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ROMANTISMO

PROSA E POESIA

MEDIADORA: MAISA AVELINO


POLO COPS
ROMANTISMO: VISÃO GERAL

Nome dado ao movimento artístico e filosófico que floresceu na Europa em fins do


século XVIII, como resultado das profundas transformações político-econômicas por
que o Velho Mundo havia passado. Na Europa, vivia-se um momento em que ocorria
a consolidação do modo de produção capitalista e a ascensão da burguesia como
classe dominante, resultando em uma Ideologia voltada para a valorização do
esforço e do mérito individual – um valor eminentemente burguês.

No Brasil, no início do século XIX, o movimento literário foi impulsionado pela


Independência do Brasil, fazendo com que os autores buscassem a própria
identidade nacional e a resgatar valores da cultura nacional.

Realce do indivíduo em detrimento do coletivo.


Subjetivismo: o escritor romântico busca imprimir a sua visão pessoal da
realidade, bem como os seus sentimentos em relação a ela.
A valorização da perspectiva individual, isto é, o subjetivismo está associada a três
principais marcas da literatura romântica: a idealização, o sentimentalismo
exacerbado e a liberdade formal.

IDEALIZAÇÃO: natureza brasileira (retratada como majestosa e exuberante), indíos


(a quem se atribuirão qualidades como coragem, heroísmo e retidão moral), e os
protagonistas dos romances de um modo geral.

SENTIMENTALISMO EXARCEBADO: o escritor captura a realidade ao redor pelo


filtro da emoção. O resultado são textos fortemente carregados de emoção, cujas
marcas linguísticas mais frequentes são as interjeições, os pontos de exclamação e
a adjetivação abundante.

LIBERDADE FORMAL: o poeta possui liberdade para dispensar rimas e esquemas


métricos rígidos, uma vez que a poesia é entendida como a expressão da
interioridade do poeta.
A literatura romântica abrange obras em versos (poemas) e em prosa (romances e contos). As duas
foram produzidas simultaneamente.

A PROSA ROMÂNTICA BRASILEIRA


A prosa romântica brasileira se divide em três frentes: romances urbanos, romances
indianistas e romances regionalistas. Esses romances compõem um grande mosaico do
Brasil, abarcando o presente e o passado, a cidade e o campo, o interior e a capital.
Como obras tipicamente românticas, são protagonistas índios nobres e honrados,
mulheres lindas e cheias de dignidade ou sertanejos valentes e apaixonados.

Principais representantes: José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo, Visconde de


Taunay, Manuel Antonio de Almeida, Bernardo Guimarães e Franklin Távora.
ROMANCES URBANOS

- Também é denominado como romance de costumes;


- Retratam o dia a dia da vida na Corte (Rio de Janeiro);
- Tendem a focalizar os hábitos e costumes da elite;
- Enredo de peripécias que resulta em um final feliz;
- Cor local: os autores adicionam elementos e adaptam a narrativa à realidade
brasileira.

Exemplos: “Senhora”, de José de Alencar.


ROMANCES INDIANISTAS

- Tem por objetivo definir uma identidade para a nação;


- Coloca os índios como protagonistas das aventuras;
- As obras buscam resgatar o passado nacional;
- Há uma forte idealização do índio e da natureza.

Exemplos: “O Guarani” e “Iracema”, de José de Alencar.


ROMANCES REGIONALISTAS

- A ação dos romances se passa no Brasil rural;


- Divulgam um Brasil desconhecido pelos leitores da capital;
- Trabalham a questão da identidade nacional.

Principais obras: “O Gaúcho”, de José de Alencar e “A Escrava Isaura”, de


Bernardo Guimarães.
Diferentemente da prosa romântica, a poesia romântica se dividiu em gerações.
Elas diferenciam-se através da temática, ou seja, o assunto que abordam.

PRIMEIRA GERAÇÃO: POESIA INDIANISTA OU NACIONALISTA

Buscavam a construção de uma identidade nacional;


Concepção idealizada da natureza brasileira e do indígena, o herói nacional, por
isso podemos dizer que as características centrais dessa geração são o
nacionalismo e o indianismo;

Principais representantes: Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias.


