Você está na página 1de 524

EQUIPE WAS

Disponibilização – Seraph Wings


Tradução – Seraph Wings
Revisão - Seraph Wings
Leitura Final - Sidriel Wings
Formatação - Sidriel Wings
AVISO

A presente tradução foi efetuada pelo grupo Warriors Angels of Sin (WAS), de
modo a proporcionar ao leitor o acesso à obra, incentivando à posterior aquisição. O
objetivo do grupo é selecionar livros sem previsão de publicação no Brasil,
traduzindo-os e disponibilizando-os ao leitor, sem qualquer forma de obter lucro, seja
ele direto ou indireto.

Levamos como objetivo sério, o incentivo para o leitor adquirir as obras, dando a
conhecer os autores que, de outro modo, não poderiam, a não ser no idioma original,
impossibilitando o conhecimento de muitos autores desconhecidos no Brasil.

A fim de preservar os direitos autorais e contratuais de autores e editoras, o grupo


WAS poderá, sem aviso prévio e quando entender necessário, suspender o acesso aos
livros e retirar o link de disponibilização dos mesmos, daqueles que forem lançados
por editoras brasileiras.

Todo aquele que tiver acesso à presente tradução fica ciente de que o download se
destina exclusivamente ao uso pessoal e privado, abstendo-se de o divulgar nas redes
sociais bem como tornar público o trabalho de tradução do grupo, sem que exista uma
prévia autorização expressa do mesmo.

O leitor e usuário, ao acessar o livro disponibilizado responderá pelo uso incorreto


e ilícito do mesmo, eximindo o grupo WAS de qualquer parceria, coautoria ou
coparticipação em eventual delito cometido por aquele que, por ato ou omissão, tentar
ou concretamente utilizar a presente obra literária para obtenção de lucro direto ou
indireto, nos termos do art. 184 do código penal e lei 9.610/1998.
Treepoint, Kentucky
The Last Riders
Heróis podem ser encontrados no quotidiano,
mas lendas... essas são raras.
Essas você precisa procurar...
SINOPSE

A vingança é uma palavra de oito letras e não é para os fracos de


coração. É uma palavra para aqueles que foram injustiçados.

Jo Turner tem esperado durante os últimos cinco longos anos para


finalmente poder se vingar. Usar Rider, o Casanova de rosto bonito, é
simplesmente o preço que ela está disposta a pagar para saciar o seu desejo
de vingança. Mal sabe ela que se torna o alvo de algo que Rider jurou dar a
sua vida para proteger - os Last Riders.

Quando você acorda um soldado, tem de se preparar para as


consequências.
Rider vai ensinar-lhe uma dura lição: a vingança é uma faca de dois
gumes... e ela sempre corta com os dois lados.
PRÓLOGO

Jo nadava através da água fria do pequeno lago escondido, atrás da


casa de Rachel e Cash na floresta. Rachel havia se oferecido para deixá-la
nadar a qualquer hora que quisesse. Geralmente ela vinha no início da noite.
Se ela não visse nenhum carro ou motocicleta fora da casa de Rachel, então
dava um mergulho rápido. Esta noite, porém, estava tão escuro que ela não
podia ver a própria mão na frente de seu rosto, e as luzes da cabana de Cash,
que normalmente podiam ser vistas através da escuridão, estavam apagadas.
Ela afundou o cabelo suado sob a água. A noite estava úmida, e ela
tinha rebocado três carros de um acidente nos arredores da cidade.
Jo nadou até que estivesse quase exausta, banindo a visão do corpo
morto sendo transportado para o furgão do legista. Felizmente, a vítima já
tinha sido coberta com um saco antes dela chegar.
O xerife lhe tinha dito que a vítima era de fora da cidade e tinha
ignorado o aviso da curva acentuada. O BMW tinha feito a curva muito
rápido, não vendo outro carro parado, esperando por um carro na pista
contrária atravessar, para que pudessem descer a estrada lateral que levava a
uma casa.
Todos os três carros se envolveram no acidente, quatro pessoas tinham
sido levadas para o pronto socorro, e uma para o necrotério.
— Preciso encontrar outro emprego — disse Jo em voz alta, enquanto
flutuava de costas sem rumo.
Olhando para os galhos de árvores que balançavam sobre a água,
percebeu que havia ido mais longe do que pensara. Não se incomodou em
levantar a cabeça, sabendo exatamente onde estava no pequeno lago.
O som fraco de um motor na estrada não a fez levantar a cabeça. A
estrada principal não era próxima, mas os sons atravessavam o bosque ao
redor do lago. Com Rachel e Cash saindo da cidade para visitar os parentes de
Cash, ela não esperava que nenhum dos amigos de Cash ou os irmãos de
Rachel parassem para uma visita. Mesmo que o fizessem, não ficariam muito
tempo, vendo que não estavam em casa.
Quando o som do motor se aproximou, Jo dobrou as pernas, se
afastando pela água para ficar nas sombras das árvores ao lado do lago.
— Droga — Jo murmurou suavemente, vendo o farol de uma
motocicleta parar na margem, a luz solitária refletindo na água.
Ela se moveu mais para dentro das sombras, seu queixo mergulhando
na água no caso da luz bater nela. Amaldiçoou-se por não ter tido tempo de
colocar seu maiô.
Tinha vindo direto do ferro-velho, pedalando sua bicicleta. Pelo menos
o cavaleiro solitário que estava desfrutando de seu cigarro não seria capaz de
vê-la de onde estava, encostado em uma árvore a vários metros de distância.
Jo ficou imóvel, fazendo pequenos movimentos para permanecer à tona
enquanto ele fumava. Quando a fumaça flutuou até ela percebeu que, quem
quer que fosse, não estava fumando um cigarro.
Quando ele levou o baseado em direção à boca novamente, Jo
reconheceu Rider.
Ela amaldiçoou a si mesma. Ela detestava esse Last Rider em particular.
Com Shade, ela tinha falado algumas vezes antes e depois que seu pai tinha
sido assassinado. Ele até tinha lhe emprestado dinheiro suficiente para manter
seu negócio em andamento, quando ela estava sobrecarregada com as dívidas
que a morte de seu pai deixara para trás. Se Shade não lhe tivesse emprestado
o dinheiro, o novo caminhão de reboque que seu pai a convenceu a comprar
teria sido retomado.
As poucas vezes que ela teve a infelicidade de falar com Rider, ele tinha
agitado seus nervos. A primeira vez que vira o belo motociclista, ele achou que
ela cairia por ele como se fosse um presente de Deus para as mulheres. A
segunda vez, ele pensou que ela estava interessada em mulheres.
Cada osso em seu corpo tinha gritado para ela colocar o Casanova em
seu devido lugar. A única razão pela qual ela não o fez, foi porque Jo sabia que
ele era amigo de Rachel e porque seu ego era tão exagerado que a dinamite
não faria um arranhão em seus dentes brancos perolados.
Uma brisa desgarrada a fez estremecer na água.
Droga, quanto tempo leva para fumar um baseado? Ela pensou com
raiva enquanto esperava que Rider partisse.
Quando ela o viu atirar o que restou em um arco brilhante, depois
desligar sua moto, ela sabia que estava em apuros. Seu farol desapareceu,
mostrando apenas a sombra fraca dele se despindo.
Sua cabeça girou tentando descobrir o que fazer enquanto ela
cautelosamente observava seus movimentos.
Rider se dirigiu para o lado oposto do lago de onde ela estava nadando.
Quando ouviu o rolar de uma pedra, soube que ele escalava a saliência da
rocha.
Ele ia ficar lá ou...?
Seu pensamento inacabado foi respondido assim que ouviu o splash.
Ela começou a nadar para a margem onde tinha deixado suas roupas e
bicicleta. Seu coração batia com força enquanto nadava.
As pontas dos dedos dos pés haviam roçado a parte inferior quando
sentiu um braço musculoso envolver sua cintura.
— Deixe-me ir!— Jo gritou, tentando se livrar da retenção de Rider.
— Quem eu tenho aqui? Uma sereia para me fazer companhia?— Sua
voz divertida veio atrás dela enquanto lutava contra ele, chutando seus pés
descalços em suas canelas e coxas.
— Solte-me!
— Qual é a pressa?
Jo esguichou a água que estava ameaçando afogá-la enquanto ele a
virou para encará-lo na escuridão. A sensação de sua pele macia sob as palmas
aumentava sua ansiedade de estar sozinha com ele neste local isolado.
— Quero ir embora.— Jo estava zangada consigo mesma pelo tom
ligeiramente histérico que podia ouvir em sua própria voz. Quando os homens
viam uma fraqueza, eles eram rápidos em tirar proveito.
— Eu não posso convencê-la a ficar?— Sua voz rouca tinha um tom
sedutor e firme que a fez aumentar seus esforços para fugir dele.
Podia estar escuro, mas ela podia ver a promessa sexual que fez a água
fria parecer como se ela estivesse tentando escapar de ser arrastada para a
areia movediça.
Com as unhas, ela arranhou suas mãos, determinada a nunca mais ser
uma vítima dos desejos de um homem.
— Não!
Ele a soltou, e ela começou freneticamente a nadar em direção à
margem.
— Vamos, Rach. O mínimo que você pode fazer é ficar comigo até que
Cash chegue aqui.
Ela parou de nadar e voltou-se para ele, aturdida. — Você acha que sou
Rachel?
— Quem mais estaria nadando nua no lago de Cash?
Ele estava fingindo não saber quem ela era? Jo poderia jurar que ele
sabia. Então ela admitiu para si mesma que, se ela não tivesse visto quem ele
era quando estava fumando, ela não saberia.
— Não, eu não sou Rachel.— Jo baixou a voz, esperando que ele não a
reconhecesse pelas poucas vezes que ela o encontrou.
— Quer me dizer quem você é, então?— A intenção sedutora virou
paquera.
— Não importa. Não tenho nenhum interesse em te fazer companhia.
Ela virou-se e começou a nadar de novo. — Apenas fique onde está até
que eu possa me vestir e sair.
— Você não deve saber quem eu sou se você acha que eu sou um
cavalheiro.
— Jo nadou com mais força ao ouvir o som de salpicos atrás dela.
— Não se atreva a sair da água antes de eu partir.
Assim que foi capaz, ela correu, indo na direção de onde tinha deixado
suas roupas e quase tropeçando sobre elas.
Puxando seus shorts o mais rápido que pode, depois sua camiseta, seu
coração estava saltando em seu peito, tornando incapaz de ouvir onde ele
estava na água. Se contorcendo enquanto tentava puxar sua camiseta teimosa
para baixo, ela ouviu o som de um galho quebrando.
— Não!— Ela se curvou, tentando encontrar sua calcinha e sutiã.
Encontrou seu sutiã, enfiou-o no bolso traseiro, desistindo de tentar encontrar
sua calcinha. Ela então colocou seus tênis, a água ainda correndo por suas
pernas. — Onde você está?— Ela levantou a cabeça, tentando olhar através da
escuridão.
— Ainda estou na água.
— Você está mentindo.— Ela cuidadosamente manobrou em direção a
sua bicicleta.
— Por que eu mentiria?
Ela estava fazendo papel de boba — Você está rindo de mim?—
Sentindo alívio quando finalmente agarrou o guidão, ela o virou para a
estrada.
— Um pouco.
Sua cabeça praticamente fez um giro do exorcista enquanto tentava
determinar onde ele estava.
— Você não precisa se preocupar comigo. Você vai quebrar seu pescoço
correndo no escuro.
— Não é com meu pescoço eu estou preocupada — ela murmurou,
subindo em sua bicicleta e começando a pedalar tão rápido quanto podia sem
ver para onde estava indo.
Quando achou que não estava sendo seguida, ligou o farol fraco. Um
minuto depois, suas rodas estavam no pavimento, voltando para a cidade.
Era perigoso andar naquela curva no escuro. Um carro poderia derrubá-la
antes mesmo de saber que ela estava lá. Se Rider não tivesse aparecido, teria
subido alguns metros e tomado uma pequena trilha de terra que a levaria de
volta à cidade.
A maioria do pessoal da cidade tinha esquecido que a trilha existia. Ela
estava encoberta e não era suficientemente grande para passar um carro, mas
era legal ir a pé e sair da estrada principal quando passeava em sua bicicleta.
Ela só sabia de sua existência, porque foi criada rebocando carros na estrada ao
lado de seu pai.
Jo abrandou, descendo a colina em direção à cidade, vendo as luzes do
clube The Last Riders brilhando ao passar.
Olhando a colina onde a casa estava situada, ela viu alguns membros
observando enquanto ela passava. Baixou a cabeça, fingindo que não os tinha
visto, aliviada quando fez a curva e ficou fora de vista.

Dois minutos mais tarde, uma motocicleta entrou no estacionamento.


Rider estacionou, já sabendo o regozijo que o esperaria enquanto subia os
degraus da varanda.
— Você está parecendo muito molhado.— Moon riu.
— Eu lhe disse que você estava desperdiçando seu tempo— Razer
debochou.
— Valeu a pena.— Rider riu. — Você não sabe se não tentar.
— Quão ruim ela atirou em você?— Razer perguntou.
— Ela fingiu que não sabia quem eu era.
— Isso deve ter doído.— Moon riu.
Rider deu um sorriso zombador de volta. — Eu fingi que não sabia
quem ela era, também.— Os homens apenas balançaram a cabeça.
Moon olhou para ele com curiosidade. — Você se importa se eu fizer
uma tentativa com ela?
— Vá em frente, não vai funcionar.— Rider encolheu os ombros para o
outro motociclista. — Você não conseguirá mais do que eu.
— Então, se você não pode entrar em sua calcinha, ninguém pode?—
Razer revirou os olhos para a atitude arrogante de Rider.
— Eu não disse que não entrei em sua calcinha.— Alcançando em seu
bolso, ele girou no ar um par de calcinhas com a ponta do seu dedo.
— Eu perguntaria, mas eu nem quero saber. Irmão, um dia, uma
mulher vai te colocar de joelhos, assim como Beth fez comigo.
— Nunca vai acontecer. Por que se contentar com uma mulher quando
posso estar com todas?— Não havia uma mulher agora ou no futuro que
valesse a pena estar amarrado.
Ao contrário de Razer e dos outros irmãos que se apaixonaram,
nenhum deles era como ele. Mesmo Shade, que Rider teria jurado que não
tinha um coração, tinha caído sob o feitiço de uma mulher.
Ele não. Ele nunca. Nenhuma mulher, e certamente não Jo, seria capaz
de dar-lhe tudo o que ele queria. Não era possível. Sempre haveria a boceta de
outra mulher para explorar e fazer dele por um tempo, antes de passar para a
próxima. Metade da diversão era a perseguição. Quando terminava, metade
da diversão se foi.
— Eu queria que as mulheres pudessem te ouvir.
Rider jogou a roupa íntima de Jo para Moon. Era estranho para ele que
Razer ou qualquer homem se contentassem com uma mulher. Inferno, as
mulheres nunca desistiam de nada. Elas esperavam o anel, a cerca de madeira
e as crianças. O que os homens conseguiam? O prazer de tê-las em sua cama e,
se tivessem sorte, uma noite de foda por semana. Ele poderia ter uma mulher
chupando seu pau com um estalar de seus dedos. Uma esposa faria isso? De
jeito nenhum.
— Você está com ciúmes porque elas me amam.— Rider tirou a
camiseta úmida de seu largo peito. — Eu preciso tomar banho e me trocar. Até
mais.
Rider não perdeu os olhares divertidos que seus amigos atiraram em
sua direção, então deu um tiro de despedida em Razer.
— Beth prometeu-me que iria me aquecer um prato de comida que
sobrou do seu jantar. Tenho que me apressar. Eu não quero que fique frio.—
Satisfeito por ter deixado sua marca, ele entrou, enquanto Moon bloqueava
Razer de se jogar nele.
— Acalme-se.
— Aquele filho da puta tem que encontrar sua própria mulher logo.—
Razer sacudiu o braço para longe do aperto de Moon. — Ou eu vou matá-lo.
Moon segurou seu riso, com medo de que o outro homem o jogasse fora
da varanda.— Ele só faz isso para aborrecer você e os outros homens casados.
Eu não sei porque vocês sempre se incomodam.
— Porque nada lhe acontece... nunca. Ele conseguiu enganar nossas
esposas para acreditarem que ele é um bobão. E está conseguindo um pedaço
de nossa torta. Inferno, ele nem mesmo está contente com isso. Ele está
tentando roubar toda a porra do bolo inteiro.
Moon sacudiu a cabeça. — Irmão, você está todo fodido, e agora você
está tentando fechar o portão. Rider é um Last Rider que eu planejo manter
bem longe de qualquer mulher em que eu esteja interessado. Se eu fosse você,
eu lidaria de outro modo com ele.
— Oh, sim, velho sábio? Que porra você faria diferente?
— Encontre para Rider uma mulher que o mantenha ocupado para que
ele não tenha energia suficiente para perseguir suas mulheres.
— Como vamos fazer isso? Um clube inteiro de mulheres e as da cidade
não o acalmaram.
— Porque nenhuma delas era a mulher certa.
— Como quem?
— Pergunte a Shade. Ele e Rider costumavam festejar juntos antes dele
se casar com Lily. Ele saberá que mulher atrairia seu interesse.
Razer olhou para a calcinha que Moon estava girando em seu dedo.
Posso ter algumas ideias próprias.
Moon sorriu. — Jo é quente, sexy, e ela é território virgem para os
homens do clube.
O ciúme de Razer desapareceu. Sorrindo, ele perguntou: — Ela também
atingiu você, não?
— Como uma estrela cadente.— Moon afastou-se da porta, vendo
Razer se acalmar.
— Você tem certeza que quer que nós tentemos juntar Jo com Rider? Ele
não compartilha suas motos. Nem compartilha o doce que Willa faz para ele.
— Ele vai compartilhar Jo. Rider nunca se apaixonará por uma mulher
do jeito que você e Shade fizeram.
— Você nunca sabe. Nunca subestime o poder de uma mulher para
roubar seu coração.
— Nós ainda estamos falando sobre Rider?— Moon riu.
Razer também riu. — Acho que você está certo. Pensamento louco, não é?
Eles ainda estavam rindo quando uma estrela cadente cortou o céu,
ganhando sua atenção que já estava fixada no céu noturno.
— Você viu isso?— Razer perguntou, virando-se para Moon para ver se ele
também tinha visto.
— Talvez seja um sinal de boa sorte de que você será capaz de tirar
Rider de suas costas.
— Também pode ser um presságio que Jo vai deixar Rider de joelhos
como ela fez com você.
— Ela vai derrubá-lo; isso é certo. A questão é: o que você e os irmãos
vão fazer quando ela o fizer?
Através da porta aberta, ele viu Rider descendo os degraus com o
cabelo cuidadosamente escovado e com um sorriso de antecipação no rosto.
Razer sabia que ele iria para casa encontrar o homem sentado à sua mesa,
comendo as sobras que ele tinha planejado comer no almoço do dia seguinte. E
ele sabia que os irmãos casados, estavam tão fartos como ele.
— Eu vou fazer o que um The Last Riders sempre faz.
— E é o quê?
— Eu vou fazer isso acontecer.
CAPÍTULO 1

Um por um, pés calçando botas entraram na clareira a uns quinhentos


metros de distância do clube The Last Riders. Quando Rider tomou seu lugar
ao lado de Train, seus olhos varreram o círculo, parando em cada um dos
irmãos.
A expressão inescrutável de Cash não deu nenhuma pista sobre o que
ele estava pensando, parado ao lado de Viper. Enquanto isso, o presidente dos
Last Riders não escondeu a ira ardente dos homens que estavam esperando,
querendo satisfazer seu próprio tipo de justiça. Os homens achavam que eram
muito inteligentes para serem pegos, que suas vítimas não viveriam para
apontar um dedo para eles. Lamentavelmente, para eles, suas vítimas haviam
sobrevivido, e agora seus destinos estavam selados. Eles seriam retirados da
sociedade antes que mais danos fossem perpetrados por eles.
Rider não podia culpar Viper. Ele não tinha simpatia por quem fodia
com um Last Riders. Cada um desses que seriam condenados à justiça hoje,
sabia do que os Last Riders eram capazes e tinham colocado suas próprias
vidas em suas mãos quando tinham prejudicado alguém que o clube protegia.
Os Last Riders podiam odiar seus prisioneiros, mas sua vingança nunca
foi tratada de forma leviana. Somente aqueles que mereciam sua ira eram
incapazes de escapar da justiça do clube. Não era como se eles não
respeitassem o sistema legal; os Last Riders simplesmente não acreditavam
que aqueles que haviam cometido certos agravos contra eles mereciam escapar
para os braços indulgentes da lei. Eles não teriam a chance de apelar a um júri
favorável ou a um agente de liberdade condicional. Os Last Rider eram seu
júri, e nenhuma misericórdia lhes seria dada.
Knox estava do outro lado de Viper, seu uniforme de xerife tinha ficado
em casa, enquanto ele estava de pé de calça jeans e camiseta, orgulhosamente
vestindo seu colete com os patches que ele ganhou durante os longos anos
sendo um Last Rider. A expressão de Razer era feroz, esperando que Shade e
Moon chegassem para que pudessem começar. Havia um local vazio ao lado
de Razer, onde Shade ficaria quando chegasse.
Rider não podia deixar de olhar para Lucky, sua própria fúria
acumulando contra a cicatriz irregular que podia ser vista acima da gola de
sua camiseta. Atrás de Lucky, Stud e Calder estavam de pé. Viper os convidou
para impedir que eles tirassem a justiça das mãos dos Last Riders.
Virando a cabeça para o lado, Train pegou seus olhos. O irmão sabia
que ele tinha dúvidas sobre eles estarem aqui. Rider silenciosamente lhe
assegurou que eles manteriam o segredo.
Olhando em frente de novo, ao escutar sons de confusão, ele viu Shade
e Moon jogarem um homem se debatendo no centro do círculo. Nenhum dos
irmãos fez um som quando Shade tomou seu lugar, deixando o homem
agitado e parado sozinho quando Moon saiu do círculo, deixando a clareira
para buscar sua próxima vítima.
Os olhos de Rider foram para Viper, enquanto sua voz calma e mortal
enchia o ar silencioso que havia sido preenchido com um respeitoso silêncio
pelo ato solene que estavam prestes a concretizar.
— Bear, você sabe por que está aqui?
O homem musculoso se endireitou, voltando-se para encarar Viper e
cuspiu uma bola de sangue no chão. Rider se perguntou se foi Shade ou Moon
quem conseguiu lhe dar um soco antes de entregá-lo a Viper.
— Eu não sou um maldito idiota. Você vai me matar porque eu tentei
matar Lucky. Fodidos covardes. Vocês têm muito medo de me enfrentar de
homem para homem. Eu poderia vencer qualquer homem aqui, e você sabe
disso!
— Lucky— Viper, sem emoção, gritou o nome do irmão.
Lucky entrou no círculo, ficando cara a cara com o homem enorme que
quase tirou sua vida. — Não há muitos homens que podem se vangloriar de
ter tido uma vantagem sobre mim. Eu me descuidei. Minha falha. Como
cristão e pastor, eu poderia ficar aqui, dar a outra face e oferecer-lhe
perdão. Levou-me muita busca de alma para perceber que você não vale a
pena eu ser incapaz de olhar para o meu Deus, esposa, filho e congregação
com a sua morte manchando isso.
O alívio de Bear era palpável na clareira, ele acreditava que iria sair
impune, sem saber que a montanha sobre a qual ele estava de pé seria o lugar
do seu descanso final.
— Não lamento dizer que os outros irmãos não sentem o mesmo —
Lucky cortou o alívio de Bear. — Um ataque contra mim é um ataque contra
eles. Eles não têm a mesma conexão com Deus que eu tenho. Eles também não
têm problema em olhar suas esposas ou crianças nos olhos, sabendo que eles
mataram um pedaço de merda como você.— Lucky agarrou seu colete de
couro, tirando sete cartas. Rider sabia quantas havia porque eram sete
membros originais esperando para terminar o que Lucky se sentiu obrigado
pela honra a renunciar.
Segurando as cartas, ele as abriu. — Nós vamos dar-lhe uma chance
justa de viver, o que é mais do que você me deu. Cada uma dessas cartas
representa um dos irmãos. Cada um terá a sua escolha de arma. Nenhum de
nós interferirá, mas apenas um homem sairá deste círculo.
Bear não fez um movimento para escolher uma carta. — Eu pegarei
todos vocês malditos, se vocês forem justos.
— Não fomos nós que viemos atrás de alguém e lhes bateu na parte de
trás da cabeça com um pé-de-cabra, depois cortou a garganta quando ele
estava inconsciente. Escolha antes que eu mude de ideia e mostre do que sou
capaz quando não estou de costas.
Bear estendeu a mão, pegou uma carta, depois com desprezo jogou-a
em Lucky. A carta girou no ar, bateu em seu peito e depois caiu em câmera
lenta no chão.
— É um cinco— gritou Lucky aos irmãos, depois voltou para o lugar
dele no círculo, colocando as cartas restantes de volta no colete.
Nenhum dos membros precisava perguntar quem era a carta cinco.
Rider entrou no círculo, sorrindo com naturalidade para Bear. O
motociclista achou que tinha a vantagem. Rider podia dizer por sua postura
ereta, já planejando derrubá-lo em sua mente.
— Eu vou deixar você escolher sua arma primeiro. Escolha o que
quiser. Eu acho que podemos providenciar o que você escolher — ofereceu
Rider, sem se importar com a que ele escolhesse, apenas esperando que o
idiota fizesse a luta interessante, pelo menos.
— Eu quero uma arma. Eu não me importaria de colocar uma bala na
sua cabeça. Foi o que eu deveria ter feito com Lucky.
— Eu acho que podemos providenciar a metade do que você
deseja. Viper?
Rider observou enquanto Viper avançava, puxando uma arma da parte
de trás de sua cintura e entregando-a para Bear.
— Há apenas uma bala no tambor, use-a sabiamente— Viper
aconselhou antes de virar as costas para Bear e retornar ao círculo.
Bear apareceu atordoado por Viper realmente ter lhe dado a arma.
— Você tem certeza de que não quer facilitar para você, dando bom uso
a essa bala e explodindo seu próprio cérebro?— Rider chamou sua atenção
para ele.
Bear riu em seu rosto. — Se os Last Riders mantiverem sua palavra, eu
voltarei ao clube dos Destructors, e beberei uma cerveja antes que eles
terminem de enterrá-lo.
Enquanto Bear se gabava, Rider não tirou os olhos da arma,
observando-o segurar firme na mão e levar o cano em direção a ele enquanto o
polegar estava no gatilho. Bear tinha a intenção de terminar sua sentença com
um estrondo, mas antes que ele pudesse puxar o gatilho, Rider chutou,
tirando-a de sua mão.
Bear tentou mergulhar atrás da arma que havia pousado aos pés de
Razer. Assim que o peito de Bear bateu no chão, Rider pisou na sua espinha,
ouvindo a lufada de ar escapar de seus pulmões enquanto tentava alcançar a
arma com a ponta dos dedos.
Mantendo sua bota nas costas de Bear, fixando-o no chão, Rider pegou
a arma. Sua expressão bem humorada desapareceu quando ele se curvou,
pressionando o cano da arma na testa de Bear.
— Seu idiota fodido. Você deveria ter me derrubado antes de se gabar
disso.— Afastando a arma, Rider se endireitou, entregando-a para Razer, que
cuidadosamente colocou-a em sua cintura quando Rider tirou o pé das costas
de Bear. Imóvel, ele esperou que Bear se levantasse.
Quando o homem grande como um urso veio para ele, Rider fincou os
calcanhares no chão, estabilizando-se para não ser derrubado. Bear costumava
derrubar seus oponentes com seu tamanho.
Rider começou a bater nas costelas de Bear, expulsando o oxigênio dos
seus pulmões. Bear tentou se afastar e recuperar o fôlego, mas Rider não o
deixou, seguindo-o até aos limites do círculo, usando toda a sua força para
mantê-lo no lugar. Quando Bear tropeçou para trás em Cash, ele o empurrou
de volta para Rider.
Rider notou o primeiro vislumbre de preocupação em Bear, percebendo
que não conseguiria derrotar Rider, quando o homem tirou os olhos dele por
um segundo, procurando uma lacuna entre os irmãos por onde ele pudesse
correr pela sua vida.
Não havia uma.
Quando Bear voltou para ele, Rider estava esperando, e esmagou um
punho no seu nariz, enviando um jato de sangue sobre
sua camiseta. Lamentando que ele estivesse usando sua camisa favorita, ele
esperava que Jewell ou Stori pudessem tirar o sangue. Ele não queria
lembretes de Bear. O filho da puta merecia ser esquecido.
Bear balançou os punhos freneticamente de forma selvagem, tentando
afastá-lo, ou na esperança de ter sorte e acertar alguma parte de seu corpo. No
entanto, Rider se esquivou dos punhos de maneira fluída, usando
metodicamente o cansaço de Bear batendo-o em seus pontos vulneráveis.
Não foi a primeira luta até à morte em que Rider participou. Bear
poderia ter entrado em várias lutas, mas, a menos que ele tivesse lutado por
sua vida em risco, ele não seria capaz de vencer a experiência de Rider.
Bear se curvou, tentando proteger suas costelas, então Rider o golpeou
violentamente no maxilar. Quando Bear tentou se esquivar de mais um golpe
em sua cabeça, Rider o atingiu no queixo, depois na boca, satisfeito quando
ouviu os ossos da mandíbula de Bear quebrarem. Porra, como ele amava o
som dos ossos quebrando.
Como um predador, ele circulou Bear. Ao levantar o braço, Rider bateu
o cotovelo na parte de trás do pescoço de Bear, deixando-o de joelhos. Então
Rider estendeu a mão, pegou um punhado do cabelo de Bear e expôs sua
garganta enquanto ele se abaixava para tirar uma longa faca de sua bota. Ele
pressionou a carne que havia exposto.
— Como se sente ao saber que eu poderia cortar sua garganta e não
poder fazer nada sobre isso?— Perguntou ao motociclista que estava ofegante
por causa de seus ferimentos.
— Vá se foder.
Rindo para ele, Rider desenhou uma linha fina em sua garganta. —
Você não é meu tipo, mas sua irmã é. Ela vai precisar de um ombro para
chorar quando você desaparecer.
— Minha irmã não o deixaria cheirar onde ela mija.
Rider liberou o cabelo de Bear, o circulando. Quando a cabeça de Bear
caiu para frente, Rider levantou o pé, chutando Bear no maxilar e enviando o
homem para o chão, choramingando.
— Ela faria e imploraria por mais. Sua irmã é uma vagabunda— Rider
continuou zombando, desapontado que o homem não estivesse dando uma
boa luta. — Eu aposto que não levará nem uma hora para eu entrar em sua
boceta.
— Eu vou aceitar essa aposta.— A voz zombeteira de Viper levou Bear
a uma fúria insensata que o fez sair do chão em direção a ele.
Quando Bear correu para Viper, Rider bloqueou seu caminho,
mergulhando a faca no estômago de Bear. Ele tirou e mergulhou novamente,
desta vez na lateral de Bear entre suas costelas.
Bear caiu de joelhos, olhando atordoado para Rider antes de cair de
lado.
Rider usou a ponta da bota para deitá-lo de costas. Então, agachado ao
lado dele, ele examinou os ferimentos de Bear. Nenhum até agora tinha sido
um golpe mortal. Ele não tinha intenção de fazer sua morte fácil. Ele queria
enviar Bear para o inferno, gritando em agonia.
Tirando a faca, ele cortou a camiseta de Bear ao meio, expondo seu
peito. Meticulosamente, Rider esculpiu o nome de Lucky na carne de seu
peito.
— Isso é para que você não se esqueça do motivo de estar indo para o
inferno.— Depois de fazer um Y extenso, ele apunhalou-o novamente no
estômago, usando seu peso para deixar a faca afundar profundamente. — Eu
esperava que você fosse mais divertido de matar, Bear. Em vez disso, você está
me aborrecendo, e eu odeio que me aborreçam.
Rider usou sua mão para fechar a boca de Bear, trancando o
oxigênio. Os olhos de Bear começaram a piscar enquanto lutava para
respirar. O terror fez suas pernas se arrastarem na terra enquanto lutava para
sair debaixo dele.
O homem que Rider estava matando lentamente estava pálido e
tremendo quando começou a entrar em choque. Quando seus olhos se
fecharam, Rider o sacudiu com uma forte bofetada na bochecha.
Rider não conseguiu entender as palavras ininteligíveis saindo de Bear,
fechando sua boca com a palma da mão e vislumbrando a língua entre os
dentes.
— Suas orações estão muito atrasadas.
Ele usou o que restava da camiseta de Bear para limpar a mão
ensanguentada antes de levantar e jogar Bear sobre o ombro, carregando
facilmente o pesado morto quando seus irmãos se separaram para deixá-lo
passar pelo círculo. Ele caminhou sobre o terreno acidentado até o buraco
profundo que todos os membros haviam ajudado a cavar. Ao arremessar o
peso morto, ele ficou feliz ao ver que Bear tinha pousado virado para cima.
Puxando a arma de suas costas, ele esvaziou o tambor nas pernas de
Bear, certificando-se de que cada rótula e mãos tivessem uma bala neles antes
de dizer a Bear as últimas palavras que ele ouviria endereçadas a ele.
— Será que Lucky olhou para você da mesma forma que você está me
olhando quando o jogou para dentro daquela vala?— Rider sadicamente
zombou do homem olhando para ele. — Não se preocupe. Eu não vou enterrá-
lo vivo. Você tem companhia chegando para o seu caminho ao inferno.
Deixando Bear olhando para o céu azul brilhante, Rider voltou ao
círculo, passando por Stud e Calder enquanto voltava para o lugar dele. Os
dois homens sabiam que os Last Riders fariam justiça por Lucky. Eles também
queriam um pedaço de Bear, mas, infelizmente, você não podia matar um
homem duas vezes. Stud e Viper tinham discutido incansavelmente sobre
quem tinha o direito de lidar com Bear. Os Last Riders ganharam quando Stud
trocou por um favor.
O solo recém-revirado, ao lado da cova de Bear, mantinha o corpo de
uma mulher em quem os Destructores exerceram sua própria forma de
vingança. Ele não pediu uma explicação de Shade quando foi acordado ontem
à noite e foi-lhe dito para encontrá-lo na clareira. Nem tinha dito nada sobre a
mulher morta e porque Crazy Bitch estava lá. Os três haviam enterrado a
mulher, depois se dirigiram para o restaurante da cidade para tomar café da
manhã.
Quando seu estômago resmungou, Train deu-lhe um olhar
desgostoso. Ele tinha comido dois pratos no almoço e já estava com
fome. Encolheu os ombros. Ele era um homem de grandes apetites.
Sua atenção foi desviada dos pensamentos de comida e sexo quando
Crash entrou voluntariamente no círculo depois de ser escoltado por Moon. O
irmão pediu para ficar, mas Viper recusou. Ninguém estava autorizado a
testemunhar punições administradas pelos membros originais. No entanto,
Viper tinha feito uma exceção para Stud e Calder com Bear, que agora estavam
saindo com Moon.
Crash e os irmãos esperaram ansiosamente pelo homem que teve que se
inclinar para se esquivar de um ramo baixo. Viper e Cash pisaram para o lado,
dando espaço para o recém-chegado.
O Gavin que entrou no meio do círculo para enfrentar Crash não era o
mesmo Gavin com quem Rider tinha festejado durante sua licença na Marinha,
nem aquele que ajudou a começar o clube em Ohio quando os membros
originais tinham sido uma força de nove.
Rider ainda podia se lembrar de sua viagem para Ohio quando eles
deixaram o serviço, fodendo e bebendo no seu caminho através dos estados
até decidirem ficar um fim de semana em Ohio. O fim de semana transformou-
se em uma semana, depois em outra. Quando eles não encontraram o
entusiasmo de seguir em frente, eles decidiram fazer de Ohio sua casa,
satisfeitos em construir o clube até que Gavin teve a ideia de ramificar e
começar outra filial no Kentucky, onde Gavin encontrou uma casa e uma
propriedade grande o suficiente para construir a fábrica e abrigar os
homens. Foi uma decisão fatídica, com a qual cada um dos membros ainda
estava lutando em partes iguais de arrependimento e felicidade. Muitos dos
Last Riders encontraram suas esposas no Kentucky, enquanto Gavin havia
perdido a mulher que amava e a vida que ele levava.
Gavin estava vestido de preto, desde suas botas até ao jeans. Sua
jaqueta de couro preta estava aberta, a camiseta preta embaixo mostrava seu
tórax volumoso. Ele recuperou o peso que perdeu durante o seu cativeiro com
os Road Demons, e não era mais o fantasma branco pálido que ele havia sido
no centro de reabilitação. Agora, sua pele brilhava com saúde e vitalidade...
Até que você olhasse em seus olhos que eram tão escuros e sombrios quanto
um lago morto e turvo, não mostrando o que estava embaixo da superfície.
Crash empalideceu contra o estranho em que Gavin tinha se
tornado. Inferno, Rider agradeceu por não ser aquele que teria que lutar contra
ele, e ele estava sempre disposto a uma boa luta. Gavin o assustava como a
merda, e ele não se assustava facilmente.
— Gavin...— Crash começou, mas parou pelo ódio intenso no rosto de
Gavin que mostrou muito sobre o quanto Gavin o detestava. — Irmão...
Gavin ergueu a mão, batendo na bochecha de Crash. — Nenhum irmão
faria o que você fez comigo. Eu não faria para o meu pior inimigo o que você
fez comigo. Não tenho que lhe dizer o que fizeram - eles lhe enviaram os
vídeos. Eu teria morrido antes de deixar alguém a quem eu chamava de irmão
passar o que eu passei.
Crash começou a chorar. — Eu não sabia o que fazer.
Quando Gavin ergueu a mão novamente, Crash nem tentou evitar o
punho que o fez recuar um passo.
— Eu sei o que eu teria feito. Eu sei o que todos os irmãos neste círculo
teriam feito. Eu sei o que Stud e Calder teriam feito, e eles não são Last
Riders!— Gavin aproximou-se de Crash, inclinando-se sobre ele como um
anjo negro vingador determinado a causar estragos e dor à pessoa que o traiu.
— Você comeu e dormiu em sua cama agradável e limpa, enquanto eu
dormia na imundície e tive que mijar em um balde! Você comeu comida em
um prato, enquanto eu comia os restos. Você fodeu as mulheres que
queria foder, enquanto eu fodi homens e mulheres que queriam experimentar
suas perversões se divertindo comigo.
— Sinto muito!— Crash chorou mais forte com o repúdio de Gavin.
— Se eu pudesse matá-lo mil vezes, você nunca me pagaria o que eu
passei.
— Eu sei...
Gavin o acertou novamente, batendo em Crash e dobrando-o. — Cale a
boca.
Rider ficou surpreso que Crash ainda estivesse de pé.
Pensar sobre todas as vezes que ele festejou com Crash o deixou
doente. Ele sabia o tempo todo onde Gavin estava e não tentou contar a
ninguém. Isso reforçou o que ele já havia aprendido com a traição de seu
próprio pai - a traição não conhecia limites quando seus próprios desejos e
necessidades estavam em jogo. Crash tinha sido fraco, e também o pai de
Rider.
Ao contrário de Gavin, Rider se afastou, não se vingando de seu pai. Ele
jurou que seria a última vez que permitiria. Se alguém o fodesse novamente,
ele acertaria as contas, assim como Gavin estava prestes a fazer.
Algumas vinganças eram doces como a de Bear. Outras, como a de
Crash, eram agridoces.
Independentemente disso, os Last Riders fariam sua justiça. Gavin
estava dormindo no antigo quarto de Viper, enquanto Crash ficaria em uma
tumba fria.
A espinha de Crash endureceu até ficar de pé novamente. — Fiz o que
pude. Foi por isso que eles te mantiveram vivo por tanto tempo.
— Obrigado por cuidar de mim.— Com desprezo, Gavin se aproximou
de Crash e envolveu um braço em volta do seu pescoço antes que Crash
pudesse reagir. — Eu vou fazer o que eu desejei que alguém tivesse feito por
mim no primeiro mês que Memphis e você me deixaram apodrecer no porão
do Road Demons.— Gavin torceu o pescoço de Crash de forma anormal até
que Rider ouviu seu pescoço estralar antes que Gavin o empurrasse para
longe.
— Você deveria ter deixado um pouco para o resto de nós.— Viper
curvou-se para pegar o pulso de Crash.
Rider poderia ter dito que era uma perda de tempo. Quando o Reaper1
matava, ele só compartilhava com o diabo.

1
Ceifador, aquele que executa.
CAPÍTULO 2

O estacionamento do restaurante estava quase vazio quando Jo


cuidadosamente manobrou o caminhão de reboque para uma vaga no
estacionamento ao lado do prédio. O compacto solitário, pequeno e vermelho
estacionado perto da lixeira foi facilmente identificado como o de Carly. Não
havia muitos veículos em Treepoint que ela não pudesse reconhecer. Nasceu e
foi criada na pequena cidade, tirando os anos em que foi morar com sua mãe,
Jo se lembrou. Jo também sabia de quem era a moto cara em frente ao
prédio. Se ela não tivesse que encher a garrafa térmica de café, ela teria feito o
retorno ao estacionamento e saído. Infelizmente, o único outro lugar para
tomar café de manhã cedo era no Quik Stop, e Freddy não abriria por mais
uma hora.
— Se aquele cuzão disser alguma coisa para mim, vou bater nele com
minha térmica— ela murmurou sob sua respiração, enquanto pegava a garrafa
de aço inoxidável do console. Era a mesma que seu pai usara todos os dias
antes da sua morte.
Colocando-a sob o braço, ela abriu a porta e depois deslizou do
caminhão para a calçada. Suas botas bateram na poça e espirraram água no
seu macacão verde e feio. Desconfiada que a traseira do seu macacão agora
estivesse com uma mancha escura, ela fechou a porta e continuou em direção
ao restaurante, ignorando a chuva fina.
Ela se sentia à vontade nesse elemento. Era só a espécie masculina que a
fazia hesitar. E o motociclista que montava o enorme monstro parado bem em
frente à porta era definitivamente um homem.
Determinada a não correr como um coelho assustado desta vez, abriu a
porta com mais força do que o necessário, fazendo o vidro trepidar e o sino
sobre a porta tocar loucamente. Sem entusiasmo, Jo olhou ao redor do
restaurante vazio enquanto sentava em uma das cadeiras do balcão no bar,
colocando a garrafa térmica na frente dela.
Olhando em volta, ela franziu a testa, tinha esperado que Rider
estivesse sentado em uma das mesas ou cabines, com Carly conversando com
ele enquanto ela esperava para ser atendida. Não havia nenhum sinal deles.
Ela assistiu a filmes assustadores o suficiente para se preocupar e estava
prestes a chamar Carly quando a garçonete saiu do banheiro das mulheres,
alisando os cabelos.
— Bom dia, Jo.— A mulher de meia-idade estava com suas bochechas
ruborizadas enquanto seguia para trás do balcão.
— Bom dia, Carly. Eu estava preocupada com você.— Jo devolveu o
cumprimento, perguntando se Rider tinha deixado sua moto e atravessado a
rua para visitar Knox no escritório do xerife.
O rubor de Carly se aprofundou. — Desculpa. Pedi a Rider para dar
uma olhada no banheiro para mim. Não pára de vazar.
Jo nem piscou com a mentira quando a porta do banheiro se abriu
novamente e Rider saiu. O motociclista, ao contrário de Carly, não estava com
vergonha de ser pego no banheiro das mulheres com uma mulher.
Afastando os olhos de seu sorriso irônico enquanto se sentava em uma
das pequenas cabines para dois, voltou a cabeça para Carly.
— O que posso te oferecer esta manhã?— A garçonete piscou sem
vergonha nenhuma para Rider enquanto anotava o pedido de Jo.
— Eu só preciso da minha garrafa térmica cheia e um sanduíche de
ovos para levar.— Ela fazia a maioria das suas refeições no caminhão para
que estivesse pronta quando recebesse uma chamada pelo rádio.
— Você quer uma xícara de café enquanto espera eu fazer o seu
sanduíche?— Ao aceno de Jo, Carly foi buscar as xícaras de café, servindo
dois. Depois que Carly colocou uma na frente dela, Jo observou enquanto ela
levava o outro café para Rider.
Se balançando para a frente em sua cadeira, Jo se sentiu desconfortável
ao assistir os flertes casuais entre eles. Ela impacientemente olhou para o
relógio. Odiava não estar no caminhão de reboque antes das sete. Faltava dez
agora.
A cidade era muito pequena para a corrida matinal do tráfego que as
cidades maiores experimentavam, mas por menor que Treepoint fosse, as
manhãs eram inevitavelmente seu horário mais ocupado. As chamadas
variavam de carros que não pegavam a pneus furados. Dias como hoje seriam
preenchidos com acidentes nas estradas causados pela chuva ou esquivando-
se de um veado fugindo da flecha de um caçador.
Colocando uma grande quantidade de creme em seu café, irritada que
Carly não tinha lhe dado uma colher, ela se inclinou sobre o balcão e pegou
uma no recipiente de talheres sob o balcão. Bem sucedida, ela mexeu o café,
capaz de ver pelo reflexo da cafeteira de aço inoxidável que Rider e Carly
ainda estavam conversando.
Ela deu outro rápido olhar para o relógio dela. Faltavam cinco minutos
agora.
Tirou a colher da xícara de café e deliberadamente a deixou cair no
balcão. Pelo reflexo, ela viu as cabeças de Carly e Rider virarem-se para ela
antes que Carly murmurasse algo e partisse para a cozinha.
Satisfeita que seu objetivo havia sido alcançado, Jo tomou um gole do
café, inconscientemente, tamborilando a ponta dos dedos no balcão.
— Qual é a pressa?
O som da voz de Rider da cabine a fez balançar em sua cadeira. —
Algumas pessoas têm trabalho a fazer.
— A quem você está se referindo? A Carly ou a você mesma?
— Ambas.
Seu olhar fixo se estreitou nela. Seu braço estava jogado sobre a parte de
trás da cabine, as longas pernas esparramadas para o lado, possuindo o espaço
com sua masculinidade escorrendo de cada poro de seu corpo.
Ter um homem como Rider focado em você tirava todo o sarcasmo de
uma mulher. Era tudo o que ela podia fazer para se forçar a dizer algo.
Balançando a cadeira para a frente, ela se concentrou em seu café e não
no homem de cabelos escuros que a fazia autoconsciente das manchas na
bainha de seu macacão e dos seus olhos de águia no seu traseiro esticando o
material grosseiro.
Ouvindo passos atrás dela, ela agarrou seu café mais firme. Ela odiava
quando os homens vinham por trás dela.
Sentiu quando ele se sentou ao lado dela no balcão sem virar a cabeça.
— Você se importa?— Um ombro poderoso bloqueou sua visão quando
ele se debruçou sobre o balcão, pegando uma colher para si mesmo.
— Fique à vontade. Eu peguei.— Ela furtivamente poupou um breve
olhar quando Rider voltou para a cadeira.
Os lábios de Rider se curvaram em um sorriso sensual quando ele
deixou cair os olhos para o zíper que ela fechou até à base da garganta. —
Desculpe, demorei muito para pedir. Não podia decidir o que eu queria para o
café da manhã.
— Mesmo? Eu assumi que um homem de sua idade saberia exatamente
o que ele quer.
— Você pensaria assim, mas eu não conseguia decidir se queria doce ou
salgado. — Seu sorriso cresceu. Ela não nasceu ontem. Não houve indecisão
nenhuma em sua escolha.
— Escolha o doce.— Dando-lhe um pequeno conselho, ela então se
encolheu quando sua risada alta encheu o restaurante.
— Você é fofa quando está irritada.
Ela, com altivez, virou a cabeça para ele. — Não estou irritada.
— Sim, você está. Você está chateada porque está envergonhada em ter
apanhado eu e Carly nos pegando quando entrou.
— Por que eu ficaria envergonhada?— Ela olhou para o nariz nele.
Seu rosto presunçoso e bonito abriu uma ferida de outro homem que
ela detestava. Homens bonitos, como Rider, sempre acreditavam que todas as
mulheres estavam disponíveis. Com longos cílios, pelos quais ela daria o braço
direito, cercando o que deveriam ser simples olhos castanhos claros, mas eram
da cor das folhas de outono, misteriosos e mudando constantemente,
dependendo do seu humor, e agora, ele estava rindo dela.
— Vocês dois são adultos responsáveis. Eu estou ficando louca é
porque Carly está levando sete minutos para fritar um ovo e você está
pensando que eu quero falar com você.
Seu sorriso escorregou, seus olhos se transformaram em redemoinhos
de cores que combinavam com suas emoções mistas, por ela não retornar o
flerte como as outras mulheres costumavam fazer. Ela não flertava. Essa
habilidade era impossível para ela, agora.
Seu bom humor poderia ter escorregado, mas o enorme ego de Rider
não ficou longe muito tempo.
— Uau, alguém levantou do lado errado da cama. Se eu estiver te
incomodando, voltarei à minha mesa.— Ele fez a oferta, sem esperar o que
viria a seguir.
— Por favor, faça.
Sua xícara de café estava pronta no ar, prestes a tomar um gole, ela
parou com a surpresa dele. Por um breve segundo, ela pensou ter visto algo
terrível em sua expressão antes dele sair da cadeira e deixar o café para
trás. Ela esperava que ele voltasse para a sua mesa, ficando boquiaberta atrás
dele, quando ele andou em linha reta para a porta.
Jo ainda olhava para a porta quando Carly saiu da cozinha, carregando
o recipiente de plástico com o sanduíche. — Coloquei um pouco de bacon e
um muffin para você aguentar até o almoço uma vez que fiz você esperar. A
grelha demora um pouco a aquecer.
— Obrigada. Eu aprecio isso.— Tirando sua carteira, ela levou sua
comida até o caixa enquanto Carly enchia sua térmica.
— Para onde Rider foi?
Sentindo-se como uma cadela, a culpa de Jo acrescentou mais alguns
dólares à gorjeta de Carly. — Ele saiu.
— Oh.— O batom vermelho transformou-se em um beicinho
inconveniente quando Carly lhe entregou a garrafa térmica.
O motor de uma moto soou alto, fazendo com que elas olhassem para
fora pela janela de vidro, enquanto Rider manobrava e saía do estacionamento.
— Eu pensei que ele queria café da manhã.
— Ele deve ter mudado de ideia. Obrigada.— Jo se afastou antes que
Carly pudesse fazer mais perguntas sobre a partida de Rider. Ela comia muito
no restaurante e não queria se preocupar com o que Carly faria com sua
comida lá atrás toda vez que ela fizesse um pedido.
Amaldiçoando, ela voltou para o caminhão, onde se engasgou com seu
sanduíche, odiando-se.
Ela detestava ser uma cadela. De verdade. Essa parte sempre acontecia
em torno dos homens, apesar de seus esforços em tentar ser diferente.
— Eu vou ser uma velha solitária que ninguém lembrará, nem mesmo
de meu nome, quando eu morrer.
Ela estava tão sozinha que doía. Rachel era sua única amiga na
cidade. Casada com Cash Adams, ela estava ocupada com uma criança
pequena e trabalhava para os Last Riders, para quem seu marido também
trabalhava.
Rachel a convidava para jantar regularmente, tanto que deixara de
aceitar seus convites, sentindo que Rachel a estava convidando porque sabia o
quanto ela era solitária.
— Teria matado você ser legal?— Ela se perguntou em voz alta.
A melhor parte de seu trabalho era ser seu próprio chefe. A pior parte
de seu trabalho era passar a maior parte de seu tempo sozinha.
Estática encheu a cabine do caminhão exatamente quando ela fechou a
tampa de plástico.
— Você está aí, Jo?
— Estou aqui— ela respondeu, pressionando o botão em seu rádio para
responder à voz familiar do xerife. — Eu preciso que um carro seja
rebocado. Vou lhe mandar um texto com o endereço.— Seu telefone celular
apitou quando ele parou de falar. Olhando o endereço, ela pressionou o botão
novamente. — Dê-me dez minutos. Estou deixando o restaurante agora.
Franzindo o cenho, ela deu ré, virando o enorme volante para colocar o
caminhão na estrada. Ela tentou pensar em quem morava naquela parte da
cidade. Era quase no limite do condado. Ela geralmente nunca recebia
chamadas dessa direção, a menos que estivessem envolvidas em um acidente
de carro.
Pressionando o acelerador, ela segurou o volante com as duas
mãos. Não havia muitos moradores vivendo tão longe da cidade,
principalmente pessoas mais velhas que nasceram nos vales e ainda moravam
lá. Muitos deles moravam em casas de várias gerações, não querendo desistir
de sua privacidade vivendo em torno de outras pessoas. Porquê viver em uma
casa com um quintal pequeno quando você pode viver com seus pais e ter a
floresta à sua porta?
Desacelerando, ela ligou o pisca antes de entrar em
uma estrada lateral pavimentada e de duas pistas. A estrada era tão estreita
que ela teve que buzinar quando passou por uma curva, alertando os veículos
que se aproximassem na outra pista. Eram curvas perigosamente
fechadas. Dois carros de tamanho médio teriam dificuldade em navegar na
curva acentuada. Seu caminhão era tão grande que quase tomava conta da
estrada.
As luzes piscando do carro do xerife mais à frente mostraram que ela
estava no caminho certo.
Manobrando o grande caminhão de reboque ao lado da estrada, ela
pegou sua prancheta pendurada no painel e preparou-se mentalmente quando
abriu a porta. Saltando do caminhão, ela caminhou até onde Knox e seus dois
oficiais estavam de pé, olhando para o leito do riacho onde um carro estava
caído. A frente do pequeno carro estava quase achatada, com o pára-brisa
quebrado e esmagado para dentro.
Ela estava dirigindo o caminhão do seu falecido à pai tempo suficiente
para saber que estava lidando com uma fatalidade. Pegando sua caneta, Jo
anotou a descrição do veículo e a informação de que Knox havia solicitado a
remoção antes de entregar a prancheta e a caneta para Knox.
— O que aconteceu?— Ela perguntou, vendo o oficial tirar mais fotos
antes de entrar na água para bater outras.
— Parece que Ben acidentalmente pisou no acelerador em vez do freio,
e disparou para frente, jogando-os sobre a colina.
O coração de Jo torceu de tristeza. Os Warrens eram um casal mais
velho e estavam casados desde o ensino médio. Ela achou que ambos estavam
na casa dos setenta. Ela os conheceu na cidade e nas poucas vezes que
precisaram que seu carro fosse rebocado.
— Você terminou? Caso tenha, vou engatar o carro.
— Vá em frente. A polícia estadual acabou de sair. Lloyd está apenas
tirando fotos para meus arquivos— ele respondeu, rabiscando sua assinatura
em seu formulário.
Tirando-o dele, ela voltou para o caminhão.
Manobrando em um amplo arco, ela deu ré no caminhão até ao
pequeno riacho. Descendo, ela pegou a corrente de aço para engatar na
traseira do caminhão, facilitando a retirada do carro destruído.
A garoa lançou uma sombra escura na visão triste do carro mutilado.
Enquanto ela trabalhava, tentou não olhar para o que restava do interior, não
querendo lembrar a evidência do que aconteceu lá dentro.
Jo odiava empregos como este, quando conhecia as vítimas. Ben era um
homem grande como um urso, apesar de sua idade, e Mary era tão pequena
que uma brisa a teria carregado.
Afastando lágrimas inúteis, ela voltou para o caminhão para apertar o
botão que puxaria o veículo destruído para a traseira de seu caminhão.
— Nunca é fácil aceitar, não?— Disse Knox, parando ao seu lado para
assistir sombriamente.
— Não, não é. Obrigada por não ligar até que eles fossem levados.
— É meu trabalho, e eu não queria estar aqui. Não faz sentido que você
tenha mais pesadelos.
Jo olhou para ele. — Eu não tenho pesadelos. — Sem expressão, ela foi
para o outro lado do caminhão, certificando-se de que o carro estava preso
antes de retornar para onde ela tinha deixado Knox. — Eu vou ao seu
escritório pegar o meu dinheiro amanhã.— Com isso, ela abriu bruscamente a
porta da cabine e entrou antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, ignorando
a maneira estranha que ele olhou para ela.
Ela habilmente manobrou seu caminhão desviando da viatura de Knox,
enquanto mentalmente se chamava de idiota por se ofender com a menção de
pesadelos.
Ela desejou poder ter pesadelos. Pelo menos, isso seria normal. Mesmo
quando era criança, sua vida estava tão longe do normal quanto você poderia
imaginar.
Suas primeiras lembranças eram de sua mãe brigando com seu pai por
suas bebedeiras ou se queixando que ele nunca aparecia em casa. Muitas
noites elas haviam jantado sozinhas, e então ela era acordada no meio da noite
por suas discussões altas. Ela aprendeu a puxar os cobertores e o travesseiro
sobre ela para abafá-los.
Apesar das brigas, sua mãe ficou, mesmo que constantemente
ameaçasse ir embora e levar Jo com ela. Então o dever de sua mãe para com ela
finalmente superou a vontade de manter seu casamento intacto.
Os dedos de Jo apertaram o volante. O que desencadeou a decisão de
sua mãe foi uma noite pela qual ela ainda se culpava, independente do que sua
mãe e o terapeuta tentassem convencê-la.
Ela não estava assumindo a culpa sozinha. Havia muito para
compartilhar com os quatro meninos que ainda permaneciam intocados pelo
crime que haviam cometido.
Ela tinha sido ingênua aos quinze anos de idade quando os jovens
de dezessete e dezesseis anos, atletas do ensino médio, que tinham Treepoint à
sua disposição, decidiram que ela seria o troféu por terem ganho a final do
campeonato.
Jo engoliu a bile subindo por sua garganta. Fazia anos, mas ainda podia
lembrar-se de cada detalhe daquela noite.
Buzinando enquanto fazia a curva, aliviada pela estrada principal ficar
logo à frente, ela reviveu aquela noite. O hálito abastecido com
álcool respirando sobre seus seios, mãos ásperas separando suas coxas,
enquanto sentia outras mãos usando a força contundente para imobilizar seus
braços. Pressionando o pé no acelerador, o caminhão de reboque disparou em
direção à cidade, enquanto o sol nascia alto no céu.
Quando Jo ligou seus limpadores de pára-brisa, ela percebeu que a
névoa que bloqueava sua visão não era da chuva lá fora. Deus, como ela
desejava poder esquecer aquela noite com uma virada de um interruptor.
Desacelerando quando atingiu os limites da cidade, passou pela igreja,
depois pela delegacia de polícia. Irônico elas ficarem na mesma rua. Punição
ou perdão. Ela não conseguiu ambos, desde que voltou para a cidade.
Os Dawkins eram muito poderosos, não só pela riqueza, mas a família e
amigos os fizeram intocáveis. Ela era virgem antes que Curt e seus amigos
colocassem suas mãos nojentas nela.
Não importa quantos domingos ela passou na igreja, não conseguiu
encontrar perdão em sua alma para eles, nem foi capaz de encontrar justiça
através da lei. Sua reação a Rider mostrou que ela não tinha esquecido o
passado.
Os Warrens morreram inesperadamente. Quando eles saíram de carro,
não sabiam que seria a última vez que sairiam pela porta deles. A mesma coisa
poderia acontecer com ela. Acidentes acontecem o tempo todo. Um tinha
tirado a vida de seu próprio pai. Qualquer acidente infeliz poderia tirar sua
vida, e tudo o que ela estava esperando fazer ficaria inacabado.
A emoção e o medo percorriam suas veias. Para alcançar seu objetivo,
ela precisava de um bode expiatório.
Um sorriso se formou em seus lábios. O garoto bonito seria
perfeito. Ninguém suspeitaria dele. Ele também seria protegido pelo xerife que
não deixaria que nada acontecesse com ele.
Era perfeito.
Perfeito pra caralho.
CAPÍTULO 3

R IDER subiu dois degraus de cada vez para o seu quarto no andar de
cima do clube. Passou pela porta aberta de Jewell e parou no corredor,
observando enquanto ela puxava o top sobre seus peitos.
— Você quer se atrasar comigo? — Dando-lhe um olhar ardente que
acenderia o fogo em sua boceta, ele entrou no quarto dela.
— Eu já tive que puxar do saco de punição esta semana por sua
causa.— Jewell deu-lhe um olhar irritado enquanto se sentava na beira da
cama para calçar os sapatos. — Se eu continuar me atrasando, Shade vai
assumir a fábrica novamente.
Sem rodeios, ele se afundou na cama ao lado dela, deslizando a mão
debaixo do seu top apertado, subindo pelas costas nuas puxando o material o
deixando mais justo para que ele pudesse ver o contorno de seus mamilos
salientes. — Shade não vai assumir novamente, não quando Lily está para dar
à luz a qualquer momento.— Esfregando o queixo em seu antebraço, ele viu os
arrepios em seus braços. — Solte-se. Eu quero passar a manhã na cama com
você.— Com a mão livre, ele se moveu para a fenda de suas coxas, esfregando
sua boceta com golpes firmes.
— Maldito, Rider. — Jewell começou a cair para trás com sua
insistência, levantando os quadris com avidez aos seus movimentos. — Eu não
deveria deixar você me convencer a tirar um dia de folga.
Com seu peito, ele esmagou seus seios enquanto desabotoava o
jeans. — Ligue e diga que está doente.
— Shade teria que me substituir. Ele estaria aqui antes de eu poder
desligar para ver se estou mentindo.
Com um movimento final contra seu clitóris, ele tirou a mão de sua
boceta molhada. — Me acorde durante sua hora de almoço.
Ele começou a se levantar da cama, mas ela puxou-o de volta. — Eu não
disse que não faria isso. Apenas o que vai acontecer quando eu fizer.
Ele riu, sentando novamente ao lado dela. — Quer que eu ligue por
você?
Lambendo o lábio inferior, Jewell desabotoou seu jeans, afastou o tecido
enfiando a mão para puxar seu pau endurecido. —Sim, estou um pouco
ocupada.— Ela abriu sua boca ávida, deslizando sobre a cabeça de seu pênis.
Quando um silvo de ar escapou através de seus dentes cerrados, ele se
moveu ligeiramente, pegando seu celular no bolso de trás e digitou o número
de Shade antes de colocar o telefone em sua orelha.
— O que você quer?— A voz sonolenta de Shade fez Rider sorrir para o
teto enquanto ele se debruçava para dar a Jewell mais de seu pau.
— Jewell não está se sentindo bem. Convenci-a a tirar o dia de folga.
— Então você pode ir trabalhar por ela.— Shade definitivamente não
estava feliz por ser despertado com a má notícia de que a gerente da fábrica
precisava do dia de folga.
— Não posso. Estou ocupado.— Ele empurrou a cabeça de Jewell mais
para baixo. A mulher podia chupar um pau com as mãos amarradas atrás das
costas. Ele sabia disso.
— Se desocupe. Não vou substituir Jewell porque ela quer passar o dia
com você.
— Vamos, Shade. Quando Lily tiver o bebê, serão três meses até que
Jewell possa tirar uma folga.— Outro assobio escapou dele quando Jewell
fechou a boca com mais força sobre ele.
— Vou trabalhar até à uma. Lily tem uma consulta médica à uma e
trinta. É melhor você ou Jewell terem sua bunda no escritório à uma.
Rider sorriu para Jewell depois que Shade desligou. Lançando o celular
na cama, ele chutou as botas, depois voltou a se recostar na cama amarrotada
para apreciar o seu boquete.
— Você não vai chegar atrasada?— Uma voz feminina da porta o fez
levantar a cabeça. — Jewell está doente.
Ember entrou no quarto. — Deve ser contagioso. Estou sentindo quente
também.— A mulher sensual deitou-se na cama ao lado dele, ansiosa para ver
Jewell chupar seu pau antes de mergulhar a boca para beijar a dele.
Empurrando sua língua dentro de sua boca, ele retribuiu o beijo,
compartilhando com ela a luxúria que ele e Jewell estavam construindo.
— Shade ficará chateado se você não aparecer— ele advertiu, tirando
sua camiseta fora do caminho. Os seios de Ember eram maiores que os de
Jewell, o pedaço de renda preta era mais um adorno do que para os manter
confinados em suas copas. Rider ergueu-se, abandonando a pele entre os seios
e afastando a renda para atrair um mamilo rosado na boca.
— Você vai fazer valer o castigo?— Os olhos de Ember brilharam
provocantes de volta para ele.
— Eu não faço sempre?— Ele murmurou contra o seu seio, dando a seu
mamilo um beliscão brincalhão antes de soltar o peito. —Sente na minha cara.
Não precisando ser encorajada, Ember saltou da cama, tirando a roupa
com pressa.
Quando ela se posicionou sobre ele, sua língua estava esperando para
prová-la. Cercando seu clitóris com os lábios, ele empurrou a língua para
dentro da fenda de sua boceta, enfiando dentro do canal úmido.
Ember gemeu, colocando as mãos em ambos os lados da cabeça dele
enquanto Jewell chupava seu pau mais forte, querendo sua parte da
atenção. Ele não teve dúvidas de que seria capaz de satisfazer as duas
mulheres.
Rider agarrou os quadris de Ember, puxando-a para baixo na direção
de sua boca. Ele adorava ter sua boca na boceta de uma mulher, quase tanto
quanto ele gostava de ter seu pau na garganta de uma. O poder de mantê-las
sobre seu controle enquanto elas procuravam agradá-lo era um sentimento
inebriante de euforia que a maioria dos homens conseguia encontrar em uma
garrafa de uísque ou drogas. Todavia, as mulheres eram seu vício
escolhido. Ele era viciado em seu gosto e cheiro, quase tanto quanto nos sons
de seus gemidos quando elas imploravam para gozar.
Movendo a mão do quadril de Ember, ele a usou para afastar seu pau
de Jewell, ele ouviu o pop suave quando ela o liberou de sua boca enquanto
girava, invertendo a posição com Ember. Com a mão ainda em seu pau, a
outra foi para a nuca de Ember, orientando-a ao encontro de seu pau. Abrindo
a boca, ela o sugou até deslizar para o fundo de sua garganta. Seu pau pulsou,
derramando seu sêmen em sua garganta experiente.
— Faça um striptease para mim—Rider grunhiu para Jewell, erguendo
os quadris para prolongar seu orgasmo.
Jewell rastejou até os pés da cama. A mão em seu top, pressionando-o
em sua cintura plana, ela tortuosamente puxou para cima, movendo seus
quadris e pés para a música imaginária.
No momento em que o seu top estava fora, ele puxou o pau da boca de
Ember e começou a fodê-la com os dedos acompanhando os movimentos de
seus quadris.
— Brinque com você mesma— ele ordenou a Jewell enquanto fodia
Ember mais rápido. Jewell baixou o zíper de seu jeans antes de deslizar a mão
por dentro.
— Sem o jeans.— Ele falou alto para ser ouvido sobre os gemidos de
Ember. —Quando terminar com ela, vou te foder. Se você quer, terá que
trabalhar por isso.— Ele projetou seu pau ainda meio duro em sua direção.
—Talvez eu não queira isso—provocou Jewell, tirando a mão da calça
jeans e, em seguida a baixando lentamente pelos quadris.
—Você quer isso.— Ele agarrou seu pau com a mão livre, acariciando-o
em outra ereção.
Jewell tirou seu jeans rapidamente e levantou um pé até à beira da
cama, dando-lhe uma visão de sua boceta molhada. Umedecendo o dedo
deliciosamente por um tempo, ela afundou-o em sua boceta.
Sua ereção, sempre alerta quando uma boceta estava por perto, cutucou
a cintura de Ember.
—Você acha que você merece isso mais do que Ember?— Ele provocou
Jewell, tirando o dedo da boceta apertada de Ember e colocando na boca,
lambendo seus sucos antes de pegar um preservativo na mesa de cabeceira. —
Ela está muito necessitada.
—Eu também estou—, gemeu Jewell.
—Duas bocetas esperando um pau. O que um homem deveria fazer?—
Rolando o preservativo ao mesmo tempo em que saía da cama, ele se moveu
para ficar atrás de Jewell.
Quando ele empurrou sua cabeça na direção da cama, e ela abriu as
mãos para se apoiar, Rider enfiou seu pau em sua boceta apertada, sentindo
que ela o segurava como uma luva.
—Rider! E quanto a mim?— Ember choramingou como uma gata no
cio.
—Venha aqui.— Ele fez sinal para ela se aproximar de Jewell. Quando
ela arrastou sua bunda perto o suficiente, ele a posicionou até que estivesse
deitada em cima de Jewell.
Rider cerrou os dentes. A visão de duas bocetas gananciosas o fez
empurrar com mais força para dentro de Jewell.
Quando Jewell e Ember começaram a beijar uma a outra, seus dedos
foram para a boceta de Ember enquanto ele continuava fodendo Jewell. Ele
cavou nas bochechas da bunda de Ember, tirando o pau de Jewell e
deslizando-o em Ember. Ele deu vários golpes antes de tirar e mergulhar
novamente em Jewell. Ele alternou fodendo cada mulher até que sua pele
brilhasse de suor.
Ele segurou a outra bochecha da bunda de Ember sobre o fraco
hematoma roxo que ele havia deixado na noite anterior antes de sair para
encontrar Carly no apartamento dela. Havia algo imensamente satisfatório em
ver sua marca nela. Não foi tão suave quanto o que ele tinha deixado no
ombro de Carly, ou aquele que ele colocou no peito de Jewell, ou aquele que
ele queria dar a Jo.
Pensar sobre a forma como a mulher o descartou levou-o a bater ainda
mais em Ember. Não havia muitas mulheres nas quais ele não conseguira
enfiar seu pau, mas Jo era a única que arranhava seu orgulho.
Ember chamou sua atenção ao deixar de beijar Jewell para chupar o
pescoço de Jewell. Rider levou sua mão, pegando um punhado de seus cabelos
e afastou sua boca do pescoço da mulher.
Estalando a língua para ela por ser má, ele disse: —Você sabe que eu
não gosto que ninguém marque as mulheres, exceto eu.
— D-desculpe,— Ember soluçou quando sua mão pousou pesadamente
em sua bunda nua.
— Tudo bem... desta vez.— Ele acariciou a marca vermelha.
— Obrigada. Não vou fazer isso de novo.— Ember teve que segurar os
ombros de Jewell para evitar que ela fosse derrubada por seus impulsos
profundos.
— Você é uma garota tão boa—Rider cantarolou quando mudou para a
boceta de Jewell. Ele a fodeu com tanta força que as mulheres e a cama
balançaram. Ele estava prestes a trocar novamente quando sentiu o aperto da
boceta de Jewell. Sabendo que ela estava prestes a gozar, ele a recompensou
aumentando a velocidade para atingir o local que a levaria para o
limite. Quando ela puxou Ember para um beijo voraz, ele sabia que tinha
conseguido. Então, quando suas pernas pararam de tremer, ele tirou seu pau,
dando a Ember toda a sua atenção.
Inclinando-se para frente enquanto a fodia, ele colocou a boca no ombro
dela. Mordendo, ele lhe deu outra marca.
Os gemidos de prazer de Ember subjugaram sua própria luxúria. Ele
afundou em ambas as mulheres em um frenesi sexual que quase explodiu sua
maldita mente em uma névoa de desejo, que durou toda a manhã.
Horas mais tarde, Rider roubou um olhar para o relógio em cima da
mesa de cabeceira de Jewell. Bocejando, ele se afastou com cuidado das costas
de uma Jewell adormecida sem acordar Ember, que estava dormindo do outro
lado dele. Deslocando-se debaixo dela, ele rastejou pela cama, levantando-
se. Andando nu pelo quarto, ele foi para o banheiro e tomou um banho antes
de ir para o seu quarto se vestir.
Sua cama ainda estava desfeita da noite anterior, travesseiros e lençóis
jogados de lado. Tirando as fronhas dos travesseiros e pegando os lençóis em
seus braços, ele carregou a roupa suja pelo andar de baixo até o porão. Vendo
que a máquina de lavar roupas estava vazia, ele carregou e ligou antes de sair
pela porta lateral para o caminho que levava até à fábrica.
O prédio de metal verde ficava atrás da sede do clube, nos fundos do
estacionamento. O lote estava lotado pelos carros dos funcionários da cidade, e
um grande caminhão na parte de trás estava pronto para ser carregado com
pedidos que sairiam no final do dia.
Ele estava um minuto adiantado quando entrou no escritório.
Shade o observou criticamente antes de ficar de pé e deixá-lo ocupar a
cadeira atrás da mesa. — Jewell não está vindo?
— Eu pensei em dar-lhe uma folga. Ela está exausta.— Sentando-se, ele
rolou a cadeira do computador mais perto da mesa.
—Eu disse a Viper que Jewell e Ember não vieram hoje.
Shade não comunicava suas ações com frequência. Quando ele fazia,
geralmente era por algum motivo. Ele estava comunicando seu desagrado por
ter sido convocado para trabalhar esta manhã.
— Viper vai descontar do salário delas.— Rider olhou furiosamente
através da mesa para o executor dos Last Riders.
— Por que elas deveriam ser pagas para ficar na cama fodendo você?—
Os olhos de Shade fixos nos dele sem arrependimento. — Eu tinha uma merda
para fazer esta manhã. Prometi passar a manhã com Lily na igreja. Ela
prometeu estar lá para ajudar Rachel e Willa a se prepararem para o leilão.
A ira de Rider se dissipou. Shade não deixaria Lily fora de sua vista
para ir à igreja sem ele. Sua sessão de sexo da manhã não só atrapalhou os
planos de Shade e Lily, mas os de Rachel e Willa também.
— Lucky e Cash estão chateados também?
— O que você acha?— Shade não se esforçou para diminuir sua culpa.
— Eu sinto muito. Se você tivesse me dito que tinha uma merda para
fazer, eu teria trabalhado ou mandado Jewell trabalhar.
— Isso teria feito a diferença?
— Provavelmente não na hora— ele admitiu. Seu pau sempre
prevaleceu sobre o que todos queriam. Era uma falha de seu caráter, e ele não
via nenhuma razão para mudar. Era por isso que ele estava solteiro e
disponível para qualquer mulher a qualquer momento.
— Foi por isso que esperei para te dizer. Irmão, você me conhece. Eu
sempre fui a favor de você fazer o que te faz feliz, mas quando interfere no
trabalho, temos um problema, porque eu ou Viper temos que intervir, e então
você interfere com merda que nos faz felizes.
— Você feliz? Você nunca teve um dia feliz em sua vida— Rider
zombou do uso de feliz e Shade na mesma frase.
Os lábios de Shade se fecharam em uma linha firme. — Então vamos
dizer de outra forma. A próxima vez que uma das mulheres ligar avisando
que está doente em um dia que você estiver de folga, é melhor ter um atestado
médico ou começar a procurar outro emprego.
Porra. Jewell e Ember ficariam furiosas com essa decisão. Ele também
não ficou feliz com isso.
— Entendido. Se elas avisarem que estão doentes, não será por minha
causa.
— Bom. — Uma vez que ele havia dito o que queria, Shade seguiu em
frente, pegando um cheque que estava sobre a mesa e entregando-lhe. —Dê
isso a Jo. Ela deve estar aqui em trinta minutos. Está trazendo o carro de
Killyama. Peça para deixar no hangar dos fundos. Train quer que seja uma
surpresa.
— Aquela porcaria? Deveriamos pagar a Jo para mantê-lo e acabar com
ele.
— As mulheres Destructor têm um apego sentimental a isso, e Train
entende.
— Cada um tem o seu gosto.— Ele não daria um níquel por aquele
pedaço de lixo. Ele não se importava com a quantia que Train tinha pago para
que ele fosse restaurado.
Quando Shade virou a cabeça em direção à janela que mostrava a sede
dos Last Riders e o caminho que levava a sua casa, Rider se virou para ver o
que ele estava olhando.
Rider engoliu em seco, com inveja do homem a quem ela pertencia. Ela
estava caminhando elegantemente em direção à fábrica, apesar da barriga
saliente. A beleza de cabelos negros era surpreendentemente linda quando não
estava grávida. A gravidez ampliou sua beleza, como se ela estivesse
iluminada por um calor interior que a cercava protetoramente.
—Parece que Lily está pronta para seu compromisso. Se você não for,
ela chegará atrasada.— Ele colocou o cheque embaixo do calendário, à vista,
para se lembrar de levá-lo quando Jo chegasse.
—Se algo surgir, ligue para Viper. O meu telefone ficará fora até
sairmos do consultório.— Rider assentiu, fingindo se concentrar nos e-
mails que precisavam ser respondidos e evitar o olhar afiado de Shade.
— Rider...
— Não a deixe esperando.
Quando olhou novamente, Shade tinha desaparecido.
Ele foi até a janela, e parou, observando o rosto de Lily quando viu
Shade. Ela praticamente correu para os seus braços apesar de estar longe de
seu marido por apenas algumas horas e de estar muito grávida.
Ele agarrou o puxador das persianas, esticando e as fechando, cortando
a visão do casal quando Shade chegou até ela.
O casal feliz esperava seu segundo filho. Lily percorreu um longo
caminho desde a adolescente que tinha visto pela primeira vez no lago. Ela
tinha medo de sua própria sombra naquela época. Amadurecendo como
esposa e mãe sob a proteção e o amor de Shade, Lily se tornou uma mulher
incrivelmente doce. Qualquer homem invejaria o casamento de Shade.
Esgotado fisicamente, ele se inclinou cansado contra o peitoril da
janela. Ele não dormiu por trinta e seis horas, além do breve cochilo de dez
minutos que tinha feito depois de foder Jewell e Ember. Ele tinha que estar
fisicamente e mentalmente exausto antes de conseguir dormir as quatro ou
cinco horas que ele precisava a cada dois dias. Os pensamentos percorrendo
sua cabeça o impediam de ter um sono tranquilo. Nenhum álcool, ou o
número de mulheres que ele fodeu poderiam atenuar a necessidade que lhe
deu a motivação que ele precisava para ver o começo de um novo dia. Isso e os
Last Riders.
Os irmãos podem não ter um vínculo de sangue, mas eles
compartilharam o inferno juntos e sobreviveram, construindo uma amizade
que era mais forte que o sangue.
Mulheres como Lily eram princesas e destinadas a homens
poderosos. Assim como Winter foi para Viper, o presidente dos Last Riders.
Rider era apenas um soldado. Ele deveria viver e morrer pelo clube. Se
ele falhasse em seu dever, então um dos irmãos poderia se machucar. Ele já
havia falhado em seu dever uma vez. Nunca mais.
Ele não era o suporte dos Last Riders quando as coisas iam à merda.
Ele era seu sistema de proteção.
CAPÍTULO 4

— Longa noite?— O riso da porta fez Rider se endireitar.


— Você precisa de algo, Curt?
— Só queria ver se você gostaria tomar uma cerveja depois do trabalho?
Rider preferiria arrancar as unhas dos pés a passar uma noite fingindo
ser amigável com esse homem nojento. No entanto, ele ergueu seu
polegar rápido enquanto voltava à mesa para lidar com os e-mails.
— Pergunte a Moon se ele gostaria de ir. Na última vez que saímos, ele
quis saber por que você não o convidou— ele mentiu. Estragaria o que restava
do dia de trabalho de Moon quando ele descobrisse que teria que passar a
noite com Curt e seus amigos no bar de Mick. Se ele tinha que sofrer, não
havia motivo para que Moon não sofresse também.
O peito de Curt inchou com orgulho de que os Last Riders estavam
lutando por sua amizade.
— Claro que sim. Eu não gostaria de causar problemas entre vocês.—
Hesitante, ele se virou para olhar por cima do ombro antes de voltar para
Rider. — Devo convidar Gavin?
Rider queria rir da cautela de Curt. Todos os trabalhadores da fábrica
eram cautelosos com Gavin. Inferno, a maioria dos irmãos também estava.
— Eu deixaria isso para lá, se fosse você. Gavin prefere passar suas
noites trabalhando.
Essa era a verdade. Seu amigo passava horas se exercitando, depois do
expediente, no porão do clube. Viper tinha transformado parte dele em uma
academia depois que Winter fora atacada, para ajudá-la a se recuperar.
Também se tornou útil após o acidente de moto de Cash. Todos os irmãos
usavam o equipamento top de linha.
—Eu sei que ele é seu amigo, mas ele me deixa arrepiado.— Curt olhou
por cima do ombro novamente para se certificar de que ninguém tinha vindo
atrás dele.
Rider concentrou-se nos e-mails para evitar cortar Curt como ele
merecia. A única pessoa que causava arrepios era Curt. Toda vez que ele tinha
que sair com ele, sentia vontade de tomar um banho quente para limpar a
sensação de pisar em merda de cachorro da sua alma.
Viper ordenou-lhe que fizesse amizade com o repulsivo, espécie
lamentável de homem. Isso foi depois que Jo tinha confrontado Curt no bar de
Mick quando ela voltou para a cidade. Train, Knox, Cash e Rider
testemunharam isso. Quando eles voltaram para a sede do clube, eles pediram
permissão para fazer Curt desaparecer. Infelizmente, Viper negou o pedido
depois que Shade os informou sobre as repercussões. Curt era membro de uma
grande família que causaria problemas se ele desaparecesse. Em vez disso,
Viper aceitou um plano que Shade e Cash apresentaram.
O único modo que os Last Riders encontraram de não serem pegos
buscando sua própria marca de justiça, era agirem de forma inteligente e
esperarem o tempo certo até serem capazes de atacar. Estava demorando mais
tempo do que acreditavam que seria necessário. O filho da puta era cauteloso,
nunca admitindo nada do que ele tinha feito. Eles esperavam encontrar
evidências de que ele havia tocado uma estudante menor de idade no ensino
médio, no entanto, ele se safou casando com a menina quando ela
engravidou. Agora, a menina tinha mais de dezoito anos e se recusou a
admitir que Curt a tocou quando ainda era menor de idade.
Willa tentou fazer amizade com Megan durante o curto tempo que ela
trabalhou com ela, sem sucesso. A esposa de Lucky ficou com o coração
partido quando Curt obrigou Megan a sair. Então, ela ficou ainda mais
chateada quando ela abandonou o emprego que tinha conseguido no
restaurante de King. Deixando-a sozinha e sem apoio quando abortou o bebê
de Curt, Megan tinha ido ao fundo do poço e tentou sequestrar o bebê de
Viper e Winter. Os Last Riders tinham intervido para conseguir
aconselhamento para a menina. No entanto, mais uma vez, Curt os impediu
internando-a em um centro de saúde mental. Mesmo que pudessem convencê-
la a testemunhar contra Curt, seu estado mental seria usado contra ela. Os Last
Riders queriam ver Curt atrás das grades, mas não à custa de mais dor para
Megan.
Mais cedo ou mais tarde, Curt erraria, e os Last Riders estariam à
espera.
Rider lembrou-se de tomar um par de aspirinas antes de sair com ele
esta noite para impedir a dor de cabeça que Curt sempre lhe dava.
—Eu preciso começar a trabalhar se não quiser fazer você esperar
depois do expediente— disse Rider quando Curt permaneceu na porta.
—Não vou atrasá-lo. O Mick estará lotado em uma sexta-feira.
Rider olhou para as costas de Curt quando ele saiu, odiando que ele
tivesse que passar a melhor parte da noite no Mick em vez da festa que os Last
Riders tinham todas as noites de sexta-feira na sede do clube. Vários dos
irmãos chegariam de Ohio durante a noite, e ele estava ansioso para passar a
noite com eles e as mulheres que esperavam ansiosamente se tornarem
membros efetivos.
Seu dia tinha sido uma merda desde que ele tinha visto Jo no
restaurante.
Deixado sozinho, ele conseguiu terminar os e-mails. Então, precisava
verificar o progresso nos pedidos que aguardavam ser preenchidos.
Saindo do escritório, ele verificou o quadro de trabalho no meio da
fábrica para ver quais pedidos estavam sendo trabalhados e aqueles que ainda
esperavam ser embalados.
—Foda-se. — Ele estava surpreso por Shade não ter acabado com a raça
dele. O trabalho tinha acumulado por ele, Jewell e Ember não trabalharem esta
manhã. Train estar fora pelos próximos três dias também não ajudou.
Tirando a jaqueta, ele pegou a maior lista de encomendas para ser
embalada e ocupou-se, perdendo a noção do tempo. Foi só quando estava
levantando uma caixa pesada e a porta da frente se abriu, espalhando a luz
intensa para dentro, que ele olhou para a entrada e lembrou que Jo tinha
marcado de vir entregar o carro de Killyama.
Levando a caixa para junto da máquina de flocos2, ele largou-a para
terminar depois que recebesse o carro.
Antes que ele pudesse detê-la, Jo tinha ido para o escritório. Rider a
alcançou quando ela estava prestes a sair da sala vazia.
—Shade ou Train estão por aí?— Sua voz gelada era como um Bombril3
em seu ego. Ele podia entender que ela não retribuísse seu comportamento
sedutor, mas maldita seja, ela não precisava agir como se ele fosse asqueroso.
—Não. Eu não sirvo?— Ele deu um sorriso falso que todos os irmãos
reconheceriam, manobrando deliberadamente seu corpo, então Jo teria que
esbarrar nele ao passar ou permanecer no escritório.
Ela olhou para ele de nariz empinado, permanecendo onde estava. —Eu
trouxe o carro de Killyama. Você pode assinar por isso, ou devo enviar uma
mensagem ao Train?
Seus olhos azul-acinzentados não fizeram nenhum esforço para
esconder o desprezo que ela sentia por ele. Desde o primeiro encontro, ela
olhou para ele e formou uma opinião que ele não tentou mudar, mas caramba,
estava ficando cada vez mais difícil resistir à tentação de baixar um pouco a
crista dessa mulher. Várias razões o impediram. Ele estava no bar quando Jo
puxou uma faca de cortar carne para Curt, expondo ele e Jared como seus
estupradores quando cursavam o ensino médio.

