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GESTÃO ORÇAMENTÁRIA, ECONÔMICA E


FINANCEIRA E CONTABILIDADE GERENCIAL
Ministério da Cultura
Marta Suplicy

Secretaria de Economia Criativa


Marcos André Carvalho

Governo do Estado da Bahia


Jaques Wagner

Secretaria de Cultura do Estado da Bahia


Antonio Albino Canelas Rubim

Superintendência Promoção Cultural


Carlos Paiva

Diretoria de Economia da Cultura


2 Carmen Lúcia Castro Lima

Coordenadora Executiva do Escritório Bahia Criativa


Rita Clementina Pereira

Coordenador Técnico do Escritório Bahia Criativa


Daniel Carneiro

Elaboração
Talita Costa
José Mário Barreto Oliveira

Supervisão
Carmen Lima
Daniel Carneiro
Rita Clementina

Projeto Gráco e Editoração


Designer Márcio Medeiros

Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult/BA)

®Copyright 2014 – Todos os direitos reservados.

A distribuição total ou parcial deste conteúdo é permitida, desde que sejam citadas as fontes.
SUMÁRIO
ESCRITÓRIO BAHIA CRIATIVA 5

GESTÃO ORÇAMENTÁRIA, ECONÔMICA E FINANCEIRA

1. APRESENTAÇÃO 9

2. CONTEÚDO
2.1 ORÇAMENTO: CONCEITOS BÁSICOS, FASES;ELABORAÇÃO E CONTROLE 10
2.2 CONTROLE FINANCEIRO 13
2.2.1 Planejamento: abertura de conta corrente especíca, undo xo para
projetos 14
2.2.2 Fluxo de caixa, controle de gastos, controle de contas a pagar 15
3
2.2.3 Conciliação mensal e aplicações nanceiras 21
2.2.4 Relatório nanceiro e prestação de contas 22

3. ATIVIDADES 28
3.1. ATIVIDADE EM GRUPO 28

4. LEITURAS RECOMENDADAS 28

REFERÊNCIAS 28
CONTABILIDADE GERENCIAL

1 APRESENTAÇÃO 32

2 CONTEÚDO 33
2.1 NOÇÕES PRELIMINARES DE CONTABILIDADE,
CAMPO DE ATUAÇÃO E OBJETIVOS; 33
2.1.1 Objeto, nalidade e campo de atuação
2.1.2 Usuários da Contabilidade

2.2 COMPONENTES, PROCEDIMENTOS, VARIAÇÕES E APURAÇÕES; 33


2.2.1 A representação algébrica e gráca do patrimônio

4 2.3 APURAÇÃO DE RESULTADOS, PRÁTICAS E DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS; 37


2.3.1 Balanço Patrimonial

2.4 CONTABILIDADE APLICADA À EMPRESA E PROJETOS CRIATIVOS. 43

3. ATIVIDADE 48
3.1 SOBRE COMPONENTES PATRIMONIAIS 48
3.2 SOBRE BALANÇO 49
3.3 ESCRITURAÇÃO E DEMONSTRÁVEIS CONTÁBEIS. 50

4 LEITURAS RECOMENDADAS 51

REFERÊNCIAS 56
O ESCRITÓRIO BAHIA CRIATIVA
Provavelmente, você já percebeu que tem um ingrediente novo nas receitas de modelos de negócios.
Uma pesquisa rápida na internet e você talvez tenha descoberto diversos documentos ociais, relatórios,
pesquisas acadêmicas e redes empresariais que utilizam o conceito de economia criativa. Mas, anal, o
que é a economia criativa?

A capacidade de inventar, reinventar e empreender a partir das potencialidades do entorno são


reconhecidamente características do ser humano. Todavia, apenas a partir de meados dos anos 1990,
diversas instituições públicas e privadas passaram a dar destaque às atividades econômicas relacionadas
à criatividade como mola propulsora do desenvolvimento econômico, social e urbano. Embora ainda
não exista consenso no que tange às denições e conceitos do setor, em geral, são incluídas no escopo
das atividades criativas aquelas resultantes de “ato criativo gerador de um produto, bem ou serviço, cuja
5
dimensão simbólica é determinante do seu valor, resultando em produção e riqueza cultural, econômica
e social” (BRASIL,MINC, 2012).

O termo economia criativa é utilizado para denominar uma conceituação mais ampla do segmento
cultural com foco em sua dimensão econômica. A economia criativa são as atividades econômicas
relacionadas ao Patrimônio Cultural, às Expressões Culturais Tradicionais, às Artes Visuais, às Artes dos
Espetáculos; à Arte Digital; ao Audiovisual; aos Serviços Funcionais; e às Artes Editoriais, Publicações
e Mídias Impressas. Os segmentos criativos, assim, abrangem aqueles reconhecidamente “culturais”, em
suas diversas linguagens, e outros, que têm a criatividade e o valor cultural como elementos fundamentais,
a exemplo do design, arquitetura, publicidade e moda.

Para além do impacto econômico, outros indicadores apontam a força dos segmentos criativos no que
concerne à formação de redes urbanas que fomentam o desenvolvimento sócio-produtivo de forma
transversal. A dinâmica da economia criativa se realiza a partir de redes de colaboração e infuência. Na
denição de Jason Potts e outros (2008), tal economia está inserida nos “mercados de redes sociais”,
nos quais redes de interações de indivíduos atuam desde a produção até o consumo e infuenciam
decisivamente os resultados nais (POTTS et al., 2008, p. 169). Neste cenário, insere-se a tendência
mundial de elaborar políticas públicas estratégicas para potencializar o trabalho em rede e as vocações dos
segmentos criativos em cidades.
O Bahia Criativa é um escritório público de atendimento e suporte a prossionais e empreendedores
que atuam nos setores criativos na Bahia, por meio da oferta de informação, capacitação, consultorias e
assessorias técnicas, entre outros serviços voltados para a qualicação da gestão de projetos, produtos e
empreendimentos criativos.

Fruto de um convênio rmado entre o Ministério da Cultura e o Governo da Bahia, o equipamento


é gerido pela Secretaria de Cultura do Estado e tem como objetivo proporcionar qualicação ligada à
gestão de sustentabilidade econômica de atividades criativas e também contribuir para o desenvolvimento
de competências que auxiliem na geração de ocupação, renda e, assim, produzir riquezas culturais,
econômicas e sociais.

Equipe Bahia Criativa

6
GESTÃO ORÇAMENTÁRIA, ECONÔMICA E 7

FINANCEIRA
APRESENTAÇÃO
Caro Participante,

O orçamento é um dos instrumentos de planejamento mais ecazes de uma organização. Ele lhe permite
prever as situações de controle nanceiro que poderão ocorrer durante determinado período, ndo o
qual deverá ser eita uma análise das receitas e despesas eetivamente ocorridas para avaliar a eciência
administrativa no manuseio dos recursos nanceiros.
Este módulo Gestão Orçamentária, Econômica e Financeira se propõe a discutir temas referentes à
gestão de recursos nos projetos e empreendimentos criativos, tomando como base a legislação em vigor,
bem como, aspectos do dia a dia organizacional e do controle econômico e nanceiro realizado pelas
instituições. Trataremos de aspectos como: planejamento, execução e avaliação nanceira, elaborando
questões e análises referentes ao acompanhamento de orçamento e à prestação de contas. 9
A proposta é desenvolver uma espécie de manual que contém fundamentos e instrumentos básicos que
visam introduzir os passos de uma gestão prossional para projetos e empreendimentos criativos, com
base nas experiências acumuladas pelos gestores das áreas ans.
A gestão prossionalizada é um dos caminhos para a auto sustentabilidade política e nanceira, pois impõe
uma reavaliação estrutural dos processos de administração dos recursos disponíveis. Consideraremos,
ainda, como parte do tema, aspectos éticos, políticos e institucionais relevantes para construção de uma
sociedade mais justa, democrática e sustentável.
É um prazer tê-lo nesta formação e sinta-se convidado para aprender conteúdos e experimentar a
aplicação destes na sua área de atuação.

Equipe Bahia Criativa


2 CONTEÚDO

2.1 ORÇAMENTOS: CONCEITOS BÁSICOS, FASES; ELABORAÇÃO E CONTROLE

O orçamento é o instrumento de planejamento mais ecaz de uma organização. Ele lhe permite prever as
situações de controle nanceiro que poderão ocorrer durante determinado período, ndo o qual deverá
ser eita uma análise das receitas e despesas eetivamente ocorridas para avaliar a eciência administrativa
no manuseio dos recursos nanceiros.

Conceitos básicos

Como os empreendimentos culturais trabalham com projetos de ação especíca, desta orma, seus or-
10 çamentos são feitos por projetos. Entretanto, se houver mais de um projeto em desenvolvimento, seus
orçamentos devem, para ns de administração da organização, ser somados a m de que ela trabalhe com
um orçamento global. Seguem importantes conceitos a serem trabalhados:

 Receitas: são todos os valores que a organização recebe, seja de doações (de projetos ou volun-
tárias), seja de atividades próprias ou provenientes de juros ou de rendimentos sobre aplicações
nanceiras;

 Despesas: são todos os gastos de natureza passageira, que podem ser repetitivos ou não. Exem-
plo: salários, aluguel, serviços de terceiros.

 Investimentos: são gastos de natureza permanente, normalmente em bens necessários ao


funcionamento da organização. Exemplos: micro computador, um arquivo, casa, carro.

 Período nanceiro: corresponde ao período durante o qual são feitos os gastos previstos no
orçamento, ao nal do qual azemos uma avaliação para ver se gastamos mais ou menos do que
a previsão. Esse período é, normalmente, no Brasil, o ano civil: 1 de janeiro a 31 de dezembro.

 Orçamento global: é o conjunto de todos os orçamentos da organização. Em outras palavras,


são os orçamentos consolidados em um único relatório, permitindo uma visão do todo nan-
ceiro da instituição.