SEGUNDA GERAÇÃO: ULTRARROMANTISMO OU O MAL-DO-SÉCULO

Os poetas da segunda geração mergulhavam em seu próprio interior, de modo


que colocavam em evidência a subjetividade;
É marcada pelo sentimento de inadaptação, pela necessidade do escapismo;
Possui temática voltada para amores inalcançáveis, apreço pela morte,
sofrimento exacerbado e o saudosismo à infância;
Apego ao amor da mãe e da irmã;
Idealização da mulher amada, angustia existencial, pessimismo;
Representação idealizada da natureza violenta ou soturna.

Principais representantes: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire


e Fagundes Varela
TERCEIRA GERAÇÃO: CONDOREIRA OU SOCIAL

Estilo e temática voltados para as questões sociais de sua época. Olhar mais
objetivo sobre a realidade. Poesia engajada;
Cultura urbana em desenvolvimento valorizando ideais democráticos
(República);
Denúncia social e repulsa à condição do ser humano escravizado (abolição);

Principais autores: Tobias Barreto, Castro Alves e Sousândrade.


1. (ENEM – 2016) Ufana: orgulhosa
Altivo: de grande altura; elevado
Indómito: bravo; Indomado.
Mavioso: compassivo, enternecedor
Estas palavras ecoavam docemente pelos atentos ouvidos de Guaraciaba, e lhe ressoavam n’alma
como um hino celestial. Ela sentia-se ao mesmo tempo enternecida e ufana por ouvir aquele
altivo e indómito guerreiro pronunciar a seus pés palavras do mais submisso e mavioso amor, e
respondeu-lhe cheia de emoção: — Itajiba, tuas falas são mais doces para minha alma que os
favos da jataí, ou o suco delicioso do abacaxi. Elas fazem-me palpitar o coração como a flor que
estremece ao bafejo perfumado das brisas da manhã. Tu me amas, bem o sei, e o amor que te
consagro também não é para ti nenhum segredo, embora meus lábios não o tenham revelado. A
flor, mesmo nas trevas, se trai pelo seu perfume; a fonte do deserto, escondida entre os rochedos,
se revela por seu murmúrio ao caminhante sequioso. Desde os primeiros momentos tu viste meu
coração abrir-se para ti, como a flor do manacá aos primeiros raios do sol.

GUIMARÃES, B. O ermitão de Muquém. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 out. 2015.
O texto de Bernardo Guimarães é representativo da estética romântica. Entre as marcas
textuais que evidenciam a filiação a esse movimento literário está em destaque a
a) referência a elementos da natureza local.
b) exaltação de Itajiba como nobre guerreiro.
c) cumplicidade entre o narrador e a paisagem.
d) representação idealizada do cenário descrito.
e) expressão da desilusão amorosa de Guaraciaba.
Questão 1

O enunciado pede que identifiquemos uma das características da prosa romântica presente
em uma das opções. Aqui, vemos um fragmento que nos mostra uma mulher se declarando
ao índio Itajiba. Esta declaração se dá por meio de comparações e referencias explicitas à
natureza, como por exemplo: “Itajiba, tuas falas são mais doces para minha alma que os
favos da jataí, ou o suco delicioso do abacaxi”. Nesse sentido, a letra A se estabelece como o
gabarito da questão.
2. (ENEM – 2016)

Seixas era homem honesto; mas ao atrito da secretaria e ao calor das salas, sua
honestidade havia tomado essa têmpera flexível da cera que se molda às fantasias da
vaidade e aos reclamos da ambição.
Era incapaz de apropriar-se do alheio, ou de praticar um abuso de confiança; mas
professava a moral fácil e cômoda, tão cultivada atualmente em nossa sociedade.
Segundo essa doutrina, tudo é permitido em matéria de amor; e o interesse próprio tem
plena liberdade, desde que se transija com a lei e evite o escândalo.

ALENCAR, J. Senhora. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 out. 2015.