2
No original a autora escreve popcorn machine (máquina de pipoca) que, na verdade significa
máquina de fazer flocos de espuma, os quais são usados para preenchimento, como neste caso, para preencher
as caixas das encomendas.
3
Alusão à famosa esponja de aço da marca Bombril.
Rider teria levado isso em consideração pelo seu comportamento em
relação a ele pelo fato de ser um homem, mas Jo não havia tratado Moon nem
a nenhum dos outros irmãos com o mesmo desdém com o qual o tratava.
Moon tratou-a com a mesma atitude sedutora que ele, mas ela lhe deu um
sorriso tolerante como se ele fosse uma criança tentando um primeiro
encontro.
A segunda razão era ela ser amiga de Rachel, e se ele irritasse Rachel,
então ele teria que lidar com Cash. Em suma, era muito trabalho só para
conseguir um pedaço de bunda que ele arranjaria ligando para um dos
números das muitas mulheres disponíveis para escolher.
Ele cruzou os braços contra o peito. — Eu posso.
Seus olhos se tornaram ainda mais azuis quando ele não saiu do
caminho.
—Você primeiro.— Ela fez um gesto para ele ir em frente, então ela não
teria que lhe tocar ao passar por ele.
Dando-lhe um sorriso arrogante, que com certeza diminuiria ainda
mais sua opinião sobre ele, se moveu parcialmente para o lado, dando-lhe
poucos centímetros de espaço.
— Senhoras primeiro.— Ele esperou ansiosamente o que ela faria em
seguida.
Ela o desapontou quando pegou seu celular. —Talvez seja mais fácil
lidar com Shade.
— Não se incomode. Ele está com Lily em uma consulta médica, e Train
está em Lexington com Killyama - eles foram para um passeio. Eu não
entendo. Qual é o problema?
—Você sabe o que está fazendo. Do jeito que as mulheres da cidade
falam sobre você, estou surpresa que você esteja tentando fazer algo tão
mundano quanto sentir meu corpo, deixando-me um pequeno espaço para
passar por você.
— Nunca fui chamado de mundano antes. O que isso significa?— Rider
a provocou com uma falsa frustração.
— Eu sei que você não é estúpido. Rachel disse que você é um
engenheiro. Se você não sabe o que significa mundano, então você jogou fora o
seu dinheiro com a sua educação universitária.— Jo lhe deu mais uma
olhada como se ele fosse um pedaço de carne na loja que ninguém queria.
Maldição, ele deveria saber que Rachel contaria a Jo.
— Se você acabou de se divertir às minhas custas, eu ainda não almocei,
e King está esperando por um reboque.
— Eu não estava me divertindo com você.— Sua frustração agora real.
— Mesmo? A mim pareceu assim.
— Eu estava tentando flertar com você...
—Mais uma vez, você me surpreende. Deixei muito claro que não estou
interessada em você.
—Não há problema em tentar, não é?— Ele estava gostando de suas
respostas. Como em uma gangorra, suas rebatidas tinham seus altos e baixos.
—Há, quando você está me incomodando.
Pela primeira vez em sua vida desde os treze anos, uma mulher o olhou
friamente sem uma centelha de interesse sexual.
Virando, ele caminhou até à porta da frente, saindo e segurando a porta
para Jo. — Shade disse para colocá-lo no hangar. Vou abrir a porta para
você.— Não esperando sua resposta ou mesmo que ela desse uma, ele foi pela
lateral da fábrica em direção à parte de trás. Ao toque da palma da mão, a
porta de metal se ergueu.
A parte de trás da fábrica tinha dois hangares. Um onde os caminhões
de carga carregavam as caixas para serem enviadas ou onde eles recebiam seus
suprimentos. O outro hangar, o que ele estava dando acesso a Jo, era usado
apenas pelos Last Riders. Era onde ele guardava sua coleção privada de
motocicletas e as motocicletas e veículos que os outros irmãos possuíam. Ali
também ficava o sistema de segurança da fábrica e da sede do clube.
Jo deu ré no reboque, parando abaixo da porta metálica. Rider observou
enquanto ela abaixava o carro usando o guincho, colocando o carro bem
dentro do hangar. Estava coberto por uma lona que ela removeu com um
floreio.
Ele caminhou lentamente ao redor do carro. Não parecia o mesmo
carro. O carro de quatro portas sofreu uma mudança dramática por dentro e
por fora. A cor verde vômito tinha sido substituída por um vermelho maçã do
amor impressionante.
Abrindo a porta do motorista, Rider inclinou a cabeça para dentro,
espantado com a transformação. O estofamento de couro preto brilhava e
cheirava a novo. O carro inteiro cheirava. Foi restaurado nos mínimos
detalhes, dos indicadores quebrados e rachados aos painéis laterais.
Rider deu um assobio de apreciação, endireitando-se para admirar a
obra de arte que havia sido realizada.
— Maldição, quem quer que Train tenha contratado para restaurá-lo fez
um inferno de trabalho— ele elogiou, passando a mão pelo teto.
— Eu preciso de sua assinatura.— Sua voz o tirou de sua absorção com
o carro.
Pegando a prancheta, ele assinou, pensando na quantidade de gritos
que ele teria que engolir quando Train voltasse na segunda-feira.
— Eu vou ter que perguntar a Train quem fez isso. Tenho um carro em
Ohio que tenho hesitado em restaurar.
—Foi um amigo meu.— Levando a mão ao bolso da frente do seu
macacão, ela tirou um cartão de visita e entregou-o.
Olhando fixamente para o cartão, ele viu que o negócio era na Virgínia.
—Se você estiver interessado, envie-lhe uma foto do seu carro, e ele
pode lhe dar um orçamento.
—Eu farei isso... depois de verificá-lo. Quero ver suas críticas.
—Eu conheci Carl quando ele restaurou um carro para um dos meus
clientes. Eu acho que ele fez uns dois. Ele disse que se aposentou e aceita
apenas trabalhos que lhe interessam. Eu não acho que ele tenha alguma
crítica— explicou Jo enquanto pegava a lona e amarrava no trailer.
Olhando para o carro de Killyama, ele decidiu enviar uma mensagem
ao número no cartão de qualquer maneira.
—Dê-me um segundo antes de sair. Shade deixou um cheque de Train
para você.— Ele lembrou quando Jo estava prestes a entrar em seu caminhão.
Acenando com a cabeça, ele foi até a porta que levava ao interior da
fábrica pelo hangar. Não querendo mantê-la esperando, ele se apressou,
dizendo a Nickel que voltaria logo quando ele tentou lhe perguntar
algo. Pegando o cheque do escritório, ele se virou, refazendo seus passos.
Abrindo a porta para o hangar, ele ouviu Jo conversando com alguém,
então ele contornou uma série de motos, se aproximando por trás do caminhão
de reboque.
—Você está ficando feia com a idade.
Curt era o único sendo feio, usando um tom depreciativo, tentando
minimizar a mulher longe da vista e som de qualquer um.
—Vá se foder, Curt. Espere...— Com desdém, suas palavras atacaram
como um chicote. —Eu fodi você. Não foi bom. Por que não dá um descanso às
meninas com menos de dezoito anos da cidade e salta da Black Mountain?
Rider saiu, fazendo sua presença conhecida quando Curt deu um passo
em direção a Jo. —Você está me procurando, Curt?
— Eu estava fazendo uma pausa para fumar um cigarro— Curt
respondeu defensivamente.
—Você bateu o cartão de ponto?— Rider questionou com uma
sobrancelha levantada, sem perder o olhar de retaliação que ele deu a Jo antes
de ir para a porta dos fundos. A porta de metal fechou-se com um estrondo
com a força que Curt usou.
Rider virou-se para olhar Jo. — Se ele lhe causar qualquer problema,
chame Shade. Ele vai lidar com isso.
— Eu não preciso da ajuda de Shade para lidar com Curt. Ele é um
pequeno rato assustado, a menos que ele esteja com seus amigos ou primos.
— Pequenos homens assustados como Curt são os mais perigosos— ele
advertiu.
—Curt não está errado. Estou ficando mais velha e mais feia. Já não
tenho mais quinze anos. Se ele se meter comigo, vai conseguir mais do que
espera.— Ela encontrou seu olhar com uma determinação de aço que o fez
temer por ela.
Curt pode parecer um bastardo preguiçoso, mas quando idiotas como
ele ficam com raiva, eles não se importam a quem machucam.
Ele teve que controlar a preocupação começando a queimar um buraco
em seu estômago. Ele deveria ter mantido sua fodida boca fechada. Jo era uma
mulher independente que não precisava nem desejava conselhos dele.
—Aqui está o cheque de Train. — Entregando-o, ele passou a mão pelo
sensor, fechando a porta do hangar. —Você tem as chaves?
Jo olhou para ele antes de tirá-las do bolso da frente e entregar-lhas. —É
isso aí? Sem flerte? Sem ‘quer dar uma volta’? Você oferece que Shade lide com
Curt quando você poderia ter dito algo um minuto atrás. Quando você é
dispensado, suas verdadeiras cores saem. É bom saber que não perdi tempo
com você.
Ele apertou as chaves na palma da sua mão, mordendo a língua para
evitar dizer o que queria. Em vez disso, ele baixou os cílios, deu-lhe o sorriso
sensual que dava às mulheres, e disse: —Eu não disse nada a Curt porque
achei que você não gostaria que eu a fizesse parecer fraca na frente dele.
O maxilar de Jo caiu, e ela deu um passo atrás quando ele deu um passo
à frente, certificando-se que ela sentisse o cheiro da colônia cara que ele havia
pago para ser feita exclusivamente para ele.
Dando-lhe um olhar irônico por se afastar, ele se abaixou para pegar o
pano de polimento que havia caído do seu bolso. — Eu parei de flertar com
você porque me pediu. Se você está tendo problemas em se decidir, podemos
jantar hoje à noite no King.
—Eu preferiria comer vidro para não morrer de fome do que jantar com
você. Você estava fodendo Carly no banheiro esta manhã, e você tem a
coragem de me convidar para jantar hoje à noite? Convide Carly. Isso alegraria
sua noite depois de você sair sem dizer adeus.
Se Jo pensou que causaria algum estrago no seu orgulho por sua recusa,
ela estava enganada. Você precisaria se importar com uma mulher para se
preocupar com o que ela pensa sobre você. Ele não acreditava que as mulheres
fossem indefesas e não pudessem cuidar de si mesmas. Ele aprendeu em seu
próprio detrimento que elas tinham um instinto de sobrevivência que era mais
aguçado que o de um homem.
—Isso é ruim. O chef de King é o melhor no Kentucky.— Ao lado do
caminhão de reboque, ele abriu a porta para ela. — É melhor eu voltar a
trabalhar.
—Isso...— ela começou a dizer enquanto pisava no estribo quando
Rider estendeu a mão antes que ela pudesse reagir, levantando-a e colocando-
a suavemente no banco do motorista.
Jo olhou para ele com surpresa. Ele rapidamente fechou a porta antes
que ela pudesse bater nele.
— Se cuida.— Dando-lhe uma piscadela jovial, ele foi para a porta dos
fundos da fábrica, já a tirando de sua mente.
Algumas mulheres poderiam fazer homens chorar sobre suas cervejas,
porque esses homens as queriam muito. Jo não era uma dessas mulheres. Ela
era uma cadela. Seria preciso um homem forte para sobreviver à tempestade
de tentar conquistá-la. Não era um desafio que Rider estivesse interessado em
ganhar.
Os irmãos casados lutaram uma batalha por se apaixonarem e
perderam. Tanto quanto Jo o intrigava – a séria ascensão em seu jeans atestou
esse fato - não era o bastante para fazê-lo bater na sua porta ou perseguir seu
caminhão de reboque.
Rindo ironicamente para si mesmo, ele foi procurar Nickel. Ajudá-lo a
destravar a máquina de flocos não era tão divertido como provocar Jo, mas era
muito mais seguro.
CAPÍTULO 5

—Então, você vem ao jantar ou não?


Jo esfregou as têmporas. Ela estava recusando o convite para jantar na
casa de Rachel pelos últimos quinze minutos e estava começando a ter dor de
cabeça com a determinação de Rachel em que ela viesse.
—Já lhe disse dez vezes. Vou comer em casa e, se Deus quiser, posso
dormir algumas horas antes de ser chamada. Porque é tão importante que eu
vá esta noite?
Ela ia parar na mercearia e comprar algo para comer em frente à TV,
depois assistir a um episódio de The Walking Dead, antes de ir para a
cama. O temperamento de sua amiga ruiva estava se manifestando, no
entanto, negando-se a aceitar sua recusa.
—Eu não sabia que Cash tinha que trabalhar esta noite, e eu fiz uma
enorme panela de frango e empadas. Mag, Ema, e eu não conseguiremos
comer tudo. Toda essa comida vai fora se você não vier. Por favor, vou fazer
um pouco de ovos mexidos.
Seu estômago resmungou com o suborno tentador.
—A que horas tudo estará pronto?— Ela cedeu às inevitáveis gramas
que ganharia com a comida caseira de Rachel.
—Seis. Não chegue atrasada!— Rachel lhe deu um sorriso antes de ir
falar com Beth e Lily sobre o leilão de caridade da loja da igreja no balcão.
Não havia como dizer não a Rachel quando ela se decidia. Jo não tinha
a intenção de se juntar ao comitê até que sua amiga a atormentasse até
concordar.
Olhando sobre a prateleira de roupas, viu Shade sentado no
estacionamento, esperando que Lily terminasse.
Pegando duas camisas simples e um suéter grosso, ela carregou os itens
até ao balcão para pagar por eles e terminar a reunião que havia sido
interrompida quando Beth teve que atender um cliente.
—Eu acho que é uma ideia brilhante!— Beth estava dizendo a sua irmã
quando ela chegou ao balcão. Willa, a esposa do pastor, parecia muito
satisfeita.
—Eu também acho!— O sorriso radiante de Rachel mostrou o quanto
ela estava feliz com qualquer ideia que Beth e Lily tivessem sugerido enquanto
ela e Rachel conversavam.
—Que ideia?— Perguntou Jo, pegando sua carteira.
Lily começou a dobrar as roupas que Jo havia posto no balcão. —Eu li
sobre um leilão de caridade para solteiros para angariar fundos. Eu contei a
Beth sobre isso, e achamos que seria uma maneira barata de arrecadar dinheiro
para a igreja. O leilão que organizamos no ano passado arrecadou apenas
quinhentos dólares, e não teríamos conseguido isso se King não tivesse dado
aquele jantar de bife para quatro.
—Quem você pensa em leiloar? Não há muitos solteiros na
congregação.— Jo não queria apagar seu entusiasmo, mas não podia pensar
em nenhum dos solteiros da igreja pelo qual ela pagaria cinquenta centavos
para ir a um encontro.
O rosto de Lily caiu, assim como o de Rachel. Enquanto isso, Willa e
Beth se entreolharam. Jo poderia praticamente ver as rodas girando. Então o
rosto de Beth se iluminou.
—Não há razão para que os homens sejam da congregação. Tenho
certeza de que poderia convencer Rider e Moon a se voluntariarem.
—Eles provavelmente serão leiloados rapidamente com todas as
mulheres presentes. — Lily riu. Jo era a única que não estava rindo enquanto
as outras mulheres concordavam.
—Por que temos que leiloar os homens da cidade? Por que não
leiloamos algumas das mulheres?— Rachel acenou para dois clientes que
entraram na loja.
Jo não gostou do rumo que a conversa estava tomando, nem os quatro
pares de olhos fixos sobre ela.
—Não. E antes de começarem a me importunar, não há ovos mexidos
suficientes no mundo que me façam ser voluntária.— Jo colocou o troco que
Lily lhe deu da compra, no frasco de doação que estava ao lado da caixa
registradora.
—Jo, não seja assim! É por uma boa causa. É para o passeio ao parque
de diversões para algumas das crianças na lista. É o único presente que
receberão no Natal— suplicou Lily. Seus olhos violetas fizeram Jo desviar o
olhar.
—Não.— Não foi tão forte quanto sua primeira recusa, mas ela manteve
sua determinação em não se deixar ser feita de tola, quando nenhum dos
homens da cidade comprasse um encontro com ela.
—Nós não queremos forçá-la a fazer algo que você não quer.
Lily estava fazendo ela se sentir terrível. Mesmo as outras três estavam
olhando para ela, como se ela tivesse esmagado uma borboleta.
—Ninguém daria um lance por mim.— Com essa alegação, ela revelou
seu medo.
—Sim, eles dariam— assegurou Lily. —E se nenhum dos homens der
lances por você, eu darei, e você pode sair para jantar comigo e Shade.
Jo revirou os olhos. —Eu tenho certeza que ele iria gostar disso.
Como a mulher doce que era, Lily não percebeu o sarcasmo em sua voz.
Jo cerrou os dentes quando Beth, Willa e Rachel se ofereceram para dar
lances por ela também.
Sentindo que estava prestes a ceder, ela desesperada, tentou fazer as
mulheres enxergarem as razões.
—Que tal eu me voluntariar para preparar o jantar? Eu também poderia
comprar alguns presentes.
—Não será tanto quanto eu posso pedir a Shade para me deixar dar
como lance.
A expressão abatida de Lily fez escorregarem de sua boca as palavras
que Jo não tinha intenção de proferir.
—Eu farei isso.
Lily bateu as mãos, gritando de alegria. Ela contornou o balcão e puxou
Jo em um apertado abraço.
—Obrigada! Eu prometo que você não vai se arrepender. Eu vou te
fazer um jantar especial quando eu ganhar você— prometeu Lily alegremente.
—Pare de saltar por aí. Isso não pode ser bom para o bebê.— O sorriso
de Lily se alargou quando ela recuou para acariciar sua barriga.
—Agora que resolvemos isso, vamos descobrir a quem vamos pedir
para ser leiloado.— Rachel alcançou embaixo do balcão, pegando um bloco
amarelo e depois tirando uma caneta do copo ao lado da caixa registradora .
—Rider e Moon com certeza. Se tivermos sorte, faremos dinheiro
suficiente para comprar todos os presentes para as crianças da lista e com
sobra para montar uma caixa de mantimentos para um jantar de Natal para
dar a cada família.— Willa olhou para a longa lista de famílias que solicitaram
auxílio à igreja.
—Você realmente acha que vai ganhar tanto dinheiro?— Perguntou Jo,
ceticamente, olhando para os nomes, doente ao pensar que poderiam não
arrecadar o suficiente.
—Se eu estivesse solteira, compraria Rider por quinhentos— Willa
exclamou, então corou, ignorando a pergunta cética de Jo quando tirava o
bloco de Rachel.
Jo olhou surpresa para a mulher. Ela pessoalmente não pensou que ele
valesse mais de um dólar e meio, mas cada um pensa de um jeito. Para todos
os efeitos, ela encontraria um lugar na primeira fila para ver as mulheres na
cidade se fazendo de tolas. Pelo menos não estarei sozinha , ela se consolou, já se
arrependendo por aceitar ser leiloada. A única razão pela qual ela não recuou
foram os nomes na lista. Toda criança merecia ter seus desejos realizados na
manhã de Natal.
—Posso pedir a Mick— sugeriu Jo. —Algumas mulheres mais velhas o
perseguem desde que eu era pequena.
Willa escreveu o nome de Mick no bloco. —Alguém mais?
—Posso pedir a Dustin.— Rachel ofereceu seu irmão mais novo.
—Posso pedir a Bliss para falar com Jessie Hayes se podemos leiloar ela
ou um de seus irmãos— disse Beth.
—Pergunte somente a Jessie. Eu não quero que Dustin entre em briga
durante o leilão.— Willa escreveu o nome de Jessie.
—Tem certeza disso? Os homens comprariam mais ingressos para o
leilão se achassem que conseguiriam um lugar na frente para uma luta—
Rachel discordou, sem se preocupar que seu irmão ficasse do lado dos
perdedores em qualquer luta.
Willa deu a Raquel uma olhadela repreensiva. —Alguém mais?
—Não consigo pensar em ninguém.— Jo pegou sua mochila para ir
embora antes que fosse convencida a se voluntariar para vender outro talão de
ingressos para o leilão.
—Se conseguirmos todos na lista, será suficiente. — Willa pegou as
duas listas. —Se alguma de vocês pensar em mais alguém, me avisem. É
melhor voltar lá para cima. Deixei Lucky cuidando do bebê.
—Eu vou te ver esta noite, Rach. Tchau, Willa.— Dando a Lily e Beth
um olhar de aço, lembrou-as de sua promessa. —E é melhor vocês duas não
me deixarem na mão.
Lily ergueu a mão. —Eu juro.
—Eu também.— Beth suspirou. —Mas eu acho que você está se
preocupando à toa. Um homem vai adorar arrematá-la quando eu acabar com
você.
Jo parou abruptamente. —O que isso significa?
—Isso significa que eu vou ajudá-la a se vestir nessa noite. Eu não
confio que você não apareça com um daqueles macacões, ou uma dessas
camisas que você acabou de comprar.— Os olhos de Beth se estreitaram em
seu macacão manchado de óleo.
Jo franziu a testa. Ela não planejava usar seus macacões, mas planejava
usar a camisa vermelha que acabara de comprar. — O que há de errado com a
camisa vermelha que acabei de comprar? Eu achei que seria perfeita para usar
durante o Natal.
—Além de que costumava ser rosa? Eu doei essa camisa na semana
passada quando Razer lavou com uma de suas camisetas vermelhas.
—É vermelha agora— argumentou Jo.
—Se você pode chamar isso de vermelho, você é daltônica.
—De que cor você chamaria?— Jo abriu a sacola, olhando novamente a
camisa que Beth estava zombando.
—Feia.
Jo fechou a sacola. —Você poderia ter me dito isso antes de eu comprá-
la.
Beth se moveu atrás de Lily, usando-a como um escudo. —Eu achei que
você estivesse comprando apenas pela caridade.
—Eu vou me lembrar disso na próxima vez que você atolar seu carro na
neve— Jo a ameaçou. —Eu vou usá-la.
—Lily, é melhor trazer o talão de cheques de Shade para o leilão,
então.— Beth se escondeu mais atrás de Lily.
Suas palhaçadas fizeram Jo rir e não prestar atenção ao que estava
fazendo enquanto saía pela porta e batia em um corpo duro.
Quando ela se desequilibrou, mãos fortes a firmaram. Em vez de soltá-
la, no entanto, os braços a puxaram.
—Baby, se você me queria, tudo o que tinha que fazer era pedir. Você
não tem que se atirar em mim.— A sacola de plástico em sua mão se conectou
com o rosto presunçoso a centímetros dela.
O maxilar de Rider recuou com o golpe. Jo viu as mulheres na loja
ficarem muito chocadas com a reação inesperada.
Jo sentiu cada dedo das mãos que agarravam seus braços para
estabilizá-la. Por uma fração de segundo, ela viu um brilho por trás dos olhos
dele que inchou seu coração com medo, mas então ela afastou o medo quando
o rosto dele relaxou em um sorriso desarmado.
Liberando-a, colocou uma mão sobre o coração. — Rejeitado
novamente! Eu vou precisar de dois cupcakes para superar minha decepção,
Willa.
Quando Rider se moveu ao redor dela, Jo virou a cabeça para ver que
Willa tinha voltado do andar de cima, carregando uma de suas caixas da
padaria.
— O que é tão importante que você me prometeu um dos seus cupcakes
para eu vir até aqui? Você está tentando me encrencar com Lucky? Ele disse
que não tenho permissão para vir aqui pedir amostras grátis.
Jo parou atônita quando Rider abriu a caixa cor-de-rosa brilhante e
tirou um cupcake que tinha uma camada de glacê tão alta que sabia que Willa
tinha caprichado para convencer Rider a ser leiloado.
Ela tinha desperdiçado um excelente cupcake por ele. Inferno, Rider
teria pago para estar no leilão. Um grupo de mulheres brigando por ele faria o
ano do idiota egocêntrico.
Quando Willa limpou um pouco do glacê de sua bochecha depois que
ele deu uma mordida, Jo fechou a porta.
O que as mulheres viam nele? Ela não era cega. Rider era bonito e tinha
um corpo que a maioria das mulheres desejava, mas ele era seriamente
estragado pelo interesse feminino despejado sobre ele. Ele tratava as mulheres
como se fossem um banquete, e ele queria provar tudo o que estava sendo
oferecido.
—A reunião acabou?— Shade baixou seu vidro quando Jo passou por
seu carro para pegar seu caminhão.
—Sim, Lily deverá sair em um minuto— disse ela, parando para falar
com ele. Orgulhosa, ela odiou ter que pedir um favor a ele. —Eu não recebi o
cheque da prefeitura pelos reboques que me devem. Posso pagar na semana
que vem?
—Eu lhe disse para pagar quando puder.— Sua expressão não traiu o
que ele estava pensando, mas ela sempre se sentia como uma perdedora
quando tinha que pedir um favor a ele.
—Não gosto de ficar devendo aos meus credores, especialmente
quando trabalho pelo meu dinheiro e ele já deveria estar aqui. A prefeitura
costumava me pagar mensalmente. Agora eles decidiram segurar a
documentação e eu terei sorte se conseguir daqui a três.— A explicação
desnecessária não importaria para Shade, mas isso a fez sentir melhor. Ela não
queria que ele pensasse que não poderia administrar melhor o seu dinheiro.
—Eu não sou um credor. Eu sou um amigo. Receberei o meu dinheiro
quando tiver que receber. Eu não vou me preocupar com isso, e você também
não deveria.
—Obrigada, Shade. Eu aprecio sua ajuda. Train gostou do carro?
—Ele está pensando se deve dar a Killyama. Rider se ofereceu para
comprá-lo.
—Train não vai vender o carro que ele comprou para dar a sua esposa
de presente.
—Não, mas ele está gostando de deixar Rider pensar que fará isso.
Um Shade engraçado não era algo com o qual ela costumava lidar. Ele
nunca falou sobre os outros homens do clube, e nunca sobre como eles
interagiam entre si.
—Eu direi a Carl que Train gostou. Vejo você na próxima semana.
Pedindo licença, ela estava feliz em escapar de sua presença. Havia algo
sobre Shade que a fazia sentir como se ele pudesse ver dentro de sua alma e
saber o que ela estava pensando. Isso a deixava nervosa e no limite. A deixava
pasma Lily estar casada com ele. A mulher doce e calma não tinha um osso
mau em seu corpo. Shade, por outro lado, parecia não ter nenhum problema
em esmagar seu espírito.
Lily claramente, se sentia confortável o suficiente para gastar a quantia
necessária para evitar que Jo ficasse envergonhada. Até mesmo Beth brincava
sobre o talão de cheques de Shade. Talvez ela o tenha julgado mal. Talvez ele
não fosse o cara durão que ela assumiu que ele fosse.
Duvidando de si mesma, ela se perguntou se poderia ter julgado Rider
mal, também. Suas dúvidas aumentaram quando ela subiu em seu caminhão,
jogando a sacola no banco do passageiro antes de ligar o motor.
Desde que voltou para Treepoint, ela estava planejando se vingar da
noite que tinha modificado irrevogavelmente sua vida e a de sua família para
sempre. Demoraria ainda mais se ela mudasse seus planos, isso a fez ignorar a
consciência que estava gritando para ser ouvida.
Ela estava prestes a acelerar quando Rider saiu da loja da igreja. Seu
estilo confiante a fez cerrar os dentes enquanto ele acenava para Shade antes
de ir para o restaurante. Seus olhos o seguiram enquanto ele caminhava pela
rua. Em vez de entrar no restaurante, no entanto, como ela esperava, ele bateu
na janela lateral. Carly estava à sua espera?
Um minuto depois, sua pergunta foi respondida quando Curt e Justin
saíram. Ela não podia ouvir o que eles diziam de onde ela estava, mas ela
entendia o tapinha amigável nas costas de Rider quando eles foram para o
lado do restaurante, os três homens amontoados no caminhão. Que eram bons
amigos era óbvio.
Jo não suportou assistir mais, virando a cabeça para frente novamente,
sem querer que a pegassem olhando.
Ela pode ter julgado mal Shade, mas ela acertou na mosca com
Rider. Ela não sabia por que se sentia culpada de qualquer maneira. Tudo o
que seu advogado teria que fazer era ter certeza de que havia uma mulher no
júri, e ele iria se safar.
Quando ela girou o volante para reabastecer seu caminhão, sentiu um
leve aroma flutuando do material pesado de seu macacão. Demorou um
segundo para perceber que deve ter sido pela pressão do corpo de Rider. Sua
colônia era picante e almiscarada, fazendo-a pensar em noites escuras e sexo.
Droga! Ela bateu no volante, atingindo acidentalmente sua buzina. Ela
murmurou ‘Desculpa’ para o carro que estava passando pela pista contrária.
Ela não sentia desejo desde os quinze anos, e pensar que Rider era o
único a fazer seus mamilos arrepiar era insuportável. Era como trair tudo o
que acreditava sobre si mesma. Ela não era a mesma menina ingênua que
tinha sido. Ela era uma mulher adulta. Ela tinha esquecido os sonhos infantis
de feliz para sempre e querer um filme da Disney com o nome dela.
Composta, ela parou no posto de gasolina e reabasteceu seu
caminhão. Retornando ao caminhão, dirigiu para casa para tomar banho e
trocar de roupa.
Depois de carregar a lavadora com o macacão que cheirava a Rider, ela
ligou a máquina, desejando que pudesse lavar a sensação de desejo que ele
havia estimulado tão facilmente.
—Eu prometi que você teria a justiça que merece— disse ela em voz
alta, reafirmando a promessa que fez à garota solitária de quinze anos que
tinha sido. —Você já esperou tempo suficiente.
A lei encontrada em um tribunal não era a única maneira de corrigir um
erro. Ela tentou encontrar justiça lá e não conseguiu. Era hora de dar uma
chance à justiça da montanha.
CAPÍTULO 6

— Você está tentando pegar intrusos?— Perguntou Jo quando


atravessou a varanda da frente de Rachel. A velha estava sentada na cadeira
de rodas, olhando para o bosque que levava ao lago.
— Eu gostaria— Maggie zombou. — Isso me daria alguém para
conversar.
Jo inclinou-se para beijar sua bochecha enrugada, colocando uma mão
reconfortante em suas costas. — Estou aqui. Vá em frente e rasgue minha
orelha fora.
A avó de Cash era uma das moradoras mais antigas de Treepoint. Ela
criou seus filhos com contrabando e nunca escondeu como fazia face às
despesas. Apesar de sua dura atitude em relação à vida, elas se aproximaram
quando Jo voltou para a cidade.
Quando ela era mais nova e seu pai a levava junto para comprar álcool
de Mag, ela tinha pavor da mulher. Então, quando Rachel, um dia depois da
missa, perguntou se ela ficaria com Mag no final de semana para o aniversário
de casamento dela e Cash, ela hesitou, mas concordou. A mulher mais velha
tornou-se uma de suas amigas mais próximas, e quebrava seu coração toda
vez que ela falava sobre a morte.
— E você tem muita companhia. Eles simplesmente não gostam de
ouvir você dizer a Deus que você está pronta para Ele.
Ela resmungou. — Como se isso resolvesse alguma coisa, ainda
estou sentada aqui.
— Rachel, Cash, e eu não saberíamos o que fazer sem você.
Outro resmungo a fez sorrir e abraçá-la, apesar de sua tentativa em
afastá-la. Jo sentou-se na cadeira de balanço ao lado de sua cadeira de rodas.
— Porque você está tão mal humorada hoje? Foi um belo dia, e a
comida que Rachel prepara é deliciosa. Eu estive ansiosa pelos ovos mexidos
toda a tarde .
— Ela coloca muita mostarda neles, e suas empadas não têm sal
suficiente.
Jo balançou a cadeira, ouvindo suas queixas. — A última vez você disse
que ela usava muita maionese.
— Eu prefiro que tenha mais maionese a mostarda. — As dentaduras
de Mag batiam enquanto ela reclamava irritada.
— Eu como os que você não quiser.
— Eu não disse que não comeria, só que não são tão bons quanto os que
eu faço.
— Ahh... então você está chateada porque não os fez?
— Eles já nunca me deixam fazer nada divertido.
Jo virou a cabeça, vendo a infelicidade de Mag por não poder mais fazer
as coisas de que ela gostava. Rachel disse que a última vez que ela tentou
deixar Mag cozinhar, colocou um pano de louça em chamas, e estava salgando
a comida, incluindo as sobremesas, até estarem intragáveis, ou usando
gordura suficiente para ter outro ataque cardíaco.
— Não posso culpá-los pela cozinha. Quando eu deixei você fazer
hambúrgueres, você incendiou o fogão.
— Eu tinha tudo sob controle.
— Não posso ajudá-la para que eles a deixem cozinhar
novamente. Cash teve que comprar um fogão novo. O que mais você sente
falta? Talvez eu possa ajudar com isso.
— Eu sinto falta de ir ao Rosie. Mick não me visita mais.
— Rachel o pegou te dando uma garrafa de uísque.
— Eu quero sentar no bar e tomar uma cerveja gelada e comer um
hambúrguer. Você poderia me levar escondida.
Jo baixou a voz para que Rachel não pudesse ouvir. — Verei o que
posso fazer. Rachel pediu-me para ficar com você no próximo fim de
semana. Se ela e Cash disserem que está tudo bem, podemos ir ao bar, mas
você tem que me prometer que se comportará.
— Então eu não quero ir. Se eu não quisesse me divertir, eu pediria a
Cash para me levar. Ele se tornou um estraga prazeres. Ele observa tudo que
eu como tanto quanto Rachel.
— Eles não querem perder você. Não posso culpá-los— disse Jo
suavemente.
— Estou nos meus noventa anos; um peido barulhento poderia me
matar.
Rindo, Jo levantou, empurrando a cadeira de rodas para dentro quando
Rachel gritou que o jantar estava pronto. Rachel deu-lhe um olhar nervoso
quando elas passaram pela porta.
Jo lhe deu um olhar interrogativo enquanto empurrava a cadeira de
rodas de Mag para a cabeceira da mesa. Ema estava presa em sua cadeira,
comendo ovos mexidos.
— Algo errado?— Jo sentou-se em um dos lugares postos a mesa.
Rachel fez uma careta preocupada. — Cash ligou e disse que está a
caminho de casa com Rider. Cash falou o que teria para o jantar, e ele se
convidou.
— Por que ela deveria dar uma merda pelo menino estar vindo
jantar? Ele come muito, mas você tem uma enorme panela no fogão.
— Mag, eu disse para você não usar essa palavra na frente de Ema.—
Rachel colocou as mãos nos quadris enquanto repreendia a mulher mais velha.
— Quando Cash deixar de colocar aquelas músicas que ele ouve, eu
paro.— Mag virou ofendida para Jo. — Por que você não gosta desse
menino? Ele não é tão bonito quanto meu neto, mas ele também não é
casado. Se eu fosse cinco anos mais nova, ele não saberia o que o atingiu.
Rachel riu, dando a Mag um copo de chá gelado antes de servir um
para Jo. — Jo bateu nele com uma sacola esta manhã.
— O que o garoto fez para você bater nele?
Jo se concentrou em pegar um ovo da travessa e enfiá-lo na boca,
decidindo não responder.
— Rider brincou que Jo se jogou nele quando ela acidentalmente colidiu
com ele— Rachel respondeu quando Jo não o fez.
— É o que eu teria feito.
Mag provavelmente teria feito mais do que isso quando mais jovem, pensou Jo,
terminando de mastigar.
— Eu não me jogaria deliberadamente sobre Rider nem que ele fosse o
último homem na Terra.
— Você é lésbica?— Mag deu a Jo um tapinha compassivo em seu
ombro. — Você não sabe o que está perdendo. Pensei nisso uma vez nos meus
vinte anos. Não há comparação entre pau e...
— Mag, por favor se comporte— disse Rachel, olhando pela janela. —
Eles estão aqui. Guarde suas antigas histórias até estarmos sozinhas.
— Por quê? Nada aconteceu. Ela não parecia tão bonita quando eu
estava sóbria.
Jo não conseguiu resistir. A mulher era um cruzamento entre a língua
cáustica de Joan Rivers e a indelicadeza de Roseanne Barr. Ela estava
limpando as lágrimas de riso quando Cash e Rider entraram.
Cash deu um beijo em Rachel antes de dar um em sua filha. A criança
franziu os lábios, dando um beijo em seu pai antes de guinchar para Rider
quando ele se aproximou da mesa, querendo um beijo dele também.
— Essa criança é mais inteligente do que você. Você precisa aprender
com ela— Mag aconselhou Jo, puxando a travessa de ovos para mais perto
dela pegando três, indiferente por estar fazendo dela o centro das atenções.
— Você vai me bater de novo se eu sentar aqui?— Rider hesitou
ironicamente antes de puxar a cadeira ao lado dela.
Jo lançou-lhe um olhar fulminante. — Vou tentar me conter— disse ela
zombeteiramente de volta.
Ao seu comentário, a boca de Cash se abriu quando ele se sentou ao
lado de Rachel.
— Eu vou te contar mais tarde.— Rachel antecipou a pergunta óbvia
sobre por que ela havia batido em Rider. — Vamos comer. A comida está
esfriando.— Rachel encheu um prato com purê, entregando a Cash antes de
passar a colher para Jo se servir.
Jo só colocou uma colherada no prato antes de passar para Mag. Ela
também só pegou uma pequena porção de purê de batatas e feijão verde.
— Você não vai pegar mais?— Rachel franziu a testa para as pequenas
porções que Rider mais do que compensou, fazendo uma montanha alta em
seu prato quando foi a vez dele.
— De acordo com Mag, eu como demais— disse Jo, pegando seu garfo.
— Ela estava apenas brinc...
— Não, eu não estava. Ela já comeu quatro ovos desde que chegou
aqui.— Mag cortou Rachel.
Jo riu, não se sentindo insultada pela mulher. Além disso, ela tinha
mesmo comido quatro.
A franqueza de Mag era refrescante. Ela não fazia nenhum rodeio sobre
o que estava pensando ou observando.
Jo comeu, permanecendo em silêncio enquanto Rider, Cash e Rachel
conversavam. Escutando, ela percebeu que Rider era próximo da pequena
família.
Durante a refeição, ele levantou-se para fazer café, preferindo tomá-lo
com a comida. Sua familiaridade quando abriu os armários para pegar o café e
as canecas, e depois a gaveta das colheres, a surpreendeu. Ela não sabia que
Rider era um visitante frequente. Jo passou algumas noites com o casal e
nunca tinha visto Rider lá.
Jo se amaldiçoou por expor suas opiniões. Ela tinha sido expressiva
sobre seu desdém por Rider. Relembrando, ela percebeu que Rachel mudava o
assunto ou desviava sua atenção.
Tinha consciência da amizade de Cash com o clube, mas não sabia que
se estendia ao círculo familiar.
— Você quer uma caneca?— Rider perguntou, trazendo sua própria
caneca para a mesa.
— Não, obrigada.— Ela comia autoconsciente, querendo terminar logo
e dar uma desculpa para partir.
Jo ergueu para Mag uma sobrancelha questionável quando Rider
recarregou o prato com porções ainda maiores do que as anteriores.
— Ele é um menino em crescimento. — Mag sorriu do outro lado da
mesa para o homem que parou de crescer muito antes desta noite.
Jo virou a cabeça para o lado. — Quantos anos você tem?
— Trinta e quatro— ele respondeu instantaneamente.
Jo levou a mão aos bolinhos, desafiando Mag a fazer um comentário
sarcástico com um olhar de soslaio.
A velha deu de ombros. — É sua bunda.
— Mag...— Rachel deixou cair o garfo no prato dela.
— Tudo bem.— Jo tranquilizou Rachel de não estar ofendida roubando
o último ovo da travessa que Mag havia puxado para perto de seu prato.
— Eu gosto de uma mulher com um grande apetite.— Rider empurrou
as batatas para perto dela.
Jo quase devolveu o sorriso com a diversão em seus olhos. Engolindo o
sorriso, no entanto, ela continuou a comer, ignorando as batatas, mesmo que
ela quisesse. As batatas de Rachel eram suaves como seda e ela não era
mesquinha com a quantidade de manteiga que usava para cozinhar.
Ela ainda nem tinha comido a metade do segundo prato quando Rider
se recostou na cadeira e bateu no estômago. — O que tem para a sobremesa?
— Eu não fiz nenhuma.— Os olhos de Rachel baixaram, mas Jo notou o
leve tremor de seus lábios. Sua amiga não sabia mentir nem que fosse para
salvar sua vida.
— Nenhuma mulher das montanhas que se preze faria um jantar tão
bom como este e não faria sobremesa para acompanhar.— Rider cheirou o ar,
como se fosse um cão de caça rastreando comida.
Rachel deu-lhe um olhar incomodado antes de ir para a cozinha, onde
Jo a ouviu abrir a porta do forno e fechá-la. Ela voltou, carregando um prato
coberto. Depois de colocá-lo sobre um descanso térmico, ela tirou a tampa.
Jo esqueceu a comida no prato quando viu a torta de frutas. Ninguém
no condado poderia fazer uma torta de frutas tão boa quanto a de Rachel. Ela
ganhou inúmeros concursos, independentemente do sabor que ela fez, e, a
menos que ela estivesse equivocada com o suco azul escuro que escorria por
debaixo da crosta, ela havia feito sua especialidade - amora.
Rider já estava pegando a colher quando Rachel trouxe sorvete e tigelas
para todos.
— Você teve sorte, por nunca me convidar para jantar antes de casar
com Rachel, ou eu a teria roubado de você.— Rider gemeu, depois de dar uma
mordida.
— Como se você pudesse tê-la pego.
Mag bufou. — Cash só a pegou com minha ajuda.
Cash colocou o braço em volta da cadeira de Rachel. — Não foi por
você que eu a peguei. Rachel se apaixonou pela estufa que construí para
ela. Ela adora poder cultivar amoras no inverno, enquanto todos os outros têm
que usar congeladas.
Rachel passou os dedos pelos lábios de Cash, tirando o açúcar do lábio
inferior. — Não foi por isso que eu me apaixonei por você. Eu me apaixonei
quando você disse aos meus irmãos que eu estava grávida, e não queria me
casar com você.
Jo engoliu o nó em sua garganta quando a expressão de Rachel passou
de amor descarado para uma tristeza extrema. Inclinando a cabeça sobre a
tigela, ela deu a Rachel e Cash sua privacidade enquanto a lembrança da
criança que perderam era revivida.
A criança teria sido a segunda. Foram somente nos últimos dois meses
que Rachel retomou sua vivacidade natural. Mesmo sua cor de cabelo vibrante
tinha sido atenuada, os cachos sem seu brilho saudável.
Jo tinha ficado aliviada quando Rachel lentamente saiu da concha onde
se recolheu. Ela tinha certeza de que Cash tinha sido o motivo. O casal
felizmente trabalhou através de sua perda, e seu casamento se fortaleceu com a
tragédia que eles tinham compartilhado.
Forçando-se a não pegar outra porção, Jo colocou a colher na tigela
vazia. Levantando, ela levou seus pratos para a cozinha, depois voltou para
remover o resto dos pratos enquanto Cash e Rider falavam sobre uma
encomenda em que precisavam trabalhar amanhã.
— Você não tem...
Jo colocou uma mão no ombro de Rachel antes que ela pudesse se
levantar. — Você não se atreva. Você fez o jantar. Eu posso lavar os pratos.—
Pegando os pratos de Cash e Rachel, ela foi e voltou, deixando o prato de
Rider uma vez que ele ainda estava comendo.
Ela estava carregando a máquina de lavar louça quando Rider trouxe o
dele para a pia.
— Você pode empilhá-los que eu depois irei enxaguá-los.— Rider não
deu tempo para ela protestar, assumindo o cargo. Ela não queria estar na
pequena cozinha com ele, mas, além de parecer uma cadela, ela não tinha
alternativa. Ela não fazia ideia de como conversar com ele, então ficou em
silêncio, movendo-se ao redor dele para pegar as panelas e as travessas sujas
para ele lavar.
Foi só quando Rider limpou a garganta que percebeu que ele poderia
ter problemas para conversar com ela, também.
— Entrei em contato com o número no cartão que você me deu. Ele está
vindo para a fábrica para dar uma olhada no meu carro e me dar um
orçamento.
— Isso é bom— disse ela artificialmente. — Que tipo de carro é?
— Dodge Charger 19704.
Surpresa, ela olhou para cima da máquina de lavar louça. — Eu
esperava que você dissesse um Corvette ou um Mustang5.— Rider parou de
esfregar a panela pesada que Rachel usara para os bolinhos. — Você acha que
eu sou um homem Stang?
Os lábios de Jo se curvaram. — Um vermelho brilhante.
Rider riu, balançando a cabeça. — Com o motor certo, um Charger
pode bater um Stang.
— Eu não vou discordar disso.— Ela encolheu os ombros. — Eu pensei
que você só queria dirigi-lo, não correr com ele.
— Eu planejo fazer os dois.
— Você planeja correr pela cidade?
— Claro que sim. Quando o restaurar, posso empurrá-lo no traseiro de
Greer quando ele parar ao meu lado com seu caminhão.
— Ser amigo do xerife é útil. Pobres mortais, como eu, precisam se
preocupar com as multas.
— Knox não me daria uma multa se me pegasse correndo. Ele chutaria
minha bunda.
Ela esperava que ele negasse sua conclusão de que não enfrentaria as
mesmas consequências que outros. Isso aliviaria sua consciência culpada. Ela
duvidava seriamente que Knox lhe bateria por quebrar uma lei de trânsito.
— Valeria a pena. Greer é um louco quando seu caminhão está
envolvido. Aquele que ele comprou para Holly é quase tão grande.

5
Rider deu-lhe um olhar pecaminosamente divertido. — Até que ponto
você quer jogar seu caminhão contra o dele quando ele acelera seu motor no
semáforo da cidade?
— Me controlo ao máximo para não esmagá-lo— ela admitiu.
— Seu caminhão poderia fazer esse trabalho. — Seu encorajamento fez
com que ela pensasse seriamente. Greer sempre ficava atrás dela no
semáforo. Ele acelerava seu motor, fazendo seu caminhão avançar
gradualmente até que estivesse quase beijando seu pára-choque.
— Knox me arrastaria para a prisão se eu tentasse.
— Eu poderia tirá-la. Vá em frente.
— Não. Eu não sou estúpida o suficiente para mexer com os Porter. Eles
tratam seus veículos como família. Eles podem ser vingativos.
— Você está falando sobre Greer ou os Porter como um todo?— Rachel
perguntou, entrando na cozinha carregando o prato vazio de Mag.
— Principalmente Greer, mas você tem que admitir que você, Tate e
Dustin se unem como cola quando ficam bravos com alguém.— Jo tirou o
prato de Rachel, colocando-o na máquina de lavar louça.
— A maioria das famílias das montanhas normalmente é assim. Às
vezes, é difícil, especialmente quando Greer fica chateado sem motivo. O resto
de nós tem que escolher e selecionar com quem lutar.— Rachel não tentou
negar o relacionamento íntimo que ela compartilhava com sua família.
— Simplifique, reduza isto para três,— Jo brincou, cutucando Rachel
com o ombro, para que ela pudesse abrir a porta inferior do armário para
pegar o detergente de louça.
Endireitando as costas, ela pegou os olhos de Rider na curva de seus
seios que ela inadvertidamente havia exposto. Seus lábios se apertaram, e ela
lhe deu um olhar sujo quando ligou a máquina de lavar louça.
— Obrigada pelo jantar, Rachel. Eu te vejo na igreja.— Ela não se
despediu de Rider, movendo-se ao redor dele, para não precisar tocá-lo
quando entrou na sala de jantar.
Beijando Ema na bochecha, ela se despediu de Cash, franzindo a testa
quando percebeu que Mag deveria estar no quarto dela. Ela lamentou não
poder despedir-se dela. No entanto, como um gato escaldado, ela queria sair
de perto de Rider antes de arruinar a noite, dizendo algo sarcástico para ele.
Saindo pela porta da frente, ficou aliviada ao ver Mag sentada na
varanda da frente. Ela nem sequer tinha se incomodado em ligar a luz da
varanda, sentada na escuridão.
Jo colocou uma mão em seu ombro, sentindo o quanto a mulher estava
se tornando fraca. — Não parta, Mag.— Jo inclinou-se, beijando sua bochecha
antes de esfregar a sua contra a dela.
Mag cobriu a mão de Jo, acariciando-a. — Não vou a lugar algum esta
noite, mas logo. As folhas praticamente desapareceram.
— Eu odeio esse velho ditado.— Jo sentou-se ao lado de seus joelhos,
colocando a cabeça no braço de Mag.
Quando era mais nova, sua mãe muitas vezes repetia o provérbio
quando um de seus parentes mais velhos morria, anunciando com sinceridade
que as folhas velhas caíam para que novas ocupassem o seu lugar. À medida
que envelheciam, um por um de seus parentes tinha morrido durante os meses
de outono e inverno. Ela não era tão supersticiosa, mas agora que todos os
seus parentes estavam mortos, teve um pressentimento de que Mag tinha
visto sua última primavera.
— Você é uma menina doce por se preocupar com uma velha. Eu ainda
me lembro de seu pai dirigindo com você sentada naquela almofada para que
você pudesse ver por cima do capô do seu caminhão.
— Eu costumava ter medo de você.— Jo costumava ter tanto medo
dela quanto a amava agora.
— Você tinha medo da sua própria sombra. Você ainda tem.
Ela ergueu a cabeça. — Não, eu não tenho...
— Então, por que você não dá a esse garoto uma chance?
— Quem? Rider?
— Não banque a estúpida comigo. Você sabe de quem estou
falando. Você não é mais tão jovem. Você deveria perseguir o menino como se
ele estivesse em chamas.
— Nem todo mundo quer se casar e ter filhos.
— Você se esqueceu de que você sempre carregava aquela falsa bolsa
de fraldas e a boneca que seu pai lhe deu naquele carrinho de plástico? Você
tratava aquela boneca como se fosse real. Você brincou com aquela boneca
muito tempo depois que a maioria das meninas no condado já ia a
encontros. Se você quer mentir sobre não se interessar pelos homens, vá em
frente. Mas você nunca me fará acreditar que você não quer um monte de
filhos.
— Eu cresci.
Mag apertou sua mão com força. — Sim, você cresceu. Eu teria agido de
forma diferente se eu fosse sua mãe. Não estou culpando-a, mas seu pai
deveria ter matado aqueles bastardos em vez de deixar isso para Deus. Deus
ajuda aqueles que ajudam a si mesmos.
— Sim, ele faz.— Jo levantou, tirando a mão do alcance de Mag. — Não
fique aqui por muito tempo; você pegará um resfriado.
— Eu sou muito má para me resfriar. Pense no que eu disse.
— Eu vou, eu juro. Noite, Mag.
Jo deixou a velha. Mag achou que ela tinha prometido pensar sobre
perseguir Rider, mas sua mente estava no que ela havia dito sobre Deus.
A tristeza encobriu sua visão ao caminhar até ao caminhão. Mag tinha
mais chance de ver outra primavera do que ela.
Uma garoa gelada deslizou por sua nuca, aumentando a sensação de
mau presságio que sentira na varanda. Ela não dormiria muito esta noite. As
estradas se tornariam traiçoeiras à medida que a temperatura caísse durante o
meio da noite.
Jo deu uma última olhada vigilante no exterior da cabana na luz dos
faróis. Ela estava prestes a sair quando suas luzes acertaram a motocicleta de
Rider. Se ele saísse agora, chegaria em casa com segurança.
Freando, ela pegou seu telefone. Ela digitou uma mensagem de texto,
depois apertou enviar. Pronta, ela guardou seu telefone, partindo.
A escuridão sombria engoliu o grande caminhão em suas profundezas
nebulosas quando ela deixou as luzes da cabana para trás.
CAPÍTULO 7

— Sua mãe nunca te ensinou que é feio bisbilhotar, orelhudo?— Mag


resmungou.
Rider sem remorso saiu para a varanda. — Se você sabia que eu estava
escutando, por que você não falou para Jo?— Rider andou até à frente da
cadeira de rodas de Mag para encarar a mulher esperta.
O som feito por Mag foi um cruzamento entre um resmungo e um
grunhido quando ela se moveu para uma posição mais confortável em sua
cadeira de rodas. — Você não deve ter escutado muito bem se perdeu a forma
como eu estava tentando uni-lo com ela.
— Eu não perdi isso. Eu só queria ver se você admitiria.
— A única vantagem de envelhecer é poder dizer o que eu quero.
— Algo me diz que você nunca teve esse problema.
— A vida é muito curta para dar uma merda sobre o que alguém diz.
— Mag...— Rachel sibilou, saindo do interior da casa.
Rider não conseguiu deixar de sorrir quando os ombros de Mag caíram
por ser pega mais uma vez por sua má escolha de palavras.
— Menina, eu vim para cá por paz e sossego.
Rachel envolveu com carinho uma grossa manta em torno dos ombros
de Mag. — Está muito frio para ficar aqui fora.
— Se você veio aqui para me incomodar, você pode levar seu traseiro
para dentro.
— Na verdade, eu saí para dizer a Rider que Jo me mandou uma
mensagem, dizendo que as estradas estão ficando ruins e você deveria ir para
casa ou passar a noite.
Rider inclinou-se contra o poste da varanda, escondendo sua surpresa
pela preocupação de Jo. Ela não gostou que ele tivesse vislumbrado os seios
dela, e ela ficou ainda mais furiosa que ele não escondeu sua apreciação com a
visão.
— Eu estou indo embora.— Rider fechou a jaqueta e puxou a gola para
cima. Ele fez uma careta com o vento frio enquanto enfiava as mãos nos bolsos
da jaqueta. Ele tinha deixado as luvas nos alforjes6.
Ele se perguntou se Jo tinha um casaco e luvas em seu caminhão. A
blusa que ela estava vestindo era muito fina para oferecer alguma proteção.
— Mais cinco minutos, Mag, ou eu vou empurrá-la para dentro por
conta própria— disse Rachel, dando um aceno a Rider quando ela entrou.
— Você tem certeza de que não quer que eu a empurre para dentro?—
Ele perguntou, se afastando do poste e já caminhando até à beira da varanda,
sabendo que ela não o faria.
— Eu sei que você não quer nenhum conselho, mas vou dar assim
mesmo.— Mag segurou a roda de sua cadeira, virando-a em direção a ele.
Hesitante, ele se voltou. — Sou conhecido por aceitar conselhos, se
forem bons.
Seu olhar aguçado estreitou. — Você me faz lembrar o meu
marido. Cash nunca disse que ele era um trabalhador itinerante?
— Não.— Rider manteve a paciência divertida colada em seus traços,
sentindo que ela estava olhando através dele.
— Bem, você faz. Ele tinha o mesmo encanto de bom menino que fazia
com que a maior parte da cidade desperdiçasse seu dinheiro para ganhar
um ursinho de cinquenta centavos. Não tente enganar-me, menino. Eu vejo

6
Um alforje ou alforge é um tipo de bolsa, usualmente preso a uma sela, usado para transporte de objetos em
animais como o cavalo e o asno. Atualmente, são também utilizados em bicicletas ou motocicletas, usualmente
presos ao assento, com o mesmo objetivo.
exatamente quem você é.— Mag rolou a cadeira mais perto. — Você está à
procura de si mesmo, e você não se importa com mais ninguém.
Sombriamente, ele deixou cair sua pose amigável quando se aproximou
dela, deixando sua sombra intimidante cair sobre ela. — Isso não é uma boa
coisa a dizer sobre uma pessoa.— Ele baixou a voz para o nível ameaçador
que ele usou com soldados experientes com os quais havia servido quando o
subestimavam.
— Você acha que pode me assustar?— Mag deu uma gargalhada
áspera. — Eu superei homens que assustariam você.
— Eu não me assusto.
— Você está com medo de Jo.
Desta vez, ele riu. — Não tenho medo de Jo.
— Ela não é uma puta estúpida. Você não pode jogar areia em seus
olhos. Jo nunca lhe dará qualquer crédito até você mostrar a ela o seu
verdadeiro eu. Ela pode aguentar a feiura que você está escondendo. Aquela
garota amava o pai como se ele tivesse pendurado a lua, apesar dele ser um
bêbado. Sua mãe a arrastou para longe de Treepoint porque ela teve o bastante
quando aqueles meninos estupraram Jo. Seu pai que não tinha serventia
nenhuma, nem sequer permitiu que ela desse queixa do que tinham feito com
ela.— Mag condenou ferozmente o pai de Jo por ser tão covarde. — A única
razão pela qual ele durou tanto tempo foi por causa dela. Ela penhorou tudo o
que tinha para manter aquele pedaço de terra que ele deixou. Não há muitas
mulheres que possam amar assim, mas Jo é uma delas. Para constar, você
precisa colocar seu traseiro em marcha e não deixá-la se afastar antes que
algum outro homem a roube.
Ele piscou, afastando-se. — Você não pode roubar o que não pertence a
você.
— Você é um Last Riders?
— Sim.
— Os Last Riders têm tomado o que querem desde que se mudaram
para cá.
— Se eles quiserem.— Ele encolheu os ombros. — Eu não quero Jo.
— Eu fiz minha parte. Está frio aqui, e acabei de falar com um homem
que atravessa a cidade por uma boa refeição, mas não é suficientemente
inteligente para se agarrar a uma mulher que cozinhe para ele todas as noites.
Rider sabia que ela realmente não estava falando sobre comida.
— Jo não cozinha.— Imprudentemente soltando esse comentário
insolente, ele se moveu para abrir a porta para ela, de modo que ela pudesse
virar a roda para entrar.
— Ela pode aprender a cozinhar. Ela só precisa de alguém para acender
o seu fogo. Eu acho que esse pequeno palito de fósforo que você carrega não
está à altura da tarefa. Ignore meu conselho. Eu retiro o que disse. Você não
tem a sensatez que Deus lhe deu para lamber um selo postal.
Rider olhou para a mulher enquanto ela se afastava. Ela estava usando
outra metáfora para insultar suas habilidades como amante, comparando um
selo postal com uma boceta?
A avó mal humorada de Cash, cujos ossos estavam retorcidos pela
idade e a artrite, rolou, sem se preocupar com Rider torcendo seu pescoço e
fazendo parecer que ela tivesse caído da varanda.
Voltando a entrar na casa, viu Cash sentado à mesa, comendo outra
tigela de sobremesa. — Nem pense nisso— advertiu Cash. — O que ela fez?—
Ele acenou para onde Mag tinha desaparecido.
— Ela insinuou que não tenho cérebro o suficiente para lamber um selo
postal.
— Ela deve estar deprimida. Mag não insinua merda. Ela não tem medo
de falar o que pensa.
— Aquela cadela velha não está deprimida. Ela é má pra cacete.
— Cuidado. Rachel vai te ouvir.
Rider decidiu fazer o que deveria ter feito antes de conversar com Mag -
partir. Não era frequente alguém conseguir tirá-lo do sério, mas a mulher o
alfinetou com farpas que atravessaram sua pele grossa.
Ao fechar a porta no rosto sorridente de Cash, ele atravessou a varanda,
sua fúria distraindo-o do granizo. Quando seu calcanhar atingiu o degrau da
varanda, seu pé deslizou, deixando sua parte superior do corpo meio dentro e
meio fora da varanda e suas pernas entrelaçadas no chão.
— Droga!— Rider amaldiçoou, tentando se levantar. Demorou três
tentativas antes de conseguir ficar de pé. O chão tinha uma camada de gelo.
Irritado, ele cuidadosamente coxeou pelos degraus, voltando para a
porta de Cash e batendo. Um segundo depois, Cash abriu a porta.
— Está muito escorregadio para ir para casa.
Cash abriu a porta para deixá-lo entrar. — Você deveria ter partido
quando Rachel o avisou em vez de atirar merda com Mag.
Rider apertou os punhos, ainda irritado com Mag, e agora irritado por
ter caído. Além disso, ele tinha cortado sua mão em uma das tábuas da
varanda. A última coisa que ele precisava era que Cash risse de sua situação.
Ele não deveria ter deixado a sede do clube. Se ele tivesse ficado, estaria
aconchegado na cama com uma das mulheres de Ohio que queriam se tornar
um membro. Na hora, tinha sido uma jogada brilhante. Tantos irmãos
visitando, significava uma longa fila no jantar. Ele não esperava demorar
tanto. Agora, ele estava preso na casa de Cash dormindo sozinho em seu sofá.
Tirando a jaqueta, ele pendurou na parede, depois foi ao sofá para tirar
as botas enquanto Cash buscava um cobertor.
Ele ligou a televisão e abaixou o volume para não acordar Rachel e
Ema. Ele não se importava se perturbasse Mag.
— Aqui está.— Cash entregou-lhe um cobertor e um travesseiro. —
Você precisa de mais alguma coisa?
— Não.— Ele rudemente jogou o travesseiro no final do sofá. — Vá
para a cama. Pelo menos um de nós pode queimar as calorias dessa
refeição. Certifique-se que eu não ouça nenhum som vindo do seu quarto, ou
estarei arrastando sua bunda da cama para me levar para casa.
— Não vai matá-lo ficar sem sexo.
Isso foi fácil para Cash dizer. Ele estava indo dormir com uma ruiva
quente.
— Eu posso ficar uma noite sem sexo, mas por que eu faria? Estou
vivendo o sonho de todos os homens - uma mulher diferente todos os dias, um
trabalho que eu amo e um ótimo lugar para descansar a cabeça à noite,
especialmente se eu tiver um par de mulheres me fazendo companhia.
Cash se moveu ao redor do sofá para pegar uma das cadeiras, apoiando
as pernas na mesa de café. — Não é o meu sonho, nem acho que seja de alguns
dos irmãos.
Rider abriu a boca para discordar dele, mas a expressão séria de Cash o
deteve.
— Estou no lado oposto da cerca que você está. Eu acho que a maioria
dos homens espera encontrar a mulher que os ajudará a mudar seus hábitos e
torná-los uma pessoa melhor, para voltarem para casa, apesar de uma briga na
noite anterior. Uma mulher que faça você se sentir tão especial quanto você
acha que é.— Os lábios de Cash se curvaram em um sorriso confiante.
— Eu não preciso de uma mulher para me fazer sentir assim. Eu já sei
que sou.
Cash sacudiu a cabeça. — Eu não acho que você saiba.— Ele fixou seu
olhar nele, inabalável enquanto Rider passava pelos canais da televisão. —
Rider... quanto tempo você vai se agarrar ao passado? Delara e Quinn são
história antiga.
— Vá para a cama, Cash. Se eu quisesse que alguém me desse um
sermão, eu chamaria Lucky.
Levantando, Cash franziu o cenho irritado. — Eu não sou um pregador,
mas sou um amigo que pode ver que você está em um caminho sem volta para
lugar nenhum.
— Talvez sim, mas é minha estrada para correr, e você não teve
nenhum problema em correr nessa estrada antes de se casar com Rachel.
— Não, eu não tive. Eu vou para a cama. Posso ver que estou
desperdiçando meu fôlego. Tente não comer o resto da torta. Eu quero um
pouco para o café da manhã.— Cash o deixou sozinho na sala de estar.
Assim que ouviu a porta do quarto de Cash fechar, ele entrou na
cozinha e encheu uma tigela de torta antes de afundar no sofá para desfrutar
de um filme antigo que achou. Quando Cash acordasse na manhã seguinte, ele
não ficaria feliz com o fato de Rider ter acabado com sua torta sem
remorso. Ele esperaria até que ele saísse para trabalhar antes de dizer-lhe que
Rachel fez duas e a outra estava escondida na parte de trás da geladeira.
Ele terminou o filme e estava na metade do segundo antes de conseguir
um rápido cochilo. Esse hábito enraizou quando estava no serviço, quando era
uma questão de vida ou morte estar ciente de seus arredores.
Nos acampamentos onde ele tinha ficado, à noite era quando ocorriam
muitos ataques. O inimigo aproveitava as oportunidades para esgueirar-se da
vigilância cobertos pelo manto da escuridão. A privação de sono tornou-se um
modo de vida para muitos, especialmente os poucos que foram enviados em
missões especiais como as atribuídas a Shade, Gavin e ele.
Shade tinha sido um atirador de elite, eliminando inimigos com uma
única bala. Gavin tinha sido o principal navegador subaquático7; a água era
seu campo de batalha, colocando explosivos ou desarmando aqueles que
tinham sido plantados. Ele poderia liderar uma equipe através de águas
perigosas, emergindo das profundezas para eliminar o alvo, depois submergir
antes que os inimigos soubessem que ele estava lá.
Rider olhou fixamente para a televisão. Era a informação que ele
passava aos seus superiores que dava a ambos os homens seus alvos a serem
eliminados. Ele era um SEAL em treinamento quando foi chamado ao
escritório do comandante.

7
Perito em um conjunto de técnicas - incluindo a observação de características naturais, o uso de uma bússola e
observações de superfície - que os mergulhadores utilizam para navegar debaixo d’água. Embora seja
considerada uma habilidade básica, normalmente é apenas ensinada em um grau limitado como parte da
certificação básica da Open Water.
De pé, rígido diante da mesa do seu comandante, Rider observou
quando ele lançou o arquivo que estava lendo para ele.
— Eu estive lendo seu histórico pessoal. Muitos de seus superiores
acham que você vai desistir do treinamento SEAL. Por quê isso?
Rider não precisava pegar seu arquivo para ler os comentários daqueles
que haviam dedicado suas vidas ao serviço. Eles acreditavam que ele não
tinha a ambição de ser bem sucedido onde outros, que eram mais inteligentes
e que treinaram anos para se tornar um SEAL, falharam.
— É por isso que você queria me ver, senhor?— Pavor em ouvir que ele
não conseguiu passar pelo curso queimou seu estômago.
— Talvez todos os seus superiores achassem que você não conseguiria,
mas uma coisa que tinham em comum era que todos gostavam de você. Falei
com cada um deles. Eles disseram não saber se você assumiria o compromisso
de ser um SEAL, mas cada um deles disse que tomariam uma cerveja com
você quando você voltasse.
— Todos os seus superiores gostam de você, e assim os homens. Você
convenceu vários deles a negar o DOR8.
— É bom saber que eu sou bem quisto, senhor.— Rider não aceitou isso
como um elogio, e achou que o Comandante Nellis também não. Nisso, ele
estava errado.
— Você se classificou entre os cinco primeiros na parte física de seus
exames e os três primeiros em inteligência. Eu vi seu desempenho físico desde
que você chegou ao BUD / S9, mas quando vejo você com os homens, não vejo
a inteligência de que você é capaz. Porquê isso?
— Senhor, se você tivesse que andar por um beco sem saída no meio da
noite, você preferiria ter o Wizard ou o Maze ao seu lado?— Perguntou
Rider. Wizard era o mais inteligente da classe. Maze o mais forte.
O comandante o encarou sabiamente sobre a mesa. — Eu escolheria
você. Dessa forma, eu teria o melhor de ambos.— Nellis fechou o arquivo,

8
Drop on Request, sigla militar para um cadete que solicita “demissão voluntária”.
9
BUD / S é um curso de treinamento SEAL de 6 meses realizado no Naval Special Warfare Training Center em
Coronado, CA.
colocando-o em sua gaveta superior. — Por isso que chamei você. Eu vou
recomendar que você seja o SSE10. Sua simpatia natural pode ser aprimorada
em uma habilidade que minha equipe poderia usar.
Uma designação na equipe de Nellis era o objetivo de todos. Ter sido
oferecido a ele foi inesperado. O comandante só escolhia SEALs de elite para
integrar a sua equipe.
— Eu ficaria honrado em fazer parte da sua equipe, senhor.
— Você não precisa soprar fumaça na minha bunda. Eu só preciso que
você faça os trabalhos que lhe forem atribuídos. Eu acho que será simples para
você descobrir informações sobre os locais que devemos atacar e facilitar a
segurança dos outros membros.
— Eu não vou lhe decepcionar, senhor.
— Eu não acho que vá, ou eu não teria escolhido você. Dispensado.
Rider havia deixado a reunião sentindo-se no topo do mundo. Os
militares eram a única família que lhe restara. Cada passo que ele havia dado
desde que saíra de casa foi alimentado pelo desejo de se tornar um SEAL. Se
tornar um membro de uma equipe que a maioria de seus amigos tinha dito ter
lhes dado um sentimento de realização, que ele nunca teve ou conseguiu
alcançar trabalhando nos negócios de sua família.
Olhando para trás agora, Rider fez uma careta. Agora, ele podia ver o
que o seu eu mais novo não conseguiu. Em termos leigos, ele tinha sido um
traidor, procurando e fazendo amigos que fariam os ataques de sua equipe ser
bem sucedidos. Na época, ele não tinha consciência do custo que ele teria que
pagar. Agora ele sabia.
Se ele pudesse fazer tudo de novo, ele teria dito não a Nellis. Mas ele
não tinha, e agora ele tinha que viver com as consequências disso todo o
fodido dia.

10
A exploração do site sensível (SSE) é um termo militar usado pelos Estados Unidos para descrever “coletar
informações, material e pessoas de um local designado e analisá-las para responder aos requisitos de
informação, facilitar as operações subsequentes ou apoiar processos criminais” . Também chamado de
exploração tática de site.
Incapaz de dormir, ele perambulou pela sala, sentindo-se enjaulado. Ele
não conseguia escapar das lembranças, então ele desligou a televisão e saiu da
cabana. Ele bateria e queimaria antes de permanecer confinado por mais
tempo.
Tendo mais cuidado em descer os degraus desta vez, ele conseguiu
chegar até sua moto sem cair de bunda. Então, ele voltou lentamente para casa,
sentindo suas rodas deslizar a cada curva. Ele deu um suspiro de alívio
quando chegou ao clube.
Ele subiu a passarela dos fundos ao invés de ir pelas escadas, mesmo
tendo certeza que um dos irmãos teria jogado sal, assim como tinham feito na
passarela.
Ninguém estava na cozinha, mas a sala de estar estava cheia. Os
membros de Ohio se espalhavam pelo chão para dormir. Outros ainda
estavam sentados, conversando ou jogando bilhar.
— Rider, você está de volta!— Um grito feminino de um dos sofás fez
com que ele mudasse de ideia sobre pegar uma cerveja.
— Mercury, vejo que Moon está mantendo você ocupada. Rider
observou a mulher de boca sensual lamber o pau de Moon antes de engolir
mais de metade de seu comprimento em sua boca. Ela ter conseguido a
façanha deixou seu pau latejando atrás do zíper de seu jeans.
Ela estava nua da cintura para baixo. Rider assumiu que Moon ou um
dos outros irmãos a tinham fodido no andar de cima, depois a trouxe para
baixo para compartilhar.
— Onde está Jewell?— Ele perguntou a Moon, que conseguiu organizar
seus pensamentos dispersos para responder. — Lá em cima com F.A.M.E.
Ele ainda não teve um trio com o novo irmão, mas não mudou seus
planos.
Indo para o bar, ele deixou Moon finalizar enquanto tomava uma
cerveja e conversava com Diablo e Trip. Ele tinha servido com Diablo e o
convenceu a se juntar aos Last Riders quando ele tinha saído do serviço. Trip
tinha servido com Diablo depois que Rider partiu, então ele o encontrou em
Ohio quando Trip o acompanhou. Diablo decidiu ficar e se tornar um
membro, mas Trip tinha partido por alguns anos antes de decidir voltar e fazer
de Ohio sua casa. Ele acabou de se tornar um membro de pleno direito no ano
passado. Rider ainda estremeceu com a lembrança de ser selecionado para
lutar com o irmão pelo direito a aderir como membro.
— Como estão as estradas?— Perguntou Diablo.
— Ruim o suficiente, nenhum de vocês poderá sair pela manhã.—
Rider abriu sua cerveja, desejando que Moon terminasse. Em outro momento,
ele teria se juntado a ele no sofá, depois levado Mercury para o andar de cima,
mas ele tinha visto F.A.M.E. foder antes. Ia demorar muito para acabar
com aquele irmão, e ele não tinha a intenção de ser o segundo melhor.
Trip encolheu os ombros, despreocupado. — Não me importo de viajar
por estradas ruins. São os fodidos que estão por perto que me assustam.
Rider estava terminando a cerveja quando Moon finalmente se afastou
de Mercury para jogar bilhar com Gavin e Viper.
Rider teria se juntado a eles na mesa de bilhar se ele tivesse certeza de
que Gavin não daria uma desculpa para sair e ir lá para cima. Gavin evitava
qualquer interação com ele, não importa o quanto Rider tentasse retomar sua
amizade.
Os seios de Mercury balançaram em sua visão enquanto caminhava em
direção a ele, alcançando-o.
— Eu ia perguntar se você precisava de uma pausa, mas posso ver que
não.— Ele gemeu quando ela segurou a ereção que ele estava planejando
perfurar em sua boceta.
— Eu não fico cansada. Você foi o único que não dormiu muito na noite
passada.
Rider agarrou a bochecha da sua bunda, puxando-a mais perto e
esfregando seu pênis em sua barriga. Enfiando dois dedos entre as bochechas,
ele encontrou o pequeno botão rosa que ele estava procurando e torceu o plug
anal que ele colocou lá antes de sair para jantar com Cash.
Colocando sua cerveja no bar, ele a virou até ela encarar as escadas. —
Senhoras primeiro.— Removendo os dedos, ele golpeou a bunda com uma
mão firme. Então ele observou como o traseiro de Mercury se mexia enquanto
caminhava.
— Mais tarde.— Desculpando-se, ele a seguiu pelos degraus, curtindo
os vislumbres tentadores do plug enterrado lá em cada passo até ao andar
superior.
Quando a porta ao lado dele abriu, ele fez um gesto em direção à porta,
e Mercury se dirigiu para onde ele queria.
Rider tirou a camisa assim que ele passou pela porta, dando um rápido
olhar para Jewell, que estava montando o pau de F.A.M.E. no meio da cama.
As pálpebras de Jewell baixaram quando Rider levantou Mercury para
colocá-la na cama, seu traseiro virado para o corredor.
Ele estava colocando um joelho no colchão quando Nickel entrou. —
Porra, eu vim ao quarto certo.
CAPÍTULO 8