 Rubricas orçamentárias: são os termos aplicados para os itens que compõem o orçamento.
Exemplo: despesas com salários, encargos sociais.
Fases do orçamento

O orçamento passa por três fases fundamentais:

Elaboração Execução Controle


Fase inicial. Compreende a pre- É a fase em que ocorrem os gastos Fase do acompanhamento dos gas-
visão dos gastos em determinado previstos, com pagamentos à vista tos e das receitas recebidas, em que
período (anual, por exemplo) e das ou a prazo; as receitas são obtidas de o trabalho é analisar se os gastos
receitas a serem obtidas. acordo com as disponibilidades dos estão ocorrendo de acordo com a
doadores ou contribuintes. previsão, se há excessos ou não.
A fase de elaboração do orçamen-
to compreende preliminarmente:

— Denição dos tipos de gastos:


salários, encargos sociais, manu-
tenção, combustível, aquisição de
bens adequados às necessidades
dos projetos; 11
— Denição do período de abran-
gência do orçamento; este será o
período denido para sua execu-
ção;

— Estimativa dos valores monetá-


rios (em moeda corrente) dos gas-
tos denidos para o projeto;

— Estimativa das receitas a serem


recebidas no período para atender
aos gastos que serão efetuados.
Dicas para você! - Orçamento anual
1. Trabalhe sempre com estimativa mensal de gastos;

2. Controle os gastos com pessoal;

Multiplique por 13 (treze) para o total anual! Já inclui o 13º salário.


Acrescente ao total: 1/3 do salário mensal referente às férias;

3. Faça cotação de preços dos bens que deseja comprar;

4. Estime os gastos mensais com combustível, manutenção, serviços de


terceiros, viagens, outros; em seguida multiplique por 12 ( 1 ano);

5. Lembre-se, também, de incluir os 20% do INSS nos serviços de


terceiros.

Controle do orçamento

12 Neste ponto, trataremos do controle do orçamento, fase que somente ocorre após a realização dos pri-
meiros gastos. Como dissemos, o controle é o acompanhamento rigoroso dos gastos que se vão reali-
zando. Assim, mensalmente, devemos vericar como estão os gastos ocorridos em relação ao previsto.

Por que é importante esse controle? Eis algumas razões:

• Vericar a disponibilidade de recursos para as rubricas orçamentárias;

• Evitar excessos de gastos em relação ao previsto;

• Permitir analisar as necessidades do projeto, fazendo remanejamento de recursos entre

rubricas orçamentárias;

• Prover os gestores de dados para fazer previsões mais acuradas de gastos dos projetos dos períodos
seguintes.
2.2. CONTROLE FINANCEIRO

Introdução

Uma estrutura nanceira tem períodos programados de entradas, todavia dependem de relatório de pres-
tações de contas do desembolso anterior e balanços, que deve registrar com clareza os gastos e as sobras
de recursos, se houver.

Isso exige das organizações um contínuo apereiçoamento do processo de administração de suas nan-
ças, ora planejando os momentos dos gastos, ora aplicando nas alternativas de investimentos disponíveis
no mercado e, principalmente, exercendo controle e acompanhamento rígido das despesas a serem reali-
zadas no período compreendido entre um desembolso e outro.

Um processo simplicado para administração das nanças de um empreendimento ou projeto criativo


compreende, basicamente, os seguintes passos:

• Abertura de conta corrente bancária especíca para cada agência de cooperação; 13


• Fundo xo de caixa para pequenos gastos;

• Fluxo de caixa mensal;

• Controle de gastos com viagens;

• Controle das contas a pagar;

• Conciliação mensal dos saldos das contas bancárias;

• Controle de empréstimos entre projetos;

• Escrituração contábil;

• Balanço;

• Relatórios nanceiros às agências de cooperação;


2.2.1 Planejamento: abertura de conta corrente especíca, undo xo para projetos

Abertura de conta corrente especíca para cada agência de cooperação:

Para exercer um controle mais eetivo do fuxo de valores, recomenda-se uma conta corrente especíca
para cada agência cooperadora:

Nome da organização — Número da conta corrente

Exemplo: Centro de Educação Popular — C/C 90001-O

Assim, as aplicações nanceiras eetuadas com esses recursos também serão demonstradas em extratos
de contas especícos para o Centro de Educação Popular.

Dessa orma, os controles das receitas nanceiras, das despesas nanceiras e das despesas bancárias (tari-
fas de talões de cheques, extratos de contas, outros) serão feitos nos próprios extratos de contas.

14 É necessário que mensalmente sejam solicitados do banco os extratos de contas correntes e aplicações
nanceiras que compreendam a movimentação de todo o mês, do primeiro ao ultimo dia útil, de modo a
acilitar o trabalho da contabilidade e o controle das prestações de contas (relatórios nanceiros).

Fundo xo de caixa para pequenos gastos

O undo xo é uma das ormas de controle do dinheiro em caixa, mas dirigido exclusivamente aos pe-
quenos gastos e para evitar emissão desnecessária de cheques de pequeno valor.

O valor destinado ao undo xo servirá para utilização em pequenos gastos, como condução urbana,
correios e telégraos, cópias e autenticações, reconhecimentos de rma em cartório, pequenas compras,
lanches, outros.

Para sua implantação, deve-se determinar uma quantia xa que cará sob a responsabilidade de uma pes-
soa, que prestará contas ao nal do período determinado, que pode ser de uma ou duas semanas.

A prestação de contas deve ser feita periodicamente utilizando-se algum modelo de formulário. Para o
nosso trabalho, utilizamos um modelo que denominamos Boletim de Fundo Fixo (BFF). O BFF deve ser
completamente preenchido e assinado pelo responsável, com a anexação de todos os comprovantes de
despesas, e analisado, rubricado, pelo administrador principal da organização.

A recomposição do undo xo é eita mediante emissão de um cheque no montante das despesas cons-
tantes do BFF, nominal ao responsável pelo seu controle, e a cópia do cheque, juntamente com boletim
e comprovantes de despesas, serão encaminhados à contabilidade para registro.

O BFF é elaborado pelo responsável pelo controle dos gastos, que deverá relacioná-los analiticamente
no formulário.

2.2.2 Fluxo de caixa, Controle de gastos, Controle de contas a pagar

Fluxo de caixa mensal

Em razão da falta de recursos e, especialmente, da dependência de repasses de terceiros, é extremamente


necessário que os valores disponíveis sejam bem administrados. Além de refetir a organização interna,
isso evita os transtornos indesejáveis da falta de recursos para pagamentos de despesas nos períodos que
antecedem os desembolsos seguintes.
15
Fluxo de caixa quer dizer entradas e saídas (recebimentos e pagamentos) de dinheiro em um determinado
período: saldos disponíveis + entradas (receitas) - saídas (despesas), organizadas sistematicamente dia a
dia, de maneira a demonstrar os valores disponíveis diariamente. Assim, é possível controlar as despesas
e avaliar melhor as aplicações das sobras de recursos.

Apresentamos a seguir, dados para a elaboração de um fuxo de caixa, bem como sugerimos um ormu-
lário e as técnicas de seu preenchimento.

Dados para o fuxo de caixa para o mês de evereiro de 2014

Situações iniciais:
Saldos em bancos
Conta corrente R$ 530,00
Fundo de aplicações nanceiras (FAF) R$ 2.100,00
Aplicações em CDB/RDB R$ 6.500,00

(vencimento: 20/2) — valor de resgate

Gastos para o período:


• Semana de 6 a 10/2/2014
Pintura do prédio R$ 600,00
Aluguel R$ 400,00
Serviços de terceiros R$ 250,00

Despesas de água e luz R$ 85,00


Adiantamento para viagem R$ 300,00
Outros gastos R$ 100,00
Despesas bancárias R$ 10,00
Total R$ 1.745,00
• Semana de 13 a 17/2/2014
Fundo xo R$ 100,00
Material gráco R$ 250,00
Serviços de terceiros R$ 400,00
Pagamento de passagens R$ 420,00
Recolhimento de impostos

ou encargos sociais R$ 56,00


Despesa de telefone (previsão) R$ 75,00
Despesas bancárias R$ 4,00
16 Total R$ 1.305,00
• Semana de 20 a 24/2/2014
Salários R$ 2.100,00
Serviços de terceiros R$ 630,00
Contrato de manutenção de computador R$ 180,00
Pagamento de fatura R$ 360,00
Outros gastos R$ 100,00
Total R$ 3.370,00

Inormações complementares:

• Pretende-se comprar uma TV no valor de R$ 460,00no dia 15/2/2014;

• No dia 23/2/2014, a agência de cooperação ABC depositará a segunda parcela do projeto XYZ, no
valor de R$ 7.500,00.

Procedimentos para elaboração do fuxo de caixa:

• Separar os gastos por períodos (sugerimos semanalmente);

• Fazer levantamento dos recursos totais, disponíveis e indisponíveis para todo o período do

fuxo;
• Relacionar as possíveis receitas a serem aueridas no período: doações, rendimentos nanceiros, outros;

• Em seguida, vericar o total de recursos com que poderá contar em cada semana para cumprir os com-
promissos nanceiros;

• Relacionar, minuciosamente, todos os compromissos a pagar, por data de pagamento, separando-os e


somando-os por semana; quando não tiver conhecimento do valor da despesa, fazer estimativas, mas não
deixar de incluí-las;

• Subtrair o total dos recursos disponíveis das despesas a pagar, por semana, para vericar a sobra de
recursos para a semana seguinte, até completar o período total do fuxo de caixa.