A literatura romântica reproduziu valores sociais em sintonia com seu contexto de mudanças.
No fragmento de Senhora, as concepções românticas do narrador repercutem a
a) resistência à relativização dos parâmetros éticos.
b) idealização de personagens pela nobreza de atitudes.
c) crítica aos modelos de austeridade dos espaços coletivos.
d) defesa da importância da família na formação moral do indivíduo.
e) representação do amor como fator de aperfeiçoamento do espírito
Questão 2

Devido à temática voltada para o questionamento dos valores sociais, podemos afirmar
que este romance urbano possui aspectos voltados para o olhar mais aguçado em
relação à realidade externa.
No fragmento em questão, o autor nos apresenta Seixas, um homem que era honesto,
mas desvirtuou-se. Segundo o autor, apesar de não ir contra a lei, o homem, não era
ético. Além disso, por meio de uma crítica, José de Alencar reforça que tal prática era
comum e aceitável para a sociedade.
Observamos que o autor apresenta resistência quanto à relativização de atitudes éticas,
tonando a letra A o gabarito da questão.
3. (ENEM – 2009)

Pobre Isaura! Sempre e em toda parte esta contínua importunação de senhores e de


escravos, que não a deixam sossegar um só momento! Como não devia viver aflito e
atribulado aquele coração! Dentro de casa contava ela quatro inimigos, cada qual mais
porfiado em roubar-lhe a paz da alma, e torturar-lhe o coração: três amantes, Leôncio,
Belchior, e André, e uma êmula terrível e desapiedada, Rosa. Fácil lhe fora repelir as
importunações e insolências dos escravos e criados; mas que seria dela, quando viesse o
senhor?!...
GUIMARÃES, B. A escrava Isaura. São Paulo: Ática, 1995 - adaptado
A personagem Isaura, como afirma o título do romance, era uma escrava. No trecho
apresentado, os sofrimentos por que passa a protagonista:
a) assemelham-se aos das demais escravas do país, o que indica o estilo realista da
abordagem do tema da escravidão pelo autor do romance.
b) demonstram que, historicamente, os problemas vividos pelas escravas brasileiras,
como Isaura, eram mais de ordem sentimental do que física.
c) diferem dos que atormentavam as demais escravas do Brasil do século XIX, o que
revela o caráter idealista da abordagem do tema pelo autor do romance.
d) indicam que, quando o assunto era o amor, as escravas brasileiras, de acordo com a
abordagem lírica do tema pelo autor, eram tratadas como as demais mulheres da
sociedade.
e) revelam a condição degradante das mulheres escravas no Brasil, que, como Isaura, de
acordo com a denúncia feita pelo autor, eram importunadas e torturadas fisicamente
pelos seus senhores.
Questão 3

“A escrava Isaura”, romance de Bernardo Guimarães, retrata a vida Isaura, uma escrava
branca que, apesar da sua condição, estudou e vive na casa dos seus senhores. A obra se
trata de um romance regionalista e possui marcas do condoreirismo. A história é idealizada
e não representa, de fato, a vida das mulheres escravizadas no Brasil.
Para acertar a questão, devemos fazer um paralelo do que Isaura vive com o que, na
realidade, foi a vida das mulheres escravizadas no Brasil. Por esse motivo, o gabarito da
questão é a alternativa C, pois, após a leitura do fragmento percebemos que os problemas
de Isaura não apresentam a realidade vivenciada por essas mulheres.
4. (ENEM – 2015)

Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte como
brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira seu
fulgor? Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a
conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia.
Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade, sem os
comentos malévolos de que usam vesti-la os noveleiros. Aurélia era órfã; tinha em sua
companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanhava na
sociedade. Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender com os
escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda certa
emancipação feminina. Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não
declinava um instante do firme propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como
entendesse. Constava também que Aurélia tinha um tutor; mas essa entidade era
desconhecida, a julgar pelo caráter da pupila, não devia exercer maior influência em sua
vontade, do que a velha parenta.

ALENCAR, J. Senhora. São Paulo: Ática, 2006.