Rider esfregou os olhos doloridos, então alongou os músculos do


pescoço para aliviar a musculatura agrupada que gritava em protesto cada vez
que ele movia a cabeça. Ele estava ficando muito velho para os Jogos
Olímpicos noturnos em que participou na última semana.
Os membros de Ohio usaram o clima como desculpa para adiar sua
partida, e ele tinha feito sua missão pessoal tentar superar todos eles. Ele tinha
conseguido com todos, exceto Diablo, cujo pau era feito de aço, ou ele estava
usando Viagra aos montes.
— Alguém está perguntando por você lá atrás— disse Shade, vindo por
trás dele.
Rider lacrou a encomenda em que estava trabalhando e, em seguida, a
colocou no carrinho de correio para ser despachada. — Obrigado. Deve ser o
amigo de Jo. Ele me mandou mensagens de que estaria na cidade hoje.
— Noite difícil?— Shade não voltou para o escritório, andando ao lado
dele enquanto saía da fábrica.
— Semana difícil— , Rider o corrigiu. — Sinto falta dos irmãos quando
eles se vão, mas porra, estou tão dolorido que um garoto de dez anos poderia
me derrubar.
— Tenho certeza de que você vai se recuperar até o anoitecer.—
Ironicamente, Shade abriu a porta.
Rider não sabia como esperava que Carl Norris se parecesse, mas o
velho grisalho fumando um cigarro e vestindo jeans e uma camiseta sem um
casaco para cobrir seus braços tatuados não foi o que ele imaginara na mente
dele.
— Carl?— Perguntou Rider quando se aproximou, estendendo a mão
para apertar a dele. O velho atirou o cigarro no chão antes de apertar sua mão.
— Rider?
Rider assentiu. — É bom finalmente conhecê-lo. Eu tenho querido
restaurar meu carro nos últimos três anos. Qualquer um que tenha restaurado
o carro de Killyama, eu sabia que seria capaz de lidar com meu bebê.
Carl largou sua mão. — Vamos ver isso antes de fazer promessas que
não posso cumprir.
Rider apresentou Shade enquanto pressionava o botão da
garagem. Quando levantou o suficiente para eles passarem na porta, Rider
apontou para o carro que ele queria restaurar.
Demorou vários momentos para que Carl afastasse os olhos da
preciosidade da garagem. Quando ele finalmente olhou para o veículo em
questão, o brilho de admiração que ele tinha vendo os outros carros e
motocicletas diminuiu. Suas mãos foram para seus bolsos traseiros enquanto
caminhava ao redor, curvando-se para olhar para o interior antes de continuar
sua inspeção.
— Ele liga?
— Não.— Ficando desanimado pelo comportamento de Carl, Rider
estava pronto para desistir de lhe dar o trabalho. Foi apenas o capricho que ele
demonstrou no carro de Killyama que o impediu de voltar para dentro da
fábrica.
— Abra o capô.
Rider deu a volta no carro para abrir a porta e abrir o capô. Saindo, ele
retornou para ver Carl olhando para a carcaça vazia onde o motor deveria
estar.
Carl estendeu a mão e depois fechou o capô. — Você só quer que ele
funcione, ou quer que seja restaurado para uma condição perfeita?
— Eu quero que pareça que ele acabou de sair de um showroom.
— Irá custar alguns dólares. — Carl retornou para fora enquanto tirava
os cigarros do bolso de trás.
Rider compartilhou um rápido olhar com Shade enquanto o
seguiam. — Não estou preocupado com o dinheiro. Eu só quero que seja feito
direito.
— Isso eu posso fazer. Pode demorar alguns meses para encontrar as
peças, mas posso restaurá-lo. Vou pedir a Jo para transportá-lo para o meu
lugar.— Seu corpo magro estava se afastando antes que Rider percebesse que
ele tinha terminado de falar e estava partindo.
— É só isso?— Rider perguntou, apressando-se antes que ele entrasse
no seu brilhante caminhão Chevrolet cereja dos anos 60.
Carl parou. — O que mais há para falar?
— Você não precisa de um depósito?
— Oh.— Carl deu uma longa tragada no seu cigarro. — Eu esqueci.
Quinhentos parece bom?
— Só isso?
— Mil parece melhor, mas vou levar quinhentos se for a dinheiro.
Se ele não tivesse visto o carro de Killyama, ele teria expulsado o
homem do estacionamento. No entanto, Train confiou a ele o carro de sua
esposa, e Rider sabia que Killyama teria matado Train se alguma coisa ruim
tivesse acontecido com o carro que ele confiou a Carl para restaurar.
Rider tirou a carteira, contando mil dólares e entregando. Carl pegou o
dinheiro, empurrando-o no bolso traseiro. — Vou enviar o recibo por Jo.
— Isso foi... diferente— observou Shade enquanto observavam o
homem que não parecia ter força suficiente para subir em seu caminhão e
muito menos dirigir, restaurar um carro.— A boa notícia é que ele não pode
deixar seu carro pior do que já está.
— Esperemos que não. Eu odiaria foder um homem velho.— Ele estava
debatendo seriamente o bom senso de ter a restauração feita por alguém que
parecia mais interessado em um cigarro do que em ganhar dinheiro.
— Eu me pergunto se ele tem qualquer relação com Greer— , brincou
Shade, batendo-lhe nas costas.
Rider virou-se para gritar com Shade enquanto voltavam para a fábrica
quando viu o flash de movimento pelo canto do olho. Parando abruptamente,
ele olhou para a estrada vazia.
— Você viu isso?— Perguntou a Shade quando ele estava prestes a
abrir a porta da fábrica.
— Vi o quê?
— Aquele carro preto que acabou de passar.
— Eu não vi nada.— Shade deixando a porta fechar, voltando para o
lado dele.
— Ele deveria estar a quase cem por hora.— Ninguém da cidade seria
estúpido o suficiente para dirigir pela estrada curvilínea a essa velocidade. As
curvas fechadas faziam a maioria dos motoristas dirigir
a quarenta, talvez cinquenta, se estivesse contando com a sorte.
Shade inclinou a cabeça para o lado, ouvindo. — Você deve ter
imaginado, ou nós teríamos ouvido a batida.
— Eu não imaginei isso. Devia estar a quase cem. Era preto com vidros
fumê.
Os olhos de Shade se estreitaram na estrada vazia. — Ninguém na
cidade tem um carro como esse que eu saiba.
— Eu também.— Rider mentalmente ligou as pessoas da cidade com o
carro que ele tinha visto, não encontrando ninguém que dirigisse um carro
parecido com aquele que passou por ali.
— O que importa de qualquer maneira? Não é da nossa conta se
alguém quiser acabar no necrotério. Temos trabalho a fazer .
— Estou indo.
Rider seguiu Shade para dentro, incapaz de resistir dar um olhar atento
de volta à estrada, procurando o carro que deslizou sobre o asfalto como um
fantasma procurando uma vítima.
— Lembre-me por que estou sentado aqui em vez de estar em casa na
cama?— Rider empurrou o prato vazio para longe. Esgotado, ele só queria sua
cama e conseguir algumas horas de sono para recarregar.
— Estamos aqui porque todas as mulheres estão no restaurante do
King, decorando para o leilão amanhã à noite— Shade o lembrou.
— São dez horas. Elas já deveriam estar em casa por agora. Estou
surpreso que você deixou Lily ir sozinha.
— King está lá. Ele e Evie vão trazê-la para casa. Ele vai me enviar um
texto quando sairem do restaurante. Não consegui resistir a deixar
meu sogro lidar com duas mulheres grávidas.
A porta do bar de Mick abriu-se quando uma mulher solitária
entrou. Os dois homens sentados em uma mesa de canto olharam,
reconhecendo a mulher confiante que entrou para sentar-se no bar.
— Elas devem estar quase acabando. Jo estava na lista de ajudantes que
Lily organizou.— Shade tirou o telefone, verificando se não tinha perdido um
texto.
— Ficando preocupado?— Rider deu dez minutos antes de o irmão
ligar para verificar sua esposa. Eles podiam ouvir Jo pedir um hambúrguer,
brincando com Mick que estava cansada demais para ir para casa e fazer algo
para si mesma.
A mão em sua garrafa de cerveja apertou. Rider estava tentado a ir até o
bar e tentar sua sorte com ela mais uma vez. No entanto, ela o dispensou
muitas vezes para saber que seria um esforço desperdiçado. Ela nunca lhe deu
a hora do dia, a menos que ele precisasse de um veículo rebocado ou forçasse
um jantar na casa de Cash como ele fez na semana anterior.
Ele examinou criticamente a mulher vestida com um macacão
largo, com o cabelo castanho puxado para trás em um rabo de cavalo. Ela não
gritava feminilidade, nem era particularmente atraente, não fazia nenhum
esforço em usar maquiagem ou em limpar a mancha de óleo que pintava uma
das maçãs do seu rosto. Ela nem sequer mudou suas roupas de trabalho para
decorar o restaurante, mesmo sabendo que ela estaria cercada por outras
mulheres que não tinham um fio de cabelo fora do lugar quando deixaram a
sede do clube.
Sua característica mais atraente para ele era sua atitude distante, e não a
aparência dela. Ele sempre gostou de um desafio, mas não o suficiente para
tirar sua bunda cansada da cadeira e fazer outra tentativa com ela. Ela era um
desafio que ele estava deixando para outro dia, quando ele estivesse entediado
e bem acordado. Ele tinha que estar no seu melhor jogo para lidar com os
comentários cortantes que ela atirava.
— Por que você não tira uma foto? Seria mais fácil do que você ficar
aqui, olhando para ela.
Os lábios de Rider se curvaram em um sorriso. — Apenas tentando me
decidir se eu quero pedir outro hambúrguer a Mick.
— O que você está querendo não está no cardápio— , Shade respondeu
com ironia.
Rider encolheu os ombros. — O que faz você pensar que eu quero Jo?
— Ela está respirando, não está?
Rider deu uma risada baixa. — É preciso mais para uma mulher chamar
minha atenção do que respirar, apesar do que você e os outros irmãos pensam.
— Como o quê?— Rider não gostou da maneira como Shade o
encarava.
Os irmãos achavam que ele não percebia que queriam que ele se
estabelecesse. Ele tinha que admitir que ele influenciou, tornando-se próximo
da maioria das esposas dos Last Riders. A única que ele não tinha conseguido
enganar foi Killyama. Aquela cadela era muito inteligente para seu próprio
bem. Rider não levou isso a mal, no entanto.
A esposa de Train era uma caçadora de recompensas. Só isso a deixou
mais desconfiada, era natural. Seus dois parceiros eram ex-Rangers do Exército
com quem ocasionalmente trabalhava, o que lhe deu outra vantagem.
— Isso é para eu saber.
— Então, você já sabe que todos os irmãos querem você amarrado a
uma mulher?
— Moon não conseguiria manter um segredo nem que quisesse— ,
reconheceu Rider. — Eu sabia que Razer e Viper estavam ficando chateados. O
que me surpreendeu foi Moon dizendo que você também estava envolvido.
— Moon anda falando.— O rosto de Shade não mudou de expressão.
Eles não se importavam que Rider os observasse quando eles queriam
adicionar um pouco de tempero às festas de sexta-feira, mas eles estavam cada
vez mais preocupados com o fato de que as mulheres caíssem sob seu feitiço e
o impensável acontecesse - que ele as fodesse sem a permissão ou a presença
de seu marido . Em outras palavras, eles não confiavam nele.
Havia uma pequena dúvida na parte de trás de cada uma das
mentes. Se ele estivesse comprometido em um relacionamento eliminaria suas
dúvidas.
Ele poderia parecer um idiota descontraído, mas ele era tudo menos
isso. Ele era leal aos irmãos e nunca levaria o que pertencia a outro, apesar da
tentação.
— Não culpe Moon. Um pequeno passarinho também me disse.
— Jewell precisa manter a boca fechada. Ela só lhe falou porque gosta
de dormir em sua cama.
— Talvez tenha sido Jewell, ou talvez Stori.— Ele encolheu os
ombros. — Eu revezo quem passa a noite comigo. Eu não tenho uma favorita.
— Continue dizendo isso a si mesmo. Jewell pensa que é ela.— Shade
lhe deu um olhar de advertência.
— Não, ela não pensa. Jewell sabe exatamente onde ela está comigo, e é
bem debaixo de mim.
— Eu não vou te dizer que você está implorando para ser colocado no
seu devido lugar, mas você está.
— Eu não estou assustado. Você e os outros irmãos podem tentar com
todo o coração me casar. Se isso significa que eu terei alguém novo para foder,
não vou me queixar. Apenas não espere que coloque um anel no dedo dela.
Shade balançou a cabeça para ele. — É como falar com uma parede de
tijolos. Eu estava tentando fazer você abrandar com as esposas e dar uma
pausa aos irmãos por um tempo, mas posso ver que é perda de tempo.
Rider sorriu. — É por isso que você me convidou para jantar e
beber? Eu pensei que era porque você sabia que Jo sai todas as noites para
jantar e você queria que eu a visse.
— Se fosse o que eu tinha planejado, teria escolhido um tempo e um
lugar melhor quando ela não estivesse tão cansada depois de trabalhar o dia
inteiro, depois se voluntariando para decorar um evento de caridade. Mas esse
sou eu. Nunca achei que uma mulher que trabalhasse pra caralho para pagar
contas que não eram de sua responsabilidade fosse sexy, mas com você não sei
— disse ele com sarcasmo.
Com as palavras de Shade, Rider olhou para Jo com mais
atenção. Droga Shade.
Jo parecia cansada, e ela só conseguiu comer metade do hambúrguer
antes de ouvir o rádio que ela mantinha ao seu lado, explodindo em estática,
solicitando um reboque.
Tirando uma nota do bolso da frente de seu macacão, ela colocou-a no
balcão, depois deslizou do banquinho.
— Obrigada, Mick— , ela gritou, saindo apressada do bar com Mick
olhando fixamente para ela com preocupação.
— Por que ela não vende o negócio de seu pai e começa de novo?— Ele
tinha assumido que ela faria isso depois que o pai dela morreu. Quando ela
não fez, mas, em vez disso, vinha à fábrica todos os meses pagar o dinheiro
que Shade emprestou, ele tinha visto uma determinação e um nível de
confiança nos negócios que muitas pessoas explodiriam nestas
circunstâncias. Jo tinha valores antiquados que eram tão raros que estavam
quase extintos.
— Talvez ela tenha algo que a maioria das pessoas não tem mais:
integridade.
Rider ergueu uma sobrancelha na direção de Shade. — Isso é um
grande elogio vindo de você.
Ele não estava prestes a dizer-lhe que seus pensamentos estavam
refletindo o dele. Ele não queria que ninguém soubesse que ele pensava sobre
Jo. Dê aos irmãos uma chance, e eles avançaria com a ideia e o casariam com Jo
antes de saber o que o atingiu.
— Lyle não deixou nada além de dívidas. Ela estourou a maior parte do
crédito que construiu antes de voltar para Treepoint. Ele lhe falou sobre aquele
novo caminhão de reboque e construiu outra garagem para fazer reparos nos
veículos estatais. Ela não conseguiu o contrato do estado, então foi por
nada. Ela não faz suficiente com o reboque para pagar as contas, muito menos
as ações judiciais que foram arquivadas pela cidade para as indenizações
quando ele destruiu a cidade.
— Ela também está pagando por isso?
— Sim. Eu tentei convencê-la a declarar falência, mas ela não o fará.
— Eu preciso de outra cerveja.— Rider deixou a mesa para ir ao
bar. Ele não queria saber os problemas de Jo. Ele conseguiu ficar solteiro por
não se envolver na vida pessoal das mulheres. O que ele não sabia não podia
incomodá-lo. Isso o mantinha imparcial e de ficar mais intimo de algumas de
suas amigas de foda.
— Me dê outra cerveja, Mick. Pode me dar uma para Shade,
também. Ele deve estar com sede por tudo que está falando.
Rider pegou sua carteira para pagar por elas enquanto Mick parou de
guardar os copos para buscar a cerveja, colocando-as no balcão.
— Sobre o que ele está falando?— Perguntou Mick. Todos na cidade
sabiam que Shade não era muito falante.
— Jo.— Rider levantou a voz para que Shade pudesse ouvir. —
Os irmãos...
— Ela é uma garota doce. A vida lhe deu um tratamento bruto.
O semblante preocupado de Mick fez os ombros de Rider ceder. Ele
deveria ter mantido a boca fechada.
Quando o dono do bar limpou os restos da refeição de Jo, ele
continuou: — Ela finge que está cansada demais para cozinhar todas as noites,
mas eu levei um pouco da minha lasanha para que ela pudesse fazer
uma refeição caseira e o seu fodido fogão não funcionava. Então, quando eu
fui colocá-la na geladeira, também não estava funcionando. Se Lyle ainda
estivesse vivo, eu iria bater nele por não deixar a garota em melhor situação.
— Tenho certeza de que ela já consertou.— Pegando as cervejas, ele
tentou escapar, apenas para ser frustrado por Mick.
— Não é provável. Isso foi há duas semanas, e ela ainda janta aqui
todas as noites. Eu ofereci para comprar novos, mas ela não aceita. Disse que
prefere comer aqui ou no restaurante. Não aceitou nenhuma ajuda minha, e eu
conheço aquela garotinha desde que ela mal tinha altura o suficiente para
escalar em um dos meus bancos do bar.
— Tenho certeza de que as coisas vão se ajeitar para ela.— Afastando-
se do bar, ele voltou à mesa, onde Shade estava esperando. — Lembre-me de
vir aqui apenas no fim de semana. Ele gasta a sua orelha quando não está
ocupado.— Sentando, ele tomou outro gole de sua cerveja, ignorando Shade e
desejando que Lily ou King enviassem uma mensagem para que pudessem
partir.
— Você vive em seu próprio mundo.
Indiferente, a zombaria afiada de Shade não insultou Rider. Era
verdade.
— Se não precisa de conserto, por que foder com isso?
— Eu também pensava assim.
— Você ainda pensa.— Seus olhos se estreitaram em Shade. — A única
pessoa que você é capaz de se preocupar é Lily.
— Você realmente acredita nisso?
Rider não tinha medo dos traços ásperos do homem sentado ao lado
dele.
— Nós podemos ser amigos, Shade, mas não tenho dúvidas em minha
mente, que se você sentisse que Lily estivesse ameaçada, você mataria
qualquer um que a machucasse, independentemente de quem fosse.
— Isso é verdade, mas isso é verdade sobre qualquer um dos irmãos e
suas esposas.
Rider concordou. — É por isso que pretendo ficar solteiro. Além disso,
se eu me casar, quem seria o substituto dos irmãos?— Seus olhos brilhavam
na luz fraca. — Eu tenho que me manter disponível se alguma coisa acontecer,
então posso dar às mulheres um ombro para chorar.
— Irmão, você não é meu substituto. Se eu morrer, eu vou ter certeza de
que você coma a poeira antes que eu faça.
— Eu sou muito bonito para morrer— , Rider se gabou, sabendo que ele
estava irritado. Ele preferiria levar um soco dele a continuar falando sobre Jo.
Shade ameaçadoramente olhou para ele. — Eu estava tentando te dar
um aviso do que os irmãos estão tentando fazer. Eu posso ver que você não
precisa da minha ajuda.
— Não. Eu já tenho isso sob controle.— Abaixando a cerveja, ele
levantou. — Você está pronto para voltar para o clube
Shade balançou a cabeça. — Qual é a pressa?
— Estou fodidamente cansado. Não estou interessado em falar ou fazer
algo com Jo. Se os irmãos estão preocupados comigo ficando entre eles e suas
esposas, eles deveriam estar falando com elas, não fazendo planos para me
tirar da equação. Eu posso brincar para irritá-los, mas eles deveriam saber -
e isso inclui você - que eu não roubaria a mulher de outro homem.
— Eu não posso falar pelos outros, mas não estou preocupado com você
roubando Lily de mim.
Shade estava simplesmente afirmando um fato. Rider observou a
interação entre os dois e sabia que Shade acreditava nisso. No entanto, Rider
não tinha a mesma fé de que qualquer mulher seria completamente fiel, apesar
do amor que elas alegavam sentir.
Lily era uma mulher doce e se apaixonou pelo executor do clube. Ele
estava feliz por Shade, mas ele achava que isso duraria para sempre? Não, ele
não achava.
Ele conhece Shade desde que se juntou à Marinha. Ele só conhecia outro
homem que poderia matar com tanta precisão mortal e permanecer intocado
pela carnificina que ele havia deixado para trás. Ele havia apoiado ambos
durante os anos que ele havia servido às forças armadas. A única vez que ele
falhou foi quando tinha sido levado pelas mentiras de uma mulher. Duas
vezes ele foi enganado por mulheres que acreditava que o amavam, e quase
custou inúmeras vidas. Ele não tinha a intenção de cair nas mentiras de uma
mulher novamente.
Quinn e Delara lhe prometeram para sempre. Nenhuma manteve sua
palavra. O para sempre de uma mulher significava até que algo melhor
aparecesse.
— Acredite em mim; nenhuma mulher é infalível.
Em um segundo, Shade estava sentado, e no seguinte, ele estava de pé,
ameaça derramando dele como um vulcão se preparando para explodir.
— Não compare Lily com outras mulheres. Você teve bundas entregues
a você em um prato por cadelas que tinham suas próprias agendas, então vou
te dar um desconto, deixando sua boca de merda falar sobre o que você não
sabe. Mas você jamais - e quero dizer jamais mesmo – compare Lily com os
relacionamentos que você teve, ou é melhor você consultar com o dentista
antes.
Ele entrou com imprudência em um pântano em Shade, levado por sua
irritação com os irmãos tentando uni-lo a Jo. Apesar de seus protestos de que
ele não queria uma mulher em sua vida, se ele alguma vez mudasse de ideia,
não seria Lily. Mesmo que, por algum milagre, ela se divorciasse de Shade, ela
merecia um homem que lhe desse todo o seu coração, não um homem como
ele, que só tinha pedaços.
Rider observou seu amigo sair com raiva. Shade era sensível a qualquer
probleminha que sentisse em relação a sua esposa. Saindo depois de pagar a
conta, viu Shade já subindo na moto.
— Desculpe irmão. Eu posso ser o irmão mais bonito, mas tenho certeza
de que não sou o mais inteligente.
— Os feriados estão chegando. Talvez você deva visitar sua família e
lidar com a merda que tem te corroído por algum tempo.
Sua mandíbula apertou. — Nada está me corroendo.
— Então você é mais homem que eu. Eu teria muita merda para tirar do
meu peito se eu fosse você.
Rider desviou do olhar perspicaz de Shade. — Eu não sou você.
— Não, você não é. Se fosse, teria lidado com isso há muito tempo.
— Não há nada para lidar. É o que é.
Rider olhou para a estrada deserta, evitando os olhos de Shade, quando
o carro que ele vira de dia passou voando. Seu maxilar cerrou enquanto o
carro escuro passava sem um som, deslizando sobre o asfalto, as janelas tão
matizadas que ele não tinha esperança de ver o motorista dentro.
— Olhe!— O carro estava completando a curva antes que ele pudesse
falar.
Shade virou-se apenas para ver a estrada vazia. — Olhe o quê?
— O carro do qual eu estava falando.
— Eu não ouvi nem vi nada. O que lhe excita sobre este carro?
— É um velho Camaro. Ano '67 ou '69. Eu apenas me pergunto de
quem é. Nunca vi um pela cidade.— As motocicletas tinham seu coração, mas
os carros antigos estavam em segundo lugar.
— Pergunte a Jo; ela conhece todos os carros da cidade. O que importa
de qualquer maneira?
— Não importa. Eu só estou curioso. Jo estará no leilão amanhã à
noite; Eu vou perguntar a ela.
— A única maneira que você vai conseguir que Jo lhe dê uma chance é
arrematar o encontro com ela. Moon está guardando seus cheques de
pagamento para conseguir esse prêmio.
— Ele está?— Rider tirou os olhos da estrada, tentando discernir se
Shade o estava manipulando. O bastardo frio não demonstrou nada.
— Ao contrário de você, Moon gosta de um desafio.
Rider colocou uma perna sobre o assento da motocicleta e, em seguida,
deu partida no motor. — O irmão sempre gosta de morder mais do que pode
mastigar. Jo vai mastigá-lo e cuspi-lo quando ele lhe fizer uma jogada.
— Quando foi a última vez que você ouviu falar de uma mulher
dispensar Moon?
— Há uma primeira vez para todos.
— Sim há.
Rider virou a cabeça com o riso na voz de Shade, mas o irmão já estava
acelerando. Shade nunca ria a menos que Lily estivesse perto. Ele estava rindo
do pensamento de que Moon seria dispensado ou o descrédito que ele não
tinha conseguido esconder sobre Moon fazer um lance por Jo?
Moon não tinha uma chance no inferno de marcar um touchdown11 com
Jo. Mesmo que ele ganhasse o leilão, Jo nunca baixaria sua guarda para
Moon. A mulher era muito inteligente para ser envolvida pelo charme suave
que fazia com que a maioria das mulheres tirasse a calcinha para Moon. Foi o
que ele disse a si mesmo todo o caminho de casa. No momento em que ele
estacionou a moto na sede do clube, ele estava pronto para socar-se na cara
por se importar de algum modo.
A única coisa pela qual ele daria um lance na noite seguinte era o doce
de manteiga de amendoim que Willa tinha feito antes de ir para a igreja
decorar. Ela nem sequer pediu que ele provasse antes de embalá-lo e levá-lo
com ela.
Ele teria que parar no banco pela manhã para se certificar de que tinha
dinheiro suficiente para ganhar esse doce. Moon poderia ganhar Jo.

11
Pontuação máxima no beisebol usada em um comparativo por chegar ao sexo em um relacionamento.
Ele sabia exatamente quem iria ganhar o prêmio da noite.
CAPÍTULO 9

Jo estava caminhando pela rua principal em direção à loja da igreja


quando viu o folheto preso no poste de luz. Empalidecendo, ela o arrancou,
amassou em uma bola e depois empurrou-o no bolso com os outros dois que
tinha arrancado.
Se ela visse mais um desses panfletos com o nome dela listado para ser
leiloada, ela mataria Lily, que foi quem inventou espalhar os anúncios pela
cidade. Ela esperaria até que o bebê nascesse antes de conseguir sua
vingança. Ela não esqueceu Willa, Winter e Rachel, que concordaram, apesar
de suas objeções.
Embora as quatro mulheres a tivessem intimidado para aceitar, a visão
de seu nome na lista fazia com que ela debatesse seriamente sair do leilão.
Ela tinha planejado ir à loja de segunda mão e encontrar um vestido
para usar naquela noite, mas tinha sido incapaz de enfrentar qualquer uma
das mulheres que seriam voluntárias nesse dia. Em vez disso, ela se virou para
a loja de departamentos.
Quando ela abriu violentamente a porta, sua coragem durou cerca de
cinco segundos quando se deparou com vários cabides de roupas femininas,
sem saber por onde começar.
— Posso te ajudar?
Jo afastou os olhos do preço de uma camisa mostarda e creme para uma
pequena morena que a fez desejar estar de volta no caminhão de reboque.
— Não, obrigada. Só estou olhando.— Ela deixou cair a etiqueta de
preço como se seus dedos tivessem sido queimados. Dando um passo para o
lado, ela estava prestes a escapar pela porta quando a vendedora lhe deu um
sorriso reconfortante.
— Então eu vou deixá-la sozinha. Tenho vários itens com desconto, no
caso de você estar interessada.— A vendedora apontou os artigos no
mostruário nos fundos da loja.
Dando um passo hesitante, Jo se aproximou da seção que a mulher
indicou, aliviada quando ela não a seguiu.
Ela não tinha esperança de encontrar algo acessível na loja, mas olhou
através das roupas caras, planejando sair assim que a funcionária estivesse
fora da vista.
Deslizando os cabides, ela não estava realmente prestando atenção às
roupas até que uma chamou sua atenção. O vestido de festa era de duas
tonalidades e de comprimento médio. O corpete tomara que caia rosa e gelo a
cativou com seu casaquinho e a parte inferior preta. Era elegante e refinado e
provavelmente custaria mais do que ganhava em um ano.
Mordendo o lábio, ela pegou a etiqueta, depois franziu a testa quando
não conseguiu encontrá-la. Tirando o vestido do mostrador, ela o revirou para
procurar.
— Esse também é o meu favorito. Se tivesse no meu tamanho, levaria
para casa comigo— a balconista brincou, tirando o vestido dela. — Vou colocá-
lo no provador para você.
Antes que Jo pudesse protestar, ela se viu calmamente seguindo-a para
o provador.
— Eu sou Aly. Chame-me se você precisar de ajuda.
— Eu sou Jo.
A funcionária sorriu. — Eu sei quem você é. Percebi que você não me
reconheceu quando não disse nada. Nós cursamos o ensino médio
juntas. Lamento saber sobre seu pai. Ele costumava brincar comigo para
comprar um carro novo quando eu continuava chamando-o pelo reboque.
Jo olhou para a mulher, tentando identificá-la.
O sorriso de Aly aumentou. — Imagine-me com uma boca com
aparelho e adicione cerca de trinta e sete quilos.
O queixo de Jo caiu. — Allison Warren?
Allison era uma das poucas meninas na escola que tentara fazer
amizade com ela. Ao contrário dela, Allison tinha sido popular. Jo nunca
tentou retornar as propostas amigáveis, com vergonha de morar em um ferro
velho e seu pai ser o bêbado da cidade. Além disso, ela não conseguiria
retribuir os convites que Allison havia feito a ela.
— Sinto muito pelos seus pais. Eles eram excelentes pessoas.
Os olhos de Aly encheram de lágrimas. — Eu ainda não acredito nisso.
— Eu fui ao funeral prestar minhas condolências. Eu não vi você.
— Eu estava no Colorado, presa em uma nevasca. Eu vi seu nome no
registro de presenças. Você também enviou flores. Eu ia enviar um cartão
de agradecimento, mas na verdade não consegui ser capaz de escrever ainda.
— Eu entendo.— Ela impulsivamente estendeu a mão para abraçar a
mulher, encontrando-se envolta em um aconchegante abraço de sofrimento
mútuo.
Jo não conseguiu enviar cartões após a morte de seu pai por alguns
meses depois do falecimento. Os cartões colocaram a tristeza em primeiro
plano do passo final de algo que ela poderia fazer em nome de seu pai.
— Você vai ficar em Treepoint?
— Não, eu vou sair depois que tratar da herança de meus pais e vender
sua casa. Eu me formei na escola veterinária e tenho um consultório móvel no
Colorado. Eu não decidi para onde ir depois, mas não vou ficar em Treepoint
pelo mesmo motivo em que não voltei depois que me formei. Treepoint não
pode manter dois veterinários, e Sy está na profissão há anos. Estou
trabalhando aqui durante os feriados. Então eu estou pensando no Alasca. Lily
prometeu me emprestar alguns de seus livros para me ajudar a tomar uma
decisão.— Ela sorriu amplamente novamente, afastando a tristeza. — Chega
de falar sobre mim. Vá experimentar o seu vestido e deixe-me ver quando
estiver pronta.
Entrando no provador, Jo olhou fixamente para o vestido. Seria uma
perda de tempo experimentar um vestido que não podia pagar, e muito menos
provavelmente não caberia.
— Estou esperando— Aly lembrou-a do lado de fora do provador.
Não tendo como sair da situação desconfortável, Jo tirou seu macacão.
Nua, deslizou o vestido sobre a cabeça, sentindo o material deslizar sobre ela
como uma carícia. Ela esperou colocar o pequeno casaco até a altura da
cintura antes de se virar para se olhar no espelho.
O vestido parecia ter sido feito para ela, destacando seus seios e
quadris, deslizando sobre a pequena saliência do seu estômago sobre a qual
ela era autoconsciente.
— Jo?— Allison gritou enquanto Jo olhava com espanto para o reflexo
dela.
— Estou indo.— Abrindo a porta, ela saiu.
Aly olhou-a com aprovação. — Eu gostaria de ter a sua altura. Você está
deslumbrante, Jo. É perfeito para esta noite.
— Você sabe sobre o leilão?— Jo acariciou o material sedoso do
vestido.
— Lily me convenceu a comprar ingressos e me deu um folheto para
colocar na sala dos funcionários quando ela e Rachel vieram comprar seus
vestidos.
— Eu vou matá-la— murmurou Jo. — Depois que o bebê nascer— ela
corrigiu.
— Você não pode machucar uma mosca, muito menos Lily.
— Quer apostar?— Jo virou, querendo ver as costas. Droga, parecia tão
bonito por trás.
— Sim.— Aly virou-a de frente novamente. — Você tem que comprar
este vestido. Você será a mulher mais bonita no leilão.
— Eu já tenho um vestido para colocar esta noite— disse Jo, desejando
que pudesse comprá-lo, mas sabendo que não podia pagar. — É melhor me
trocar. Desculpe-me, por ter tomado seu tempo.
— Você não vai levar isso?— Perguntou Aly em consternação. —
Qualquer vestido que você tenha não vai se comparar à maneira como você se
parece neste.
A mão de Jo congelou sobre a gola do casaco em vez de removê-lo,
como estava prestes a fazer. — Eu não posso pagar.— Ela parou de fingir que
tinha outro vestido, falando a verdade à mulher que não via há anos.
Aly deu-lhe o mesmo sorriso que tinha dado a ela toda vez que havia
perguntado se poderia sentar ao lado de Jo na cafeteria da escola. — O vestido
está com 70% de desconto, e eu vou te dar o meu desconto.— Aly a empurrou
para o provador. — Troque-se.
Jo se trocou, saindo com o vestido pendurado no braço.
— Que número de sapato você calça? Há um par de saltos negros que
acabei de baixar o preço que combinará perfeitamente com o vestido.
Começando a sentir como se estivesse afundando no maremoto da
exuberância de Aly, Jo disse a Aly o número do seu sapato, depois esperou no
balcão que ela os trouxesse.
Jo não tinha ideia de como iria pagar o vestido, muito menos os sapatos
que Aly tinha a intenção de lhe vender. Ela estava prestes a dar um basta nisso
quando Aly voltou orgulhosa mostrando-lhe os sapatos.
— Esses são Gucci.— Jo pode não saber muito sobre vestidos, mas ela
conhecia sapatos. Os sapatos eram negros, mas eles tinham um salto rosa que
combinava com a cor do vestido. — Aly, não tenho como pagar.
— Sim, você tem. Confie em mim. Estes são da coleção passada e foi
dado três descontos. É uma remarcação final. Eu também estou dando o meu
desconto neles.— Aly examinou a caixa de sapatos, depois pegou o
casaquinho do vestido, tirando o preço da manga. — Vai ficar em vinte e
oito dólares.— Aly pegou uma sacola e começou a colocar o vestido dentro.
Custou tão pouco que demorou alguns segundos para acreditar que
tinha escutado Aly corretamente. Não havia como os itens totalizarem uma
soma tão baixa.
— Aly... Eu não posso deixar você fazer isso. Você vai ser demitida.—
Jo olhou para a câmera de circuito fechado do caixa.
— Jo, não vou ser demitida por deixar você usar meu desconto.
— Mesmo com o seu desconto, não existe nenhuma maneira de
custar vinte e oito dólares.
— Bem, custa... Não é como se houvesse uma grande procura por
vestidos de festa em Treepoint. Você está realmente poupando o dinheiro da
loja ao devolvê-lo ao fornecedor. Será em dinheiro ou cartão?— Aly
perguntou com determinação.
Enfiando a mão no bolso do seu macacão, com a intenção de retirar o
dinheiro, ela pegou os três panfletos. Corando, jogou-os na lata de lixo ao lado
do balcão, mortificada que Aly os reconhecesse por sua expressão
dissimulada.
— Você quer que eu tire o que coloquei na sala dos funcionários?
— Por favor.— Jo conseguiu encontrar seu dinheiro, entregando a
ela. — E se você encontrar outros que Lily colocou, eu apreciaria isso.
— Eu vou dar uma volta na hora do almoço. Se eu encontrar qualquer
um deles, vou arrancá-los.— Jo lançou um olhar grato quando Aly lhe
entregou as compras. — Você virá hoje à noite?
— Você está de brincadeira? Lily não partiu até eu prometer ir. Para
alguém tão doce, ela pode ser muito determinada quando ela quer algo.
— Conte-me sobre isso— concordou Jo em exasperação. — Rachel,
Winter e Willa são tão más.
— Talvez devêssemos nos casar com um motoqueiro bonito e nos juntar
ao clube— , Aly provocou, andando com ela até a porta da frente.
— Eu prefiro os homens que dirigem carros— , disse Jo com
entusiasmo, não prestes a admitir a Aly ou a si mesma que achava qualquer
um dos Last Riders atraentes.
— Normalmente, eu concordaria, mas vi alguns dos motociclistas da
cidade desde que voltei. Não me importaria de me familiarizar com alguns
deles. Eu tive vários amigos no Colorado que tinham motocicletas. Você deve
ampliar seus horizontes.
— Não, obrigado. Meu horizonte é amplo o suficiente sem adicionar
um Last Riders à mistura. Vejo você hoje à noite.— Jo nunca tinha sido capaz
de brincar e flertar como a maioria das mulheres, mesmo antes de ter cometido
o erro de confiar em Curt. Olhando para trás, ela podia ver que sua
ingenuidade tinha pintado um alvo em suas costas para meninos sem
escrúpulos que entenderam isso como disponível.
Ela era tímida quando criança, muito afetada pelas constantes brigas de
seus pais para fazer amigos com facilidade. Então, quando cresceu e ouviu os
comentários dolorosos feitos por seus colegas de classe, ela se retraiu ainda
mais. Sua primeira tentativa em atrair alguém para sua existência solitária
acabou em desastre, não só para ela, mas seus pais não conseguiram
sobreviver às consequências.
Ela parou rapidamente em sua casa antes de atender a chamada de um
carro parado bloqueando o trânsito na rua principal.
Sua melancolia ficou mais sombria quando ela se aproximou do carro,
seu intestino agitou quando reconheceu.
As luzes de emergência do carro estavam piscando, e Knox estava em
seu uniforme, desviando o tráfego para contorná-lo.
Ela passou pelo carro quando Knox sinalizou para ela se aproximar, ela
baixou sua janela. — Encontre outro para rebocá-lo.
Knox caminhou até a janela. — Ele está bloqueando o tráfego.
— Então, ajude-o a empurrá-lo para o lado, ou ligue para Greg. Curt
não vai conseguir que eu o reboque.— Ela olhou fixamente para o xerife
irritado quando os carros atrás dela começavam a buzinar.
Esperando que ele a enchesse de maldições, ela ficou surpresa quando
ele assentiu com a cabeça, depois apertou um botão no rádio, preso a sua
jaqueta. — Greer, ligue para Fuller Towing em Jamestown. Diga-lhe que eu
preciso de um reboque. Então venha aqui e ajude-me a mover este carro.—
Uma vez que ele soltou o botão, ele voltou ao trânsito.
Enquanto ela passava pelo carro de Curt, ela olhou para baixo e viu a
maneira maliciosa que ele a olhava. Levantando a mão o suficiente para que
ele visse, ela lhe mostrou o dedo do meio, sem ligar para os valores cristãos
que Lucky tentava incutir em seus paroquianos todos os domingos.
Ela morreria de fome e perderia tudo o que ela possuía antes de rebocar
Curt.
Ouvindo o relatório meteorológico, ela decidiu abastecer o
caminhão. Todo o estado do Kentucky estava sob um aviso de neve. Se ela
tivesse sorte, a neve chegaria antes que fosse sua vez de ser leiloada.
Depois de reabastecer, ela verificou seus pneus e as correntes de neve
extra que ela mantinha como sobressalentes. Algumas das estradas em pontos
mais elevados eram traiçoeiras e podiam ser cobertas de neve, deixando os
motoristas imprudentes encalhados. Ela tinha aprendido a estar preparada.
Muitos dos habitantes da montanha não tinham dinheiro para um
reboque, e ela lhes emprestava as correntes até que pudessem devolvê-las
quando o tempo estivesse melhor. Era ruim para os negócios, assim como os
serviços gratuitos que ela fazia por qualquer história de má sorte que muitos
de seus clientes lhe contavam. O pai dela havia dito várias vezes para não
ouvi-las, mas foi difícil fazer isso depois de se voluntariar na loja da igreja e
saber o quanto estavam desesperados.
Quando finalmente ficou convencida de que seu caminhão estava tão
equipado para a tempestade de neve quanto possível, Jo entrou no caminhão e
aumentou o aquecedor. Vendo o relógio digital, ela resmungou. Se ela não se
apressasse, Lily ou Rachel ligariam, querendo saber onde ela estava.
O carro de Curt tinha desaparecido e o trânsito voltou ao normal
quando ela retornou pela rua principal. Só demorou cinco minutos para
chegar em casa.
Assim que ela entrou na sua propriedade, ela sentiu uma
inquietação. Sentindo-se ridícula, passou as fileiras de carros em ruínas que
haviam sido esmagados e empilhados uns sobre os outros, tornando
impossível ver sua casa até que ela fizesse uma pequena curva. O pé de Jo
pisou no freio quando o fez.
A frente de sua casa tinha sido atacada. Um dos amigos de Curt, ou um
membro da família, atacara sua casa. Avançando o caminhão, estacionou na
frente da casa deserta. Ela sabia que os covardes tinham desaparecido e não a
esperavam lá dentro. O alarme de segurança que ela instalou teria soado se
alguma de suas janelas ou portas tivesse sido forçada.
Olhando para o céu escurecendo rapidamente e o quintal que oferecia
muitos esconderijos para quem pudesse estar esperando por ela, abriu o porta
luvas, tirando a pequena pistola que tinha pertencido ao seu pai. Ela colocou
no bolso antes de sair.
Quando ela subiu os degraus da frente, cascas de ovos quebraram sob
suas botas. Vai ser uma confusão para limpar. A coisa gosmenta já estava
congelando na varanda e nas laterais da casa.
Digitando o código de segurança, Jo abriu a porta da frente, depois
fechou-a atrás dela, esquecendo os pensamentos sobre a bagunça que a
esperava. Ela não tinha tempo para lidar com isso agora e chegar ao King a
tempo.
Depois de religar o alarme, Jo tomou um banho rápido, desejando que
ela tivesse gasto o dinheiro extra para instalar uma câmera externa. Ela deveria
ter antecipado a reação de Curt e voltado para casa imediatamente. Era o
único lugar onde ela estava vulnerável, e ele havia se aproveitado de sua
ausência.
Secando-se, ela entrou em seu quarto, procurando em suas gavetas por
um sutiã sem alças e calcinha sem costura que ela poderia usar sob o
vestido. Ela encontrou o que precisava na parte traseira de sua gaveta de
lingerie. Ela os comprou quando sua companheira de quarto da faculdade se
casou e ela tinha sido dama de honra. Por sorte, ainda serviam.
Andando descalça pelo piso frio de madeira, ela fechou a porta do
quarto, depois ligou o velho aquecedor, tremendo no ar frio. Uma vez que ela
estava vestida, o quarto estava quente o suficiente para poder se concentrar na
maquiagem e nos cabelos.
Quando ela terminou, ela olhou para o espelho rachado que possuía
desde que era uma menina. Jo estendeu a mão, tocando seu reflexo no espelho,
depois em sua bochecha. Era um tanto irreal que a imagem no espelho era na
verdade dela.
Indo até seu armário, ela ficou nas pontas dos pés em seus novos
sapatos, alcançando uma velha caixa de sapatos. Agarrando-a, ela trouxe-a
para baixo até que estivesse ao seu alcance. Ao abrir a caixa, ela tirou a
pequena bolsa de festa de veludo preto que ela comprou em um
brechó. Quando a viu na parede, Jo achou a bolsa vintage bonita e a comprou
por impulso. Lily não sabia quem tinha doado, mas quem quer que fosse tinha
cuidado, envolvendo-a em papel de seda e um saco de pano.
Jo não estava acostumado a carregar uma bolsa, geralmente
empurrando os itens que precisava nos bolsos. Deslizando a pequena
quantidade de dinheiro que ela tinha na mão, sua licença e a pistola, ela teve
que forçar o fecho.
Pegando um macacão limpo, uma muda de roupa e suas botas antes de
desligar o aquecedor, ela seguiu para o caminhão.
Ela quase caiu no assento depois de subir o caminhão com seus
sapatos. Alisando o vestido, ela fechou a porta com um suspiro de alívio. Ela
teria sorte se não caísse de cara quando saísse.
Esfriou no curto período de tempo que ela esteve dentro da sua
casa. Aliviando seus medos de que Curt ou um de seus escravos estariam
esperando ela sair, ela disse a si mesma que os bastardos estariam escondidos
em algum lugar quente.
O mal sempre preferia temperaturas mais quentes. O lugar para onde
ela estava determinada a enviar Curt iria fazê-lo sentir-se em casa.
Estava quase no horário de fechar quando Shade entrou na loja de
departamentos.
Aly se desculpou com um cliente para encontrá-lo em sua caixa
registradora. Abrindo a gaveta, tirou o recibo que tinha escondido debaixo da
gaveta.
— Oitocentos e quarenta e três dólares e sessenta e dois centavos.—
Shade entregou-lhe seu cartão de crédito sem ligar para o valor.
Ao pedir-lhe que digitasse sua senha, ela pressionou um botão na caixa
registradora para cuspir o recibo de papel quando ele terminou. Dando a ele,
ela observou quando ele o dobrou cuidadosamente e colocou o recibo e o
cartão de volta em sua carteira.
— Obrigado, Aly. Não esqueça, isso é apenas entre nós.— Sua ameaça
não era óbvia, mas o arrepio que isso lhe causou a fez apressadamente
tranquilizá-lo de seu silêncio.
— Eu não vou esquecer. Não vou falar para ninguém na cidade ou
nenhum dos membros do clube.
— Eu agradeço. Eu não ficaria feliz se Moon ou qualquer outro irmão
me perguntasse por que eu comprei um vestido para Jo.
Ela não fez nenhuma pergunta quando ele entrou na loja naquela
manhã enquanto Lily colocava os panfletos lá fora, e ela não perguntou
agora. Ela apreciou as poucas vezes em que lhe foi permitida a entrada nas
festas de sexta-feira na sede dos Last Riders para comprometer o possível
retorno.
— Sigilo é a palavra.
— Exatamente.
Quando Aly viu Shade afastar-se, ela lambeu nervosamente os
lábios. Droga, Lily era uma mulher sortuda. Talvez ela tivesse sorte, e Jo
cumpriria suas ameaças. Ela não teria problema algum em emprestar a Shade
um ombro para chorar se algo acontecesse com Lily.
Aly revirou os olhos para si mesma. Nada aconteceria com Lily. Deus
provavelmente tinha medo de Shade, como todos na cidade. Ainda assim, ela
não tinha a intenção de arrancar os folhetos. Uma pequena chance era melhor
do que nenhuma.
CAPÍTULO 10

— O tipo de torta é essa?— Moon tentou se aproximar da mesa, mas


Rider não se moveu, cruzando os braços sobre o peito para evitar que ele se
aproximasse demais. Ele não queria as impressões digitais de Moon no glacê
perfeito do doce de Willa.
Rider ficou de guarda perto da mesa onde os produtos assados seriam
leiloados. Ele não se mexeu desde que chegou. Além disso, o bar e o
restaurante do King estavam transbordando, e o único espaço disponível era
perto de onde ele estava de pé. Por isso ele estava ficando nervoso cada vez
que alguém se aproximava para inspecionar a variedade de iguarias que a
igreja esperava que levantasse fundos suficientes para ajudar os necessitados.
Moon não ficaria assustado como as outras pessoas. Esquivando-se dele
para ir ao outro lado da mesa, levantou um cartão de descrição e leu em voz
alta.
— Torta de Coalhada. Por que não diz quem fez?
— Porque todos na cidade sabem quem fez. A esposa de Tate Porter,
Sutton, fez. Você deve dar um lance nisso. É deliciosa.
Moon olhou para ele cético. — Não parece deliciosa.
— Mas é. Confie em mim. Você não vai se arrepender. É como seda na
língua.
— É tão bom quanto o doce de Willa?
— Melhor— , Rider mentiu sem vergonha.
— Você vai fazer uma oferta por isso?— Moon deu à torta outro olhar
cético.
— Não, não vou dar um lance contra Tate. Você já viu aquela
espingarda no suporte de arma na parte traseira de seu caminhão?
— Não tem como não ver. É realmente tão bom?
— Melhor.
Moon inclinou-se, tentando sentir o cheiro da torta coberta. — Eu vou
fazer uma oferta. Não tenho medo dos Porters.— Se endireitando, ele exibiu
confiança.
Rider quase riu dele. Ele não tocaria essa torta de coalhada com uma
vara de três metros. O doce de Willa seria o último, e isso significava que o
bolso de Moon estaria mais leve depois que pagasse a torta de Sutton.
Rider estava virado para Moon com o bar e o restaurante às suas costas,
quando várias pessoas o empurraram, tornando difícil se virar e ver o que
estava acontecendo. O ar frio que o atingiu disse-lhe que alguém havia
entrado.
Como um cheiro que ele não conseguiu descrever, suas narinas
aspiraram o delicado perfume que encheu seus sentidos, trazendo seu pau à
atenção como uma agulha em uma bússola. Ele usou rudemente os cotovelos
para poder se virar, querendo ver quem estava usando o perfume.
Cash e Rachel estavam tirando seus casacos, e Shade estava ajudando
Lily com o dela. Chegando mais perto de Rachel, ele se inclinou para cheirar
seu perfume. Rachel deu-lhe um olhar irritado.
Rider se afastou. Não era Rachel. Seu aroma era picante, não delicado.
Movendo-se em direção a Lily, pegou a luva que ela tinha tirado
nervosamente quando ele chegou muito perto.
Levando a luva até o nariz, ele imediatamente devolveu a Shade
quando seu rosto ficou vermelho com fúria.
— O que diabos?— Shade tirou a luva de Lily dele.
Rider apressadamente recuou. O perfume de Lily não era o que ele
estava procurando. O de Lily era muito doce. Aquele que ele estava
procurando era mais floral, mas não tão forte, com nuances de jasmim e
trevo. Fazia um homem pensar em sexo em um dia chuvoso ou foder na frente
de uma lareira. Isso o lembrou de lar, de casa.
Ele tentou olhar ao redor da sala, mas a maioria dos homens era de sua
altura ou mais altos, escondendo a maioria das mulheres. Maldição, ele não
podia dar uma volta pelo restaurante cheirando todas as mulheres.
— Desculpe— , ele pediu desculpas para Shade e Lily, voltando para a
mesa do leilão, onde Moon tinha ficado.
— Você viu quem estava atrás de mim quando eu estava falando com
você?
Moon balançou a cabeça. — Não. Porquê?
— Deixa pra lá.
A atenção de Rider já não estava focada no leilão. Um por um, ele
examinou a multidão. Os Porters estavam juntos, assim como os Colemans e
os Hayes. As três famílias tinham uma rivalidade mais tempo do que ele
morava em Treepoint. Ele acreditava que nem sabiam o que começara a rixa
entre eles.
Seus olhos se moveram para as velhas carolas que pertenciam à igreja
de Lucky. A maioria delas olhava atentamente aqueles a sua volta que
estavam segurando bebidas do bar. Lucky e Willa estavam de pé junto ao arco
da porta que levava ao restaurante, saudando aqueles que acabavam de
chegar.
Evie, parecendo que daria à luz a qualquer momento durante o leilão, e
King estavam circulando pelo salão, certificando-se de que todos tinham
bebidas alcoólicas ou não. Bliss e Drake conversavam com o conselho da
cidade. Viper e Winter estavam se instalando em uma grande mesa onde os
Last Riders se reuniram. Seus olhos estavam se afastando da mesa quando Lily
acenou para alguém que estava vindo do bar.
Os olhos de Rider foram para a área onde Lily estava acenando, e então
ele começou a caminhar naquela direção, confuso em relação a quem ela
estava saudando, quando percebeu uma mulher se esgueirando entre Knox e
Diamond, a altura deles obscurecia de sua visão. Sua boca se abriu quando ele
reconheceu a mulher.
— Com licença. Lily está me chamando.
Rider ouviu o som suave de sua voz, não reconhecendo o tom sensual,
diferente do áspero que ela costumava usar quando se dirigia a ele.
— Santo inferno. Quem é aquela?
— Jo— , Rider respondeu à pergunta de Moon, apesar de querer manter
o fato para si mesmo, mas ele sabia que Moon não pararia até descobrir.
— Aquela não pode ser Jo.
Rider sentiu a mesma incredulidade de Moon quando viu o vestido que
se apegava às curvas que não sabia pertencerem à mulher. Ele tinha
vislumbrado seus seios quando ela estava na casa de Cash, mas a generosa
extensão de clivagem que ela estava mostrando esta noite era suficiente para
fazê-lo engolir sua língua para não babar.
— É ela. Ela está com o rádio na mão.— Rider não podia acreditar que
a mulher sofisticada que parou ao lado de Lily era Jo. Ele não acreditava que
ela possuísse algo além de jeans ou macacões. Ele tinha certeza de que nunca
tinha visto seus cabelos enrolados e presos em um coque em cima de sua
cabeça com pequenos cachos soltos.
Ele observou enquanto ela conversava com Lily e Beth que entrou no
grupo depois. Suas mãos se moviam como se estivesse enfatizando um ponto
que ela havia feito. Quando ela abriu sua bolsa e tirou um papel, Rider sabia o
que era.
— Parece que ela não gostou dos folhetos que Lily colocou tanto quanto
nós— . Rider sentiu Moon se mover do outro lado da mesa para ver Jo melhor.
— Ela parece bem nesse vestido. Existe um caixa eletrônico aqui?
— Não.— Rider sabia que Moon estava preocupado que não teria
dinheiro suficiente no bolso para ganhar o leilão por ela.
Ele não estava.
— Há um no restaurante— ele ofereceu, sabendo que estava fora do ar.
— Eu volto já.
— Leve seu tempo— . Rider esperou até que Moon saísse pela porta
antes de fazer seu movimento.
Ele seguiu furtivamente a multidão até que ele estivesse de pé atrás de
Jo. Razer estava de pé um pouco atrás de Beth, fingindo um interesse que ele
não sentia. Rider perguntou a ele quem estava cuidando das crianças enquanto
ouvia deliberadamente a conversa que as mulheres estavam tendo.
— Quantos desses folhetos você colocou?
— Alguns. — Lily não estava chateada com a pergunta de Jo. — Eu
falei sobre eles. Até mostrei para você o modelo antes de enviá-los para
impressão.
— O modelo que você me mostrou não tinha meu nome na lista, e com
certeza não era o primeiro. Eu teria me lembrado disso.
— Eu não pensei que você se importaria.
— Bem, eu me importo. Lily, é embaraçoso.
— Eu sinto muito. Eu não queria constranger você. É por uma boa
causa.
— Você não parece muito arrependida.
Os lábios de Rider se curvaram em um sorriso por Jo ter acusado Lily
de não estar arrependida. Até Shade estava tendo problemas para manter um
rosto sério. Todos os membros do clube sabiam que Lily, tão doce como era,
poderia ser implacável quando dizia respeito a sua instituição de caridade.
— O que você vai licitar esta noite?
— Isto e aquilo— Rider respondeu quando percebeu que Razer tinha
respondido a sua pergunta e lhe devolveu uma.
— Eu aposto que um deles será o doce de manteiga de amendoim. Boa
sorte. King me disse que iria dar um lance. Ele planeja vendê-lo em porções
aos seus clientes.
Rider estava parcialmente escutando, tentando aproximar-se de Jo para
sentir seu perfume. Quando ele fez, o cheiro fez suas bolas se contrair.
Um puxão na manga o trouxe de volta à consciência quando Razer o
afastou de Jo assim que ela se virou, assustada ao vê-lo tão perto dela.
— Posso ajudar?
Tentando encontrar uma desculpa, com muito medo de gaguejar se o
fizesse, ele encolheu os ombros como um idiota coxo , então se virou para
Razer para pedir ajuda.
Seu amigo ergueu uma sobrancelha zombadora antes de vir ao seu
resgate. — Rider estava tentando chamar Lily para começar o leilão. Eu acho
que há algo que ele quer comprar.
— Devíamos ter começado há dez minutos!— Lily agarrou Jo pelo
braço, passando por ele. — Vamos, Rider. Tenho todos listados no folheto na
ordem em que serão leiloados. Você é o terceiro.
— Eu sou a primeira!— O grito de Jo foi abafado quando King viu o
aceno de Lily e pulou no pequeno palco que os Last Riders tinham construído,
apesar dos protestos de King.
— Claro. Eu não queria você esbravejando antes que fosse sua vez.
Para uma mulher grávida, ela não teve nenhum problema em arrastar
Jo através da multidão. Rider teve dificuldade em escapar da multidão
convergindo sobre eles.
Dustin Porter o empurrou quando ele tentou ajudar Jo a subir no
palco. Rider queria arrancar os braços dele fora quando ele a levantou
facilmente, colocando-a sobre o palco.
Rangendo os dentes, ele ficou ao lado do palco, ignorando o sorriso
triunfante de Dustin.
Tate e Greer iriam criar o filho do irmão mais novo se o homem
arrogante não recuasse.
Rider tentou lançar seu olhar ameaçador para ele como tinha feito
quando estava de guarda na mesa, mas Dustin não estava disposto ou era
muito estúpido para entender o que ele estava tentando avisar
silenciosamente.
Rider observou a sala, confirmando que Moon ainda não tinha voltado.
— Obrigada a todos por terem vindo esta noite.— Lily tomou o
microfone que King lhe deu, de pé na frente do palco. — Os donativos irão
fazer o Natal de muitas crianças neste ano, fornecer mantimentos às suas
famílias e as refeições da merenda para os alunos que estão fora da escola para
os feriados. Obrigada.— Lily devolveu o microfone a King e começou a
organizar os voluntários que deveriam ser leiloados em uma fila. Ele estava
atrás de Dustin, e Moon estava atrás dele.
— Vamos começar o leilão com alguém que a cidade inteira
conhece. Jolene Turner dirige a empresa de reboque, então não só você está
recebendo um encontro para um jantar com ela, mas está recebendo um vale
por um ano de reboque de emergência grátis. Agora, quem vai iniciar os
lances?
Jo parecia que estava prestes a pular do palco e fugir correndo. Seus
olhos luminosos pareciam um cervo travado nos faróis se aproximando.
— Eu vou.— Dustin acenou com a mão. — Cem dólares.
— O reboque custará mais do que isso. Quem pode fazer melhor?—
King retrucou como leiloeiro mestre.
— Aqui!— Rider deu um gemido baixo quando ouviu o grito de Moon
da porta. — Eu ofereço duzentos.
Outra voz masculina, que ele não podia ver a quem pertencia, ofereceu
quinhentos. Curiosamente parecia a de Shade.
Rider não levantou a mão, ouvindo as propostas ir e vir entre Dustin e
Moon até chegar a mil e duzentos dólares. Moon havia encontrado espaço
suficiente para chegar ao palco. Na sua proposta final, o rosto de Dustin
mostrou que não seria capaz cobrir o lance.
A expressão vitoriosa de Moon desapareceu quando Lily gritou um
lance de mil e trezentos.
— Isso é justo?— Perguntou Moon a King, morrendo de raiva,
enquanto Lily lhe lançava um olhar tímido.
— Eu não sei. Que tal, Lucky?
A multidão olhou para Lucky, que assentiu, enquanto Rider viu Willa
acotovelar o marido.
— Não está nas regras que os organizadores não podem dar lances. É
tudo pela caridade. Por favor, tenha em mente isso, e mantenha-o amigável e
divertido.— Lucky tentou acalmar Moon e a multidão.
Moon voltou para o palco. — Mil e quinhentos dólares!
— Mil e seiscentos. — A voz de Lily não era tão alta como a de Moon,
mas efetivamente fez Moon aumentar os lances até que sua última oferta fosse
de dois mil.
Lily começou a torcer as mãos e estava tentando olhar através da
multidão para o marido. Novamente, Moon estava prestes a comemorar a
vitória. Enquanto isso, Jo ficava cada vez mais pálida a cada vez que Moon
cobria a oferta de Lily.
— Dois mil dólares!— Gritou King. — Quem dá mais, quem dá mais...
— Dois mil e quinhentos dólares. — Rider manteve o olhar fixo em Jo
enquanto fazia sua oferta.
Murmúrios e suspiros podiam ser ouvidos em toda a multidão. Ele nem
sequer olhou quando Moon e Dustin se voltaram para ele.
— Moon?— O olhar penetrante de King foi para o outro homem. —
Dois mil e oitocentos.
— Rider, você vai aumentar essa oferta?— Gritou King enquanto a
multidão silenciosa escutava.
Jo lançou um olhar suplicante para Lily, que estava olhando para
Willa. As mãos da esposa de Lucky se ergueram impotentes, mostrando que
não tinha o suficiente para dar a ela para cobrir a oferta.
Rider sorriu para Jo com perversidade. — Eu acredito que sim.
CAPÍTULO 11

Jo nunca tinha rezado para seu rádio chamar, mas fazia agora,
enquanto a multidão a olhava para ver quem iria ganhar o encontro com
ela. Disfarçadamente, ela puxou a saia do seu vestido agitando o rádio para se
certificar de que ainda estava funcionando. Qualquer outro momento
impróprio, o rádio estaria gritando para ela. Agora, quando mais precisava da
distração, permaneceu em silêncio, não lhe proporcionando a desculpa que
precisava para fugir do constrangimento de ser o centro das atenções.
Lily também não estava ajudando. Ela se afastou do palco no que ela
esperava fosse um esforço para encontrar alguém para emprestar-lhe dinheiro
suficiente para ganhar o leilão por ela como havia prometido.
— Três mil.
O lance de Rider fez com que a multidão conversasse com entusiasmo
entre si, enquanto Moon cobria seu lance. — Três mil e cem.
A tortura de ouvir os lances a fez ter vontade de levantar as mãos e
parar o leilão. Só o pensamento de causar mais constrangimento a si mesma do
que já estava passando, a deteve.
— Três mil e quinhentos. — A proposta de Rider fez Jo tirar os olhos de
Lily e encontrar os dele.
Suas palmas ficaram úmidas com o nervosismo. O homem com quem
estava familiarizada tinha desaparecido. Era como se um estranho estivesse
olhando para ela. Seu instinto de fugir aumentou com a intensidade inabalável
do seu olhar. A pose casual e lânguida que caracterizava o seu apelo familiar e
charmoso sumiu, substituída por a de um predador apostando em conseguir
uma refeição saborosa que está a ponto de devorar.
Ela balançou a cabeça como se negasse silenciosamente o pensamento, e
então olhou para ele, apenas para ver seu olhar ficar resoluto.
Seus pensamentos freneticamente procuraram por uma maneira de
escapar da provação.
— Três mil e seiscentos.
Ela queria olhar para Moon por sua voz incerta, sabendo pelo tom que
o dinheiro que ele tinha disponível estava chegando ao fim. Rider deve ter
percebido isso, também, jogando para matar.
— Quatro mil.
Seus ombros caíram quando não houve um lance de Moon.
— Quatro mil dólares— King repetiu a oferta de Rider. — Quem dá
mais, quem dá mais...
A cada segundo de atraso para o término do leilão, Jo reteve a
respiração, orando pela intervenção divina.
— Vendido. Parabéns, Rider. Dustin, você é o próximo. Venha para
cima.— King acenou para que Dustin subisse o palco.
Jo estava tão ansiosa para sair do palco que ela se virou para a beira
sem pensar em como descer. Em outra situação, ela pularia, mas o medo de
cair de joelhos na frente da plateia a fez hesitar.
A mão amiga de Moon apareceu à sua frente, e ela estava prestes a
tomá-la quando foi levantada. Seus olhos se arregalaram em Rider enquanto
ele a colocava no chão, suas mãos continuando em sua cintura.
— Obrigada. — O hábito enraizado ensinado por sua mãe fez com que
ela agradecesse Rider, mas não impediu que ela se afastasse de seu toque
persistente.
Buscando na multidão pela pessoa que estava procurando, ela estava
prestes a dar uma desculpa esfarrapada para desaparecer de vista quando as
palavras de Rider a impediram.
— Eu vou buscá-la as seis, amanhã à noite para o nosso encontro.
Sentindo-se desconfortável, queria recusar-se e dizer-lhe que o inferno
congelaria antes de ir a um encontro, mas ela se deteve quando os rostos
extasiados de Willa e Winter apareceram quando elas conseguiram passar
entre Knox e Cash.
— Jo, o lance de Rider arrecadou mais do que esperávamos no leilão
todo!— Winter agarrou sua mão, puxando-a para um abraço apertado.
Jo permaneceu muda quando foi virada para Willa, que estava tão feliz
que tinha lágrimas marejando seus olhos.
— Eu estava tão preocupada, nós todas estávamos, que não teríamos
dinheiro suficiente para comprar os brinquedos, e muito menos fazer cestas de
comida. Muito obrigada aos dois. Posso relaxar pelo resto do leilão e me
divertir.
Jo sentiu-se como um Grinch12 na manhã de Natal com a sincera
gratidão de Willa.
— Estarei pronta às seis, Rider. Willa, você viu Lily?
Willa franziu o cenho, olhando por cima do ombro. — Ela estava aqui
há um momento atrás. Tenho certeza que ela aparecerá em um minuto. Está
tão lotado que é difícil encontrá-la.
— Se você a encontrar, diga que eu estou procurando por ela.— Jo
tinha algumas palavras escolhidas para ela quando a encontrasse. Seus
pensamentos escuros foram interrompidos pelos aplausos do público.
— Parabéns, Carly,— gritou King enquanto Dustin pulava do palco.
Jo baixou os cílios para observar a reação de Rider a Carly dando o
lance vencedor, então desejou que não tivesse quando percebeu que seu olhar
ainda estava fixo nela.
Seus mamilos enrijeceram sob a o corpete rosa cintilante do seu vestido.
Fechando seu pequeno casaco, ela deu um passo atrás do calor que
estava emanando de seu corpo. Abanando o rosto, ela procurou inutilmente
pela multidão novamente.

12
Grinch é um personagem rabugento que faz de tudo para acabar com o Natal dos cidadãos da Quemlândia.
Filme de comédia e fantasia de 2000, baseado no livro com o mesmo nome, de 1957, escrito por Dr. Seuss.
— Está ficando abafado, não é? Eu vou até a porta tentar pegar uma
brisa.— As sobrancelhas de Willa e Winter subiram em sua partida
precipitada.
Rider não se moveu enquanto tentava contorná-lo, cercada pelos lados
por Winter, Willa, Rider, Cash e Knox, ela se aproximou de Rider. Quando o
homem arrogante se curvou, ela poderia jurar que ele estava cheirando sua
garganta.
O choque a deixou imóvel. Então suas mãos se encontraram em sua
camisa cinza de textura fina que estava enfiada em suas calças pretas.
— Com licença.
— Que perfume você está usando?
— Rider, é a sua vez. Não vamos deixar as damas esperando.
O anúncio de King pelo microfone não impediu Rider quando suas
narinas dilataram como se ele pudesse farejar a agitação que estava vazando
do seu corpo pela atração indesejada que estava assaltando suas partes
femininas.
Ela poderia ter jurado sobre uma pilha de Bíblias que ela nunca, jamais
seria capaz de reagir a qualquer homem, muito menos ao homem objeto que
estava a centímetros de distância dela. Ela preferiria ser amarrada deitada em
uma mesa de tortura do que admitir a verdade para si mesma, apesar da
prova de sua calcinha umedecida e o vestido que ela usava começar a parecer
um peso incômodo que a mantinha parada.
Embora Jo soubesse que seu julgamento sobre homens ficou distorcido
desde o ataque, não havia como ela se permitir tornar-se outra das mulheres
de Rider.
Usando a memória da noite em que ela foi estuprada para restaurar seu
equilíbrio, ela se afastou do grupo.
Ela deve ter sido privada de oxigênio. Jo se desculpou quando
encontrou um ponto solitário perto da entrada para assistir o leilão. Cada vez
que alguém entrava ou saía, o ar frio dissipava o nevoeiro que a rodeava,
assegurando-lhe que estava de volta ao equilíbrio.
O ar frio não foi o único que a trouxe aos seus sentidos. Observando a
guerra de lances sobre Rider ajudou.
A massa de mulheres que se aproximaram do palco empurrou os
homens para a parte de trás. Jo não olhou para o palco, onde ele estava de pé,
concentrando-se nas mulheres em vez disso. Mesmo as mulheres casadas de
mais idade da congregação estavam dando lances enquanto seus maridos
ficavam irritados.
— Nós temos um assento extra na nossa mesa. Venha e junte-se a nós.
Jo não sentiu a aproximação de Shade, muito atenta ao leilão. O
motociclista causou-lhe calafrios pela forma determinada que ele estava
olhando para ela.
— Não, obrigada. Assim será mais fácil se eu receber uma ligação.
— Ninguém vai ligar. Todos na cidade estão aqui.— Shade pegou
levemente o cotovelo. — Lily quer conversar com você, e eu prefiro que você
fale com ela na minha presença. Ela está ansiosa por este leilão, e eu odiaria
vê-lo arruinado porque você está chateada com ela.
Jo encontrou-se andando através da multidão enquanto Shade
caminhava ao lado dela. Ela não tinha intenção de negar que estava brava com
Lily, grávida ou não.
— Ela me convenceu a participar do leilão. A única razão pela qual eu
concordei foi porque ela prometeu me comprar.
— Seu lance ultrapassou o dinheiro que Lily tinha escondido em sua
bolsa. Se você estiver com raiva, fique com raiva de mim. Ela me pediu para ir
ao restaurante pegar mais dinheiro do caixa eletrônico, mas está fora de
serviço. Quando voltei, seu leilão tinha acabado.
Ela foi guiada para sentar-se ao lado de Lily, e sua raiva morreu por sua
expressão tímida.
— Eu sinto muito…
Jo não perdeu a expressão endurecida de Shade quando sua esposa
começou suas desculpas.
— Tudo bem, Lily. Não deveríamos ter planejado isso. Além disso,
quão ruim pode ser um encontro com Rider?— Ela tentou aliviar a culpa de
Lily. — Vejamos pelo lado positivo; haverá muitas crianças felizes na manhã
de Natal.
Lily deu-lhe um sorriso brilhante que a fez esquecer por que estava
mesmo brava em primeiro lugar. Era impossível irritar-se com a mulher que
não tinha um osso ruim em seu corpo. Ela podia entender como Shade se
apaixonou por ela. Todos fizeram, e ela não era exceção.
Lily ocupava um lugar especial na maioria dos corações da população
desde a primeira vez que o pastor Saul a apresentou à congregação como uma
criança adotada por ele e sua esposa. Desde então, ela se enraizou em seus
corações. Jo podia contar nos dedos o número de pessoas que ela considera
verdadeiramente boas, e Lily era uma delas.
Por outro lado, Shade não era. Ela não precisava saber detalhes para
formar sua opinião sobre isso. Estava nas vibrações que ele transmitia. Apesar
das garantias de seu pai de que ele era uma boa pessoa, e o empréstimo que
ele lhe dera pelo caminhão, seus instintos gritavam para se preocupar com ele.
Ela ignorou seus instintos na noite em que ela foi estuprada. Tinha sido
uma lição difícil de aprender, mas ela tinha aprendido. Ela sabia que Shade
não tinha interesse nela como mulher, mas seus instintos gritavam que ele
tinha um motivo oculto para estender o crédito. Quanto mais cedo ela pudesse
pagar o empréstimo, mais feliz seria e, finalmente, pararia de esperar ser pega
de surpresa pelos seus motivos dele.
— Muitas mulheres não se queixariam por ter um encontro com Rider.
Jo estremeceu por Viper ter escutado sua escolha de palavras para
Lily. Como presidente dos Last Riders, ela esperava que ele estivesse bravo. O
que não foi mostrado no sorriso torto que ele lhe deu.
— Eu não sou como a maioria das mulheres.— Jo se recusou a se
envergonhar ou fingir que não quis dizer aquelas palavras.
— Não se preocupe, ele provavelmente passará a maior parte do tempo
comendo. Ele tem um poço sem fundo no lugar do estômago.— Winter teve
todos sentados à mesa concordando.
— Peça o prato amantes da carne e o trio de sobremesas do cardápio do
King, e Rider adormecerá antes de poder levá-la para casa— sugeriu Willa.
— Ou peça o especial no Pink Slipper e dêem uma passada pelo Donut
Hut. Eles sempre o colocaram em coma de açúcar.
Jo não sabia o nome da mulher que havia dado a última
sugestão. Tinha-a visto na cidade de vez em quando, no restaurante ou
andando na parte de trás de uma das motocicletas dos Last Riders. Ou
a mulher de cabelos escuros nunca sofreu um acidente, ou seu carro nunca
precisou de um reboque, ou sua única forma de transporte era com um dos
motociclistas.
Carly, que estava passando por sua mesa no caminho para o banheiro,
parou, se aproximando da mulher sentada.
— Jewell, eu esperava que você estivesse na frente e no centro para
arrematar o encontro com Rider.
A atitude maliciosa da garçonete do restaurante fez os outros na mesa
endurecer, exceto a mulher cuja identidade Jo tinha desejado saber.
— Por que pagar por algo que eu posso ter de graça?— Jewell inclinou-
se de lado, jogando graciosamente um braço na parte de trás da cadeira,
levantando o queixo para olhar diretamente para Carly.
Carly parecia estar prestes a arrancar cada fio de cabelo da cabeça de
Jewell. Seus lábios apertaram tanto que Jo poderia praticamente ouvir seus
dentes rangendo.
— Dou-lhe uma, dou-lhe duas... Dou-lhe três!— A voz de King sobre o
alto-falante quebrou o momento tenso. — Parabéns, Aly. Moon, você é o
próximo.
— Parece que perdemos.— Carly encolheu os ombros, afastando-se em
direção aos banheiros. A luta se formando entre as duas mulheres nunca se
concretizou.
Jewell virou-se para frente em seu assento e começou a falar com
Diamond como se a breve troca nunca tivesse acontecido.
O encontro entre Jewell e Carly só reforçou a opinião de Jo sobre Rider,
bem como a multidão de mulheres que seguiu atrás dele para a mesa em que
estava sentada.
Quando ele foi pegar uma cadeira vazia de outra mesa para se
acomodar onde seus amigos estavam sentados, Jo levantou.
— Pegue a minha. Quero parabenizar Aly.
Jo desapareceu na multidão antes que alguém pudesse detê-la.
Aly estava corada pelo seu sucesso. A mulher elegante usando um
vestido sofisticado de veludo preto parecia tão excitada como se tivesse ganho
o troféu Heisman13.
— Parabéns.— Jo tentou evitar ser esmagada entre os Porter e os Hayes
quando King iniciou o leilão de Jessie Hayes.
— Por um tempo, achei que precisaria de um empréstimo bancário para
ganhar— , Aly jorrou.
Lily e Willa se abanaram com os folhetos quando ouviram o valor do
lance vencedor. O lance de quatro mil e quinhentos dólares de Aly tinha
ultrapassado o dela. Por isso, Jo estava agradecida. Se os lances da noite
permanecessem altos, então ninguém na cidade estaria discutindo sobre o alto
lance que Rider havia feito por ela.
— Eu queria agradecer-lhe por esta tarde. Eu aprecio que você me
deixou usar seu desconto.
— Não há problema. A qualquer momento. Parece que ambas estamos
saindo com o mesmo homem.
— Sim.
— Teremos que ver qual de nós pode convencê-lo a outro encontro.

13
O Troféu Heisman, é o maior prêmio dado no college football, foi dado 75 vezes desde sua criação em 1935,
incluindo 74 vencedores diferentes e um que ganhou duas vezes. O troféu é dado ao melhor jogador
universitário dos Estados Unidos, sendo apresentado no PlayStation Theater em New York City.
Os lábios de Jo se curvaram. — Isso vai ser uma decisão fácil. Espero
que ele possa convencê-la a ficar na cidade, então você não ficará tão ansiosa
para ir embora depois dos feriados— ela disse com sinceridade.
Uma expressão curiosa cruzou o rosto de Aly. Parecia que ela estava
prestes a dizer algo até que Shade veio até elas para dizer a Aly que Lily
queria falar com ela.
Um rubor carmesim tomou conta das bochechas de Aly.
— Eu vou falar com você mais tarde, Jo.— A mulher foi em direção à
mesa que ela acabara de sair como se os cães do inferno estivessem atrás dela.
Jo deu a Shade um olhar curioso, com a certeza de que ele teve alguma
coisa a ver com a expressão aterrorizada que Aly tentou esconder quando o
olhar dela passou de Shade para Jo. Por que Aly estaria com medo de Shade?
Isso fortaleceu sua decisão de se afastar de qualquer coisa a ver com os
Last Riders. Ela precisava lembrar que qualquer amizade entre ela e Rachel e
Lily teria limites estabelecidos que elas não abordariam. As duas mulheres
permaneceriam leais aos seus maridos, apesar de qualquer amizade que
tivessem com ela.
— Sua mensagem foi recebida. Você pode relaxar agora.— Ela usou
toda sua coragem para não recuar quando as sobrancelhas de Shade baixaram.
— Eu não sei o que você quer dizer.
— Eu não sou uma idiota, Shade. Por que você não queria que eu
falasse com Aly?
— Eu simplesmente repeti a mensagem de Lily. Não leia mais do que
há.
— Lily está grávida, não inválida. Todo mundo pula quando você
pede?
— Geralmente. Não assuma um motivo oculto quando não existe
um. Eu não assumi nada quando você deixou a mesa assim que Rider chegou.
Shade tinha mais do que seu quinhão de arrogância. Todos os Last
Riders tinham.
Jo deixou o assunto para lá. Desde que ele não esperasse que ela fizesse
malabarismo para mantê-lo feliz pelo empréstimo que ele lhe fizera, ela
deixaria a reação de Aly por isso mesmo. Ela não queria que Shade se
aprofundasse em sua reação à chegada de Rider.
— Eu preciso voltar para Lily. Aproveite o seu encontro com o Rider
amanhã.— Suas palavras de despedida fizeram com que ela lutasse contra
uma resposta desagradável.
Encontrando um ponto calmo no canto de trás do bar onde ela podia
assistir o resto do leilão sem ter que falar com ninguém, ela mentalmente se
distanciou até que pudesse partir.
Ao pedir uma xícara de café ao barman, ela tomou um gole enquanto o
leilão avançava para as sobremesas. Ela não pode deixar de rir quando viu
Moon levantar triunfante sobre sua cabeça o recipiente de doce de Willa
enquanto a multidão se reunia, brincando pedindo um pedaço.
Esfregando a parte de trás do pescoço com a sensação de ser observada,
olhou em volta. Ao longo do leilão, a música começou a tocar nos alto-falantes,
e os casais começaram a encher o salão para dançar.
Jo disse a si mesma que agora que o leilão havia terminado, esperaria
alguns minutos antes de encerrar a noite.
Ainda observando toda a movimentação, ela conseguiu ver claramente
na próxima sala quando Knox balançou Diamond ao redor. Rider estava
parado na entrada do bar, bloqueando qualquer possibilidade dela sair sem
falar com ele.
Ela engoliu compulsivamente a bola apertada de medo alojada em sua
garganta. Sua postura e seu olhar determinado a levaram a olhar por cima do
ombro, com certeza de que outra mulher era a causa de seu minucioso
escrutínio. Quando ela não encontrou ninguém atrás dela, Jo pagou por seu
café, escorregou do banquinho e usou os casais dançando como camuflagem
para navegar pela pista de dança.
Tentando olhar sobre os ombros largos de Viper e a cabeça de Winter,
viu que Rider já não estava de pé na entrada. Em vez de ficar aliviada, tornou-
se ainda mais tensa sobre o seu paradeiro.
Ela ficou na beira da pista de dança, esperando que os casais cobrissem
sua posição. Ela agarrou sua bolsa e o rádio mais firme, sentindo-se ridícula
por estar brincando de gato e rato com um homem que estava emitindo sinais
que ela entendeu como se ele tivesse encontrado um rato suculento que tinha
toda a intenção de devorar se chegasse o perto o suficiente.
— Isso não vai acontecer— murmurou em voz baixa, procurando na
área do bar por outra saída. Como pode não haver outra saída?
Seus instintos estavam gritando para ela correr.
Girando em meio círculo, viu-o no outro lado da pista de dança,
conversando com Cash e Rachel, com os braços caídos aos lados.
Jo não se deixou enganar. Seu corpo firme poderia facilmente chegar
mais rápido que ela na porta, o que sua postura prometeu que faria se ela
tentasse fugir.
Lambendo seus lábios secos, deu um passo para trás e colidiu com um
casal que estava indo para a pista de dança. Seus lábios se separaram para
murmurar uma desculpa, mas ela foi calada pelo aparecimento súbito e hostil
de Curt. Ele estava com Carly.
Ela já se sentia pouco à vontade com a grande multidão, o estranho
comportamento de Rider e agora enfrentava o homem que detestava com um
ódio que a havia consumido por anos. Sua respiração ficou irregular.
Ela levou a mão até a garganta, tentando respirar profundamente.
— Você está bem, Jo?— Carly estendeu a mão, tocando seu braço.
Jo se afastou de seu toque, precisando sair de perto de Curt. Suas
respirações ficaram mais rasas enquanto seus pulmões lutavam por oxigênio, e
ela piscou tentando dissipar os pontos negros quando seus joelhos começaram
a ceder.
Uma mão firme cercou sua cintura, puxando-a para um corpo
duro. Seus dedos se espalharam por um peito musculoso.
— Com licença. Jo prometeu-me essa dança.
Jo entorpecida seguiu Rider enquanto uma de suas mãos cercava a que
ela segurava a bolsa e o rádio, impedindo-os de cair no chão enquanto se
moviam com a música suave.
Ela não sabia o que era pior: o monstro atrás dela, ou o predador em
cujos braços ela se encontrava presa.
Histericamente, ela pensou no velho ditado sobre estar entre a cruz e a
espada.
O monstro atrás dela poderia ser derrotado. Seu corpo grande era mais
gordura do que músculo. O mesmo não poderia ser dito sobre Rider. Ele
ganhou a brincadeira de gato e rato.
O lugar difícil onde ela tinha intenção de não acabar era exatamente
onde Rider a queria.
Direto em seus braços.
CAPÍTULO 12

— Você está linda hoje à noite. — Rider forçou seus braços a diminuir o
aperto sobre a mulher trêmula que tinha tumulto escrito por todo o rosto.
— Hã?
— Eu disse que você está linda hoje à noite.— Ele pacientemente a
girou para que ela não pudesse mais ver Curt.
— Você está bêbado?
— Não, não estou bêbado.— Rider sorriu para ela.
— Greer lhe vendeu alguma erva ruim?
Seu sorriso se aprofundou. — Não. Por que você acha que tenho que
estar chapado para elogiá-la?
— Porque nós não gostamos um do outro.— Ela inclinou a cabeça com
orgulho quando ela francamente admitiu isso.
A determinação da mandíbula de Jo mostrou que ele não seria capaz de
lidar com ela tão facilmente quanto ele fazia com outras mulheres. Mas ele já
sabia disso. Era por isso que ele nunca havia feito um esforço concentrado para
atraí-la para sua cama. Isso mudou no momento em que ele sentiu o cheiro de
seu perfume e viu a feminilidade que ele poderia ter jurado que ela não
possuía.
Ele não se importava com uma mulher que pudesse chutar suas
bolas. O que ele não tinha intenção de se envolver era com uma sem apelo
sexual. Jo tinha escondido o seu sex appeal sob camisas de flanela, cores
insípidas e até mesmo com os macacões horríveis. Ele estava disposto a
apostar que os jeans que ela usava eram de homens. Um homem só podia
acender um fogo na boceta de uma mulher se houvesse algo para
trabalhar. Ela adotou maneirismos masculinos até que estivesse tão enraizado
nela que ele não queria explorar a floresta para as árvores14. A maneira como
ela parecia e estava agindo hoje a noite mostrou que ele tinha alguma lenha
para trabalhar.
Rider manteve sua mão levemente na parte inferior de suas costas, logo
embaixo de seu casaco, esticando o polegar para cima, acariciando suas costas
sobre o vestido em um padrão circular para acalmar sua respiração rápida.
— Eu te convidei para sair quando você voltou para a cidade. Eu
também te convidei algumas vezes desde então. Eu teria feito isso se eu não
gostasse de você?— Rider manteve seu polegar logo abaixo do seu sutiã,
tendo o cuidado de não deixar a mulher arisca fugir.
— Você pensou que eu fosse lésbica quando recusei.
— Você não é lésbica.
— E como você chegou a essa conclusão?
Rider baixou a cabeça para sussurrar em seu ouvido. — Você realmente
não quer que eu responda essa pergunta, não é?— Ele levantou a cabeça para
vê-la engolir com força.
— Não.
— Aonde você quer ir para o nosso encontro amanhã à noite?— Rider a
viu olhar para os seus olhos pela mudança de assunto.
— No Rosie.
— Eu estava pensando em algo mais romântico. Que tal o Pink Slipper?
— Não, no Rosie vai ser bom, e eu vou buscá-lo.
— Eu não planejei aparecer na minha moto.
— Eu prefiro dirigir.
— Então, se você for chamada, você pode me deixar encalhado?—
Rider poderia praticamente ver o plano se formar em sua mente.
14
Quando você está muito perto de uma situação, precisa recuar e ter uma nova perspectiva. Quando você fizer
isso você vai notar que havia uma floresta inteira que você não viu antes porque você estava muito perto, e
incidindo sobre as árvores.
Simplesmente que você se concentrou em muitos detalhes e não conseguiu ter a visão geral, a impressão ou
o ponto chave.
— Eu não deixaria você encalhado. Eu deixaria você em casa primeiro.
— Se você for chamada, eu irei com você. Seria uma nova experiência
para mim.
— Aposto que você não tem muitas dessas.
Rider podia ouvir o gelo pingando do seu tom de voz, alertando-o a
ficar longe do fio da navalha.
— Não muitas, não.— Seu sorriso desapareceu. — Mas isso não
significa que não posso apreciá-las quando elas vierem.
A testa de Jo franziu em uma carranca. — Não espere novas
experiências de mim. Você ficaria entediado até à morte em menos de uma
hora.
— Então, espero que você não seja chamada.
— Rider, este não é um encontro real. Você sabe disso, certo?
— Você está tentando estragar o encontro— ele enfatizou a palavra
encontro com satisfação — antes de sairmos? Talvez você se surpreenda, e
acabemos nos divertindo. O bastante para que você saia comigo de novo.—
Ele baixou a cabeça e inspirou novamente seu perfume inebriante.
Com a mão livre, Jo a estendeu, tentando sem sucesso empurrá-lo para
longe. — Por que você continua me cheirando?
— Você cheira bem. Qual é o nome do perfume que você está usando?
— Não é da sua maldita conta— disse Jo.
Por que ela não quis dizer a marca de seu perfume? Normalmente, as
mulheres imediatamente lhe diziam se ele as elogiava sobre isso.
— Tem que ser vendido em algum lugar que você não quer que eu
saiba que você frequenta.— Rider usou o raciocínio dedutivo para descobrir a
resposta, aspirando profundamente como um conhecedor de vinho que inala o
aroma de uma raridade cara. — A maioria das lojas de departamento ou
farmácias vendem perfumes. Se você tivesse comprado isso de um desses,
você teria me contado sem rodeios.
— Talvez seja da farmácia, ou talvez seja uma imitação de uma loja de
varejo— respondeu Jo.
— Não, você não ficaria envergonhada de me dizer que veio da
farmácia e a loja de varejo mais próxima é em Lexington.
Ela deu um olhar exasperado. — Você está sendo estranho.
— Eu estou? Desculpe.
— Você não parece arrependido.
Ele não estava, mas era irritante que ela soubesse. Ele devia ter mais
cuidado se ela tão facilmente via através dele.
Sua sobrancelha franziu seu cenho enquanto pensava nos lugares em
que ela poderia ter comprado seu perfume. De repente, uma luz surgiu nele.
— Você comprou na Sassy Vixen, não foi?— Ele riu tanto que seus
ombros tremeram.
Pelo seu palpite, ele sentiu uma dor aguda no peito. A mulher o
beliscou logo abaixo de onde ele segurava sua mão.
— Cale-se! Todos estão olhando para nós.— Ela sibilou.
— Você comprou seu perfume em uma boutique de lingerie. Você
comprou alguma coisa enquanto estava lá?
— Isso. Não. É. Da. Sua. Conta.— Jo respirou fundo. Rider poderia
dizer que ela estava tentando se acalmar antes de continuar em um tom mais
baixo. — O que eu comprei não é e nunca será da sua conta.
— Porra, isso dói.
— Eu mal belisquei você.
— Eu não quis dizer isso. Quis dizer que você acha que nunca será da
minha conta. Mulher, se você acredita nisso, então você não me conhece.
— Não, eu não conheço. E quer saber algo mais? Eu não quero
conhecer!
Num segundo, ele a segurava, e a seguir, ele estava com as mãos fora
dela.
Nas forças armadas, Rider tinha aprendido quando atacar e quando
recuar. Era hora de recuar e dar a Jo espaço para respirar.
Ele a seguiu devagar, observando enquanto se afastava, querendo ter
certeza de que ela entrava no caminhão com segurança.
O ar frio o atingiu quando ele saiu pela porta, fazendo com que ele
desejasse ter pego sua jaqueta. Ele podia ver as marcas dos saltos do seu
sapato na neve recém caída. Ele os rastreou com os olhos até caírem no
amontoado jogado na calçada.
— Porra!— Rider começou a correr, mas seus sapatos eram tão
inadequados quanto os saltos altos de Jo. Não conseguiu parar, ele deslizou e
caiu sobre ela.
— Ouch!— Jo gritou debaixo dele. — Sai fora!
— Eu estou tentando. Dê-me um segundo.— Rider conseguiu sair de
cima de Jo, então se inclinou para ajudá-la a se levantar.
Ele se abaixou, alisando seu vestido para tirar a neve dela, e quando ele
ergueu a cabeça, viu lágrimas brilhando em seus olhos.
— Você está ferida?— Ele perguntou preocupado. Ele parou de alisá-la
e se ajoelhou para pegar seus tornozelos.
Ela deu um passo para trás, quase caindo de novo.
Levantando rapidamente, ele conseguiu pegá-la. — Onde você está
machucada? É um dos seus tornozelos?
— Eu não estou machucada.— Jo fungou, afastando o cabelo dela do
rosto.
— Então, por que você está chorando?— Rider estendeu a mão,
limpando uma lágrima de sua bochecha.
— Porque foi um dia fodido.
Rider não sabia o que dizer, considerando que ele tinha gasto uma
porrada por um encontro com ela.
Ele pegou o rádio e a bolsa que ela havia deixado cair, e quando ele o
fez, a bolsa dela se abriu, derramando seu conteúdo no chão coberto de
neve. Ele teve que piscar duas vezes no que estava vendo.
Quando a ponta dos dedos tocou a alça da arma, Jo foi mais rápida,
pegou a arma e tirou a bolsa da mão dele. Colocando a pistola para dentro da
bolsa, ela começou a sair.
Rider estendeu a mão, pegando o braço dela. — Por que diabos você
está carregando uma arma?
— Eu esqueci que estava aqui. Eu ia colocá-la de volta no porta luvas
quando saí da casa. Eu esqueci.
— Isso ainda não explica por que você carrega uma arma.— Ele
estreitou os olhos para ela.
— Eu carrego isso para minha proteção.
— De quem você precisa proteção?
— Para que eu possa me proteger se eu precisar.— Ela obstinadamente
estreitou seus olhos para ele.
— Deixe-me colocar de outra forma. Por que você sente a necessidade
de ter uma arma para se proteger?
— Eu apenas preciso.
— Jo...
— Eu trabalho o dia inteiro e a noite. Eu seria estúpida em não ter uma
proteção quando fosse chamada para algumas estradas secundárias. Eu
também moro em um ferro velho, onde algumas pessoas pensam que têm livre
acesso para roubar peças que precisam.
Ele nunca pensou em Jo viver sozinha no enorme ferro velho.
— Isso acontece muitas vezes?
— O bastante para que eu tenha uma arma.— Jo revirou os olhos para
ele.
— Você reconheceu algum deles?— Ele perguntou informalmente
quando ela começou a caminhar em direção a seu caminhão.
Rider sentiu seu olhar de soslaio quando ele pegou seu cotovelo
quando seu pé escorregou no chão gelado. — Não.
— Você está mentindo.
— Não importa se eu estou. Eu lido com isso da mesma maneira que o
meu pai fez quando os pegou.
— O que Lyle fez?
— Perguntava que parte eles estavam tentando roubar e lhes dava um
desconto. Agora, eles praticamente só vêm pelo desconto. Isso os salva de
levar um tiro na bunda.
— Sua mãe não quer morar com você para que você não fique sozinha
lá?
— Eu sou uma mulher adulta. Não preciso da minha mãe para segurar
minha mão.
— Ela se casou novamente?
Infeliz por ele ter descoberto por que sua mãe não voltou para
Treepoint com a morte de seu pai, ela se afastou dele assim que tocou a
maçaneta da porta. Ela não gostava de falar sobre sua mãe ter lavado as mãos
dela quando decidiu voltar para ajudar seu pai. Rider a soltou para que ela
não arrancasse sua cabeça quando abrisse a porta.
— Ficou noiva.
O som do gelo fino quebrando o fez tentar avisá-la, mas era tarde
demais. Jo já havia levantado um pé para pisar no assoalho do caminhão,
praticamente enviando seu rosto primeiro para a lateral do assento.
— Droga de inferno!— Jo gritou furiosa. — Filho da puta do caralho de
um comedor de biscoito...— Rider sufocou sua risada diante de sua irritação
enquanto ela levantava o vestido para ver melhor o maldito sapato.
Atirando a bolsa e o rádio no painel de instrumentos, ela agarrou seu
braço para equilibrar-se enquanto levantava um pé, tirando um sapato. Um pé
delicadamente arqueado caiu sobre a neve.
— Você ficará doente— advertiu Rider, estremecendo quando o sapato
que ela tirou foi jogado dentro da cabine do caminhão.
— Cale a boca!— Ela rosnou.
Quando ela levantou o outro pé, Rider tomou as coisas em suas
próprias mãos. Pegando-a pela cintura, ele a colocou no banco, removendo o
sapato da perna pendurada.
Seus olhos azuis, tempestuosos, brilhavam para ele. Ele podia imaginar
a maneira como ela mentalmente o matou em sua mente por testemunhar a
situação embaraçosa.
Rider estendeu a mão, impedindo-a de fechar a porta depois que ela se
endireitou no assento. Tornando um jogo de cabo de guerra.
— Pleasure.
Jo parou de tentar fechar a porta. — Hã?
— A marca de perfume que você está usando.
— Eu não imaginei você como um homem que compra no Sassy
Vixen.— Ela passou os olhos por cima de seu grande corpo, como se avaliasse
seu tamanho. — Eu não acho que eles tenham algo que sirva em você.
Divertido com sua zombaria, ele segurou a porta com uma mão
segurando o sapato com a outra. — Algumas mulheres do clube gostam de
fazer compras lá. Elas me pedem para dar a minha opinião. Pleasure é um dos
meus perfumes favoritos.
— Você está sendo um idiota. Você sabe disso, certo?— Jo estendeu a
mão, arrancando o sapato de sua mão e jogando-o para o lado.
— Estou sendo sincero e honesto. Alguns dos irmãos ficaram em
apuros por não dizer claramente que eles têm relações sexuais com as
mulheres do clube. Uma vez que estamos prestes a ir ao nosso primeiro
encontro, eu só queria esclarecer o que eu faço lá.
— Obrigado por esclarecer sobre os seus relacionamentos e sobre os
deles...
— Sem relacionamentos, apenas sexo. Pura e simplesmente isso.
Um sussurro saiu de seu peito. — Desde que você está sendo tão
sincero e direto, deixe-me esclarecer também. Não vamos a um encontro real
amanhã. É um ato de caridade pelos menos afortunados. Pura e simplesmente
isso.
— Apenas para que você saiba, eu estou pensando em fazê-la mudar de
ideia.
— Boa sorte com isso. Você teria uma melhor chance cavalgando o
velho touro de Ferguson que ele mantém preso nos fundos de sua casa.
— Eu posso surpreendê-la.— Seus lábios pressionados juntos em um
sorriso confiante. — Eu amo um passeio selvagem.
CAPÍTULO 13

