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Introdução
A zona costeira desempenha um papel crucial na economia global desde o início da
civilização e requer atenção de toda a sociedade aos desafios que vem enfrentando nos
últimos tempos. As mudanças climáticas, a erosão e as flutuações do nível do mar são
fatores que alteram a dinâmica das zonas litorâneas há séculos (SUGUIO et al, 1985);
embora esses eventos sejam considerados fenômenos naturais, eles têm sido acelerados
nos últimos anos devido às intervenções antropológicas (TESSLER et al, 2005).
Aumentar a resiliência a desastres tornou-se uma grande prioridade para cidades costeiras.
Entre as alternativas para mitigar seus impactos está a aplicação de tecnologias voltadas
para gerenciar os riscos de desastres, como o uso de sensores, softwares e ciência de
dados na tomada de decisão. Esse tipo de uso da tecnologia chama-se internet das coisas
(IoT), conceito inserido em uma tendência denominada “cidades inteligentes” e “informática
de crise”, ferramentas importantes em resposta a desastres. Elas têm um potencial
significativo, com diversos desafios e oportunidades demonstrados a seguir (TONMOY et al,
2020).
Impactos ambientais
Historicamente a ocupação do litoral foi caracterizada pela exploração econômica, seja por
meio da extração de recursos naturais, seja pela instalação de atividades portuárias e
industriais (PEREIRA et. al. 2019). Essa interferência é consequência da ocupação
desordenada, sem considerar os impactos ambientais e sociais, resultando em danos
irreversíveis ao ecossistema costeiro (TESSLER et. al., 2005). O aumento do nível do mar,
tempestades e inundações já ameaçaram grandes populações e infraestrutura, com
potencial para aumentar significativamente no futuro com as mudanças climáticas
(TONMOY et al, 2020).
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Riscos à ocupação
O registro de eventos com impactos ambientais nas regiões costeiras tem sido cada vez
mais frequentes ao redor do mundo. Inundações e episódios de erosão nas margens
costeiras durante tempestades, furacões ou ciclones estão colocando um grande número de
ativos, infraestruturas e comunidades em risco (TONMOY et al, 2020).
Urbanização
A urbanização e as atividades portuárias são exemplos significativos de intervenções
humanas nessas áreas, podendo abranger extensas áreas modificadas. Isso significa que
quanto maior a área modificada pelo ser humano, maior será a exposição dessas áreas ao
sistema marinho e suas consequências (OLIVEIRA, 2017).
Em 2005, as perdas médias globais por inundações nas 131 maiores cidades costeiras do
mundo foram aproximadamente de 6 bilhões de dólares por ano, com potencial para
aumentar para 52 bilhões de dólares por ano até 2050 devido ao aumento do nível do mar.
Portanto, aumentar a resiliência de nossas cidades costeiras, seus sistemas de
infraestrutura e a comunidade em geral a esses desastres naturais é muito crítico
(HALLEGATTE et al, 2013).
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Planejamento Futuro
O termo “cidades inteligentes” ganhou atenção significativa na academia, empresas e
governo na última década, especialmente em cidades onde as tecnologias da informação e
comunicação (TIC) foram adotadas como estratégia de desenvolvimento. Cidades que
estão incorporando infraestrutura digital no tecido urbano para oferecer melhores serviços
aos seus cidadãos através de sistemas web; para melhor gerir instalações; e para promover
o empreendedorismo são muitas vezes denominadas como “cidades inteligentes”
(KITCHIN, 2014).
Para colocar esse conceito em prática, há diversas funções tecnológicas aplicáveis: desde a
instalação de uma gama de sensores, câmeras e dispositivos que podem coletar dados em
tempo real (ou “quase em tempo real”), passando pela infraestrutura de rede, banco de
dados e armazenamento em servidores, segurança da informação, visualização de dados,
análise de dados georreferenciados, divulgação de alarmes e notificações e uso de redes
sociais (TONMOY et al, 2020).
Para gerir perigos costeiros de longo prazo como elevação do nível do mar, por exemplo, é
importante entender as tendências temporais, monitorar marés, transporte de sedimentos,
entre outros fatores; tais monitoramentos exigem tecnologias cada vez mais especializadas
e custosas, trazendo um grau de dificuldade maior à sua aplicação quando comparadas
com outros tipos de monitoramento em tempo real, como o aplicável no caso de
tempestades, inundações e ciclones (HARLEY et al, 2015).
Conclusões
Tecnologias de cidades inteligentes como internet das coisas e informática de crise têm
potencial significativo e têm sido cada vez mais utilizados em estudos, mas suas aplicações
em escala de cidades inteiras, especialmente em desastres costeiros, ainda é limitada
(TONMOY et al, 2020).
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Referência bibliográfica
EDWARDS, Lilian. Privacy, security and data protection in smart cities: A critical EU law
perspective. Eur. Data Prot. L. Rev., v. 2, p. 28, 2016.
HALLEGATTE, S., Green, C., Nicholls, R. et al. Future flood losses in major coastal cities.
Nature Clim Change 3, p. 802–806, 2013.
KITCHIN, Rob. The real-time city? Big data and smart urbanism. GeoJournal, v. 79, p. 1-14,
2014.
PEREIRA, Davis de Paula et al. A gestão costeira no Ceará (Nordeste, Brasil): Políticas,
estratégias e experiências. Saindo da Zona de Conforto: A Interdisciplinaridade das Zonas
Costeiras, 2019.
SENGUPTA, Dhritiraj et al. Mapping 21st century global coastal land reclamation. Earth's
Future, v. 11, n. 2, p. e2022EF002927, 2023.
SUGUÍO, Kenitiro et al. Flutuações do nível relativo do mar durante o Quaternário Superior
ao longo do litoral brasileiro e suas implicações na sedimentação costeira. Revista Brasileira
de Geociências, v. 15, n. 4, p. 273-86, 1985.
TURNER, Ian L.; HARLEY, Mitchell D.; DRUMMOND, Christopher D. UAVs for coastal
surveying. Coastal Engineering, v. 114, p. 19-24, 2016.