FLUXO DE CAIXA

Período: 6 a 24/2/2014
Movimentação Semana Semana Semana Semana 17
6 a 10/2/2014 13 a 17/2/2014 20 a 24/2/2014 27 a 3/3/2014

1. Recursos Disponíveis

 Caixa 100,00 100,00 100,00 100,00

 Conta/corrente 430,00 90,00 (261,00) 6.400,00 3.219,00

 Aplicações 2.100,00 780,00 6.239,00 7.500,00

Total 1 2.630,00 970,00 10.819,00

- - -

2. Recebimentos 85,00 74,00 350,00

 Doações - - -

 R. nanceiro 85,00 74,00 350,00

 Outros

Total 2
3. Total disponível

(1+2) 2.715,00 1.044,00 6.589,00


4. Despesas

 Aluguel 400,00 - -

 Água e luz 85,00 - -

 Telefone - 75,00 -

 Passagens - 420,00 -

 Adiantamentos 300,00 - -

 Serviços terceiros

 Contratos 850,00* 650,00** 630,00

 Títulos - - 180,00

 Salários - - 360,00

 Encargos sociais - - 2.100,00


18  Impostos - 56,00 -

 Outros gastos - - -

 Bancárias

Total 3 100,00 100,00 100,00

10,00 4,00 -

1.745,00 1.305,00 3.370,00


5. Saldos nais disponíveis

 Caixa

 C/corrente - - -

 Ap. nanceiras 90,00 (261,00) 3.219,00

Total (3-4) 880,00 - 7.500,00

970,00 (261,00) 10.719,00


6. Rec. não-disponíveis -

 Aplicações CDB - 6.500,00 6.500,00

— 30 dias

7. Recursos totais

(5+6) 7.470,00 6.239,00 10.719,00

Observações:

1. No item “Recursos não-disponíveis”, devem ser registrados os valores em aplicações nanceiras res-
gatáveis a prazo xo e outros valores que, mesmo sendo da organização, não possam ser utilizados no
período do fuxo de caixa;

2. O item 6, “Recursos não-disponíveis”, deve ser transerido para o item 2, à medida que or sendo li-
berado para utilização. 19
* Assessoria + Pintura do prédio = R$ 250,00 + R$ 600,00

* * Assessoria + Material gráco = R$ 400,00 + R$ 250,00

Podemos observar que a previsão de comprar uma TV em 15/2 terá de ser revista, pois, nessa semana, o
saldo bancário estará negativo em R$ 261,00. A organização possui recursos (R$ 6.500,00), todavia não
disponíveis nessa data.

Controle das contas a pagar

Contas a pagar são todas aquelas decorrentes de contratos rmados, compras aturadas, encargos sociais
sobre folha de pagamentos, impostos retidos na fonte, outros.

O controle das contas a pagar deve ser bastante rígido, de modo a evitar pagamentos após a data de
vencimento e, com isso, o pagamento desnecessário de juros e multa, ou ainda, dependendo do caso, o
protesto ou ajuizamento do título vencido.

Convém lembrar que os pagamentos de juros e multa são sempre recursos desnecessariamente utilizados
e que reduzem a previsão feita no orçamento e, consequentemente, mínguam os poucos recursos desti-
nados aos projetos sociais.
Para controle das contas a pagar, recomenda-se a adoção das seguintes medidas:

• Elaborar um calendário com as datas de vencimentos das obrigações rotineiras, exemplicadas a


seguir, e axá-lo em local visível:

Data Data
Contas a pagar Valor
de vencimento de pagamento
Aluguel do prédio R$ 800,00 15/2/2014 15/2/2014

Aluguel do telefone R$ 100,00 16/2/2014 16/2/2014

Conta telefônica R$ 120,00 28/2/2014 2/3/2014

20 Conta de luz e água R$ 200,00 28/2/2014 28/2/2014

Contratos de manu- R$ 250,00 28/2/2014 28/2/2014


tenção de máquinas e
equip.
Folha de pagamento R $1.050,00 28/2/2014 5/3/2014
INSS R$ 423,00 2/3/2014 6/3/2014

Observação: o atraso do pagamento gera despesas e juros que oneram o orçamento das atividades sociais.

DICAS • Manter uma pasta especial, de preferência sanfonada, com os documentos (fatura,
duplicatas, contas diversas, outros.) arquivados por ordem de vencimentos;

• Consultar diariamente o calendário e examinar as obrigações para o dia seguinte.


Caso haja alguma conta vencendo, preparar a cópia de cheque e retirar o documento
para encaminhá-lo ao banco para pagamento;

• Manter a pasta com os documentos (contas a pagar) em local seguro, de modo a


evitar perda ou extravio de documentos.
2.2.3 Conciliação mensal e aplicações nanceiras

Conciliação mensal dos saldos das contas bancárias:

Contas correntes

Mensalmente, pelo menos, é necessário azer uma vericação dos cheques emitidos, depósitos realizados,
débitos e créditos eetuados pelo banco, para conrmação do saldo bancário constante do extrato de
contas. O saldo resultante dessa confrontação deve ser comparado ao saldo controlado internamente pela
contabilidade da organização.

O procedimento para execução dessa tarefa, que a contabilidade denomina “conciliação bancária”, é o
seguinte:

• Toma-se o extrato de contas do mês anterior completo (contas correntes) e os canhotos do talão de
cheques; 21

• Verica-se se todos os cheques emitidos, conorme canhotos, constam do extrato de contas, anotando
em uma folha de papel os cheques emitidos e ainda não sacados;

• Verica-se se algum depósito eetuado não oi lançado pelo banco, principalmente no nal do mês,
anotando-se em uma folha de papel, caso tenha ocorrido;

• Toma-se a posição de conta corrente do seu controle interno (contabilidade) e procede-se à análise dos
lançamentos efetuados pelo banco e ainda não registrados pela contabilidade da organização, anotando à
parte (exemplo: tarifas de talão de cheques, extrato bancário e impostos, outros);

• Verica-se se todos os cheques emitidos e depósitos eetuados oram devidamente registrados pela
contabilidade, anotando os lançamentos não feitos;

• Após todas essas providências, utiliza-se um formulário próprio para conciliação de contas.

Aplicações nanceiras

Tal como as contas correntes, mensalmente, pelo menos, deve-se azer uma vericação dos saldos apre-
sentados nos extratos bancários de aplicações nanceiras e do controle interno contábil.
Os passos a serem seguidos para execução dessa tarefa são os seguintes:

• Toma-se o extrato de aplicações nanceiras (FAF, Fundo Ouro, outros) do mês anterior completo,
fornecido pelo banco;

• Verica-se se algum valor de aplicação eetuada no mês não consta do extrato emitido pelo banco;

• Anota-se em uma olha de papel o montante dos rendimentos nanceiros (correção monetária mais
juros) creditados pelo banco durante o mês, conforme extrato;

• Anota-se, à parte, o valor das despesas bancárias de aplicações nanceiras, imposto de renda, IOF ,
outros, separadamente;

• Toma-se a posição do controle interno contábil de aplicações nanceiras e procede-se ao registro con-
forme item anterior:

— dos rendimentos nanceiros;


22
— das despesas nanceiras;

— do imposto de renda;

— do IOF;

• Em seguida, confronta-se o saldo apresentado pelo banco com o saldo do controle contábil interno
(após lançamento do item anterior): os respectivos saldos deverão ser idênticos, caso contrário, deverá ser
feita análise minuciosa do motivo da divergência e corrigida imediatamente.

2.2.4 Relatório Financeiro e Prestação de Contas

Relatório nanceiro

O relatório nanceiro é a orma pela qual se demonstram os recursos obtidos e sua aplicação, com base
em documentação autêntica e válida para a situação.

A preparação para o relatório nanceiro exige dos gestores algumas precauções preliminares, exempli-
cadas a seguir:
• Controle dos recursos recebidos:

— Por meio de depósitos em conta corrente especíca;

— Aplicações nanceiras independentes;

— Arquivo especíco dos documentos de desembolsos;

—Acompanhamento periódico da posição nanceira dos recursos.

• Controle dos gastos efetuados:

— Arquivamento especíco da documentação de despesas: notas, recibos, duplicatas, vales

devidamente carimbada com a informação “liquidado”;

— Controle dos adiantamentos efetuados: de salários e para viagens;

— Transferência de recursos entre projetos; 23


— Levantamento e análise das despesas bancárias: tarifas de talões de cheques, extratos de contas e ou-
tros débitos;

— Levantamento e análise das despesas com impostos e outras incidentes sobre as aplicações nanceiras
bancárias;

— Identicação de bem patrimonial adquirido.

A prestação de contas se inicia, de fato, a partir do momento em que se recebe os recursos, pois aí começa
a necessidade de organização dos controles especícos, e o mais importante: a manutenção permanente
desses controles organizados.

A conciliação mensal dos saldos da conta corrente e de aplicações nanceiras é undamental para o
acompanhamento da posição nanceira de recursos e também muito útil para a elaboração do relatório
nanceiro, pois grande parte do trabalho já terá sido eita. Melhor ainda, não haverá erros e dierenças a
serem localizados.

Passos para o relatório nanceiro

Relatório nanceiro deve, inicialmente, ser elaborado em orma de rascunho, para o qual sugerimos os
seguintes passos:

• Tomar os documentos de desembolsos de recursos, somar os valores em moeda nacional e em moeda


estrangeira (dólares, por exemplo);

• Tomar os extratos de contas bancárias e:

- somar os rendimentos nanceiros pelo valor bruto;

- somar as despesas nanceiras das aplicações: IOF, IR e outras;

- somar as despesas bancárias: extratos de contas, talões de cheques e outros;

• Organizar os documentos de despesas, separando-os de acordo com as rubricas do orçamento aprova-


do no projeto que estão sendo prestadas contas, e, em seguida, somá-los por cada rubrica orçamentária;

• Tomar o saldo nanceiro (caixa e banco) do relatório nanceiro do período anterior e anotá-lo na olha
24 de rascunho;

• Com base nos documentos de desembolso de recursos, somar o montante recebido; o valor encontrado
deverá ser confrontado com os controles contábeis;

• Quando se tratar de relatório nanceiro para agência de cooperação internacional, e esta exigir a presta-
ção de contas em moeda estrangeira (por exemplo, o dólar), efetuar cálculos pela taxa média de câmbio.
Resumo do processo de elaboração do relatório nanceiro

Apresentamos a seguir um fuxograma dos recursos dentro da organização, do ponto de vista da elabo-
ração do relatório nanceiro para prestação de contas periódica.
Figura 1: Exemplo de Fluxograma de Recursos de Organização.