Jo estava estupefata quando Rider fechou a porta do caminhão. Ligando


o motor, ela colocou o ar quente no máximo e ligou seus limpadores de pára-
brisa. A janela estava coberta com uma neve fina, e foram precisas várias
passagens antes que ela pudesse ver. E quando conseguiu, o que viu foi Rider
observando-a da calçada, as mãos nos bolsos e os ombros curvados pelo vento
frio.
Tremendo, ela saiu apressada, não esperando o caminhão aquecer. Ela
podia praticamente ver sua respiração no ar frio. Precisava encontrar um lugar
para mudar suas roupas antes que congelasse até à morte. O restaurante e o
posto de gasolina estavam fechados. Isso deixou apenas outra opção se ela não
quisesse ir para casa, o que seria uma perda de tempo. Assim que os foliões
atingissem as estradas escorregadias, ela passaria o resto da noite trabalhando.
Decidida, ela se dirigiu para o Rosie. Viesse o que viesse, Mick manteria
o bar aberto até às quatro.
O estacionamento estava coberto de neve, então ela parou ao lado do
bar e estacionou. Empurrando o assento para trás, Jo pôs os pés nas botas, sem
se incomodar em amarrá-las antes de pegar a roupa e sair do caminhão,
deixando em ponto morto para aquecer.
— Como foi o leilão?
A saudação de Mick a fez ranger os dentes. — Não pergunte. Você se
importa se eu usar seu banheiro para me trocar?
— Troque-se. Eu vou fazer um café novo para você.
Ela não demorou muito para se trocar. Ela estava sentada no bar antes
do café ficar pronto.
— Você quer que eu encha sua garrafa térmica para você?
Jo soprava o café fumegante enquanto deslizava sua térmica através do
bar. — Eu apreciaria. Vai ser uma longa noite. Vou tirar a neve do
estacionamento para você. Ligue-me quando estiver pronto para ir para casa e
eu te dou uma carona.
— Eu posso dirigir— argumentou Mick.
— Não nessas estradas. Além disso, por que arriscar quando estou
perfeitamente disposta a levar você para casa e te trazer de volta amanhã,
quando você estiver pronto para abrir?
— Tudo bem, tudo bem. Sei que não adianta discutir com você.— Mick
foi para o outro lado do bar, tirando uma pequena bolsa de lona que ele havia
guardado debaixo do balcão. — Eu preparei um pequeno jantar para você.
Jo olhou para o saco, um nó se formando em sua garganta. — Você não
deveria ter...
— Eu sabia com a previsão do tempo que você poderia ficar muito
ocupada para comer, e eu não achei que você iria comer muito no leilão. Estou
certo?
— Sim.
— Assim eu não me preocupo que você passe fome. Você não cuida de
si mesma.
Jo deu um sorriso irônico. — Não é como se eu fosse morrer de fome
pulando uma refeição.
Mick a estudou criticamente. — Se você não consertar a geladeira e o
fogão, eu vou mandar consertá-los.
— Você se preocupa demais— zombou Jo. Pegando seu vestido, a
refeição que Mick tinha feito para ela, e sua térmica, ela levantou. — Coloque-
os na minha conta. Recebo esta semana, e pagarei o que devo.
— Você não me deve um centavo. Eu disse-lhe que faríamos uma
troca. Você mantém meu estacionamento limpo, e continuarei alimentando
você.
— E eu lhe disse que isso não funciona para mim. Você me deixa pagar,
ou eu vou parar de vir aqui.
— Você é uma dor na minha bunda.
— Você me ama de qualquer maneira.
— Sim eu amo. Eu não poderia te amar mais se você fosse minha
própria filha.
— Eu também te amo. É melhor me ocupar em limpar seu
estacionamento antes que os Last Riders cheguem querendo uma bebida.
— Você não vai sair daqui até me dizer quem ganhou o leilão por um
encontro com você.
Ela quase saiu sem lhe dizer. Se ela achasse que um dos Last Riders não
lhe diria quando entrasse, ela não contaria. Mick gostava dos motociclistas, e
Jo não confiava em si mesma para não se queixar de quem vencera.
— Rider ganhou.
— Rider ganhou?— Mick ficou boquiaberto. — Ele disse que não iria
dar lances. Você tem certeza de que ele ganhou?
— Sim, Mick, tenho certeza.
— Porra, eu gostaria que Moon ou Dustin tivessem. Posso ver você e
Dustin se dando bem. Ele é um bom garoto. Mesmo Moon não é ruim. Mas
Rider? Você pode se safar disso?
— Eu gostaria. Porquê? O que há de errado com Rider?
— Nada. Eu gosto de Rider. Eu simplesmente não consigo ver vocês se
dando bem. E eu só queria que Dustin tivesse ganho.— Mick pegou uma
toalha passando ao longo do balcão.
— Desembuche. O que você não gosta em Rider?
— Eu gosto dele. Ele ilumina o lugar quando ele entra. É só que...
— Mick... apenas me diga.
Mick suspirou. — Eu ouço os outros Last Riders conversando uns com
os outros quando acham que não estou prestando atenção. Não vou repetir
nada, mas ele não é um homem de uma mulher só.
— É só isso?
— Isso é tudo o que vou falar. Eu não quero ver você se machucar.
— Eu vou te dizer o mesmo que disse a Rider. Não é um encontro
real. É um ato de caridade.
Mick riu tão forte que seus ombros tremeram. Ele até pegou um
guardanapo para limpar as lágrimas. — O que ele falou quando você lhe disse
isso?
— Ele disse que planejava me fazer mudar de ideia.
— Eu retiro o que disse. Você pode lidar com Rider. Eu queria poder ser
uma mosca na parede e assistir você...
Seu rádio chamou, interrompendo o resto do que Mick estava prestes a
dizer.
— Você está ai, Jo?— A voz de Knox foi ouvida.
Ela pressionou o botão lateral do rádio. — Estou aqui.
— Gabe não consegue fazer funcionar o arado de neve. Você pode arar
as estradas principais?
— Depende. Minhas taxas aumentam depois que anoitece.
— Apenas faça isso. Vou garantir que você seja paga, nem que tenha
que ser do meu bolso.
— Dê-me dez minutos.
Jo desligou o rádio. — Não se esqueça de me ligar quando estiver
pronto para ir para casa— ela lembrou Mick enquanto se apressava em direção
à porta.
— Tenha cuidado lá fora. Esse caminhão não a torna invencível— , ele
gritou.
A neve que caía estava cobrindo o estacionamento. Andando através
dele, Jo sentiu-se mais confiante no chão congelado em suas botas e
macacão. Sem o vestido e os sapatos para atrapalhar, ela não teve nenhum
problema em pular no assento. O calor confortável da cabine era um abrigo da
tempestade de inverno. Ela estava de volta ao seu elemento, onde ela
pertencia.
Apertando o botão que baixaria o arado de neve, ela trabalhou
rapidamente raspando a neve e empurrando a pilha para um canto do
estacionamento, dando acesso aos clientes de Mick.
Quando ela terminou, Jo buzinou, deixando Mick saber que ela tinha
terminado, antes de sair para a estrada. Em vez de dirigir-se diretamente para
a cidade, ela foi em direção à montanha, arando a estrada. Passando pela sede
dos Last Riders, ela não parou até chegar ao desvio para a casa de Rachel e
Cash.
Desligando a água quente, ela levantou o arado alguns centímetros,
tomando cuidado para não causar danos à calçada. Então ela contornou o
jardim em frente à cabana e passou pela calçada antes de voltar para a estrada.
Quando ela se aproximou da sede do clube e da fábrica dos Last Riders
novamente, ela virou, arando o estacionamento e acumulando a neve ao
lado. Satisfeita de que todas as mulheres chegariam em casa com segurança,
ela voltou para a cidade.
Seus faróis iluminando a estrada vazia destacaram a existência solitária
em que ela vivia. Ela perdeu a companhia de seu pai, a dor em seu coração
ampliada pelos feriados se aproximando. Ela nem sequer tinha se incomodado
em montar uma árvore de Natal este ano. Ela perdeu as coisas que tinha dado
como certas antes da sua morte, como reabastecer seu guarda.roupa atual ou
os pequenos presentes que ela compraria apenas para ver o sorriso no rosto
cansado.
Sua mãe queixou-se sua vida inteira de que seu pai não tinha sido um
grande pai para ela, muito ocupado com sua próxima bebida e trabalhando,
para se preocupar com elas, mas Jo viu isso de forma diferente. Ele
tinha falhas, ela nunca negaria, mas suas falhas nunca anularam o amor que
lhe dedicou todos os dias de sua vida.
Ela tinha sido abençoada pelo amor de seu pai, e pelo carinho que Mick
estava lhe dando agora que seu pai havia falecido.
Seus pensamentos voltaram para o que Mick havia dito antes da
chamada pelo rádio. Um sorriso malicioso brilhou na cabine escura.
Ela ia dar a Mick um presente de Natal adiantado.
CAPÍTULO 14

— Vocês está se arrumando todo por dois dias seguidos?


Rider colocou sua camisa social para dentro de seus jeans novos
enquanto observava Jewell se lançar na cama, se fazendo confortável.
— Tenho um encontro hoje à noite.— Ele afivelou o cinto, o baixando
para se ajustar em torno de seus quadris.
— Não me diga. Toda a cidade sabe que você vai sair com Jo hoje à
noite.— Colocando um travesseiro atrás de sua cabeça, Jewell ergueu uma
coxa, fazendo sua camiseta subir até a cintura.
Indo até sua cômoda, pegou o pente e passou pelo cabelo úmido.
— O que você está planejando fazer esta noite?
— Estou planejando ter uma noite melhor com Moon e Rush do que
você vai ter com Jo.
— Ciúmes?
— De Jo? De jeito nenhum.
— Bom.— Rider encolheu os ombros para se certificar de que sua
camisa preta caía bem. — Devo colocar outra camisa que se ajuste melhor nos
ombros?— Ele queria mostrar seus músculos da melhor maneira possível.
— Você está bem.— Ela levantou a outra perna. — Você quer que eu
mostre o quão bom você parece?
Rider colocou o pente de volta na cômoda, depois foi até o armário para
vestir sua cara jaqueta de couro preta.
— Você está realmente usando todas as suas armas para impressioná-
la. Você vai se esforçar assim quando você sair com Aly?— Seus lábios
franziram em decepção quando ela voltou para a cama.
— Não.— Rider foi a sua mesa de cabeceira pegar a carteira,
deslizando-a no bolso traseiro.
— Então, Jo é especial?
Ele olhou para ela diretamente. — Ela poderia ser. Vamos ver, não
vamos?— Agarrando um de seus pés, ele puxou-a de sua cama. Com uma
batida suave em seu traseiro, ele a virou para a porta. — Você não deve
manter Moon e Rush à espera. Você sabe como Rush fica quando você faz isso.
— Você está me expulsando do seu quarto?— O espanto de Jewell a fez
congelar e Rider quase tropeçar nela.
— Eu não quero minha cama bagunçada no caso de eu convencer Jo a
voltar comigo.
— Ah, isso nunca vai acontecer.
— Nunca se sabe.
— Sim, eu sei. Se você está esperando que Jo venha até aqui para fodê-
lo, você claramente não a conhece. A mulher não esteve em um encontro desde
que ela chegou à cidade.
— Isso é porque o homem certo não a convidou.— Dando-lhe um
impulso gentil, ele a moveu novamente. Fechando a porta atrás deles, ele
trancou, certificando-se de que estaria vazio quando ele voltasse.
Cada um dos irmãos tinha seu próprio quarto, e a maioria deles não
entraria em seu quarto, a menos que a porta estivesse aberta, mas se ele
pudesse convencer Jo a voltar com ele, ele não iria querer que tivesse alguém
fodendo, esperando seu retorno. Era um hábito que ele teria que quebrar se
seu encontro com Jo fosse como ele planejava.
Rider sentiu Jewell puxando a manga de sua jaqueta quando estava
prestes a descer os degraus.
— Você mesmo já não a convidou?
— Isso são águas passadas.
A mão de Jewell caiu quando ele começou a descer a escada. — Rider—
ela gritou do patamar.
Rider olhou para cima para ver que ela estava inclinada sobre o
corrimão. Jewell parecia prestes a dizer algo, então mudou de ideia.
— Tenha um bom encontro— ela terminou quando ele continuou
olhando para ela.
Ao ouvir seu celular apitar, ele o tirou do bolso. O texto era de Jo,
dizendo-lhe que estava lá fora.
Voltando sua atenção para Jewell, ele podia ver a preocupação que ela
não conseguia esconder.
— Jewell, nada mudará nossa amizade. Você sabe disso, certo?
— Lembro-me do Razer me dizendo o mesmo.
— E você ainda é amiga dele.
— Nós somos, mas agora é diferente. Assim como com Knox, Lucky,
Cash e Viper. Não é o mesmo.
— Nada permanece o mesmo. Um dia, você pode acordar e decidir
partir. Qualquer um de nós poderia. Eles podem não te foder mais, mas isso
não significa que nós não morreríamos por você. Assim como você sempre
estará lá para qualquer um de nós, se precisarmos de você.
Rider sabia o quanto foi difícil para Jewell mudar de amante para
amigos com os outros irmãos. Os homens passaram pela mesma coisa quando
Evie e Bliss se apaixonaram.
— Eu nunca esperei que você se apaixonasse novamente.
— Eu não vou me apaixonar por Jo. Isso seria impossível.— Rider viu o
alívio que ela não conseguia esconder em sua admissão. — Não estou à
procura de amor com Jo.
— Então, o que você quer dela?
— Eu saberei quando eu encontrar.— Rider não poderia explicar a ela
mais do que ele poderia explicar a si mesmo. — Eu tenho que ir, ela está
esperando. Nós estamos bem?
— Sim. Quando você chegar em casa, deixe-me saber como foi o seu
encontro.
— Eu vou.— Rider abriu a porta da frente, fazendo um gesto rápido
em direção a Moon, que estava vigiando a porta. Ele então desceu o longo
lance de escadas para o estacionamento, vendo os faróis de Jo brilhando no
escuro. As luzes eram tão brilhantes que ele estava na metade dos degraus
antes de perceber que Jo não estava no grande caminhão de reboque que ela
normalmente dirigia. Foi só quando ele estava caminhando para a porta do
passageiro que viu que era de Cash.
Abrindo a porta, esperando entrar, ele ficou confuso ao ver Mag lá. A
avó de Cash estava empacotada em um casaco com uma manta enrolada em
torno de suas pernas.
— Chegue para lá, Mag,— Jo pediu à idosa.
Rider queria jogar Mag fora do caminhão. Em vez disso, ele entrou e
fechou a porta.
Colocando um braço na parte de trás do assento para dar mais espaço,
ele tentou entender como Mag tinha acabado vindo a seu encontro com Jo.
— Como você está hoje à noite, Mag?
— Estava melhor antes que tivéssemos de vir buscá-lo.
— Você sabe que me ama. Não seja tão arredia.— Os olhos da mulher
demoníaca o fulminaram.
Ele não deveria ter esperado que Jo cedesse graciosamente. Jo tinha
cumprido a sua palavra, não levando o encontro a sério - as roupas que ela
estava usando diziam muito. Seu suéter grosso e jeans surrado não seria usado
por qualquer pessoa que estivesse tentando causar uma boa impressão. Rider
não podia imaginar alguém com quem ele regularmente saía vestindo-os até o
quarto ou o quinto encontro. Pelo menos, ela não estava vestindo um
macacão. Ela nem sequer olhou em sua direção quando deu ré e começou a
dirigir em direção à cidade.
— Rachel e Cash me pediram que ficasse esse fim de semana com
Mag. Ele querem adiantar suas compras de Natal. Espero que não se importe.
Rider não achou que ela se importaria se ele o fizesse, então ele nem
respondeu. — Eu fiz reservas tanto no Pink Slipper quanto no King. Não sabia
qual deles você preferiria...
— Mag quer jantar no Rosie. Eu achei que você concordaria, já que você
passa muito tempo lá, e será mais suave para o seu bolso depois de dar um
lance tão alto para o nosso encontro.
— As noites de sábado no Rosie podem ser um pouco turbulentas, mas
eu estou dentro se as senhoras estiverem preparadas para isso.
— Nós estamos.— Jo acionou a seta antes de entrar no estacionamento.
Rider abriu sua porta quando Jo abriu a dela. Nas luzes no
estacionamento, ele podia ver Jo baixar o tampo da carroceria e a cadeira de
rodas no assoalho.
Indo até a carroceria, levantou a cadeira, abriu-a e empurrou-a pelo
tampo que ele deixara aberto.
Mag tinha girado as pernas para o lado, então estavam penduradas do
assento. Mesmo sabendo que ele estava prestes a ter um confronto, ainda
assim abriu os braços bravamente.
— Posso lhe ajudar?— Educadamente, ele esperou pela pancada. Em
vez disso, Mag deu um rápido aceno de cabeça, as mãos indo para os seus
ombros.
— Você subiu sozinha no caminhão?— Perguntou Rider, levantando a
mulher e girando para colocá-la suavemente em sua cadeira de rodas.
— Cash ajudou— disse Jo enquanto pegava a manta de Mag no
caminhão. — Ele disse que você iria ajudá-la a sair.
— Ele disse? Isso é interessante.
— Por que isso é interessante?— Jo lançou-lhe um olhar de soslaio
enquanto empurrava a cadeira de rodas de Mag para o bar.
— Ele não me disse que sua bisavó viria conosco esta noite quando eu o
vi no almoço.
— Você não recebeu minha mensagem?— Jo avançou para que ela
pudesse abrir a porta para eles.
— Cash deveria ter me avisado?
Rider não perdeu o fraco rubor que cobriu as bochechas de Jo enquanto
ele e Mag entravam. Ele pensou que fosse por culpa por deixar Mag vir junto
com eles sem avisar.
Ao fechar a porta, ela colocou a mão sobre a dele, impedi-o de entrar no
bar.
— Eu sinto muito. Eu tentei te ligar. Quando você não respondeu, liguei
para a fábrica. Falei com Jewell. Ela disse que você estava ocupado. Expliquei
que prometi levar Mag para o Rosie quando Rachel e Cash fossem para
Lexington. Ela ficou doente quando prometi, então não consegui
cumprir. Rachel está cansada de estar presa por causa do tempo, então Cash e
eu a convencemos a ir hoje à noite e amanhã. Eu tentei reprogramar nossa
data, mas Jewell disse que tinha certeza de que você não se importaria e disse
que passaria minha mensagem, de que se você quisesse reprogramar, me
ligasse. Quando você não ligou, eu achei que estava tudo bem com você.— Jo
começou a pegar o punho da cadeira de rodas dele.
Ele não havia respondido a sua ligação no início do dia porque achava
que Jo estava tentando cancelar seu encontro. Jewell ter sido a responsável por
seu encontro tomar um rumo diferente, era algo que ele teria que falar com ela
quando chegasse em casa.
— Eu estou na companhia de duas mulheres lindas, então eu não estou
com raiva.— Ele segurou a mão dela, impedindo-a de puxar Mag para longe
dele.
— Estou pronta. Posso pedir um hambúrguer agora, ou vamos ficar
aqui toda a noite?— Mag bufou, alcançando a roda.
— Deixa comigo, Mag.— Rider riu quando Mick veio por trás do
balcão.
— Mag! Cash e Rachel finalmente deixaram você escapar?
— Como se eu fosse deixá-los me impedir.— A velha levantou uma
mão frágil para Mick, que ignorou para puxá-la e dar-lhe um abraço de
urso. — Você está tentando me matar?
Apesar de suas palavras, Mag olhou fixamente para Mick.
— Você parece mais jovem toda vez que te vejo...
— Corte a besteira e traga-me um hambúrguer. Eu também quero uma
cerveja. Certifique-se de colocar cebolas extras e mostarda para mim.
— Eu vou querer o mesmo.— Jo pegou uma cadeira de uma das mesas.
Quando Rider começou a empurrar Mag para a mesa, ela parou as
rodas de girar.
— Eu quero me sentar no bar.— Ela girou obstinadamente a cadeira de
rodas para trás.
— Ok.— Rider pacientemente empurrou a cadeira para o bar, onde a
maioria dos bancos já estavam ocupados.
Manobra-o entre dois bancos que estavam vazios, ele parou, olhando
para baixo para ver o que Mag faria a seguir.
— O que você está esperando? Ajude-me— exigiu impiedosamente.
— Mag, talvez você ficasse mais à vontade na mesa— Jo tentou
dissuadir Mag de sentar no bar, olhando preocupada para o banquinho alto.
— Se você quer se sentar em uma mesa, vá em frente, mas eu quero
sentar aqui.
— Eu não a culpo. Eu também gosto de sentar no bar.— Levando a
frágil mulher da cadeira, Rider a colocou no banco. Dobrando a cadeira, ele
então encaixou-a entre dois banquinhos. — Você senta no banco ao lado
dela— disse ele a Jo.
— Onde você vai se sentar?
— Carter não se importa de me ceder seu assento, não é?— Rider
colocou a mão no ombro de Carter, olhando para ele com o brilho ameaçador
em seus olhos que ele tinha aperfeiçoado no comando militar.
— Não, sem problema. — O zelador da escola, de meia
idade, imediatamente saiu do banquinho, pegou sua caneca de cerveja e se
mudou para a mesa que Mag tinha desprezado.
— Isso não foi legal.— Jo virou-se de observar Mag para ele, então deu
a Carter um olhar de simpatia. — Mick, coloque as despesas de Carter na
minha conta. Eu vou querer o mesmo que Mag e Jo para comer.— Avaliando
se ela ainda estava irritada por pedir a Carter que saísse, Rider esperou que ela
lhe desse outra reprimenda. Em vez disso, Jo deslizou os amendoins do bar em
direção a Mag, dizendo: — Obrigada, Mick.
— Eu vou colocá-los na grelha.— Mick deu-lhes uma cerveja antes de
voltar para a grelha.
Rider tomou um gole de sua cerveja, ouviu a música alta. A cerveja
ainda estava pairando em sua boca quando ele viu Curt Dawkins em uma
mesa grande do outro lado do bar. Curt também olhou para ele. Usando sua
garrafa de cerveja, Rider retribuiu o gesto de Curt quando seus amigos se
viraram para ver a quem Curt cumprimentava.
Maldito inferno. Rider esperava que Curt não fizesse um movimento
para abordá-los. Isso era tudo o que ele precisava para que seu primeiro
encontro com Jo se tornasse o fogo na lixeira que Jewell tinha ateado ao não
lhe passar o recado que Jo havia deixado.
Quando Curt permaneceu sentado, Rider agradeceu em silêncio ao
homem no andar de cima.
— Como está indo a restauração do seu carro?
— Carl não me disse nada ainda. Seus textos são poucos e distantes. Eu
ficaria preocupado, mas Train disse que foi assim que ele agiu quando estava
restaurando o carro de Killyama.
— E Train já deu a ela?
— Não, ele está esperando o Natal.
— É um bom presente. Tenho certeza de que ela vai adorar.— Jo tentou
pegar alguns amendoins do bar. Recebendo um olhar feio de Mag, ela afastou
a mão.
— Ela deveria ter se juntado aos militares— brincou Rider, pegando
uma tigela perto dele e movendo-a para seu alcance.
— Obrigada.
Pegando um punhado de amendoins para ele e colocando-os na boca,
ele os mastigou calmamente enquanto esperavam por seus hambúrgueres.
— Quando é seu encontro com Aly?
Sua pergunta o fez desejar não ter comido os amendoins quando eles
trancaram em sua garganta.
— Domingo.
— Você e Aly vão combinar. Nenhum de vocês deixa a grama crescer
sob seus pés.
— Essa é a única coisa que temos em comum. Toda vez que a vejo, ela
está falando de roupas ou sapatos.
— Quando ela falou com você sobre roupas e sapatos? Aly saiu de
Treepoint há tanto tempo que nem percebi que ela havia retomado suas velhas
amizades.
Rider sentiu como se tivesse entrado em um campo minado encoberto.
— Algumas das mulheres do clube compram na loja em que ela
trabalha.
— Foi assim que ela conheceu você?
Rider tomou um longo gole de sua cerveja, desejando que Mick se
apressasse com a comida. No entanto, quando viu Mick virar os hambúrgueres
na grelha, ele sabia que não seria capaz de usar isso como uma desculpa para
não responder à pergunta.
— Moon me apresentou quando ela veio ao clube.— Rider firmou a
tigela quando ela quase virou.
— Aly está participando das festas dos Last Riders?
— Eu não diria que ela esteja participando das festas, mas ela já esteve
lá.— Ele estava quebrando uma regra sobre não discutir as idas e vindas
daqueles que passam pelas portas do clube. Então, novamente, uma coisa que
ele aprendeu com os relacionamentos dos outros irmãos era que os segredos
inevitavelmente eram descobertos. Ele já estava em uma sinuca de bico pela
opinião de Jo sobre ele. Se eles tivessem um relacionamento no futuro, Rider
queria que todas as suas bases fossem cobertas.
— Sobre o que vocês dois estão sussurrando?— Gritou Mag do outro
lado de Jo.
— Estamos falando sobre se devemos deixar você comer aquele
hambúrguer com tantas cebolas nele.— Jo sorriu para Mick enquanto ele
colocava a cesta de comida na frente deles.
Mag bufou, pegando a mostarda. — Isso não foi o que pareceu para
mim.
— Você estava espionando?— Rider deixou de lado o ‘cadela velha’
que ele queria adicionar à sua frase.
— Todo mundo acha que sou surda ou senil. Eu tenho um par perfeito
de ouvidos na minha cabeça. Você estava falando sobre as festas dos Last
Riders. Tentei fazer Cash e Rachel me levar algumas vezes, mas eles disseram
que seria muito extenuante para mim. Como se fosse preciso energia para
sentar meu traseiro na minha cadeira de rodas.
Rider perdeu o apetite quando ela bufou na cerveja dela. Seu encontro
estava indo de mal a pior. Ele tinha que continuar lembrando-se de como Jo
parecia e cheirava na noite anterior, sem o machado de batalha15 sentado ao
lado dela.
— Da próxima vez que me disserem não, eu vou ligar para você,
Rider— o machado de batalha exigiu com um olhar dominador.
— Faça isso. — Rider não atenderia a nenhuma chamada proveniente
de Mag em uma noite de sexta-feira, ou qualquer outra noite da semana.
Ele tinha que parabenizar Cash por não dar ao Grim Reaper16 uma mão
amiga na morte da velha cadela.
— Onde estão os nossos hambúrgueres, Mick? Nós pedimos o nosso
antes deles.
A voz por trás deles fez seu encontro ir de um incêndio na lixeira para
um inferno furioso enquanto Jo largava seu hambúrguer na cesta de plástico.
Curt acomodou os braços sobre os ombros dele e Jo enquanto se
espremia entre seus banquinhos.
— Preciso vir e sentar com eles para ser servido?

15
Uma mulher mais férrea e desagradável com opiniões fortes, refere-se a Mag.
16
Anjo da Morte, Ceifador.
Seu tom depreciativo fez Mag girar em seu banquinho. Ela acenou com
a mão cheia de veias roxas em seu rosto enquanto seus olhos se fixaram
nele. — Vá embora, ajudante de Satanás, antes que eu peça a Mick para me
alcançar aquela espingarda que ele guarda sob o balcão e lhe dê um bilhete de
volta para onde você foi gerado.
CAPÍTULO 15

— Você é o corvo velho, você não é forte o suficiente para pegar esse
hambúrguer, muito menos aquela espingarda.— Curt olhou a mulher como se
ele não tivesse levado Mag a sério.
— Tente-me, seu merdinha. Eu vou envolver o cano daquela
espingarda em torno do seu pa...
— Calma, Mag. Lembre-se de sua pressão arterial.— Jo se afastou do
braço de Curt, usando o cotovelo para atingi-lo nas costelas.
— Volte para o seu lugar.— Mick se inclinou sobre o bar para pegar o
braço de Mag quando sua mão chegou perigosamente perto de bater em
Curt. — Você pediu seus hambúrgueres bem passados. Eles estarão prontos
em um minuto.
— Se eu soubesse que levaria tanto tempo, eu teria pedido mal passado.
— Gosta do sabor dos alimentos queimados, hein? Você vai ter muito
quando chegar ao inferno, filho de Satanás!
— Se você continuar abrindo essa sua matraca, quando você finalmente
morrer, eu serei o primeiro a mijar em seu túmulo.
— Eu não tenho que me preocupar com isso, você não poderá encontrar
minha lápide. Você precisaria saber ler para fazer isso.
Jo usou o cotovelo para acertar Curt novamente.
— Apenas vá, Curt.
Curt não deixaria ninguém interromper sua discussão com Mag.
— Sua bruxa hipócrita, eu posso ler melhor do que você! Até que série
você estudou antes de abandonar? Quinta? Eu fiz faculdade, e sou esperto o
suficiente para saber que você comprou a casa em que você está vivendo
vendendo bebidas alcoólicas e essa sua boceta fedida.
Jo estava procurando por sua garrafa de cerveja para bater no homem
que odiava mais do que qualquer outra pessoa no mundo, mas antes que
pudesse, Rider ficou de pé, e Mick contornou o balcão.
— Curt, Cash não vai ficar feliz, você está falando mal da sua avó. Veja
aonde pisa antes que você não consiga remover seu pé da sua bunda, onde
Cash vai enfiá-lo quando ele descobrir.
O valentão assustador subiu as calças até a barriga flácida. — Eu e Cash
somos amigos.
— Cash e eu somos amigos, e eu sei muito bem que não devo
tratar Mag assim.
— Você e eu somos duas chaleiras diferentes de peixe17. Eu não precisei
pagar pela companhia de Jo. Ela me deu de graça.
Fúria a cegou. A raiva que ela nunca acreditou ser capaz de sentir, a fez
usar as unhas para arrancar o sorriso presunçoso de seu rosto feio. Suas unhas
só encontraram ar, no entanto, visto que Rider já tinha usado a camiseta de
Curt para puxá-lo em direção a ele.
Quando ele o jogou sobre o balcão, Jo ficou assustada enquanto Curt
caía do outro lado.
— Rider, eu vou lidar com isso.— Mick tentou parar um Rider
friamente furioso que ela nunca tinha visto antes. O Rider sexy de ontem à
noite, e o encantador que costumava flertar casualmente com ela como um
colegial, foram substituídos por um motoqueiro vingativo que não precisava
do colete do clube para incutir medo.
Jo ficou na ponta dos pés para olhar sobre o bar, vendo Curt encarando
o teto atordoado. Justin e Tanner apareceram também para olhar.
O riso de Mag só piorou a situação.

17
Ser completamente diferente de algo ou alguém.
Rachel e Cash iriam matá-la se alguma coisa acontecesse com a mulher
enquanto ela estava cuidando dela. Não havia como Rider ser capaz de lutar
contra três homens.
Sua mão procurou seu rádio para que Knox viesse para o bar, mas antes
que ela pudesse pressionar o botão, Rider e Mick foram para trás do balcão.
Rider puxou bruscamente Curt o colocando de pé, prendendo seu braço
atrás das costas e quase plantando seu rosto corado contra a grelha quente.
Quando Justin e Tanner tentaram contornar o balcão, Mick levantou
sua espingarda que estava escondida. O som do rifle sendo engatilhado parou
os primos de Curt abruptamente.
— Calma, meninos. Isto é entre Rider e Curt. Ele não precisa de sua
ajuda.
— Shh... — Jo tentou, sem sucesso, fazer Mag parar de rir.
— Esse garoto tem mais bolas do que eu lhe dei crédito— ela falou.
— Mag, por favor... você está piorando as coisas.— Jo tentou
novamente calar a mulher.
— Como eu estou piorando?— Mag deu-lhe um sorriso alegre. — Vá
em frente e frite esse filho da puta, Rider. Eu gosto da minha carne parecendo
levemente rosada.
— Voltem para a mesa, Tanner e Justin. Curt não precisa de ajuda, não
é?— Rider friamente manteve sua presa sobre os hambúrgueres chiando
debaixo do seu nariz, baixando o rosto de Curt mais um centímetro em direção
à grelha, enquanto alguns fios soltos de seu cabelo enrolaram com o calor.
— Sentem-se!— Curt gritou quando Rider torceu ainda mais o braço
em suas costas.
Os dois homens voltaram relutantemente para a mesa. O resto do bar
observou, mas não fez nenhum movimento para parar ou interferir.
Eles não eram os únicos com medo de interferir. Ela também estava.
Além de jogar Curt sobre o balcão e segurar o homem sobre a grelha, Rider
não demonstrou nenhuma raiva. Ela tinha ouvido falar de assassinos de
sangue frio, mas nunca esperara encontrar um.
O homem bonito e descontraído que ela via circulando pela cidade com
mulheres, rindo, muitas vezes agindo como um palhaço quando seus amigos
estavam perto, não é o homem assustador que ela está vendo agora, prestes a
mutilar um homem sem deixar a gordura respingar na sua camisa.
— Mick vai preparar sua comida para viagem, que eu vou pagar para
você e seus familiares. Você vai sair sem mais uma palavra para nenhuma
dessas mulheres. Você me entendeu?— Rider sem emoção esperou por sua
resposta.
— Sim— Curt sufocou.
Rider soltou o braço de Curt, permitindo que ele levantasse.
Jo leu o ódio no rosto de Curt por sua humilhação, e a expressão
inflexível de Rider. Embora Rider não tivesse nenhuma expressão visível, seu
corpo estava tenso e pronto para qualquer movimento que Curt pudesse fazer.
Curt foi o primeiro a afastar o olhar.
— Eu perdi a cabeça. Sinto muito.— Jo não acreditou em suas
desculpas por um segundo, e nem Rider.
— Isso não foi a única coisa que você perdeu. Mande Tanner pegar seu
cheque de pagamento na segunda-feira. Você está demitido.
— Você não pode me demitir. Jewell é a gerente. O que eu faço nas
horas de folga não é motivo para me demitir. Sou um bom trabalhador. Vou
processá-los.
— Jewell pode ser a gerente, mas eu sou um dos proprietários, e eu
digo que você está demitido. Você quer processar, vá em frente. Você não vai
ganhar. Leia o seu contrato. Nas letras miúdas, você verá que os Last Riders
têm o direito de encerrar seu contrato a qualquer momento. Vou limpar o seu
armário e entregar o conteúdo a Tanner quando ele pegar seu cheque de
pagamento.
Empurrando Rider de lado para contornar o balcão, Curt ameaçou: —
Você vai me ligar na terça-feira se desculpando, e voltarei ao trabalho até
quarta-feira. Ninguém me trata desse jeito e sai impune, ninguém.— Com o
balcão como escudo entre eles, a bravura de Curt voltou.
— Mick, arrume sua comida para levar. Eles estão indo.
— Eu não quero a porra da comida. É uma porcaria, de qualquer
maneira. Tanner, Justin, vamos. Vamos comer no restaurante. Você vai me
ligar, Rider, você verá.
— Eu não vou.
Jo sentou-se bruscamente em seu banquinho enquanto Rider sentava no
dele, e os capachos de Curt seguiam atrás dele, um de cada lado, enquanto se
moviam em direção à porta.
— Deixe a porta bater na sua bunda na saída!— Mag cacarejou.
— Sua cadela com cara de ameixa, você vai receber o que merece
também!— Curt grunhiu, esquivando-se quando uma garrafa de cerveja voou
pelo ar, quebrando contra a parede a uma polegada de sua cabeça.
Jo agarrou em sua garrafa de cerveja quando Mag ameaçou jogar a dela
também.
Os três primos partiram correndo quando Rider se levantou com o
insulto de Curt. Jo agarrou a parte de trás de seu cinto, puxando-o para o
banco enquanto empurrava o hambúrguer de Mag para ela.
— Comam vocês dois. Esqueçam-nos.— Seus dedos tremiam quando
ela se forçou a dar uma mordida no hambúrguer frio.
Mick tirou os hambúrgueres da grelha, jogando a carne carbonizada no
lixo antes de parar na frente deles.
— Ele quis dizer aquilo, Rider. Curt é um filho de puta vingativo.
— Não estou preocupado com Curt.
— Você deve estar— Jo concordou com a opinião de Mick sobre a falta
de preocupação de Rider. — Quando eu não lhe reboquei há poucos dias, ele
mandou seus primos jogar ovos na minha casa.
Rider virou a cabeça bruscamente para olhar para ela. — Por que você
não apresentou uma queixa a Knox?
— Acreditar nisso e provar isso são duas coisas diferentes.
— Na próxima vez que algo assim acontecer, eu quero saber. É assim
que Curt sai impune, porque ninguém presta queixa na polícia.
Jo abriu o saco de batatas fritas que acompanhava seu hambúrguer.
— Sério?— Ela ergueu uma sobrancelha sardônica para ele. — Eu
prestei queixa sobre ele e seus amigos terem me estuprado quando voltei para
a cidade. Nada foi feito. Eu prestei queixa quando ele me jogou para fora da
estrada e bateu no meu carro. Nada foi feito. Eu prestei queixa quando minha
casa foi arrombada três vezes e quando Curt pendurou minhas calcinhas em
seu espelho retrovisor. Você quer saber o que foi feito sobre isso?— Jo
perguntou retoricamente, não lhe dando tempo para responder. —
Nada. Toda vez que eu tento prestar queixas contra Curt, um de seus primos
que trabalha para a polícia estadual ou outro que trabalha no tribunal pára a
investigação.
— Dê-me mais uma cerveja, Mick.— O apetite de Mag não foi afetado
pelo comportamento de Curt ou pela explosão de raiva de Jo. — Eu disse que
lhe emprestaria minha arma. Uma bala é tudo o que seria preciso. Aquele
pastel é recheado com tanta merda que levaria uma semana para que o fedor
se dissipasse.
— Eu não quero matá-lo. Eu o quero atrás das grades onde ele merece
estar.
— Por que você não me disse que sua casa foi arrombada três vezes?
Jo notou que Mick estava magoado porque ela não havia confiado nele.
— Você já se preocupa comigo o suficiente. Acabei de instalar
câmeras. Se o fizerem novamente, terei uma gravação para provar isso.
— Você não tem as imagens deles jogando ovos na sua casa?— Rider
empurrou a comida para longe.
— Não, eu só tinha dinheiro suficiente para comprar câmeras
internas. Eles não tinham feito nada no exterior antes. Eu acho que eles
estavam preocupados que um cliente passasse pelo ferro velho e os visse. Curt
deve ter ficado tão louco quando eu recusei rebocá-lo que sua raiva o venceu, e
ele não se importou que seus primos fossem pegos.
— Ele está avançando, achando que é intocável. Na parte da manhã,
Train e eu iremos até lá instalar um novo sistema de segurança.
— Não, obrigada. Vou comprar as câmeras quando receber.— Jo
rapidamente recusou sua oferta.
— Eu não estava oferecendo— declarou Rider com firmeza. — Você
quer Curt atrás das grades, essa é a maneira de fazê-lo. Eu vou conectá-la a
Knox, então ele verá e despachará um carro antes de você ter que ligar.
Jo mordeu o lábio inferior. Ela realmente não queria que Knox fosse
capaz de ver as idas e vindas em seu ferro velho, mas tornaria mais fácil pegar
Curt e seus primos.
— Se isso acontecer novamente, eu vou avisá-lo, e então você pode
instalar seu sistema de segurança. Eu posso estar exagerando sobre
isso. Podem ter sido alguns adolescentes se divertindo.
Rider não estava feliz com a decisão dela. Ela podia ver que ele
continuaria insistindo, a menos que ela o distraísse.
— Você vai me convidar para dançar, ou vamos ficar sentados a noite
toda?— Saindo do banquinho, Jo ofereceu cautelosamente sua mão.
Ela não tinha vontade de oferecer sua mão a um homem desde que foi
estuprada, muito preocupada que eles entendessem mal e tomassem isso como
uma abertura que ela não queria dar. Ela era inteligente o suficiente para saber
que nem todos os homens eram como Curt. Ela simplesmente não estava
disposta a correr o risco de que fossem.
Rider olhou para a mão dela, de alguma forma sentindo que ela não
fazia isso muitas vezes. A expressão inflexível que tinha estado em seu rosto
desde que Curt apareceu atrás deles clareou, retornando aquela que ela estava
mais familiarizada.
— Você gosta de dançar?
Seus dedos apertaram os dela quando Carter tropeçou em direção ao
bar e quase esbarrou neles. Ajudando-a a se esquivar, Rider a moveu com
segurança para longe.
Olhando para o chão, sentiu-se segura pela primeira vez em muitos
anos, ela tinha até perdido a conta. Parecia que o medo e o terror a seguiam
como uma sombra escura, aguardando por uma oportunidade de atacar
quando ela menos esperasse.
— Eu gosto, mas eu tenho medo de não ser muito boa nisso— , ela
confessou, deixando cair a mão e se virando para a pequena área aberta que
Mick transformou em uma pista de dança.
— Você foi muito bem a noite passada quando dancei com você.
— Isso é porque foi uma dança lenta.— A música que explodia nos alto
falantes antigos pendurados nas paredes era qualquer coisa menos lenta. Não
sabendo o que fazer, ela simplesmente mudou seu peso de uma perna para a
outra.
— Mick, toque uma música lenta!
Ela deu a Rider um olhar sujo pelo grito que fez todos os homens
olharem para eles.
— Onde está seu senso de aventura? Você poderia ter me ensinado
alguns movimentos.
O pecado estava em seus olhos e em seu sorriso quando ele tomou suas
mãos e a aproximou de seu corpo. Seus mamilos endureceram quando ela se
viu grudada contra o peito de Rider.
Liberando uma de suas mãos, ele a levou até sua bunda enquanto
separava as pernas até que ela estivesse montada ao longo da coxa encaixada
entre as dela.
— Isso é aventureiro o suficiente para você?— Ele zombou, observando
sua reação.
— Você está zombando de mim?— Jo franziu seu rosto em uma
máscara cheia de dor.
Rider perdeu a graça, afastando-se e tirando as mãos dela.
Jo caiu na gargalhada. — Otário. Eu estava apenas brincando.— Ela
deu o passo que ele colocou entre os dois, colocando as mãos em seu peito e
certificando-se de se dar espaço para respirar, para que pudesse restaurar seus
hormônios furiosos a um nível gerenciável. Um que não a enlouquecesse.
— Porra, nunca esperei que você tivesse senso de humor.— Ele a
moveu lentamente pela pista de dança, mantendo a distância que ela havia
iniciado.
— Eu acho que nós dois temos coisas para aprender sobre o outro.—
Ela acenou maliciosamente para Mag quando a viu. — Você deveria pedir que
ela dançasse. Ela adoraria.
— Essa é outra tentativa de piada?— Ele parou de se mover, olhando
para ela com desconfiança.
— Não. Vamos. Isso completaria sua noite. — , ela pediu.
Ele parecia estar considerando por um segundo, fazendo-a pensar que
ele era um cara muito legal e que ela o subestimou.
— Não.
— Vamos, seja corajoso.
— Eu tenho medo dela.
— Ela nunca o machucaria. Ela é só conversa.
— É disso que eu tenho medo. Tenho medo de que a boca dela me faça
querer torcer seu pescoço.
— Isso não é legal.
— É o que é.
Quando uma nova música começou, Jo tentou retornar ao bar, mas
Rider não a soltou, ainda dançando.
— Vou fazer um acordo com você. Eu vou até lhe dar duas opções,
porque eu sou um cara muito legal.— Jo continuou a dançar com ele, curiosa
sobre o acordo que ele iria oferecer.
— Vou dançar com Mag. Vou até vou garantir que ela seja convidada
para uma festa dos Last Riders... se você sair comigo em outro encontro.
— Qual a outra opção?— Jo perguntou cautelosa. Quando Rider queria
algo, ele poderia ser tão encantador quanto um encantador de serpentes. No
entanto, ela teve que dar-lhe a mesma consideração que ele tinha dado a ela
quando pediu-lhe para dançar com Mag.
Seu sorriso fácil mostrou seus dentes uniformes e brancos. — Você
pode me dar um beijo de boa noite depois de eu ajudá-la a levar Mag para
dentro da sua cabana.
— Eu não gostei muito de nenhuma dessas opções.
— Então eu acho que Mag não dançará.
Jo olhou para onde Mag estava falando com Mick no bar. Ela não tinha
visto a mulher tão feliz desde que Jo era pequena e Mag estava espantando
bêbados com uma vassoura.
— Eu vou sair com você novamente— ela cedeu. Seria um presente
para Rachel e Cash, também. A mulher deixaria de gemer por estar pronta
para morrer, pelo menos até depois de ter ido a uma das festas dos Last
Riders.
— Você ainda está brincando?
— Não, é sério. Eu irei sair com você novamente.
Seu sorriso desapareceu em sua capitulação. — Eu deveria ter
esclarecido melhor antes de você concordar. Não estou dançando uma música
lenta com ela.
Era sua vez de sorrir. — Eu não esperaria que você estivesse. Ela ficará
feliz com uma rápida.
— Legal. Estamos na mesma página. Você tem certeza que não ficará
com ciúmes?— Ele provocou.
— Eu não acho que tenho nada para me preocupar. Mag não usa
perfume. Ela usa Bengay18.

18
Bengay , soletrado Ben-Gay antes de 1995, é um esfregaço de analgésicos usado para aliviar temporariamente
dor muscular e articular associada a artrite, hematomas, dores nas costas simples, entorses e estirpes.
CAPÍTULO 16

— Boa noite, Mag.


Rider estava de fora da porta do quarto, ouvindo Jo e Mag depois que
ele se desculpou para voltar ao caminhão de Cash para buscar a cadeira de
rodas.
— Você tem certeza de que não quer que eu fique na sala de estar até
Rider partir?
— Não, eu quero você segura e confortável em sua cama enquanto eu o
levo para casa. Eu vou levá-lo assim que sair pela sua porta, então você não
precisa se preocupar.
Rider podia ouvir seu bufo sarcástico do outro lado da porta.
— Esse bastardo só precisa de um segundo para entrar em sua
calcinha. Como você acha que Cash pegou Rachel? É como meu marido me
pegou, Deus tenha sua alma. Não subestime aquele maldito filho de puta.
Rider quase levou a mão à maçaneta da porta, querendo estrangular a
cadela. Ela o estava xingando depois de passar por cima dos seus dedos dos
pés com sua cadeira de rodas várias vezes quando estava dançando com ela, e
ele suspeitava que uma hérnia estivesse se formando dentro dele por carregá-
la a maior parte da noite. O mínimo que Mag poderia fazer era falar bem sobre
ele.
— Rider é parente de Cash e do seu marido?
— Não.
— Então eu estarei bem.
Rider ouviu os sons da cama rangendo e Jo se movendo pelo
quarto. Quando viu a maçaneta girando, ele correu para a sala de estar,
conseguindo afundar no sofá quando a porta do quarto se abriu.
— Estou indo. Estou apenas colocando a cadeira de rodas onde Mag
pode alcançá-la— gritou Jo.
— Tome seu tempo— retrucou Rider. — Eu não tenho pressa.— Ele
sabia que isso provocaria a velha bruxa novamente.
Quando a porta voltou a fechar, ele sabia que estava certo. Tentado a
espionar novamente, Rider controlou-se, com muito medo de não poder se
conter de dar a Mag as respostas às suas orações.
— Desculpe-me, por ter demorado tanto. Vou levá-lo para casa.
Rider levantou-se do sofá, vendo a pitada sutil de medo espreitando
seus olhos.
Dando espaço para que ele não esbarrasse contra ela, Rider se virou
para o outro lado do sofá. Fazia muito tempo desde que ele tinha sido um
cavalheiro, mas ainda se lembrava de como ser um.
Indo para a porta, ele a abriu, educadamente esperando até que ela
passasse antes de sair. Ele também abriu a porta do motorista para ela antes de
ir para o outro lado e entrar.
— Está frio esta noite.— Ele começou a conversa para relaxá-la. Com
Mag e Mick tão perto dela no bar, ela relaxou, rindo e brincando enquanto
girava a cadeira de rodas de Mag pela pista de dança. Agora, a menos que ele
pudesse fazê-la relaxar ao redor dele quando estivessem sozinhos, ele não teria
chance com ela.
Jo pode ter descartado os comentários de Mag, mas, no fundo, só
fortaleceu suas reservas sobre ele.
— Se você precisar de companhia nas noites em que você trabalha, me
mande um texto. Eu tenho insônia à noite, e isso me daria alguém para
conversar em vez de falar comigo mesmo.— Ele se inclinou confortavelmente
contra o assento, virando-se para o lado onde poderia estudá-la.
Jo enviou-lhe um olhar penetrante ao fazer a curva na estrada que
levava à sede dos Last Riders.
— Você tem insônia?
Rider sabia, por experiência própria, que, para baixar a guarda de outra
pessoa, você precisava revelar algo sobre você, e ao mesmo tempo reter a
verdade completa.
— Muitos militares homens e mulheres têm.
— Rachel disse que você e Cash serviram juntos na Marinha.
— Eu servi com todos os membros originais dos Last Riders.
— Os membros originais?
— Você conhece todos eles. Viper, Cash, Razer, Knox, Lucky e Train.
Ele não mencionou Gavin. Até agora, ele não tinha sido visto na cidade.
Rider não sabia o quanto Rachel tinha dito a Jo sobre os Last Riders,
então ele ficou com o meio termo. Isso o manteria fora de problemas com
Viper, enquanto daria informações sobre o clube que corresponderiam ao que
Rachel lhe dissera.
— Claro que, Knox não é mais um membro.
— É claro— Jo imitou sua resposta, mas Rider poderia dizer que ela não
acreditava nas fofocas que os Last Riders espalharam por Treepoint.
— Como segunda-feira soa para o nosso segundo encontro?— Ele
perguntou quando o caminhão fez a curva para a sede do clube.
— Quarta-feira parece melhor. Você tem um encontro com Aly amanhã
à noite, e você sempre sai com Carly nas noites de segunda-feira. As terças são
reservadas para Claire. Eu não gostaria de pisar nos calos dela. Ela é a única
caixa no posto de gasolina que eu gosto. Ela me permite encher minha térmica
de graça.
— Você não se importa de pisar nos calos de Kelly?
— Não, eu não vou à joalheria o suficiente para me preocupar com
isso. Eu vou ter que aguentar as pontas quando encontrá-la na igreja, mas ela
vai superar isso na próxima semana.
— Viver em Treepoint tem suas desvantagens.— Ele não fez um
movimento para sair do caminhão quando Jo parou no final dos degraus que
levavam à sede do clube.
— Às vezes, mas eu amo o quão perto todo mundo está. As famílias da
minha mãe e do meu pai moraram aqui toda a vida. Eu sou a única que resta
agora. Isso me deixa triste porque, quando eu morrer, não restará nenhum
Turner.
— Você ainda é jovem o suficiente para não ter essa preocupação .
Rider podia ver sua tristeza enquanto olhava o pára-brisa.
— Não é que minha família seja pouco fértil, mas eles se casaram muito
jovens.
— Está muito frio e escuro para ter esses pensamentos deprimentes.—
Rider queria estender a mão e tocar sua bochecha, mas sabia que seria
rejeitado.
Jo deu uma risada nervosa. — Você está certo, é mesmo. Obrigada por
dançar com Mag. Ela não disse nada, mas eu sei que ela apreciou isso.
Rider duvidou. Certamente, não impediu a bruxa de falar mal dele.
— Eu não fiz isso por Mag. Eu fiz isso por você. Você é linda quando
você sorri.
Ele esperava que ela risse do seu elogio. Em vez disso, ela fez algo
completamente diferente que puxou as cordas do seu coração.
— Rachel e Cash me disseram que você estava brincando sobre perder a
chance de comprar o doce de Willa durante o leilão porque você gastou todo
seu dinheiro no encontro comigo.— Ela abriu o porta-luvas e tirou um
pequeno recipiente, entregando-o para ele. — Eu pedi que Willa me fizesse um
pouco esta manhã.
Rider pegou o recipiente, chocado com o presente simples. — Espero
que você não tenha pago o mesmo que Moon pagou por isso.
— Não, nós fizemos uma troca. Vou arar o estacionamento da igreja na
próxima tempestade de neve.
— Como se você não fizesse isso de qualquer maneira. Você tem um
coração bom, Jo.— Para evitar perder o terreno que ele ganhou com ela, ele
saiu do caminhão, levando o doce. — Eu vou ver você segunda-feira. Eu não
vejo mais Carly.
A luz do interior do caminhão destacou sua reação surpresa.
— Por que não?
— Várias razões.
— Alguma delas tem a ver com a maneira como ela falou com Jewell
durante o leilão?
— Jewell não traz histórias.
— Ela também não deve dar recados. Boa noite, Rider.
Rider queria praguejar em vez de fechar a porta, mas não o
fez. Afastando-se do caminhão, ele amaldiçoou sob sua respiração enquanto
observava Jo se afastar.
Chegar perto de Jo era como se aproximar de um poço de lava. Você
nunca sabia quando uma faísca o queimaria. Sua alfinetada lembrou-lhe que
precisava conversar com Jewell, mas ele tinha alguém com quem precisava
conversar primeiro. Vendo que as luzes de Viper ainda estavam acesas, Rider
atravessou o estacionamento. Ele subiu a escada da casa de Viper e Winter e
bateu na porta. Demorou alguns minutos antes que a porta fosse aberta e
Viper o deixasse entrar.
— Você tem um segundo para conversar?— Ele manteve a voz baixa,
não querendo incomodar Winter e sua filha.
— Não pode esperar até amanhã?
— Prefiro resolver isso esta noite.
Viper acenou com a cabeça, fechando a porta atrás deles e conduzindo-
o para a sala de estar.
— Está tudo bem com você?—
— Eu demiti Curt hoje à noite.
— Porquê?
— Ele desrespeitou a mulher com quem eu estava.
O rosto de Viper endureceu com a breve explicação de Rider. — Essa
mulher é Jo?
— Não importa quem era. Ela estava comigo. Curt foi longe
demais. Estou cansado pra caralho de esperar para descobrir uma cagada
dele. Eu cuidarei dele sozinho.
— Uma das razões pelas quais estamos esperando é porque Jo vai
querer saber o que aconteceu com ele, se desaparecer de repente.
— Ela ficará feliz por ele sumir. Por que você ou Knox não me disseram
e aos outros irmãos que ele entrou em sua casa?
— Nós dissemos. Você deveria estar com sua cabeça em outra coisa e
não estava prestando atenção.
— Bem, agora eu estou. Essa merda vai parar.
— Porquê?
— Não importa. Se eu lidar com Curt, ele sai do seu caminho e do de Jo.
Viper plantou os pés numa posição firme, cruzando os braços. — E
como você vai conseguir isso? Não podemos ter mais desaparecimentos
conectados a nós, depois que eliminamos Crash e Candi.
— Os Last Riders não foram responsável pelo desaparecimento de
Candi.
— Qualquer um que procure por ela encontrará a conexão entre os Last
Riders e os Destructors.
Rider empurrou as mãos nos bolsos da jaqueta. — Eu nunca usei minha
posição como um dos proprietários para tentar influenciar em nada. Eu estive
satisfeito em deixar você e Shade controlarem as coisas, mas Curt fez seu
último centavo trabalhando para nós.
Viper ficou rígido. — Mais alguma coisa que você queira mudar?
— Não. Eu estou muito satisfeito sobre todo o resto.— O fogo que
crepitava na lareira o fez buscar o calor. Olhando para dentro das brasas
incandescentes da madeira, ele pensou em casa.
— Você nunca teve um problema deixando-me assumir a
liderança. Porquê agora?
— Não estamos indo a lugar algum se esperarmos que Curt
escorregue. Ele não derramará nenhum segredo sobre seus casos com as
meninas menores de idade. Ninguém da sua família ou amigos tão pouco. Eles
têm muito medo dele.— Seu olhar permaneceu sobre as brasas, sua mente
longe em outro estado e lugar.
— Você irá para casa no próximo mês nas suas férias, e nós ficaremos
presos com as consequências da demissão de Curt. Ele não vai aceitar isso sem
retaliação.
— Espero que haja. Não vou tirar minhas férias. Se houver retaliação,
estarei pronto para isso.
— Você não vai para casa?
— Não. O que temos feito não está funcionando. Talvez isso abale Curt
o suficiente para que ele cometa um erro.
— Eu não construiria castelos em esperanças e orações. Sendo claro, eu
não esperaria que Curt desse a Knox algo para acusá-lo.
— Talvez.— Sua jaqueta de couro esticou quando ele encolheu os
ombros. — Mas eu sou a única esperança que Jo tem de conseguir justiça.
— Todos queremos ver Curt pagar. Ele transformou sua esposa em um
zumbi ambulante com os medicamentos que tem dado a ela. Nenhuma das
estudantes que se formaram está dizendo uma palavra, apesar dos apelos de
Winter. Curt acha que é intocável, e as conexões de sua família estão provando
ele está certo.
— Um fato sobre as pessoas que pensam serem invencíveis é que eles
sempre têm uma falha fatal. Você quer saber o que é?
Rider podia ouvir o sorriso na voz de Viper quando ele respondeu: —
Você.
CAPÍTULO 17

O caminhão de reboque carregava a neve escorregadia enquanto Jo


seguia pela estrada. Girando o volante, ela virou para outra estrada de terra
que era pouco visível, as árvores baixas raspando o teto do
caminhão. Ninguém na cidade vinha nessa direção, a menos que estivessem
caçando ou procurando um local para cultivar maconha.
— Maldição— Jo jurou em voz alta quando um arbusto enorme raspou
a tinta na lateral de seu caminhão.
Meio quilometro mais à frente, a estrada se abriu em uma
clareira. Parando o caminhão, ela esperou o sol do final da tarde se
transformar em anoitecer. Ela deveria ter ido para casa trocar seu macacão
antes de vir para a reunião agendada.
Rachel e Cash voltaram para casa tarde, pedindo desculpas pelo atraso
ao dizer que passaram muito tempo conversando com Tate e Sutton quando
foram pegar Ema. Jo aceitou suas desculpas, não querendo perder a reunião.
Sentindo-se mal-humorada porque ela poderia ter ido para casa se
trocar, ela estava prestes a pegar seu telefone para enviar um texto quando viu
faróis pelo espelho retrovisor.
O carro azul contornou seu caminhão, o motorista estacionando ao lado
dela.
Baixando sua janela, esperou que a mulher no carro fizesse o mesmo.
— Eu estava prestes a sair. Você deveria estar aqui há vinte minutos,—
Jo despejou, olhando para o relógio confirmando o atraso.
— Willa entrou na loja enquanto eu estava fechando meu caixa. Ela
queria me dar conselhos sobre o que eu deveria e não deveria fazer quando
sair com Rider esta noite.— Aly revirou os olhos para o céu.
— Eu acho que se atrasar para o seu encontro não foi um deles.— Jo
recostou no assento, apoiando o braço na porta.
— Foi estranho como o inferno. Eu sei sem dúvida que o conselho que
ela deu irritaria Rider, como se eu não o notasse andando por aí. Se eu não
tivesse escutado os Last Riders tentando ligar você a ele, eu teria caído nessa.
Uma parte de mim se decepcionou com Willa, sendo ela uma cristã e tudo.
Os lábios de Jo apertaram com o sarcasmo de Aly.
— Willa é uma cristã. Você deveria sair do seu sofá um dia desses. Você
a veria trabalhar até tarde da noite, preparando lanches para as crianças da
escola para os fins de semana ou…
— Ok, eu sei que você gosta de Willa, então vou ficar de boca fechada.
— Por favor, isso seria ótimo.
— Eu pensei que você estaria melhor depois do seu encontro com Rider
ontem à noite. Como foi?
— Bom. É por isso que queria falar com você. Acho que devemos
elaborar outro plano... Não me sinto mais à vontade fazendo isso. Eu nem
queria fazer isso para começar, e agora que eu passei um pouco de tempo com
ele, acho que estamos cometendo um grande erro.
— Vamos seguir o plano. Está funcionando. Porquê mudar agora?
— Estou tendo uma sensação terrível de que Rider não é o homem que
pensamos que ele fosse. Ele está me assustando.
— Rider está te assustando? O que ele fez?
— Ele não fez nada assustador. — Jo tentou pensar em uma maneira de
explicar a vibração de que Rider era mais perigoso do que elas acreditavam
que fosse. — Algo não está certo. Tenho medo que Rider não seja tão
descontraído quanto ele aparenta ser.
— Rider não conseguiria interpretar um papel. Ele tem sua mente em
duas coisas: sexo e comida. Enquanto ele tiver uma quantidade constante de
ambos, ele é um livro aberto.
— Eu acho que você está errada— argumentou Jo.
— Eu sou o única que saberia. Eu estive aprendendo tudo sobre ele
desde que comecei a ir ao clube com Moon. Tudo o que preciso fazer é falar
sobre sapatos e meu desconto, e eles me dizem o que quero saber sobre
ele. Não me importa que você esteja tendo dúvidas. A única maneira de nos
vingarmos de Curt é tornando-o pessoal com os Last Riders. Isso os fará cuidar
dos nossos problemas. Qualquer um que cometa o erro de foder com uma das
mulheres dos Last Riders desaparece ou morre com uma bala entre os olhos.
— Isso é fofoca. Se pudesse ser comprovado, eles seriam presos.
— Sim.— Desprezo inundou sua voz e rosto. — Nós sabemos o quão
bem o sistema judicial tem funcionado para nós. Eu sei que Curt é responsável
pela morte dos meus pais. Se a única maneira de eu conseguir justiça é com os
Last Riders vingando suas mortes, eu vou aceitar.
— Você sabe, sem dúvida que Curt é responsável?
— Meus pais estavam com medo de Curt. Ele estava tentando
convencê-los a vender sua propriedade para ele. Uma semana depois, ambos
estavam mortos. O médico legista não encontrou uma razão médica para o
meu pai cair daquela colina. Eu sei que Curt fez isso. Assim como eu sei que
ele a estuprou. Eu também não tenho provas disso, mas eu acredito em você—
ela disse de forma sensata, como se a morte de Curt não a incomodasse.
Incomodava.
Por mais que ela o odiasse e desprezasse, não queria que ele fosse
assassinado porque tinha seduzido Rider para cometer o crime. Ela não seria a
pessoa a puxar o gatilho, mas seria aquela que colocaria a arma em sua mão, a
menos que ela pudesse convencer Aly a desistir do que tinham planejado.
— Quantas pessoas Curt tem que destruir antes de parar? Além disso,
não sabemos se é Rider que fará isso. Pode ser Shade, Viper, Moon ou aquele
que está sempre em seu quarto. Isso poderia explicar por que ele fica fora de
vista quando vou ao clube.
— Você não sabe quem ele é?
— Não, e quando tento fazer as mulheres falarem sobre ele, elas
mudam de assunto ou saem da sala, e foi por isso que eu parei de
perguntar. Até agora, fui capaz de escapar de qualquer um deles, mantendo as
mulheres ocupadas com as coisas que eu trago da loja. Estive escondida sob
seu radar, então eu não quero alertar os homens de que não estou lá para ser
membro. Eu estou com os dias contados agora.
— Ninguém suspeitou ainda?
— Jewell sim. Foi por isso que dei lances pelo Rider. Ela mantém seus
olhos de águia nele. Eu sabia que ela ficaria chateada com o fato de Rider
oferecer tanto por você, então eu te tirei do seu radar. Eu também estava certa
sobre o que você me enviou nas mensagens de texto. Ela não contou a Rider
sobre seu recado. Ela queria arruinar seu encontro. Espero que eu possa
enganá-la a achar que nosso encontro correu bem o suficiente para que ela se
preocupe mais comigo do que com você.
— Se correr bem, você não precisará mais de mim. Eu nunca quis fazer
isso de qualquer maneira. Eu pagarei o dinheiro que meu pai pediu
emprestado aos seus pais. Eu só preciso de um pouco de tempo...
— Não há tempo suficiente no mundo para pagar o dinheiro que seu
pai pediu emprestado. Rider nunca se apaixonará por mim. Ele não se
apaixonou por nenhuma das mulheres no clube. Você é o tipo de mulher que
os Last Riders se apaixonam. Eles apenas fodem mulheres como eu.
— De acordo com você, eles ainda não o fizeram.
— Isso é só porque eles estão me testando para ver se eu posso manter
minha boca fechada antes de pedir para eu me tornar um dos membros
femininos do clube. Shade me deu outra oportunidade quando ele me pediu
para dar o desconto nas roupas que você escolheu e pagou a diferença.
— Ainda não entendo como ele sabia que eu iria comprar lá.
— Ele a conduziu até lá com aqueles folhetos. Aposto que ele deu a
sugestão a Lily. Era como deixar migalhas para um cachorro faminto com uma
armadilha de urso no final.
— Muito obrigada. Eu realmente não gosto de ser comparada a um
cachorro com fome— disse Jo antes de tentar outra tática. — Vou passar minha
propriedade e o caminhão para o seu nome.
— Shade tem dinheiro investido no seu caminhão, e aquela terra é mais
um aterro de lixo do que uma propriedade. Sua casa precisa ser demolida, e é
por isso que você não tenta consertar nada.— Aly deu um suspiro
prolongado. — Ajude-me, e vou rasgar a promissória que o seu pai deu aos
meus. Eu mesma pagarei seu caminhão. Você estará livre de dívidas.
Jo olhou para ela. Aly não mudaria de ideia. Ela não tinha outra opção
além de avisar Rider ou Curt sobre Aly. Depois de ontem à noite, ela
simplesmente não poderia avisar Curt. Além disso, ele colocaria seu alvo em
Aly. Ela estava ficando com medo de Rider, mas de outra maneira.
Curt era perigoso, mas, no fundo, sentia como se pudesse lidar com
ele. Ele não iria lidar com uma garota de quinze anos agora. Rider, no entanto,
deixava os finos cabelos em seus braços em pé. Quando o via pela cidade, ele
não fazia nada além de elevar seu medo de ser tão letal quanto seus instintos
gritavam que era. Poderia ser uma consciência culpada? Ela estava fazendo
dos sentimentos que ele estava causando mais do que realmente eram?
— Eu não tenho nenhuma alternativa. Devemos ir até Knox e...
— Eu fui até Knox. Ele me disse para esperar que a polícia estadual
emitisse o seu relatório final de acidentes. Quando voltou como causa
acidental, ele disse que suas mãos estavam amarradas. Pode ser, mas as
minhas não estão.
Com seu último recurso esmagado, Jo não tinha outras sugestões que
mudassem o plano de Aly. Realmente, ela acreditava que Curt tinha alguma
coisa a ver com a morte de seus pais. Ele havia feito uma oferta para Aly pela
terra dos pais antes que seus caixões fossem abaixados no chão. Duas outras
ofertas foram feitas, cada uma com um valor maior.
A propriedade era afastada, sem casas próximas. Aly e ela haviam
discutido por que Curt queria tanto o imóvel, mas nenhuma delas conseguiu
fazer com que Knox levasse a preocupação de Aly a sério.
— Não há necessidade de ficar aqui conversando se eu não puder fazer
você mudar de opinião. Você não quer deixar Rider esperando.— Os dedos de
Jo foram para o botão para levantar a janela.
— Eu tenho esperado ansiosamente por isso. Se ele sair ileso depois de
matar Curt para nós, talvez eu mude de opinião sobre me juntar aos Last
Riders.
— Você consideraria seriamente ter sexo para conseguir os votos de
adesão?
— Eu sempre tive um fraco por meninos maus. O mais difícil seria
decidir quais seis.— Jo não conseguiu fazer sexo com um, muito menos seis.
— Eu sei qual eu escolheria - a porta.
O nariz de Aly enrugou. — Eu posso dizer pela sua expressão que você
nunca fantasiou sobre estar com dois homens.
— Não, e certamente não deixaria que seis homens diferentes me
tocassem apenas para computar votos para eu me tornar um Last Riders.
— A Ember pode ter me dado informações falsas, para ver se eu conto
a alguém na cidade. Eu só estive lá algumas vezes. Vamos ver.
— Nós não vamos. Você verá. Tentar fazer Rider se apaixonar por mim,
é o mais longe quanto eu planejo ir. Eu estou doente comigo mesma por ter
concordado com isso. Se eu soubesse o que você queria quando você apareceu
na minha porta, eu não teria atendido.
— Você prefere deixar Curt se safar de um assassinato?
— Eu preferia que não tivesse que fingir que não sabia que você estava
de volta à cidade. Então, Knox teria descoberto o que estávamos fazendo, e
isso levaria esse plano das minhas mãos.
— Eu decidi que, se você não ajudasse, eu iria levá-la ao tribunal para
recuperar o dinheiro do meu pai. Ele não deveria ter emprestado ao seu pai,
em primeiro lugar. Foi muito fácil para ele usar o dinheiro para beber e manter
aquele negócio sem esperança funcionando.
Cada uma das palavras ásperas de Aly era como ter uma estaca em seu
coração. — Você mudou desde que fomos para a escola juntas.
— Ter seus pais assassinados faz isso com você.
Jo fez uma careta ao imaginar o cenário em sua cabeça. Ela não tinha
sido empurrada ao limite por seu estupro, ou por Curt invadir sua casa. Ela
não sabia como reagiria se achasse que ele era responsável pela morte de
alguém que amava.
Ela ia ter que ver como seu próximo encontro com Rider seria. Ele
poderia perder o interesse tão rápido quanto o desenvolveu, dando-lhe uma
saída para a bagunça em que ela havia entrado. Além do leilão, ela não tinha
feito nada que pudesse torná-la atraente para ele.
Jo sentiu como se uma moeda tivesse sido lançada no ar, e sua
consciência dependia de onde pousasse. Se Rider se apaixonasse por ela, ela
teria a morte de Curt em seus ombros. Se ele não o fizesse, Aly teria que
admitir que ela tentara e não era culpa dela, e permitir que ela pagasse a
dívida do pai.
Ela sentou-se na estrada solitária muito tempo depois que Aly tinha ido
embora. A estrada à frente a seduzia a levá-la a qualquer lugar, exceto
Treepoint.
— Vá embora.
O silêncio vazio não ofereceu pérolas de sabedoria, deixando a escolha
para ela. Dando a partida, ela dirigiu pela estrada sinuosa.
— Vá embora.— Novamente, Jo falou em voz alta, interiormente,
sabendo que não o faria. Ela já havia fugido uma vez, não voltaria a fazê-lo. De
qualquer maneira que a moeda imaginária que ela lançou pousasse, ela estaria
em Treepoint. Era o único lugar onde seu coração desejava estar. Apesar de
todas as suas desvantagens, era lar.
CAPÍTULO 18

Rider entrou no escritório de Jewell sem bater, fechando a porta atrás


de si. — Por que você não me deu a mensagem de Jo no outro dia?
— Ela deixou uma mensagem? Devo ter esquecido.— O modo como as
desculpas de Jewell saíram foi vergonhoso.
Afastando-se da cadeira do escritório, ela foi até ao armário arrumar
uma pasta. Bastou dois passos no pequeno escritório para bloquear sua
tentativa de ignorar sua presença irritada.
— O que você fez não foi legal, e eu não gosto disso. Você tinha saído
quando cheguei em casa e não voltou. Onde você estava?
Jewell empurrou-o para fora do caminho, arquivando a pasta, depois
fechando a gaveta com um empurrão antes de voltar para a cadeira. — Eu
estava lá. Eu simplesmente não abri minha porta. Eu não estava com vontade
de fodê-lo após seu encontro.
— Você não atendeu sua porta?— Rider colocou as mãos na frente de
sua mesa, inclinando-se sobre ela, exasperado por suas ações.
— Não. Eu assisti Game of Thrones todo o fim de semana. Eu aproveitei
o tempo para mim.
— Eu não estava com vontade de foder você também— ele grunhiu. —
Você nunca teve problemas em dizer aos irmãos para deixá-la sozinha quando
você não está com vontade de foder. Por que ficar no seu quarto e nos deixar
preocupados com você?
— Quem estava preocupado? Nomeie um homem que estava
preocupado.
— Eu estava, e Viper, Shade e Moon.
Sua expressão rígida caiu enquanto ele gritava os nomes dos irmãos. —
Você não se preocupou comigo o suficiente para perder seu encontro com Aly.
— Você nunca se importou com quem saio antes. Porquê agora?
— Nós passamos todo o verão juntos, correndo atrás das pistas de
Greer, e agora você não pode me dar um pouco do seu tempo depois que você
me convenceu a deixar Crazy Bitch encontrá-las.
— Eu queria que Gavin voltasse a pilotar. Sabíamos que Crazy Bitch
faria a coisa certa. Eu dei-lhe o dinheiro que ganharíamos e uma moto da sua
escolha, mas você não quis.
— Eu não queria a moto. Eu prefiro andar atrás de você.
Rider se afastou da mesa, indo para a janela olhar para o
estacionamento. — Eu não estou apaixonado por você. Não posso amar
ninguém.
— Eu sei que você não está, mas não esperava que você me ignorasse
por um novo pedaço de bunda. Se você não é capaz de se apaixonar por Jo,
por que você pagou tanto dinheiro por um encontro com ela?
— Você está louca porque eu não fodi você antes de sair com Jo e eu
gastei muito dinheiro em um encontro com ela?
— Você nunca colocou uma mulher em particular sobre seu pau e
estômago antes.
Rider deu uma risada amarga. — Meu estômago e meu pau nunca me
decepcionaram.
Virando, ele refletiu sobre o tempo que ele passou com Jewell. Ela se
apaixonou por ele durante o verão, enquanto o tempo gasto com ela tinha
aumentado a superficialidade de sua vida.
— Eu nunca te decepcionei, certo?
— Não, você não.— Ele olhou para ela. — Diga-me algo com
sinceridade. Se você me responder com honestidade, nunca mais vou ver Jo
novamente. Você pode ser fiel? Nunca ter outro homem ou mulher entre suas
pernas, nunca se perguntar como seria fodê-los?
— Você sabe que não posso.— Jewell começou a mexer com os papéis
em sua mesa.
— É por isso que é Jo. Ela é uma mulher de um homem só.
— Desde quando você se importou com isso?
— Desde que eu vi o quão feliz Shade e os outros irmãos são.
— Eles amam suas esposas. Você nunca será capaz de amar Jo do jeito
que eles amam suas esposas.
— Talvez não, mas eu estaria criando uma família.— Os olhos de Rider
voltaram para o estacionamento. — É difícil vê-los quando estão juntos. Eu
quero um pedaço dessa torta para mim.
— Jo não vai poder substituir o que você perdeu.
— Não, ela não vai, mas ela pode me dar um novo começo. Todos
temos que jogar as cartas que nos foram dadas, mas isso não significa que eu
não posso dobrar e lidar com uma nova mão.
— Você será miserável. Você não é o mesmo homem que se juntou à
Marinha. Você gosta de compartilhar com os outros irmãos. A doce e pequena
inocente que você está querendo vai te aborrecer até à morte em um mês. O
que acontecerá então, Rider? Você vai quebrar o coração de Jo como o seu
está?
Rider tirou os olhos da janela para encarar Jewell com frieza.
— Você acha que eu seria infiel?
— Não, mas tão bom em fingir como você é, uma mulher conhece a
diferença entre carinho e amor. Jo não é estúpida. Ela saberá que você não está
apaixonado por ela. Uma hora com Lily e Shade, ou Viper e Winter mostrarão
a porra da diferença.
— Ela nunca saberá. Eu garanto isso.— Seus lábios se curvaram em um
sorriso sensual.
Jewell balançou a cabeça. — Ela saberá, mas posso ver que você está
determinado em descobrir isso por si mesmo. Estarei esperando quando ela se
divorciar da sua bunda.
— Eu não estou perseguindo Jo para colocar um anel em seu dedo. O
casamento não impede uma mulher de se distanciar ou trair.
— Se você acha que vai conseguir Jo sem um anel de casamento, você
está delirando. Jo não é uma motocicleta que você pode guardar para garantir
que ninguém arranhe a pintura, especialmente não sem um compromisso. E se
ela decidir que o que você pode dar não é suficiente?
— Então eu continuo como sempre fiz. Como eu disse, vou jogar com as
cartas que me foram dadas. O que eu não quero é que, alguém que não tenha
sido convidado para o jogo, me sabote.
Jewel ergueu as mãos no ar. — Estou fora. Você quer Jo, você pode ficar
com ela. Você quer Aly, você pode tê-la.— Ela deixou cair as mãos na mesa,
usando-as para apertar seu peso quando ela se levantou para enfrentá-lo. —
Você quer uma mulher que prefira lhe dar um reboque a dar um boquete, você
tem minha simpatia. Quando você quiser foder Ember ou Stori, estou fora. Os
outros irmãos vão me manter ocupada, então eu nem sentirei sua falta.
— O seu lado ruim não é muito atraente.
— Volta ao trabalho. Eu tenho coisas melhores a fazer do que ouvir
você me dizer que eu preciso engolir isso, que você vai ficar com Jo. Ainda não
aconteceu, e provavelmente não vai. De qualquer forma, eu não me importo
mais.
— Isso é tudo o que eu queria ouvir.— Rider ignorou a explosão
furiosa de Jewell, deixando o escritório e fechando a porta atrás dele, dando-
lhe tempo para se recompor antes que qualquer um pudesse ver.
Ela poderia pensar que seu coração estava quebrado, mas não
estava. Jewell não estava apaixonada por ele. Tanto quanto ele sabia que não
era mais capaz dessa emoção, não significava que ele não conseguisse se
lembrar do que era sentir. Era por isso que ele iria fazer uma concessão para
ela dessa vez. Se ela interferisse novamente, porém, ele não seria tão
compreensivo.
Jewell gostaria de ser sua old lady. Isso lhe dava tratamento
preferencial dentro da sede do clube, assim como a gerência da fábrica
fez. Jewell gostava de ser a favorita sobre as outras mulheres, tomando o lugar
de Evie quando se casou com King.
Era sobre isso que Jewell se sentia ameaçada, não ele. Ele nunca disse a
Jewell que ela era sua old lady, mantendo seu relacionamento sexual, e agora
ele estava feliz por não o ter feito.
Se ele se casasse com ela, Jewell era dominadora o suficiente para criar
atrito entre as esposas. Ele pode nunca confiar seu coração a outra mulher, mas
ele se importava o suficiente com os irmãos para querer alguém que se
encaixasse harmoniosamente.
Era outra razão pela qual ele havia decidido perseguir Jo. Ela era amiga
das esposas, e ela não perturbaria o equilíbrio entre ele e os outros irmãos.
Confiantemente, ele voltou ao trabalho, preenchendo os pedidos. Ele
queria terminar cedo, então ele teria tempo suficiente para se trocar e se vestir
antes de buscar Jo.
Ele havia preenchido mais três pedidos quando Justin entrou na fábrica,
seu maxilar fracamente projetado, fazendo com que ele parecesse um
bulldog. O primo de Curt era mais baixo e metade do tamanho dele, usando
um chapéu Stetson desde que ele e seus primos tinham ido ao rodeio. Curt e
Tanner também compraram, mas deixaram de usar depois de um mês. Justin
ainda não tinha desistido da fantasia de fingir ser um vaqueiro, usando seu
Stetson com uma arrogância que fez Rider querer rir dele.
Rider encontrou-o antes que pudesse ir ao escritório. — Estou aqui para
pegar o dinheiro de Curt.
Ele disse a Curt que enviasse Tanner, que era o menos
abrasivo. Mantendo-se fiel ao seu estilo, no entanto, Curt enviou o maior de
seus dois primos, tentando intimidá-lo a reconsiderar sua demissão.
Rider levou a mão ao bolso traseiro, tirando um envelope. Dando a
Justin, ele foi até uma sacola junto à porta e também deu a ele.
Justin tirou-a de suas mãos.
— Eu preciso que você assine por isso.— Rider tinha a prancheta
pronta, dando a ele para assinar.
— Você tem certeza de que não quer repensar a demissão de Curt? Ele
está disposto a deixar isso para trás. Aceite minha sugestão, você deve aceitar
sua oferta.— A mandíbula de Justin ficou ainda mais pronunciada.
Se Justin achava que ele compraria sua expressão de bulldog, ele ficaria
desapontado.
— Não posso dizer o mesmo. Se Curt se aproximar da fábrica, ele será
preso por invasão. Se ele tentar assediar Mag ou Jo, eu pessoalmente farei com
que ele se arrependa.
— Nós não temos medo de você ou dos Last Riders.— A voz de Justin
aumentou, fazendo os funcionários parar de trabalhar para ouvir. Assinando
na parte inferior do formulário, ele empurrou a prancheta de volta.
Rider não respondeu a sua ameaça, pegando a prancheta. — Você já
tem o que veio buscar. Pode sair agora.
— Vá se foder. — Justin saiu apressado, batendo a porta tão forte que
Jewell saiu do escritório e Train saiu da sua mesa de trabalho.
Com um olhar duro, os funcionários se ocuparam, retornando aos seus
afazeres.
— O que foi aquilo?— Perguntou Jewell.
— Eu demiti Curt. Justin veio pegar seu cheque.
— Por que não me disseram?— Perguntou Jewell.
— Devo ter me esquecido de lhe dizer.
Jewell lançou-lhe um olhar antes de voltar para o escritório.
— É a vez de Jewell cozinhar esta noite. Eu comeria no restaurante se
fosse você.
— Eu vou sair com Jo esta noite.
Train soltou um assobio baixo. — Jo está indo em um segundo encontro
com você? Ela entrou em outro leilão?
— Muito engraçado.— Rider bufou na tentativa de fazer piada de
Train. — Faça-se útil e verifique novamente a lista que Shade fez para
monitorar o sistema de segurança. Quero dois irmãos de serviço em todos os
momentos. Um para monitorar o clube e a fábrica, e um para monitorar o novo
sistema que colocamos na casa de Jo ontem.
— Jo acreditou na desculpa que Cash e Rachel deram a ela por ter
voltado mais tarde de Lexington?
— Cash me disse que acha que sim.
— O que você vai dizer se ela encontrar as câmeras?
— Ela não vai encontrá-las— Rider assegurou a seu amigo. — Se ela
encontrar, vou me preocupar com isso quando acontecer.
— Irmão, eu não gostaria de ser você se ela descobrir. Jo está mais
propensa a empurrar suas explicações na sua bunda do que ouvi-las.
— Jo não é Killyama. Curt não vai aceitar a demissão sem
represálias. Ele é um doente de merda. Eu já tive o suficiente bancando seu
amigo para descobrir algo sobre ele. Prefiro bochechar com querosene a ver
sua bunda miserável vir trabalhar mais um dia.
— Não vou sentir falta dele, embora ele tenha sido útil quando
precisámos de alguém para fazer horas extras. Ainda assim, prefiro trabalhar
algumas horas a mais a usá-lo para completar os pedidos.
— Você não precisará. Viper pediu para Diablo e Trip voltarem. Ele não
quer contratar novos trabalhadores até Curt contra atacar.
— Curt está relacionado com metade da cidade, então foi uma boa
decisão. A maioria dos outros funcionários também não aceita Curt, mas tem
medo dele. Se Curt tentar levá-los a sabotar qualquer um dos pedidos ou
caminhões, não confiaria que eles não cedessem.
— Eu também. Com Diablo e Trip aqui, não precisamos nos
preocupar.— Rider foi até à porta, abrindo parcialmente vendo que começou
a nevar.
— O tempo vai ser ruim esta noite. A meteorologia está prevendo vinte
centímetros de neve.— Train deslocou-se para o lado dele, olhando para o
turbilhão de caos que atrapalharia um pouco seus planos da noite.
— Vamos apressar os funcionários. Quero terminar o máximo de
pedidos quanto pudermos antes de duas. Não quero o motorista tentando
descer a colina quando as estradas estiverem ruins.
— Drake estava tentando comprar um novo arado de neve para ajudar
Gabe durante o mau tempo. Ele disse no leilão que o conselho da cidade o
impediu.— Train fechou sua jaqueta, pressionando um botão na parede que
aumentaria o calor mais três graus.
— O pai e o sobrinho de Curt estão nesse barco. Eles não querem que
Drake compre o caminhão porque eles sabem que Drake contratará Jo para
executá-lo.
Rider odiava a política das pequenas cidades. O marido de Bliss estava
tentando fazer a diferença, mas até agora, foi como mastigar vidro para Drake
fazer qualquer coisa. Curt foi beneficiado pelas conexões familiares de seu pai
e mãe com os Dawkins e os Demaris, fazendo Curt acreditar que ele era
intocável. Ele tinha sido... Até que Rider decidiu parar essa merda.
Train saiu para verificar os detalhes da segurança, enquanto Rider
trabalhou diligentemente para preencher os pedidos. Ele não fez uma pausa
para o almoço, e quando carregou vários pedidos para o carrinho do correio,
viu que vários funcionários permaneceram no trabalho.
Shade levou uma xícara de café à sua estação, baixando-a. — Se eu
soubesse que você poderia trabalhar duro, eu teria feito de você o gerente.
— Você tentou. Eu não quis o cargo. Jewell merece o trabalho.
— Ela merece, mas ela não pode motivar os trabalhadores como você
pode. Se alguém pede para sair mais cedo, ela deixa e sai logo depois
deles. Um gerente precisa assumir a responsabilidade quando a merda não é
feita. Ela dá desculpas.
— Então fale com ela.
— Viper e eu já falamos. As encomendas estão atrasando de dois a três
dias antes de serem enviadas. Ela tem que melhorar ou Viper quer que eu
assuma o cargo novamente.
— Se você está tentando me fazer sentir culpado, não vai funcionar. Eu
não quero o trabalho, e não vou tirar isso de Jewell.
— Você quer que eu seja o vilão— afirmou Shade.
— Melhor você do que eu. Eu não sou a pessoa favorita de Jewell no
momento. Se a rebaixarmos, ela pode querer voltar para Ohio.
— Isso importaria?
— Ela é uma amiga, então sim, importaria.
— Train disse que você vai sair com Jo novamente.
— O que é mais surpreendente, que eu convidei ou que ela
concordou?— Rider usou o rolo adesivo de mão para lacrar uma caixa.
— Eu não vou responder a essa pergunta.— Os lábios de Shade
tremiam na insinuação de um sorriso. Tirando sua jaqueta, ele foi ao painel de
pedidos, levando vários para serem preenchidos.
— Você vai ajudar?— Rider perguntou, espantado, não que ele
estivesse pronto para dar uma força, mas porque deixaria Lily sozinha. A data
de seu parto já tinha passado, e Shade não tinha deixado o lado dela por mais
de alguns minutos desde então.
— As amigas dela chegaram ontem à noite. Ela está em boas
mãos. Sawyer e Vida estão ajudando Lily a redecorar o berçário.
— O que Colton e Kaden estão fazendo para não arrancar os cabelos?
— Kaden está aproveitando a oportunidade para escrever uma nova
música, e Colton não teve tempo de desfazer as malas. Vários dos irmãos
estavam esperando por ele, para serem tatuados. Se você quer uma, você terá
que entrar na fila.
— Estou bem por agora.— Colton era um mestre tatuador. Ter uma
tatuagem feita por Colton dava aos irmãos em Treepoint direitos de se gabar
sobre os de Ohio.
— Aposto que Diablo e Trip vão pra cima dele quando chegarem aqui.
— Eles já lhe enviaram mensagens assim que Viper chamou e lhes disse
para voltarem.
Os homens ficaram em silêncio enquanto trabalhavam, ambos focados
em terminar os pedidos. Já passava das duas quando Rider empurrou o
último carrinho de pedidos para o caminhão.
Viper estava de pé na carroceria, movendo-se rapidamente, apesar da
jaqueta volumosa que estava vestindo. Train e Razer começaram a remover os
pacotes, alcançando-os para que Viper pudesse empilhá-los. Quando ele
amarrou os últimos, ele pulou, depois baixou a porta corrediça fechando.
Rider foi para o lado, fazendo um sinal com o polegar para sair.
— Essa foi por pouco. Stuart não deve ter problemas com a
estrada. Gabe passou há pouco com o caminhão de sal.
Viper fechou mais o colarinho, suas respirações arfantes facilmente
visíveis no ar frio. — Rider, Train, levem as motos para a garagem. Jewell
envie os funcionários para casa.
Jewell entrou correndo para seguir a ordem de Viper, enquanto Rider e
Train moviam as motocicletas. Cada um deles tinha um conjunto extra de
chaves dos irmãos.
Seu traseiro estava praticamente entorpecido quando a temperatura
caiu.
— Esse sal não vai fazer nada se esfriar muito mais— disse Rider,
saindo da moto de Moon.
— Preocupado com o seu encontro?— Train deu-lhe um olhar de lado
enquanto saía da moto de Gavin.
— Não. Eu não vou deixar Jo cancelar, não importa que a neve
esteja profunda. É a desculpa perfeita para aconchegar e aquecer.
— Se você for tentar se aconchegar com Jo, certifique-se de que ela não
tem nada à mão para quebrar na sua cabeça.
— Você não tem fé em mim.
— Até que você possa caminhar sobre as águas ou alimentar os
famintos, estou tranquilo em dizer que você não vai ter sorte em um segundo
encontro com Jo— brincou Train.
Saindo da sala de segurança, Shade e Viper ouviram a piada. Ambos
aproveitaram a oportunidade de alfinetá-lo.
— Ele poderia acalmar a tempestade, será mais fácil se Lily entrar em
trabalho de parto e não pudermos levá-la ao hospital.— Rider estremeceu
quando Shade cutucou Viper. Ao mesmo tempo, os três homens sentiram suas
próprias farpas quando começaram a namorar suas esposas.
— Ele poderia transformar a água em vinho. Me pouparia uma viagem
até à loja de bebidas— brincou Viper.
— Fodam-se todos vocês.— Rider tirou uma de suas luvas, jogando-a
em Train por chamar a atenção dos irmãos. Train pegou e enfiou no bolso no
casaco.
— Você vai se arrepender disso, quando for colocado em um freezer
por Jo.
Sua observação fez os homens zombarem novamente.
Rider empinou o nariz.
— Fique com ela. Não preciso disso. Você não sabe que eu posso fazer
milagres?
CAPÍTULO 19

— Você vai parar de mexer com isso?— Jo queria bater a mão de Rider
quando ele girou outro botão em seu CB19.
— Funciona?
— Rider, você esteve na Marinha. Eu sei que você sabe como operar um
CB.— Jo não conseguiu impedir o sarcasmo de rolar de sua língua. Ele estava
sendo irritante pelos últimos dez minutos depois que ela parou delhe dizer
que não poderi encontrar-se com ele porque Knox havia pedido sua ajuda.
Apesar de seus argumentos, ele entrou no caminhão saindo com ela.
Ela deveria ter enviado mensagens de texto para ele. Ela teria feito se
não o tivesse visto descer os degraus enquanto estava arando o
estacionamento dos Last Riders.
— Eu pensei que você trabalhasse até às cinco?
— Normalmente, eu faço— explicou Rider quando ele girou outro
botão. — Nós fechamos a fábrica cedo. Foi um golpe de sorte encontrar você
limpando o estacionamento.
Jo revirou os olhos. — Sim, foi.
— Câmbio, câmbio...
Ela segurou o volante com uma mão e tirou o microfone dele com a
outra. — Comporte-se.
— Por que você precisa do rádio que você carrega e um CB?

