
reflexo ocorre no patrimônio. Tais diferenciações são relevantes, pois elas
03
permitem verificar o efeito de cada tipo de decisão na agregação de valor
realizada pela organização.
a4

Conforme é possível observar na Figura 12, o capital investido pela empre-


sa gera lucro decorrente de decisões operacionais e de investimento, o lucro
eir

operacional. Por outro lado, o capital possui custo decorrente dos juros sobre
o capital tomado de terceiros e do custo de oportunidade relativo ao capital dos
liv

sócios, estes dois custos somados resultam no custo total do capital.


oO
ag
Ty

Figura 12. Decomposição do lucro econômico para as diferentes decisões

23
Contabilidade e indicadores de rentabilidade

O lucro operacional pode ser inferior, igual ou superior ao custo total do


capital. Caso seja inferior trata-se do negócio que não remunerou adequada-
mente o capital nele investido. Para que a atividade da empresa seja consid-
erada bom negócio, basta que o lucro operacional se iguale ao custo do capital.
Se remunerar o capital (pagar os juros e o custo de oportunidade) e ainda
restar um excedente, pode-se dizer que o negócio que já era bom, deixou os

-21
sócios mais ricos. Neste caso, a empresa foi capaz de gerar riqueza para seus
proprietários. Uma vez que, a riqueza nada mais é do que o já citado Valor
Econômico Agregado (EVA®), assim: A riqueza nada mais é do que o já citado

28
Valor Econômico Agregado (EVA®). Assim:

2.7
(8)

Como vimos, os proprietários de uma empresa com perspectivas de gerar


EVA® de valor positivo ou zero tem diante de si, bom negócio. Mas, caso a

.40
perspectiva seja de EVA® negativo, eles têm diante de si, mau negócio. Con-
forme observamos até este ponto, a dimensão econômica, (a anatomia do desempen-
ho), trata do lucro auferido pela empresa. O raciocínio a ser desenvolvido para
03
a dimensão financeira (para a anatomia do fôlego) se trata do caixa.
a4

Como é possível verificar na Figura 13, as decisões operacionais e de


investimento produzem fluxos de caixa (entradas e saídas de dinheiro) das op-
erações e de investimento. Por sua vez, as decisões de financiamento geram
eir

juros para terceiros, dividendos para os sócios, entradas de recursos de em-


préstimos, aportes de capital dos sócios, que nada mais são do que fluxos de
liv

caixa de financiamento.
oO
ag
Ty

Figura 13. Decomposição do lucro econômico para as diferentes decisões

24
R.C. Bonizio

Enxergamos assim as anatomias do fôlego (função do caixa) e do desem-


penho (função do lucro). Além disso, vimos que as decisões operacionais, de
investimento e de financiamento impactam necessariamente no fôlego e de-
sempenho da empresa. Dessa forma, cabe exercitar matematicamente os con-
ceitos apreendidos até aqui.

-21
Na Figura 14 verifica-se que foi investido um capital de R$4000,00 sobre
o qual se auferiu um lucro de R$800,00. Ao longo de um período, um ano,
por exemplo, este capital foi gerido, ou seja, foram tomadas decisões op-

28
eracionais e de investimento quanto a sua aplicação resultando no lucro de
R$800,00 ao fim do período.

2.7
Verifica-se também que o capital foi financiado por terceiros no val-
or de R$1500,00, sobre este passivo oneroso incidiram juros no valor de

.40
R$150,00. Além disso, os sócios financiaram os R$2500,00 restantes do
capital, sobre este patrimônio líquido incidiu um custo de oportunidade no
valor de R$375,00. Dado que 375 + 150 = 525, temos que o custo total do
03
capital foi de R$525,00.
(9)
a4

(10)

Ao deduzir do lucro operacional de R$800,00 o custo total do capital de


eir

R$525,00 temos o Valor Econômico Agregado (EVA®) de R$275,00. Ao analis-


armos a mesma situação lançando mão de valores relativos, ou seja, os R$4000,00
liv

de capital investido ao longo do ano apresentaram uma rentabilidade de 20% no


ano (o lucro operacional de R$800,00 representa 20% dos R$4000,00). Daí o
oO

Retorno do Investimento (ROI) de 20%aa representado na Figura 15.


ag
Ty

Figura 14. Decomposição do lucro econômico para as diferentes decições, em $

25
Contabilidade e indicadores de rentabilidade

-21
28
Figura 15. Decomposição do lucro econômico para as diferentes decisões – indicadores
de desempenho