25

Fonte: ABONG, AFINCO,2012


O processo de fuxograma unciona da seguinte orma:

• O dinheiro é depositado, primeiro, na conta bancária do projeto;

• Com base num fuxo de caixas, a organização deve avaliar quanto poderá deixar em aplicações
nanceiras e durante quanto tempo;

• Os recursos aplicados voltarão, periodicamente, para a conta corrente do projeto por meio dos
resgates;

• As despesas serão realizadas mediante a emissão de cheques da conta corrente do projeto;

• As pequenas despesas de undo xo serão somadas às outras de acordo com a rubrica orça-
mentária;

• Deverão ser tomados os valores dos rendimentos nanceiros e das despesas bancárias por meio
dos extratos de contas;
26
• Somar todas as despesas por rubrica orçamentária.

Se a organização zer o controle orçamentário recomendado na parte III (observar a sequencia), não será
mais necessário todo esse trabalho, pois, mês a mês, a planilha de controle orçamentário já demonstrará
a posição das despesas do projeto. É preciso apenas anotar as receitas recebidas, os rendimentos nan-
ceiros e as despesas bancárias para calcular o saldo nanceiro que restará para o período seguinte. Esse
saldo nal deverá ser devidamente conciliado com o último extrato bancário.
Modelo do Relatório Financeiro

• Saldo anterior

1. Receitas → • Doações

• Rendimentos nanceiros

• Itens do orçamento
2. Despesas → • Bancárias

• Fundo xo

3. Saldos (1 -2) → • C/corrente

• Aplicações

Exemplo prático de elaboração do relatório fnanceiro 27


O relatório nanceiro que ora apresentamos é composto dos dados desenvolvidos ao longo deste capí-
tulo, especicamente para os valores inormados nos itens “undo xo” e “fuxo de caixa”, cabendo as
seguintes observações para organização dos gastos pelo orçamento hipoteticamente aprovado:

• Rubricas orçamentárias: — salários; — serviços de terceiros; — encargos sociais; — via-


gens; — aluguel; — gastos administrativos;

• O valor de “adiantamentos” foi destinado à ajuda de custos para viagens;

• Nos gastos administrativos incluem-se: água, luz, telefone, contratos diversos, títulos a
pagar e os gastos com o undo xo;

• As despesas bancárias (constantes do extrato de conta corrente e de aplicações nancei-


ras) devem ser lançadas ao nal das rubricas orçamentárias.
Relatório nanceiro — Período de 1/2/2012 a 28/2/2014
1. Receitas

• Saldo anterior R$ 9.130,00

• Doação R$ 7.500,00

• Rendimentos nanceiros R$ 509,00

Total R$ 17.139,00
2. Despesas

• Salários R$ (2.100,00)

• S. terceiros R$ (2.130,00)

• Encargos sociais R$ (56,00)

• Viagens R$ (720,00)
28 • Aluguel R$ (400,00)

• Adm. R$ (1.001,50)
R$ (6.407,50)
Subtotal
R$ (14,00)
• Bancárias R$ (6.421,50)

Total R$ (6.421,50)
3. Saldo contábil (1-2) R$ 10.717,50
4. Saldo nanceiro

• C/corrente R$ 3.217,50

• Aplicações R$ 7.500,00

Total R$ 10.717,50 R$ 10.717,50


Diferença (4-3) R$ 0,00

3 ATIVIDADES
3.1 ATIVIDADE EM GRUPOS

I. Estudo de caso; XII Mercado Cultural – Casa Via Magia. Análise comparativa entre orçamento apre-
sentado e orçamento aprovado pela lei Rouanet.

II. Elaborar o orçamento de um projeto de algum participante do grupo, tomando, como base, a planilha
orçamentária dos editais da Secult-BA.

4 LEITURAS RECOMENDADAS
• Pequenos gigantes | Cultura e Mercado | desde 1998 |

• Para quem vive de cultura. pdf

• Aprendendo com o Sul: O Orçamento Participativo no Mundo – um convite à cooperação glo-


bal. Yves Sintomer, Carsten Herzberg, Giovanni Allegretti Colaboração de Anja Röcke Publica- 29
do por: Engagement Global Service fürEntwicklungsinitiativen. Março 2012. pdf

REFERÊNCIAS
ABONG, AFINCO. Manual de Administração Jurídica, Contábil e Financeira para Organizações não-
-governamentais. 1.ed. ABONG.São Paulo: 2012

BREALEY, Richard e outros. Fundamentos de Administração Financeira. 3.ed. São Paulo: McGraw
Hill, 2004.

GITMAN, Laurence. Princípios de Administração Financeira. 10.ed. São Paulo: Prentice-Hall, 2004.

HOJI, Masakazu. Administração nanceira: uma abordagem prática: matemática nanceira aplicada,
estratégias nanceiras, análise, planejamento e controle nanceiro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

Manual de administração jurídica, contábil e nanceira para organizações não governamentais.


São Paulo: Petrópolis, 2003.

ROSS, Stephen A; WESTERFIELD, Randolph W; JORDAN, Bradford D. Princípios de administra-


30 ção nanceira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

NESTA POLICY&RESEARCH UNIT. Beyondthe creative industries: making policy for the creative
economy. BCI/20. Fevereiro de 2008. Disponível em: http://www.nesta.org.uk/sites/deault/les/
beyond_the_creative_industries.pdf Acesso em: 20 set 2014

POTTS, Jason; CUNNINGHAM, Stuart; HARTLEY, John; ORMEROD, Paul. Social networks mar-
kets: a new denition o the creative industries. Jornal o Cultural Economics, 2008, 32, p. 167-185

SANVICENTE, Antonio Zoratto; SANTOS, Celso da Costa. Orçamento na administração de em-


presas: planejamento e controle. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

SISTEMA de Informações e Indicadores Culturais 2007-2010. Estudos e pesquisas. Inormação de-


mográca e socioeconômica, n. 31.Rio de Janeiro: IBGE, 2013. 1179 p.

UNCTAD. Creative Economy Report 2010.Genebra: UNCTAD, 2011

WESTON, J. F. Fundamentos da administração nanceira. São Paulo: Makron Books, 2000;

ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de caixa: uma decisão de planejamento e controle nanceiro.
Porto Alegre: Sagra, 2007.
.

CONTABILIDADE GERENCIAL 31
APRESENTAÇÃO
Caro participante,

Em um mercado competitivo e atraente como o que vemos no mundo de hoje, a presença da contabi-
lidade nos empreendimentos criativos, independentemente do porte, é imprescindível. O ambiente de
negócios é cada vez mais dinâmico e exige constantes e rápidas adaptações, tornando os processos de
controle e tomadas de decisão muito mais complicados.

A Contabilidade surgiu em função dessa necessidade prática do próprio gestor do patrimônio, normal-
mente seu proprietário, preocupado em elaborar um instrumento que lhe permitisse, entre outros be-
neícios, conhecer, controlar, medir resultados, obter inormações sobre produtos mais rentáveis, xar
preços e analisar a evolução. Assim, pode-se dizer que a Contabilidade surgiu ou foi criada em função
de sua característica utilitária, de sua capacidade de responder a dúvidas e de atender as necessidades de
seus usuários. Este conjunto de características que não só oi eciente para o surgimento da Contabili-
32 dade como também para sua própria evolução e analisando-se sua trajetória, constata-se que ela passou
a interessar a grupos cada vez maiores de indivíduos: acionistas, nanciadores, banqueiros, ornecedores,
órgãos públicos, empregados, além da sociedade em geral, pois a vitalidade das empresas tornou-se as-
sunto de relevante interesse social.

Dentre os vários modelos existentes, cada um com suas particularidades, atendendo a interesses especí-
cos, percebe-se que esta ciência se adapta pereitamente em qualquer contexto em que esteja inserida.

A proposta deste módulo Contabilidade Gerencial é apresentar as técnicas e fundamentos contábeis,


como instrumento de controle econômico e nanceiro patrimonial, necessários para uma boa gestão pa-
trimonial e prossional dos projetos e empreendimentos criativos. Trataremos de aspectos, como: plane-
jamento, execução e avaliação nanceira, elaborando questões e análises reerentes ao acompanhamento
de orçamento e prestação de contas.

Equipe Bahia Criativa


2 CONTEÚDO
No Brasil, atualmente, a contabilidade é regida pela Lei 6.404/76 e alterações posteriores. Sob sua inspi-
ração houve uma padronização na apresentação de relatórios, na sistemática de lançamentos e em todas
as questões de ordem legal e societária. A Lei das S.A, como cou conhecida, é extensiva para as demais
sociedades e, desde 1976 até os dias atuais, tem sorido poucas modicações.

Vamos a princípio aprender o que é e como funciona a contabilidade, o que é um Balanço Patrimonial;
o que é Ativo e Passivo; vamos conhecer e entender algumas outras demonstrações contábeis. MÃOS
À OBRA!!!

2.1 NOÇÕES PRELIMINARES DE CONTABILIDADE, CAMPO DE ATUAÇÃO E OBJETIVOS


“Contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades, mediante o registro, a
demonstração expositiva e a interpretação dos gastos nele ocorridos, com o m de ornecer inor-
mações sobre sua composição e variações, bem como sobre o resultado econômico e decorrente 33
da gestão da riqueza patrimonial”. (FRANCO, 1997, p.21)

A Contabilidade é um dos melhores e mais completos instrumentos com que o gerente pode contar para
as tomadas de decisões e deve ser vista pelos gestores como um INSTRUMENTO DE GESTÃO.