19
Citizens band rádio (rádio CB), um sistema de comunicações de rádio de curta distância.
— Knox me deu o dispositivo portátil para que ele pudesse me alcançar
em uma emergência. Uso o CB para ouvir os canais de emergência e os
caminhoneiros. Além disso, se alguns dos RVs20 que passam pela cidade
tiverem problemas, eu posso responder se precisarem de ajuda.
— Onde estamos indo?
Eles terminaram de arar Rosie para Mick. Ela tentou fazê-lo ficar lá, mas
ele recusou, dizendo que ficaria entediado com todos na cidade se escondendo
da tempestade.
— Para a igreja, depois o restaurante. Você quer entrar e cumprimentar
Carly?
— Não, obrigado. Você vai compartilhar esse café?
— Não, eu não tenho um copo extra.
— Você tem medo dos meus piolhos?
— O que eu queria dizer é que a minha térmica está vazia. Eu vou
abastecer quando eu terminar o restaurante então posso recarregá-la lá. Você
também pode pegar uma xícara.
— Eu deveria ter corrido para pegar uma térmica antes de vir com
você. Temos algumas boas.
— Bom para você. Eu gosto da minha. Era do meu pai.
— Eu percebi. Parece tão antigo como o CB.
— Se funciona, não conserte.
— Eu também tenho a mesma filosofia. Nós podemos ir ao restaurante
e fazer Carly enchê-la— ele sugeriu.
Jo parou o caminhão de reboque sob a luz vermelha do semáforo. A
lâmpada iluminando o interior do carro mostrou as roupas caras que ele
estava usando. — Você está bonito esta noite.

20
Um veículo recreativo (RV) é, na América do Norte, o termo usual para um veiculo a motor ou reboque
equipado com espaço de vida e amenidades encontradas em uma casa. Várias definições existem para RVs e
variam de acordo com a região, incluindo — camper van— , — caravan— e — motorhome— , mas também são
usadas para designar diferentes tipos de veículos fora da América do Norte.
Ele lhe deu um sorriso de cem watts, fazendo-a desejar ter mantido sua
opinião para si mesma. — Obrigado. Valeu a pena ter passado minhas calças
por um elogio seu.
— Você passa seus jeans?
— Eu o deixei no secador por muito tempo e ele estava emaranhado no
sutiã de Ember. E antes de ter a impressão errada, nós nos revezamos nas
tarefas.
— Por que seu jeans estar emaranhado com o sutiã de Ember me daria a
impressão errada?
— Eu não queria que você pensasse que eu e Ember somos um casal e
cuidamos das roupas um do outro.
Jo queria ranger os dentes em vez de ouvi-lo explicar suas relações com
cada uma das mulheres do clube.
A luz mudou. Avançando, ela entrou no estacionamento da igreja,
abaixando a pá antes de retomar a conversa enquanto dirigia pelo terreno.
— Rider, você acha que sou estúpida?
— Não...
— Não é preciso ser um gênio para saber que você esteve com todas as
mulheres do clube e a maioria das mulheres solteiras da cidade, assim como
algumas das casadas. Eu vou te contar uma coisa sobre mim. Não sou
ciumenta.
— Toda mulher se torna ciumenta. Não precisa ser sobre um
homem. Pode ser sobre uma bolsa, seu trabalho ou o carro que elas dirigem.
— Eu não.
— Nenhuma vez na sua vida você sentiu ciúme?
— Nem uma vez.
— Eu não acredito nisso.
— Acredite. É a verdade. Por que você acha que não estou dizendo a
verdade? Você não parece o tipo ciumento também.
Rider deu uma risada discreta. — Eu sinto ciúmes o tempo todo. Sinto
ciúmes de uma moto em particular que eu quero e não tenho. Sinto ciúmes de
algumas roupas ou botas dos irmãos. Sinto ciúmes de alguém comendo o doce
de Willa quando não tenho nenhum.
— Ok, você venceu. Você é uma pessoa ciumenta.
O terreno da igreja foi limpo, ela atravessou a rua vazia para o
restaurante, seu arado abrindo um caminho na neve pela estrada que Gabe
não tinha arado.
Ela iria se odiar, mas ia fazer a pergunta que estava queimando e ela
não conseguia deixar ir.
— Você já sentiu ciúmes de alguma mulher?
— Duas vezes. —Seu bom humor desapareceu quando ele olhou para o
para-brisa.
— Eu sinto muito. Eu não quis invadir sua privacidade.
— Tudo bem. Foi há muito tempo.
— Pela sua expressão, não parece que foi há muito tempo.
— Foi, então... Você nunca respondeu minha pergunta. Por que não
entramos no restaurante e reabastecemos a sua térmica?
— Porque eu não confio que Carly não vá cuspir nela pelas minhas
costas.
— Carly não cuspiria no seu café. É mais provável ela limpar o ranho
em seu hambúrguer na próxima vez que você pedir um.
Jo lançou-lhe um olhar horrorizado, o que o fez se dobrar em seu
assento.
— Você tinha que ver sua cara.
Sua risada fez Jo sorrir a despeito de si mesma.
Quando terminou com o estacionamento do restaurante, ela dirigiu
pela rua principal até ao posto de gasolina, o arado ainda estava para baixo.
— Gabe não vai ficar feliz por você estar fazendo seu trabalho por ele .
— Gabe e eu temos um acordo. Eu o ajudo quando ele precisa, e ele
retorna o favor.
— Eu posso ver como você o está ajudando, mas o que ele faz por você?
— Ele tira folga uma vez por mês e me deixa ganhar o dinheiro por arar
as ruas.
— Uma mão lava a outra. Isso é bom, vocês se ajudam mutuamente.
— Ele tinha o mesmo acordo com meu pai. Eu herdei isso.
Jo sinalizou e entrou no posto de gasolina. O proprietário possuía uma
pequena escavadeira e já havia limpado a neve para permitir que os clientes
pudessem abastecer. Estacionando seu caminhão, ela pegou sua térmica antes
de desligar o caminhão.
— Você pode ficar aqui. Vou pegar o café.— Ela saiu do caminhão sem
esperar uma resposta. Ela estava na frente de seu caminhão quando ouviu a
porta se abrir no lado de Rider.
— Eu iria te pegar um...
— Eu tenho que usar o banheiro.— Ele levantou uma sobrancelha
curioso pela sua insistência de que permanecesse no caminhão.
Jo baixou a cabeça, tentando evitar que a nevasca golpeasse seu
rosto. Suas bochechas estavam queimando, e não por causa do clima.
Ela rapidamente se moveu para o lado para fingir interesse em um saco
de batatas fritas na prateleira, de modo que o funcionário atrás do balcão não
soubesse que ela e Rider estavam juntos. Olhando para a prateleira, ela pegou
rapidamente dois grandes sacos, sem prestar atenção no sabor deles.
Assim que Rider entrou no banheiro, ela foi até à área do café,
apressando-se a encher a térmica. Ela não se incomodou em colocar a tampa
de volta quando pegou uma grande caneca de plástico e encheu essa com
outra recarga. Empurrando os cafés quentes, as tampas e as batatas fritas, ela
caminhou até o balcão.
— Olá, Jo— Claire cumprimentou quando pegou as fritas para somar a
suas compras.
— Olá, Claire. Estou com muita pressa. Esqueci meu rádio no
caminhão.
A loira borbulhante gostava de conversar, e Jo costumava passar a noite
conversando com ela quando estava esperando uma chamada, mas queria
voltar ao caminhão antes que Rider saísse do banheiro.
Uma pequena vitrine de bolos chamou sua atenção, e ela colocou dois
no balcão junto às batatas fritas.
— Ainda não teve tempo para jantar?— Claire perguntou, passando os
bolos quando Rider saiu do banheiro.
Baixando os olhos, Jo pegou o dinheiro em seu macacão.
— Eu cuidarei disso— disse Rider quando ele foi à seção de lanches
rápidos ao lado do balcão. — O que você quer no seu cachorro-quente, Jo?
Sua boca ficou seca quando Claire olhou para cima da registradora para
encará-la acusadoramente.
— Uh... uh...— Jo desviou o olhar de Claire para Rider. — Mostarda,
cebola e molho. Muitas cebolas.— Seu olhar voltou para Claire. — Rider está
me ajudando esta noite.
Sentindo-se como uma idiota por explicar, ela pegou seu dinheiro
quando viu Claire somar o café. A presença de Rider com ela assegurou que
suas recargas gratuitas não existiriam mais no futuro.
Atrapalhada, ela colocou as tampas no café enquanto Rider fazia seus
cachorros-quentes e os levava para o caixa.
— Você esqueceu as cebolas.
— Não, eu não esqueci.— Rider recolheu as batatas sabor cebola e
afastou-se do balcão.
— O que você está fazendo?
— Trocando as fritas. Eu gosto mais das normais.
— Eu prefiro...— Miserável, ela se calou quando o olhar de Claire foi
de acusação à irritação. — Tudo bem.— Tirando o saco de sua mão, ela pegou
seu cachorro-quente e café e foi até à porta, deixando-o pagar.
— Com licença, Claire. Jo leva seu trabalho a sério. Como está indo a
sua noite?
Jo queria jogar seu cachorro-quente sobre ele. Em vez disso, ela saiu
pela porta e abasteceu os dois tanques.
— Se ele não sair quando terminar, eu vou embora— disse Jo em voz
alta, vendo Rider de pé no caixa, conversando com Claire pela janela da loja.
Jo parou de olhá-los para ver os números correndo na bomba, sem
entender por que ela estava ficando irritada por Rider ficar mais do que o
necessário na loja.
Quando o cabo da mangueira de gás travou, ela estava empurrando o
bico de volta para a bomba quando viu Rider andando pelo estacionamento.
Pisando no degrau de seu caminhão quando abriu a porta, Jo olhou por
cima do capô. Rider abriu a porta, colocando o café e o cachorro quente dentro.
— Você tem certeza de que não quer ficar aqui com Claire?— Jo queria
morder a língua quando ele lhe deu um olhar satisfeito.
— Tenho certeza.— Inclinando a cabeça, ele entrou e fechou a porta.
Jo colocou o ar quente no máximo logo que entrou. Então, dirigindo
para o estacionamento ao lado, ela pegou seu cachorro-quente e deu uma
mordida.
Rider abriu as fritas, colocando o saco entre eles para compartilhar com
ela. Tirando dois refrigerantes dos bolsos do casaco, deu-lhe um. — Eu achei
que isso iria melhor com o jantar.
— Obrigada.
— Como está seu cachorro-quente?
— Teria sido melhor com cebolas.
— Eu salvei você de ficar doente. Claire me disse que os ingredientes
não são frescos. O dono odeia jogar as sobras fora.
Prestes a dar outra mordida no seu cachorro quente, ela parou e olhou
para ele com desconfiança. Ela estava prestes a largá-lo quando Rider riu.
— Você está segura. Claire joga os cachorros-quentes velhos fora
quando o dono vai para casa.
— As fritas são velhas também?— Perguntou Jo, pegando uma.
— Não, isso foi uma questão de preferência. Com a tempestade, vai ser
uma longa noite, e eu preciso manter minha força. Se você quiser, você pode
abrir a sabor churrasco.— Ele colocou o outro saco de batatas mais perto dela
quando ele comeu o último pedaço do cachorro quente.
— A normal está boa.
Eles ficaram sentados em um silêncio amistoso enquanto acabavam de
comer, o calor na cabine os encerrou em um casulo quente.
— É lindo, não é?
— Sim. Foi por isso que voltei para Treepoint. Nada mais é assim.
— Não, não é.
Jo saiu do estacionamento, arando a rua principal antes de contornar o
semáforo. Ela esperou que Rider lhe perguntasse para onde eles estavam
indo. Quando ele não fez, ela percebeu que ele estava gostando de estar fora.
— Esse tempo dificulta andar de moto.
— Sim, eu costumo manter-me ocupado com o trabalho, mas depois de
alguns dias, estou pronto para montar, seja qual for o clima. É por isso que uso
os carros quando eu fico maluco.
— Você sente falta de estar na Marinha?
— Não, eu gosto dos homens com quem eu servi, e eles estão todos
aqui.
Avançando pela lateral de uma entrada privada, ela arou a neve de
uma porta de garagem fechada enquanto sentia o olhar de Rider sobre
ela. Quando a luz da varanda da frente veio e um homem alto saiu, ela parou,
baixando a janela.
— Jo, eu disse-lhe que eu tenho um aspirador de neve.
— Boa noite, Dr. Price. Eu estava no bairro e não queria que você
tivesse que se preocupar em como tirar seu carro da garagem se fosse
chamado para uma emergência.
Dr. Price cruzou os braços em seu peito. — Estou a poucos quarteirões
do hospital. Eu poderia andar até lá.
— Está muito frio para ficar aqui argumentando comigo. Além disso,
acabei.
— Jo, você é tão dura que poderia jogar para os Broncos21.
— Não, eu não gosto de futebol. Entre antes de pegar um
resfriado. Vejo você na igreja.
Subindo a janela, ela avançou pela rua, fazendo o mesmo em outra
garagem. Desta vez, ela tocou a buzina quando a luz da varanda acendeu.
Manobrando em um beco sem saída, ela arou a outra estrada.
— Aquela era a casa do Dr. Matthews, não era?— Perguntou Rider no
interior escuro.
— Sim.
— Ele é o médico de Lily.
— Eu não sabia disso. Você aprende algo novo todos os dias.—
Pegando sua térmica, ela tomou um gole do café quente quando ela voltou
para a rua principal.
Jo escutou ele pegar seu próprio café. Então ela tirou os olhos da
estrada quando o ouviu baixar a janela para cuspir.
— Como você pode beber essa coisa? Tem um gosto terrível— ele
reclamou, largando a caneca novamente.
— Ah, desculpe por isso. É descafeinado.— Ela tomou outro gole. —
Eu estava com pressa e não havia o suficiente com cafeína.
— Mas você conseguiu o suficiente para encher sua térmica?
— Eu sou aquela dirigindo.— Jo tentou conter uma gargalhada, não
conseguindo. — Eu preciso estar alerta.
— Tinha gosto de lodo.
— Eu acredito que não existem muitos clientes que compram
descafeinados.— Ela estava limpando suas lágrimas de riso.
— Tente nenhum.

21
Os Denver Broncos são um time de futebol americano com sede em Denver, Colorado. Os Broncos competem
na Liga Nacional de Futebol como um clube membro da Divisão West West Football Conference West.
Ela riu mais forte quando ele abriu as fritas sabor churrasco para tirar o
gosto.
— Essa merda pode fazer crescer o cabelo no seu peito. Quer ver?
Jo parou de rir, estendendo a mão para golpeá-lo levemente no braço
quando viu que ele estava prestes a tirar o casaco.
— Pare! Eu não quero ver seu peito peludo!
Jo freou bruscamente, voltando para o posto de gasolina e estacionando
na frente para que ele pudesse sair. — Vá jogar fora essa caneca e pegue outra.
Ele não saiu como ela esperava, mas deu a ela um olhar curioso que não
conseguiu interpretar.
— Você vai me deixar aqui, não é?
— Não me tente.— Jo desligou o motor, dando-lhe a chave. —
Rápido. Eu preciso arar o estacionamento do hospital. Você pode flertar com
Claire na noite de quarta-feira.
Rider pegou as chaves e começou a sair, mas não conseguiu resistir em
dar-lhe um sorriso triunfante.
— Eu ouço uma centelha de ciúmes?
— O que você ouve é meu estômago grunhindo. Pegue-me outro
cachorro quente quando você estiver lá.
CAPÍTULO 20

Rider subiu dois degraus de cada vez para o clube. Se ele se apressasse,
teria tempo suficiente para tomar banho antes que Jo aparecesse para buscá-lo.
Pisando na varanda da frente, viu Moon de plantão.
— O que você fez para ficar no serviço de vigia?
— Nada. Viper e Shade querem conversar com você. Eles estão no
quarto de Gavin.
Quando Moon não encontrou seus olhos, Rider sabia que era ruim. Ele
estava com problemas?
Ele passou todas as noites acompanhando Jo. Ele a tinha torturado com
textos todos os dias até que ela concordasse em deixá-lo ir junto. Ele estava de
bom humor, tendo enviado apenas três hoje antes dela ceder e lhe dizer que
estaria lá às seis.
Curt fez alguma coisa? Lily ainda não tinha entrado em trabalho de
parto, ou Shade não esperaria junto com Viper para falar com ele.
Ele bateu na porta de Gavin, abrindo-a quando ouviu a voz de Viper.
— Você quer...?— Rider emudeceu quando viu Gavin sentado no sofá
do outro lado da sala. A mudança na aparência do irmão o fez congelar na
porta com a boca aberta.
Gavin tinha cortado o cabelo, e não só isso, mas ele raspou tudo de um
lado. A parte raspada tinha uma tatuagem que cobria tudo, onde seu cabelo
estava e descia pelo lado do pescoço e ombro.
— Jesus, meu irmão, é uma tatuagem doentia. — Rider não sabia o que
mais dizer. Ele deu um passo em direção ao sofá, querendo ver os detalhes
mais de perto.
— Feche a porta, Rider.
A ordem de Viper fez com que ele voltasse para fazer o que foi dito.
— Você queria me ver?— Ele perguntou, ainda incapaz de tirar os olhos
de Gavin.
— Sente-se. Precisamos conversar.
Rider pegou a cadeira vazia ao lado da mesa. Quando Shade se afastou
da mesa para sentar-se no sofá ao lado de Gavin, uma sensação de medo o
atingiu.
A boca de Viper se abriu e fechou como se estivesse tentando encontrar
as palavras para começar. Ele havia servido nas forças armadas com esses
homens e derramado sangue com eles e por eles. Saber que eles estavam
deixando para Viper falar na privacidade de seu antigo quarto, não seria bom.
— Apenas cuspa.
— Jo está enganando você.
— Besteira.— Rider sentiu o quarto girar ao redor dele, sua mente foi
jogada de volta ao passado, enquanto seu corpo ainda estava sentado no
quarto de Gavin.
— Irmão, prefiro arrancar minha língua a mentir para você sobre isso.—
O maxilar de Viper apertou quando pressionou um botão do computador na
mesa.
Rider viu as filmagens de segurança da câmera que ele e Shade
plantaram na propriedade de Jo. Quatro telas separadas mostravam o lado de
fora da casa de Jo, o interior, a entrada do ferro velho e a garagem metálica.
Viper pressionou outro botão, mudando a filmagem. Rider não disse nada
enquanto observava.
A filmagem mostrou Jo indo até ao ferro velho. Rider olhou para a data
da gravação antes de ver Jo sair de seu caminhão e entrar na sua casa. Viper
avançou a gravação até que Jo estava se movendo em sua sala de estar,
lavando os pratos e varrendo o chão da cozinha. Viper parou a filmagem
quando a viu pegar o telefone.
Quem estivesse ligando para Jo a irritou pela expressão no seu
rosto. Ela continuou a balançar a cabeça em negação antes de bater o telefone
na mesa de café e colocar as botas novamente. Pegando o casaco e o telefone,
ela saiu apressada.
Viper parou a gravação.
— Moon estava assistindo a filmagem e chamou Shade.
— Por que Shade não me chamou? Fui eu que quis as câmeras para
vigiá-la.
— Shade sentiu que seria melhor ele lidar com isso, caso Curt tentasse
atraí-la. Ele estava com medo que você matasse Curt sem a nossa permissão.
— Onde ela foi?— Rider não tinha dúvida de que Shade a seguiu.
— Ela foi até uma estrada atrás do lago. Eu quase não encontrei onde
ela entrou. Eu tive que caminhar para evitar que ouvissem minha moto.
— Com quem ela se encontrou?— Rider agarrou os braços de sua
cadeira para trazer sua mente de volta ao presente.
— Aly.
— Aly?
— Eu fiquei tão surpreso quanto você. Quando pedi a ela que desse
desconto nas roupas de Jo para o leilão, ela agiu como se não conhecesse Jo
muito bem. Ela tem dito a todas as mulheres do clube que quer ser membro,
mas até agora, se algum dos irmãos se aproxima para conversar com ela, ela
está mais interessada em falar sobre sapatos do que em fodê-los.
— Você pediu a Aly que desse desconto nas roupas de Jo? Porquê?
— Porque somos burros fodidos. — Viper chutou a perna de sua
mesa. — Nós queríamos que você se concentrasse em Jo, não em nossas
esposas.
Rider acenou com a cabeça para a confissão de Viper.
— Você conseguiu ouvir o que elas estavam falando?
— Não.
— Alguma ideia?
— Elas conversaram por quase uma hora. Jo parecia estar tentando
convencer Aly de algo.— Shade encolheu os ombros.
— Shade, você e Viper já devem ter falado sobre isso, ou você teria me
contado assim que aconteceu. O que você acha que elas estavam fazendo?
Shade colocou seus antebraços nas coxas. — Ambas as mulheres têm
apenas uma coisa em comum pelo que posso ver. Knox disse que Aly o
pressionou para investigar as mortes de seus pais. Quando o relatório voltou
sem nada suspeito, ela invadiu seu escritório. Aly poderia ter contatado Jo
porque não é como se fosse um segredo o que Curt fez com ela. Elas podem ter
se associado para tentar derrubar Curt.
— Como?— Rider já sabia, mas ele queria que seus pensamentos
escuros fossem confirmados.
— Você. Ember disse que Aly fez perguntas. Quando perguntei a
Winter o que ela achava de Aly, ela disse que ela e Jo foram para a escola
juntas. Ela também disse que a Geórgia era uma amiga de Aly. Ela disse que
sempre que Aly visitava seus pais, se encontrava com a Geórgia.
Que Aly era amiga da Geórgia antes de Shade sair com ela, enquanto
estava na prisão, não era um bom sinal. Geórgia tinha sido uma tirana que fez
da vida de Willa um inferno antes de se casar com Lucky. Ela também tinha
quase matado Shade e Lily quando incendiou o porão do clube.
— Isso não é tudo.— Viper pressionou o botão para rodar a gravação
em outra parte da tela do computador, mostrando Jo na grande garagem de
metal na parte de trás de sua propriedade. Rider olhou para a data e viu que
era de hoje à tarde.
— Nós colocamos câmeras apenas no interior e fora de sua casa para
pegar Curt. Depois que vi a reunião de Jo e Aly, voltei e coloquei mais câmeras
dentro e ao redor da garagem no caso delas se encontrarem lá. Knox conseguiu
congelar seu sistema de vigilância até que eu pudesse entrar e sair.
Rider começou a rir amargamente.
— Eu sou um idiota do caralho.
Ele estava olhando para o misterioso carro que havia visto algumas
vezes.
Ele avançou com a cadeira para a frente, sem acreditar em seus olhos. O
carro que ele tinha confiado a Carl também estava no meio da garagem,
suspenso em um elevador. Ele se sentou, observando enquanto ela trabalhava
nele com cuidado meticuloso.
Os irmãos assistiram junto durante vinte minutos antes de Jo esfregar
as mãos e depois tocar o pneu como se ela estivesse prometendo a um amante,
que voltaria logo.
— Train também foi enganado. Nenhum de nós esperava que Jo não
estivesse sendo sincera com você. Para dizer a verdade, espero estarmos
errados. Eu gosto de Jo. Ela passou por muita merda, e ainda vai passar por
mais.
— Knox não está satisfeito com o relatório do acidente e pediu uma
avaliação independente do estado. Nós já estávamos desconfiados por Aly
estar tão entusiasmada em vir para o clube, e foi por isso que pedimos a todos
que observassem seus passos. Ember está de serviço na cozinha nos próximos
dois meses porque ela ignorou minhas ordens e disse a Aly como ela poderia
se tornar um membro.
— Não a culpe. Aly a manipulou. Não foi o suficiente para enganar
Shade, mas Ember é muito agradável. Ela não reconheceria uma mentira se a
atingisse no rosto.— Rider pegou uma régua na mesa, deslizando o polegar ao
longo do comprimento.
— Desculpe, Rider— Viper falou quando ficou óbvio que ele não iria
dizer nada mais. — Nós podemos lidar com isso da maneira que você quiser.
— Não se desculpe. Não é culpa sua.— Ele colocou a régua de volta, e
levantou. — Avisem para não deixar Aly entrar mais na sede do clube. Faça
parecer que estamos confinados por causa de algo feito por Curt. Eu cuidarei
de Aly e Jo.
— O que você vai fazer?— Foi a primeira vez que Gavin falou desde
que Rider entrou no quarto.
— Eu vou fazê-las acreditar que estão na Disneylândia e que todos os
seus desejos se tornarão realidade. — Rider saiu da reunião. Ele não estava
com raiva, suas emoções muito entorpecidas para causar essa reação.
Entrando em seu quarto, ele tirou a camisa e torceu-a antes de esticá-la
e bater no colchão, em vez da mulher que ele queria que sentisse a dor de suas
chicotadas.
— Se você está com disposição para descontar sua raiva em alguém, eu
tenho algum tempo livre — disse Jewell, vindo por trás dele.
Ele usou o pé para fechar a porta sem esperar para ver se havia
fechado. Jewell tinha aproveitado a porta aberta, entrando apenas com uma
calcinha cobrindo sua boceta.
— Saia. Agora.
Rider não olhou para ver se ela saiu. Jewell tinha o instinto de
sobrevivência de um gato. Ela sabia quando mostrar suas garras e quando
recuar.
Deixando a bagunça que ele tinha feito das roupas que separou pela
manhã para usar esta noite, ele foi até sua porta, usando a sola da bota para
fechá-la. Sem camisa, ele foi até sua cômoda pegar roupas e meias limpas antes
de ir ao banheiro e tomar uma ducha. Nu, enrolou uma toalha em volta do
quadril e saiu para o corredor.
— Ei, sexy!— Uma voz feminina do patamar o fez girar. Sasha vinha
saltando pelo corredor em direção a ele.
— Quando você voltou?— Ele sorriu, levantando-a até que suas coxas
agarraram seus quadris.
— Duas noites atrás. Você tinha saído ou estava trabalhando.— Ela
socou seu ombro de brincadeira, depois envolveu os braços em torno do seu
pescoço em um abraço. — Eu senti sua falta... — Enquanto ele a abraçava
carinhosamente, sua toalha caiu no chão do corredor. Os olhos de Sasha se
arregalaram com a carne que ele estava expondo. — Muito.
— Eu também senti sua falta, pirralha.— Rider a colocou no chão,
então pegou sua toalha, envolvendo-a em torno de seus quadris.
— Desde quando você é tímido?— Sasha seguiu seus passos enquanto
ele entrava em seu quarto.
— Estou de saída.
— Mais uma vez?— Sasha sentou-se ao lado de sua cama enquanto ele
colocava o jeans e a camiseta preta. — O que uma garota precisa fazer para
conseguir sua atenção? Dirigir um reboque?— Ela provocou.
— Tenho certeza de que você está se mantendo ocupada. — Rider
puxou a camiseta para baixo, cobrindo os músculos de seu abdômen antes de
sentar-se ao lado dela na cama para calçar as botas.
— É verdade, mas querido, eles não são você.— Ela colocou a mão na
coxa dele, subindo para pegar seu pau. Rider se virou de lado, tomando seus
lábios em um beijo exigente. Quando ela começou a corresponder, no entanto,
ele se afastou, levantando para empurrar as chaves e o celular para dentro dos
bolsos dos jeans.
— Eu tenho que ir. Estarei de volta em algumas horas.— Voltando para
a cama, ele deslizou sua mão intimamente entre as coxas dela, agarrando sua
boceta. — Guarde um pouco para mim.
— Você sabe que eu sempre guardo um pouco para você— ela
cantarolou enquanto ele pegava sua jaqueta, e saía de seu quarto.
Descendo os degraus, ele ouviu o toque de seu telefone de um texto
recebido. Ele não se incomodou em olhar - Jo chegou bem na hora. Se ela
dissesse que chegaria em um certo horário, ela estaria lá. Era uma das coisas
que ele gostava sobre ela.
Acenando com a cabeça para Moon, que lhe deu um olhar minucioso,
desceu os degraus para o estacionamento.
Abrindo a porta do passageiro do caminhão de Jo, ele entrou. Ele
recebeu o mesmo olhar minucioso de Jo quando fechou a porta.
— Cheguei cedo demais?— Perguntou ela, dando ré.
— Não. Porquê?
— Nada. É só... você tem usado roupas mais formais quando
saímos. Não que isso importe — ela apressou-se em acrescentar.
Rider encontrou seus olhos, olhando para eles profundamente. — Eu
decidi que a roupa não faz o homem assim como não faz a mulher.
— Não, elas não fazem.
— Cuidado— ele avisou quando ela estava prestes a pegar a estrada. —
Está vindo um carro.
Jo pisou no freio. — Desculpe, eu não o vi.
— Não, você não viu. Somo dois.
CAPÍTULO 21

— As estradas parecem desimpedidas.


Jo manteve os olhos colados na estrada, nervosa.
— Elas estão. Hoje o sol derreteu o que restou.
A vibração que Rider estava adiando desde que entrou no caminhão a
fez discretamente observá-lo pelo canto do olho.
— Então, qual é o nosso plano esta noite? Outro cachorro-quente no
posto de gasolina?
— Eu ia fazer melhor do que isso.— Entrando no estacionamento da
igreja, ela encontrou um local para estacionar que a deixaria de frente para a
estrada caso fosse chamada. — Willa está preparando o jantar esta noite para
quem se voluntariar a embrulhar os presentes de Natal das crianças.
Quando Rider ficou lá parado sem sair, ela olhou para baixo para ver o
que ele estava olhando, percebendo que ela estava inconscientemente torcendo
as mãos.
Esfregando suas palmas suadas no material grosseiro de seu macacão,
ela limpou a garganta.
— Se você não quiser, poderíamos ir buscar um hambúrguer no
restaurante, e eu posso levá-lo para casa depois.
Jo não conseguia entender o enorme caroço que se formara na sua
garganta. Era como se ela tivesse perdido um amigo e não soubesse o
motivo. Os últimos dias com Rider mostraram quão solitária sua existência
havia sido.
Ela tinha pessoas a quem chamava de amigos na cidade e na igreja, mas
mantinha uma distância que os impedia de serem chamados de amigos íntimos.
Rider havia diminuído essa distância. Experimentar esse distanciamento dele,
não causado por ela, a abalou até ao núcleo.
Ela chamou Aly para uma reunião no outro dia para dizer que não iria
seguir com o plano de tentar seduzir Rider para pegar Curt. Elas haviam
discutido, e Aly tinha saído ameaçando processá-la pelo dinheiro que seu pai
devia.
Jo reparou na expressão fechada de Rider. Então ela ficou tensa quando
ele estendeu a mão para acariciar sua bochecha, passando um dedo
suavemente para baixo. Congelada em seu toque, ela o encarou, hipnotizada
pela curva sensual de seus lábios.
— Willa é uma boa cozinheira. Se ela fez essa oferta, a maioria da
cidade aparecerá. Vamos nos apressar antes que todos os brinquedos sejam
embrulhados. — Retirando a mão, ele saiu do caminhão.
Jo levou um segundo para perceber que ele a estava esperando do lado
de fora.
— Tola, você está enganando a si mesma.— Reunindo seu bom senso
disperso, ela saiu, baixando a cabeça no seu sorriso forçado.
Não tomando a mão que ele estendeu para ela, passou por ele, quase
derrapando na calçada escorregadia. Rider conseguiu pegá-la pela cintura.
— Cuidado. Você não quer cair.
Jo agarrou seu bíceps, sentindo os feixes de músculos sob o seu toque.
— Rider... eu...
— Oi, Rider.
Jo afastou suas mãos de Rider quando Aly se aproximou deles na
calçada.
— Jo — Aly cumprimentou enquanto segurava o braço de Rider com
intimidade. — Você se importa, Rider? Eu não quero cair com esses saltos.
— Eu estou sempre disposto a ajudar uma menina bonita.—
Colocando-se entre as duas mulheres, ele ofereceu seu outro braço curvado
para Jo.
— Eu estou bem.— Jo avançou, deixando-os para trás.
Ela estava dividida entre raiva e pranto ouvindo suas vozes baixas atrás
dela sem conseguir escutar o que eles estavam dizendo.
Abrindo a porta da igreja, ela entrou, indiferente se eles a seguiam.
Lá dentro, Willa e Lucky conversavam com Cash e Rachel.
Se afastando do pequeno grupo, Willa deu a Jo um olhar nervoso.
— Eu estava preocupada que você tivesse sido chamada. Eu tenho
ajuda o bastante. Infelizmente, no entanto, a maioria dos paroquianos está
muito ocupado para permanecer mais tempo.
Willa deu um sorriso a Rider e Aly quando eles passaram pela porta
atrás de Jo.
— Eu espero que a maioria dos presentes sejam embrulhados antes que
eles comecem a dar desculpas para sair. Organizei os brinquedos por faixa
etária. Rider, você e Jo podem usar a sala de estudo bíblico para os de três
anos. Aly, você pode trabalhar com Rachel e Cash na sala de cinco e seis
anos.— Assim, ela os conduziu rapidamente para suas respectivas salas.
Jo só ficou olhando enquanto a porta se fechava atrás deles, deixando
ela e Rider sozinhos em uma sala cheia de brinquedos.
— O que deu nela? — Jo fechou sua boca pela atitude exigente de Willa.
Rider riu, tirando a jaqueta dos ombros e colocando-a em uma das
pequenas mesas.
— Isso não é nada. Você devia vê-la quando fica brava. Todos nós
procuramos sair do seu caminho.
Jo não teria acreditado que isso fosse possível, mas a dúvida a fez
vacilar diante da abordagem sem sentido de Willa para que os presentes
fossem embrulhados.
Os móveis infantis não deixaram nenhum lugar para sentar; nem
mesmo a mesa poderia ser utilizada.
Rider apresentou uma solução.
Pegando um rolo de papel de embrulho, ele sentou-se no tapete com
fácil acesso a uma pilha de brinquedos e começou a embrulhar.
De maneira alguma ela se sentiria confortável pelo volume do seu
macacão. Abrindo, ela começou a tirá-lo, expondo sua camiseta Henley22
rosa. Ela teve que se sentar para tirar as botas, revelando suas meias cor de
rosa. Então ela levantou para tirar a parte inferior do seu macacão. Seu jeans
era velho e desbotado, abraçando seus quadris e fazendo com que ela se
sentisse consciente de que não estava vestida como Willa, Rachel e Aly.
Sentando-se no tapete em frente a Rider, ela começou a embrulhar uma
linda boneca com rabo de cavalo. Rider tinha embrulhado três antes de ela ter
terminado a primeira.
— Nunca vi ninguém empacotar tão rápido.
Rider pegou outro brinquedo. — Eu tenho muita experiência. Willa me
convoca para fazer isso todos os anos.
— Agora eu me sinto culpada. Você não se ofereceu este ano...
— Eu já tinha avisado Willa quando ela me pediu para convencer você
a me ajudar. Você me poupou o trabalho.— Ele terminou de embrulhar um
pequeno caminhão de plástico, colocando-o de lado para pegar outro
brinquedo. Com a cabeça baixa, ele não podia vê-la observando-o.
— Eu sinto muito.
Ele ergueu a cabeça por suas súbitas desculpas.
— Pelo quê? Acabei de dizer...
— Por ter te julgado mal. Você é um cara muito legal, Rider.— Ela
inquieta mudou seu peso para o outro quadril, tentando se sentir mais
confortável no tapete.
— Você acha que eu sou legal?— Rider a olhou da mesma forma que
ela olhou para Willa quando ela foi autoritária sobre quem iria envolver quais
presentes.

22
Uma camisa Henley é uma camisa sem gola, caracterizada por uma abertura sob o decote redondo, com cerca
de 3 a 5 polegadas (8 a 13 cm) de comprimento e geralmente com 2-5 botões. Ela se assemelha essencialmente
a uma camisa polo sem gola .
— Eu acreditei que você só tinha uma coisa na cabeça, e sinceramente,
eu não tinha intenção de conhecê-lo melhor. Eu estava errada. Você deu uma
soma ultrajante de dinheiro por um encontro comigo, e assim Willa foi capaz
de comprar tantos brinquedos. Você foi gentil com Mag, apesar de eu tê-la
levado ao nosso encontro. Não só isso, mas você me fez companhia nos
últimos dias e fez as noites passarem muito mais rápido. Obrigada por se
tornar um amigo.
— Você acha que eu tenho tentado me tornar seu amigo?
Ela torceu timidamente a fita que estava tentando colocar no topo do
presente que ela tinha embrulhado.
— Não importa quais são suas intenções. É assim que penso em você.
— É assim?
Jo assentiu, sem levantar a cabeça. — Nunca pensei em um homem
como um amigo antes. — Ela estava expondo uma parte de si mesma que
nunca deixara ninguém ver antes, homem ou mulher.
— Nem antes...
Jo ergueu os olhos quando ele delicadamente interrompeu a pergunta
que estava prestes a fazer. Ela nunca falou sobre seu ataque com ninguém,
além de sua mãe e pai. Quando Aly a convenceu a trazer Rider para o seu
lado, ela sabia que teria que se abrir com ele para torná-lo empático à sua
causa. Era uma das principais razões pelas quais ela não queria fazer isso, não
acreditando ser possível discutir os acontecimentos daquela noite traumática,
especialmente se isso levasse a um ato de violência contra Curt.
Agora que ela estava sendo sincera com Rider, que ela o considerava
um amigo e se recusara a ajudar Aly a buscar seu próprio tipo de justiça,
tornou muito mais fácil falar com Rider sobre isso. Tudo se resumiu à mera
necessidade de finalmente deixar isso para trás, no passado, onde pertencia.
— Nem antes de ser estuprada.— Jo parou de embrulhar os
presentes. Levantando os joelhos, apoiou a cabeça neles para não encontrar
seus olhos. — Foi a primeira vez que minha mãe me deixou ir a um jogo de
futebol sozinha. Meu pai prometeu me levar e me buscar logo depois. Eu
nunca tive interesse em ir antes.
— Curt estava na minha classe de Álgebra, e eu tinha uma grande
paixão por ele - todas as meninas tinham. Eu era muito tímida para conversar
com ele durante a aula, mas naquele dia, ele parou na minha mesa quando o
sinal tocou e me perguntou se eu iria. Eu disse que sim. Fiquei tão feliz por ele
ter perguntado se eu iria.— Jo levantou a cabeça de seus joelhos para olhar
para o teto enquanto lutava contra o ódio, não por Curt, mas por si mesma. —
Eu era tão ingênua. Ele esperou todos os alunos saírem da sala antes de falar
comigo, mas não percebi isso naquele momento, muito emocionada por ele ter
me notado. Passei a maior parte da tarde convencendo minha mãe a me deixar
ir. Ela até se ofereceu para ir comigo. Eu disse a ela que não queria ir se ela
fosse comigo. Eu achei que estava velha demais para precisar que minha mãe
andasse comigo.
— Quando papai me deixou lá, eu me sentei sozinha nas
arquibancadas. Eu tinha chegado cedo o suficiente para conseguir um assento
na primeira fila, próximo a onde os jogadores estariam de pé. Quando Curt
saiu para o campo, eu acenei para ele... Eu acenei... — Jo enterrou o rosto nas
mãos, respirando profundamente para se recompor. Quando ela conseguiu,
baixou as mãos, encontrando um pequeno furo no joelho do jeans e se
preocupando com isso.
— Durante os últimos dez minutos do jogo, Justin veio sentar-se ao
meu lado e me disse que Curt queria que eu o encontrasse na sala onde o
equipamento era armazenado. Eu disse a ele que não podia, que meu pai
estava vindo me buscar. Ele disse que Curt iria me levar para casa, e esperaria
no caso de eu mudar de ideia.
— Eu ainda me lembro de esperar por meu pai, olhando o meu relógio
enquanto todos deixavam o campo. Faltando dois minutos para os trinta
devidos, fui até à sala de armazenamento. Eu só ia pedir para usar o celular de
Curt. Eu nem estava pensando em deixá-lo me levar para casa. — Jo podia ver
o furo no seu jeans alargando enquanto ela mexia nele. — Quando cheguei à
sala de armazenamento, Curt, Jared, Tanner e Justin estavam lá dentro.
— Você quer saber a coisa mais estúpida que eu fiz?
— Não... pare. Jo, você não precisa me contar nada.
Ela ergueu os olhos, inexplicavelmente querendo compartilhar com ele
o que tinha acontecido com ela naquela noite horrível.
— Eu não preciso... mas eu quero.
Ela respirou fundo se fortalecendo.
— Quando eu pedi para usar seu telefone, Curt levantou-o sobre sua
cabeça, então eu não consegui alcançá-lo. Ele estava tomando uma cerveja e
disse que se eu quisesse usar seu celular, eu teria que terminá-la. Eu fui
inteligente o suficiente para tentar correr, mas não suficientemente esperta
para gritar. Eu deveria ter gritado com todas as minhas forças.
— Eu não gritei quando Curt arrancou minha blusa, ou quando Tanner
trancou a porta. E eu não gritei quando Justin segurou minhas mãos atrás das
minhas costas para que eu não pudesse lutar. Não gritei quando Curt me
estuprou, ou Jared, ou Justin. Eu estava muito apavorada com o fato de
alguém abrir a porta e me ver com quatro meninos na sala de armazenamento.
— Eles me deixaram, destruída e sangrando no chão, como se eu fosse
um lixo. Mas antes de saírem, Curt advertiu-os a manterem a boca fechada. Ele
não estava preocupado que eles contassem a alguém que haviam me
estuprado. Ele não queria que ninguém soubesse que ele havia tocado um lixo
como eu.
— Como você chegou em casa?— A voz rouca de Rider fez Jo pegar
uma linda boneca Barbie, e então cortar papel suficiente para embrulhá-la.
— Quando finalmente consegui me vestir, voltei para onde meu pai
deveria me encontrar. Esperei mais uma hora até ele aparecer. Chorei todo o
caminho para casa, contando-lhe o que aconteceu. Quando chegamos em casa,
minha mãe olhou meu rosto e sabia que algo tinha acontecido. Fui para o meu
quarto e ouvi meus pais gritando a noite toda. Minha mãe queria ir à
polícia, meu pai não. Minha mãe e eu deixamos a cidade no dia seguinte.
— Eu os teria matado se...
Jo balançou a cabeça. — Eu não culpo meu pai. Curt e os outros
meninos teriam jogado a culpa em mim, como se eu os tivesse atraído. Ele
estava tentando me proteger à sua maneira. Curt não é desse jeito sem
apoio. Sua família é tão ruim quanto ele, eles são apenas mais inteligentes em
se manter discretos. Eu estava mais preocupada com a minha reputação sendo
ridicularizada pelos moradores de mente tacanha do que gritar a plenos
pulmões que eu tinha sido estuprada. Curt e seus primos já tinham me
estuprado. Eu não suportaria passar pela mesma experiência uma e outra vez
com todos na cidade fazendo observações sarcásticas sobre isso. Curt era o
quarterback estrela, Jared era muito popular, e a família de Tanner e Justin
tinham muito dinheiro. Enquanto eu vivia em um ferro velho. Eu ainda vivo.
Jo ergueu a boneca Barbie, a representação plástica do que ela
nunca seria - limpa e nova, intocada pelas mãos humanas. Isto a fez querer
trocar de lugar com o brinquedo sem emoção.
Rider usou seus calcanhares para deslizar pelo espaço que os separava.
Ele estendeu a mão, puxando seu cabelo para trazer sua cabeça para o ombro
dele.
— Você não é lixo, Jo. Você não era antes, e você não é agora.
— Está tudo bem. Eu não acredito mais nisso. Realmente não. Os
tempos mudaram. Eu não tive vergonha de contar a todos que Curt me
estuprou quando voltei para a cidade. A cidade toda sabe agora. Curt pode
não ter sido preso por isso, mas foi o bastante para fazê-lo mudar seu
sobrenome para o de sua mãe, e eu gosto de pensar que isso custou o seu
emprego na escola.
— Por que você está me contando isso esta noite?
— Porque eu não confiei em ninguém por muito tempo, mas eu confio
em você.— Jo levantou a cabeça, dando-lhe um sorriso confiante. — Além
disso, eu não quero que você se sinta culpado se quiser me dispensar por
Aly.— Ela não queria que Rider pensasse que deveria ficar na sala com ela se
na realidade ele queria ajudar Aly.
Torcendo seu cabelo, ele ergueu sua cabeça do ombro dele. — De onde
veio isso?— Seu olhar impenetrável se fixou nela. Ela lhe devolveu um
retraído.
— Se eu fosse um cara, eu sei qual eu escolheria.
— Talvez eu não seja um cara normal.
— Eu sou a única que não é normal. É o que eu tenho tentado lhe
dizer. Eu quero ser sincera com você, não pense que pode haver mais entre nós
do que a amizade, porque não pode.
— Não pode?
Jo começou a tremer pela maneira sensual que ele estava esfregando a
parte de trás do seu pescoço.
— Eu sou assexuada.
Ela esperava que ele contestasse sua afirmação, ou fizesse algumas
perguntas. O que ela não esperava era que ele caísse no chão, rindo.
— Não é engraçado. Eu sou.
— Você não é assexuada.
— Você é eu?— Ela olhou para ele. — Eu acho que eu me conheço
melhor do que você. Até mesmo minha terapeuta concorda comigo.
— Sua terapeuta é uma mulher?
Jo queria beliscá-lo para fazê-lo parar de rir.
— Eu sou assexuada.
— Jo, você acabou de me dizer há menos de dez minutos atrás que você
não era.
Sua testa franziu a confusão. — Eu não...
— Você me disse que teve uma paixão por Curt antes dele estuprá-
la. Se você fosse assexuada, não teria tido uma queda por ele. O que você tem é
repulsa por sexo por causa de um evento traumático. Não que eu a culpe. Se
eu tivesse sido forçado a fazer sexo com Curt, eu também teria essa repulsa.
— Isso não é engraçado!— Seus olhos lacrimejaram com a ideia de ele
levar sua confissão tão levianamente.
Ela tentou se levantar, mas Rider a puxou de volta para o chão, usando
o movimento para se levantar de sua posição estendida.
— É mais fácil rir do que achar Curt e quebrar a cara dele por fazer você
acreditar nisso sobre si mesma.
— Não é uma crença. É um fato.— Ela cruzou os braços sobre o peito
obstinadamente.
— Eu posso provar que você não é.
Jo revirou os olhos. — Como? Fazendo sexo com você? Esqueça o que
eu disse. Você está sendo um idiota...
— Acalme-se. Eu simplesmente estava oferecendo um beijo. Amigos se
beijam o tempo todo. Se você falou sério, quando disse que confia em mim,
que mal há em um pequeno beijo? Vou até facilitar para você.— Rider
deslizou sentando em suas mãos, fechando os olhos e franzindo os lábios. —
Eu não vou colocar um dedo em você, eu juro.
— Você parece ridículo— ela disse, sem ter intenção de beijá-lo.
— Vamos lá... Não me deixe esperando.
— Desista. Eu não vou te beijar. Além disso, você não parece atraente
agora. Você parece bobo.
— Então isso deve tornar mais fácil para você... Vamos, Jo. Seja
corajosa. Só um beijinho, e eu acreditarei que você é assexuada. Você já beijou
alguém depois daquela noite?
— Não, nunca beijei ninguém— ela admitiu.
Os olhos de Rider se abriram.
— Então, como você sabe com certeza? Vamos, Jo. O que você tem a
perder?— Rider fechou os olhos novamente, franzindo os lábios para o beijo
que ele a estava desafiando a dar.
Ela olhou para ele, baixando a guarda agora que não estava olhando.
O que ela tinha a perder?
Jo poderia responder a essa pergunta com duas palavras: seu coração.
Capítulo 22

Rider observou Jo através de seus cílios, vendo a indecisão em seu


rosto. Não movendo um músculo, ele a deixou andar cegamente para a
armadilha que ele montou para ela. Uma boa armadilha merecia outra.
Ele acreditava que sua explosão repentina sobre a noite em que foi
estuprada tinha sido proposital. Confiar nele como um amigo tinha sido
planejado para conseguir sua proteção. Dar corda fazia parte do seu plano de
virar a espada na direção dela. A vingança tinha dois lados, e ele não gostava
de ser bode expiatório de ninguém, embora Curt mais do que merecesse ser
morto.
Ele nunca duvidou que Jo não estivesse dizendo a verdade sobre o que
aconteceu com ela naquela noite. E se ela tivesse ido direto ao assunto e
pedido que ele matasse Curt, ele teria feito isso sem hesitação. Ele ainda
poderia, se ele encontrasse um modo de não chamar a atenção sobre os Last
Riders. Qualquer um que machucasse uma mulher desse jeito não merecia
segundas chances, sobretudo depois das táticas que ele usou para assediar Jo.
No entanto, ele queria ver até onde ela iria para convencê-lo. Não seria
a primeira vez que uma mulher tentaria manipulá-lo. Viper e Lucky foram os
únicos a avisá-lo, e ele não havia escutado. Ele nunca mais ignoraria suas
advertências. Ele pagou caro por não ouvi-los na época.
Ele estava prestes a abrir os olhos quando a viu se
aproximando. Cerrando as pálpebras com mais firmeza, ele ouviu sua
movimentação, prendendo a respiração.
No momento em que seus lábios roçaram os dele, Rider teve que conter
um gemido. Como um perfume que nunca tinha o mesmo aroma em outra
mulher, duas mulheres não beijavam da mesma forma.
Os lábios dela estremeceram contra os seus. Eles tinham gosto de
lágrimas salgadas e medo.
Seu orgulho ferido por ela estar mentindo para ele sobre seu carro e por
ela o estar deixando acompanhá-la foi drenado, quando ela, com confiança,
colocou as mãos no peito dele e pressionou os lábios com mais firmeza contra
os dele.
Uma mulher podia mentir com palavras, atos e olhares, mas elas não
podiam mentir com seus beijos. Pelo menos, Jo não podia. Ela não estava
fingindo o medo, nem fingia a pequena centelha de resposta que sentia em seu
beijo.
Rider separou um pouco seus lábios, dando a ela a opção de
aprofundar o beijo, esperando que ela recuasse. Com determinação de aço, ele
controlou sua ereção quando sentiu a língua entrar na sua boca, acariciando a
parte interna do seu lábio inferior. Abrindo mais a boca, ele moveu a sua sobre
a dela, impelindo Jo a ir mais adiante.
O som de um telefone celular fez com que ambos abrissem os olhos.
— É o seu— disse Jo, se afastando e pegando a Barbie. Ela começou a
embrulhá-la enquanto ele atendia seu telefone.
— Lily entrou em trabalho de parto.— A voz de Knox fez Rider se
levantar imediatamente.
— Estou a caminho.— Rider pegou sua jaqueta, vestindo-a quando se
voltou para Jo. Se agachando, levantou o rosto embaraçado de Jo. — Eu tenho
que ir. Lily entrou em trabalho de parto.— Sem dar tempo para protestar, ele
deu um beijo firme em seus lábios. — Nós vamos continuar com isso
em outro...
— Não há nada a dizer. Eu provei o meu ponto.
— Você fez? Eu devo ter perdido isso, pareceu muito sexual para mim.
— Não pareceu.
Rider pressionou um dedo em seus lábios. — Não minta. É indigno,
especialmente quando sabemos que não é verdade.
— Eu não sei…
Rider baixou sua mão, escovando os nós dos dedos contra os seus
mamilos e excitando-os ainda mais até que estivessem apontando
descaradamente para ele.
Jo virou o rosto com teimosia para longe dele. — Eu pensei que você
estava com pressa.
— Eu estou. Eu simplesmente não vou deixar você mentir para si
mesma sobre o que aconteceu, mesmo que isso faça você se sentir melhor.
— Um cavalheiro não se vangloriaria.
— Querida, eu não sou um cavalheiro. — Dando-lhe outro beijo, ele se
levantou e depois atravessou a sala. Abrindo a porta, viu Rachel e Cash vindo
de uma sala no final do corredor, suas expressões tão tensas quanto a dele.
— Você pode ir conosco. Willa ligou e disse que ela e Lucky já
foram. Eles queriam ter certeza de que você teria uma carona.
— Há quanto tempo ela está em trabalho de parto? — Perguntou Rider
enquanto se apressavam e entravam no caminhão de Cash.
— Sabemos tanto quanto você — disse Rachel, se agarrando ao painel
quando Cash arrancou do estacionamento.
Enquanto se dirigiam para o hospital, os faróis brilhavam atrás
deles. Pelo espelho lateral, Rider podia ver as motocicletas se dirigindo para o
mesmo lugar.
Moon, Trip e Gavin estavam saindo de suas motos enquanto Rider,
Cash e Rachel estavam saindo do caminhão. Rider ficou surpreso ao ver Gavin
lá. Ele preferia ficar sozinho durante o dia e montar sozinho durante a noite,
apesar de todas as tentativas que ele e os outros irmãos faziam para incluí-lo,
ou em tentar montar com ele.
Rider andou ao lado dele enquanto atravessavam a porta de vidro
deslizante e seguiram pelo corredor onde Willa tinha avisado que estariam,
por mensagens de texto para Rachel.
— Onde está Shade?— Rider perguntou a Viper quando Gavin sentou-
se ao lado dele.
— No quarto com Lily.
— Isso não vai durar muito. — Rider sentou-se ao lado de Gavin,
forçando sua presença, embora ele pudesse dizer que Gavin desejou que ele
tivesse escolhido outro lugar para sentar. — Shade não lida bem com Lily
sentindo qualquer tipo de dor. — Esticando as pernas, ele esperou que as
explosões começassem.
Levou apenas dois minutos antes que o médico idoso entrasse na sala
de espera.
— Viper, posso falar com você em particular?
Rider sorriu quando o Dr. Matthews tirou um lenço do bolso para
enxugar sua testa suada.
— Aqui vamos nós. — Rider cutucou Gavin com o cotovelo enquanto
Viper saía com o médico.
— Alguma coisa pode estar errada. — Gavin se afastou do alcance de
seu cotovelo.
— Se algo estivesse errado, nós saberíamos. Shade enlouquece quando
tem algo errado com Lily.
— Você está exagerando.
— Você acha? Cash, Gavin acha que eu estou exagerando sobre Shade
enlouquecer quando acontece algo com Lily.
Cash colocou um braço sobre os ombros de Rachel, levando-a para a
cadeira vazia de Viper. Sentando-se, Cash puxou Rachel para o seu colo. A
sala de espera estava lotada com os Last Riders.
— Um macaco seria mais sensato. — Cash sorriu. — Ele está mais para
um psicótico em esteróides. Não é verdade, Vixen?
Rider compreendia a esposa de Cash, enquanto ela sentava lá sem
afastar os olhos de Gavin. Ele era uma visão assustadora com seu novo corte
de cabelo e tatuagem.
— Eu deveria ligar para Holly e perguntar se ela e Greer podem passar
o resto da noite com Mag e Ema. — Desculpando-se, Rachel se afastou para
um canto distante da sala.
— Eu acho que Rachel não gostou do seu novo corte de cabelo — Rider
provocou seu amigo.
Quando Gavin se levantou e saiu da sala, Rider assistiu a isso com o
coração pesado. No passado, ele e Gavin foram mais próximos do que ele
tinha sido de Viper. Eles se tornaram amigos no primeiro dia do treinamento
básico. Inclusive tinha sido deles a ideia de começar os Last Riders.
Ele podia esperar e deixar Gavin se curar com o tempo, mas, depois de
conhecer Jo melhor, ele percebeu que velhas feridas não se curavam. Elas
apenas os tornavam mais perigosos.
Rider observou Gavin andar pelo corredor e entrar em uma sala ao
lado.
Seguindo atrás dele pelo corredor, ele estava prestes a entrar na sala
quando viu Stud, Calder e suas esposas virando a esquina. Calder parou para
falar com ele enquanto os outros seguiram para a sala de espera.
Rider olhou para o lado, observando Gavin tomar uma bebida e sentar-
se sozinho perto da janela. Prestes a dar um rápido cumprimento,
determinado a não deixar Gavin sozinho.
Os olhos de Calder seguiram a mesma direção, vendo Gavin. Então ele
se virou para ele.
Rider esperava que ele entrasse e conversasse com Gavin, mas ficou
surpreso quando Calder pegou seu braço, levando-o de volta para a sala de
espera.
Rider puxou seu braço, parando.
— Eu ia falar com Gavin.
— Gavin não quer falar agora. Ele quer ficar sozinho.
Rider gostava do irmão de Stud, mas era homem o suficiente para
admitir a si mesmo que estava com ciúmes dele. Ele tinha um relacionamento
com Gavin agora, que ele teve uma vez. Ele estava tentando atravessar, sem
sucesso, a camada de gelo que Gavin colocara entre eles.
— Ele fica trancado em seu quarto a maior parte do dia. Ele saí de moto
sozinho. A única vez que ele fala com um de nós é quando está se exercitando.
— Rider levantou a voz deliberadamente, querendo que Gavin ouvisse sua
frustração. — Eu quero...
— O que você quer e o que Gavin precisa são duas coisas diferentes.—
Calder manteve sua voz baixa e calma.
— Memphis o traiu; o resto de nós não.
— Gavin sabe disso. É por isso que ele ainda está aqui.
— Então, por que o tratamento silencioso? — Rider insistiu quando
Calder cerrou a maxilar, e fez sinal para ele ir para a sala de espera. Ele não
iria a lugar nenhum até falar com Gavin. Se ele o culpava por não estar lá
quando Memphis o sequestrou, ele aceitaria prontamente a culpa. Ele
merecia. Ele tinha falhado com Gavin.
— Não é sobre você, Rider. É sobre Gavin.— Calder passou a mão
pelos cabelos. Movendo-se para o lado, ele então apoiou as costas contra a
parede. — Você está tentando se reconectar com um homem que não existe
mais.
Rider sentiu como se Calder estivesse perfurando seu coração com um
picador de gelo. Ele não imaginava que tivesse coração suficiente para ser mais
machucado. Calder estava provando que ele estava errado.
— Você sabe o que motiva Gavin? Ele perdeu anos de sua vida e a
mulher que amava. Apenas duas coisas mantiveram Gavin forte. Uma delas
foi sua noiva, e a outra foi os Last Riders.
— Nós estamos aqui.— Rider apertou o punho, depois bateu em seu
peito.
— Você está? Gavin não partiu. Ele está vivendo no clube.
— O que você está tentando dizer?
— Não estou tentando te dizer nada. Eu nem posso. Eu sou o padrinho
de Gavin.— Calder olhou fixamente nos seus olhos. — Você serviu nas forças
armadas com Gavin, não foi?
— Sim. Porquê?
— Viper disse que Gavin foi altamente condecorado. Isso é verdade?
Desconcertado pelo que sentiu que Calder estava tentando lhe dizer, ele
respondeu: — Sim.
— É preciso ser um tipo especial de homem para se tornar
condecorado.
— Sim. Gavin fez a Marinha orgulhosa.
— Eu imagino que Viper e Ton também se orgulhassem dele.
— Gavin viveu para fazer Viper orgulhoso. Foi por isso que ele entrou
nas forças armadas. Gavin venerava seu irmão mais velho. Por isso ele queria
expandir a fábrica. Ele queria provar que os Last Riders não eram apenas um
clube de motociclistas, mas que podiam fazer a diferença na vida das
pessoas. Por isso ele escolheu Treepoint. Tinha uma economia
precária. Quando o pai de Shade falou sobre as pessoas daqui, ele quis ajudar.
— Esse é o tipo de homem que ele é.— Calder assentiu, seus olhos
mergulhando nos dele.
Rider olhou para trás. Calder estava tentando dizer-lhe algo sem revelar
nenhum dos segredos de Gavin.
O Rider emocional recuou, pensando em seu amigo com a lógica.
Gavin não havia interagido com os Last Riders desde o seu retorno,
mantendo distância dos irmãos e das mulheres, com duas exceções: Knox e
Diamond. Por que ele faria uma exceção para eles e não Viper ou ele? Ele e
Train eram os mais próximos de Gavin antes de seu sequestro. O que tornava
Knox e Diamond especiais agora?
Levando em conta o que motivava Gavin, o que Calder estava tentando
dizer a ele finalmente ficou claro.
Ele apoiou a mão na parede para se estabilizar, fechando os olhos
quando uma agonia ardente queimou sua alma tão profundamente que lhe
tirou a respiração. Só uma vez em sua vida ele experimentou uma dor tão
excruciante que o deixou de joelhos.
Ele tinha que falar com Knox.
Reunindo sua força, ele partiu para a sala de espera para encontrar o
homem, quando Calder pegou seu braço novamente.
Se sacudindo, ele quase o socou por segurá-lo.
— Mais tarde, Rider. Esta noite não é a noite. Esta noite é para celebrar
um nascimento, não reviver velhos pesadelos.— Rider assentiu.
Desta vez, quando ele seguiu para a sala de espera, Calder o deixou.
Encontrando um assento, ele começou a pensar, revirando sua mente
sobre o que poderia ser tão ruim que Gavin se sentia incapaz de falar com ele e
Viper. Ele ainda estava sentado lá quando o sol começou a brilhar através das
persianas e Shade saiu para dizer-lhes que tinha outro filho e que Lily estava
bem.
Rider se manteve distante quando os irmãos e as mulheres avançaram
para felicitá-lo. Gavin ficou estoico ao lado, observando Shade pelo mesma
razão.
Não era sempre que Shade deixava suas emoções transparecer. Tão frio
quanto Shade, ele era um bom pai e marido. Sua pequena família era sua
fraqueza, mas também sua força. Sua família o tornou humano e não o
assassino que os militares o treinaram para ser.
As feições duras de Shade foram suavizadas com um amor que brilhava
mais do que o sol lá fora. Ele tinha resistido a muitas tempestades com Lily e
inevitavelmente resistiria a muitas mais, mas a constante que faria seu
casamento sobreviver seria o amor.
Foi algo que Rider esqueceu como fazer ou se achava incapaz de fazer
novamente. Shade não desistiu, não recuou. Foi possível para ele porque, a
partir do segundo que ele viu Lily, ele se apaixonou por ela.
Gavin estava sozinho, cercado por pessoas que amavam e se
importavam com ele, assim como Jo.
Jo andava pela cidade, ajudando qualquer um que precisasse dela, no
entanto, manteve-se reservada, usando seu caminhão como um escudo para
não fazer parte de suas vidas, oferecendo pequenas partes de si mesma para
evitar se machucar novamente.
Gavin e Jo tinham sido vítimas, ambos incapazes de ver além de seus
horrores particulares. Eles não conseguiam ter uma constante qye pudesse
libertá-los de seus pesadelos.
Rider recebeu seu apelido militar porque não parava. Ele atravessaria
uma tempestade de merda para completar uma missão. Ele poderia cuidar de
Gavin, que ele amava como um irmão, e Jo, que, mesmo que não a amasse,
poderia dar-lhe o futuro que ele desejava. Só dependia dele querer.
Não havia dúvidas no que dizia respeito a Gavin. Quanto a Jo, havia.
Levantando, ele puxou as cordinhas para abrir as persianas. Olhando
para a rua, ele viu o caminhão de Jo entrar no estacionamento. Curioso, ele
observou quando ela parou e saiu do caminhão. Então ela foi até à porta do
passageiro, abriu e abriu os braços para o pequeno menino que pulou
neles. Sorrindo, ela o soltou quando Sasha apareceu. Sasha então pegou o filho
de Shade antes de ir em direção à entrada do hospital.
Rider estreitou os olhos quando Jo deu um passo em direção ao
hospital, depois parou. A miríade de expressões em seu rosto era fácil de
interpretar, enquanto ela perguntava a si mesma se deveria entrar ou
não. Estava claro que ela queria, mas, em vez de fazer o que queria, voltou
para o caminhão e foi embora.
Foi o anseio no rosto de Jo que o fez tomar a decisão no que dizia
respeito a ela. Era o mesmo anseio que sentia cada vez que ele estava com
Shade e Lily, ou os outros irmãos casados. Era por isso que ele passava um
tempo com as esposas quando seus maridos saíam.
O anseio de um dia ter essa fatia de céu para si mesmo.
Ao levantar as persianas, ele deixou o sol entrar na sala. Não foi a única
coisa que ele permitiu entrar. Calder estava certo na noite anterior. Isto era
sobre o nascimento, e com o nascimento vinha a esperança.
Rider sentiu as primeiras centelhas de esperança que ele não
experimentou há muito tempo. Se ele tivesse sorte, talvez ele fosse capaz de
iniciar a cura.
Não só com Gavin e Jo, mas encontrar uma pequena porção para si
mesmo.
Capítulo 23

Jo se aconchegou sob o cobertor, tentando se aquecer. Deitada de lado


no sofá, ela estava cansada demais para levantar e aumentar o termostato do
aquecedor. Ela descansou a cabeça apaticamente no braço do sofá, tentando
parar de tremer. Ela deveria ter ficado em seu caminhão. Teria sido mais fácil
manter aquecido.
Ela passou a véspera de Natal rebocando carros avariados, graças à
súbita tempestade de neve que os meteorologistas não conseguiram
prever. Ela tinha ficado nas estradas até que fossem desimpedidas.
Combatendo a exaustão até a neve ter parado, com o princípio de um
resfriado, ela voltou para casa, determinada a dormir algumas horas antes de
ser chamada novamente. Felizmente, todos chegaram ao seu destino e ficaram
lá até que o tempo estivesse melhor.
Tremendo mais, ela começou a tossir. Sua bexiga cheia a obrigou a
enfrentar a sala fria, tirando-a do seu casulo.
Cambaleando, ela teve que apoiar a mão no encosto do sofá quando um
acesso de tosse a alcançou. Colocando o dorso da mão em sua testa, ela sentiu
o calor da temperatura elevada. Finalmente, ela conseguiu o impulso para
chegar ao banheiro.
Ligando o aquecedor do banheiro, ela tomou uma ducha, tentando
baixar a febre. Saindo, ela colocou o seu pijama de flanela favorito e o velho
roupão de sua mãe.
Em seu quarto, ela encontrou um par de meias grossas, um cobertor
mais espesso e um travesseiro.
Ela colocou o aquecedor no máximo e se enrolou novamente no sofá, e
puxando o cobertor para perto de seu rosto, ela espirrou nele, sentindo-se
miserável.
Ela se perguntou o que Rider estava fazendo. Depois da noite em que o
beijou, ele tentou repetidas vezes se convidar para acompanhá-la no
reboque. Isso aconteceu há mais de um mês. No entanto, ela recusou suas
ofertas, bem como os muitos convites que Rachel e Winter haviam feito.
O convite mais difícil que ela recusou foi de Lily, que queria que ela
fosse jantar para conhecer seu novo bebê, que eles nomearam Clint. O bebê
adorável nas fotos que Lily tinha enviado a ela por mensagem a deixou doente
por segurá-lo.
Clint parece exatamente com Shade e John. Por favor, venha, Jo.
Jo tinha dado a desculpa de que não estava se sentindo bem e não
queria expor o bebê aos germes.
Deus a puniu por mentir.
Seus espirros e outro acesso de tosse a fizeram sentar e pegar o xarope
que era tão velho quanto ela. Agitando-o, viu que a gosma preta estava tão
grossa que podia ver partículas dançando lá dentro. Ela preferia aguentar a
tosse a tomar isso. Além disso, provavelmente era um resfriado. Ela se sentiria
muito melhor depois de dormir um pouco.
Jo não tinha tempo para estar doente. Aly tinha cumprido sua promessa
de levá-la ao tribunal pelo dinheiro que seu pai devia. A intimação ainda
estava sobre sua mesa de café, onde ela a deixara para motivá-la. Ela só tinha
até o dia cinco de janeiro para pagar a dívida. Se não fosse paga, a propriedade
seria hipotecada ou pior. O juiz poderia pedir que a propriedade do seu pai
fosse vendida para pagar a dívida.
Pegando uma caneta e papel, ela anotou suas despesas, cortando e
reduzindo o que pudesse para conseguir o dinheiro.
Cansada, ela fechou os olhos. Ela tentou forçá-los a abrir até que
pudesse classificar as colunas de números. No entanto, o lápis lentamente
deslizou de sua mão caindo junto com o papel no chão.
Jo gemia em seu sono, sentindo como se estivesse em chamas. Ela
colocou o pé para fora chutando as cobertas grossas.
— Shh... Volte a dormir.
Quando a água fria foi colocada em seus lábios, ela abriu os olhos.
— O que você está fazendo aqui? — Jo estremeceu com o toque cru de
dor que sentiu quando falou. Tomando um grande gole da água gelada, ela
teria bebido tudo, mas Rider o afastou, fazendo-a tomar pequenos goles.
— Knox ficou preocupado quando você não respondeu seu chamado,
então eu me ofereci para vir verificar você. Foi bom eu ter feito isso. Sua febre
está superior a 38 graus.
Jo tentou afastar o copo de água com a mão enquanto tentava sentar-se
na cama.
— Eu preciso voltar ao trabalho.
— Você não vai a lugar nenhum. Train pegou seu caminhão para
atender a chamada de Knox. Ele também vai fazer suas rondas, para que você
possa relaxar e voltar a dormir.
— Train não pode operar aquele caminhão. É uma máquina complexa,
não é como um caminhão normal.
— Train pode pousar um helicóptero durante uma tempestade de areia
ou quando as bombas explodem. Eu acho que ele pode lidar com seu reboque.
Jo sentiu lágrimas de frustração com a incapacidade de sair da cama e
chutar os traseiros dele e de Train por fazer o que ela deveria ser capaz de
fazer sozinha.
— Por que você está chorando?— Rider ergueu-a, alcançando os
comprimidos para ela tomar antes de dar-lhe outro gole de água.
— Porque eu me sinto mal.
— Você está chorando porque está doente?
— Sim. Nunca fico doente, e não poderia haver um momento pior para
ficar doente.
— Você disse a Lily há mais de uma semana que você estava doente, e
por isso você não podia visitá-la.
— Eu menti. Deus está me castigando por isso.
— Deus não te fez adoecer para castigá-la. A gripe colocou metade das
pessoas da cidade na cama. Mick teve que fechar o bar na noite passada, ele
estava muito mal.
— Mick está doente?— Jo tentou sair da cama novamente. — Eu
preciso ir vê-lo.
— Beth está com ele. Ele está melhor do que você, e tem o dobro da sua
idade.
Jo chorou mais. — Isso não me faz sentir melhor.
Rider a empurrou para trás na cama. — Jo, você está exausta. Você se
matou de trabalhar nos últimos seis meses. A gripe levou as últimas reservas
que lhe restaram.
— Eu só preciso de algumas horas. Quando eu acordar, vou me sentir
melhor. — Ela tirou o pano da mão de Rider e limpou suas bochechas
encharcadas de lágrimas.
— Infelizmente, o Dr. Price não concorda. Ele esteve aqui há dois dias...
— Eu dormi por dois dias?— O berro de Jo resultou em um acesso de
tosse que fez Rider pegar um vidro de xarope para tosse.
— Tome isso — disse ele, enchendo uma colher de sopa.
Ela tomou só porque não tinha alternativa se quisesse respirar.
Levou vários minutos para a tosse acalmar. Deitando nos travesseiros
que Rider tinha ajeitado para ela, suspirou derrotada.
— Eu estou doente.
— Não brinca, Sherlock.
— Tripudiar é muito impróprio para um homem — ela refletiu, se
envolvendo nos cobertores com mais firmeza.
— É mesmo? Eu vou ter que me lembrar disso. Eu tripudio muito. —
Ele sorriu quando pegou o copo vazio e a colher suja para levar até à cozinha.
Ela dormiu assim que ele se foi, acordando durante a noite, precisando
urgente ir ao banheiro. Ela afastou as cobertas e tentou se levantar quando um
braço envolveu sua cintura a puxando para trás. Gritando como louca, ela se
debateu na escuridão, acertando algo macio que a fez estremecer de desgosto.
— Droga! Pare de gritar, Jo. Sou eu.— Rider acendeu a luz, quase a
cegando com o repentino brilho intenso.
Jo olhou boquiaberta para um Rider, sem camisa, sentado em sua cama
sob as mesmas cobertas que ela.
— Você tem dois segundos para explicar por que você está na minha
cama .
Quando seus lábios se abriram, ela mudou de ideia.
— Esqueça. Eu não ligo. Saia!— Ela gritou, apontando um dedo para a
porta.
Rider afastou a mão de seu olho levemente inchado para encará-la. —
Não há outro lugar para dormir—.
— Você pode dormir no sofá. Ou melhor, você pode ir para casa. Tenho
certeza de que você tem muitas camas para dormir lá.
— Tem mais de trinta centímetros de neve lá fora, e Train está
dormindo no sofá. Não vou acordá-lo agora que ele acabou de adormecer. Ele
bate mais forte que você.
Jo cambaleou para fora da cama, indo até a janela. O poste de luz no
meio do quintal mostrou-lhe como extremamente alta a neve estava lá fora.
Jo pousou a testa na janela fria. — Somente eu ficaria doente em um dos
poucos dias mais lucrativos do ano. Você imagina quanto dinheiro estou
perdendo ficando em casa?
Rider procurou entre as cobertas na cama, encontrando um bloco de
papel amarelo familiar.
— Eu não preciso imaginar. Eu sei.
Jo foi até sua cama, tirando o bloco da mão dele. — Isso não é da sua
conta.
— Passou a ser da minha conta quando o encontrei... e a intimação
afirmando que Aly está processando você.
— Eu preciso ir ao banheiro.— Jo precisava de tempo para pensar.
— Então vá.
Amaldiçoando baixinho, ela entrou no banheiro, usou-o e depois
escovou os dentes, incapaz de suportar o gosto em sua boca.
Ela estava prestes a voltar para baixo das cobertas, tão focada no que
iria dizer que se esqueceu de mandá-lo sair da sua cama.
— Saia! Vá dormir com Train. Ou, melhor ainda, vá para casa.—
Bocejando, ela foi para baixo de seu cobertor, puxando a maior parte para
longe de Rider. Então ela parou quando ficou preocupada que ele poderia
estar nu.
— É melhor você estar usando calças.— Fazendo uma careta, ela jogou
alguns centímetros de volta para ele.
— Eu encontrei uma calça de pijama do seu pai.
— Você foi ao quarto dos meus pais? Existe alguma parte da minha
casa que você não bisbilhotou?— Tossindo, ela pegou o xarope. Não vendo a
colher, ela abriu e simplesmente tomou um grande gole.
— Esse remédio tem prescrição.
Ignorando seu aviso, ela tomou outro gole por garantia.
— Eu quero dormir.
— Então vá dormir. Eu não vou impedir você.— Ele se acomodou na
cama, desligando a luz.
— Você está falando sério?— Ela sentiu sua testa no escuro. Ela estava
mais febril do que pensava? Ela estava delirando e não sabia disso?
— Eu tenho cuidado de você nos últimos três dias. Estou cansado. As
estradas estão muito ruins para eu ir embora. Se você não quer dormir aqui,
pode dormir no sofá com Train. Ele dorme como uma pedra, então ele
provavelmente não saberá que você está lá. Por outro lado, Killyama pode
matá-la se Train lhe contar. O filho da puta não consegue guardar um segredo
nem se tentasse.
A despeito de si mesma, Jo se aconchegou sob as cobertas. Ela não se
lembrava da última vez que sua casa esteve tão quente. Até a cama parecia
mais confortável. Ou isso ou o xarope contra a tosse era mais forte do que
pensava.
— Mantenha-se do seu lado da cama.— Suas pálpebras pareciam pesar
meio quilo cada. Sonolenta ela tentou levantá-las, então decidiu que estava
melhor com elas fechadas quando ouviu Rider se deslocando sobre o colchão.
— Não se preocupe. Eu não estou ansioso para pegar seus germes da
gripe.
— Eu não tenho germes. Eu escovei meus dentes.— Suas pálpebras se
abriram com suas palavras. Isso fez parecer que ela queria que ele a beijasse.
— Eu acreditarei na sua palavra sobre isso. Ao contrário de você, não
sou assexuado. Ao contrário de você, Train me socará se eu tentar
compartilhar o sofá.
— Eu não sou assexuada — ela admitiu, aconchegando-se na cama. Ela
não sabia porque estava admitindo isso no meio da noite, quando ele estava a
pouca distância dela na cama. Só que, se morresse por causa da gripe durante
o sono, não queria levar essa mentira para o túmulo.
— Eu vou me lembrar disso quando você estiver se sentindo
melhor. Noite, Jo.
Ela estava dormindo antes que as duas últimas palavras estivessem fora
de sua boca, afundando no colchão que ela tinha desde que era uma
adolescente. As reentrâncias gastas pelo tempo se arqueando ao redor dela.
Subconscientemente, ela mergulhou em um sono profundo, sabendo
que ela estava segura e aquecida, ouvindo os sons noturnos, galhos quebrando
com o peso da neve, o piso de madeira rangendo. Após a morte de seu pai, ela
pulava a cada som por medo. Era mais fácil dormir profundamente em seu
caminhão do que sua cama.
Com Rider ao lado dela, não tinha esses medos e podia desfrutar de um
sono profundo, subconscientemente atenta à mão gentil pousando em sua
testa, verificando a febre ou acalmando-a quando seu corpo estremecia de
arrepios, puxando-a para compartilhar seu calor corporal com ela.
Sua consciência tentava incentivá-la a avançar. Sem o conforto dos
toques ternos de outro ser humano desde que era uma criança, ela resistiu à
atração. Na névoa induzida pela febre, não era outra noite de Natal que ela
não teria que passar sozinha. A princípio, como presente de Natal, ela não
pediu Rider, mas quanto a receber esse presente especial, era melhor não
perguntar a Deus porquê, e simplesmente aproveitar.
Capítulo 24