2.7
O capital de terceiros (passivos onerosos) no valor de R$1500,00 ao gerar
juros de R$150,00 no ano, apresentou um custo de 10% no ano. Daí o Custo

.40
do Capital de Terceiros (Ki) de 10%aa. Por fim, o capital dos sócios (patrimônio
líquido) no valor de R$2500,00, ao custar R$375,00 no ano, apresentou um custo
de oportunidade (Ke) de 15%aa.
03
O custo total do capital, ao totalizar R$525,00, representou 13,125% do capi-
a4

tal investido de R$4000,00, assim o Custo Médio Ponderado do Capital (WACC)


de 13,125%aa. Para calcular o EVA® basta obter a diferença entre o retorno do
investimento e o seu custo, e, em seguida, multiplicar tal valor pelo montante
eir

investido, ou seja, subtrai-se do ROI o WACC e multiplica-se a diferença pelo


Investimento. O resultado obtido na Figura 15 é, naturalmente, o mesmo que se
liv

obtém na Figura 14: R$275,00 de EVA®.


oO

Dessa forma, o EVA® nada mais é do que o lucro econômico gerado ao lon-
go do ano. Um EVA® de R$275,00 significa que a empresa foi um bom negócio
nesse período, além disso, significa que a empresa deixou seus sócios mais ricos
em R$275,00. Afinal, sua rentabilidade foi capaz exceder o necessário para re-
ag

munerar o custo do financiamento de terceiros (Ki) e do custo de financiamento


dos sócios (Ke). Caso o lucro gerado com a operação fosse exatamente o valor
Ty

do custo total do capital (EVA®=0), ainda assim, a empresa teria cumprido seu
papel, sob o ponto de vista econômico. No entanto, no caso de o EVA® ser
negativo, implicaria em mau negócio.

O cálculo do EVA® nos informa do passado e do valor econômico agregado


após determinado período de atividade (no exemplo anterior referente a um

26
R.C. Bonizio

ano). Mas qual é o valor da empresa? Para calculá-lo faz-se necessário projetar o
EVA® dos anos vindouros. Partindo da premissa (muito forte e evidentemente)
de que o EVA® obtido no último ano venha a se repetir perpetuamente, pode-se
obter o valor de mercado agregado (MVA) pela divisão do EVA® pelo WACC.

(11)

-21
O WACC opera, neste caso, como taxa de desconto de um hipotético fluxo
futuro perpétuo de EVA®´s. Assim, ao dividir o valor do EVA® pelo WACC,

28
o fluxo é trazido a valor presente, resultando no MVA. Fica a cargo do leitor a
tarefa simples de calcular o MVA da empresa do exemplo anterior.

2.7
A soma do MVA com o patrimônio da empresa (R$4000,00 no exemplo
anterior) resulta em seu valor atual. Isto significa que o valor da empresa de-

.40
pende não só do patrimônio presente (capital bruto investido), mas das futuras
perspectivas de geração de EVA®´s que, trazidos a valor presente, resultam no
MVA (riqueza gerada). A Figura 16 resume o conteúdo acima.
03
A seguir, a lista de fórmulas dos indicadores de desempenho utilizados:
a4

(12)
eir

(13
liv

(14)
oO

(15)
ag
Ty

Figura 16. Fluxo e estoque de riqueza

27
Contabilidade e indicadores de rentabilidade

A fórmula de cálculo do custo de oportunidade (Ke) é demasiadamente com-


plexa para ser reproduzida e compreendida nesta série acadêmica, ficando o alu-
no livre para pesquisar o tema por conta. Cabe destacar, no entanto, que o Ke
é a soma do retorno livre de risco e de um prêmio de risco associado ao negócio. Assim, o
custo de oportunidade tem uma relação direta com o risco associado a atividade
em questão.

-21
Para calcular o Ke para cada setor da economia brasileira basta acessar o
link clicando no endereço eletrônico logo abaixo, Métricas de Valor e Ke – Custo do

28
Capital Próprio e aplicar o filtro.

2.7
http://institutoassaf.com.br/indicadores-e-demonstracoes-financeiras/met-
odologia-2000-a-2016/indicadores-de-desempenho-e-valor-de-balancos/

.40
Diante do exposto, observe que os valores são todos nominais. Para encon-
trar os custos de oportunidade reais, basta subtrair a inflação do ano correspondente
e para estimar o Ke do ano anterior (que ainda não está apresentado na tabela),
03
assim uma boa técnica é obter a média de todos os Ke´s anteriores.
a4