2.1.1 Objeto, nalidade e campo de atuação

O objeto da Contabilidade é o patrimônio. Ele é constituído pelo conjunto de bens, direitos e obrigações
vinculados à entidade econômico-administrativa, e é indispensável para que esta realize seus objetivos.
Estudando o patrimônio, a Contabilidade desenvolve suas funções, informando e orientando o gestor
sobre o estado desse patrimônio e suas variações.

O funcionamento desse processo é aparentemente simples, a contabilidade obtém os dados através de


documentos (notas scais, requisições, mapas de custos, entre outros), sintetiza-os e apresenta aos usuá-
rios em forma de relatórios (chamados de demonstrações contábeis).

A nalidade da Contabilidade é a de controlar o Patrimônio com o objetivo de ornecer inormações


sobre a sua composição e suas variações, bem como o resultado das atividades econômicas desenvolvidas
pela entidade para alcançar seus ns, que podem ser lucrativos ou meramente ideais.
Esta ciência tem como campo de aplicação as entidades econômico-administrativas, constituídas para um
objetivo econômico ou social, que se utilizando bens patrimoniais necessitam de um órgão administrativo
que pratique atos de natureza econômica. Exemplos:

• Pessoa física;

• Pessoa jurídica de natureza privada;

• Pessoa de direito público:

• União;

• Estados;

• Municípios

34
2.1.2 Usuários da Contabilidade

Compreendem todas as pessoas físicas e jurídicas que, direta ou indiretamente, tenham interesse na
avaliação da situação e do desenvolvimento da entidade, como titulares (empresas individuais), sócios,
acionistas, administradores, governo (sco), ornecedores, bancos, etc.

2.2 COMPONENTES, PROCEDIMENTOS, VARIAÇÕES E APURAÇÕES

O Patrimônio é composto por um conjunto de Bens, Direitos e Obrigações de uma a uma pessoa (física
ou jurídica), avaliados em dinheiro.

Pode-se entender como Bens todos os objetos que uma empresa possui, seja para uso, troca ou consumo,
por exemplo: prateleira, balcão, espelho, Mercadorias para revenda, material para embalagem, material de
escritório.

Os Direitos são bens de nossa propriedade que se encontram em poder de terceiros. São todos os valores
que a empresa tem para receber de terceiros, como cheque a receber, duplicatas a Receber, dinheiro em
contas bancárias.

As Obrigações são bens de propriedade de terceiros que se encontram em nosso poder. Normalmente,
aparecem no patrimônio seguidas da expressão “a pagar”. Exemplos: Cheques a pagar, Título a Pagar,
Salários a Pagar, Duplicatas a Pagar, etc. Entretanto, há contas, cuja a nomenclatura dispensa a expressão
“a pagar”, por trazer inerente a idéia de tratar-se de uma obrigação. Por exemplo: Fornecedores, Impostos
a Recolher, outros.

FORMAÇÃO DO PATRIMÔNIO

Para se constituir uma empresa é preciso que se tenha, inicialmente, um Capital. Quando a empresa está
sendo constituída, a palavra Capital é usada para representar o conjunto de elementos que os proprietá-
rios da empresa possuem para iniciar suas atividades. Por exemplo:

Lúcia vai abrir um cinema. Ela possui para esse m, R$60.000 em dinheiro. Logo, esses R$60.000 em
dinheiro constituem o seu Capital Inicial.

O Capital Inicial pode ser composto por: Dinheiro; Móveis; Veículos; Imóveis; Direitos a Receber,
outros.

35
Suponhamos que uma pessoa deseje iniciar suas atividades (abrir um circo) e possua R$5.000 em di-
nheiro e um caminhão especial no valor de R$60.000. Neste caso, seu Capital Inicial é R$65.000, sendo:

Em dinheiro ........................................................... R$ 5.000

Em veículos .......................................................... R$60.000

Total do Capital ..................................................... R$65.000

Este Capital é conhecido por: Capital; Capital Inicial; Capital Nominal; Capital Subscrito

Cuidado para não confundir os conceitos de Capital com o de Patrimônio, pois são
diferentes. O Capital é o conjunto de elementos que o proprietário da empresa possui
para iniciar suas atividades, já o Patrimônio é o conjunto que compreende os bens da
empresa (dinheiro em caixa, contas a receber, imóveis, veículos, outros), seus direitos
(contas a receber) e suas obrigações para com terceiros (contas a pagar).
2.2.1 A representação algébrica e gráca do patrimônio

Na Representação Algébrica do patrimônio, os bens e direitos representam os aspectos positivos do pa-


trimônio e são chamados de Ativos, já as obrigações representam os aspectos negativos e são chamados
de Passivos. Todos nós gostaríamos de possuir o máximo possível de bens e direitos, por exemplo, uma
casa, um carro, uma conta bancária alta ,outros., enquanto que a maioria não gostaria de ter dívidas, que
são as obrigações; por isso, vamos associar dentro da estrutura patrimonial os bens e os direitos com o
sinal positivo e as obrigações com o sinal negativo. Daí nasce a equação patrimonial:

ATIVO = PASSIVO + SITUAÇÃO LÍQUIDA


ou
SITUAÇÃO LÍQUIDA = ATIVO - PASSIVO
Onde:

O Ativo compreende os bens e os direitos da entidade. No Balanço Patrimonial, os elementos do Ativo


acham-se discriminados no lado esquerdo.
36
O Passivo é formado pelas obrigações assumidas com terceiros. Todos os elementos componentes do
Passivo estão discriminados no lado direito do Balanço Patrimonial.

Em uma primeira denição, podemos dizer que o Patrimônio Líquido (ou Situação Líquida) é a dierença
entre o valor do Ativo e do Passivo de uma entidade, em um determinado instante.

Modernamente, podemos, também, entender o Patrimônio Líquido como sendo uma obrigação que a
empresa tem junto aos proprietários.

Resumidamente, podemos dizer que no Balanço Patrimonial o lado esquerdo é formado por bens e direi-
tos e o lado direito é formado por obrigações, tanto para com terceiros como para com os proprietários.

Para Representação Gráca do patrimônio, o Ativo e o Passivo são representados no Balanço Patrimonial
trazem o saldo das Contas Patrimoniais, que aumentam ou diminuem de acordo com a movimentação
patrimonial da empresa.

Aplicação dos Recursos Origem dos Recursos


ATIVO PASSIVO
Bens Obrigações
(Passivo Exigível)
(Capitais de Terceiros)
Patrimônio Líquido
Direitos (Passivo Não Exigível)
(Capitais Próprios)
As Contas que representam onde foram aplicados As Contas que representam os créditos dados para
os recursos que a empresa deve para os sócios e a empresa (origem dos recursos), pelos sócios e
para os terceiros. por terceiros.

SITUAÇÕES LÍQUIDAS PATRIMONIAIS

Por que estudar as Situações Líquidas agora?

Para atender a um grande objetivo: acrescentar ao seu conhecimento mais um grupo de elementos na
representação gráca do Patrimônio.

Este grupo, que se chama Patrimônio Líquido, juntamente com os Bens, com os Direitos e com as
Obrigações, completará a reerida representação gráca do Patrimônio, permitindo que o total do lado
esquerdo seja igual ao total do lado direito, dando-lhe forma de equação. Entretanto, para que você possa
compreender melhor esse novo grupo de elementos (Patrimônio Líquido), vamos estudar antes as Situa- 37
ções Líquidas Patrimoniais possíveis.

Variações do Patrimônio Líquido

A partir da equação fundamental do patrimônio, pode-se deduzir que em dado momento, o patrimônio
assume, invariavelmente, um dos quatro estados a saber:

1 – Quando o ativo é maior que o passivo, teremos patrimônio líquido maior que zero, o que
revela a existência de riqueza patrimonial.

A = P + PL

2 – Quando o ativo é maior que o passivo e o passivo é igual a zero, teremos patrimônio líquido
maior que zero, revelando inexistência de dívidas.

A = PL

3 – Quando o ativo é igual ao passivo, teremos patrimônio líquido igual a zero, revelando ine-
xistência de riqueza própria.

A = P
4 - Quando o passivo é maior do que o ativo, teremos patrimônio líquido menor que zero, re-
velando má situação nanceira e existência de passivo a descoberto.

A + PL = P

ESCRITURAÇÃO

Até o presente momento nos referimos aos componentes patrimoniais, os chamando de contas do ativo
e do passivo e para que servem as contas?

Conta é o nome técnico dado aos componentes patrimoniais (Bens, Direitos, Obrigações e Patrimônio
Líquido, estas são utilizadas para elaboração do Balanço Patrimonial) e aos elementos de resultado
(Receitas, Despesas e Custos, estas são utilizadas para apuração do resultado).

Veja o conceito do ponto de vista técnico:


38
É através das contas que a Contabilidade consegue desempenhar o seu papel. Por isso elas são tratadas
com bastante carinho pelos contadores. Todos os acontecimentos que ocorrem na empresa, responsáveis
pela sua gestão, como as compras, as vendas, os pagamentos, os recebimentos, são registrados em livros
próprios através de contas. Esse processo de registrar todos os fatos que ocorrem no patrimônio da
empresa é chamado ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL e é a partir desses registros, débitos e créditos, que
nascerão os relatórios contábeis, como resumos do que aconteceu em determinado período de tempo
(exercício social).

2.3 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS, APURAÇÃO DE RESULTADOS E PRÁTICAS

Demonstrações Contábeis ou Demonstrações Financeiras - essa denominação vem da Lei 6.404/76


- são demonstrativos que, de acordo com a legislação societária, são elaborados periodicamente, por meio
de dados levantados da escrituração mercantil, com o m especíco de espelhar a situação do patrimônio,
bem como as alterações nele ocorridas em determinado período e até uma data denida.