J o enrugou o nariz debaixo das cobertas. Colocando a cabeça para fora,


ela cheirou. Seu estômago resmungou. Demorou alguns segundos antes que
ela pudesse controlar suas pernas bambas quando saiu da cama. Pegando seu
roupão, ela o colocou, amarrando na cintura. Foi quando ela estava colocando
seus chinelos que percebeu o piso quente, não trazendo a onda fria da
realidade com a qual ela costumava lidar a maioria das manhãs.
Ela levou um tempo escovando o cabelo antes de sair de seu quarto.
Seus olhos vasculharam a sala de estar, encontrando-a vazia e Rider na
cozinha lavando a louça. O cheiro proveniente do fogão fez com que ela
avançasse, vendo Rider observá-la com diversão quando espiou a panela
fumegante.
— É sopa de frango. Rachel deixou aqui junto com o xarope para tosse
que Greer mandou.
Jo viu o vidro em cima do balcão da cozinha. Pegando-o, viu que era
mais escuro e mais espesso do que aquele que encontrou no seu armário.
— Rachel disse para tomar apenas uma pequena dose a cada quatro
horas.
— Uh... não. Eu prefiro morrer.
Rider riu. — Eu não posso culpar você por isso. Rachel me contou como
Greer faz. Você ficará bem com a receita que o Dr. Price prescreveu.
Rider a moveu para o lado quando ela cheirou a sopa novamente. —
Sente-se. Vou lhe servir um prato.
Jo se sentou ansiosamente na pequena mesa no canto da
cozinha. Afastando um lado da cortina, ela olhou para fora, dizendo a Rider:
— Eu preciso de três garrafas. Aquela coisa é uma bomba. Não me lembro de
nada depois de ter tomado.
— Foi a codeína — disse ele, colocando um prato fumegante de sopa na
frente dela.
— Você não vai comer?— Jo misturou o macarrão caseiro no caldo com
a colher, em seguida, provou com apreço, saboreando o tempero.
Olhando para cima, notou uma expressão estranha no rosto de Rider.
— Estou com fome — ela se desculpou autoconsciente, pegando uma
porção menor.
— Você é muito expressiva quando come.
— Eu sou? Eu gosto disso.— Ela encolheu os ombros.
— Nós temos algo em comum. Eu também gosto de comer.
— A maioria das pessoas gosta.
Ela estava prestes a comer mais uma colherada de comida quando
percebeu que seu caminhão havia sumido.
— Onde está...
— Train e Moon foram atender um chamado. Os irmãos estão brigando
para ver quem vai acompanhá-lo no próximo.
— Ninguém. Eu vou tomar banho, e depois posso assumir...
— Não, você não pode. Você ainda está com febre. Você não vai a lugar
nenhum por mais uma semana, e isso se Dr. Price lhe der alta.
— Não cabe a você decidir.
— Conversaremos depois que você terminar sua sopa.
— Não há nada para conversar... pelo menos, que envolva meu
trabalho. O que eu quero falar agora é como minha caldeira está funcionando.
— Você estava muito doente para ficar sozinha, e eu não queria que
minhas bolas congelassem, então Train consertou.
— Há algo que Train não possa fazer?
— Talvez eu tenha exagerado sobre ele voar em uma tempestade de
areia. — Jo teve que esconder o sorriso comendo outra colherada de sopa.
— Eu não sei como ele conseguiu isso. Eu estive economizando para
outra caldeira.
— Poupe seu dinheiro. Seria mais barato demolir sua casa e reconstruí-
la.
— Isso não foi legal.
— A verdade dói. Você é uma grande garota. Eu acho que você ficará
bem.— Pegando seu prato vazio, ele voltou a enchê-lo antes de sentar em
frente a ela.
Ela sabia que ele estava esperando que ela terminasse de comer antes
de dizer qualquer outra coisa. Contrariando, ela levou seu tempo, saboreando
cada colherada até seus olhos estreitarem sobre ela com desconfiança.
— Mesmo que você coma toda a panela de sopa, você não vai escapar
do que eu quero falar com você.
— Não há nada a falar, além do quanto eu devo a Train por trabalhar
para mim e consertar minha caldeira e fogão.
— Eu consertei o fogão. Sua instalação elétrica é uma merda. Você
queimou um fusível. E se poupe do incómodo de adicionar à lista de contas a
pagar. — Rider levantou, indo para a sala de estar, depois voltou com seu
bloco amarelo e a intimação dizendo que ela tinha que comparecer ao
tribunal. Rider então se serviu de uma xícara de café e para ela um copo de
suco antes de sentar novamente.
Seu apetite a abandonou quando ele colocou o bloco sobre a mesa.
— Eu prefiro o suco.
— Você tem sorte do suco estar conservado.
— Você também arrumou minha geladeira?
— Estava no mesmo disjuntor.
Jo queria enterrar seu rosto em suas mãos, envergonhada de não ter
conseguido consertar algo tão simples.
— Eu não pensei em olhar. Meu pai geralmente cuidava dessas coisas.
— Você descobriria isso não estivesse trabalhando ao ponto de exaustão
para pagar contas que você não tem uma chance no inferno de pagar.
— Estou progredindo.
— Você estava até...— Rider apontou para a grande soma de dinheiro
que era o que seu pai devia ao pai de Aly. — Eu acho que é por esse dinheiro
que Aly está processando você.
— Isso não é da sua conta.
— Na verdade, é. O dinheiro que Shade emprestou para o caminhão de
reboque é dinheiro da empresa, e eu sou um dos proprietários da empresa. Os
Last Riders não teriam emprestado esse dinheiro se eles soubessem a extensão
de suas dívidas.
A sopa que acabara de comer ameaçou voltar. Tomando um gole do seu
suco, ela impediu isso.
— Vamos ver se você pode ser mais honesta comigo do que foi com
Shade.— Rider passou seu dedo sobre o mês que ela havia anotado abaixo do
valor. — Isto foi quando você descobriu a dívida do seu pai? Ou você já sabia
antes?
— Eu não sabia disso antes — ela gritou.
Ele percorreu o dedo pelas colunas de números. — Eu não vejo nenhum
pagamento da dívida de Aly, até aqui. Rider apontou para onde ela havia
riscado várias contas que não pagaria a fim de pagar uma parcela a Aly. — Por
que você estava tentando conseguir dinheiro um dia antes do nascimento de
Clint, se sabia sobre o empréstimo que seu pai fez desde que Aly voltou à
cidade?
— Rider, não estou me sentindo bem. Preciso voltar para a cama.— Ela
começou a se levantar.
— Sente-se.
O traseiro de Jo bateu na cadeira, embora quisesse voltar para o seu
quarto e enterrar-se sob as cobertas até ele partir.
— Não conseguimos chegar a um acordo sobre o pagamento da
dívida. É por isso que ela está me processando.
— Como você pensou a princípio que poderia pagar essa dívida? Você
só começou a correr atrás de dinheiro na semana passada.
— Não importa.
— Isso importa para mim. Dependendo da sua resposta, vou ajudá-la a
sair desta bagunça.
— Eu não preciso da sua ajuda.
— Você prefere perder sua casa e seu negócio a aceitar minha ajuda?
Ela olhou pela janela. Qualquer um que entrasse no quintal,
simplesmente veria carros velhos empilhados uns sobre os outros, mas isso
significava muito para ela. Alguns desses carros haviam sido colocados lá por
seu avô. Ela conseguia lembrar até quando o velho Ford azul foi colocado por
seu pai, em cima do LTD vermelho com teto de vinil branco.
— O que você quer saber?
— Explique. — Rider apontou para o grande montante que ela devia a
Aly.
— Aly queria que eu pagasse o empréstimo, mas não com dinheiro. Eu
concordei a princípio, porque eu não tinha o dinheiro para pagá-la.
— Como ela queria que você pagasse a dívida?
— Eu teria que convencê-lo a ir atrás de Curt Dawkins.— Ela sentiu-se
tão envergonhada de suas ações. Ela não esperava que Rider voltasse a falar
com ela. Quando ele contasse aos Last Riders, eles também a odiariam.
— Como Aly achou que você conseguiria isso?
Jo corou, mantendo os olhos na janela. — Não usando o sexo - eu não
teria concordado com isso - mas tentando fazer com que você gostasse de
mim. Quero dizer, em um sentido romântico.
— Eu sei o que você quis dizer.
Seu rubor aprofundou com sua zombaria sarcástica. Ela se sentiu tola
por ter concordado com o plano de Aly.
— Sim, bem, eu continuei porque achei que me daria tempo de
conseguir o dinheiro. Eu achei que ganharia a licitação da garagem dos
veículos do estado. Tem a localização perfeita, a apenas cinco quilometros da
sede da polícia do Estado e dos escritórios do governo.
— No entanto, você não ganhou a licitação.
— Não, eles decidiram que era mais barato construir uma própria, e
ofereceram o dinheiro a um dos primos de Curt para construir uma nova
garagem.
— Falta de sorte. Você nunca deveria ter contado com isso.
— Eu sei disso agora.
— Por que Aly queria que você atraísse minha atenção?
— Ela acha que Curt é responsável pela morte de seus pais. Quando
Knox não conseguiu encontrar nenhuma prova irregular, ela queria que os
Last Riders se envolvessem. Vocês têm uma má reputação pela cidade, caso
vocês não saibam.
— Nós sabemos.
— Sabem?— Ela balançou a cabeça. — De qualquer forma, Aly disse
que algumas das pessoas que machucaram as mulheres que fazem parte dos
Last Riders haviam desaparecido ou acabaram mortos. Aly quer que Curt
morra e ela quer que você faça isso.
A verdade flagrante que saiu de seus lábios fez a cor sumir do seu
rosto. Ela estava tão fria que estremeceu sob seu roupão.
Lacrimejando ela olhou pela janela, ouvindo Rider empurrar sua
cadeira enquanto levantava. Ela não podia culpá-lo por partir. Ela se odiava
por ter concordado em participar do plano de Aly por tanto tempo.
Ela se assustou afastando os olhos da janela para olhar para Rider
quando ele colocou um cobertor ao redor de seus ombros.
— Por que Aly escolheu você? Ela poderia ter tentado chamar minha
atenção.
— Ela tentou. Ela disse que foi por isso que começou a frequentar o
clube. Mas quando ela ouviu algumas das mulheres brincando que os homens
estavam tentando juntá-lo comigo, ela decidiu que teria mais sorte de envolvê-
los se eu estivesse em um relacionamento com você.
— Aly tem uma mente tortuosa.— O rosto de Rider não revelou o que
ele estava pensando.
— Sim, ela tem— concordou Jo. — Eu tentei convencê-la a desistir, mas
também me senti mal por ela. Ambos os seus pais estão mortos, e posso
entender por que ela sente que Curt é o responsável. Curt tem uma reputação
pior do que os Last Riders.
— E como Aly iria me fazer participar do plano dela?
— Na verdade, ela veio com a ideia quando Shade pediu-lhe que
fingisse usar seu desconto para pagar por um bom vestido, e ele pagaria o
resto.
— Sério? Vou ter que agradecê-lo por isso.
Não perdendo a pequena contração de um músculo no lado de sua
testa, ela apertou o cobertor ainda mais em torno dela.
— De quem foi a idéia de usar o perfume? Aly ou Shade?
— Perfume? Eu não...— O músculo contraiu novamente. — Aly.— Jo
ergueu seu cobertor para cobrir suas bochechas vermelhas, murmurando no
material grosso— As mulheres no clube disseram a Aly que você... uh... uh...
gosta quando elas compram novos perfumes.
Se lhe oferecessem um milhão de dólares, ainda assim ela não
conseguiria olhar para Rider. Já tinha sido embaraçoso o suficiente quando
Aly lhe contou muitos dos segredos de Rider, quanto mais confessar na sua
cara o que lhe tinham dito.
— Por que você está tão envergonhada?
A despeito de si mesma, olhou para Rider, enrolando os dedos no
cobertor espesso. Olhos hipinóticos observavam sua reação com a intensidade
de uma pantera perseguindo sua presa.
— Eu admito que tenho uma coisa por perfume sexy. Assim como acho
que uma mulher vestindo rosa é sexy.
Jo colocou suas meias cor de rosa sob a bainha de seu roupão e apertou
discretamente o nó em sua cintura, esquecendo que ele a tinha visto na sua
Henley rosa na noite anterior.
— O sexo envolve todos os sentidos: tato, olfato, visão, paladar... até
mesmo a maneira que a mulher diz o meu nome pode me excitar.
— Eu acho que estamos nos desviando do assunto. — Jo limpou a
garganta antes de tomar um gole de suco.
— Eu acho que estamos apenas chegando à melhor parte. Quem
escolheu o perfume?
— Eu escolhi. Aly disse que seu favorito é Chanel. Eu procurei uma
combinação semelhante e encontrei esse que escolhi.
— Qual mulher contou a Aly o meu perfume favorito?
— Eu não lembro. Aly não deve ter me dito.
Os lábios de Rider se curvaram. — Vou deixar isso quieto por
enquanto. Então, por que você riscou as contas que estava pagando e colocou
essa quantia sob o montante que você deve a Aly?
— Depois de ganhar o leilão, tentei pular fora, mas ela não me
permitiu. Eu a encontrei há cerca de um mês e lhe disse que não participaria
mais disso, que ela teria que mudar os planos ou conseguir sua ajuda sozinha.
— O que ela disse?
Jo pegou a intimação e jogou-a em direção a ele.
— Foi isso que aconteceu. Ela está me processando.
— Por que você voltou atrás?
Isso era o mais difícil de explicar. Jo tentou encontrar uma explicação
diferente, além da verdade, decidindo, finalmente, ser completamente honesta
e assumir as consequencias.
— Eu tinha medo de você. Eu disse a Aly que achava que você fosse
mais perigoso do que fingia ser.
— Isso foi inteligente da sua parte.
— Não muito inteligente ou ela não teria me processado. Eu deveria ter
cooperado até que ela percebesse que você não tinha nenhum interesse nesse
sentido.
— Por que você não fez isso?
— Você não parava de me acompanhar. Então eu me preocupei que
você pudesse machucar Curt depois daquela noite no bar. Era mais fácil
simplesmente dizer não a Aly e impedir você de me acompanhar.
— Por que você me contou sobre a noite em que você foi estuprada?
— Eu não sabia o que Aly faria. Eu já tinha dito a ela que não iria mais
ajudá-la, e eu não queria que ela usasse o fato de Curt ter me estuprado para
fazer você machucá-lo. Isso aconteceu comigo, e eu finalmente me conformei
com o fato de que Curt ter se safado disso, que foi deixado para Deus lidar
com ele.
— Entendo. E você realmente se sente assim?
— Sim, eu me sinto. Eu nunca quis que Curt fosse morto. Eu o queria
atrás das grades. Mataria seu orgulho se todos na cidade soubessem onde ele
estava, e sua família não pudesse mais encobri-lo.
— E quanto a Justin e Tanner?
— Eu sinto o mesmo sobre eles.— Ela deu um riso amargo. — Eu fico
imaginando eles sendo enviados para prisões diferentes, para que estivessem
sozinhos e não pudessem depender uns dos dos outros. Isso seria pior do que
o inferno para eles. Justin e Tanner não podem amarrar seus próprios sapatos
sem Curt.
Rider pegou a intimação que havia caído no seu colo e juntou ao bloco
de papel. — Estas são as dívidas que você tem?
Jo tirou o cobertor dos ombros, indo até à mesa de centro e puxando
uma gaveta estreita. Pegando o monte de contas que ela tinha escondido
porque não podia pagar, ela voltou para a mesa e colocou-as sobre a pilha que
Rider havia feito.
Sentada em sua cadeira, ela esperou com expectativa que ele dissesse
que não podia ajudá-la, quando ele arqueou uma sobrancelha para ela.
Confusão se transformou em compreensão quando ele se aproximou e
puxou o cobertor sobre seus ombros, fechando-o na frente.
— Você está pronta para ouvir como vamos resolver seus problemas?—
Ele olhou para ela do mesmo jeito que fez na noite do leilão.
Na última vez em que ela recebeu uma oferta de ajuda, ela se
arrependeu e acabou endividada.
— Eu preciso?
— Sim. Acho que será melhor acabar com isso agora.
— Então, posso tomar meu remédio para a tosse? Eu acho que vou
precisar disso.
Capítulo 25

— Não, vou fazer isso indolor. — Rider deslizou as contas para o lado,
depois arrancou as folhas do bloco amarelo até chegar a uma página
limpa. Pegando as contas, ele dobrou os papéis e contas, colocando-as no bolso
da jaqueta que estava pendurada na parte de trás da cadeira. — Você agora
tem um novo começo. — Rider levantou-se, pegando mais um copo de suco,
em seguida, colocando um frasco de comprimidos ao lado. — Tome um. É um
suplemento de ferro.
Jo pegou um comprimido, olhando para o suco.
— Não posso aceitar sua ajuda. Liguei para Drake depois que recebi a
intimação. Ele está fazendo uma avaliação na garagem e na maior parte das
minhas terras. Eu devo ser capaz de conseguir o suficiente para, pelo menos,
ficar com a casa.
— O que a avaliação mostrou é que você teria sorte de pagar metade do
que deve.
— Como você...? Drake lhe contou?
— Isso seria antiético, não seria?
Ele não negou nem admitiu, mas ela deve ter compreendido quando
encostou sua cabeça na mesa.
— Deus, mate-me.
Rider não pode deixar de rir. — Você tem passado muito tempo com
Mag.
Jo ergueu a cabeça para encará-lo, o que o fez rir com mais força.
— Você não gosta dela, não é? — Ela o acusou.
Rider estendeu a mão para tirar um macarrão perdido que ficou colado
na testa dela, aproveitando a oportunidade para ver se ela estava com
febre. Ele mal foi capaz de tirar a mão dele antes que ela tentasse afastá-la.
— Eu não suporto a cadela— admitiu.
— Isso é maldade.
— Eu posso ser mau quando tenho que ser.— Ele deu de ombros,
pegando sua xícara de café. — Neste caso, acho que todos na cidade
concordariam comigo.
— Todos na cidade adoram Mag.
— Cite um.— Quando ele viu que ela iria citar vários, ele a
interrompeu. — Cite alguém que não esteja relacionado com ela.
Sua boca se fechou, depois abriu. — Eu. Eu amo Mag, e não estou
relacionada a ela.
— Cite mais alguém além de você.
Quando não o fez imediatamente, ele não pode deixar de sorrir para
ela.
— O gato comeu sua língua?
— Estou pensando— ela retrucou, depois estalou os dedos na frente do
seu nariz. — Mick a ama.
— Você acha isso? Vamos perguntar a ele.— Rider tirou o celular,
pressionando o número de Mick.
— Você não vai realmente ligar para ele.
Sua resposta foi outro sorriso quando Mick respondeu.
Rider colocou no viva voz.
— Mick? Tenho uma pergunta rápida. Você ama Mag?
— Você está chapado, Rider?
— Não, não estou chapado. Eu também não estou bêbado. Estou com
Jo. Eu disse a ela que não gosto de Mag, e também disse que ninguém na
cidade ama aquela velha cadela, além daquelas relacionadas com ela. Bem,
exceto Jo. Ela disse que você ama. Eu não concordo com ela. Então, você ama
Mag?
A estática encheu a linha enquanto Mick hesitava.
— Eu gosto de Mag, mas eu não iria tão longe dizendo que eu amo a
mulher.
Rider tirou o telefone do alcance de Jo quando ela tentou pegá-lo.
— Calma, Jo. Eu e Mick estamos apenas brincando. Mick, você quer
ajudar Jo? Você consegue pensar em alguém da cidade que ama Mag?
— Eles precisam estar respirando?
— Mick!— Jo gritou sobre o riso de Rider e Mick.
— Jo, você está realmente aí com Rider?
— Sim!
Rider não conseguiu resistir pegar a ponta do cobertor no qual ela
estava enrolada quando se levantou para ir em direção à cafeteira. Puxando,
ele a fez sentar novamente.
— Eu só estava brincando. Eu e Rider brincamos o tempo todo — Mick
tentou explicar sobre um ataque de tosse. — Preciso ir tomar meu remédio...
— Traidor!— Jo, então, não conseguindo resistir, perguntou: — Você
está bem?
— Eu estarei com Beth e Razer cuidando de mim. Greer me trouxe um
pouco de seu xarope para tosse, então voltarei a trabalhar amanhã à noite.
— Você está realmente tomando aquilo?
— Aquilo acaba com a sua gripe. Ele faz uma remessa a cada
inverno. Ele usa drops de hortelã23, açúcar cristal e 100% de Kentucky
Bourbon24. Não me sobrou muito, mas posso ligar para Greer e tentar
conseguir mais.
— Quando Greer te deu isso?
Os ombros de Rider começaram a tremer quando viu Jo olhando a
grande garrafa que ele havia enviado.

23
24
Aqui parece referir-se à marca Kentucky Borboun que é uma destilaria obviamente no Kentucky, mas existem
outras principalmente no sul do país.
— Há cerca de uma hora...
— Mick, você deveria tomar uma dose a cada quatro horas.
— Você ainda tem? Se você tiver algum sobrando, posso ficar com
ele? Você sabe, apenas no caso de eu não me sentir melhor até amanhã. O
primeiro frasco é gratuito. O filho da puta cobra trinta dólares depois disso, e é
metade do tamanho do gratuito.
Jo tirou o cobertor dos ombros e começou a esfregar o rosto. Ela estava
ficando chateada, então Rider decidiu acabar com o seu sofrimento e encerrar
a ligação.
— Obrigado pela sua ajuda, Mick. Eu pedirei a Train que te leve o que
Jo não usou.— Ele finalizou a ligação para ver Jo olhando para ele com raiva.
— Essa coisa vai descer pelo ralo.
A princípio, Rider achou que ela estava rindo. Quando viu lágrimas
escorrendo pelos cantos dos olhos, percebeu que não estava. Quando ela
percebeu que ele havia reparado nas suas lágrimas, não conseguiu segurar sua
coriza.
— Eu me sinto uma merda!— Ela lamentou, pegando o cobertor
descartado para esconder o rosto novamente. Era isso ou ela estava tentando
usá-lo como um lenço.
Rider imediatamente ficou de pé. Inclinando-se, ele a levantou em seus
braços e a cabeça dela caiu no seu peito enquanto derramava uma torrente de
lágrimas que ele nunca imaginou que ela fosse capaz.
— Eu odeio estar doente.
— Eu sei, querida. É a gripe, e logo você vai estar recuperada.
Rider colocou-a de volta na cama, dando-lhe o remédio que o médico
receitou para diminuir a febre. Sentado na lateral da cama, ele entregou-lhe
vários lenços e esperou até que suas lágrimas estivessem sob controle. Ele não
precisava verificar se a febre tinha retornado. Seu rosto corado mostrou que
sim.
As manchas azuis sob seus olhos mostravam o quão doente Jo
estava. Ela esteve trabalhando até à exaustão por tanto tempo que a gripe a
atacara com sede de vingança. Seria necessário muito cuidado para sua saúde
se restabelecer totalmente.
— Posso te trazer alguma coisa, com exceção de café?
— Posso tomar outro copo de suco?
— Volto já.
Ao seu aceno com a cabeça, ele a deixou para fazer um copo de suco de
framboesa. Ela tinha acabado com o suco de laranja. Ele mandaria uma
mensagem para Train passar pelo mercado, antes de trazer o caminhão de
volta.
Quando ele voltou para o quarto, encontrou Jo dormindo. Colocando o
suco na mesa de cabeceira, ele saiu do quarto, fechando a porta atrás dele.
Ele usou o tempo que ela estava dormindo para fazer uma lista de
supermercado e farmácia para Train. Quando terminou, ligou para Viper.
— Como está indo?— Perguntou Rider sem preâmbulos logo que o seu
presidente atendeu.
— Moon e Diablo instalaram câmeras na propriedade de Aly.
— Como ela está?
— Louca. Ela mentiu dizendo que Jo tinha inventado tudo quando
Shade e eu a confrontamos. Então, quando eu disse a ela que Jo não foi a única
a nos contar, ela culpou Ember e Stori. Disse que foram elas que lhe deram a
ideia.
— Essa cadela é osso duro de roer. Posso entender como ela e a Geórgia
eram amigas. Ela vai fazer o que mandamos?
— Sim. Ela pode ser uma cadela de coração frio, mas ela amava seus
pais e quer descobrir a verdade - se eles foram assassinados ou não.
— Shade descobriu por que Curt quer a propriedade?
— Ainda não. Ele passou a atribuição a Greer. Shade está muito
ocupado com o bebê. John e Lily estão resfriados.
— Shade está cuidando sozinho do bebê?
— Sim. A maior parte do clube também está doente. Você, Moon, Train,
Gavin e eu somos os únicos que escaparam até agora.
— Faça muitos vídeos de Shade cuidando de toda...
— Não, eu gosto do meu novo telefone. Além disso, Shade não está
deixando ninguém entrar na sua casa.
— Quando você comprou um novo telefone?
— Quando Shade quebrou meu último depois que eu o filmei
assistindo Dirty Harry com o bebê enquanto Lily estava na igreja com John. Eu
fui estúpido o suficiente para dizer que iria mostrar a ela.
— Isso não foi inteligente. Mesmo eu não teria sido tolo o suficiente
para fazer isso— Rider zombou antes de perceber que Viper já tinha desligado.
Ele se certificou de excluir seu próprio vídeo de Shade imitando Clint
Eastwood com um charuto na boca. Ele havia filmado quando Shade voltou
para buscar roupas para Lily e o bebê depois que Clint nasceu. Os irmãos
haviam compartilhado charutos antes que Shade voltasse ao hospital. Ele
odiava ter que se desfazer do vídeo, mas ele amava muito seu telefone.
Olhando para o relógio, ele foi até a porta do quarto de Jo, abrindo-a
lentamente para se certificar de que ela ainda estava dormindo. Então ele
fechou quando viu que estava.
Indo para a velha geladeira, ele franziu o nariz quando tirou a única
coisa de dentro, a garrafa de suco de framboesa, colocando-a no balcão.
Movendo a geladeira para o lado, ele a desligou da tomada antes de
puxá-la da parede. Logo que terminou, ele ouviu um caminhão lá fora.
Abrindo a porta antes que o motorista de entregas pudesse bater, ele
assinou seu nome no bloco eletrônico25. Rider então ficou na varanda quando
dois homens descarregaram a nova geladeira que ele havia encomendado por
telefone.
Ele teve que entrar para pegar seu casaco quando a roda do carrinho
passou por uma das tábuas apodrecidas dos degraus. Precisou dos três
homens para levá-la até à varanda. Então, Rider rezou o tempo todo, enquanto
a carregavam para dentro que não afundasse nos pisos decadentes.

25
Os entregadores estavam saindo com uma gorjeta generosa quando um
furgão parou ao lado do caminhão da loja.
O eletricista saiu do furgão, abrindo a porta de correr lateral e se
aproximou com uma caixa de ferramentas.
Rider o fez entrar e mostrou-lhe a caixa de fusíveis.
— Você não precisa de um eletricista. Você precisa de um fósforo e uma
boa apólice de seguro.
— Minha Old Lady está ligada a esta casa.
— Eu encontraria uma nova mulher. Você pode ficar com a minha.
Meus pagamentos de pensão alimentícia estão me matando.
— Você consegue consertar ou não?— Rider estava preocupado que Jo
acordasse e visse o que estava acontecendo por trás de suas costas.
O eletricista de olhar malicioso parecia um tubarão que podia sentir o
cheiro do sangue na água.
— Quanto você está disposto a pagar?
— Você é parente do Greer Porter?
— Não, mas eu o conheço. Nós tomamos uma cerveja juntos de vez em
quando.
— Somos amigos. Ele me disse que você me daria um bom desconto.
— Você está mentindo. Greer não tem amigos.
Rider podia ver o preço subir cada vez que ele abriu a boca.
Sabiamente, ele sabia quando era derrotado. — Apenas conserte.
— Você tem dinheiro? Eu não aceito cheques.
— Você aceita cartões de crédito?— Rider teve que morder a língua. O
eletricista podia não estar relacionado à Greer pelo sangue, mas eles
certamente estavam por ganância.
O eletricista colocou a caixa de ferramentas no chão. — Com o que pago
de pensão alimentícia? Pode acreditar.
Ele estava se parabenizando por seu controle de ferro quando ouviu Jo
chamar do quarto. Indo até lá, abriu a porta vendo Jo sair da cama.
— Você não deveria sair da cama!
— Eu tenho que ir ao banheiro.
Rider pegou seu braço, deixando-a apoiar-se nele enquanto seguiam
para o banheiro. Ele tentou impedir que ela visse o homem que estava na
pequena despensa, trabalhando na caixa de fusíveis, mas Jo estava doente, não
cega.
Ela parou. — Quem é ele?
— O eletricista.
— Eu achei que você tinha dito que trocou o fusível?
— Eu queria a opinião de um profissional.
— Eu não posso pagar por um eletricista. Você sabe o quanto eles
custam?
Quando a voz de Jo se elevou, os olhos maliciosos do eletricista
encontraram os dele.
— Você vai pagar ou não?
— Eu vou. — Rider enviou-lhe um olhar de advertência. O eletricista
assentiu, voltando ao trabalho.
Rider ouviu Jo amaldiçoando baixinho enquanto ia ao banheiro. Ele se
recostou contra a parede do lado de fora, esperando que ela saísse. Quando o
som da água atravessou as paredes finas, aproveitou a oportunidade para
voltar à despensa e avisar o eletricista para ficar de boca fechada sobre o
dinheiro.
— Era para ser uma surpresa. Quando terminar, irei lá fora e pagarei
você.
— Ela não pareceu feliz com a surpresa. Ela parecia minha ex, e foi por
isso que eu chutei sua bunda. Devemos ter o mesmo gosto por mulheres.
— Você e eu somos completamente diferentes. — Rider estava tão
frustrado com o eletricista que estava tentado a enfiar a caixa de ferramentas
cara em sua bunda.
— Você tem toda a razão— ele murmurou para a caixa de fusíveis
concordando com ele.
Farto, Rider estava perto de chutar o eletricista porta fora e ligar para o
número que prometia urgência e pronto atendimento. Um que não o lembrava
de Greer a cada palavra desagradável que saía de sua boca.
O som da água sendo fechada fez com que ele voltasse à sua posição na
porta do banheiro.
— Melhor?— Ele perguntou solícito.
Seu cabelo estava úmido debaixo da toalha que estava enrolada em sua
cabeça. A visão da parte superior do pijama cinza que aparecia sob o decote do
seu roupão sinalizava que ela também havia mudado suas roupas de dormir.
— Eu preciso de outro copo de suco.
— Volte para a cama. Eu vou buscar.
Não lhe dando ouvidos, ela se dirigiu para a sala de estar.
Gemendo internamente, ele tentou redirecioná-la de volta ao seu
quarto. Além de pegá-la e carregá-la, ele não teve outra escolha senão segui-la.
— O que é isso?
— O quê?
Seus olhos arregalados se estreitaram de raiva enquanto ele a rodeava
para pegar o suco da geladeira.
— De onde veio isso?
— Eu comprei.— Servindo um copo de suco, ele acenou com a cabeça
em direção ao quarto dela. — Vá em frente. Eu levo isso.
— Eu posso carregar um maldito copo de suco sozinha— grunhiu Jo. —
O que havia de errado com a outra geladeira se você a consertou?
— Ela tinha um mau cheiro.
— Então não abra a maldita coisa.— Jo apontou para a nova
geladeira. — Isso está sendo devolvido.
— Não, não está. Eu paguei por...
Ela ficou tão furiosa que ele podia vê-la tremer.
— Eu não preciso que você venha aqui e conserte as coisas! Não preciso
que você pague minhas contas!— Jo colocou um dedo para o peito. — Minhas,
não suas.
Rider viu o orgulho ferido em seu rosto corado.
— Concordo. É por isso que estou mantendo um controle sobre o que
você deve.
— Hã?— O queixo de Jo caiu com suas palavras.
— O dinheiro que você deve a Aly, suas contas, o eletricista, a geladeira
- tudo isso será somado ao empréstimo que os Last Riders estão lhe dando.
— Os Last Riders vão me emprestar o dinheiro? Eu achei que você tinha
dito que os Last Riders não teriam me emprestado o dinheiro para o caminhão
se soubessem quanto eu estava devendo? A minha dívida com Aly é quase o
dobro desse valor, e isso não inclui minhas outras contas.
— Isso foi quando você não tinha como gerar uma nova renda. Os Last
Riders estão dispostos a alugar sua garagem. Precisamos expandir a fábrica. O
trabalho de Rachel com hidroponia26 precisa de mais espaço na fábrica do que
podemos dar a ela. Ela precisa estar por perto para monitorar as plantas e
equipamentos. Não podemos dar-lhe esse espaço atualmente. Mas se usarmos
sua garagem para guardar nossos veículos e motocicletas, nós poderemos
ceder essa parte da fábrica para ela.
— Você e Shade podem fazer um acordo que beneficiará você e os Last
Riders. Claro que tiraremos o dinheiro que vamos lhe emprestar de qualquer
acordo estipulado.
Sem expressão, ele esperou sua reação. Ele praticamente podia ver as
rodas girando em sua cabeça enquanto ela considerava a oferta.
— Não só alugaríamos a garagem, mas Train e eu estávamos falando
sobre o quão conveniente seria contratar seus serviços exclusivamente para os
Last Riders.
— Fazendo o quê?
Rider levou o suco para a mesa de centro, sem responder a sua
pergunta até sentar no sofá. Indo até ao quarto, ele pegou um cobertor antes
de voltar para a sala de estar e cobri-la.

26
A hidroponia é a técnica de cultivar plantas sem solo, onde as raízes recebem uma solução nutritiva
balanceada que contém água e todos os nutrientes essenciais ao desenvolvimento da planta.
— Basicamente, fazendo o mesmo que você está fazendo agora, exceto
que será paga por isso. Arando a sede do clube e o estacionamento da fábrica,
a entrada de Rachel e Cash, da igreja, do Dr. Price e do Dr. Matthew. Você não
teria que atender chamadas em todas as horas do dia e da noite. Você poderia
trabalhar em horários normais.
— O inverno dura apenas alguns meses. O que eu faria nos outros
meses do ano?
Rider sentou-se à mesa de centro e olhou para ela antes de dizer: — Eu
sei, Jo.
Uma expressão confusa enrugou sua testa. — Sabe o quê?
Ele esperou em silêncio que ela descobrisse o que ele estava falando.
Quando ela ainda pareceu confusa, ele incitou: — Eu sei o que há na
garagem.
Jo olhou para o cobertor, consternada. — Você sabe?
Rider mal podia ouvir seu sussurro.
— Como?
Se ele quisesse honestidade de Jo, ele teria que dar o mesmo em troca,
ou uma parte.
— Antes de oferecer-lhe o empréstimo, achei que deveria verificar a
garagem, garantindo que serviria para guardar nossos veículos lá. Quando
você estava dormindo, peguei suas chaves e entrei. Você tem uma boa
instalação lá. Tem muito espaço.
— Você viu seu carro, não é?
— Sim. Não posso mentir e dizer que não fiquei surpreso.— A mentira
rolou por sua língua tão habilmente que ela nem piscou. Isso sempre era um
bom sinal. Indo lentamente, a atraiu para o caminho que ele queria que ela
seguisse. — Carl usa sua garagem para trabalhar nos carros?— Ele sabia
muito bem quem trabalhava naquela garagem, e não era Carl. Ele estava
testando para ver se ela contaria a verdade, embira ele mesmo a omitisse.
— Não, eu uso. Eu ia te dizer quando me sentisse melhor.
— Por que você não me disse quando estávamos sentados à mesa?
— Eu estava muito envergonhada por contar sobre o meu
envolvimento no plano de Aly... e mostrar a quantidade de contas que tenho,
para confessar isso também. Eu sinto muito.
Rider desviou o olhar de seus olhos azuis e sua expressão mortificada,
preparando-se para conseguir tirar o restante dela.
— Você está reconstruindo meu carro?
— Sim, e eu também fiz o da Killyama.
— Quem é o dono daquele carro legal que eu vi lá dentro?
— Eu sou.
— Você reconstruiu aquele também?
— Sim.— Ela tirou a mão dela debaixo do cobertor, agitando-a em
direção ao ferro velho lá fora. — Não é como se eu não tivesse um quintal
cheio de peças sobressalentes.
— Eu vi a instalação onde você pode até mesmo pintar carros. Isso deve
ter custado uma nota preta.
— Custou. Eu estava esperando conseguir o contrato sobre os veículos
do estado, eu poderia cobrar por reparos se alguns dos carros sofressem
danos.
— Por que você simplesmente não abriu um negócio trabalhando com
carros?
— Quantos homens na cidade você acha que me contratariam para
trabalhar em seus carros?
— Eu conheço vários, na verdade. Você sabe como trabalhar em
motocicletas?
— Sim. Talvez eu não saiba como consertar uma caixa de fusíveis, mas
posso fazer qualquer coisa que envolva mecânica.
— Train e eu odiamos trabalhar em nossas máquinas. Ficaremos felizes
em entregar esse trabalho para você. Tenho duas motocicletas que eu queria
restaurar. Moon tem uma, e Cash também. Ele quer restaurar a moto que ele
bateu. Era sua máquina favorita.
— Eles me deixariam fazer isso?
— Sem dúvida. Isso lhe daria algo para fazer quando não estiver
nevando. Você poderá até mesmo usar o reboque para trazer as motocicletas
da nossa sede em Ohio e levá-las de volta depois. Você poderia fazer algo que
você gosta em vez de dormir com um olho aberto, esperando a chamada de
Knox.
— Eu poderia fazer as duas coisas. Dessa forma, eu poderia pagar o
empréstimo mais rápido...
— Uau... Isso está fora de cogitação. Você trabalha exclusivamente para
os Last Riders, ou não há acordo. Você está muito exausta. O Dr. Price não
quer que você volte a trabalhar por um tempo. Você não pode cometer
excessos. Isto está te matando lentamente.
— É apenas um resfriado. Eu vou...
— Uma coisa ou outra, Jo.
— Quem fará isso se eu não fizer?
— Você vai forçar o Conselho a contratar alguém que possa fazer. Você
também estará dando a outra pessoa a oportunidade de abrir seu próprio
negócio de reboques. Deixe que eles tenham que dormir em um caminhão e
atender a fatalidades. Você não quer uma vida normal?
— Para mim, isso é normal.
— Dê uma chance. O que você tem a perder? Você pode descobrir que
gosta de trabalhar na sua própria garagem sem as longas horas. Você estaria
criando o seu normal.— Ele fez uma pausa. — Às vezes você tem que se
afastar de uma vida para descobrir uma melhor.
Jo suspirou. — O que estou fazendo agora não está funcionando, então
vou dar a isto uma chance. Se Shade e eu chegarmos a um acordo, então eu
farei isso.
Rider bateu a palma da mão contra sua coxa.
— Boa garota. Agora, volte para a cama.
Ela obstinadamente não se moveu.
— Você vai ser um dos meus chefes?
— Porquê?
— Porque eu já estou ficando cansada de você mandando em mim.
— Eu não serei seu chefe, mas você vai desejar que fosse— ele
provocou. — Você vai ter o mesmo que eu tenho... Viper.
— Ele não pode ser pior do que você.
— Eu vou lembrá-la disso quando você começar a trabalhar para
nós. Agora, se eu pedir com jeitinho, você vai voltar para a cama?
— Porquê? Alguém vai aparecer para consertar algo enquanto eu
estiver dormindo?
Rider sorriu. Levantando, ele estendeu a mão para ajudá-la.
— Não, eu só quero que você melhore para que você possa me levar
para dar uma volta em seu carro.
Capítulo 26

— Posso dirigir?
— Não.— Jo sorriu, sentindo-se feliz por estar fora de sua casa.
Ela mudou habilmente as marchas quando deixaram os arredores da
cidade. Os pneus do carro possante deslizaram sobre o asfalto, cortando a
água na estrada como uma faca através da manteiga. A maioria da neve tinha
derretido, deixando vestígios de água como se nunca tivesse estado lá.
Ela tirou os olhos da estrada o tempo suficiente para ver Rider baixar
sua janela e colocar a mão para fora. Seu entusiasmo lhe trouxe a lembrança de
como ele parecia na noite do leilão.
A solidão que pesava sobre seus ombros desde a morte de seu pai
diminuiu gradualmente, substituída pela companhia de Rider. Sua abordagem
amigável e prática em relação a sua doença a deixou tão confortável com ele
como ficaria com uma enfermeira. O único obstáculo - bem, dois, na verdade -
era sua natureza desconfiada, dizendo a ela que Rider queria mais dela do que
amizade e sua própria atração física crescente por ele. Ele inclusive se ofereceu
para secar seu cabelo quando ela estava muito fraca para fazê-lo sozinha. Ela
rapidamente tirou o secador dele depois de alguns minutos, incapaz de
suportar seu toque suave enquanto ele passava as mãos calejadas através de
seu cabelo.
Ela finalmente o convenceu a dar uma volta, apesar de sua preocupação
de que ela teria uma recaída, o tentando com a promessa de um passeio em
seu carro.
Jo respirou o ar fresco, sem se preocupar com o ar frio. Rider, no
entanto, ligou o aquecedor no máximo.
Ela não estava acostumada aos cuidados que ele demonstrava em
relação a ela. Foi o que aumentou seu medo de que havia mais entre eles que
amizade. Ela estava morrendo de medo que já fosse tarde demais para impedir
que seus sentimentos crescentes por ele se aprofundassem.
Era um pensamento assustador, um que a fez pisar no acelerador, como
se ela pudesse ultrapassar os sentimentos que estava secretamente começando
a ter por ele.
Ele só deixou a janela abaixada por alguns segundos antes de subi-la
novamente.
— Deixe-a aberta!
— Faremos isso quando o tempo estiver mais quente.
Jo mostrou a língua para ele, rapidamente colocando de volta em sua
boca quando os olhos dele se estreitaram em sinal de advertência.
Embaraçada, ela manteve sua atenção focada na estrada de duas pistas,
acelerando enquanto fazia a curva.
— Você tem sorte por Knox não ter te parado pelos seus vidros escuros.
Jo riu alegremente. — Ele teria que me pegar primeiro.
Quando chegaram a Jamestown, eles escolheram comer no
Sonic. Parando em uma vaga no estacionamento, eles fizeram seu pedido. Jo
sorriu com orgulho quando o cliente na vaga ao lado fez sinal com o polegar
enquanto saía.
— As pessoas vão fazer o mesmo comigo quando você terminar o meu
carro— disse Rider. — O meu vai fazer o seu parecer um Volkswagen.
— Eu ouço uma pitada de ciúme na sua voz?— Ela provocou.
— Talvez.
Seu beicinho era adorável, mas ela não estava prestes a dizer isso a
ele. Em vez disso, ela puxou o espelho para alisar seus cabelos desgrenhados.
Desfazendo o rabo de cavalo, ela rapidamente o ajeitou e prendeu novamente.
— Por que você não deixa solto?
— Fica na minha cara.
Ela estava pegando sua carteira enquanto a garçonete de patins se
aproximava, quando Rider afastou sua mão antes que ela pudesse pegar o
dinheiro.
— Eu volto logo, doçura.
Jo sabia que a mulher com as calças pretas apertadas não estava se
referindo a ela. Entregando a Rider seu hambúrguer e batatas fritas, ela abriu a
dela depois de roubar uma batata frita dele.
Ela estava prestes a roubar outra quando a garçonete voltou. Em vez de
vir para a janela dela, no entanto, ela foi para a de Rider, devolvendo-lhe o
recibo e o cartão.
— Carro legal— ela arrulhou, curvando-se até que seu rosto estivesse
nivelado com o de Rider. — É legal de a sua parte deixá-la dirigir.
— Ele é meu— Jo retrucou, forçando-se a comer em vez de rasgar a
cabeça da mulher da maneira que queria.
— É dela. Eu estive tentando convencê-la a me deixar dirigir.— Rider
deu-lhe um olhar divertido, trocando suas batatas fritas para a outra mão e
fora de seu alcance. — Você pode me trazer outra porção de batata frita?— Ele
lhe passou seu cartão novamente.
— Claro, docinho. Não se preocupe com isso. É por conta da casa.—
Ela deu uma piscadela e não pegou o cartão voltando para dentro do
restaurante.
— Eu me pergunto se o gerente gosta dela dar comida.
— Pare de se perguntar. Daryl sabe que Missy gosta de deixar seus
clientes satisfeitos.
— Você a conhece?
— Eu venho para Jamestown alguns dias por semana— ele disse,
jogando sua embalagem de hambúrguer vazio na sacola a seus pés.
— Que dias? Quartas e sábados?
— Você está me controlando?
— Você descansa aos domingos?
Rider balançou a cabeça, rindo. — Eu nunca descanso. Há tempo
suficiente para isso depois que eu morrer.
Jo estremeceu com o velho ditado. — Quem parece Mag agora?
— Morda sua língua. Aquela velha...
— Não ouse dizer o que você está prestes a dizer. Já não estou mais
doente, e vou abandoná-lo para voltar para casa de carona.
Rider ergueu as mãos se rendendo quando a garçonete voltou com suas
batatas fritas.
— Eu trouxe outro hambúrguer. Eu sabia que um não seria suficiente
para preencher o buraco no seu estômago.
— Obrigado, Missy. Eu agradeço. Você vai à sede do clube neste fim de
semana?
— Eu não perderia isso. Você vai estar lá? Eu senti sua falta na semana
passada.
— Eu estarei lá. Vejo você então. Obrigado pelo hambúrguer.
Qualquer prazer que ela sentiu durante o passeio desapareceu. Ela se
concentrou em comer o resto do seu hambúrguer quando Rider fechou a janela
e começou a comer.
— Você poderia ter me dito que queria outro hambúrguer quando
perguntei o que você ia comer.
— Eu estou tentando controlar o que eu como. Eu não tenho me
exercitado ultimamente. Mal consegui abotoar meu jeans esta manhã.
Sem pensar, seus olhos foram até a virilha dele. Então, ela afastou-os
quando ele a pegou olhando. Ela tinha ficado envergonhada muitas vezes em
sua vida, mas ser pega olhando sua virilha tinha que ser a pior.
— Você quer um pouco de batatas fritas?
— Não, obrigada.
Ligando o carro, ela arrancou, voltando para Treepoint. Ela estava
chateada consigo mesma por ter sugerindo o passeio até Jamestown, em
primeiro lugar. Ela não queria saber que Rider estaria na festa dos Last Riders
na noite de sexta feira. Ele passou a sexta-feira passada assistindo um filme
com ela, assim como, nas últimas duas semanas.
Ficou claro que, como ela estava melhor, já não havia necessidade dele
ficar com ela.
O pensamento não foi tão bem-vindo como ela achou que seria. Ela
ficaria sozinha em sua casa, ouvindo cada som e movimento ao redor.
Com esse pensamento, ela não dirigiu tão rápido na volta para casa
como fez ao sair, cada quilómetro aproximando do fim o tempo que eles
haviam passado juntos.
— Você está feliz com o negócio oferecido por Shade?— Rider quebrou
o silêncio.
Shade tinha ido a sua casa naquela manhã com os documentos legais
que a livrariam das dívidas, se aceitasse a oferta que ela e Rider haviam
discutido quando esteve doente. Era mais do que esperava, e ela ainda não
acreditava que iria recomeçar sem as enormes preocupações financeiras que
haviam seguido seus passos nos últimos anos.
— Como não estar feliz? Estou livre das dívidas, e posso começar a
trabalhar na segunda-feira. Ele até mesmo já avisou Knox, que ele terá que
encontrar outro serviço de reboque.
— Você não parece feliz.
— Eu acho que estou com medo do desconhecido. Não lido com
mudanças facilmente. Foi por isso que voltei para Treepoint.
— Tive medo quando entrei no exército. Estava apavorado a primeira
vez que fui enviado a uma missão. Fiquei assustado a primeira vez que me
casei.
Jo quase perdeu o controle do volante. — Você foi casado?
— Duas vezes. Uma vez com minha namorada do colegial. A segunda
vez com uma mulher que conheci no exterior.
— Você se divorciou duas vezes?— Ela não esperava que tivesse
casado uma vez, muito menos duas vezes.
— Divorciado uma vez. Minha segunda esposa morreu.
Jo olhou para vê-lo encarando a estrada.
— Sinto muito.
— Obrigado.
— Você tem filhos?
— Não, eu não fui abençoado com nenhum até agora.
— Você quer filhos?— Ela soou tão incrédula quanto aparentava.
— Isso é tão surpreendente?
— Eu sinto muito. Eu... Você só parece muito feliz como um solteirão.
— Eu estou feliz. Eu não ficaria onde não estou. Foi por isso que me
alistei ao exército quando fiz dezoito anos.
— Eu não queria ser intrometida.
— Você não foi. Fui eu quem iniciou a conversa. Você é uma mulher
forte, Jo. Provavelmente uma das mulheres mais fortes que já conheci. Você
conseguiu enfrentar Curt, Justin e Tanner, apesar do que eles fizeram com
você. Começar um novo negócio será um pedaço de bolo para você.
— Você acha?
— Eu sei disso. Tenho muita fé em você.
— Eu nunca imaginei que você fosse do tipo religioso— brincou Jo, o
prazer de estar com ele retornando. — Nunca te vejo na igreja aos domingos.
— A única religião em que acredito é o futebol.
Ela zombou. — Eu não acredito em você.
— Acredite.— Ele deu um sorriso torto enquanto cruzavam a fronteira
de Treepoint. Ela odiou ver a entrada para sua casa.
Serpenteando entre os carros velhos em direção à garagem, ela
pressionou um botão no seu painel para levantar a porta. Entrando quando a
porta lhe deu espaço o suficiente, ela estacionou na parte de trás da garagem,
então olhou em volta do espaço quase vazio. Em quatro dias, estaria ocupado
pelas motocicletas e carros dos Last Riders.
Ela estava prestes a sair do carro quando Rider esticou o braço, pegou o
controle da porta da garagem e colocou no bolso.
— O que você está fazendo?
— Eu quero ter isso à mão para quando Shade vier de manhã instalar a
câmera de segurança no local.
Franzindo o cenho, ela saiu do carro e o seguiu para fora, esperando
que ele fechasse a porta com o controle.
— Eu mesma poderia ter dado a ele.
— Shade quer começar cedo. Não há necessidade de acordá-la. Você
não tem saído da cama até às dez. Aproveite o tempo livre que lhe resta. Estou
ansioso para que meu carro fique pronto, quase tanto quanto Cash quer sua
motocicleta restaurada.
Ela acenou para sua explicação enquanto caminhavam para a casa. Ela
queria discutir, mas não o faria, se isso significasse que ele ficaria mais uma
noite. Ela não podia explicar a si mesma por que ela o queria só mais uma
noite, com muito medo de olhar dentro de si para encontrar a resposta.
Rider pendurou a jaqueta no gancho na parede antes de sentar no sofá,
apoiando os pés na mesa de centro e pegou o controle remoto da televisão
antes que ela pudesse.
— O que vamos assistir esta noite?
Jo sentou-se do outro lado do sofá. — Zombie Apocalypse está na
Netflix.
— Não, vamos ver outra coisa.
— Como o quê?
— Não me importo, desde que não sejam pessoas mortas vagando por
aí, procurando algo para comer.
— Você tem medo?— Ela falou cantalorando.
— Não, você tem.
— Eu?— Ela olhou para ele com espanto. — Eu amo filmes de zumbis.
— Eles lhe dão pesadelos. Vamos assistir Smokey and Bandit 27.
— Como você sabe que eles me dão pesadelos?

27
Um filme de comédia de ação americana de 1977, estrelado por Burt Reynolds, Sally Field, Jackie Gleason,
Jerry Reed, Pat McCormick, Paul Williams e Mike Henry. O filme foi a estréia como diretor do dublê Hal
Needham.
Rider deixou cair às pernas no chão. — Vou pegar uma cerveja.Você
quer um pouco de suco?
— Sim, você pode pegar depois de responder a minha pergunta.
— Você grita enquanto dorme.
Ele foi até a cozinha, voltando com um copo de suco e sua cerveja. —
Então, Smokey está bom para você?
— Está bom— disse ela, distraída tentando se lembrar de algum
pesadelo. — Eu realmente tenho pesadelos?
— Todas as noites, exceto as noites que não assistimos filmes de terror.
— Eu amo filmes de terror.
— Eu amo cebolas, mas elas bagunçam comigo.
— Realmente, é por isso que você não gosta de cebolas?
— Sim. Eu odeio o gosto que elas deixam na minha boca— ele disse,
começando o filme.
— O que mais você ama odiar?— Jo cruzou as pernas no sofá,
sentando sobre elas.
Rider colocou o controle remoto no braço do sofá, onde ela não podia
pegar.
— Eu amo comer em pratos, mas eu odeio lavá-los— ele brincou.
— Eu amo trabalhar em carros, mas eu odeio encerá-los.— Jo entrou no
jogo que tinha começado.
— Eu adoro comprar botas novas, mas eu odeio amaciá-las.
— Ouch.— Jo riu. — Eu adoro pipoca, mas odeio os grãos.
— Eu odeio eletricistas.
— Você deveria dizer o que você ama sobre eles em contrapartida.
— Eu não amo nada sobre eles.— Rider apoiou os pés novamente na
mesa de centro.
— Isto me lembra. Quando Shade e eu detalhamos as contas que os Last
Riders estão pagando, a conta do eletricista não estava lá.
— Eu devo ter esquecido.
— Não se preocupe com isso. Liguei para a companhia e adicionei à
lista que Shade tem.
— Como você descobriu o nome da empresa?
Jo balançou a cabeça, exasperada. — Estava impresso nas costas do seu
macacão.
— Oh. Bem pensado.
— Eu pensei assim.— Ela sorriu com orgulho, contente por ter sido
mais esperta que ele. Ele não deixava nada passar. — Eu também o fiz
adicionar os mantimentos que você pediu que Train trouxesse para casa.
— Como é que...
— Eu consegui o número de Train com Shade. E eu também pedi para
ele calcular quantas horas trabalhou enquanto estive doente.
— O que ele disse?
— Ele me informou o valor dos mantimentos, mas depois desligou na
minha cara quando eu perguntei sobre as horas, então eu fiz uma estimativa.
— Eu aposto que você fez.
— Você está sendo sarcástico?
— O que lhe deu essa ideia?— Rider colocou o volume no filme. — Às
vezes, as pessoas querem ajudar sem nada em troca.
— E às vezes as pessoas não gostam de receber esmolas.
— Não foi uma esmola. Quanto tempo vai levar para você pagar o
empréstimo com tudo incluído?
— Alguns anos.
— Mais do que alguns. Você, pelo menos, poderá se aposentar antes
que tenha noventa anos?
— Sim, os Last Riders me ofereceram uma soma muito generosa pelo
arrendamento e por trabalhar para eles.
— Legal. Você quer começar o trabalho logo e buscar outra cerveja?
Jo jogou uma almofada nele. — Espero que você esteja brincando.
— Eu estou. Posso assistir o meu filme agora? Adoro assistir filmes,
mas odeio quando as pessoas falam durante eles.
— Idiota.
Eles estavam assistindo ao filme há vinte minutos quando Jo decidiu
que queria algo para comer. Indo até à geladeira, ela pegou dois refrigerantes e
um saco de pipoca do armário. Entregando um para Rider, ela abriu o dela,
então se sentou de pernas cruzadas novamente, abrindo a pipoca.
— Eu odeio quando as pessoas pegam algo bom para comer e não
compartilham.
Ela alcançou o saco para que ele pudesse pegar um punhado.
— Você não sabe quando parar, não é?— Quando ele não respondeu,
ela olhou, e o pegou olhando para ela.
— Se eu quiser, sei quando parar.
— Suas piadas são tão ruins quanto as de Jackie Gleason28.— Jo puxou
a pipoca de volta. — Eu tenho que comprar um pouco mais desta pipoca.
Era uma mistura de queijo cheddar e caramelo. Os dois sabores juntos
era algo que ela nunca havia experimentado antes.
— É o meu favorito. Eu gosto de doce com salgado.
Prestes a tomar um gole do seu refrigerante, Jo olhou por cima da lata
para vê-lo olhando para ela novamente. — O quê?
Rider deu-lhe um sorriso misterioso. — Nada. Você está a fim de uma
pizza? Posso pedir uma.
Jo gemeu em voz alta. — Eu adoro pizza, mas odeio minha bunda
gorda depois de comer.
Rider estendeu a mão, tirando o saco de pipoca dela. — Eu
adoro gordura...
Jo gritou, inclinando-se sobre os joelhos para pressionar uma mão em
seus lábios. — Não se atreva...
Com aquele olhar travesso, Rider olhou-a sobre sua mão, seus ombros
sacudindo com as gargalhadas. Então ele usou sua mão para afastar a dela.
— Eu ia dizer, adoro gordura... cobrindo a pizza.

28
John Herbert Gleason (26 de fevereiro de 1916 - 24 de junho de 1987) foi um comediante americano, ator,
escritor, compositor e maestro que desenvolveu um estilo e personagens em sua carreira de crescer no
Brooklyn, Nova York.
— Sério?— Ela olhou para ele com ceticismo.
— O que você achou que eu ia dizer?
— Não importa. Sinto muito se o julguei mal.
— Tudo bem. Posso pegar a pipoca? Por sinal, sua bunda parece boa
para mim.
Capítulo 27

Cada vez que ela cochilava, forçava seus olhos a ficarem abertos.
Sabendo que era a última noite que Rider ficaria, Jo odiou ter que ir para a
cama. Ela queria muito que durasse.
A maldita pizza tinha feito isso. Ela comeu duas fatias. Agora cheio e
satisfeito, seu corpo só queria dormir enquanto sua mente lutava contra isso.
— Jo, vá para a cama.
Ela sentiu sua mão em seu ombro, empurrando para acordá-la.
Ao levantar as pálpebras, viu que o filme era outro. — O que você está
assistindo agora?
— Gumball Rally 29.
Jo levantou-se, alongando. — Boa noite, Rider.
— Boa noite, Jo.
Ela caminhou sonolenta para a porta do quarto.
— Estou feliz que você esteja se sentindo bem melhor.
O som de sua voz quando ela estava prestes a entrar no quarto a fez
virar-se para encará-lo. Um arrepio subiu por sua espinha quando viu o jeito
que ele estava olhando para ela.
— Obrigada. Eu também estou — ela disse, não tirando os olhos dele
até que a porta do quarto estava trancada com segurança atrás dela.
Que diabos foi isso? Pensamentos frenéticos passaram por sua mente
enquanto ela caminhava pelo quarto. Tirando o elástico do cabelo, ela tentou
acalmar-se. Ela estava imaginando o som de promessa em sua voz? Ou a
29
Gumball Rally é um filme de 1976 dirigido e co-escrito por Charles Bail sobre uma corrida de estrada de costa
a costa.
maneira como ele a olhou, da mesma forma que ele tinha feito na noite do
leilão?
Respirando profundamente, concluiu que era sua imaginação
fértil. Enquanto isso, sua voz interior gritou para ela se trancar no seu guarda
roupas.
A razão veio em seu socorro. Rider esteve sozinho com ela por quase
duas semanas e não fez nada para merecer o medo percorrendo seu corpo. Ele
tinha sido um cavalheiro a cada passo do caminho, tinha encontrado uma
solução para seus problemas, e ele não quis nada em troca... Até agora.
Se recompondo, ela se preparou para a cama, vestiu seu pijama de
flanela vermelho e seu top correspondente.
Prestes a deitar, sentiu a necessidade de ir ao banheiro. Ela tentou
ignorar isso, mas sabia que não seria capaz de dormir até que se aliviasse.
— Droga, eu não deveria ter bebido aqueles refrigerantes.— Andando
sorrateiramente até à porta, ela destrancou silenciosamente, tentando sair de
seu quarto e entrar no banheiro sem que Rider a visse.
— Você ainda não está dormindo?— Ele estava parado atrás do sofá,
uma garrafa de cerveja em seus lábios.
Seus olhos se arregalaram quando viu que ele havia tirado a camisa e as
botas, de pé somente em seu jeans que descansava nos quadris. Sua boca ficou
seca, parecendo como se estivesse tentando falar através de um chumaço de
algodão.
— Eu preciso ir ao banheiro.— Sentindo-se como uma idiota, ela correu
para o banheiro.
Depois de usá-lo, ela não queria sair, então ficou envergonhada por
demorar tanto tempo.
— Jesus, sou uma idiota— murmurou, lavando as mãos antes de sair.
— Boa noite novamente.— Desta vez, ela foi inteligente o suficiente
para não olhar para ele, seus pés voando pelo chão até ao quarto.
— Boa noite novamente.
A diversão na sua voz fez com que ela desejasse ter outro vislumbre
dele antes de fechar a porta, mas não quis arriscar.
Ela viu seu peito rapidamente na noite em que ele dormiu na cama com
ela, mas a visão dele quando ela não estava doente a fez desejar uma varinha
mágica para apagar da memória. Era fim de inverno, como ele ainda tinha
esse brilho dourado pelo sol? Os números tatuados em seu peito a fez se
perguntar qual seria o significado para ele.
Apagando a luz, bem acordada, ela se remexeu e virou, tentando ficar
confortável. Sentindo calor, ela começou a achar que estava ficando resfriada
novamente.
Batendo seu travesseiro repetidamente até ficar satisfeita, ela finalmente
caiu em um sono agitado que durou até ao amanhecer quando finalmente caiu
em um sono profundo.
Ela estava esparramada sobre sua barriga com o travesseiro sobre a
cabeça quando foi acordada com o som de uma batida na porta do quarto.
— Jo?— A voz de Rider veio do outro lado da porta.
— Vá embora. Ainda estou dormindo — ela murmurou.
— Posso entrar?
— Não.
— Você está bem?
O som de sua voz ao lado da cama a fez girar-se, levantando-se nos
cotovelos.
— Eu não disse que você poderia entrar!
— Desculpa. Eu odeio acordá-la, mas eu estava preocupado com
você.— Ele pressionou a mão em sua testa, verificando a temperatura.
Jo afastou a mão dele. — Eu não estou doente. Eu estava dormindo.
— É quase uma hora. Eu vim saber se você quer almoçar.
— Não é uma hora.
— Falta cinco para uma.
— Jesus, eu dormi como os mortos.— Jo puxou o cobertor ao redor
dela. — Saia e eu me vestirei.
— Seu desejo é uma ordem— ele disse a ela, afastando-se da cama. — O
que você acha de um sanduíche de queijo grelhado com sopa de tomate?
— Como o céu. Estarei lá em um minuto.
Quando ele fechou a porta, ela saltou da cama, encontrando um par de
calças jeans e um suéter azul que ela comprou no brechó. Ela estava vestida e
na cozinha enquanto ele deslizava o queijo grelhado em um prato para ela.
— Você cozinhou. Eu vou lavar a louça— disse ela antes de dar uma
mordida no sanduíche gorduroso.
Rider deu-lhe uma caneca de sopa de tomate antes de sentar-se à mesa
em frente a ela. — Eu vou aceitar sua oferta.
— Shade conseguiu instalar as câmeras?— Ela perguntou, usando sua
língua para girar o queijo derretido dentro de sua boca.
— Sim. — Sua resposta estrangulada a fez olhar para ele tomando sua
sopa. — Moon e Train também começaram a ocupar a garagem. Cash quer
começar a expandir a área de Rachel.
— Isso é legal da parte dele. Estou ansiosa para ver quais carros e motos
você trouxe— disse ela com entusiasmo. — Eu odiei estar curiosa quando fui
entregar o carro de Killyama.
— Nós iremos quando terminarmos de comer— ele prometeu.
— Muito obrigada, Rider. Você me ajudou muito.— Colocando seu
sanduíche de volta no prato, ela estendeu o braço sobre a mesa para colocar
sua mão na dele. — Eu não mereço isso depois que concordei com o plano de
Aly. Você poderia ter acabado ferido ou na prisão. Eu me odeio por concordar.
Rider virou a mão, retornando o aperto. — Isso são águas
passadas. Esqueça. Eu já esqueci.
— Você me mostrou nas duas últimas semanas do que você é feito. Eu
quero que você saiba que considero você um amigo. Agora, se houver alguma
maneira de retribuir, espero que você me avise.
— Confie nisso. Vou lembrá-la na próxima vez que sairmos para um
passeio e você não me deixar dirigir.
Jo sorriu com sinceridade para ele.
— Sempre que você quiser dirigir meu carro, as chaves são suas.
Após o almoço, eles caminharam até à garagem. Ela procurou pelas
câmeras que Shade instalou.
— Eu não vejo as câmeras— ela comentou quando Rider levantou a
porta da garagem.
— Eles estão lá, — Rider apontou para três áreas diferentes de frente
para a garagem.
Jo virou-se para onde ele apontou para três câmeras diferentes. Uma
estava atrás deles, direcionada para a porta, uma estava à direita e mostraria
qualquer um andando em direção à mesma, e a última estava ao nível dos
olhos que podia mostrar alguém partindo.
— Shade colocou algumas ao longo da entrada, também. Quando
voltarmos para a casa, vou te mostrar onde estão. Dessa forma, se você
precisar mover qualquer um dos carros ou precisar mexer em algum para
retirar peças, você avisa Shade e ele pode colocá-las em outro lugar.
— Eu as esperava ao lado da porta.
— Isso dá uma imagem mais clara de seus rostos e uma visão das
placas.
— Há alguma aí dentro?— Perguntou enquanto entravam.
— Cinco.— Ele fez um gesto para os quatro cantos da garagem. Elas
estavam instaladas no alto das paredes. — Há também uma aqui que tem um
feixe de luz eletrônico que dará uma estimativa de peso e altura.
— Posso desligar essa antes de passar pela porta?
— Não. Relaxe, a transmissão vai diretamente para o seu novo
laptop. Ninguém mais vai ver.
— Isso é reconfortante. Espere. Eu não tenho um novo laptop.
— Eu devo ter me esquecido de mencionar isso.— Rider foi até à
bancada de trabalho, mostrando-lhe o laptop.
— Eu vou pagar...
— Não, os Last Riders vão. A única maneira de Viper concordar com o
contrato, era se ele soubesse que nossos veículos estariam seguros. Isso lhe dá
tranquilidade.
— Eu posso entender isso.— Jo olhou ao redor de sua garagem
agradecida.
Dez motocicletas estavam estacionadas em uma fila organizada. Havia
também dois carros que fez Jo soltar um prolongado assobio de prazer
enquanto se aproximava.
— De quem são essas belezas?
— Meus.
— Ambos?
— Sim.
Ambos os carros faziam suas mãos coçar por dirigi-los. O Bugatti era
completamente preto, e a Ferrari era cinza chumbo com uma faixa branca no
capô.
— Onde estão as chaves? Apenas no caso de eu precisar movê-los.
— Se você precisar movê-los, ligue-me e eu farei.
Jo tentou fazer um beicinho enquanto pensava em um filme que lhe
trazia lágrimas aos seus olhos. Ela nunca tinha feito beicinho antes, mas se
havia uma hora certa para descobrir seus poderes femininos, era essa.
— Você precisa voltar para a casa para usar o banheiro?— Jo cutucou-o
com o cotovelo.
— Eu estava tentando fazer um beicinho.
— Isso era um beicinho? Jesus, não faça isso. É assustador.
— Muito obrigada. Eu sei que não tenho sua habilidade. Você
transformou isso em uma forma de arte.
— Sim, eu fiz. Foi preciso muito trabalho.
— Eu aposto. Por quantos doces você implorou, antes que Willa
desistisse e te fizesse um lote inteiro?
— Vários, mas nunca tive medo de trabalho pesado.
— Como você tem esse estômago achatado com o tanto que você come
me faz querer jogar minha balança no lixo.
— Você notou meu estômago?
Ela olhou para ele, percebendo o que tinha dito tarde demais.
— Você terá que me mostrar como fazer login no computador.— Ela
tentou distraí-lo abrindo-o.
— Você não quer mais falar sobre meu estômago achatado?
— Não.
— Você é uma estraga prazeres.
— Rider...
— Tudo bem, tudo bem. Vou mostrar como fazer login. Então eu posso
mostrar a você a câmera na garagem antes de eu sair.
Jo manteve uma expressão neutra quando ele parou de brincar,
mostrando-lhe como fazer login e como monitorar as câmeras de
segurança. Durante todo o tempo, sentiu-se mal do estômago, pois ele iria
partir em breve.
— Você entendeu?— Rider repetiu a pergunta quando ela não
respondeu.
— Entendi.
Satisfeito, ele fechou o laptop. — Mantenha-o onde você possa vê-lo em
casa ou na garagem. Se você vir qualquer coisa suspeita, aperte o botão
vermelho que mostrei e fique onde está.
— Sim, senhor— disse Jo.
— Cuidado, Jo. Isso soa bem em seus lábios.
Jo estava atordoada com sua insinuação. Por uma fração de
segundo, ela pensou que a luxúria tinha brilhado em seus olhos. No entanto,
no próximo segundo, ela se foi.
— Eu posso gostar de ser um dos seus chefes se ganhar esse seu
tratamento respeitoso.
— Eu achei que você tivesse dito que não era meu chefe.— Ela o seguiu
enquanto ele fechava a porta e lhe entregava o controle remoto.
— Eu não sou. Você é basicamente seu próprio chefe, Jo. Eu estava
apenas brincando. Os documentos do empréstimo estão assinados e você tem
uma cópia. Contanto que você não quebre o acordo, você pode fazer suas
próprias horas e os trabalhos que deseja para os Last Riders. Aqueles que você
não quiser, passe para Train ou para mim, se eles não forem muito
complicados. Foi por isso que você foi contratada, para que possamos nos
concentrar em outras coisas, além de trocas de óleo ou de velas de ignição.
— Como o quê?
— Train está trabalhando em um sistema de navegação subaquática. E
agora, estou tentando desenvolver um braço robótico controlado por voz.
— Não brinca!
— Sem brincadeira.
— Você é tão inteligente assim?
Enquanto voltavam para sua casa, ele mostrou as câmeras. No entanto,
Jo mal prestou atenção, atordoada por ele estar trabalhando em um braço
robótico.
— Eu me sinto insultado por você não acreditar que eu possa construir
um braço robótico, mas acredita que Train possa desenvolver um sistema de
navegação subaquática.
— Eu não quis dizer isso dessa maneira. Só que... quero dizer... Você
realmente não parece levar as coisas tão a sério como Train. Pelo amor de
Deus, seu filme favorito é Home Alone30.
— Isso é verdade. Eu amo comédias.
Quando subiram a varanda, ele lhe mostrou a nova campainha que
tiraria uma foto de qualquer um que chegasse a poucos metros da porta.
— É como se eu estivesse morando em Fort Knox— ela disse enquanto
passavam pela porta. Ela colocou o laptop na mesa da cozinha.
— Dificilmente, mas o mais próximo possível, sem chegar lá. Você não
terá que se preocupar com ninguém vandalizando sua casa novamente.