O romance Senhora, de José de Alencar, foi publicado em 1875. No fragmento transcrito,
a presença de D. Firmina Mascarenhas como "parenta" de Aurélia Camargo assimila
práticas e convenções sociais inseridas no contexto do Romantismo, pois

a) o trabalho ficcional do narrador desvaloriza a mulher ao retratar a condição feminina


na sociedade brasileira da época.
b) o trabalho ficcional do narrador mascara os hábitos sociais no enredo de seu romance.
c) as características da sociedade em que Aurélia vivia são remodeladas na imaginação do
narrador romântico.
d) o narrador evidencia o cerceamento sexista à autoridade da mulher, financeiramente
independente.
e) o narrador incorporou em sua ficção hábitos muito avançados para a sociedade
daquele período histórico.
Questão 4

No fragmento, observamos que Aurélia Camargo, diferentemente da maioria das mulheres


de seu tempo, é emancipada. Vemos ainda que D. Firmina Mascarenhas não passava de
uma “mãe de encomenda”, de modo que não influenciava em nada nas decisões de
Aurélia, sendo ela a própria pessoa que governava a casa e as ações. Ainda em relação ao
fragmento, vemos que essa relação ficcional é colocada para a sociedade, pois esta não
admitia a emancipação feminina. Por esse motivo, a alternativa que mais se aproxima ao
gabarito da questão é a letra D, uma vez que o narrador evidencia o cerceamento sexista à
autoridade da mulher, financeiramente independente.
5. (VUNESP – 2011)

A questão toma por base uma passagem do romance O sertanejo, do romântico brasileiro José de
Alencar (1829-1877).

O sertanejo
O moço sertanejo bateu o isqueiro e acendeu fogo num toro carcomido, que lhe serviu de braseiro
para aquentar o ferro; e enquanto esperava, dirigiu-se ao boi nestes termos e com um modo afável:
– Fique descansado, camarada, que não o envergonharei levando-o à ponta de laço para mostrá-lo
a toda aquela gente! Não; ninguém há de rir-se de sua desgraça. Você é um boi valente e destemido;
vou dar-lhe a liberdade. Quero que viva muitos anos, senhor de si, zombando de todos os vaqueiros
do mundo, para um dia, quando morrer de velhice, contar que só temeu a um homem, e esse foi
Arnaldo Louredo.
O sertanejo parou para observar o boi, como se esperasse mostra de o ter ele entendido, e
continuou:
– Mas o ferro da sua senhora, que também é a minha, tenha paciência, meu Dourado, esse há de
levar; que é o sinal de o ter rendido o meu braço. Ser dela, não é ser escravo; mas servir a Deus, que a
fez um anjo. Eu também trago o seu ferro aqui, no meu peito. Olhe, meu Dourado. O mancebo abriu a
camisa, e mostrou ao boi o emblema que ele havia picado na pele, sobre o seio esquerdo, por meio do
processo bem conhecido da inoculação de uma matéria colorante na epiderme. O debuxo de Arnaldo
fora estresido com o suco do coipuna, que dá uma bela tinta escarlate, com que os índios outrora e
atualmente os sertanejos tingem suas redes de algodão.
Depois de ter assim falado ao animal, como a um homem que o entendesse, o sertanejo
tomou o cabo de ferro, que já estava em brasa, e marcou o Dourado sobre a pá esquerda.
– Agora, camarada, pertence a D. Flor, e portanto quem o ofender tem de haver-se
comigo, Arnaldo Louredo. Tem entendido?... Pode voltar aos seus pastos; quando eu
quiser, sei onde achá-lo. Já lhe conheço o rasto.
O Dourado dirigiu-se com o passo moroso para o mato; chegado à beira, voltou a
cabeça para olhar o sertanejo, soltou um mugido saudoso e desapareceu.
Arnaldo acreditou que o boi tinha-lhe dito um afetuoso adeus.
E o narrador deste conto sertanejo não se anima a afirmar que ele se iludisse em sua
ingênua superstição
José de Alencar. O sertanejo. Rio de Janeiro: Livraria Garnier, [s.d.]. tomo II, p. 79-80. Adaptado.
Analise o fragmento abaixo:

Ser dela, não é ser escravo; mas servir a Deus, que a fez um anjo.