9. Indicadores de Atividade e
Ciclos Operacional e Financeiro
eir

Para entender como se comportam, em função de decisões operacionais, as


liv

contas ativas e passivas derivadas de tais decisões, faz-se necessário estudar o ciclo
operacional e o ciclo financeiro.
oO

De acordo com a Figura 17 a linha do tempo possui quatro datas cruciais:


compra da matéria-prima (dia 0), pagamento da matéria-prima adquirida (dia 20),
venda do produto (dia 30) e recebimento pela venda do produto (dia 90).
ag
Ty

Figura 17. Representação do capital de giro medido em dias

28
R.C. Bonizio

Com base na figura, observa-se que o prazo médio de pagamento das com-
pras, intervalo médio entre a aquisição e o pagamento da matéria prima, é
de 20 dias. O prazo médio de estocagem, intervalo médio entre a compra da
matéria-prima e a venda do produto, é de 30 dias. O prazo médio de recebimento
de vendas, intervalo médio entre a venda do produto e o recebimento da ven-
da, é de 60 dias.

-21
Assim, temos um ciclo financeiro, período entre o pagamento da matéria-prima
e o recebimento pela venda do produto, sendo este um período de 70 dias, e um

28
ciclo operacional, período entre a compra da matéria-prima e o recebimento pela
venda do produto, sendo este de 90 dias.

2.7
Digamos que, em média, a empresa compre R$1000,00 em matéria-prima ao
dia, consequentemente, ela desembolsará durante os 70 dias do ciclo financeiro
aproximadamente R$70.000,00.


.40
1000 ×70=70.000 (16)
03

Estes R$70.000,00 refere-se ao capital de giro necessário para a manutenção
a4

do negócio. Assim, percebe-se que o volume de capital de giro necessário de-


pende tanto da extensão do ciclo financeiro, como do volume diário de atividade.
Quanto maior o ciclo financeiro, maior a necessidade de capital de giro, quanto
eir

maior o volume de atividade, idem.


liv

A importância de acompanhar os prazos médios de pagamento das compras, de


estocagem e de recebimento de vendas, ou seja, a variação destes prazos implica na
oO

variação da extensão do ciclo financeiro e, consequentemente, no volume necessário


de capital de giro. Assim, observamos os fenômenos capazes de aumentar o ciclo
financeiro (utilize a Figura 17 para verificar a veracidade das afirmações abaixo):
ag

• Aumento do prazo médio de recebimento de vendas


O aumento no prazo médio de recebimento (cobrança pelas vendas) aumen-
Ty

ta o ciclo operacional e, consequentemente, o ciclo financeiro. Eleva-se assim o


volume de capital de giro.

• Aumento do prazo médio e estocagem


O aumento do prazo médio de estocagem também aumenta o ciclo operacio-
nal e financeiro e, assim, o capital de giro demandado.

29
Contabilidade e indicadores de rentabilidade

• Aumento do prazo médio e estocagem


A diminuição do prazo médio de pagamento das compras não altera o
ciclo operacional, mas eleva o ciclo financeiro e o capital de giro necessário.

A atenção dos gestores aos prazos supracitados é fundamental para contra-


balancear tendências de dilatação do ciclo financeiro e o aumento do capital de

-21
giro. Por que fazê-lo? Ora, o aumento do capital de giro implica no aumento do
capital investido no negócio. Dessa forma, com maior capital investido para um
mesmo volume de receitas de vendas implica, necessariamente, em menor giro e,

28
mantida a margem, menor retorno. Para compreender isto retomemos a equação:

2.7
(17)

.40
Observando a equação é fácil perceber que o aumento do investimento (1) re-
duz o giro (2) e, por conseguinte, cai o ROI (retorno sobre o capital investido) (3):
03
(18)
a4

A lição é simples: a rentabilidade do negócio depende da margem e giro.


Neste caso, os gestores devem estar atentos a ambas as variáveis para maximiza-
eir

rem o retorno, pois frequentemente observa-se apenas a margem e ignora-se o


giro, um erro grave.
liv

10. Indicadores de Atividade –


oO

Estoques
Para calcular o prazo médio de estocagem é preciso, primeiramente, calcular
ag

o giro dos estoques. O giro dos estoques nada mais é que o indicador que nos
informa o número de vezes em que o estoque girou ao longo de determi-
Ty

nado período.