As principais Demonstrações Contábeis que estudaremos em nosso curso são: Balanço Patrimonial,
DRE (Demonstração do Resultado do Exercício), DLPA (Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acu-
mulados), que pode ser substituída pela DMPL (Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido) e
DFC (Demonstração de fuxo de caixa). Esses demonstrativos serão complementados com Notas Expli-
cativas, as quais passam a integrar as Demonstrações Contábeis.

A seguir demonstraremos o Balanço Patrimonial (demonstra o patrimônio atual da empresa) e a DRE


(demonstra todas as receitas, custos e despesas da empresa em um determinado período, apurando seu
resultado – Lucro ou Prejuízo).

2.3.1 Balanço Patrimonial

Esta Demonstração evidencia, de orma qualitativa e quantitativa, a situação patrimonial e nanceira da


empresa e dos atos consignados na escrituração contábil. É composta de elementos que compõem o pa-
trimônio da companhia em determinado momento com seus valores, permitindo a análise de sua situação
patrimonial e nanceira. É composto de Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido.

Na estruturação do Balanço Patrimonial, as contas são classicadas por grupos, de acordo com sua na-
tureza. Por exemplo: os bens e direitos de curto prazo são representados pelo “Ativo Circulante” e as 39
máquinas, móveis e imóveis são agrupadas no “Ativo Não Circulante – Imobilizado”.

Os grupos de contas, por sua vez, são escalonados em ordem decrescente de liquidez no ATIVO e de
exigibilidade no PASSIVO.

Por isso, o ATIVO inicia relacionando as Disponibilidades (Caixa e Saldos Bancários); depois, os direitos
de curto prazo (Clientes, Duplicatas a Receber), Estoques e outros valores de curto prazo a receber; em
seguida, os direitos realizáveis a longo prazo e, por último, os bens com característica permanentes.

Resumindo, os bens que possuem maior liquidez (possíveis de se transformar em dinheiro mais rapida-
mente) aparecem em primeiro lugar.

Já no Passivo as contas guram por ordem decrescente de exigibilidade, gurando primeiro as contas de
Empréstimos e Financiamentos Bancários e Fornecedores, a seguir as outras obrigações de curto prazo,
depois as obrigações de longo prazo e, nalmente, o Patrimônio Líquido.

Assim, as obrigações com vencimentos mais próximos da data do Balanço aparecem em primeiro lugar.
Os recursos dos sócios (PL), por não serem exigíveis, aparecem ao nal do Passivo.
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Disponível
Recebíveis de Curto Prazo
Estoques
Despesas Antecipadas
Outros Valores a Receber
Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante (Longo Prazo)
- Ativo Realizável a Longo Prazo
- Investimentos Patrimônio Líquido
- Imobilizado
- Intangível

Ativo
40
ATIVO CIRCULANTE: Disponibilidades, Bens e Direitos realizáveis no decorrer do exercício seguin-
te ao do balanço sob análise (até 1 ano), subdividindo-se em:

Disponível: Representam dinheiro em caixa e bancos, bem como valores equivalentes que representam
recursos com livre movimentação para aplicação nas operações da empresa para os quais não haja restri-
ções de uso imediato.

Recebíveis de Curto Prazo: Representam, normalmente, um dos mais importantes ativos da empresa. São
valores a receber decorrentes de vendas a prazo de mercadorias e serviços a clientes.

Provisão para Devedores Duvidosos: Representam, pela atual legislação, uma previsão de perdas não
dedutíveis do IR, e os recebíveis já vencidos não contabilizados como perdas que aguardam o prazo legal
para serem baixados.

Duplicatas Descontadas: Títulos ainda não vencidos, já negociados com instituições nanceiras e outras
contas de ajustes que se zerem necessárias.

Estoques: Representam, também, um dos ativos mais importantes das empresas comerciais e industriais.
A sua correta determinação no início e no m do período contábil é essencial para uma apuração adequa-
da do lucro líquido do exercício. Os estoques estão intimamente ligados às principais áreas de operação
dessas companhias e envolvem problemas de administração, controle, contabilização e principalmente
de avaliação.

Despesas Antecipadas: Representam pagamentos antecipados, cujos benefícios ou prestação de serviços


à empresa se farão durante o exercício seguinte.

Outros Valores a Receber: Representam outros realizáveis de curto prazo que se realizarão no exercício
seguinte ao do encerramento do balanço (menos de 1 ano).

ATIVO NÃO CIRCULANTE: Bens e direitos realizáveis após o encerramento do exercício seguinte
(mais de 1 ano) e, também, os Bens e Direitos que a empresa não pretende alienar ou elementos que serão
utilizados por prazo indeterminado, subdividindo-se em:

Ativo Realizável em Longo Prazo: bens e direitos realizáveis após o encerramento do exercício seguinte
(mais de 1 ano). Exemplos: Duplicatas a Receber, Empréstimos a Diretores, Empréstimos a Interligadas,
etc. 41
Investimentos: Participações de natureza permanente em outras empresas (coligadas e não coligadas) e
outros bens e direitos não destinados à manutenção da atividade da empresa. Exemplos: Ações e Partici-
pações, Imóveis para Aluguel, entre outros.

Imobilizado: Bens e Direitos necessários à manutenção das atividades operacionais da empresa e que são
tangíveis. Exemplos: Imóveis de Uso, Máquinas e Equipamentos, Veículos, outros.

Intangíveis: Bens e Direitos necessários à manutenção das atividades operacionais da empresa e que são
intangíveis. Exemplos: Marcas e Patentes, entre outros.

Passivo

PASSIVO CIRCULANTE – Obrigações vencíveis no decorrer do exercício seguinte (até 1 ano). Exem-
plos: Fornecedores, Salários e Encargos a Pagar, Impostos a Pagar, Empréstimos Bancários, Provisão
para Imposto de Renda, entre outros.

PASSIVO NÃO CIRCULANTE – Dívidas vencíveis após o encerramento do exercício seguinte


(mais de 360 dias). Exemplos: Financiamentos, Parcelamento de Impostos, Empréstimos de Diretores,
Empréstimos de Interligadas, etc.
PATRIMÔNIO LÍQUIDO - recursos pertencentes aos proprietários e que formam o capital próprio da
empresa, não sendo, portanto, exigíveis. Subdividem-se em:

Capital Social - Representa o capital que foi efetivamente integralizado (investido) na empresa pelos só-
cios ou acionistas. O Capital Social é a diferença entre o Capital Subscrito e o Capital a Integralizar.

Reservas – Compreende as reservas legais, estatutárias ou para contingências.

Lucros / Prejuízos Acumulados - representa o valor do resultado (lucro ou prejuízo) auferido pela em-
presa no exercício encerrado.

Observação: No Balanço Patrimonial aparecem contas reticadoras, entre parênteses ou com sinal ne-
gativo e que diminuem o saldo da conta reticada. As principais são:

No Ativo Circulante: Duplicatas Descontadas, Provisão para Devedores Duvidosos e Provisão para
42 Ajustes

No Ativo não Circulante: Depreciação, Amortização e Exaustão Acumuladas

Demonstração do Resultado do Exercício

Seu objetivo é evidenciar a formação do resultado do exercício, confrontando as receitas, os custos e as


despesas incorridos no exercício. Deve ser apresentada na posição vertical, e com a discriminação de seus
componentes de forma ordenada.

O resultado será determinado, observando o princípio de competência. Evidenciará a formação dos


vários níveis de resultado mediante confronto entre as receitas e os correspondentes custos e despesas.
RECEITA OPERACIONAL BRUTA (vendas ou serviços)

(-) Devoluções, Abatimentos, Impostos

(=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA

(-) Custo (das Mercadorias Vendidas ou Serviços Prestados)

(=) LUCRO OPERACIONAL BRUTO

(-) Despesas Operacionais (vendas, administrativas)

(+/-) Receitas / Despesas Financeiras

(+/-) Demais Resultados Operacionais

(=) LUCRO / PREJUÍZO OPERACIONAL LÍQUIDO

(+/-) Receitas / Despesas não Operacionais 43

(=) LUCRO / PREJUÍZO ANTES DO I. R. e C. S.

(-) Imposto de Renda e Contribuição Social

(=) LUCRO / PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA)

A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados evidencia o lucro apurado no exercício, sua desti-
nação e os eventos que modicaram o saldo da conta Lucros ou Prejuízos Acumulados, como ajustes e
reversões de reservas.

Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL)

A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido mostra as variações ocorridas nas Contas do
Patrimônio Líquido, evidenciando os saldos iniciais, os ajustes de exercícios anteriores, os aumentos do
Capital, as reversões de Reservas, o Lucro Líquido do Exercício e sua destinação, além dos saldos nais
das respectivas contas que compõem o Patrimônio Líquido da empresa.
A lei das Sociedades por Ações concede à empresa a opção de elaborar a Demonstração das Mutações do
Patrimônio Líquido em substituição à Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados. Entretanto, a
partir de 1985, as Sociedades Anônimas de Capital Aberto caram obrigadas, por resolução da Comissão
de Valores Mobiliários (CVM), a elaborar essa demonstração, cando dispensadas da elaboração da De-
monstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados.

Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC)

A Demonstração de Fluxo de Caixa é eita pelo regime de caixa, isso signica que aparecerá na demons-
tração de um dado período, apenas o que foi recebido e pago neste período. Portanto, ela apresenta a
modicação no saldo de disponibilidades de uma empresa durante um determinado período, por meio
dos fuxos de recebimentos e pagamentos nanceiramente concretizados.

