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Ameaça de Morte

DISCUTINDO SAÚDE MENTAL DE JOVENS,


FAMILIARES E PROFISSIONAIS DAS
POLÍTICAS PÚBLICAS.

Thiago Augusto Pereira Malaquias


Bacharel em Psicologia pela UFPB
Mestrando em Psicologia Social pela UFRN
Pós-graduando em Direitos Humanos pela UNILA
Membro pesquisador nos grupos NUPEDIA e OBIJUV
tapm83@gmail.com
(83) 99177-1330

OBJETIVOS
Discutir acerca da noção de saúde mental
em contextos de extrema violência, Direitos
Humanos e a práxis no campo das políticas
públicas, tendo como foco o olhar para
jovens, familiares e profissionais envolvidos
em programas de proteção às pessoas
ameaçadas de morte.
"Quando o que está em jogo é a
própria vida, obviamente se torna
frívolo falar sobre a qualidade dessa
existência. Primum vivere, deinde
philosophare, antes de filosofar
sobre a vida, é preciso assegurar a
própria vida".

Martín-Baró, Guerra e saúde mental,1984.


INTRODUÇÃO
HISTORICIZANDO E
CONTEXTUALIZANDO

FORMAÇÃO DEMOCRACIA VIOLÊNCIA

RACIAL E CONTRA A
SOCIAL
JUVENTUDE E
COLONIAL- RACISMO
PRECARIZAÇÃO
CAPITALISTA ESTRUTURAL
DO TRABALHO
FUNDAMENTAÇÃO a) explicitação da dimensão ontológica na/da

PSICOLOGIA
crítica e seus projetos ético-políticos de
QUESTIONANDO A PSICOLOGIA psicologia e sociedade;
E APRESENTANDO CONCEITOS b) análises totalizantes, em vez de
fragmentações da realidade;
c) práxis como critério de verdade, superando
a noção da crítica como algo em si ou mero
1. Psicologia
exercício teórico descolado da realidade;
2. Violência d) emancipação humana como horizonte;

3. Direitos Humanos e) resgate da radicalidade;


f) ir além das fronteiras da psicologia, em
4. Saúde mental
direção às lutas e movimentos sociais.

Costa & Mendes (2022).


VIOLÊNCIA

A questão central é destacar a historicidade da violência. Suas


raízes últimas estão onde o homem se faz pessoa ao se converter
em ser social [...] a dose de crueldade fria e sistemática que,
atualmente, arremata a violência repressiva é sintoma da
decomposição de um regime sociopolítico estabelecido a partir da
dominação do homem pelo homem.

Fatores constitutivos da violência:


- Fundo ideológico
- Contexto possibilitador
- “Equação pessoal”

(Martín-Baró, 2017b, p.235-238)

CONTRADIÇÕES E DESCOLONIZAÇÃO
DOS DIREITOS HUMANOS

''a construção do mito dos direitos humanos universais – a


partir da Declaração de 1948 – serviu precisamente para
universalizar a particular visão de mundo ocidental
moderna/colonial e para naturalizar a existência de relações
de dominação, exploração e império entre os seres humanos
concretos e de exploração irresponsável do entorno natural.
Além disso, serviu para sequestrar e colonizar o horizonte
utópico dos indivíduos e coletivos que lutam por
reconhecimento, e para neutralizar o debate em torno da
construção de alternativas" [Vitoria, 2015, p.105].
SAÚDE MENTAL

''Não se trata de um funcionamento satisfatório do indivíduo; trata-


se de um caráter básico das relações humanas que define as
possibilidades de humanização disponíveis para os membros de
cada sociedade e grupo. [...]

saúde mental é muito mais uma dimensão das relações entre as


pessoas e grupos do que um estado individual, ainda que esta
dimensão se enraíze de maneira diferente no organismo de cada
um dos indivíduos envolvidos nas relações, produzindo diversas
manifestações (“sintomas”) e estados (“síndromes”)''.

(Martín-Baró, 2017a, p.253)


COLONIZAÇÃO, GUERRA E SAÚDE MENTAL:
FANON, MARTÍN-BARÓ E AS IMPLICAÇÕES
PARA A PSICOLOGIA BRASILEIRA

"Em um ser desumanizado e tolhido de ser tudo aquilo


que poderia ser, a subjetividade e o corpo gritam; em
um contexto e atmosfera de guerras, tornam-se
ensurdecedores. O problema reside nas formas como
(não) serão escutados - ao menos como deveriam''
(Costa & Mendes, 2020, p.4).
devemos buscar ou elaborar modelos adequados para
apreender e enfrentar a peculiaridade de nossos
problemas

analisar nossos pressupostos teóricos se servem e


são realmente eficazes no aqui e agora

desfazer do véu de mentira em que nos movemos e a


olhar para a verdade de nossa existência social sem
as muletas ideológicas do fazer cotidiano ou da
inércia profissional.

(Martín-Baró, 2017a)
Se a base da saúde mental de um povo
encontra-se na existência de relações
humanizadoras, de vínculos coletivos nos quais
e pelos quais se afirma a humanidade pessoal
de cada um e não se nega a realidade de
ninguém, então a construção de uma sociedade
nova ou, pelo menos, melhor e mais justa, não é
somente um problema econômico e político; é
também, e por princípio, um problema de saúde
mental. Não se pode separar a saúde mental da
ordem social, isto por causa da própria natureza
do objeto de nosso fazer profissional.

(Martín-Baró, 2017a, p.267)


REFERÊNCIAS

Brum, G. M. D. (2021). De mãos atadas: construindo possibilidades no trabalho com jovens em acolhimento institucional.

Costa, P. H. A. D., & Mendes, K. T. (2020). Colonização, guerra e saúde mental: Fanon, Martín-Baró e as implicações para a
Psicologia brasileira. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 36.

Costa, P. H. A. D., & Mendes, K. T. (2022). Psicologia, 60 anos, e a Crítica da Crítica. Psicologia: Ciência e Profissão, 42.

de Souza Benicio, L. F., Barros, J. P. P., & da Silva, D. B. (2018). Entre sufocamentos e alguns possíveis: violência urbana e
políticas públicas. Revista Polis e Psique, 8(3), 129-156.

Martín-Baró, I. (2017). Guerra e Saúde Mental. In F. Lacerda Jr. (Org.), Crítica e libertação na psicologia: Estudos
psicossociais (pp.251-271). Petrópolis, RJ: Vozes.

Martín-Baró, I. (2017). Um psicólogo social frente à guerra civil em El Salvador. In F. Lacerda Jr. (Org.), Crítica e libertação
na psicologia: Estudos psicossociais (pp.231-351). Petrópolis, RJ: Vozes.

Vitória, P. R. (2015). Por um mundo onde caibam muitos mundos: propostas para um debate em torno da descolonização dos
direitos humanos. Hendu–Revista Latino-Americana de Direitos Humanos, 6(1), 103-123.

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