(19)

Para calcular o giro de um ano, basta dividir o Custo dos Produtos Vendidos
(CPV) do ano pelo estoque médio do mesmo ano. O CPV é o valor do estoque

30
R.C. Bonizio

baixado ao longo do ano e pode ser obtido na Demonstração do Resultado do


Exercício (DRE). Os valores de estoque são obtidos nos Balanços Patrimoniais
(BP´s).

Para obter o prazo médio de estocagem do ano, basta dividir o número de


dias do ano pelo valor obtido ao calcular o giro dos estoques:

-21
(20)

28
Cabe destacar que o giro dos estoques e o prazo médio de estocagem
podem também ser calculados para produtos específicos ou para classes

2.7
de produtos. Basta substituir o CPV geral e o estoque médio geral pelo
CPV e o estoque médio particular do produto ou da classe de produtos
de interesse.

11. Indicadores de Atividade – .40


Contas A Receber
03
a4

Para calcular o prazo médio de cobrança é preciso, primeiramente, calcular o


giro das contas a receber. O giro das contas a receber nos indica quantas vezes
giraram em determinado período as contas a receber.
eir

(21)
liv

Para calcular o giro de um ano, basta dividir as receitas de venda do ano em:
oO

questão pelo valor médio de contas a receber do mesmo ano. As receitas de ven-
das podem ser obtidas na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e os
valores de contas a receber se encontram nos Balanços Patrimoniais (BP´s).
ag

Desse modo, para obter o prazo médio de cobrança do ano, basta dividir
o número de dias de um ano pelo giro das contas a receber:
Ty

(22)

Perceba que quanto maior o giro das contas a receber, menor será o tem-
po médio de recebimento pelas vendas (prazo médio de cobrança). Isto im-
plica menor necessidade de capital de giro para a empresa.

31
Contabilidade e indicadores de rentabilidade

12. Indicadores de Atividade –


Fornecedores a Pagar
Para calcular o prazo médio de pagamento calcula-se, primeiramente, o giro
de fornecedores a pagar. O giro de fornecedores a pagar é o indicador que nos
informa quantas vezes a conta de fornecedores a pagar girou em determi-

-21
nado período.

(23)

28
Para calcular o giro de um ano divide-se o valor das compras do ano pelo

2.7
valor médio de fornecedores a pagar do mesmo ano. Para obter o valor em compras
basta subtrair do estoque final o estoque inicial (obtidos nos BP´s do início
e fim do ano) e adicionar ao resultado da subtração o CPV (obtido na DRE
do ano):
.40 (24)
03
Os valores de fornecedores a pagar encontram-se nos BP´s. O prazo mé-
dio de pagamento é obtido a partir da divisão do número de dias do ano pelo
a4

giro de fornecedores a pagar:

(25)
eir

Em posse dos prazos médios de estocagem, cobrança e pagamento pode-


liv

se traçar o gráfico da Figura 17. Neste caso, tais prazos se alteram em função
das decisões operacionais e é fundamental monitorá-los sistematicamente
oO

com vista a maximização do retorno.


ag
Ty

32
R.C. Bonizio

Referências
Principal:
Assaf Neto, A. 2010. Finanças corporativas e valor. 5ed., Atlas, São Paulo, SP, Brasil.
Garrison, H.R.; Noreen, E.W.; Brewer, P.C. 2007. Contabilidade gerencial. LTC, Rio de
Janeiro, RJ, Brasil.

-21
Complementar:
Assaf Neto, A. 2014. Valuation: Métricas de Valor & Avaliação de Empresas. Atlas,

28
São Paulo, SP, Brasil.
Bonizio, R.C.; Martins, V.A; Gilioli, A. 2010-2011. Manual de Técnicas e Práticas

2.7
de Elaboração de Fluxo de Caixa para Pequenas e Médias Empresas e Sua
Interpretação. CRCSP, São Paulo, SP, Brasil.
Iudícibus, S. Martins, E.; Gelbcke, E.R.; Santos, A. 2010. Manual de Contabilidade
Societária. Atlas, São Paulo, SP, Brasil.
.40
Martins, E. 2000. Avaliação de Empresas: da Mensuração Contábil à Econômica. Caderno
de Estudos, FIPECAFI, I3(24): 28 - 37.
03
Martins, E.; Diniz, J. A.; Miranda, G. J. 2012. Análise Avançada das Demonstrações
Contábeis: Uma abordagem Crítica. Atlas, São Paulo, SP, Brasil.
a4
eir
liv
oO
ag
Ty

33
-21
28
2.7
.40
03
a4
eir
liv
oO
ag
Ty

pecege.com
ISBN 978-65-00-01839-4

(19) 3377.0937
(19) 9 9948.4769

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