44
2.4 CONTABILIDADE APLICADA À EMPRESA E PROJETOS CRIATIVOS

José e Mário decidiram abrir uma empresa de prestação de serviços em elaboração de projetos culturais,
a Projetos Criativos Ltda. Iniciou suas atividades no dia 02/10/2014. Durante o seu primeiro mês de
funcionamento, os seguintes fatos ocorreram:

Transação 1 - Constituição da Projetos Criativos Ltda com depósito de R$20.000 no Banco Alfa

Transação 2 - Compra de um terreno, por R$5.000, pagos por um cheque

Transação 3 - Compra de material de escritório a prazo por R$500

Transação 4 - A Projetos Criativos foi contratada para prestar serviços, tendo recebido R$3.000, depo-
sitados na sua conta.

Transação 5 - Pagamento de salário à mão-de-obra, através de cheque no valor de R$1.000

Transação 6 - Pagamento de R$300 de Contas a Pagar

Transação 7 - Pagamento de Despesa de Aluguel, no valor de R$700

Transação 8 - Prestação de Serviço a um cliente que será recebido no próximo mês no valor de R$2.000
SOLUÇÃO

Transação 1 - Constituição da Projetos Criativos com depósito de R$20.000 no Banco Seta

ATIVO PASSIVO + PL

Bancos Capital

20.000 20.000

Transação 2 - Compra de um terreno, por R$5.000, pagos por um cheque

ATIVO PASSIVO + PL

Bancos Terrenos Capital

20.000 20.000

- 5.000 5.000 ___ 45


15.000 5.000 20.000

Transação 3 - Compra de material de escritório a prazo por R$500

ATIVO PASSIVO + PL

Bancos Material Terrenos Contas Pagar Capital

15.000 5.000 20.000

______ 500 ______ 500 ______

15.000 500 5.000 500 20.000


Transação 4 - A Projetos Criativos foi contratada para prestar serviços, tendo recebido R$3.000, depo-
sitados na sua conta.

ATIVO PASSIVO + PL

Bancos Material Terrenos Contas Pagar Capital+ Resultado

15.000 500 5.000 500 20.000

3.000 ____ ______ ___ 3.000

18.000 500 5.000 500 23.000

Transação 5 - Pagamento de salário à mão-de-obra, através de cheque no valor de R$1.000

ATIVO PASSIVO + PL

46 Bancos Material Terrenos Contas Pagar Capital + Resultado

18.000 500 5.000 500 23.000

- 1.000 ____ ______ ___ - 1.000

17.000 500 5.000 500 22.000

Transação 6 - Pagamento de R$300 de Contas a Pagar

ATIVO PASSIVO + PL

Bancos Material Terrenos Contas Pagar Capital + Resultado

17.000 500 5.000 500 22.000

- 300 ____ ______ -300 ______

16.700 500 5.000 200 22.000


Transação 7 - Pagamento de Despesa de Aluguel, no valor de R$700

ATIVO PASSIVO + PL

Bancos Material Terrenos Contas Pagar Capital + Resultado

16.700 500 5.000 200 22.000

- 700 ____ ______ ____ - 700

16.000 500 5.000 200 21.300

Transação 8 - Prestação de Serviço a um cliente que será recebido no próximo mês no valor de R$2.000

ATIVO PASSIVO + PL

Bancos Contas Material Terrenos Contas Capital +

Receber Pagar Resultado 47

16.000 500 5.000 200 21.300

_____ 2.000 ____ ______ ____ 2.000

16.000 2.000 500 5.000 200 23.300

Demonstração do Resultado do Exercício

Projetos Criativos

Outubro - em R$

Receita de Prest. de Serviços 5.000,00 (Transação 4+8 = Total = 3000+2000= 5000)

Despesa de Aluguel (700,00) (Transação 7)

Despesa de Salários (1.000,00) (Transação 5)

Lucro do Mês de Novembro 3.300,00


Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido

Projetos Criativos

Outubro - em R$

Patrimônio Líquido Inicial - 1/Nov. 0,00

Integralização do Capital 20.000,00

Lucro do Mês 3.300,00

Patrimônio Líquido Final - 30/Nov. 23.300,00

Balanço Patrimonial

48 Projetos Criativos

30 de Novembro - em R$

ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Bancos 16.000,00 Contas a pagar 200,00
Material 500,00
Valores a Receber 3.000,00
Ativo Não Circulante Patrimônio Líquido
- Imobilizado
Terrenos 5.000,00 Capital 20.000,00

Lucro 3.300,00
Total 23.500,00 Total 23.500,00
Demonstrativo do Fluxo de Caixa

Projetos Criativos (em R$)

Receita Recebida de Clientes 3.000


Pagamento de Salários -1.000
Pagamento de Aluguel -700
Pagamento de Contas a Pagar -300
T otal do F luxo das Operações 1.000

Aquisição de Terrenos -5.000


T otal do F luxo de I nvestimentos -5.000

Integralização de Capital 20.000


T otal do F luxo de F inanciamento 20.000

Bancos Inicial 0 49
Variação em Novembro 16.000
Bancos Final 16 000
30 de Novembro
3 ATIVIDADES
3.1 SOBRE COMPONENTES PATRIMONIAIS

I - Identicar os componentes patrimoniais abaixo com a letra B (BEM), D (DIREITOS) e com a letra
O (OBRIGAÇÕES):

Automóvel
Ordenados a Pagar
Caminhão
Impostos
Obras de Arte
Aluguéis a Receber
Caixa (dinheiro)
Apartamento
Contas a Pagar
50 Contas a Receber
Duplicatas a Receber
Promissórias a Pagar
Ordenados a Receber
Terras
Prestações a Receber
Maquinaria
Imóveis

II – Monte o Balanço Patrimonial utilizando os seguintes componentes patrimoniais:

• Apartamentos • Animais (semoventes)


• Prestações a Receber • Fornecedores
• Títulos a Pagar • Impostos a Pagar
• Veículos • Contas a Pagar
• Aluguéis a Pagar • INSS a Recolher
• Duplicatas a Receber • P.I.S. a Pagar
• Letra de Câmbio a Pagar • Ordenados a Receber
• Caixa (Moeda) • Mercadorias

3.2 SOBRE BALANÇO


I - Apure a situação do patrimônio abaixo e inscreva o resultado obtido, sob o título “Patrimônio Líqui-
do” ou “Passivo a Descoberto”.

ATIVO PASSIVO

BENS OBRIGAÇÕES

Casa Residencial 10.000 Prestação a Pagar 900

Automóvel 4.000 Contas a Pagar 200

Móveis e Utensílios 1.000 Promissória a Pagar 1.900

Dinheiro 500

DIREITOS

Ord. a Receber 800

Graticação a Receber 400 51


Aluguel a Receber 300

Soma_________________ ______ Soma____________________

Passivo a Descoberto ____ ______ Situação Líquida ___________

TOTAL________________ _______ TOTAL___________________

3.3 ESCRITURAÇÃO E DEMONSTRÁVEIS CONTÁBEIS

Mário e José decidiram abrir uma empresa de prestação de serviços em elaboração de projetos culturais,
a Projetos Criativos Ltda. Iniciou suas atividades no dia 02/10/2014. Durante o seu primeiro mês de
funcionamento, os seguintes fatos ocorreram:

Transação 1 - Constituição da Projetos Criativos Ltda com depósito de R$15.000 no Banco Ala
Transação 2 - Compra de um terreno, por R$6.000, pagos por um cheque

Transação 3 - Compra de material de escritório a prazo por R$800

Transação 4 - A Projetos Criativos oi contratada para prestar serviços, tendo recebido R$4.000, depositados na sua conta.

Transação 5 - Prestação de Serviço a um cliente que será recebido no próximo mês no valor de R$3.000

Transação 6 - Pagamento de R$400 de Contas a Pagar

Transação 7 - Pagamento de Despesa de Aluguel, no valor de R$700

Transação 8 -Pagamento de salário à mão-de-obra, através de cheque no valor de R$1.000

52
4 LEITURAS RECOMENDADAS
Texto 1

A Importância da Contabilidade. (autor desconhecido)

- Contabilidade?

- Fala sério !!!! Você deve ser louco !!!! Só vê matemática não é?

A parábola acima é dita 7 vezes em cada 10 comentários quando alguém ca sabendo que você entrou na
faculdade para estudar contabilidade.

A realidade diz justamente ao contrário, ao entrar numa faculdade de contabilidade você não passará 4
anos de sua vida estudando somente matemática.

Poucos sabem que um dos objetivos da contabilidade é simplesmente o de preparar relatórios para os
gestores (administradores) a m de ajudar na análise e nas decisões da empresa.

Objetivo este atualmente totalmente distorcido pelo sco (atualmente um contador passa mais de 70%
do seu tempo cumprindo obrigações impostas pelos governos, tais como preenchimento de declarações). Portanto
não saia pensando que o seu contador não faz alguns tipos de relatórios por que não quer, às vezes não sobra
tempo, para ajudar no gerenciamento.

Um contador de uma empresa média pode chegar a ter que fazer mais ou menos 47 declarações durante
um ano, algumas simples outras mais complexas, algumas até com mais de 100 folhas, dependendo do tipo de
atividade da empresa.

Abaixo vou colocar um exemplo simplicado de como a contabilidade/contador pode ajudar na gestão
de uma empresa, mais antes se faz necessário chamar sua atenção para o seguinte:

Se o objetivo da contabilidade é o de ajudar na administração da empresa através de relatórios porque


quase que a maioria dos empresários não a utiliza?

A resposta? Porque, na maioria das vezes, não possuem um pouquinho de conhecimento de contabilidade.

Você talvez tenha ou conhece alguém que tenha uma empresa, pergunte a ele se ele entende aquele monte
de números chamado balanço patrimonial que o contador manda para ele assinar no nal do ano.

O que esse empresário faz com esse balanço?

Assina, anal não oi isso que o contador pediu?