Com esta visão que o sertanejo tem de sua senhora, fica perfeitamente caracterizado no
relato um dos traços fundamentais da literatura do Romantismo:

a) animização.
b) idealização.
c) escapismo.
d) condoreirismo.
e) Mal do Século.
Questão 5

Percebam a idealização presente no trecho destacado faz com que o ato de der escravizado não
estabeleça aspectos realistas. A idealização, uma das principais características do Romantismo,
apresenta-se de diferentes maneiras, sendo esta, neste caso, por meio da idealização de uma
personagem e a situação de ser escravizado.
1. (ENEM – 2020)

Leito de folhas verdes

Brilha a lua no céu, brilham estrelas,


Correm perfumes no correr da brisa,
A cujo influxo mágico respira-se
Um quebranto de amor, melhor que a vida!

A flor que desabrocha ao romper d’alva


Um só giro do sol, não mais, vegeta:
Eu sou aquela flor que espero ainda
Doce raio do sol que me dê vida.

DIAS, G. Antologia poética. Rio de Janeiro: Agir, 1979 (fragmento).
Na perspectiva do Romantismo, a representação feminina espelha concepções
expressas no poema pela

a) reprodução de estereótipos sociais e de gênero.


b) presença de traços marcadores de nacionalidade.
c) sublimação do desejo por meio da espiritualização.
d) correlação feita entre estados emocionais e natureza.
e) mudança de paradigmas relacionados à sensibilidade.
Questão 1

Desta vez, percebemos a representação feminina sendo apresentada por meio do eu lírico.
Vemos que há uma forte relação entre o estado emocional e a natureza apresentada ao longo
do poema, como em: “Eu sou aquela flor que espero ainda/Doce raio do sol que me dê vida”.
Portanto, o gabarito é a letra D.
2. (ENEM – 2020) [...]
Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
O laço de fita Abrirem-me a cova... formosa Pepita!

Não sabes, criança? 'Stou louco de amores... Ao menos arranca meus louros da fronte,
Prendi meus afetos, formosa Pepita. E dá-me por c'roa...
Teu laço de fita.
Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!
Não rias, prendi-me ALVES, C. Espumas flutuantes. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 ago. 2015
Num laço de fita. (fragmento).
Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabelos de moça bonita,
Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem,

Formoso enroscava-se
O laço de fita.
Exemplo da lírica de temática amorosa de Castro Alves, o poema constrói imagens caras ao
Romantismo. Nesse fragmento, o lirismo romântico se expressa na
a) representação infantilizada da figura feminina.
b) criatividade inspirada em elementos da natureza.
c) opção pela morte como solução para as frustrações.
d) ansiedade com as atitudes de indiferença da mulher.
e) fixação por signos de fusão simbólica com o ser amado.
Questão 2

Aqui, há uma forte presença de um lirismo romântico e o enunciado pede que identifiquemos
a alternativa que expressa como esse lirismo se dá no texto. Percebam que, ao longo do
poema, o eu lírico demonstra uma fixação com o “laço de fita” e com a utilização do vocativo
“pepita”, relacionando os dois símbolos à mulher amada.
3. (ENEM – 2014)

Soneto
Apreço pela morte;
Oh! Páginas da vida que eu amava, Angústia existencial;
Rompei-vos! nunca mais! tão desgraçado!… Tormento constante;
Ardei, lembranças doces do passado! Apego ao amor de mãe e irmã;
Quero rir-me de tudo que eu amava! Exacerbação romântica;
Escapismo.
E que doido que eu fui! como eu pensava
Em mãe, amor de irmã! em sossegado
Adormecer na vida acalentado
Pelos lábios que eu tímido beijava!
Embora — é meu destino. Em treva densa
Dentro do peito a existência finda
Pressinto a morte na fatal doença!
A mim a solidão da noite infinda
Possa dormir o trovador sem crença.
Perdoa minha mãe — eu te amo ainda!