30
Esqueceram de Mim.
— Isso será um alívio. Foi uma bagunça para limpar.— Ela observou
enquanto ele ia até ao sofá e pegava sua mochila. Um nó se formou em sua
garganta. Ele estava prestes a sair. Não só isso, mas era uma noite de sexta-
feira.
Ela queria perguntar se ele queria assistir a um filme, ou jogar alguma
coisa, dar uma volta, qualquer coisa para que não partisse. Em vez disso, ela
ficou imóvel, com a língua presa quando ele foi até sua geladeira.
— Você se importa se eu pegar o último saco fechado de pipoca? Isso
me dará o que comer esta noite.
— É seu. Pegue. Posso comprar mais quando terminar o saco que
abrimos na noite passada.
— Legal. Não se esqueça de manter esse laptop à vista. Não se
preocupe depois que escurecer. Temos um homem na segurança vigiando até
às sete da manhã. Você receberá uma mensagem de texto se ele visualizar
alguma coisa, e ele enviará Knox.
— Uau. Shade pensa em tudo.
— Sim, ele pensa.— Com sua mochila sobre o ombro e a pipoca em sua
mão, ele caminhou em direção a ela. — Estou indo. Se você precisar de algo,
basta ligar. Acho que vou ver você segunda-feira de manhã. Vamos pintar o
meu carro, certo?
— Certo.— Jo lambeu sua boca seca. Indo até à porta, ela abriu para
ele. — Eu vejo você segunda-feira.
— Tchau, Jo.— Com um sorriso, ele se foi.
Ela teve que se forçar a fechar a porta em vez de vê-lo montar em sua
motocicleta. Ela saltou quando ele deu a partida, o som alto soou por toda a
casa até o rugido de seu motor desaparecer.
Jo olhou em volta da sala vazia e da cozinha, para a mobília velha e
desgastada, a mesa da cozinha que balançava, o fogão que só tinha dois
queimadores funcionando. Ela deveria ligar a sua televisão ou ouvir
música. Qualquer coisa era melhor do que o silêncio que estava rastejando
lentamente lá dentro. Tinha se mantido afastado enquanto Rider estava
ali. Agora que ele se foi, estava de volta como uma vingança.
Levando seu laptop para a mesa de centro, ela largou onde pudesse vê-
lo. O controle remoto estava onde ele havia deixado. Ligando, ela colocou o
filme favorito de Rider, Home Alone.
— Macaulay, como você se sente sobre sobras de pizza?
Capítulo 28

Rider fazia malabarismos com suas bebidas e pipoca quando entrou na


sala de segurança.
— Você nos trouxe alguns petiscos?— Moon sorriu, olhando por cima
da tela de segurança.
— Não. Eu estou dando a você e Diablo a noite de folga. Vão se divertir.
Diablo afastou a cadeira dos monitores que estava observando. — Você
não precisa me dizer duas vezes. Estou fora.
Rider estava ocupando sua cadeira antes que Diablo estivesse fora da
sala. Olhando para a tela que Diablo estava observando, ele abriu sua pipoca.
— Viper disse que dois tem que estar de plantão.
— Isso serve para quando dois idiotas estão de plantão. Eu cuido
disso. Vá. Eu já resolvi tudo com Viper.
— Então estou indo também.— Moon levantou-se.
— Não diga a ninguém que estou aqui. Eu não quero companhia.—
Moon levantou uma sobrancelha.
— Nem mesmo Jewell?
— Muito menos Jewell.
— Porquê muito menos Jewell?— Moon apoiou o quadril contra a
mesa onde ficavam os monitores.
— Irmão, a festa está esperando. Você prefere ficar aqui discutindo
merda comigo ou foder?
— Se você não quer responder, tudo que você precisa fazer é dizer isso.
— Certo. — Rider pegou outro punhado de pipoca.
Moon se afastou da mesa.
— Você quer que eu traga o jantar quando terminar?
— Não, estou bem.
— Até mais.
Rider recostou-se na cadeira depois que Moon saiu, apoiando os pés na
mesa ao alcance da pipoca e do refrigerante. Seus olhos viajaram de uma tela
para a outra, vendo Missy e Daryl chegar e subir os degraus da frente para a
varanda do clube, permanecendo lá até Nickel abrir a porta para eles.
Vendo que frente e fundos da sede do clube estavam vazios, ele olhou
para as câmeras que monitoravam a casa de Cash. Ao ver a moto e o caminhão
de Cash, e o carro de Rachel, ele sabia que não viriam para a festa esta noite.
Quando ele não viu nenhum movimento no quintal de Cash, ele
concentrou sua atenção na propriedade de Jo. O quintal não mostrou nenhum
movimento ao longo da entrada ou na garagem.
Levantando a mão, ele pressionou um botão no computador que ativou
uma tela que estava escura. Com esse gesto, a tela iluminou, mostrando Jo
sentada no sofá, comendo um pedaço de pizza e vendo Home Alone.
Sorrindo para si mesmo, ficou sentado assistindo o filme com ela. A
cada poucos segundos, seu olhar voltava para as outras telas, observando a
casa de Cash e a sede do clube.
Seus olhos voltaram para Jo quando ele a viu saltar no sofá, vendo-a
olhar por cima do ombro em direção à porta.
Rider sentou-se, seus olhos indo para a tela que mostrava o
exterior. Não havia nada lá que poderia tê-la assustado. Ela também deve ter
percebido isso, porque olhou para as câmeras na tela do computador e relaxou
no sofá.
Rider franziu a testa. Ele havia dito a ela que não precisaria assistir as
câmeras de segurança depois do anoitecer. Seu estômago revirou quando se
deu conta que ela estava assistindo isso, porque não se sentia segura sozinha.
— Porra. — Rider fechou o saco de pipoca para observar a tela mais de
perto, ainda acompanhando as outras câmeras.
Um SUV preto modelo antigo entrando no estacionamento o fez olhar
para ver quem estava descendo dele. Era Claire e outra mulher que Rider não
reconheceu.
Rider enviou um texto a Nickel liberando a entrada delas quando
chegassem à porta do clube. Claire tinha dito a ele que sua prima de
Jamestown a visitaria e perguntou se poderia trazê-la à festa. Rider havia
pedido seu nome e endereço, e Shade havia liberado ontem. A prima de Claire
poderia vir.
Ao ver as mulheres entrar, ele observou os outros monitores antes de
voltar para o de Jo. Ela ainda estava assistindo Home Alone. Jo tinha acabado
de comer sua pizza e tinha deitado no sofá. A cada poucos minutos, ela
levantava um braço, olhando para o relógio.
Rider olhou o relógio na tela, perguntando-se por que ela estava
preocupada com o horário. Ela também nunca fechou o laptop. Ela estava
esperando alguém?
À medida que o tempo passou, ela colocou Smokey and Bandit quando
Home Alone terminou. Ele ficou surpreso por ela não ter escolhido outro
filme. Ela reclamou quando ele colocou na noite passada.
De vez em quando, ela se erguia, sentando como se tivesse escutado
algo, antes de se deitar novamente.
Era quase dez quando ela levantou para ir ao banheiro. A câmera que
ele colocou na sala de estar de Jo só lhe dava uma visão da parte da frente de
sua casa, não do banheiro ou do pequeno corredor que levava aos dois
quartos.
Ele havia examinado seu quarto quando instalou a câmera enquanto ela
estava visitando Mag. Qualquer culpa que sentira morreu quando ele estava
monitorando suas imagens e viu que ela estava doente. Nem se sentiu culpado
por ter arrombado a fechadura, encontrando-a queimando em febre e nada
além de um pequeno aquecedor esquentando o quarto em que estava. Foi um
milagre que o velho aquecedor e a fiação não a queimassem viva, quando
estava muito doente para poder sair.
Ele pagou para que uma nova caldeira fosse instalada no dia
seguinte. O pronto atendimento que o eletricista prometeu garantiu que Jo
nunca saberia que ele esteve lá e não poderia adicionar esse montante ao
empréstimo que ele havia feito a ela.
Shade nunca o deixaria esquecer, que ele não queria que Jo soubesse
que o empréstimo era dele, sob o disfarce de uma das companhias que Viper
administrava para ele.
Monitorando as câmeras da sede, ele viu Beth e Razer vindo de sua
casa. Ele esperou até que a porta dos fundos fechasse com segurança atrás
deles antes de voltar a olhar para Jo novamente.
Ela havia voltado para a sala de estar e estava assistindo Space Balls,
mas em vez de estar deitada no sofá, ela estava caminhando. Abrindo um
energético, ele observou seu ritmo de um lado para o outro, ocasionalmente
olhando para o relógio.
— Quem ela está esperando?— Rider estava ficando com raiva. Ela
estava vendo alguém na cidade que ele não sabia? Aly havia entrado em
contato com ela? Se aquela puta aparecesse, ele torceria seu pescoço.
Ele continuou esperando aparecer quem Jo esperava. A princípio, Rider
achou que o aumento do seu ritmo era por causa de um atraso, mas quando Jo
sentou-se no sofá e puxou os joelhos para o peito e começou a se balançar para
trás e para frente, virando o pulso para poder olhar para ele sem levantar a
cabeça, ele tocou a tela, aproximando-se para ver sua expressão. Ele podia ver
seus lábios se movimendo, mas não conseguia ouvir o que ela dizia.
— Droga.— Pegando o telefone, ele enviou mensagens de texto para
Shade.
Ele observou a outra câmera enquanto esperava por Shade. Ele estava
prestes a ligar quando ouviu a porta do quarto abrir.
— O que você quer?
O irmão não estar feliz por ter sido chamado era um eufemismo. Uma
sombra escura de barba cobria a linha da sua mandíbula, e o olhar sombrio
que ele tinha quando pegou a outra cadeira na mesa fez Rider desejar não
precisar da habilidade particular do irmão.
— Eu preciso que você me diga o que Jo falou.— Ele rebobinou a fita
onde Jo dizia algo em voz alta para que Shade pudesse assistir.
— Você está me zoando?
— Não. Eu quero saber o que ela disse.— Seu maxilar apertou. — Só
levará um segundo, então você pode voltar para a cama.
— Eu não tive uma boa noite de sono desde que Clint nasceu, e você me
acordou porque quer saber o que Jo disse?
— Calma. Eu pego seu turno pela manhã para que você possa dormir
até tarde.
— Você vai pegar meus dois turnos seguintes.— Shade afastou sua
mão do mouse, clicando para rebobinar novamente a fita. — Se você tivesse
usado a câmera que eu lhe disse para usar, isso não teria sido necessário.
— Eu queria dar-lhe alguma privacidade.
Rider ignorou o som exasperado do seu amigo. — Se você quer vigiá-la,
faça bem feito.
— O que ela disse?
Shade tirou a mão do mouse. — Ela disse que te odeia.
— Ela fez isso?— O irmão o estava fodendo por tirá-lo da cama?
— Ela fez. Ela está obviamente louca por algo que você fez.
— Eu não fiz merda nenhuma, além de voltar para casa. — Sua mente
voltou para hoje mais cedo. O que ele fez para irritar Jo a ponto dela dizer que
o odeia? Ele se esqueceu de baixar o assento no banheiro?
— Acho que ela não queria que você partisse. Acabamos?
— Sim, obrigado.— Confuso em ser odiado por nenhuma razão
plausível, ele pensou, tentando lembrar se ela havia mostrado alguma
indicação de raiva antes de ele ter saído. Ele tinha certeza de ter baixado o
assento...
Shade assentiu, indo para a porta. — Oh, ela também disse que espera
que uma das mulheres arranque seu pau quando estiver te dando um boquete
e que o cirurgião não possa reimplantá-lo. Sua mulher tem um temperamento
vingativo.
Rider sorriu enquanto Shade saía. — Sim, tem. Boa noite, Shade.
Ele não levou a mal Shade não ter respondido. O irmão era um idiota,
especialmente quando seu sono era perturbado.
Satisfeito por saber por que Jo estava tão tensa e por que olhava tanto
para o seu relógio, ele recostou-se na cadeira e pegou a pipoca outra vez.
— Minha Old Lady está com ciúmes— ele vangloriou-se.
Jogando fora o saco vazio de pipoca, ele bocejou, rolando a cadeira do
computador para fazer café fresco.
Ele havia desistido do plano de vingança contra Jo quando ele viu o
quanto ela estava doente. Ela estava trabalhando em direção a uma morte
prematura, não apenas fisicamente, mas ao participar do plano de Aly. Se ele
não tivesse encontrado o bloco de notas onde ela tentou fazer seu dinheiro
esticar para pagar o empréstimo que seu pai devia ao pai de Aly, ele não teria
pensado em desistir da vingança contra ela e Aly.
Mais uma vez, suas dúvidas sobre a insensibilidade dela em usá-lo para
eliminar Curt começaram a surgir quando a viu no estacionamento na manhã
do nascimento de Clint. Ela queria entrar, mas tinha medo de não pertencer
àquela ocasião especial. Rider viu nela o mesmo desejo que ele tentava
alcançar desde os dezoito anos.
Enquanto o café era preparado, ele voltou para os monitores, seus olhos
deslizando sobre as telas com a intensidade de um laser.
Eles estavam se movendo da tela do estacionamento para a que ficava
atrás da casa de Viper quando uma luz vermelha brilhou no canto da
tela. Agarrando o celular com uma mão, ele usou a outra para baixar as
persianas de aço na casa de Viper.
— O que houve?— Moon respondeu no primeiro toque.
— Um dos alarmes da cerca atrás da casa de Viper disparou. Pegue
Diablo e confira,— ordenou Rider, mantendo a câmera apontada para onde
ele tinha visto um flash de movimento.
— Estamos a caminho.
Rider desconectou a chamada, pressionando outro botão para enviar
uma mensagem em massa para todos os irmãos. Não era preciso usar
palavras; se tratava de um simples sinal amarelo para que os irmãos ficassem
alerta. Rider rolou a cadeira mais perto da mesa, verificando as outras câmeras
para se certificar de que não havia atividade, enquanto mantinha seu foco na
câmera atrás da casa de Viper.
Moon e Diablo estavam se aproximando da casa, suas armas em
punho. Diablo furtivamente se afastou, desaparecendo nas sombras da
varanda da frente, alcançando o quintal de uma direção diferente.
Dois minutos depois, o telefone celular tocou. Rider respondeu à
chamada de Moon.
— Nós não vimos nada. Provavelmente um veado.
Rider colocou a chamada no viva-voz, ampliando a câmera para
observar o bosque fechado, sem ver nada. Não havia nada lá, mas Rider não
disse aos homens para recuarem. O alarme disparou por um motivo.
— Estabeleça um perímetro até que Shade chegue aí. Algo parece
suspeito.— Encerrando a ligação, ele chamou Shade. O irmão respondeu
imediatamente.
— Relatório.
— Eu enviei Moon e Diablo para verificar um alerta do sensor atrás da
casa de Viper. Moon disse que está tudo limpo, mas sei que vi algo.
— Estou a caminho. Envie Train para minha casa e notifique Razer para
evitar que alguém deixe o clube até eu ligar.
— Já foi feito. Enviei uma mensagem a Viper. Ele levou Winter e Aisha
para a sala segura.
Rider colocou o telefone celular na mesa quando Shade desligou, seus
dedos voavam sobre o teclado, reposicionando as câmeras e, em seguida,
inverteu outro interruptor que cairia exatamente na parte gravada. Shade iria
querer ver o que Rider tinha visto que o fez acionar o alerta.
Rider só podia sentar e observar enquanto Shade, Moon e Diablo
vasculharam o quintal de Viper e depois o bosque, até onde a visão
alcançava. Quando viu Cash sair de sua casa através da tela, ele sabia que
Shade deveria ter encontrado alguma coisa.
Ele olhou até que Cash entrou em seu caminhão e saiu cantando pneu
da sua garagem antes de enviar um texto a Knox que Cash estava indo para o
clube. Knox enviaria uma viatura para vigiar o lugar até que Cash voltasse.
Cash entrou no estacionamento três minutos depois. Saindo, ele correu
pelo quintal de Viper, desaparecendo no bosque onde os outros homens
tinham entrado.
Enlouquecia Rider não poder fazer nada além de assistir as telas, mas
quem estava de plantão não podia sair. Eles tinham que coordenar os irmãos
em uma força implacável que mantinha as mulheres e as crianças seguras.
Quando Viper saiu, indo para o bosque armado e fechando a porta
atrás dele, Rider sabia que estavam rastreando algo ou alguém. Ele queria
chamar Shade para perguntar o que estava acontecendo, mas ele não o fez,
mantendo os olhos fixos nas telas para garantir de que os outros
permanecessem a salvo de danos.
Seus olhos viraram para Jo, que adormeceu no sofá com a televisão
ligada. Garantindo que ela estava segura, ele esperou que Shade ligasse ou os
homens reaparecessem.
Nas forças armadas, uma das coisas mais difíceis de fazer era esperar e
assistir enquanto seus irmãos de armas saíam em uma missão. Não era mais
fácil fazê-lo agora que estavam fora do serviço.
Os Last Riders criaram um vínculo que nunca seria quebrado. Ia além
do sangue e das lágrimas, até o âmago profundo da confiança que eles
mantinham um pelo outro. Que, independente do segredo que tenham
confidenciado, nem a ameaça de morte os forçaria a repeti-lo.
Rider observou quando os irmãos saíram do bosque, deixando Moon e
Diablo protegendo a casa de Viper enquanto os outros subiam a colina em
direção à fábrica. Ele sabia que eles estavam vindo examinar a filmagem.
Rider abriu automaticamente a porta, economizando-lhes tempo.
— Mostre-me— disse Shade, sentando-se ao lado dele, enquanto Viper
e Cash ficavam sobre seus ombros. Ele já estava pronto, então colocou as
imagens para rodar.
— Viram?— Rider parou a fita e, em seguida rodou novamente no
aceno firme de Shade.
— O que parecia para você?— Shade virou a cabeça para perguntar a
Cash.
— Parecia a cabeça de alguém usando um boné de beisebol.
— Isso foi o que eu pensei— Rider deixou a filmagem correr até Moon e
Diablo aparecerem, então deixou a câmera voltar ao tempo real. — O que você
achou?
— Eu descobri onde um fio de segurança foi cortado.— Shade tirou um
fio fino do bolso.
— Porra. Eu esperava estar errado.
— Você nunca está errado. É por isso que eu já estava vestido quando
você ligou — Shade disse determinado. — Moon e Diablo vão vigiar a casa de
Viper até Cash e eu consertar pela manhã. Quero garantir que quem fez isso
não encontrou nossos outros sensores.
— Alguma ideia de quem poderia ser?— Viper serviu uma xícara de
café que Rider não teve tempo de beber.
Rider levantou-se, servindo uma xícara, pensando em voz alta.
— Quem cortou esse fio teve que ter vindo do bosque. Não vi mais
ninguém nas outras câmeras.
— Pode ter sido um caçador, e ele pode ter percebido que arrebentou
um fio de segurança e fugiu.— Cash rebobinou a filmagem em outra tela pelo
menos três vezes antes de parar.
— Eu não acho que foi um caçador, e acho que havia dois deles. Eu
saberei mais pela manhã quando tiver luz suficiente.
— Eu não quero que você vá sozinho. Leve Train e Shade com você—
ordenou Viper, colocando a xícara na mesa. — Pode ter sido Curt ou um de
seus primos. Shade e eu estávamos falando ontem. Estamos surpresos que ele
ainda não retribuiu por demiti-lo.
— Curt viria atrás de mim, da fábrica, Mag ou Jo antes que ele vá até
você. Quem estava na floresta estava visando sua casa— disse Rider enquanto
voltava a assistir os monitores.
— Eu concordo com Rider.— Shade esfregou os olhos, seu cansaço se
tornando mais evidente. — Eu ainda acho que alguém deliberadamente abriu
aqueles portões no rodeio, e Knox nunca descobriu quem entrou no escritório
da igreja há três meses. Os Porters nunca descobriram quem atraiu Logan para
longe de sua casa. Eles acham que foram os Hayes, mas e se não foi? Algo está
acontecendo, mas porra, se eu sei o que é.
Com isso, Rider tirou os olhos do monitor. — E se Aly estiver certa e
alguém matou seus pais, mas não foi Curt? Podemos estar olhando na direção
errada.
Viper concordou com a cabeça. — Então, eu sugiro que comecemos a
procurar na direção certa antes que um ou mais de nós acabem tão mortos
quanto os Warrens. Knox tentou conseguir um parecer independente sobre o
acidente. Vamos conseguir o nosso. Shade...
— O que é isso?— Rider apontou para uma câmera mostrando a casa
de Aly. Ele não tirou os olhos das câmeras enquanto Viper falava.
Assim que ele cortou o que Viper estava dizendo, uma luz brilhante
voou de fora do alcance da câmera pousando na varanda, acendendo-a em
chamas.
Os irmãos saíram correndo da sala de segurança, deixando-o para vê-
los amontoados no caminhão de Cash.
Antes que pudessem sair pela porta, Rider já estava ligando para Knox,
passando a informação e depois chamando o corpo de bombeiros.
Depois que as casas dos Last Riders foram fechadas por persianas de
aço e os irmãos assumiram suas posições de emergência, Rider observou
quando Aly correu para fora da porta dos fundos de sua casa gritando, com o
F.A.M.E a seguindo.
Aly havia avisado que quem matou seus pais viria atrás dela para pegar
sua propriedade, e ela estava certa.
O fogo se espalhou pela varanda como lenha na lareira, avidamente
tragando o exterior e se espalhando em direção ao telhado. Antes que o corpo
de bombeiros chegasse lá, foi completamente coberto pelo fogo.
Rider passou o resto da noite monitorando as câmeras.
Era madrugada quando Viper escoltou Aly para o caminhão de Cash, e
os irmãos subiram na parte de trás para voltarem para a sede do clube. Rider
sabia que Viper manteria Aly sob proteção até que eles pudessem descobrir
quem havia incendiado sua casa. Foi uma decisão que Viper teve que tomar.
Quem incendiou a casa de Aly trabalhava com os mesmos que haviam
cortado o fio para impedi-los de mobilizar os irmãos em grupos, fazendo-os
perder tempo antes de procurar quem jogou o coquetel Molotov.
Rider olhou para a tela mostrando que Jo ainda estava
dormindo. Quando descobrisse que Aly estaria hospedada na sede do clube,
ela assumiria que Aly estava fodendo um deles, graças a todas as fofocas que
Aly havia contado a Jo.
Rider afastou esse pensamento. Ele estava cansado de bancar o cara
legal. Era hora de aquecer as coisas com ela.
Ele havia lhe dado um aviso sutil na noite anterior e novamente
ontem. O novo ano traria muitas mudanças para Jo, nem todas boas... E
algumas delas seriam completamente impertinentes. Ele tinha que voltar para
a lista dos caras maus novamente este ano, e Jo era justamente a mulher que o
ajudaria nisso.
Capítulo 29

Jo carregou sua térmica enquanto caminhava em direção à sua


garagem. Era estranho ser capaz de caminhar até onde ela passaria o dia em
vez de dirigir o caminhão de reboque que estava abandonado no quintal.
Abrindo a garagem, colocou o laptop na bancada de trabalho, abrindo-o
e virando-o para que pudesse vê-lo facilmente da maioria das áreas da
garagem. Abrindo a garrafa, ela serviu uma xícara de café, lembrando-se de
que deveria comprar uma cafeteira na próxima vez que fosse a cidade. Agora
que seu negócio estava no preto31, ela poderia fazer uma extravagância, e uma
cafeteira era definitivamente necessária.
Jo olhou para o relógio, vendo que eram apenas sete. Ela estava ansiosa
para começar a pintar o carro de Rider.
Resistindo à tentação, ela foi até o amontoado de metal retorcido no
canto da garagem, levando um pano com ela. Estendendo uma lona no chão,
ela começou a remover as peças, colocando-as na lona.
Soprando uma mecha de cabelo, que escapou do rabo de cavalo, do
rosto, Jo levou o carburador para a bancada de trabalho. Ela disse a si mesma
que precisava encomendar um kit de conversão para instalar o injetor de
combustível da motocicleta de Cash, sabendo que Cash teria um ataque
cardíaco se ela sugerisse isso.
Ela estava desmontando quando olhou para o laptop e viu Rider
entrando na garagem. Eram apenas oito horas. Ela não o esperava até ao meio
dia.
31
Definição do preto : uma frase de gíria que se refere a uma empresa que terá receitas suficientes para cobrir
as despesas operacionais.
Jo continuou trabalhando no carburador, mascarando seus traços com
um sorriso amigável enquanto ele entrava na garagem. Ela se recusou a
procurar sinais de que ele passara o fim de semana na cama com uma
variedade de mulheres, uma delas sendo Aly.
Rachel tinha enviado mensagens na manhã de sábado quando estava
prestes a ir ao supermercado informando que a casa de Aly tinha incendiado
por algo que tinha sido jogado na sua varanda. Saber que Aly tinha razão
sobre Curt não parar, até conseguir a propriedade de seus pais foi terrível. Ela
só esperava que Knox pudesse provar que Curt foi o responsável.
Rachel também havia dito a ela que Viper tinha oferecido deixar Aly
ficar até encontrar outro lugar para morar, ou até que ela pudesse reconstruir
sua casa. Ou até que decidisse que não ficaria em Treepoint.
Jo não tinha se incomodado em ligar ou mandar mensagem para Aly
depois de terminar a conversa com Rachel. Elas nunca foram amigas, e depois
de sua recusa em ajudar a convencer Rider a eliminar Curt, elas só se
comunicaram por cartas. Uma de um advogado afirmando que ela estava
sendo processada, e a outra que ela enviou por carta registrada com um
cheque pagando integralmente a dívida do seu pai.
— Bom dia— ela disse, quando Rider apareceu atrás dela para olhar
para o carburador.
— Dia. Vejo que você está trabalhando duro.— Fazendo uma careta,
ele cutucou o metal. — Não sinto falta de ter que trabalhar em um desses.
— Eu quase pedi um kit de conversão.
— Morda sua língua. Cash teria demitido você na hora.
— Isso foi o que eu pensei, e é por isso que vou tentar consertar esse ou
conseguir um no ferro velho.
Rider saltou para sentar na bancada, observando-a. — Voce teve um
bom fim de semana?
— Claro que sim. E você?— Ela se concentrou no que estava fazendo
para não olhar para o seu rosto.
— Não foi dos piores, mas já tive melhores. Precisamos colocar uma
cafeteira aqui.
— Eu estava pensando o mesmo nesta manhã.— Pegando um copo da
prateleira acima de sua cabeça, ela colocou-o ao lado de sua coxa. — Sirva-se
da minha térmica. Quando precisarmos de mais, posso ir lá em casa para fazer.
— Sentindo falta dos bons tempos quando você ia ao restaurante?
— Ainda não, mas tenho certeza que vou. Os velhos hábitos são difíceis
de quebrar.
— Com certeza. Eu sinto falta de acordar para preparar o café da
manhã e ter alguém com quem assistir filmes.
Surpresa por ele ter sentido falta dela, ela olhou para cima, corando.
— Eu não senti falta de você— ela tentou brincar, precisando se
recuperar de seu constrangimento. — Eu preparei um hambúrguer ontem à
noite para o jantar e comi duas fatias de cebola. Eu até comi com requeijão e
chips de cebola.
Sua piada saiu pela culatra quando ele se inclinou para a frente,
fazendo-a ficar rígida quando o sentiu passar o nariz ao longo do seu pescoço,
parando na sua orelha.
— Eu nunca saberia se você não tivesse me contado. Você cheira ao
meu perfume.
Sua cabeça recuou como se um fio quente a tivesse cutucado. — Eu não
estou usando perfume.
Rider riu, inclinando-se mais perto, depois se recostando.
— Pare de soltar faíscas por esses olhos de bluebonnet32. Estou apenas
brincando.
— Você não reconheceria uma boa piada se ela mordesse sua bunda—
Furiosa por ele ter conseguido fazê-la levar sua piada a sério, ela moveu a
térmica para o outro lado da mesa.
— Tente-me.

32
Bluebonnet é um nome dado a qualquer número de espécies com flores azuis do gênero Lupinus
predominantemente encontradas no sudoeste dos Estados Unidos e é coletivamente a flor estadual do Texas. A
forma das pétalas na flor se assemelha ao capô usado pelas mulheres pioneiras para protegê-las do sol.
Sua boca abriu com o olhar que ele estava dando a ela. Afastando a
imagem louca que surgiu em sua mente dela realmente morder sua bunda, ela
pegou um pano para limpar as mãos.
— Você está pronto para pintar seu carro? Ou você quer passar o resto
do dia me incomodando?
— Eu tenho uma escolha?
— Não.— Ela já estava indo em direção ao carro dele.
Entrando, ela deu ré lentamente, dirigindo até à área que ela havia
preparado para pintar. Saindo, ela foi até um armário que guardava os
suprimentos, dando a Rider um dos macacões impermeáveis antes de pegar
um para si.
— Vista.
— Porra, estive esperando a maior parte da minha vida que alguém me
dissesse isso.
— Hoje é seu dia de sorte, então.
Sem conseguir resistir ao seu charme encantador, desabotoou o
macacão e entrou nele, puxando-o até às coxas antes que ficasse preso à
cintura.
— Permita-me.— Rider se agachou, ajudando-a a levantar sua bota
pesada para passar pela abertura apertada.
— Eu consigo...
— Você pode retribuir o favor em um minuto.— Usando seu ombro
para apoiar seu peso, ele manobrou a bota pela abertura e ergueu o outro pé
para fazer o mesmo. Levantando, ele puxou os lados do macacão para cima. —
Levante seus braços.
— Eu posso... — Ela cedeu, levantando os braços quando ele não se
afastou. Quando suas mãos deslizaram pelas mangas, ele foi para o zíper. —
Eu posso fazer isso... — O zíper foi fechado antes que ela pudesse passar as
mãos pelos punhos.
— Minha vez.
Jo teve que se conter para não derrubá-lo, lamentando não ter pintado o
carro antes que ele chegasse.
— Porquê a demora?— Ele perguntou, levantando um pé para ajudá-la
do jeito que ele tinha feito por ela.
— Eu estava esperando um pedido. Ao contrário de você, eu prefiro
que peçam minha ajuda antes de tocar o corpo de outra pessoa.
— Bluebonnet, você não precisa pedir permissão para tocar o meu corpo.
Jo foi até seus quadris, quase rasgando o plástico fino do macacão
enquanto ela empurrava o pé grande pela abertura antes de se mexer.
— Você pode fazer o resto sozinho. Eu não gostaria de pegar sarna de
suas atividades do fim de semana.— Desdenhosamente levantando o nariz no
ar, ela desenrolou as grossas folhas de plástico que caíram do teto para evitar
que os outros veículos fossem, acidentalmente, pulverizados com tinta.
— Aly contou sobre as festas?— Ele ergueu uma sobrancelha enquanto
fechava o macacão.
— Contou. Não que eu quisesse saber— ela se apressou em adicionar,
ligando o exaustor antes de voltar para o armário, onde tirou duas máscaras,
entregando-a. — Eu achei muito perturbador ouvir, então eu disse que ela
poderia manter isso para si mesma.
Ela já havia preparado os pulverizadores, então ela poderia
simplesmente apontar a pistola para o carro e puxar o gatilho.
— O que você achou perturbador? Que as mulheres querem foder? Ou
que elas querem ser fodidas por mim em particular?
Ela se surpreendeu com sua pergunta, e se virou para ele ao mesmo
tempo em que puxou o gatilho. Horrorizada, demorou alguns para tirar o
dedo.
Ele estava todo coberto de vermelho maçã do amor, até mesmo seus
óculos.
Jo cobriu a boca, incapaz de evitar o riso alto quando Rider levantou os
óculos para encará-la com fúria.
— Isso foi maldade.
Rindo ainda mais atrás de sua mão, ela balançou a cabeça ema
negação.
— Foi um aciden...
Ela parou de tentar explicar para soltar a pistola e decolar em uma
corrida. Ela se desculparia quando ele se acalmasse e ela conseguisse parar de
rir.
Jo bateu no plástico pesado, tentando fugir dele, em seguida,
encontrou-se embrulhada no plástico.
— Você precisa de ajuda?— Rider arrancou-a do chão, atravessando a
cortina grossa e levantou-a sobre o ombro.
— Você está me enchendo de tinta.— Ela gritou as gargalhadas. — Ei,
volte. Eu não pintei suas costas.
— Muito engraçado, ha ha... Você está muito engraçadinha hoje, não é?
Jo sentiu sua bunda ser colocada na bancada de trabalho com um Rider
irritado olhando para ela.
— Sério, foi um acidente...
— Você quer saber o que fiz neste fim de semana? Tudo o que você
precisa fazer é perguntar.
— Eu não quero saber.— Sua diversão desapareceu em um piscar de
olhos.
Quando sua boca se abriu, ela pressionou as palmas das mãos sobre as
orelhas para não ouvir o que ele estava dizendo. Determinado, ele pegou seus
pulsos, afastando-os para os lados.
— Passei o fim de semana monitorando as câmeras de
segurança. Alguém tentou entrar na casa de Viper na mesma noite em que
incendiaram a casa de Aly.
— Deve ter sido Curt.
— Knox visitou Curt, cedo, no início da manhã de sábado. Ele passou a
noite com Carly. Ela disse que ele não saiu do seu apartamento em toda a
noite.
— Então deve ter sido Justin ou Tanner.
— Foi quem Knox visitou em seguida. Eles disseram que passaram a
noite em casa, bebendo.
— Eles são álibis um do outro? Muito conveniente.
— Talvez, mas Knox não pode prendê-los sem provas.
— Claro, eles vão se safar disso de novo.
— Mais cedo ou mais tarde, eles darão um passo em falso.
— Só não no fim de semana passado.
Rider deu de ombros. — É o que é.
— Eu odeio essa resposta.
— Eu sou realista. Às vezes, não há uma solução fácil. Como você e eu.
— Não há um você e eu.
Jo tentou escapar da bancada, mas Rider colocou as mãos na mesa de
cada lado de suas coxas, impedindo-a de sair.
— Ok, somos amigos— ela admitiu.
— Somos mais do que amigos. Eu sinto mais do que amizade por você,
e acho que você sente o mesmo por mim.
— Não, eu não. Você é muito arrogante. Você tem mulheres em fila
para cada dia.
— Eu tenho vários dias abertos.
— Seu cretino...
Rider baixou a cabeça, cobrindo sua boca.
— Você pode pegar a segunda-feira— disse ele, levantando os lábios
milímetros. Então ele baixou-os novamente para beijá-la pela segunda vez
enquanto ela se recusava a abrir a boca, mesmo quando ele mordiscou seu
lábio inferior. — E a terça-feira— ele sussurrou, sua respiração roubando a
dela. — Quarta-feira também é sua.— Com uma mão em seu maxilar, ele
ergueu seu olhar para o dele, afogando-a em suas profundezas. — Eu já
reservei as quintas-feiras para você.
— E as sextas-feiras?— Perguntou Jo com um arrepio, segurando a
frente de seu macacão, tentando evitar ser arrebatada. Ela agarrou-o com mais
força quando moveu a boca para o lado do seu pescoço, correndo a ponta da
língua até à orelha.
— Essas são definitivamente suas. Sábados também— ele sussurrou
sedutoramente.
— E os domingos?
— Eu posso precisar de folga aos domingos.
— Para estar com outras mulheres?— Ela afastou o pescoço do seu
alcance.
— Eu assisto futebol aos domingos.
— Eu gosto de futebol.— Ela permitiu que ele virasse seu rosto para o
dele.
— Então você pode ter os domingos também.
Jo deixou que ele voltasse a sua boca, deixando sua língua entrar em
uma corrida de sensações que só tinha lido, mas nunca acreditara ser possível
para si mesma.
Ela subiu as mãos pelo peito para envolver em torno de seu pescoço,
seguindo nervosamente sua liderança. Quando ele abriu seus lábios ainda
mais, sua crescente excitação desapareceu. Ela apertou os lábios contra os dele,
tentando recuperá-la.
— Jo pare. Você está se esforçando demais.
Ela afastou sua boca, tentando não chorar.
— Eu disse que não sou boa nisso...
— Se você melhorar, vai me fazer saltar até o teto.
Seduzindo-a com sussurros e toques, Rider abriu o zíper do macacão e
puxou seus braços para fora. Então ele abriu o dele e tirou a parte superior
antes de remover sua camiseta.
Pegando as mãos dela, Rider colocou-as em seu peito.
— Eu sinto que estou em um episódio de Dexter 33.

33
Dexter é uma série de mistérios de drama de crime da televisão americana que foi exibida no Showtime de 1º
de outubro de 2006 a 22 de setembro de 2013. Em Miami, a série se concentra em Dexter Morgan (Michael C.
Hall), um técnico forense especializado em padrões de salpicos de sangue e análise para o departamento de
ficção da polícia de Miami.
Sedutoramente, ele levou a boca de volta à base de sua garganta.
— Isso me faz lembrar algo.— Ele desligou as câmeras do laptop antes
de fechá-lo.
— Alguém viu?— Horrorizada, Jo tentou sair novamente.
— Não, a segurança acaba às sete.
— Isso é um alívio— ela disse, vendo Rider pegar o controle remoto,
baixando a porta da garagem.
— Sim, é, desde que fui eu que trabalhei no fim de semana.
— Quem geralmente faz isso?
— Depende de quem Viper coloca na lista. Todos os irmãos se revezam.
— Isso é justo.
— Nós também achamos. Jo, você se importa se paramos de falar por
alguns minutos?
— Nós temos que parar?
— Não, mas eu prefiro beijar você.
— Eu prefiro falar.
— Vamos combinar. Você escuta e eu falo.
— Eu prefiro ser aquela que fal...— Ela se perdeu com as palavras que
saíam da boca dele.
As palavras em outro idioma e a forma como ele dizia eram como um
maçarico descongelando os canos para a água correr livremente. Ela não
conseguia entender e morreria de vergonha se fizesse, mas obrigou-se a não se
concentrar nas suas palavras e no que suas mãos estavam fazendo, mas sim
em sentir as emoções por trás delas.
Desde que Curt, Tanner e Justin a haviam tocado, ela nunca pôde
suportar o pensamento das mãos de um homem sobre ela. No entanto, ela
agora estava inconscientemente mais perto da beira da bancada de trabalho,
tentando se aproximar de Rider.
— Diga isso novamente— ela exigiu, enterrando as mãos em seus
cabelos grossos.
Quando ele o fez, com o mesmo sotaque forte e anasalado, ela sentiu
seu jeans umedecer, enquanto suas pernas rodearam-lhe a cintura, e sua boca
alcançava a dele.
Suas palavras sensuais penetraram profundamente em sua alma,
removendo os traços do toque dos outros homens, substituindo seus
comentários feios pela beleza de suas palavras. Ela não se sentia
autoconsciente nem menosprezada; ela sentiu desejo e necessidade quando ele
tirou sua camiseta, encontrando um sutiã de renda que moldava seus seios.
Cada sílaba de suas palavras acalmava seus nervos crus, criando um
mundo recém-descoberto que ela não sabia que existia. As mãos dele não
esmagaram ou agarraram, simplesmente afastaram o sutiã de sua carne
aquecida até que ele pudesse pegar um mamilo em sua boca.
Um suspiro escapou dela com a gentileza que ele usou para seduzir e
provocar seu mamilo tenso e para implorar por cada redemoinho de sua
língua.
— Você gosta quando lambo seus mamilos?
Demorou um segundo para que sua mente percebesse que ela entendia
o que ele estava dizendo.
— Sim— ela murmurou, puxando seu cabelo para que ele a beijasse de
novo.
— Eu sei algo que você vai gostar ainda mais.
Ela sentiu o deslocamento de ar quando ele a levantou da mesa antes de
virá-la de costas para ele e sua barriga pressionada contra o metal frio da
bancada. Então, Rider pegou suas mãos, colocando-as em cada extremidade,
estendendo-a até que seus seios cobertos pelo sutiã estivessem pressionados
na mesa.
— Rider...
Ele voltou a dizer palavras que ela não conseguia entender e não queria,
confiando que suas ações não a machucariam, mas lhe dariam um prazer que
ela não queria que acabasse.
Jo encostou a bochecha sobre a mesa, ouvindo seus movimentos. Seu
estômago se agitou quando ele passou a mão pela cintura e mergulhou no
jeans, enfiando os dedos dentro de sua calcinha para encontrar sua carne
úmida.
Jo mordeu os lábios quando ele encontrou seu clitóris, esfregando-o em
um padrão circular que a fez se contorcer.
— Oh... — Jo ofegou, depois gemeu quando ele enterrou o rosto em
seus cabelos para beijar seu pescoço, puxando a carne em sua boca, mordendo-
a. — Rider... por favor.
— Mais?
Ela só podia assentir enquanto lambia os lábios secos.
Quando ele separou sua carne, deslizando um dedo escorregadio
dentro dela, Jo fechou os olhos com força, quase vendo estrelas de tão
bom. Quando sua bunda empinou em direção a ele, desejando mais, Rider deu
uma risada sensual, puxando a mão para desabotoar o jeans.
Ela sentiu ar quente atingir seu corpo quando ele puxou o macacão, o
jeans e a calcinha dela, deixando a parte inferior do seu corpo nu para os olhos
dele.
Felizmente, ela não podia ver o rosto dele, mesmo que abrisse os
olhos. Ela não se moveu para sair da bancada, dando-lhe o acesso que ele
queria.
Quando o sentiu soltar o pedaço da pele onde tinha deixado sua marca
e levantou o peito de suas costas, ela prendeu a respiração, esperando o que
ele faria a seguir.
Então suas mãos separaram bunda dela, e ela pulou, seus seios
afastando-se da bancada.
— Não se mova.
Sua ordem fez outra onda de calor disparar em espiral em direção ao
seu núcleo, fazendo-a doer por algo que ela nunca sonhou ser possível querer.
— Vamos...? — Jo não conseguiu dizer a palavra.
— Foder?— Rider segurou uma de suas nádegas, espalhando-a mais. Jo
assentiu, segurando a mesa com tanta força que seus dedos ficaram
brancos. — Nós vamos quando eu tiver certeza de que você está pronta.
— Estou pronta— ela sussurrou.
— Deixe-me julgar isso. Talvez eu não seja seu chefe no trabalho, mas
quando fodemos, eu estou no comando.
Jo deu um pequeno grito quando sentiu sua língua deslizar pelos
lábios carnudos, encontrando seu clitóris e sugando-o em sua boca.
— Você pode estar no comando.
Ele cravou os dedos na sua bunda, levantando-a nos dedos dos pés
para ter um melhor acesso.
— Oh, meu Deus... não posso acreditar que seja tão bom.
Ela gritou de novo quando ele deslizou a língua dentro de sua abertura,
as sensações tão perfeitamente sensuais que sentiu desejos novos e mais fortes
para Rider satisfazer.
Ele finalmente soltou sua bunda, deslizando suas mãos até à curva de
sua cintura, enquanto ele usava seu corpo para alavancar e ficar de pé.
— Você sabe o quê, Jo?— A satisfação gotejou de sua voz, enviando
arrepios pela sua espinha.
— O quê?— Ela esperou nervosa por sua resposta. Ele estava prestes a
mudar de ideia e não faria sexo com ela?
— Você está pronta.
Capítulo 30

Rider levou seu tempo tirando o jeans, vendo os arrepios subir por seus
braços. Ter Jo sob seu controle e implorando por seu toque agradou seu
orgulho masculino, que ele certamente tinha muito, mas a rendição ansiosa de
Jo foi mais do que ele esperava dela. Sua disposição após sua inicial hesitação
mostrou quão faminta por carinho humano ela estava.
Se ele fosse um homem melhor, faria sexo calmamente com ela, mas ele
não era um homem bom. Na verdade, ele era o mais distante de bom que um
homem poderia ser, sem deixar a escuridão em sua alma o dominar.
Ele usava o sexo para mantê-lo ligado à realidade. Você sempre sabia o
que esperar de uma mulher quando seu pau estava enterrado em sua boceta.
Mas com Jo, era diferente. Ele estava com ela para criar algo mais. Ele estava
com ela para formar uma família. Para conseguir o seu pedaço de felicidade
que os outros irmãos encontraram: sua própria casa, com sua própria cama
para dormir, uma mesa que tinha sua própria cadeira, um sofá onde assistiria
filmes com Jo. Ele sabia o que teria com Jo, ao contrário das mulheres com
quem se casou.
Jo era forte, trabalhadora, gentil. Quando Jo amava, ela era leal ao
extremo. Como ela poderia amar o inútil do pai, e ainda sentir falta era um
mistério para ele. Ela nem sequer conseguiu esvaziar o quarto depois da sua
morte, limpando e espanando como se ele fosse voltar milagrosamente.
Ela amava até a velha cadela que ele ainda esperava que Curt matasse
por ele. Por outro lado, se ela conseguia amar Lyle e Mag, então ela poderia
aprender a amá-lo, e ele estava decidido pra caralho a fazer isso acontecer.
Tirando um preservativo do bolso de trás e colocando, ele a pegou
olhando para ele antes de fechar os olhos novamente.
Aproximando-se dela, Rider esfregou o pau coberto com o
preservativo contra a boceta úmida antes de ir à sua abertura.
— Você sente como está pronta para mim?
— Deus... sim.— Ela sufocou um gemido com a mão.
— Não foi aí que coloquei sua mão. Coloque no lugar certo.
— Ok.
— Diga sim, senhor.
Seu lábio inferior rebelde salientou, formando um biquinho adorável
que o fez segurar seu próprio gemido, imaginando que ela sugava seu pau.
— Estou esperando, Jo. Talvez você não esteja tão pronta como pensei.
— Eu estou... senhor.
— Isso era tudo o que eu queria ouvir a minha garota Bluebonnet
dizer.— Aproximando-se mais intimamente, ele permitiu que a cabeça de seu
pau deslizasse dentro de sua boceta apertada, sibilando com a sensação de sua
carne se abrindo, permitindo-lhe entrar. Isto fez com que ele se debruçasse
sobre suas costas para morder o lóbulo da orelha.
— Você usou meu perfume, não foi?
— Sim.
— Você mentiu para mim, não foi?
— Sim. Eu sinto muito.
— Eu odeio as mulheres que mentem, mas adoro foder meninas más,
então eu perdôo você.
Jo deu uma risada assustada. — Somente você poderia me fazer rir
quando você está...
— Fodendo você. Você tem um problema real com essa palavra, não
é? Pode ser sexy quando usada do jeito certo.
Rider largou o lóbulo da sua orelha para descansar a testa entre as
omoplatas. — Você é tão apertada. Estou tentando não gozar.
— Você está?
Rider podia sentir sua insegurança. Levantando a cabeça, começou a
colocar beijos em seus ombros.
— Você é linda quando me olha com esses olhos azuis, e nunca senti
uma mulher apertar ao meu redor com tanta força.
— Eu amo os homens que elogiam, mas odeio quando comparam as
mulheres com outras.
— Touché, mon cher.
— Talvez seja melhor se você continuar usando esse idioma.
— Você gosta quando falo francês? Posso falar outros seis com fluência,
mas posso dizer foda-se em dezenove.
Ele começou a dizê-lo em sua cabeça para impedir o orgasmo enquanto
se movia para dentro dela, primeiro, superficialmente, empurrando para
esticá-la, depois dirigindo mais fundo com golpes duros que a fizeram segurar
na mesa enquanto ela se soltava, relaxando em sua confiança.
Ele tirou seu sutiã, vendo as marcas do elástico apertado. Seguindo as
marcas com a língua, ele começou a fodê-la com mais força, ainda
repetindo foda-se em diferentes idiomas.
Quando chegou ao dezenove, ele começou a se mover mais rápido,
ouvindo suas respirações ofegantes enquanto ele batia nela.
— Eu vou ensinar-lhe a me foder da maneira que eu gosto. Sua boceta
vai ficar dolorida até você se acostumar com isso. Se ficar muito
desconfortável, você vai me dizer, e vou te deixar descansar até que não
doa. Se achar que você não foi honesta comigo, ficarei com raiva. E Jo, você
não quer me deixar com raiva. Você entendeu o que eu estou lhe dizendo?
— Sim— Jo ofegou.
— Sim, o quê?— Rider parou de se mover, deixando seus pés fora do
chão, usando os quadris e o pau para mantê-la no lugar.
— Sim, senhor. Entendi.
— Eu gosto de jogar às vezes quando estou fodendo. Outras vezes,
não. Se você não gosta de jogar, você também me dirá.
— Eu vou.
— Eu gosto de palavras seguras simples. Vermelho será a
sua. Vermelho significa parar. Sempre que você usá-la, vou parar o que
estivermos fazendo.
— Nós precisamos…? Quero dizer, eu prefiro não precisar dela. A
menos que seja uma coisa que você precisa de outra mulher...
Rider tirou o pau de sua boceta. Virando-a, ele a colocou novamente na
bancada para que ela pudesse olhar para ele. Quando ela tentou desviar o
olhar, ele fechou os olhos com ela.
— Eu gosto de jogar, mas nunca farei nada que a faça sentir
desconfortável... nunca. Você não quer jogar, não vamos. Eu disse que sou
realista, e eu quis dizer isso. Sendo um, eu posso entender que nem todas as
mulheres gostam de jogos sexuais. Eu posso lidar com isso se você não
gostar. Também acredito em colocar minhas cartas na mesa.
— Eu gosto de você. Estou tentando formar um relacionamento
duradouro com você. Se você estiver a bordo, eu serei completamente fiel a
você. Isso significa não foder outras mulheres que podem dar o que você não
pode.
— Estou a bordo.
Sua resposta tímida fez com que ele lhe desse um beijo duro.
— Em partes ou tudo isso?
— Tudo isso. Eu vou te dizer o que eu não gostar.
— É o que eu quero ouvir da minha Old Lady.
Rider puxou Jo para a ponta da bancada, onde seu pau estava
esperando. Jo balançou os quadris, oferecendo-lhe o que ele queria.
— Eu odeio esse termo. Eu gosto mais de Bluebonnet.
Ele soltou seus quadris colocando as mãos na mesa, usando como
alavanca para aumentar a velocidade novamente.
— Eu não vou chamá-la de Old Lady novamente se você calar a boca e
me pedir para fodê-la.
— Rider, me foda... com força.
Ouvir a palavra suja saindo de sua boca deixou suas bolas prestes a
explodir.
— Foda-se.— Ele mergulhou entre suas coxas, alcançando seu clitóris
para tirá-los da sua miséria. Esfregando o pequeno botão, ele a sentiu começar
a tremer e se mexer.
Seus gritos ecoaram nas paredes de aço.
Quando sua cabeça caiu sobre seu ombro, ele puxou Jo para mais perto
do calor de seu corpo, correndo as mãos suavemente por suas costas. Cada
uma de suas ações foi planejada para aproximá-la de seu mundo. Criar uma
intimidade entre eles era a chave para fazê-la se apaixonar por ele e colocá-lo
na posição que ele precisava para atingir seus objetivos.
Soltando-a lentamente, Rider pegou o sutiã da mesa, colocando-o em
seu peito antes de prendê-lo agilmente nas costas sem ter que girá-la. Então ele
se abaixou, jogando o macacão para o lado e dando a Jo seu jeans e camiseta.
Timidamente, Jo vestiu-se, evitando seus olhos quando fechou o jeans e
colocou a camiseta.
— Eu tenho roupas no meu alforje. Vamos para sua casa e para o
chuveiro. Cash e Train trarão mais algumas motos em uma hora. Não quero
que eles pensem que matamos alguém e escondemos seu corpo.
Jo riu-se. — Deveríamos deixar o seu macacão, e você poderia se
esconder.
Ele sorriu. — Fazê-los pensar que você me matou quando eu apareci
esta manhã?
Abrindo a porta da garagem, ele começou a rir, jogando um braço ao
redor de seus ombros.
— Mulher, eu gosto do jeito que você pensa.
Caminhando em direção à casa, ele estava ciente de Moon e Diablo
observando-os da sala de segurança. Quando chegaram a sua casa, ele deixou
Jo entrar primeiro na sala de estar, segurando educadamente a porta aberta
para ela. Por trás dela, ele passou pela porta, levantando a mão em um
movimento de corte na sua garganta, dando o sinal para desligar a câmera.
— Não vou demorar— disse Jo, indo em direção ao banheiro.
— Eu tenho mais tinta em mim. Eu deveria ir primeiro.— Ele se moveu
em volta dela, batendo-a contra a porta.
Jo parou. — Você vai primeiro...
Rider serpenteou sua mão para pegar a dela enquanto abria a porta do
banheiro, puxando Jo para o minúsculo banheiro com ele.
— Não me importo de compartilhar.
— Eu prefiro esperar...
— Você tem certeza?— Ele tirou a camisa, colocando-a na borda
da banheira antiquada antes de remover suas botas. — A marca das minhas
mãos estão nas suas costas e bunda. Você não vai poder alcançá-las.
Sem vergonha, ele desabotoou o jeans. — Você marcou de tinta meus
ombros e costas; como eu vou alcançar?
Suas bochechas estavam vermelhas.
— Eu tenho certeza que você vai dar um jeito.
Rider entrou na banheira, alcançando a cortina.
— Você tem certeza?— Ele lentamente começou a fechar a cortina do
chuveiro. — E se eu me assustar? Esse banheiro parece o de Psicose.
— Não parece, não.
— É como se fosse. Estou com medo.— Ele a olhou do jeito que um
filhote faria.
— Pelo amor de Deus, eu poderia ter tomado banho e me vestido com o
tempo que você estava levando.
Frustrada, Jo começou a tirar suas roupas.
Não querendo que ela se sentisse autoconsciente, ele abriu a água,
deixando-a aquecer.
— Porra!
— O que está errado agora?
— A água é mais fria do que a teta de uma bruxa.
Jo entrou, fechando a cortina. — Demora um pouco para aquecer.
— Não brinca. Seria mais rápido voar para o Alasca, tomar banho e
voltar antes que sua água fique quente. Você precisa de um novo aquecedor de
água.
— Não, eu não preciso. Você esteve no exército; onde estão suas bolas?
— Elas encolheram para bolotas. Não poderei mais ter filhos.
As risadas de Jo o fizeram sorrir. Foi um que ele não precisava fingir
sentir. O riso dela iluminou uma parte de sua alma que ele não sentia há muito
tempo.
Dando um passo para trás na banheira, ele a moveu para frente saindo
do chuveiro frio.
— Diga-me quando estiver quente.— Pegando uma esponja de banho,
ele começou a lavar suas costas, vendo sua pele arrepiar.
— Idiota— ela resmungou.
— Uma coisa que eu aprendi no treinamento básico foi quando recuar e
deixar alguém levar a água fria.
— Você não aprendeu isso nas forças armadas.
— Não, mas eu aprendi o valor de um bom aquecedor de água, e baby,
o seu é uma merda.

Eles conseguiram tomar banho e se vestir antes de Cash e Moon


chegarem. Rider sentou-se em uma de suas motocicletas enquanto Jo
inspecionava as que os irmãos haviam pilotado até aqui para armazenar. Ela
parecia uma criança numa loja de doces.
— Você quer dar uma volta?— Ele ofereceu quando ela tocou o guidão
da que ele estava montando.
— Eu deveria estar trabalhando. Precisamos pintar seu carro e...
— Isso pode esperar até voltarmos. Podemos dar um rápido passeio e
voltar em vinte minutos.
Ela tentou resistir e, enquanto olhava para Cash e Moon, ele percebeu o
que a estava impedindo.
— Voltaremos a tempo. Quero que você ouça meu motor. Está lento.—
Ele inventou essa desculpa para ela.
— Oh... então eu deveria ir com você, apenas para que eu possa ouvir
quando estiver fazendo isso.— Jo ficou vermelha quando Moon alcançou um
capacete para ela.
— Estamos voltando para o clube. F.A.M.E está aqui para nos dar uma
carona de volta— Moon disse a ele enquanto Jo envolvia seus braços em torno
da cintura de Rider.
Rider assentiu enquanto eles saíam, levantando a mão para F.A.M.E
quando saiu da garagem e viu ele sentado no caminhão de Cash.
Virando na direção da cidade, ele controlou a velocidade, ficando
atento quando seus braços relaxavam ou apertavam enquanto ele
dirigia. Sendo a primeira vez que ele pilotava com ela na traseira, ambos eram
importantes, sua segurança mantendo a calma e fazendo ela se sentir
confortável em andar com ele. Era por isso que ele adorava andar de moto -
era o mais perto que conseguia de fazer sexo sem realmente foder.
Era ficar chapado sem precisar fumar para conseguir, e ele podia deixar
qualquer problema voar com o vento que passava por eles. Havia apenas uma
experiência que ele comparava a isso, e essa não estava mais disponível para
ele. Pilotar sua motocicleta era o mais próximo que ele poderia chegar agora.
— Como você está?— Ele virou a cabeça quando ele parou no sinal
vermelho na cidade.
— É incrível! Vamos para a estrada de Jamestown. Você pode ir mais
rápido— ela pediu-lhe animada, balançando a motocicleta enquanto saltava
no assento.
Se ele a deixasse convencê-lo a ir em direção a Jamestown, ele não
conseguiria cumprir a promessa a Jo de voltar para a garagem nos vinte
minutos.
— Não, em outro momento.
— Eu desafio você a ultrapassar o sinal vermelho.— Ela continuou
saltando na traseira enquanto apertava seus braços ao redor de sua cintura,
tentando forçá-lo a infringir a lei.
Ele estreitou os olhos para sua expressão desapontada. Sua Old Lady
estava aprendendo a fazer beicinho muito bem. Ele guardaria isso para mais
tarde, quando lhe ensinasse como dar-lhe um boquete. Ele acreditava
firmemente na mentalidade ‘saber o necessário’ . Sempre que isso o beneficiasse,
ela precisaria saber. Ele jogaria todas as cartas que lhe fossem dadas. Ao
mesmo tempo, não havia necessidade de empilhar o baralho contra ele
mesmo.
— Se você quer ir para Jamestown, iremos.
— Porque você mudou de ideia?
— Olhos azuis, sempre que você quer ser má, nunca vou dizer não.
Sorrindo, ele se virou e viu a luz ainda vermelha. Liberando o
acelerador, eles partiram.
Ele estava no jogo para ganhar o coração de Jo.
Ela simplesmente não sabia disso.
Quando fizesse, seria tarde demais.
Capítulo 30

— Maldito inferno. Eu vou dizer a Cash que não é possível restaurar


essa porcaria.
Ignorando o discurso de Rider, Jo tentou não ceder às suas dúvidas
enquanto tentava encaixar um pára-choque restaurado, que tirou de uma
motocicleta destruída, na armação da roda de Cash.
— Não, você não vai. Eu resolvo isso. Você só precisa ser paciente. Eu
disse que não preciso da sua ajuda. Você não tem algo a fazer na fábrica
A restauração da motocicleta de Cash estava consumindo mais tempo
do que ela tinha previsto. Quando ela ficasse muito frustrada, ela deixaria de
lado e trabalharia em outra coisa. Ela acabou de trabalhar na moto de Gavin
antes de voltar para a de Cash. Ela desejou já ter começado a de F.A.M.E
quando Rider entrou para testemunhar seu fracasso.
Rider deu à motocicleta de Cash um olhar impaciente. — Não. Você
está tentando se livrar de mim?
Jo deu de ombros. — Eu só pensei que você poderia ter algo melhor
para fazer do que me enlouquecer.
Ele colocou um braço sobre o ombro dela. — Essa não é a maneira que
uma Old Lady deve falar com seu Old Man.
Jo bateu o cotovelo no abdômen plano. — Eu lhe disse para não me
chamar de Old Lady.
— Se o sapato servir, use-o.
Ele se curvou quando sua tentativa de humor resultou em outra
cotovelada.
— Eu preciso trabalhar.
— Ok.— Ele se afastou dela. — Eu posso ver quando não sou bem
vindo. Eu preciso ir de qualquer jeito.
O estômago de Jo afundou quando ele mencionou partir, embora ela
tenha lhe dito para ir.
Limpando as mãos em um pano que estava pendurado em seu
macacão, ela fez uma careta com a sujeira que tinha se acumulado sob suas
unhas curtas.
— Você vai trabalhar hoje à noite?— Ela perguntou como se não
estivesse interessada em sua resposta, embora as borboletas estivessem
enchendo seu estômago.
Nas últimas três semanas, eles passaram a maior parte de suas noites
juntos, Rider vinha após o trabalho e partia pela manhã, exceto as sextas e
sábados. Ele estava na sede do clube nessas noites, mas vinha durante o dia
para passar um tempo com ela. Ela nunca perguntou o que ele fazia nessas
noites, mantendo seus medos que ele as usava para estar com outras mulheres,
para si mesma.
Ela tentou culpar sua intimidade recém-descoberta. Isso era o que as
mulheres faziam, certo? Bem, era o que ela dizia a si mesma. Ela não queria
pressionar Rider a falar sobre seus sentimentos por ela, enquanto ela
continuava achando dificil expressar os dela por ele. Tinha medo de assustá-lo,
tentando combater seus medos de que ele estava se tornando mais enraizado
em seu coração.
Sexualmente, ela tinha certeza de que era mais reprimida do que
algumas das mulheres com as quais ele esteve, mas ele nunca demonstrou
querer mais do que ela poderia dar quando tinha abordado timidamente o
assunto. Em vez disso, garantiu-lhe que ela mais do que o satisfazia. No
entanto, no fundo, ela queria que ele experimentasse mais do que satisfação
quando faziam sexo. Ela queria explodir sua mente. Por sua inexperiência, ela
não sabia como.
O pensamento de passar outra sexta-feira incapaz de dormir e ver
filmes horríveis deu voz aos seus pensamentos. Se ele estivesse com outras
mulheres, ela preferiria saber a verdade a ser mantida no escuro.
— Eu almocei com Rachel hoje.
— Eu sei. Eu estava aqui quando você saiu.— Ele levantou uma
sobrancelha para o comentário dela.
— Ela me mostrou um vestido que ela vai usar na festa esta noite.
— E?
— Aly ainda está lá?
— Já que você almoçou com Rachel, eu suponho que você já sabe a
resposta para isso.
Jo assentiu tristemente, sem saber como perguntar sem parecer tola.
— Venha aqui.— Rider foi até a bancada. Saltando nela, ele a puxou
entre suas coxas. — Olhe para mim.
Jo ergueu os olhos para ele, colocando as mãos sobre as coxas cobertas
pelo jeans. Toda vez que fazia algo tão simples como tocá-lo, parecia uma
novidade no relacionamento.
Rider não fez segredo do relacionamento deles, referindo-se a ela
como sua mulher para todos ouvirem cada vez que um dos Last Riders
aparecia por ali. Eles haviam comido em vários restaurantes da cidade, e até
mesmo foram jantar na casa de Rachel juntos.
— Você sabe que as festas ficam bastante selvagens, certo?
— Rachel vai. Assim como, Lily, Beth, Winter e Willa.
— Ocasionalmente.
— Não pode ser tão ruim se elas vão.— Ela baixou os olhos para as
mãos nas coxas dele, sentindo uma possessividade por ele que era a raiz do
seu problema. — Não consigo ver Lily ou qualquer uma delas indo se...—
— Jo, você sabe que Lily e Shade fazem sexo? Que Willa e Lucky fazem
também?
— Eu não sou estúpida.— Magoada, ela começou a se afastar, mas suas
mãos cobriram a dela, mantendo-a no lugar.
— Eu não acho que você seja. Estou apenas tentando ser delicado.
Bluebonnet, sua amizade com as mulheres a deixa cega para o fato de que
compartilham um relacionamento muito saudável com seus maridos. Um
relacionamento que você pode não entender, mas funciona para eles.
— Eu sei que Lily, Willa, Beth, Winter, e certamente Killyama não
fizeram sexo pelos votos para se tornarem membros.
— Existem diferentes maneiras de conseguir votos.
Sua evasiva não confirmou nem negou como se tornar um membro.
— Eu poderia fazer das outras maneiras.
— Você está tentando me pedir para levá-la à festa hoje à noite?
— Apenas se você quiser, e se eu não tiver que fazer sexo com nenhum
dos Last Riders.
— Isso pode ser organizado. Você está bem agora?
Ela não conseguia entender seu sorriso largo, já que não havia
perguntado como ele passava seu tempo durante as festas enquanto eles não
estavam juntos.
— Eu vou voltar e pegar você em algumas horas.— Ele pulou da
bancada.
— Espere. O que eu devo vestir?
— Use o vestido que você usou no leilão.— Ele lhe deu um beijo rápido
antes de tentar sair. Agarrando a manga da sua jaqueta, ela o deteve.
— Fale sério.
— Tenho certeza de que o que você está usando sob o macacão está
bom.— Jo corou, desviando o olhar. — Deixe-me ver.
Jo afastou sua mão quando ele tentou abrir seu macacão.
— Eu lavei todos os meus jeans. Eles estão na secadora.
— Tire e suba no capô. Eu quero tirar uma foto— ele ordenou, tirando o
celular do bolso.
Jo jogou o pano sujo de óleo nele. — Vá! Antes que eu...
— Jesus! É só uma fantasia minha e de todos os homens de sangue
vermelho no universo.
— Eles fazem calendários para homens como você.
— Sério? Você vai me comprar um?
— Eu vou lhe comprar um novo par de botas, porque estou prestes a
enfiar esse par na sua...— Ele era inteligente o suficiente para sair antes que
ela pudesse terminar sua ameaça.
Seu sorriso desapareceu quando ele estava fora de vista, agora
desejando não ter concordado em ir. Ela estava se movendo muito rápido com
Rider?
Jo trabalhou no kit de iluminação de Cash até que viu que eram quase
quatro. Ao fechar a garagem, ela foi para casa procurar no seu armário algo
para vestir. O vestido que Rachel lhe mostrou não era abertamente sexy ou
provocante. Ela também viu como Aly tinha se vestido uma noite antes de ir
para uma das suas festas.
Na parte de trás do armário, ela encontrou um suéter que comprou no
brechó sem experimentar. Quando ela chegou em casa já pensando em vesti-la,
ficou surpresa ao ver as mangas transpassadas por laços, expondo a pele por
baixo. Era azul - a cor dos seu olhos.
Tirando o jeans favorito da secadora, ela tomou banho, usando uma
escovinha para limpar as unhas. Secar o cabelo demorou mais do que o
esperado. Então, depois de se vestir, ela teve que revirar seu armário para
encontrar um par de botas de salto baixo que ela não usara desde o ensino
médio, rezando para que ainda servissem. Vestida, bateu o pé enquanto se
virava para se olhar no espelho.
Escovando seus cabelos, ela puxou a parte de trás do suéter para subir o
decote na frente. O V profundo era mais acentuado do que esperava. Pensando
em encontrar outra coisa para vestir, ela estava indo em direção ao armário
quando ouviu Rider batendo na porta da frente.
— Estou indo— ela gritou para a porta, fazendo uma parada no
banheiro para borrifar seu perfume. Agitando a mão para dissipar o cheiro, ela
abriu a porta.
— Eu ia fazer algo para comer antes de partir.— Ela tocou
nervosamente os laços de seu pulso. — Ou, se quiser, podemos comer no
restaurante.
— Nós podemos comer no clube.— Aproximando-se, ele a beijou,
então esfregou seu queixo ao longo do dela. — Você cheira fantástico.
— Obrigada.
— Se você estiver pronta, precisamos ir antes que a comida
desapareça. Willa cozinhou esta noite.
Jo pegou seu casaco, depois saiu para ver que ele tinha chegado em
grande estilo. — Você veio com seu carro.
— Eu pensei que você poderia nos levar até à sede do clube.— Ele tirou
as chaves do bolso.
Ela as pegou antes que ele pudesse mudar de ideia. — Eu vou ser
gentil— ela provocou.
— Se eu não acreditasse nisso, você não iria dirigi-lo.
Ela olhou para ele por cima do teto de seu carro, pegando sua expressão
quando estava prestes a entrar.
— Algum problema?
— Não. Porquê?
Jo entrou no carro. — Nada. Devo estar nervosa.
— Não há motivo para estar nervosa. Vamos jantar e ficar no clube por
uma hora antes de eu ter que trabalhar.
— Você vai trabalhar hoje à noite?— Ela franziu a testa, ligando o carro
e saíndo.
— Eu trabalho todas as sextas e sábados. São as noites em que os irmãos
odeiam trabalhar, então eu me ofereci para assumi-las. Então eu sou escalado
para os outros dias da semana.
A explicação a encheu de alívio. Ela não teria que passar as noites do
fim de semana imaginando ele festejar com outras mulheres.
A curta viagem à sede do clube não levou muito tempo. Ela desejou
poder convencê-lo a desistir da festa e passar a noite experimentando quão
rápido seu carro poderia correr. Ela sabia que era um desejo sem esperança
quando ele lhe deu um olhar encorajador quando saíram do carro.
— Bluebonnet, você não está indo a uma consulta médica. Vai ficar
tudo bem. Eu já deixei você ter um mau momento?
— Não, mas não quero que esta noite seja a primeira vez. Eu realmente
não me encaixo em festas.
— Você vai se encaixar. Se você odiar, podemos sair. Tudo bem?
— Sim.
Jo sorriu para o homem parado na porta da frente quando chegaram à
varanda. Desajeitadamente, ela tentou tirar a mão do aperto de Rider, mas ele
apertou mais ainda quando a apresentou ao homem que abriu a porta para
eles.
— F.A.M.E, conheça Jo. Jo, F.A.M.E — Rider então levou-a através da
entrada antes que ela pudesse responder.
— Isso não foi legal.
— Você verá o porquê.
Ela não teve tempo de reparar na entrada que tinha outro lance de
escadas antes que fosse forçada a acelerar seus passos para acompanhá-lo. Eles
atravessaram uma grande sala que tinha um bar com prateleiras lotadas atrás,
duas mesas de bilhar e vários sofás e cadeiras colocadas em diferentes áreas da
sala. Observando tudo, ela quase esbarrou nas costas de Rider quando ele
empurrou uma porta vaivém. Ela nem conseguia caber na sala com a longa fila
que fazia voltas na enorme cozinha.
Ela olhou por cima do ombro para ver que uma mesa já estava cheia.
— Talvez devêssemos ir ao restaurante.
— Não demora muito. Agora você vê por que eu estava com pressa.—
Ele colocou a mão em suas costas movendo-a para ficar ao lado dele, então ela
não teria que ficar parada na porta.
Ela sabia que teria alguns Last Riders e várias mulheres no clube, mas
vendo todos juntos... Havia mais do que tinha assumido que haveria.
— Rachel e Cash já estão aqui?— Ela perguntou pelo canto da boca.
Ele examinou a multidão de forma criteriosa. — Eu não os vejo. Por
quê?
— Apenas curiosidade.
— Jo, você não precisa sussurrar. Ninguém o está fazendo. Você não
precisa que Rachel e Cash estejam aqui para se sentir mais confortável. Estou
aqui, e não vou a lugar algum.
— Tudo bem. Eu sei que estou sendo boba.
— Relaxe. A comida aqui é melhor que a do restaurante, e a de lá é
melhor que a sua.
— O que há de errado com minha comida?
— Eu não queria ferir seus sentimentos, mas estou cansado de comer
pizza e hambúrgueres.
— Eu sei cozinhar. Mas é mais fácil pedir pizza ou grelhar um
hambúrguer.
— Bluebonnet, você não grelha seus hambúrgueres; você os aniquila.
— Veremos se eu grelharei outro para você— , ela murmurou, olhando
para as costas do homem na frente deles. Ela não o reconheceu de costas e,
certamente, não pelo seu estranho corte de cabelo. Metade era longo, atingindo
sua camisa preta de mangas compridas, enquanto a outra metade era
completamente calva e coberta de tatuagens.
— As vacas da América agradecem.
Com a sua piada, o homem na frente deles se virou.
Espanto e medo a fizeram tremer nas botas. Suas tatuagens se
estendiam até ao pescoço e rosto, deixando a outra face sem marcas. Ela podia
ver o surpreendente encanto do quão bonito ele era. No entanto, o outro lado,
com as tatuagens fez com que ela tivesse medo de estar na mesma sala com
ele.
À medida que seus olhos inexpressivos a examinavam, ela
inconscientemente deu um passo para trás, tropeçando em uma mulher que
tentava passar pela porta.
— Preste atenção.
Jo reconheceu-a do leilão, lembrando o nome dela da noite em que
tentou se desculpar.
— Eu sinto muito. Não vi voce entrar.
Olhos calculistas passaram dela para Rider, depois para o homem que
se virou para eles.
— Elas são loucas, não são?
— Eu não as descreveria como loucas.
— É apenas uma expressão.— A mulher franziu o nariz para ela,
erguendo a mão para sua própria bochecha. — Eu estou pensando em fazer
uma na minha bochecha também. O que você acha, Rider?
— Eu acho que você vai fazer o que quiser. Você sempre faz.
Jo olhou para Rider, vendo o brilho de advertência que ele estava
dando a Jewell. A presunção que ele recebeu em troca mostrou a Jo que Jewell
recebeu a mensagem que ele lhe enviou.
Ignorando o jogo entre os dois, ela estendeu a mão para o homem que
observava silenciosamente a interação entre eles.
— Oi, eu sou Jo.
— Gavin.— Ele não pegou sua mão, virando-se para se mover junto
com a fila que finalmente começou a andar.
Deixando a mão cair, ela apertou os lábios quando viu Jewell sorrir de
lado.
— Comporte-se, Jewell.— A voz fria de Rider cortou seus pensamentos
de fingir uma dor de cabeça para ir embora.
Como Lily e Willa poderiam sobreviver a este ambiente hostil a
chocou. Rachel, ela podia entender. Sua amiga tinha três irmãos. Ela tinha
aprendido a sobreviver a comentários desagradáveis. Mesmo Beth, sendo uma
cuidadora de vários pacientes idosos, seria capaz de aguentar. Killyama, ela
estava bem certa que pode ter feito com que eles tivessem medo dela. Winter
costumava lidar com arruaceiros problemáticos, então Jo podia entender
isso. Mas a pobre Lily e Willa? Deve ter sido como levar uma ovelha para o
abate.
— Ou o quê? Você vai me punir?— Sarcasmo gotejou de seus lábios.
— Não, isso não me interessa mais.
Ela soube pelo jeito malicioso que Jewell a olhou, que seria o próximo
alvo na demonstração de sua raiva pelo afastamento de Rider.
— Você não vai se apresentar para mim? Ou não eu importo porque
não tenho um pau?
Rider deu um passo em direção a Jewell, mas Jo colocou uma mão firme
no peito de Rider, inconsciente de que Gavin se virou com a pergunta
maliciosa de Jewell.
— Eu posso entender que você está sentindo falta do seu boy toy34, mas
ele é meu agora, e eu não compartilho. Se você tiver um problema com isso,
podemos resolver depois do jantar. Eu realmente não quero sair da fila para
rasgar esses apliques fora de sua cabeça, mas se eu tiver que fazê-lo, eu vou.
— Eu tenho um problema.— Jewell avançou, usando seus peitos como
aríetes35.
A boca de Jo abriu em choque que a mulher iria iniciar uma briga na
frente de todos na cozinha. Então seu temperamento se transformou em raiva
cega. Ela iria tirar cada aplique de sua cabeça e estrangular a cadela com eles.
— Briga de tetas!— Uma voz gritou do início da fila.
Reagindo sem pensar, Jo saltou sobre Jewell, em seguida, se viu sendo
levantada do chão e presa contra um peito firme. Afastando o cabelo de seus
olhos, ela viu Jewell sendo retida por Rider, seus braços em torno da cintura
dela.
— Solte-a, ou eu estou saindo por essa porta— , ela grunhiu, vendo
suas mãos sobre a mulher inflamando sua raiva.
Rider levantou as mãos para o ar, afastando-se de Jewell.

34
Isso pode significar muitas coisas. Para algumas garotas, um brinquedo de garoto é alguém para quem eles se
aproveitam para fins sexuais. Na maioria dos casos, um brinquedo de garoto é alguém com quem fode ou gosta
de estar por perto.
35
Aríete é uma antiga máquina de guerra que foi largamente utilizado nas Idades Antiga e Média, para romper
muralhas ou portões de castelos, fortalezas e povoações fortificadas. Era constituído por um forte tronco de
freixo ou árvore de madeira resistente, com uma testa de ferro ou de bronze a que se dava em geral a forma da
cabeça de carneiro.
— Jo, você pode ficar na frente da fila comigo.— A pequena mão de
Lily que tocava seu braço a trouxe de volta a seus sentidos.
Gavin a soltou no toque de Lily, colocando-se entre ela e Jewell.
— Obrigada, Lily, mas eu prefiro esperar a minha vez na ordem em que
entrei. Talvez Jewell aceite sua generosa oferta?
Com toda a sala assistindo, Jewell começou a se mover em volta dela.
Jo não podia explicar a si mesma por que ela disse o que disse em
seguida, além de ter visto a dor que a mulher estava tentando esconder sendo
tão hostil com ela.
— Isso também não é fácil para mim.— Jo lançou um rápido olhar para
Rider, depois de volta para ela, dando-lhe um olhar de piedade.
— Não sinta pena de mim. Salve essa compaixão para você
mesma. Você vai precisar disso mais do que eu.
Jo virou-se para ver que a fila tinha avançado e todos perderam o
interesse quando não houve uma briga. Ela tentou fazer Gavin voltar para
frente dela. No entanto, ele apenas acenou para ela para seguir em frente e
entrou na fila atrás de Rider.
Sua dor de cabeça falsa tornou-se uma realidade quando a mulher na
frente dela lhe deu um sorriso amigável.
— Eu sou Ember. Apenas ignore Jewell. Você vai gostar dela quando
conhecê-la melhor.
— Tenho certeza de que vou— , pensou Jo, certa que não o faria. Ela
não disse isso à mulher bonita que tentou amenizar as palavras ásperas de
Jewell, no entanto.
— Normalmente não tem tantas pessoas aqui.— Pegando um prato e
colocando-o no balcão, Ember alcançou a ela antes de pegar um para si. — É
só porque é sexta-feira.— Jo gostou ainda mais da mulher quando ela lhe
dirigiu um olhar preocupado. — Você sabe que as sextas podem ficar
turbulentas aqui, certo?
— Rider me disse.— Jo assentiu, servindo-se de uma colher de purê de
batatas e depois de uma fatia de presunto coberto por um molho de dar água
na boca.
— Isso é bom. A primeira vez que Lily veio, foi um desastre. Embora,
tenha havido um engano - ela não tinha sido convidada.— Ember revirou os
olhos em direção a Lily, então rapidamente desviou-os quando Lily a pegou
olhando.
— Eu sou amiga de Lily— , disse Jo, deixando de lado a porção de
macarrão quando viu Rider pegar três fatias de presunto e três
pãezinhos. Gavin teria sorte de encontrar uma migalha depois de entrar na fila
trás de Rider.
— Você é?— Ember sussurrou. — Esqueça que eu mencionei a
primeira vez de Lily aqui. Nós não falamos sobre isto.
— Eu não vou— , Jo sussurrou de volta.
— Obrigada.— A mulher se afastou, atravessando um arco que levava
a outra parte da casa. Quando ela deu a volta no canto do balcão, Lily acenou
da mesa onde Beth e Razer também estavam sentados. Olhando para Rider, ele
assentiu com a cabeça para sua pergunta silenciosa.
Quando ela sentou onde Lily indicou, Rider colocou o prato ao lado
dela antes de se afastar, voltando em seguida com outra cadeira.
— Você pegou o suficiente para comer?— Jo provocou, vendo a
quantidade de comida em seu prato.
— Ainda não. Willa não colocou as sobremesas. Preciso de algo doce
com minha comida.
— Então experimente o presunto. Isso vai balançar o seu mundo.
Jo pegou outro pedaço do presunto quando Gavin veio de trás do
balcão depois de se servir.
Viper, que estava sentado do outro lado da mesa, começou a se
levantar.
— Sente-se aqui. Vou pegar outra cadeira.
— Não, vou sentar na sala de jantar.— Gavin caminhou em direção ao
arco enquanto Viper o encarava, sentando-se novamente.
Foi um momento desconfortável em que Jo não tinha ideia de como
preencher. Felizmente, Rider não teve o mesmo problema.
— Pegue seu prato, Jo. Nós vamos nos sentar com Gavin.
Jo levantou-se, pegando seu prato, enquanto Viper, Winter, Beth e Lily
faziam o mesmo. Os seis passaram pelo arco e entraram na sala de jantar que
tinha o dobro do espaço e estava cheia de mesas. Uma das quais em que Gavin
estava sentado sozinho.
Ela pegou o assento em frente a Gavin, que não estava feliz pela
invasão. O homem temível a fez vacilar quando o viu na fila, sentindo-se
aterrorizada por ele, mas ele a lembrou das vezes que comeu sozinha na
cafeteria da escola e se recusou a deixar alguém se sentar com ela. Era uma
forma de proteção para impedir que outros ficassem muito próximos.
Colocando o guardanapo em seu colo, ela sorriu para o rosto que a
encarava irritado.
— Você está forçando muito sua embreagem.
Sua carranca se transformou em um olhar confuso. — O quê?
— Eu disse que você está forçando muito sua embreagem. Acalme-se,
ou você mesmo terá que consertar sua motocicleta na próxima vez.
Capítulo 32

— Eu não estou forçando minha embreagem...