O Sebrae divulga constantemente que a maioria das empresas que “quebram” é devido a uma má gestão.
53
Agora vamos ao conveniente, você tem uma empresa, faz dela o seu ganha pão, assim como o sustento
da sua família. Você paga todo mês os honorários do seu contador e ele tem condições de fazer todos os relatórios.
Porque não usar esses relatórios para melhorar o gerenciamento da sua empresa????

No decorrer desse curso vamos adquirir alguns conhecimentos básicos para permitir que você possa
entender e analisar um balanço patrimonial de uma empresa assim como dos demais relatórios contábeis, para isso
necessitaremos adquirir esses conhecimentos básicos e iremos discuti-los um a um, no nal tenho certeza de que
você, quando ver um balanço patrimonial de uma empresa vai encará-lo com outros olhos.

Acima eu disse que colocaria um exemplo de auxilio contábil para a gestão, vamos exemplicar o que
mais preocupa os empresários a carga tributária, o valor dos impostos.

Vale ressaltar que se trata de um exemplo hipotético!!!

Suponhamos que você descobriu como se faz um telefone especial, um telefone que lhe avisa 5 minutos
antes de tocar quem vai te ligar. Esse aparelho é a febre do momento, todo mundo quer comprar um.

O custo para você produzir esse aparelho é de R$ 60,00.

Você tem um amigo que montou uma loja de produtos eletrônicos, e cou sabendo que ele paga por um
aparelho igual à quantia de R$ 100,00.

A primeira coisa que você pensaria seria: “bom se eu gasto R$ 60,00 para produzir o teleone especial,
e as lojas estão comprando ele por R$ 100,00. Eu poderia vender por R$ 85,00 e ganhar muito dinheiro, assim eu
vou viajar, trocar de carro e principalmente largar meu emprego”.

Ai você começa a produzir e fecha um grande contrato com uma rede de lojas, ela quer comprar de você
10.000 aparelhos desses. Contrato fechado. No primeiro mês a loja quer 1.000 aparelhos.

Qual o seu primeiro procedimento?

Calcular quanto você vai ganhar com esses 1.000 aparelhos no primeiro mês.

Bom se você gasta R$ 65,00 por produto e você produziu 1.000, você gastou R$ 65.000,00 para produzi-
los. Certo?

Você vendeu a R$ 85,00, então você ganhou R$ 85.000,00.

Diminuindo os seus gastos de R$ 65.000,00 sobra para você R$ 20.000,00.

Mesmo antes de receber você já começou a gastar, largou seu emprego, trocou de carro, viajou com a
família e etc.
54
Você se esqueceu de perguntar ao seu contador quanto você pagaria de imposto com a venda desses
produtos e como era o calculo deles.

Passa-se um mês, você produziu e entregou os 1.000 aparelhos prometidos e recebeu a quantia combinada.

Lá esta você na sua fábrica, quando chega o boy do seu contador com os impostos para você pagar.
Quando você vê os valores você quase cai para trás, sua primeira reação é ligar para o contador e dizer que ele errou
nos cálculos e que tem que ter alguma coisa errada com esses valores.

Então começa o contador a te explicar como ele chegou aos valores, ele começa:
• Olha o imposto X é 8% do seu faturamento, o imposto Y é 3% do seu faturamento e o imposto Z é 15%
do seu lucro.

Então você az os seus cálculos: 8 + 3 + 15 = 26

26% de R$ 20.000,00 (que oi o que você ganhou) = R$ 5.200,00

Ai você confere com os cálculos do contador cujo total dos impostos foi de R$ 12.350,00.

Nessa hora você já esta com raiva do contador, e pergunta:


• Como você chegou a esses valores?

• Não disse que estava errado? Você está maluco? Se eu pago esses R$ 12.350,00 como eu iria pagar o alu-
guel da fábrica, meus funcionários, a conta de luz, a conta de telefone, o IPTU, o seguro e outras despesas
e ainda sobrar algum dinheiro para mim?

O contador começa a te explicar:


• O imposto X é 8% do seu faturamento: seu faturamento foi de R$ 85.000,00, então 8% de 85.000,00 é
igual a R$ 6.800,00.

• O imposto Y é 3% do seu faturamento: seu faturamento foi de R$ 85.000,00, então 3% de 85.000,00 é


igual a R$ 2.550,00.

• O imposto X é 15% do seu lucro: seu lucro foi de R$ 20.000,00, então 15% de 20.000,00 é igual a R$
3.000,00.

• Totalizando: 6.800,00 + 2.550,00 + 3.000,00 = 12.350,00

• Entendeu? Está certo o meu cálculo.

Você mais uma vez achando que seu contador esta errado:
55
• MEU QUERIDO!! (com ar nervoso), você está fazendo os cálculos errados, meu faturamento não foi de
R$ 85.000,00, meu faturamento foi de R$ 20.000,00, eu faturei somente R$ 20.000,00 que é a diferença de
R$ 85.000,00 – R$ 65.000,00.

Nesse momento o contador entende seu equivoco e diz:


• Ah!!!!! Você está confundindo faturamento com lucro, a faturamento a lei diz que é tudo o que você rece-
beu, independente de quanto você gastou. O Lucro sim é quanto você ganhou, ou seja, a diferença do seu
Faturamento menos os seus custos.

Você então bate o teleone na cara do contador e lembra que o amigo do tio da prima do lho do seu
amigo é contador também, e pede para ele refazer o cálculo do seu imposto, e para sua surpresa o valor total é R$
12.350,00.

E agora, você ainda tem que pagar aluguel da fábrica, os funcionários, a conta de luz, a conta de telefone,
o IPTU, o seguro e as outras despesas.

Lembrando que você já gastou dinheiro trocando de carro, viajando com a família e até mesmo investindo
em sua fabrica.

Será que se você tivesse conversado com o seu contador antes, essa situação poderia ter sido evitada?

Lógico que estamos partindo de um exemplo hipotético, que a realidade pode ser diferente desses valores,
mais vale lembrar que certos tipos de produtos tais como o cigarro, a carga tributaria chega a mais de 80% do preço
de venda.

O exemplo é de carga tributária, mais poderíamos fazer a seguinte pergunta, por quanto eu deveria ter
vendido os 1.000 aparelhos para que me sobre R$ 20.000,00, depois de eu ter pago todos os meus impostos?

A contabilidade também pode ajudar nessa questão chamada de FORMAÇÃO DO PREÇO DE


VENDA.

Lembrando que o exemplo acima é um pouco mais complexo, pois envolve carga tributária, o que não
será o foco de nosso estudo.

Texto 2

FALTA DE REGISTROS CONTÁBEIS PREJUDICA GESTÃO EMPRESARIAL

Júlio César Zanluca


56
Controle, gerenciamento e planejamento são os principais benefícios obtidos por qualquer empresa que mantenha
uma escrituração contábil regular.

Entretanto, por desorganização interna ou simples alta de prioridade ao assunto, muitos gestores têm diculdades
em obter dados contábeis conáveis. Balancetes mal conciliados, balanços com deciências de inormação, docu-
mentos não contabilizados, transformam uma contabilidade numa mera peça burocrática, sem utilidade gerencial.

O primeiro passo para reorganizar o departamento contábil é contar com um prossional de contabilidade que
tenha visão gerencial. A seguir, otimizar o fuxo de documentos e inormações, de orma que estes fuam adequa-
damente e possam estar integrados à contabilidade, evitando atrasos e falhas na escrituração.

Todos empresários precisam organizar suas nanças - compreendendo custos, tributação, gerenciamento e orça-
mentos. Como notório, a contabilidade é uma ferramenta imprescindível à gestão de qualquer entidade, seja esta
pequena ou grande.

A alta de controle contábil, mesmo que em pequenos negócios, pode dicultar a sobrevivência das atividades, já
que a contabilidade, como ciência universal, permite mecanismos de gestão, como planejamento scal, controle de
custos e estoques, aferição da lucratividade e rentabilidade, projeções orçamentárias e segurança patrimonial (como
combate às fraudes, erros e desperdícios), entre outras possibilidades.

Por exemplo: a alha na contabilização de custos e despesas distorce o resultado contábil. Isto implica em diculda-
des em determinar a melhor forma de tributação para a empresa (Lucro Real, Presumido ou Simples), impedindo
assim a escolha do regime que resulte no menor ônus scal eetivo.
Outro exemplo: deixar de escriturar movimentação de conta bancária. Resulta em maior possibilidade de fraude
interna (por falta de controle e conciliação da conta) e da distorção dos resultados contábeis, por omissão no regis-
tro de receitas e despesas nanceiras, taxas e tarias bancárias, entre outros.

Por aí se constata a importância do gestor em valorizar os procedimentos contábeis. Anal, inormação precisa, em
época de aumento de custos, receitas em queda e outros fatores de mercado, é imprescindível para tomadas de deci-
sões. Tiro no escuro, sorte e “chute” são mecanismos pouco recomendáveis para quem deseja sucesso empresarial.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Cultura. Disponível em:<www.cultura.gov.br>.Acesso em:1 out. 2014.

BRASIL. Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações. Diário Ocial 57
da República Federativa do Brasil, Brasília, 1976.

_____. Lei n° 11.638, de 29 de dezembro de 2007. Altera dispositivos da Lei das Sociedades por Ações.
Diário Ocial da República Federativa do Brasil, Brasília, 2007.

_____. Lei n° 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tributária feral relativa ao parcelamento
ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em que especica; institui regime tributário
de transição, alterando, entre outros, altera dispositivos da Lei das Sociedades por Ações. Diário Ocial
da República Federativa do Brasil, Brasília, 2009.

BRASIL, M. Normas Brasileiras de Contabilidade. Resolução CFC n° 750, de 29 de dezembro de 1993.


Dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade.

FRANCO, Hilário. Contabilidade Geral, 23ª edição, São Paulo: Atlas, 1997.

IUDÍCIBUS, Sérgio de (Coord.). Contabilidade Introdutória. São Paulo, Atlas, 2010.

MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. São Paulo, Atlas, 2009.

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