AZEVEDO, A. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
A produção de Álvares de Azevedo situa-se na década de 1850, período conhecido na
literatura brasileira como Ultrarromantismo. Nesse poema, a força expressiva da
exacerbação romântica identifica-se com a(o)
a) amor materno, que surge como possibilidade de salvação para o eu lírico.
b) saudosismo da infância, indicado pela menção às figuras da mãe e da irmã.
c) construção de versos irônicos e sarcásticos, apenas com aparência melancólica.
d) presença do tédio sentido pelo eu lírico, indicado pelo seu desejo de dormir.
e) fixação do eu lírico pela ideia da morte, o que o leva a sentir um tormento constante.
Questão 3

Um dos principais representantes da segunda geração do romantismo, Álvares de Azevedo nos


apresenta características marcantes deste movimento, como por exemplo, o forte apego ao
amor da mãe e da irmã, bem como a inadaptação ao mundo real, ocasionando o desejo pela
morte. Percebam que o eu lírico, além de desejar morrer, também não sente arrependimento
algum. Vejam também que o enunciado nos aponta a exacerbação de sentimentos, o que
significa que os sentimentos sentidos pelo eu lírico extrapolam e não são suportados por ele.
Por esses motivos, podemos que a letra E se caracteriza como o gabarito da questão, uma vez
que observamos a fixação pela ideia da morte, o que ocasiona um sentimento de tormenta
constante.
4. (ENEM – 2009) Palor: palidez
Alento: respiração
Fenece: termina; acabar.
“Já da morte o palor me cobre o rosto, Embalde: sem resultado
Nos lábios meus o alento desfalece, Esmorecer: enfraquecer
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!
Do leito embalde no macio encosto
Tento o sono reter!… já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece… Angústia existencial;
Eis o estado em que a mágoa me tem posto! Pessimismo;
Melancolia.
O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.
Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!”

AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.


O núcleo temático do soneto citado é típico da segunda geração romântica, porém
configura um lirismo que o projeta para além desse momento específico. O fundamento
desse lirismo é:
a) a angústia alimentada pela constatação da irreversibilidade da morte.
b) a melancolia que frustra a possibilidade de reação diante da perda.
c) o descontrole das emoções provocado pela autopiedade.
d) o desejo de morrer como alívio para a desilusão amorosa.
e) o gosto pela escuridão como solução para o sofrimento.
Questão 4

Neste poema, o eu lírico apresenta sentimentos negativos devido à


melancolia que sente após a morte de uma pessoa importante (que
provavelmente deve ser a sua amada). Tal sentimento possui uma força tão
grande que não permite que ele tenha a reação esperada, que seria a morte.
5. (CEDERJ – 2011) Tristeza não tem fim
Felicidade sim
A felicidade
Tristeza não tem fim A felicidade é como a gota
Felicidade sim De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
A felicidade é como a pluma Depois de leve oscila
Que o vento vai levando pelo ar E cai como uma lágrima de amor
Voa tão leve
Mas tem a vida breve A minha felicidade está sonhando
Precisa que haja vento sem parar Nos olhos da minha namorada
É como esta noite
A felicidade do pobre parece Passando, passando
A grande ilusão do carnaval Em busca da madrugada
A gente trabalha o ano inteiro Falem baixo, por favor
Por um momento de sonho Prá que ela acorde alegre como o dia
Pra fazer a fantasia Oferecendo beijos de amor
De rei ou de pirata ou jardineira
e tudo se acabar na quarta feira Composição: Antonio Carlos Jobim / Vinícius de Moraes
A composição “A felicidade” exemplifica recursos expressivos presentes na estética
do seguinte estilo de época:
a) Romantismo
b) Parnasianismo
c) Arcadismo
d) Naturalismo
Questão 5

Ao afirmar que “A tristeza não tem fim/Felicidade sim”, constatamos a melancolia e o


sentimento negativo tão representativo do Romantismo.

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