— Desde que sou eu que tive que consertar o cabo, sim, você está— Jo
cortou outro pedaço de presunto com o garfo.
Gavin mastigou silenciosamente sua comida, olhando-a.
— Eu pensei que você só trabalhasse em carros.
— Eu trabalho em qualquer coisa que tenha um motor.
— Então, porque você não trabalhou na sua caldeira?— Rider chegou
sua cadeira mais perto da mesa para alcançar o sal.
— Você viu onde a caldeira fica? Eu tenho medo daquele porão desde
que eu era criança. A única coisa que tentei consertar e não consegui foi minha
geladeira. Eu acho que aquela merda tinha algo contra mim.
— Você pode consertar qualquer coisa mecânica, mas você não
conseguiu desvendar uma caixa de fusíveis?— Comendo o último pedaço de
presunto, Rider deu a ela um olhar duvidoso.
— Eu estava com medo de levar outro choque. Isso dói.
— Você levou um choque?— Os olhos de Gavin foram até ela como se
tivesse acabado de acontecer.
— Fez-me cair sentada. Depois disso, usei aquecedores e um isopor. É
mais inconveniente, mas menos doloroso.
— Você está se adaptando em não usar mais o reboque?— Lily
questionou.
— Eu acho que meu caminhão sente mais falta de mim, do que eu dele.
— Você acha que seu caminhão sente sua falta?
— Lily, você nunca falou com seu carro?
— Com o meu antigo, sim. Eu costumava implorar para ele ligar.
— Alguma vez ele respondeu?— Perguntou Shade, chegando à mesa.
— Não, claro que não.
— Seu caminhão já lhe respondeu?
Jo riu, balançando a cabeça.
— Então eu acho seguro sentar a mesa com você. O que você acha,
Gavin?— Shade perguntou, sentado ao lado de sua esposa.
— Eu acho que deveria ter comido no meu quarto.
— Eu pensei que deveria ter ficado em casa quando cheguei aqui—
disse Jo, simpatizando com ele. — Mas minha dor de cabeça já passou.
— Jewell ainda está aqui. Ela está na sala do clube.
Com a menção de Winter, sobre a origem da dor de cabeça de Jo, Shade
a olhou bruscamente.
— Jewell disse algo para lhe causar uma dor de cabeça?
— Não, não foi o que eu quis dizer.
— Jewell não está feliz por Jo estar com Rider.
— Eu lhe disse que falaria com ela.— Viper deu a sua esposa um olhar
de censura.
— Por favor, não— Jo suplicou. — Eu preferiria que você não fizesse
isso.
Viper inclinou a cabeça para o lado.
— Por que não? Ela foi rude com você pra caralho.
Jo estremeceu. — Isso criará sentimentos piores por mim.
— Ela odeia sua coragem. Quão pior pode ser?— O sarcasmo de Gavin
não passou despercebido.
— Eu prefiro saber sobre seus sentimentos a ela escondê-los e ser legal
na minha frente. Ela é honesta. Eu aprecio isso. É melhor do que o que tentei
fazer para Rider.
A mesa inteira, com exceção de Shade, ficou surpresa com sua
admissão.
— Pedi desculpas a Rider, mas também devo ao seu clube uma
desculpa— , disse ela a Viper. — Eu deveria ter dito a Shade ou Rachel que
Aly suspeitava de Curt e estava tentando envolver os Last Riders. Eu sinto
muito. Eu não queria dizer nada até que Aly estivesse aqui, mas não a vejo.
— Ela não tem permissão para participar das festas. Dei-lhe o quarto no
porão até que ela decida o que quer fazer com a propriedade dela ou encontre
um emprego fora do estado.— As características severas de Viper lembraram
as de Gavin. As semelhanças não eram imediatamente evidentes, mas foram
suficientes para que ela olhasse para os dois homens.
— Você e Gavin são parentes?
— Somos irmãos.
A cadeira de Gavin raspou o chão com a confirmação de Viper quando
ele deixou a mesa. Jo olhou para as várias expressões sobre as pessoas
sentadas.
— Eu sinto muito. Eu não deveria ter dito nada?
— Tudo bem.— Rider colocou a mão na sua coxa debaixo da mesa. —
Gavin não gosta de lembrar que é irmão de Viper.
Jo lambeu os lábios, debatendo se deveria dizer alguma
coisa. Decidindo deixar o assunto morrer, ela se virou para Lily.
— Ainda não vi Rachel e Cash. Espero que Rider tenha deixado comida
suficiente para eles.
— Rachel não mencionou que viria esta noite quando perguntei a ela se
podia cuidar de John e Clint.
Jo franziu a testa. — No almoço, Rachel me disse que viria.
— Espero não ter arruinado os planos dela quando perguntei. Vou
ligar.— Lily pegou seu telefone celular com preocupação.
— Greer estava trazendo Logan quando eu estava lá deixando John e
Clint. Os meninos devem estar fazendo uma festa do pijama.
Lily guardou o celular. — Espero que nossos meninos não sejam demais
para ela.
— Rachel pode lidar com dez crianças. Não se preocupe— , Shade
assegurou. — Clint vai dormir o tempo todo, até que ele esteja pronto para ser
alimentado novamente. E antes que me pergunte, eu coloquei o leite na
bolsa. Relaxe. Esta é a nossa primeira noite longe das crianças desde que
tivemos Clint.
— Eu vou, eu prometo.
— Eu vou te cobrar isso— ele avisou, dando a Lily um olhar que fez Jo
corar e afastar os olhos do momento íntimo que o casal estava compartilhando.
Quando Rider apertou a mão na sua coxa, ergueu os olhos para ele. —
Vou pegar uma sobremesa. Você quer um pouco?
— Não, eu estou bem.
Jo esperava sentir-se desconfortável quando Rider se afastou da mesa,
nunca tendo sido boa em conversar fiado, mas Lily e Winter tornaram mais
fácil para ela. E quando Willa e Lucky voltaram com Rider, carregando seus
pratos, ela apreciou as brincadeiras fáceis que fluíam de um lado para o outro
entre os amigos de Rider. Eles ainda estavam conversando enquanto
caminhavam até à sala principal do clube, depois de levar seus pratos para
cozinha.
Indo para um dos grandes sofás que tinha duas poltronas colocadas ao
lado, Shade puxou Lily para o seu colo, enquanto Lucky puxou Willa para o
dele. Viper deixou Winter pegar uma das poltronas, sentando-se no braço.
Rider pegou a mão dela e começou a sentar-se na outra poltrona, mas Jo
puxou sua mão dele, sentando no braço.
— Você ficaria mais confortável se sentasse no meu colo.
— Estou bem, onde estou.
— Nós poderíamos sentar na poltrona, e você e Rider podiam sentar...
— Não, eles não podem.
Lily olhou para Shade. — Por que não?
— Porque eu estou confortável.
Jo estava estudando a sala com curiosidade quando viu o Jewell
jogando sinuca com Moon. A legging de couro de Jewell era tão apertada que
mostrava quão pequena ela era. Jo não poderia usar uma legging como essa
nem que mergulhasse em óleo de motor primeiro. E seu top cor da
pele mostrava seus seios toda vez que ela dava uma tacada.
Outra mulher se juntou ao jogo. Ela reconheceu Sasha, da noite em que
o filho de Lily e Shade nasceu.
Jewell deve ter dito algo porque Sasha olhou para onde eles estavam
sentados, mas não veio cumprimentá-los. Quando ela estava na escola, as
crianças populares a olhavam do mesmo jeito.
— Alguém quer uma cerveja?— Lucky perguntou a todos tirando
Willa do seu colo para que ele pudesse levantar.
Os homens aceitaram a oferta, mas Lily e Willa não pediram nada,
então Jo balançou a cabeça quando Lucky olhou para ela.
— Nós temos algumas garrafas de bebidas que Shade compra para Lily
quando eles vão para Cracker Barrel.— Rider acenou, parando Lucky. — Eu
acho que há licor de limão, de uva, cerveja sem álcool, e temos até cerveja sem
álccol diet, daiquiri de laranja e morango, Big Red 36e, claro, Ale-837.
— Vou querer um Big Red. Eu não bebo um desde que Mick parou de
vendê-los. Eles costumavam ser gelados e ainda me lembro do gosto.
— Shade, quando você levar Lily para Cracker Barrel, estoque o
suficiente de Big Red para Jo— Rider provocou. — Eu vou até conseguir
alguns para Mick colocar no freezer dele para você.
Jo não sabia o que a perturbava mais: que Rider esperava que ela viesse
ao clube regularmente, ou que ele foi atencioso o suficiente para pensar em dar
algumas garrafas a Mick para fazê-la feliz.
— Você quer ir para Cracker Barrel no Dia dos Namorados?— Jo ouviu
Shade perguntar enquanto pegava a garrafa de Lucky.
— Eu posso desfrutar a comida sem o trabalho— admitiu Lily.
— Eu nunca comi lá— admitiu Jo.
36
Big Red é um refrigerante criado em 1937 por Grover C. Thomsen e RH Roark em Waco, Texas, e
originalmente conhecido como Sun Tang Red Cream Soda. É geralmente classificado como uma variedade
americana de refrigerante de creme, e é o “refrigerante de creme vermelho” original.
37
Ale-8 poderia ser descrito como um refrigerante de gengibre. É uma mistura de gengibre e citrinos, contendo
menos carbonatação e menos calorias do que o refrigerante convencional.
Ela estava tomando sua bebida quando o grito de uma mulher chamou
sua atenção. Jewell estava sentada na mesa de sinuca e usando a camiseta de
Moon para puxá-lo em sua direção, enquanto também desatava a tira no
pescoço dela. Nenhuma das pessoas no sofá se virou ao som.
Jo voltou a olhar para Lily, cujas mãos começaram a torcer em seu colo.
Shade torceu um dos cachos escuros de Lily em torno de seu dedo.
— Você está pronta para ir para casa?
Lily levantou na sua pergunta. — Sim, eu quero ligar e verificar os
meninos. Agora que você está melhor, Jo, espero que você venha visitar o
bebê. Eu amo mostrá-lo.
— Eu vou— , ela prometeu, mantendo seus olhos colados em Winter
depois que Lily e Shade se foram.
— Nós também deveríamos ir, Lucky. Quero dizer boa noite a Gideon
antes que ele adormeça.
Jo despediu-se quando eles saíram, prestes a fingir que a dor de cabeça
estava voltando quando Rider se levantou, pegando sua mão.
— Eu preciso começar a trabalhar. Venha, vou mostrar onde passarei o
resto da noite.
Jo se despediu de Viper e Winter, aliviada por sair da sala. Alguém
tinha colocado música, e vários membros agora estavam dançando.
Rider saiu pela porta dos fundos e, enquanto eles seguiam pela trilha,
ela admirava o modo como as casas atrás da sede do clube não podiam ser
vistas da estrada.
Ele a levou para a sala de segurança da garagem. Ainda tinha cinco
motos ali. A maioria do espaço estava agora ocupado por caixas e lonas que a
impediam de ver o que estava por baixo.
— Esse é o equipamento com o qual Rachel vai trabalhar. Estamos
apenas esperando que as mesas cheguem. Então, poderemos organizar.
— Eu gostaria de ver quando terminar.
— Eu vou deixar você saber quando estiver pronto— ele disse, abrindo
uma porta na parte de trás da garagem e levando-a para dentro.
— Você está atrasado— comentou Train, sem tirar os olhos dos vários
monitores que estavam configurados em um meio círculo ao redor da mesa.
— Desculpa. Eu vou compensar isso amanhã à noite.— Rider puxou
uma cadeira vazia. — Você pode sentar, Jo.
— Oi, Train. Desculpe-me, ele ter se atrasado.
— Não é sua culpa. Ele está sempre atrasado, mas ele compensa isso
depois— , disse ele, virando a cadeira para que Rider pudesse sentar.
— Eu não estou sempre atrasado— , ele respondeu, encaixando-se sob a
mesa. — Além disso, ele se atrasa tanto quanto eu.
— Como foi o jantar?— Train estendeu a mão, tirando a jaqueta do
lado da porta.
— Ótimo. Willa guardou para você e Killyama no forno para quando
você chegar lá.
— Eu vi Lucky e Willa partirem. Eu vou fazer um prato e podemos
comer quando ela chegar aqui.
— Killyama ficou de babá para Willa e Lucky?— Jo curiosamente
olhou para as câmeras.
— Todos nós temos que revezar para fazer os trabalhos do
clube. Cozinhar é um deles, ficar de babá é outro. Killyama escolhe ficar de
babá ao invés de cozinhar.
— Eu também escolheria ficar de babá.
— Eu não. Eu prefiro cozinhar— disse Rider sem tirar os olhos das
telas.
Jo ficou surpresa com o foco. Ele não tinha se virado durante todo o
tempo que Train e ela conversavam.
— Nós preferimos que você fique de babá. Você é um cozinheiro
terrível. Tenho que ir ou Killyama vai me bater.
— Tchau, Train.— Jo usou seu pé para fazer a cadeira deslizar até o
computador. — Isso é tão legal. Eu me sinto como uma espiã, pronta para
correr e salvar o dia.
— Você assiste a muitos filmes. É chato como o inferno. Das três às
cinco da manhã é o pior. Você fica cansado, e tudo o que você quer fazer é
dormir. É por isso que, a menos que seja Shade ou eu trabalhando, os outros
irmãos só fazem turnos de quatro horas.
— Você já adormeceu assistindo as câmeras?
— Foda-se não. Viper vem de duas a três noites por semana. Acredite
em mim, você não quer estar dormindo quando ele chegar.
— Eu acredito na sua palavra sobre isso. Viper é uma pessoa que eu não
gostaria que se irritasse comigo, ou seu irmão.
— Sim, você deve definitivamente colocar Gavin na lista de ‘não-foda’.
— Winter nunca mencionou o irmão de Viper. Eles não são próximos?
— Ninguém mais é próximo de Gavin.
Pelo tom de sua voz, Jo virou a cadeira para olhar para ele.
— Você e Gavin se dão bem?
— Nós costumávamos ser melhores amigos, mas isso foi há muito
tempo. Eu tentei me aproximar dele novamente, mas ele não me deixa entrar.
É o mesmo com Viper e com o resto dos irmãos.
— E as mulheres?
— O mesmo. Ele quer ficar sozinho. Ele sai pilotando sozinho e não diz
para onde ele está indo. Um dia, acho que ele não vai voltar.
— Não diga isso.— Jo estendeu a mão, dando-lhe um toque
reconfortante no braço. — Descubra o que o impede de se aproximar
novamente.
— Eu tentei. O único em quem ele confia é Calder, e ele não fala sobre
isso. As únicas outras pessoas que ele tem falado é Killyama, Knox e Diamond,
e eles também não falam disso.
— Então, a única coisa que posso sugerir é continuar perguntando até...
Jewell está dando a Moon uma boquete na frente de todos?
— Sim.
— Você pode desligar a câmera?
— Não, sinto muito.
— Você não sente muito.
— Bluebonnet, os irmãos e as mulheres não são tímidos sobre ter
relações sexuais onde todos podem ver. Para dizer a verdade, eles
provavelmente preferem que todos vejam. Se alguém não quer assistir ou
participar, eles podem ir para o seu quarto e fechar a porta. Mas eles
geralmente deixam a porta aberta.
— Será que Aly...
— Não, ela geralmente está enfurnada nos quartos, conversando com
Ember ou Stori sobre roupas e maquiagem.
— Eu posso ver por que Willa e Lily foram embora. Para onde Winter e
Viper vão?
— Eu não sei. Você quer que eu ligue e pergunte a eles?— Ele brincou,
então viu sua resposta na expressão espantada dela. — Eles vão passar a noite
com Gavin. Ele não participa das festas, e eles estão preocupados por ele
passar tanto tempo sozinho.
— Será que eles sabem...
— Todos eles sabem.
— Até Rachel?
— Até Rachel.
— Oh meu Deus, desligue a câmera. Beth e Razer estão no corredor.
— Não posso desligar a câmera.
— Oh meu Deus! Todos podem ver o que eles estão fazendo!
— Onde eles estão ninguém na sala do clube pode ver.
— Eu posso ver.
— Então, olhe para outra câmera se isso incomoda você— ele
aconselhou.
— Você pode chamar Train e pedir-lhe para me levar par... Train e
Killyama estão entrando na banheira de hidromassagem? Jesus, ninguém
nesse clube acredita em ter relações sexuais a portas fechadas?
Rider riu, estendendo a mão para virar a cadeira para encará-
la. Pegando sua mão, ele a puxou da cadeira dela até a sua, colocando-a no seu
colo.
— Quando as coisas se acalmarem, eu pedirei a Moon para assumir o
controle para que eu possa levá-la para casa.
Seu nariz franziu com a cena que ela estava vendo na câmera. — Faça-o
tomar banho primeiro.
A mão de Jo foi até à boca quando Jewell afastou a boca do pau de
Moon antes de se debruçar sobre a mesa de sinuca. Jo assistiu, fascinada,
enquanto Moon tirava sua legging.
— Isso foi um milagre.— Jo resmungou.
— O quê?
— Moon tirando a legging de Jewell— , ela respondeu distraidamente,
se aproximando da tela para ver o que ele estava fazendo. — Não tem como…
— O quê?
— Não tem como a coisa de Moon ser tão grande.
— A minha coisa é maior.
Jo nem sequer se importou que sua voz estivesse cheia de diversão,
muito ocupada enquanto observava Moon colocando uma camisinha.
— Você gostaria.
— Eu posso provar…
Ela o sentiu tentando abrir seu jeans.
— Não se atreva.— Jo virou-se no colo dele, vendo que Rider já não
estava brincando. — Você está certo; o seu é maior.
— Certo, porra.— Ele olhou furiosamente por cima do ombro para a
câmera.
Ao ver que ele estava seriamente irritado, colocou uma mão em seu
peito. — Muito maior.
— Tudo bem, agora você está apenas afagando meu ego.
Jo riu, sua cabeça caindo sobre seu ombro. — Um pouco.
— Isso é legal. Prefiro que faça isso a deixar meu pau complexado.
— Paus não ficam complexados.
— Se você pode conversar com o seu caminhão, meu pau pode ter um
complexo.
— Você sempre tem uma resposta para mim, não é?
— Você me conhece. Isso é o que ter um pau pequeno faz com você.
— Você não tem um pau pequeno. Não é tão grande quanto o de
Moon ou...— ela lançou um olhar rápido sobre o ombro antes de voltar
para ele. — Razer, mas o seu é definitivamente maior do que o de Train.
Capítulo 33

Quando ela enterrou o rosto em seu ombro, Rider sentiu um aperto


dominar seu coração que ele nunca tinha experimentado antes. Ele correu os
dedos através dos seus, soltando o prendedor que mantinha seu cabelo preso
em um de rabo de cavalo. Ondas sedosas caíram, enquadrando seu rosto oval.
Seus olhos azuis brilharam de volta para ele, seus cílios exuberantes
curvando-se contra a pele clara que tinha uma fraca dispersão de sardas que
não era visível a menos que você estivesse tão perto dela quanto ele.
Sua reação ao que estava acontecendo nas telas era típica de
Jo. Sua atitude séria tinha sumido expondo a mulher reservada que ela era. Ela
era extremamente tímida, mas se escondia atrás de uma falsa bravura. Ela
escondia de seus amigos como se sentia, certificando-se de que eles não se
preocupariam. Foi por isso que a tinham convencido a participar do leilão, por
que todas as suas roupas eram compradas na loja de segunda mão, por que ela
sempre se voluntariou na igreja, apesar de trabalhar incansavelmente para
pagar as contas que seu pai a convencera a assumir.
Colocando o polegar sob seu queixo, ele levantou a cabeça dela do seu
pescoço para colocar beijos suaves contra seus lábios. Jo respondeu
imediatamente beijando-o de volta, dando-lhe o que queria.
— Não é o quanto você tem, mas como você usa.
Ela deu uma risada doce, misturando sua respiração com a dele. Seu
pau cresceu e engrossou em seus jeans. Ajustando-a em uma posição mais
confortável que não fazia suas bolas parecerem estar sendo torcidas, ele
aprofundou o beijo, deixando sua língua deslizar investigando por dentro,
transformando o desejo adormecido de Jo em uma chama incandescente.
Usando o pé, ele virou a cadeira para que pudesse assistir os monitores
enquanto a sentia agarrar o pano de sua camisa.
— Você não acredita seriamente nisso, não é?
— Você está tentando golpear minha confiança? Porque está
funcionando.
— Eu não conseguiria amassar seu ego com uma marreta.
— Você amassa toda vez que eu olho para você. E eu me pergunto
como sou tão afortunado em tê-la na minha cama.
— Tecnicamente, eu não dormi na sua cama. Você dormiu na minha.
— Precisamos mudar isso. Seu colchão é uma merda.
— Não, não precisamos. Cada um daqueles caroços está em
conformidade comigo e me oferece um sono bem descansado.
— Enquanto esses mesmos caroços causam um inferno nas minhas
costas. E a única razão pela qual você não comprou um novo é porque está
esperando o que você quer entrar em liquidação.
— Vamos ver se vou levar você para fazer compras comigo novamente.
— Eu posso pagar pelo colchão, ou pelo menos me deixe pagar a
metade. Eu durmo lá o suficiente para pagar minha parte.
— Vou pensar sobre isso.
— Você dizendo que está pensando sobre isso é outra maneira de dizer
não.— Ele moveu sua cadeira novamente para olhar uma câmera diferente.
— Você está me beijando ao mesmo tempo em que está assistindo as
câmeras?
— Eu posso fazer duas coisas ao mesmo tempo. Sou ambidestro.
— Jesus, você está tão cheio de si mesmo.
Rider a pegou dando uma olhada por cima do ombro antes de
pressionar os lábios nos dele novamente.
— Você está fazendo duas coisas ao mesmo tempo. Você está ficando
excitada e também está assistindo essas câmeras.
— Eu não estou.
— Está— ele provocou. — Suas bochechas estão tão vermelhas quanto
meu carro.
Quando ela sorrateiramente deu outra espiada, ele levantou uma
sobrancelha ao pegá-la e não pode deixar de rir.
— Para quem você está olhando? Moon ou Diablo?
Quando ela se virou para ver o que Diablo estava fazendo, ela não
respondeu tão rapidamente.
Ele agarrou sua cintura, virando-a em seu colo para que ela pudesse ver
as telas sem ter um torcicolo.
— Jewell está deixando...
— Sim, ela está.— Rider não tirou as mãos da sua cintura enquanto
mantinha os olhos nos outros monitores.
Com uma mão, ele deslizou intimamente entre suas coxas. Quando ela
não afastou a mão, apenas agarrou seu pulso como se estivesse em dúvida
entre removê-la ou deixar ficar, ele esfregou seu clitóris sobre seu jeans,
tomando a decisão por ela.
Ele usou o queixo para mover seu cabelo para o lado para que pudesse
acariciar seu pescoço, usando a língua e os dentes para atormentar a carne
sensível.
Quando suas coxas apertaram sua mão contra ela, ele usou a outra mão
para abrir sua calça jeans, deslizando por baixo de sua calcinha encontrando
sua boceta úmida.
A cabeça dela caiu sobre o seu ombro enquanto ele tocava sua abertura
e liberou a mão presa para espalhar suas coxas, colocando uma perna sobre
cada uma das suas para dar-lhe melhor acesso à carne cremosa que ele queria
tanto.
Seus olhos viraram para o monitor que a tornou cativa, vendo que
Moon tinha trocado de lugar com Jewell. Ele estava de costas na mesa de
bilhar com Jewell montando seu pau. As mãos de Moon estavam na bunda
dela, espalhando suas nádegas para que Diablo pudesse fodê-la também.
Quando Diablo agarrou o cabelo de Jewell para mantê-la no lugar,
Rider sentiu outra onda de excitação lubrificando seus dedos.
— Você já fez isso com uma mulher?
Seu pau quase explodiu em seu jeans com a sua pergunta.
Ele deslizou o dedo mais fundo dentro dela antes de responder — Sim.
As paredes apertaram seu dedo como se ela ainda estivesse tentando
decidir se o queria lá.
Movendo a boca para a pele abaixo do lóbulo da orelha, ele mordeu,
alimentando seu fogo o suficiente para tomar outra decisão por ela.
— Muito?
— Algumas vezes— ele respondeu, querendo dizer a ela a verdade,
ainda que não quisesse que ela tirasse o dedo. Ele lentamente começou a puxar
o jeans para baixo, quando ela apertou seu pulso com mais força, parando-o.
— Alguém poderia entrar.
— Ninguém pode entrar sem a luz vermelha ser ativada.— Rider se
endireitou na cadeira com dois propósitos. Um, para levá-la a libertar seu
pulso, e dois, para enfiar o dedo mais fundo dentro dela. Quando recuperou o
uso do pulso, ele apontou para um botão no topo do computador do meio. —
Também posso atrasar a entrada por sessenta segundos.
— Isso não é muito tempo.— O tom queixoso de sua hesitação fez seu
pau sentir como se estivesse em uma armadilha.
Ele começou a puxar o jeans novamente, e desta vez ele conseguiu,
agora capaz de brincar com sua boceta sem restrições.
O gemido excitado que derramou dos lábios de Jo o fez abrir o próprio
jeans jogando o dela para o lado.
— Aquela é Missy?
Rider viu o casal passando pela porta.
— Sim, e aquele é o namorado dela, Daryl. Ele é o gerente.
Missy e Daryl eram regulares em suas festas.
A entrada do casal fez com que Razer usasse suas costas para cobrir
Beth enquanto se aprofundavam mais nas sombras do corredor que levava à
sala de jantar. Mesmo através da tela, você podia ver a excitação em seus
rostos quando eles viram Moon e Diablo fodendo Jewell.
Ember, que estava sentada no colo da F.A.M.E, acenou para eles,
chamando a atenção para ela.
— Eu gosto de Ember. Ela é muito amigável.
— Sim, ela é.— Rider sorriu contra seu pescoço.
Ele ouviu Jo ofegar quando Ember agarrou o cinto de Daryl e puxou-o
para ela, desafivelando e abrindo o jeans com pressa para alcançar seu pau.
— Você disse que ele é o namorado de Missy...
— Ele é. Eles têm uma relação aberta.
— Oh, Deus, ela está lhe dando um boquete bem na frente dela!
— É o que parece.
Rider viu uma mulher solitária estacionar seu carro, depois subir os
degraus para a varanda. Enquanto Jo não estava prestando atenção, ele pegou
seu celular e enviou a Trip um sinal de pare. Ele a fodeu com o dedo mais
rápido, enquanto a mulher não convidada e decepcionada desceu os degraus
novamente.
F.A.M.E tirou Ember de seu colo a colocando ao lado dele no sofá,
substituindo-a por Missy. A mulher colocou as mãos nos ombros dele quando
o montou, os cabelos bagunçados caindo e os impedindo de vê-los se beijar.
— Você já...— Ela limpou a garganta — esteve com Missy?
— Não faça perguntas que você não quer saber a resposta— , ele rosnou
no seu pescoço enquanto puxava seu pau por trás dela. Afastando a mão de
sua boceta, ele a trouxe para baixo em seu pau.
— Na frente de Daryl?
— Missy não fode os homens a menos que Daryl esteja lá.
— Eu preciso ir para casa.— Sua cabeça caiu contra o peito dele
quando suas mãos instintivamente foram para suas coxas, apertando-as.
— Você quer que eu ligue para Moon?
— Nós podemos esperar, então.
— Ok.
Ele deslocou os olhos da esquerda para a direita, atento a cada detalhe
das câmeras externas antes de ir para a pessoa por quem ela estava
fascinada. Ele podia dizer por sua respiração acelerada que ela estava prestes a
gozar.
— Não goze.
— Eu não posso evitar!— Um leve gemido escapou dela quando
F.A.M.E levantou a mini-saia vermelha de Missy para mostrar que ela não
estava usando calcinha. Ela pegou o pau de F.A.M.E, seus joelhos de cada
lado das pernas dele que se abriram quando ela colocou um preservativo nele
antes de se posicionar sobre seu pau. Então ela se afundou sobre ele.
Os olhos de Jo voltaram para Jewell, Moon e Diablo, enquanto os dois
homens aceleravam seus impulsos.
— Se você começar a gozar, eu vou parar.— Ele moveu uma mão
debaixo de seu suéter, deslizando-a debaixo do sutiã para agarrar seu peito,
apertando seu mamilo.
— Isso não é justo.— Jo começou a tremer. Ele sentiu os músculos do
seu estômago tensionar enquanto ela lutava contra o orgasmo.
— Eu vou parar, então.
— Por favor…
Rider continuava empurrando dentro dela. — Você está sendo uma
garota tão boa.— Ele moveu a mão que estava na sua cintura para enterrá-la
em seus cabelos, trazendo sua boca para um beijo apaixonado que o deixou à
beira do orgasmo.
Mudando para o outro peito, ele beliscou seu mamilo até que estivesse
duro na palma da sua mão. Quebrando o beijo, ele mordeu o ombro dela,
depois foi brincar com seu clitóris enquanto a fodia.
— Posso gozar, por favor?
Rider viu que Moon e Diablo estavam chegando ao limite.
— Toda vez que Diablo empurrar dentro de Jewell, conte. Quando você
contar oito vezes, pode gozar.
— E se eu não conseguir?
— Então eu vou parar, e você terá que ficar ao lado da minha cadeira
por uma hora antes de eu começar tudo outra vez.
Súplicas chorosas foram arrancadas dos lábios de Jo enquanto eles
observavam os músculos de Diablo apertarem enquanto quase saía de dentro
de Jewell, então relaxavam quando ele empurrava novamente.
— Você já pensou em foder dois homens ao mesmo tempo?
— Não!— Ela gritou. — Eu não gostaria.
— Nem mesmo se fosse eu e Moon?
— Não!
— Que tal eu e Diablo?
— Não!
— Quantos já foram?
— Cinco!— Jo soluçou.
— Eu só contei quatro.
— Foram cinco!
— Para ser justo, precisamos começar de novo.
— Rider...
— Quantos?
— Sete!
— Só mais um...— ele sussurrou para ela enquanto o traseiro de Diablo
se flexionava novamente.
Rider entrou em sua boceta ao mesmo tempo em que Diablo empurrou
na bunda de Jewell, segurando o peito de Jo tão forte que não ficaria surpreso
se ele deixasse as marcas da sua mão.
— Oito!
Seus suspiros o fizeram enganchar uma de suas pernas sobre o braço
dele colocando-o sobre a mesa enquanto ele batia o pau mais rápido até sentir
as violentas sensações arrastarem-no enquanto ela gozava.
Recuperando o controle de seu corpo, ergueu as duas pernas dela,
virando-a de lado, para que ela pudesse se encolher contra o seu peito. Ele
acariciou sua coxa até ela parar de tremer pelo seu orgasmo.
Esticando o braço ao seu lado, ele conseguiu pegar seu suéter e ajudou
Jo a se vestir novamente. Aconchegando-a nele, ele iniciou a ordem de
observação dos monitores, depois inverteu, enquanto ela traçava a tatuagem
do seu peito com os dedos.
— Está com frio?
Sua boca se curvou. — Eu tenho sangue quente. Eu não sinto frio.
— Rider, eu não... nunca quero estar com dois homens.
Olhando para ela, ele podia ver a preocupação em seus olhos azuis.
— Quando perguntei se você já pensou em estar com outros homens,
era hora de brincar para deixá-la molhada. O que estamos vivendo é sério. Eu
nunca misturaria as coisas, nem gostaria.— Seus olhos escureceram
possessivamente. — Ninguém vai te tocar, somente eu, então você pode
esquecer esse medo. Você já viu algum dos irmãos andando em minhas
motocicletas ou dirigindo meus carros?
— Não.
— E você não vai. O que é meu é meu e permanece assim.
— Posso fazer uma pergunta pessoal?
— Atire.— Ele ergueu os olhos, voltando para os monitores, esperando
que ela lhe perguntasse sobre seus casamentos, ou uma variedade de
perguntas sobre as mulheres que eles estavam assistindo foder na sala do
clube.
— O que significam os números em seu peito?
— 4/2038. Iluminem isso39, irmãos.— Ele vivia a vida do jeito que
queria.
Seus olhos se arregalaram. — Você fuma maconha com freqüência?
— Eu não diria com frequência, mas ocasionalmente.— Ele observou as
câmeras enquanto respondia. Havia algumas coisas que ele preferia não falar
com ela. Sexo e maconha não eram uma delas.

38
4:20 é um código de referência ao consumo de maconha (cannabis). O significado está relacionado com a
data 20 de abril, escolhida para celebrar o Dia da Erva ou Dia da Maconha. Também é comum ver escrito 4/20
ou 420.
39
Blaze it up (original) significa – acender um baseado, cigarro de marijuana.
— Eu vi você fumar maconha na noite em que eu estava nadando no
lago. Você pensou que eu fosse Rachel.
— Eu sabia que você não era Rachel. Vi sua bicicleta encostada à árvore.
— Então, você não estava tentando...? Você não estava tentando dar em
cima de Rachel?
— Não, eu estava tentando dar em cima de você. Os irmãos me
desafiaram a ver se eu conseguiria algo com você.
— Você falhou.
Rider a sentiu rir contra seu peito.
— Não brinca. Eu sabia que iria quando aceitei o desafio.
— Mas você tentou de qualquer maneira.
— Bluebonnet, um homem tem que fazer o que um homem precisa
fazer, ou ele não é homem.
Seu prazer despreocupado de provocações foi cortado quando ela
cravou suas unhas curtas na carne firme de seu peito.
— Então, você sabia que era eu?
Estremecendo, ele tentou remover suas garras quando elas afundaram
ainda mais.
— Eu acabei de dizer que sim.
— Se você sabia que era eu, então, onde está minha calcinha?
Capítulo 34

Jo olhou para o pano no chão que tinha fileiras após fileiras de peças de
motocicleta espalhadas sobre ele. Escolhendo as peças do motor que iria
trabalhar, ela as levou para a bancada.
— O que você está fazendo aqui?
Assustada, Jo virou-se para ver Rider entrar na garagem.
— O que você está fazendo acordado? Eu pensei que você ainda estaria
dormindo.— Ela o deixou dormindo em seu quarto. Ela acabou adormecendo
em seu colo na sala de segurança na noite anterior, com ele a cutucando para
acordar pela manhã. Depois que seu turno terminou, eles voltaram para sua
casa para dormir em seu quarto. Era apenas meio dia, então ela achou que ele
iria dormir muito mais.
— Por que você não trouxe seu laptop?
Ela franziu a testa para sua expressão irritada.
— Eu não achei que precisaria dele com você dormindo no quarto.
— Eu não ajudaria muito dormindo se Curt, Tanner ou Justin
aparecessem.
— Eu não precisaria de sua ajuda de qualquer maneira. Eu deixo minha
arma na garagem agora que não tenho que deixá-la no caminhão de reboque.
— Vou agendá-la para tirar uma licença de porte de arma oculta40.
— Não se preocupe. Não vou carregá-la. Essa coisa me dá calafrios.

40
Quarenta e dois estados normalmente requerem uma autorização emitida pelo estado para transportar armas
ocultas em público (licença CCW). Os oito restantes (Alasca, Arizona, Idaho, Kansas, Maine, Vermont, West
Virginia e Wyoming) geralmente permitem que indivíduos transportem armas ocultas em público sem
autorização.
Ela sentiu-o vindo por trás dela enquanto arrumava as peças do
motor. Então ela se recostou contra ele quando deslizou seus braços em torno
de sua cintura e esfregou sua bochecha áspera contra a dela.
— Volte a dormir. Eu vou acordá-lo antes que você tenha que ir
trabalhar.
— Eu não vou voltar a dormir. Quer alguma ajuda?
— Depende se você vai me atormentar pelo jeito que eu faço as coisas.
— Eu faço isso?— Dando-lhe um beijo persistente, ele se moveu para o
lado para olhar as peças espalhadas.
— Constantemente. Você não consegue evitar.
Ela gostava de trabalhar ao lado dele, de ter alguém com quem trocar
ideias, e especialmente quando ele a ajudava a procurar as peças que ela
precisava. Ela desejou que tivesse mais motocicletas no ferro velho para
trabalhar. Ela decidiu tirar um dia na próxima semana para passar pelo ferro
velho de Jamestown. Poderia ser divertido vasculhar outro quintal como o
dela.
— Você quer que eu faça o café da manhã?
— Não, eu comi cereais.
— Quais? Froot Loops ou Cap'n Crunch41?
—Cap'n Crunch. A caixa Froot Loops estava vazia.
Jo lhe deu um olhar de censura.
— Isso é porque você colocou de volta no armário em vez de jogá-la
fora.
— Eu? Estou invocando a quinta emenda42.
Jo revirou os olhos. — Não é justo que você pareça tão bem quando
come como um triturador de lixo.
— O que posso dizer? Genética.
— Sua família parece tão boa quanto você?

41
Dois tipos de cereais.
42
A Quinta Emenda da Constituição dos Estados Unidos garante que nenhum cidadão pode ser obrigado a
testemunhar contra si mesmo, em qualquer caso criminal. Mas não estabelece um direito absoluto de
permanecer em silêncio.
— Melhor.
— É claro que sim. A vida nunca é justa. Você consegue ver sua família
frequentemente?
— Com frequência o bastante. Devemos ir ao supermercado. Eu acabei
com o Cap'n Crunch.
Ela recebeu calmamente a mudança de assunto. Ele mantinha qualquer
discussão sobre sua família ao mínimo. Ela quase perguntou a Rachel várias
vezes se seus pais estavam vivos, e se estavam, onde moravam, mas depois
decidiu contra isso. Se ele quiser que ela saiba, ele dirá a ela.
Ela não falou sobre sua mãe. Não que houvesse muito que dizer. Elas
haviam se distanciado desde que seu novo casamento a fez ficar mais próxima
de seus enteados do que dela.
Duas horas depois, eles recuaram para observar o trabalho realizado.
— Você quer ligar o motor para ver se funciona?— Perguntou Rider,
limpando as mãos.
— Não, vou esperar até amanhã. Para quê estragar o resto do dia se não
o fizer? Eu vou fazer algo para o almoço. Estou faminta. Você vem?—
— Em um minuto. Quero verificar novamente e ter certeza de que não
perdemos nada.
— Você vai ver se funciona, não é?
Ele sorriu.
— Então eu vou deixá-lo com isso. Apenas não me diga se não
funcionar.
— Covarde.
— Não. Estou prestes a dizer a Cash que não pode ser
consertado. Estou mantendo viva a sua esperança por mais um dia.
— Tudo bem— disse ele. — Isso é um pouco louco, mas não direi nada
se não funcionar.
— Eu tenho que ser um pouco louca para te amar— disse ela,
aproximando-se para beijar sua bochecha. — Não demore muito. Vou fazer
bifes e batatas.
Ela girou, apressando-se para a porta aberta da garagem.
— Uau!— Ele gritou. — Você não pode dizer isso a um homem, e
depois sair correndo!
— Dizer o quê?— Assumindo uma expressão inocente, ela colocou a
cabeça para dentro da garagem, mantendo seu corpo escondido.
— Você acabou de dizer que me ama.
— Eu disse? Você quer o seu no ponto ou bem passado?
— Sim, e eu gosto mal passado.
— Legal— Ela se afastou, desta vez não parou quando o ouviu
amaldiçoar lá de dentro.
Depois de tomar um banho rápido, ela colocou os bifes na grelha e
verificou as batatas que colocara no microondas antes de se vestir. Ela estava
servindo os pratos quando Rider entrou na porta.
— Cheira bem— ele elogiou, indo para a pia lavar as mãos.
— Sim.— Ela olhou com orgulho para suas realizações. O bife e as
batatas pareciam perfeitos. Rider sentou-se com entusiasmo à mesa com ela.
Deslizando a manteiga para perto dele, ela observou seu rosto enquanto
ele cortava seu bife. Seus ombros caíram quando viu que ele estava tendo
problemas para cortá-lo.
— Eu posso ter ultrapassado o estágio bem passado.
— Bluebonnet, você explodiu esse estágio e foi para o estágio do carvão
novamente— , ele disse com olhos sorridentes.
— Eu sinto muito.
— Não se preocupe com isso; meus dentes precisam de exercício.
Ela jogou o guardanapo sobre ele. — Não está tão ruim...— Ela
interrompeu o que estava prestes a dizer quando viu que ele estava tendo um
problema para partir a batata.
— Você gosta de sua comida bem passada, com certeza.
Jo cobriu a boca com a mão. — Eu sinto muito mesmo.
— Não se preocupe. Não é nada que muito ketchup e manteiga não
melhore.
— Eu também tenho que adicionar isso à lista de compras.— Sentindo-
se miserável, ela se prometeu que ia aprender a cozinhar, ainda que tivesse
que comprar um fogão novo.
Ele ganhou outro pedaço de seu coração quando ele limpou o prato e
perguntou se havia mais.
Jo foi ao armário da cozinha, procurando no fundo. Ela tirou uma
pequena caixa de Cookie Crisp. Ele fez uma expressão decepcionada.
— É um dia triste quando sua Old Lady esconde seu cereal favorito.—
— É autopreservação para quando você me irrita— disse ela, pegando a
jarra de leite e uma tigela para ele.
— Quando eu te irrito?
— Quando você me chama de Old Lady e quando come o último de
Cap'n Crunch.
— Faço isso só porque eles são meus favoritos.
— Meritíssimo, não tenho mais nada a dizer.— Brincando, ela roubou
um dos biscoitos da caixa antes de dar a ele.
Rider comeu duas tigelas antes de bater no estômago. Pegando o
celular, olhou para ele.
— Isso deve me manter alimentado pela manhã. Eu preciso ir, ou Train
vai chutar minha bunda por estar atrasado novamente.
— Concordo. Ele não parecia feliz na noite passada.— Ela inclinou a
cadeira para a frente, roubando outro biscoito. Então ela se levantou para
colocar a caixa de volta no armário, mas Rider pegou seu braço antes que ela
pudesse se afastar da mesa.
— Você quer vir e me fazer companhia novamente esta noite?
Ela temia deixá-lo, embora fingisse indiferença. Ela não queria parecer
muito ansiosa para passar a noite com ele ao invés de assistir a outro filme
chato ou tentar ler um livro sobre o qual não tinha interesse.
— Você tem certeza?
— Eu tenho certeza.— Ele deu um sorriso terno que fez com que ela
devolvesse a caixa de cereais.
— Dê-me cinco minutos para me trocar.
Ele mergulhou a mão na caixa, tirando vários biscoitos. — Você não
precisa se trocar.
— Só levarei um segundo.— Entrando em seu quarto, ela trocou seu
suéter por uma camisa de flanela, então pegou um suéter mais confortável,
abotoando-o.
Rider levantou-se, rindo quando ela saiu do quarto.
— Quantas camadas você colocou?
— Algumas— ela respondeu determinada.
— Droga, mulher, você está tirando a diversão de passar a noite com
você.
— Esse é o plano.— Ela entrou na cozinha, pegando um sacola vazia da
gaveta para colocar sua pipoca favorita e o que restava do cereal. — Estou
pronta.
— Você não vai levar lanches para si mesma?
— Idiota, você terá sorte se eu compartilhar um grão de pipoca com
você e não pedir que você passe e pegue Mag. Ela continua me perguntando
quando você vai cumprir sua promessa.
— Você pode dizer a verdade a ela. Que o inferno congelará primeiro.

Jo mascava sua pipoca enquanto balançava o pé para frente e para trás,


observando as câmeras.
— Eles nunca dão um descanso?
Rider estava sentado na cadeira do computador ao lado dela, virando a
cabeça para a voz dela.
— Não.
— Você poderia ter me animado e mentido.
— Como eu poderia mentir? Você tem um monte de câmeras na sua
frente, mostrando isso.
— Ember está sendo amigável novamente.
— Quando ela não estiver, ficarei preocupado— ele disse com
naturalidade.
Com os cotovelos na mesa, ela apoiou a mandíbula em sua mão.
Ember estava de pé no bar, dançando enquanto os homens a
incentivavam, todos menos um homem. Moon estava esparramado no sofá
com a boca enterrada em uma mulher que ela tinha visto sentada em uma
mesa na noite anterior. F.A.M.E estava de pé ao lado do braço do sofá
enquanto a mulher que Moon fodia dava ao outro homem um boquete.
— Eu a vi na noite passada.
— Quem?— Rider olhou para a câmera que ela estava assistindo.
— A mulher no sofá com Moon e F.A.M.E
— Aquela é Mercury.
— Mercury é seu apelido?
— Sim.
— Quem dá às mulheres seus apelidos?
— Os irmãos.
— Eu vejo.— Mordendo o lábio, ela observou a boca experiente de
Mercury que a deixou envergonhada pelos seus esforços de principiante
quando ela dava um a Rider.
— Como os homens escolhem seus apelidos?
— Não faça perguntas...
— Eu quero saber.
— Stori conseguiu seu apelido porque os irmãos tinham uma história
cada vez que eles a fodiam. Ember conseguiu seu apelido porque ela ficava em
chamas quando...
— Eu já entendi.— Ela o interrompeu. — Qual é o apelido de Rachel?
Sua expressão se tornou cautelosa. — Você está querendo que minha
bunda seja chutada?
— Eu não vou contar a ninguém, eu juro.— Jo imitou fechar seus lábios
e jogar a chave fora.
— Vixen43.
— Qual o da Winter?
— Menina Bonita.
— Da Lily?
— Anjo.
— Da Willa?
— Sirene.
— Beth?
— Gatinha.
Ao interrogatório rápido, Rider inclinou a cadeira para ela.
— Eu chamo você de Bluebonnet. Você não gosta?
— É melhor do que Old Lady— ela murmurou na sua mão.
— O que há de errado com esse?
— Nada.
— Respondi às suas perguntas; o mínimo que você pode fazer é
responder a minha.
— Não é sexy. Não é especial como Anjo, ou Gatinha, e com certeza não
é Vixen.
— Poderia ser pior. Poderia ser Killyama. E eu acho que você fica sexy
quando seus olhos de Bluebonnet escurecem quando me dá um boquete.
— Eu pareço tão ingênua?
— Um homem pode ter esperança.
Ela não achou graça com suas sobrancelhas se mexendo.
— Bem, será apenas uma esperança vã até encontrar um apelido
melhor.
— Bem— ele zombou de forma maliciosa, — eu posso precisar de
alguma inspiração.
Jo observou, abatida, Mercury chupando o pau de F.A.M.E, como se ela
estivesse determinada a manter a atenção dos homens nela em vez de Ember

43
Raposa.
dançando no bar. O pensamento a fez aproximar a cadeira para observar
melhor.
— Eu continuo querendo te perguntar. Esse monitor está quebrado?—
Ela perdeu o início da resposta que ele lhe deu verificando se ele estava
ficando excitado com o que estava acontecendo na sala do clube.
— Sim, eu já encomendei um novo. Ainda não chegou.
— Oh, é uma das câmeras na minha casa?
— Sim, uma sem grande importância. Mostra apenas a lateral da
garagem.
— Isso é bom saber.
Maldição, ela não sabia se a protuberância no seu jeans estava do
tamanho normal ou não. Ela se prometeu verificar isso quando estivessem
assistindo um filme em sua casa.
— Você está olhando meu pau?
Corando, ela disfarçou rapidamente. — Não.
— Você estava.— Sua risada encheu a pequena sala.
Dando uma olhada suja por cima do ombro, ela admitiu: — Ok, eu
estava. Eu estava tentando ver se você estava ficando excitado assistindo
Ember e Mercury.
Ele rolou a cadeira para longe da mesa, recostou-se e estendeu os braços
para os lados.
— Venha descobrir.
Capítulo 35

Mercury e Ember não tinham nenhum problema em tornar seus desejos


conhecidos. Quando elas queriam algo, elas iam e pegavam. Nenhum dos
homens nas câmeras fazia um movimento sobre as mulheres se não fosse
iniciado por elas. Agora ela podia entender como ninguém tinha dado em
cima de Aly quando ela estava fingindo interesse em se tornar uma das
mulheres dos Last Riders. Ela nunca havia tomado a iniciativa.
Ela podia ficar sentada e se perguntar se Rider estava ficando excitado,
ou ela poderia ser descarada o suficiente para descobrir de uma maneira que
poderia lhe render um novo apelido.
Escorregando de sua cadeira, ela caiu de joelhos, ficando entre as coxas
de Rider. Então ela deslizou as mãos pelas coxas dele para desabotoar
audaciosamente o jeans e puxar o pau macio. Quando ela acariciou o
comprimento dele, ele despertou.
Molhando seus lábios, ela se inclinou, dando pequenos sopros para
provocar a resposta que ela queria. Quando seu pau endureceu, esticando
acima do seu umbigo, ela deixou sua lingua sair para rastrear as veias que
começaram a surgir, seguindo a mais proeminente que ia até à cabeça do seu
pau.
Ela explorou a cabeça como se nunca tivesse lhe dado um boquete
antes, e sinceramente, ela tinha estado tão nervosa que não lhe deu a atenção
que merecia. Ela compensaria isto agora, minuciosamente pela frente antes de
fazer o mesmo na parte de trás. Então ela sugou a cabeça em sua boca,
deixando sua saliva molhar a ponta esponjosa enquanto descansava no seu
lábio inferior. Soprando nele novamente, ela não resistiu a dar-lhe um olhar
satisfeito quando sentiu seu pau pulsar.
— Pessoalmente, acho que seu apelido é muito dócil.
— Você acha?— Ele sibilou entre os dentes cerrados. Ele poderia estar
observando as câmeras, mas seu corpo estava lhe dando toda a sua atenção.
— Eu acho... Eu teria dado a você um apelido mais lendário.—
Chupando seu pau novamente, ela enrolou a língua para que pudesse
envolvê-lo no calor de sua boca.
— Como o quê?
Ela não respondeu, movendo a cabeça para frente e sugando o pau mais
profundamente em sua boca, da maneira como ela tinha visto Mercury
fazer. Balançando a cabeça sobre ele, ela o fodeu , usando os dedos para medir
o quão profundo ela estava o tomando. Cada vez que ela descia, estava
determinada a levá-lo mais fundo e a chupar com mais força. Quando ele
pegou um punhado do seu cabelo, ela soube que sua excitação estava
aumentando.
Precisando de oxigênio, ela soltou seu pau com um estalo, usando a
mão para imitar o que a boca estava fazendo.
— Algo como Dragão ou... — ela esfregou a cabeça sobre o lábio
inferior, observando-o por baixo dos cílios. — Titânio.
A combinação dos sentimentos de presunção e dúvida cruzou seu
rosto. Era inestimável vê-lo tentar decifrar se ela realmente acreditava no que
estava dizendo ou apenas tentava aumentar o prazer de seu boquete.
Ela pode não ser uma loira cabeça de vento ou uma sereia sexy, mas ela
sabia que uma característica que Rider tinha em abundância era a presunção.
Jogando com seu ego inchado, ela tentou pensar em outro apelido que
aumentaria o seu prazer. O único que ela encontrou em sua mente em branco
foi Thor, e ela achava que nem mesmo Rider acreditaria que pensasse nele
como o deus Viking.
Decidindo parar enquanto estava ganhando, ou até que pensasse em
um apelido melhor, ela o chupou novamente para dentro de sua boca. A
suavidade aveludada de seu pau foi auxiliada por um impulso dele. Aceitando
a sugestão, Jo moveu sua boca sobre seu pau ritmicamente.
Ela deslizou a mão livre pela abertura de seu jeans, pegando suas bolas
e apertando-as suavemente, com medo de machucá-lo. Ouvindo seu grunhido
baixo, ela começou a apertá-las com mais firmeza.
— Pare. Estou prestes a gozar, e eu quero gozar em sua boceta.
— E se eu quiser que você goze na minha boca?— Deixando seu pau
escorregar, ela moveu a mão mais rapidamente por seu comprimento
escorregadio.
Outro rugido escapou dele. — Eu vou fazer um acordo com você. Eu
vou gozar na sua boca, mas se sua calcinha estiver molhada, você tem que ficar
parada por uma hora, e depois me deixar foder você.
— Você vai perder essa aposta.
Estalando sua língua, ele aumentou sua punição. — Que seja duas
horas então.
— Se eu ganhar, você tem que manter sua promessa de deixar Mag vir
a uma festa, uma festa mais controlada. E você deve jurar mantê-la assim.
— Combinado.
Sorrindo, ela aumentou o ataque contra seu pau, determinada a
ganhar. Rider enroscou os dedos nos seus cabelos, empurrando sua cabeça
para baixo e ajustando a velocidade que ele precisava para gozar. Funcionou
para ela. Quanto mais rápido pudesse fazê-lo gozar, melhor. Ela estava
lutando contra sua própria excitação, tentando não se lembrar do quão bom
tinha sido a noite passada quando ele a estava fodendo.
Tentando encontrar algo para se distrair, ela afastou a mão dela para
beliscar sua coxa.
— Isso é trapaça.
Ela apressadamente voltou a apertar suas bolas, fazendo uma contagem
regressiva enquanto trabalhava com a mão e a boca para destruir seu
controle. Então ela teve um estalo.
— Goze para mim... Steel44.
Ela teve que agarrar seu pau rapidamente enquanto ele latejava e
liberava seu gozo enquanto seus olhos praticamente rolavam em sua
cabeça. Quando ele parou de se mover, ela lentamente arrastou sua boca dele,
vendo a luxúria ardendo em seus olhos enquanto lambia o lábio inferior.
Tirando a mão de dentro do seu jeans, ela acariciou sua coxa
gentilmente antes de voltar para a outra cadeira do computador.
— Você está se esquecendo de algo?— Os olhos de Rider foram para os
monitores enquanto empurrava seu pênis de volta para o jeans, e então afastou
a cadeira da mesa.
— Eu não acho que ten...
— Levante-se e venha aqui.
Sua voz severa a fez levantar com relutância, movendo-se para o lado
de sua cadeira. Seus olhos pegaram os dela enquanto ele desabotoava seu
jeans.
— Eu não estou molhada.
— Desculpe-me por não aceitar sua palavra sobre isso.— Ele moveu a
mão dentro de sua calcinha. Não demorou um segundo para encontrar o calor
cremoso que não tinha conseguido controlar. Fechando o jeans novamente, ele
lhe deu um olhar triunfante.
— Está ótimo aí onde você está parada.— Ignorando-a de pé ao seu
lado, ele voltou a observar os monitores.
Quando ele pegou sua pipoca, ela deu um pequeno passo a frente.
— Uh-uh... você não tem permissão para se mover. Volte para onde
você estava.
Entrando na posição em que ele a colocou, ela parou enquanto ele
começou a comer sua pipoca.
— Você sabe que vou me vingar disso, certo?
— Uh-huh. Mas não antes que eu termine esta pipoca, aquela caixa de
cereais, e antes de foder você.

44
Aço, e como se trata de um apelido que ela deu a ele, mantive no original.
Mudando seu peso de um pé para o outro, Jo observou quando Shade
se aproximou da entrada da garagem. Ela fez uma oração silenciosa por ter
pedido a Rider para usar o banheiro, agradecida por ter arrumado seus
cabelos.
Os olhos dela caíram sobre Rider, que estava observando os monitores,
enquanto ele caminhava para a sala de segurança.
— Jo, como você está esta noite?
— Tudo bem.
— Eu ia perguntar a Rider se ele precisava de alguma coisa, mas vejo
que ele está sendo bem cuidado.
Corando, ela levou um segundo para perceber que ele estava falando
sobre os lanches que Rider estava comendo com prazer.
— Obrigado de qualquer maneira— disse Rider, sem se virar. — Sente-
se. Se você tiver tempo, eu quero ter certeza de que esses sensores estão
funcionando.
Shade caminhou até a outra cadeira de computador. — Você tem
certeza que não quer se sentar? Posso ficar de pé.
Ela sentiu suas bochechas vermelhas sob o escrutínio de Shade.
— Não, obrigada. Estou cansada de ficar sentada. Estou apenas
tentando esticar minhas pernas.
— Você tem certeza?
— Positivo— . Seus dedos se curvaram por trás da cadeira de Rider,
tentados a beliscar a bunda dele na frente de Shade.
Ela ficou atenta enquato eles faziam uma série de testes antes que
ambos se dessem por satisfeitos com o funcionamento dos sensores.
— Você quer uma pipoca? Tem o bastante.
Shade balançou a cabeça. — Eu acabei de comer.
Os homens viraram para olhar a câmera direcionada para o
estacionamento. Um carro que Jo facilmente reconheceu entrou em alta
velocidade, então freou bruscamente. Lucky saiu de seu carro e, com passos
decididos, andou em direção à garagem. Quando a porta não abriu, ele
pressionou um botão, e então a voz irritada de Lucky encheu a sala de
segurança.
— Deixe-me entrar, Rider.
Rider apertou o botão que atrasava a entrada, que ele havia lhe
mostrado na noite passada.
— Então, você veio ver se eu precisava de algo, hein?— Rider deu a
Shade um olhar cético. — Por que Lucky está tão louco?
— Você não sabe?— A voz de Shade tornou-se suave.
— Isso foi há dois dias. Ele ainda está bravo?
— Ele está aí fora, não é?
Rider apertou o botão, deixando Lucky entrar.
Jo nunca tinha visto seu pastor tão irritado, a porta de metal tilintou
quando atingiu a parede quando ele abriu. Seus olhos voltaram para um
Lucky furioso.
Quando ela se moveu protetoramente para perto de Rider, Lucky se
acalmou. — Jo.
— Pastor.
Ao som feito por Shade, ela lhe deu um olhar de censura antes de olhar
para Lucky novamente.
— Você está acordado até essa hora com a missa tão cedo pela manhã—
comentou Jo.
— Eu estava prestes a ir para a cama quando não consegui encontrar
algo que Rider prometeu me devolver quando conversei com ele ontem.
— Eu esqueci.
Jo queria bater na parte de trás da cabeça dele por irritar Lucky ainda
mais.
— Você não esqueceu; você simplesmente não quer me devolver.
— Aquelas calças me custaram quatrocentos dólares. Compre uma para
você.
— Eu tinha uma até que você, acidentalmente, a lavou. Além disso,
você não deveria ter lavado minhas roupas.
— Eu estava tentando ajudar Willa.
— Você estava tentando conseguir com que ela lhe fizesse alguns
doces!— A voz de Lucky se transformou em gritos.
— Aquela calça era muito pequena para a sua bunda grande de
qualquer maneira. Compre outra.
Quanto mais irritado Lucky ficava, mais Rider se divertia. Ela não
entendia muito sobre homens, mas entendia o suficiente para saber que Rider
estava caminhando em gelo fino.
— Filho da puta, você me disse que me daria a sua ou me compraria
outra!—
— Eu mudei de ideia.
Jo gritou quando Lucky puxou Rider da cadeira, fazendo as rodas
rolarem. O braço de Shade surgiu do nada, tirando-a do caminho.
— Pare!— Gritando, ela tentou separá-los, mas Shade a puxou de volta,
sem se preocupar em sair da cadeira.
Lucky jogou Rider contra a porta metálica que se fechou após a sua
entrada tempestuosa, fazendo os monitores balançar sobre a mesa.
— Cuidado! Se qualquer um dos computadores quebrar, você está
pagando por eles!— Shade disparou.
Lucky prendeu Rider à porta com uma mão e apertou o botão com a
outra, fazendo Rider voar pela porta, longe de sua visão.
Jo tentou pegar um vislumbre de Rider para ver como ele estava, mas
não conseguiu, porque Lucky bloqueou sua visão quando saiu pela porta
depois dele. Ela podia escutar uma luta acalorada quando a porta se fechou
atrás deles.
— Você não vai detê-los?— Ela gritou, puxando o braço do seu
alcance. Ela abriu a porta para olhar, vendo Lucky e Rider rolando no chão,
golpeando um ao outro.
— Não. Eles vão parar quando estiverem cansados.
Sua voz calma fez Jo começar a sair pela porta para fazer isso sozinha.
— É melhor não quebrar nenhum desses tanques de vidro aí fora, ou
Cash vai matar vocês dois!— Gritou Shade, mantendo os olhos nos vários
monitores.
A boca dela caiu quando Shade enfiou a mão no saco de pipoca,
pegando um punhado. Colocando na boca, ele mastigou pensativo enquanto a
luta entre Rider e Lucky acontecia.
A meio passo da porta, o comentário de Shade de — Droga, isso é
muito bom— fez com que ela se virasse.
— Eles estão se matando, e você vai ficar aí sentado comendo pipoca?
— É a vez de Rider— disse ele, pegando outro punhado de pipoca.
— Vez de quê!
— A cada semana, os irmãos deixam Lucky liberar um pouco a tensão.
— Deixam?
— Ok, ajudamos Lucky a desestressar um pouco. É a vez de Rider. O
filho da puta quase quebrou o maxilar de Moon no mês passado. Era a minha
vez este mês, mas Rider me devia um favor.
— Você não pode estar falando sério? Rider poderia se machucar!
— Você vê algum sangue?
Jo virou-se para a luta. — Não.
— Então ele está bem. Sente-se. Eles vão parar quando estiverem
cansados.
Jo olhou para os dois homens. Lucky estava batendo no estômago e no
ombro de Rider como em um saco de pancadas, uma concentração feroz em
seus traços que ela nunca tinha visto no rosto de seu pastor antes. Rider estava
rindo de Lucky.
— Isso é tudo o que você tem, filho da puta? Willa bate mais forte do
que você.— Empurrando Lucky para longe dele, ele então reagiu, devolvendo
os socos.
Depois de assistir à louca interação entre os dois homens, ela voltou ao
ponto em que ela estava parada antes da chegada de Shade, verificando o
horário no relógio.
Shade tirou os olhos das telas para levantar uma sobrancelha quando
ela não sentou.
— Eu não estou cansada.— Corando, ela estremeceu quando ouviu
uma maldição vir da outra sala. — Quanto tempo geralmente duram as lutas?
— Depende do que o irmão fez para irritar Lucky. Rider estragou a
calça de couro de Lucky, então pode demorar um pouco.— Shade pegou o
saco de pipoca, segurando-o ao lado dele. — Quer um pouco?
— Obrigada.— Ela pegou um punhado, e eles observaram os
monitores até Rider retornar à sala de segurança.
Puxando a cadeira, ele levou a mão ao queixo, mexendo-o de um lado
para o outro experimentalmente.
— Você está bem?— Ela perguntou preocupada com o rosto
maltratado.
Rider deu-lhe um sorriso reconfortante, e deu a Shade um olhar
acusatório.
— O filho da puta tem treinado.
— Ele tem? Eu não sabia.
— Mentira, você conhece cada mau cheiro que exala pela sede do clube.
— Nem todos.— Ele lançou um olhar enquanto ela permanecia parada
ao lado da cadeira de Rider. — É melhor eu ir. Lily vai se perguntar por que
estou demorando tanto tempo.
— Bom.— Rider fez uma careta enquanto passava a mão pelas
costelas.
— Noite, Jo.
— Boa noite, Shade.
Shade saiu pela porta, mas antes que ela fechasse, ele colocou a cabeça
para dentro.
— Rider, me esqueci de mencionar, ela se moveu até à porta por três
minutos. Até mais tarde.
Corando furiosamente, ela olhou para a porta fechada.
— Cretino. Ela estava tão louca que poderia cuspir. Lily tinha sua
compaixão.
— Bem vinda ao meu mundo.
Capítulo 36

Jo sentou de pernas cruzadas no chão enquanto observava Clint


brincar. O bebê de Lily era adorável, balançando de costas com a baba
escorrendo do lado de sua boca enquanto batia seus braços de bebê para o
móbile em miniatura que tinha pequenos animais de pelúcia e chocalhos.
— Posso levá-lo para casa comigo?— Fascinada pela pequena criatura,
Jo brincou com Lily enquanto ela andava pela sala de estar, certificando-se de
que Jo teria tudo o que precisava para cuidar de Clint enquanto ela e Shade
saíam para comemorar o Dia dos Namorados.
— Shade pode ter algo a dizer sobre isso.
— Eu achei que deveria tentar. Lily, ele é adorável.
Lily orgulhosamente se abaixou até seu filho. — Ele é lindo, não é?—
— Sim.— Jo inclinou-se para frente, usando um paninho para limpar a
baba. — Eu vejo muito de Shade nele, mas ele tem seus olhos. Ele é
maravilhoso.
O rosto de Lily brilhava de felicidade e a alegria da maternidade.
— Eu sou verdadeiramente abençoada com meus filhos, e também com
Shade.
— Sim, você é.— Jo afastou o olhar do bebê para ela enquanto Lily se
sentava no sofá, esperando que Shade descesse as escadas.
— Você é muito feliz, não é?
Lily parou de mexer em um elefante colorido com a melancolia na voz
que Jo não conseguiu esconder. Seus olhos violetas se elevaram para os dela.
— Tanto que tenho medo às vezes.
— Medo de quê?
Lily deu de ombros graciosamente. — Que Shade acorde um dia e
perceba que ele não me ama, que outra mulher pode lhe dar o que não
posso.— Enquanto falava, ela olhou para baixo e passou a mão sobre a
delicada tatuagem de Miosótis 45 que estava na parte inferior do antebraço. —
É surreal como sou feliz. Isso não pode durar para sempre, pode?
Jo achava que Lily não estava mais falando com ela, mas consigo
mesma.
Shade entrou na sala, quebrando o momento. Pegando o casaco de Lily,
ele segurou-o aberto para sua esposa. Vestindo-o, Lily olhou para o marido
com carinho.
— Nós podemos ir a outro lugar, se você preferir. Talvez devêssemos
comer em algum lugar mais perto?
— Estou ansiando pelo Cracker Barrel. Jo pode lidar com isso, e Rider
virá quando sair do trabalho.
Deixando Lily abotoando seu casaco, Shade foi até John, que estava
montando um quebra-cabeça na mesa, levantando facilmente o menino para
beijar a bochecha de seu filho.
— Papai, sou muito velho para isso.
— Eu vou ter que me lembrar disso. Você cuida do seu irmão mais
novo até voltarmos. Você pode fazer isso, cara?
— Sim senhor!
Shade colocou John de volta em sua cadeira enquanto Lily veio beijá-lo
em seguida. Agachado, ele moveu com cuidado o móbile de lado para levantar
o bebê em seus braços. — Já que John não quer mais meus beijos, isso significa

45
Myosotis, de nome comum miosótis, é um gênero de plantas pertencente à família Boraginaceae. Suas flores
são também habitualmente chamadas de não-me-esqueças.
mais para você.— Beijando as duas bochechas, o bebê gritou com satisfação
com a presença do seu pai.
John pulou da cadeira, correu até Shade batendo nas costas de seu pai
para chamar a atenção dele.
— Eu não quis dizer isso, papai. Você pode me beijar.
Shade embalou Clint em um braço e pegou John com o outro,
alternando beijos em cada um de seus filhos antes de entregar Clint a
Lily. Quando os meninos estavam acomodados, Shade abriu a porta para Lily.
— Não vamos demorar— , assegurou Lily a Jo.
— Não tenha pressa. Estou feliz em ajudar.— Jo olhou para o casal,
vendo a proximidade entre eles. — Lily, não tive a chance de responder a sua
pergunta. Eu não acho que você tenha nada com o que se preocupar. E sim, eu
acho que pode. Não consigo pensar em outra pessoa que mereça mais.—
Lily deu um rápido aceno comovido antes de sair. Shade lhe deu um
olhar perspicaz que a fez incapaz de afastar os olhos.
— Obrigado, Jo.
Não havia dúvida em sua mente de que Shade não a agradeceu por
ficar de babá, mas pelo que ela havia dito a Lily.
Depois que ele saiu, ela brincou com Clint até ele ficar cansado e
irritado. Colocando-o no berço, ela fez para Clint uma mamadeira de leite
materno deixado na geladeira. Então ela ajudou John a encontrar uma peça de
quebra-cabeça desaparecida.
Ela estava dando a mamadeira ao bebé quando Rider entrou na porta.
— Ei, John, como está?— Rider despenteou o cabelo do menino.
— Tio Rider, podemos andar de motocicleta?
— Seu pai não gostaria sem ele aqui. Vou levá-lo para dar uma volta no
estacionamento amanhã.
— Você pode me ajudar a terminar meu quebra-cabeça?
— Claro.— Piscando para Jo, ele sentou-se à mesa.
Jo embalou Clint, alisando os cabelos pretos que eram tão finos que
ficavam arrepiados, voltando ao normal quando ela afastava os dedos.
Ela podia entender o medo de Lily de que sua felicidade fosse
tirada. Ela sentia o mesmo medo em seu coração toda vez que olhava para
Rider. Sua boa aparência sempre atraía atenção feminina. Sua estrutura e
características faciais lhe permitiriam envelhecer com graça. Seu corpo
alimentaria as fantasias de qualquer mulher, e ela tinha tido relações sexuais o
suficiente para falar por experiência própria que ele dava tanto quanto recebia.
Ele encheu a vida solitária em que ela vivia com humor e a vivacidade
de um homem muito mais jovem, ao mesmo tempo em que lhe mostrava uma
nova perspectiva de suas necessidades emocionais. Era como se ele tivesse
passado as barreiras que ela usara para manter os homens afastados por anos.
Ela estava esperando por um homem especial e nem sequer sabia disso,
acreditando que morreria sozinha e não seria amada. Ela vagou
indefinidamente em um labirinto escuro até Rider entrar nesse labirinto criado
por ela mesma e guiá-la, apenas para descobrir que o impossível tinha
acontecido e ela tinha se apaixonado por ele.
A sucção de Clint parou, e ele estava dormindo, com a boca aberta, com
baba láctea saindo do canto da sua boca. Ela o colocou para arrotar com
delicadeza, esperando até ouvir o som inconfundível que estava esperando,
antes de colocá-lo em seu berço.
Sentada à mesa ao lado de Rider, ela observou enquanto ele e John
montavam o quebra-cabeça. Colocando a cadeira mais perto dele, ela colocou a
mão com carinho na sua coxa.
Rider deixou John encaixar a última peça no lugar. Terminado, o
garotinho procurou outra coisa para fazer. — Posso ir brincar com Noah e
Chance?
Rider pegou o celular dele — Deixe-me perguntar a Razer.
Ele entrelaçou seus dedos nos dela enquanto conversava com
Razer. Desligando, deu a John sua permissão. Jo se certificou de que John
estivesse bem agasalhado em seu casaco e chapéu antes que Rider o vigiasse
da varanda até Razer acenar avisando que ele o tinha.
— Os meninos são próximos, não são?
— Na cabeça deles, eles já são irmãos.— Rider pegou sua mão para
puxá-la para ele depois de fechar a porta. Enquanto ele lhe dava o beijo que
esperava desde que ele chegou lá, ela passou as mãos sobre seu peito até os
ombros quando ele abriu os lábios em um beijo exigente que fez suas unhas
cravarem na parte de trás da camisa. Ofegante, ela afastou os lábios, tentando
acalmar o tumulto de desejo que a fez querer estar em casa na cama.
— Feliz Dia dos Namorados.
— Você me desejou isso esta manhã antes de eu partir, e quando você
me levou o almoço na fábrica antes de vir para cá cuidar do bebê.
— Só por garantia.— Ela retomou o beijo quando um pequeno som do
berço os fez se afastar.
Rider foi até ao berço antes que ela pudesse recuperar a razão. O
coração de Jo saltou uma batida quando ele levantou o bebê para embalá-lo
em seu braço.
Balançando-o de um lado para o outro, Rider cantarolava para ele,
deixando o bebê acordar devagar. Pegando a manta no berço, ele foi até à
cadeira, esticando-a com habilidade sobre o colo para colocar o bebê se
contorcendo.
— Você é muito bom com bebês.
— Eu tive minha parcela justa bancando a babá. Foi um pesadelo
quando Noah e Chance nasceram. Eles já nasceram encrenqueiros. Eles nunca
acordavam ao mesmo tempo, e um acordava o outro. Acho que Beth ou Razer
não dormiram até que eles tivessem quatro anos. Estou feliz que Lily lhe pediu
para cuidar do bebê primeiro. Sasha está cuidando deles esta noite. Aqueles
dois diabinhos vão deixá-la louca.
— Eles são uns anjinhos na igreja— Jo contrariou sua afirmação sobre o
quão ruim eles eram.
— Isso é porque Razer os ensinou a respeitar a mão sagrada que
espanca suas bundas quando eles se comportam mal.
— Ele acredita em punição física? Pobres meninos!— Quando ela
tivesse filhos, ela nunca iria espancá-los ou deixar seu pai fazer isso.
— Pobres meninos? Eu lhe dou cinco minutos com esses meninos, e
você será amarrada a uma cadeira ou trancada em um armário.
— Vou acreditar na sua palavra sobre isso.
Rider olhou para ela com compaixão. — Você vai ser convocada para
cuidar deles mais cedo ou mais tarde. Que a força esteja com você.
Jo soltou uma gargalhada borbulhante. — Você está exagerando.
— No máximo, estou subestimando-os. Não se preocupe. Eu vou te
apoiar quando eles tentarem te incendiar.
— Isso é bom saber. Eu te apoiarei quando você precisar de mim.— Jo
se moveu para sentar no braço da poltrona onde ele estava. Inclinando-se
contra seu ombro, ela acariciou seu pescoço.
— Eu comprei um presente de Dia dos Namorados. Eu vou dar a você
quando chegarmos em casa.
— Eu também tenho um para você. Eu vou dar a você quando Lily e
Shade voltarem. Está no meu quarto.— Ela passou os dedos carinhosamente
pela sua nuca. — É perfume?
— Não.
— É maior do que um cesto de pão?
— Espere e verá.
— É do tamanho de um...
— Jo, espere e verá.

Lily e Shade voltaram mais cedo do que esperavam. Então, Jo e Rider


partiram depois de dar um adeus apressado ao casal. Era óbvio que eles
queriam passar o resto da noite fazendo o que ela planejava fazer com Rider.
Era estranho como as coisas mudaram drasticamente. Normalmente, o
Dia dos Namorados era gasto no caminhão de reboque, esperando ser
chamada quando um casal tinha bebido demais e ouvir Rachel descrever o que
Cash tinha comprado para ela. Pela primeira vez, ela iria celebrar o feriado da
maneira que deveria ser.
Ela sentiu vontade de saltitar durante a curta caminhada, ansiosa para
ele ver seu presente.
— Desacelere. Qual é a pressa?
Ela estava andando tão rápido que tinha ficado um pouco à frente dele.
Andando para trás, não pôde deixar de provocá-lo.
— Estou ansiosa para ver meu presente. Não vai ser tão bom quanto o
meu.
Um carranca profunda marcou a testa de Rider enquanto ele acelerava
para acompanhar seus passos.
— Jo, não é muito.
— Se for um cartão, é mais do que eu já tive antes.
— Você nunca recebeu um cartão do Dia dos Namorados de seus pais
ou de um amigo?
— Não, minha mãe achava que era um desperdício de dinheiro, mas
meu pai sempre me levava para o Mick no Dia dos Namorados, e me
comprava um hambúrguer e um...
— Um Big Red— , ele terminou por ela.
— Sim— , ela respondeu quando passaram pela porta dos fundos da
sede do clube e entraram na cozinha.
Jo quase tropeçou em seus próprios pés quando viu a cozinha
cheia. Não foi a quantidade de membros que a tornou tão desajeitada. Foi por
quão provocativas as mulheres estavam vestidas. Ember, por exemplo, estava
usando lingerie de renda vermelha e Mercury estava usando uma pequena
tanga vermelha e uma larga fita vermelha envolvida em torno de seus seios.
Rider agarrou sua mão, arrastando-a para a sala de estar, mas antes de
entrar, mudou de ideia e foi até à mesa, sentando-a em uma cadeira.
— Espere aqui. Preciso subir as escadas para tomar banho e pegar o seu
presente. Se eu não tivesse o vômito de Clint na minha roupa, eu tomaria um
na sua casa, mas o cheiro está piorando.
— Vá em frente. Farei companhia a ela.— Ember sentou-se à mesa com
ela.
Jo retornou o sorriso de Ember. Foi só quando ela levantou os olhos
para Rider que achou que os dois estavam se comunicando por trás dela.
Ela colocou a mão na mesa para levantar. — Eu posso esperar no seu
quarto.
Rider a fez sentar novamente. — Não. Fique com Ember. Eu não confio
que você vá esperar para abrir seu presente até chegar a sua casa.
— Apresse-se, então. Estou ficando impaciente.
Rider decolou, deixando-a sozinha com Ember.
— Essa cor combina com você— Jo elogiou.
— Obrigada. É nova. Eu queria algo especial para esta noite.
— Você conseguiu.
— Tem bastante gente aqui.
— Há ainda mais na outra sala e no andar de cima. Os irmãos de Ohio
decidiram vir e comemorar com a gente. Acho que é porque Sasha e Mercury
ainda estão aqui— confessou.
— As mulheres que vivem aqui ficam com ciúmes quando as outras
visitam?— Jo sentia-se à vontade falando com Ember. Ela era despretensiosa,
e Jo nunca sentiu uma centelha de ciúme em sua presença ou quando a
observava nos monitores durante o último mês e meio.
— Não, se as mulheres ficam com ciúmes, elas não duram muito.
Se Jewell não tinha ciúme de Mercury e Sasha, então por que ela sentia
ciúme dela? Ela só esperava não ter que vê-la esta noite. Ela não queria que
nada estragasse a noite que planejara ter com Rider.
A porta vaivém se abriu com Willa entrando, carregando duas sacolas
de lona cor-de-rosa. Um grande grupo seguia atrás dela se aglomerando em
volta.
— Voltem, ou eu vou levar isso de volta para a igreja.
Murmúrios e gemidos encheram o ar quando Willa foi para trás do
balcão.
— Vocês podem formar uma fila e aguardar a vez.— Willa abriu uma
sacola, colocando caixas cor-de-rosa no balcão e depois tirou as tampas.
Jo saltou para ajudá-la, pegando a sacola enquanto ela esvaziava a
outra. Então ela foi até à despensa buscar uma grande pilha de pratos de papel
e garfos.
O banquete de iguarias variava de enormes morangos cobertos
com chocolate, macaroon46 cor de rosa, bolos de chocolate com recheio rosa,
cupcakes rosa com glacé rosa e marshmallows rosa mergulhados em
chocolate. Havia tantos que Jo sentiu que ganhara quase cinco quilos apenas
tocando as caixas.
— Eles são lindos, Willa. Você se superou... no rosa.
— Rosa é a minha cor favorita.
— Eu posso ver. Você acha que eles vão me matar se eu pegar um
cupcake rosa sem entrar na fila?
Willa pegou um da caixa e deu a ela.
— Eles têm muito medo de mexer comigo. Eu preciso correr. Eu só
queria deixar isso aqui para que todos possam aproveitar esta noite. Você
pode dar isso a Rider por mim?— Pegando uma caixa rosa menor, ela então
lhe entregou.
— Certo. Ele está no andar de cima agora, mas quando ele descer, eu
entrego.
— Obrigada, eu agradeço. Tenha cuidado, ou eles roubarão dele.
— Eu terei cuidado— assegurou Jo.

46
É um biscoito pequeno, tipicamente feito de amêndoas moídas (o ingrediente principal original), coco e / ou
outras nozes ou mesmo batata, com açúcar e às vezes aromas (por exemplo, mel, baunilha, especiarias),
corantes alimentares, cerejas glace, Atolamento e / ou um revestimento de chocolate. Algumas receitas exigem
leite condensado açucarado.
Quando Willa foi embora, todos a abraçaram, finalmente conseguindo
escapar quando Moon começou a discutir com F.A.M.E porque ele estava
pegando todos os cupcakes.
Dando uma mordida em seu cupcake, Jo estava caminhando dando a
volta no balcão quando Jewell se virou da geladeira. O pedaço de cupcake
trancou em sua garganta como chumbo. Jo não a viu entrar na sala.
Jewell não se vestia de vermelho como as outras mulheres. Em vez
disso, ela tinha optado pelo preto, vestindo um manto de seda que chegava ao
topo de suas coxas e uma faixa solta em sua cintura. A túnica estava
parcialmente aberta, mostrando as curvas de seus seios e suas partes privadas
depiladas, que não eram realmente privadas, quando qualquer pessoa perto
dela podia ver.
Jo olhou para a caixa que Willa lhe entregou para dar a Rider,
debatendo o que deveria fazer.
— Você pode levá-la para cima, se quiser. Ele vai querer agradecer a
Willa antes de partir. Se você não quiser, eu ficarei feliz em fazê-lo por você— ,
disse Jewell, tirando a tampa de uma garrafa de água.
— Willa já partiu.
— Ela provavelmente está na fábrica. Ela não partiria antes de levar
algo para Diablo e Trip. O que está no balcão desaparecerá antes deles
chegarem.
— Tudo bem. Então é melhor eu me apressar.
Jewell encolheu os ombros como se não se importasse com o que Jo iria
fazer.
Contornando a mesa, ela conseguiu sair pelas portas vaivém para a sala
do clube. Mantendo seus olhos baixos, ela tentou não olhar para o que os
membros estavam fazendo, grata quando subiu as escadas. Ela então se dirigiu
para o quarto que Rider tinha lhe mostrado algumas vezes quando ela ficou
com ele na sala de segurança e ele teve que trocar de roupa antes de partir com
ela.
Ao passar pelo banheiro, escutou a água correndo. Não querendo
assumir que era Rider e vendo que sua porta estava entreaberta, ela decidiu
verificar e ter certeza de que ele não estava lá. Além disso, se Rider estivesse
no chuveiro, ele não teria tempo suficiente para ver Willa antes que ela fosse
embora.
Ela deu um leve empurrão na porta, o que a abriu mais um pouco,
permitindo que ela visse ainda mais do quarto. O que ela viu a fez dar um
passo involuntário para frente. Sua ânsia de celebrar a noite caiu como um
balde de água fria, quando a realidade a atingiu com um golpe no rosto.
Rider não queria que ela subisse, porque estava preocupado que ela
abrisse seu presente.
Ele queria abrir os dele.
Capítulo 37

Rider se secou e envolveu uma toalha em torno de seus


quadris. Passando rapidamente um pente através de seus cabelos molhados,
ele decidiu não perder tempo secando, ansioso demais para voltar para Jo.
Quando saiu do banheiro, viu que sua porta estava aberta. Quem
tivesse entrado teria seu traseiro chutado. Ele não tinha tempo...
Ele parou no limiar, vendo Jo sentada no final da cama, cercada pelo
monte de presentes que as mulheres lhe haviam dado.
Ele só teve uma fração de segundo antes de vê-la para criar uma
estratégia de controle de danos.
— Você deveria esperar lá embaixo.
— Willa trouxe-lhe um presente. Eu queria que você o visse antes dela
partir.— Jo segurava uma pequena caixa rosa que ele facilmente reconheceu.
Ele caminhou até sua cômoda, pegando sua roupa. — Ela foi embora?—
perguntou enquanto colocava o jeans.
Inclinando a cabeça, viu sua mão pousar no novo jeans que Ember
havia lhe dado para o Dia dos Namorados, pegando-o.
— Você não quer usar esse ao invéz desse?
— Não, eles precisam ser lavados.
Jo saltou, correndo para a porta aberta.
Anticipando sua reação, ele a pegou pela cintura, levantando-a em seus
braços e usando um pé para fechar a porta. Ele verificou que estava trancada
antes de levá-la para a cama e sentar-se. Ele a deixou bater no seu peito
enquanto lutava contra ele no colo.
— Solte-me. Eu quero sair!
— Eu quero falar primeiro. Então, se você quiser sair, não vou segurar
você.
— Não há nada para falar.
— Eu acho que há. Seus sentimentos foram feridos e não vou conseguir
curá-los se não falarmos sobre isso.
— Eu não preciso que você cure nada!— Ela rosnou, afundando os
dentes em seu ombro para que ele a soltasse.
— Vermelho.
Jo imediatamente parou de mordê-lo.
— Essa é a minha palavra segura, não a sua.
— Agora é minha também. Eu não gostei do jeito que você estava me
mordendo, e eu não queria machucá-la para fazer você parar.
— Eu sinto muito. Eu não deveria ter machucado você.
— Você não fez. Eu simplesmente não gostei da maneira como você
estava fazendo isso. Sempre que você quiser usar esses dentes afiados em mim
quando eu tiver meu pau no fundo de sua boceta, vá em frente; só não quando
você estiver com raiva de mim. Eu não machucaria você se estivesse com
raiva. Eu espero o mesmo de você.
— Eu quero ir embora.
— Não terminamos de conversar.
— Eu não quero conversar. Eu quero sair daqui.
— Se você não quiser conversar aqui, podemos ir a sua casa— ele
ofereceu a alternativa, na esperança de diminuir sua angústia.
— Não!— Ela gritou, depois baixou a voz quando ela ouviu o quão alto
soou. — Eu quero ir sozinha.
Rider sabia por que não queria que ele fosse com ela. Ela não queria que
ele visse o que havia lhe comprado para o Dia dos Namorados. Com a fartura
em sua cama, ela sentia como se o dela fosse apenas mais um presente sem um
significado especial para ele.
Quando tinha nove anos de idade, ele havia decorado uma velha caixa
de sapatos para o Dia dos Namorados. Durante o período letivo, sua classe
organizou uma festa onde todos os alunos passavam pelas mesas e colocavam
seus cartões do Dia dos Namorados nas caixas de cada um. Ele ainda se
lembrava de um de seus amigos cuja caixa estava quase vazia, enquanto a sua
própria estava cheia até a boca.
Jo não teve alguns cartões. A dela estava vazia. Ela nunca teve um Dia
dos Namorados em que se sentiu escolhida e a fez sentir importante.
— Então vamos ficar aqui— , ele respondeu imperturbável.
— Tudo bem— ela resmungou, cruzando os braços sobre os seios,
obstinada. — Então fale.
— Não sou eu que estou com raiva. Você está.— Ele permaneceu
imperturbável, tentando acalmar sua raiva fazendo-a ponderar e falar sobre o
que a machucou.
— Esses presentes são todos das mulheres do clube?
— Não, Moon me deu a boneca inflável. Foi um presente de
brincadeira.
— Não me diga.
— Alguns são de mulheres em Treepoint, Jamestown, Lexington e
Ohio— Rider continuou como se ela não tivesse falado. — Eu nunca escondi o
fato de ter tido contato sexual não apenas com mulheres que pertenciam ao
clube; só que deixei de fazer isso quando ganhei o encontro com você no leilão.
— Então, por que elas lhe deram todos esses presentes?
— Porque, mesmo que eu não tenha mais um relacionamento sexual
com elas, ainda sou seu amigo.
— É bom saber que continuaremos amigos quando você terminar
comigo.— Ela deixou cair os braços para os lados enquanto sentava rígida em
seu colo.
— Ou poderia ser uma graça salvadora quando você terminar
comigo.— Pegando uma de suas mãos, ele entrelaçou os dedos nos dela antes
de levantá-la para descansar em seu coração.
Habilmente, fingindo uma inocência que não poderia estar mais longe
da verdade, agora que sua raiva havia desaparecido, ele precisava dispersar
seus sentimentos feridos, substituindo os dela pelos seus. Jo tinha uma
fraqueza que ele usava logicamente contra ela. Quando Jo amava alguém, ela
colocava as necessidades da pessoa acima das dela. Era uma coisa que ele
tinha toda a intenção de explorar.
— Você acha que eu vou terminar com você?
Ele encontrou seu olhar, certificando-se de não piscar ou afastar seu
olhar do dela.
— Eu venho com muita bagagem. Eu não a culpo. Fui casado duas
vezes, e pertenço a um clube de motos que nunca mais deixarei. Às vezes eu
vou ter que colocá-los em primeiro lugar mesmo que você não queira. Nunca
vou me esquivar das obrigações que tenho para com os Last Riders, mas
prometo que você sempre virá em primeiro quando for importante.
— Esses presentes não significam nada; apenas o seu. Eu vou dar todos
eles ou devolvê-los se você quiser. Eu já planejava devolver a boneca inflável
para Moon. Eu pretendo empurrá-la na sua bunda.
Seu corpo relaxou, afundando contra ele enquanto esfregava o ombro
que ela tinha mordido.
— Você devolveria o doce de Willa?
— Esse não, mas vou compartilhar— ele assegurou.
— Você pode ficar com esse.— Jo acariciou seu rosto no lado de seu
pescoço.
Seu pau semiereto começou a esticar sob seus jeans desabotoados, ele
gentilmente levantou-a para o lado dele para que ele pudesse ajustar o jeans.
— Posso te dar seu presente agora?— Ele perguntou com falsa
humildade, a emoção mais difícil de fingir do seu repertório.
Esperando pelo seu aceno fraco, ele foi até ao armário, abrindo-o para
tirar uma caixa lá de dentro.
— Espero que você goste.— Colocando-a no chão a seus pés, ele não
teve que fingir seu entusiasmo. Ele havia pensado muito no presente e estava
ansioso para ver se tinha acertado.
Jo deslizou para o chão de joelhos. Ela olhou para ele por um minuto
antes de desembrulhá-lo cuidadosamente.
A sua excitação diminuiu por quão cuidadosa ela estava sendo. Ele
esperava que ela rasgasse. Ela estar usando os dedos para que o papel de
embrulho não rasgasse o desconcertou.
Se abaixando, ele começou a ajudá-la.
Jo afastou a mão dele.
— Não. Eu quero fazer isso sozinha. Quero guardar o papel.
— Porquê? Tenho mais papel no armário...
— Não será igual a este.— Timidamente, ela parou de abrir um dos
cantos que tinha mais do que sua cota de fita adesiva. — Eu sei que é bobo,
mas embrulhou o primeiro presente que você me deu.
Aturdido por seu raciocínio, ele sentou-se no chão, recostando-se contra
o estribo da cama enquanto a observava desembrulhar seu presente.
Nenhum soco o afetou tanto quanto sua confissão envergonhada. Seu
coração amargo havia congelado quando ele tinha vinte e quatro anos, e os
anos passados desde então apenas o endureceram. Desde a primeira noite que
ele tinha fodido Jo, ela estava estilhaçando sua determinação de nunca amar
outra mulher. Ele tinha consertado cada pedaço, fortalecendo sua amargura
com a mesma força de vontade que havia aprendido nas forças armadas. Isso o
salvou na época, e isso o salvaria agora.
Com o papel dobrado e colocado ao seu lado, Jo abriu a caixa e enfiou a
mão dentro, puxando um grande coração cheio de chocolates.
Sorrindo, colocou-o no chão ao lado de seus joelhos, depois voltou a
mexer, tirando um cachorrinho de pelúcia de tamanho médio. Ele estava
sentado em suas patas traseiras com olhos tristes, segurando uma caixa
vermelha entre as patas dianteiras. Na tampa da caixa, estava escrito ‘Seja
minha’. Rider não perdeu o tremor de seus dedos enquanto a abria.
Jo tirou duas correntes. As duas eram de ouro, e uma era mais grossa
que a outra. A outra, mais fina era tão delicada que não parecia forte o
suficiente para sustentar o coração de ouro com uma foto estampada nele.
Eles haviam tirado essa foto quando Jo quis ir ao ferro velho de
Jamestown. Depois, eles foram a um restaurante onde brincaram tirando
selfies enquanto esperavam a comida, seus rostos pressionados. Ele soube que
Jo havia gostado, quando a viu usando uma delas como papel de parede em
seu telefone alguns dias depois.
— Uma é para você e a outra é para mim.— Rider tirou as correntes de
sua mão, mostrando-lhe que, quando os corações magnetizados estavam
próximos, eles grudavam um no outro. Então ele abriu o fecho da corrente que
mostrava seu rosto no centro, inclinando-se para a frente para fechá-lo atrás do
seu pescoço. Dando-lhe a corrente mais grossa, ele esperou ansiosamente que
ela colocasse nele.
Quando terminou, sua mão foi para a corrente que ela estava usando.
— Obrigada, Rider. É linda.
— Não tem de quê, Bluebonnet.— Mergulhando a cabeça, ele colocou
os lábios sobre os dela. — Você não vai responder minha pergunta?—
— Sua pergunta?— Ela ergueu os olhos brilhantes para os dele.
— Você será minha?— Ele perguntou roucamente, seduzindo-a com
palavras.
— Sim, Rider, eu serei sua.
— Para todo o sempre?— Ele a induziu à resposta que ele queria.
— Para todo o sempre.
Ele se abaixou, capturando sua boca, sem lhe dar tempo para pensar no
compromisso que ela havia acabado de assumir. Ele buscou a prova que
procurava, a prova de que sua promessa não seria esquecida quando outro
homem se aproximasse.
O cachorrinho de pelúcia caiu de suas mãos quando ela envolveu os
braços ao redor de seu pescoço.
Empurrando-a para trás, ele cobriu seu corpo com o dele, enfiando-se
entre suas coxas para que seu pau pudesse descansar contra sua boceta. Seus
beijos se tornaram mais enérgicos, separando seus lábios macios para
encontrar o calor apaixonado que ela escondeu de todos os outros.
Ele estava cansado de coagir suas respostas, determinado a usar seu
corpo para conseguir a promessa final que ele queria dela. Ele aprendeu da
maneira mais difícil que as certidões de casamento e as promessas feitas em
uma igreja, em frente ao pastor, não garantiriam um relacionamento
duradouro.
Ele empurrou seu suéter para cima, quebrando o beijo com um deslize
da língua no seu lábio inferior. Então, Rider enterrou o rosto entre seus seios.
— Finalmente encontrei a única coisa que é mais saborosa que o doce
de Willa.— Ele passou a língua sob o sutiã lambendo a elevação do seu peito.
— Eu aposto que você disse isso para todas as suas mulheres.
— Nenhuma mulher alcançou essa honra antes, apenas você. Se
pudesse, eu lhe daria uma fita azul47 pelo sabor.— Rider afastou o bojo do
sutiã para que ele pudesse lamber seu mamilo, o sentindo endurecer sob sua
língua.
Jo deu um gemido ofegante, derretendo-se em seu corpo duro como se
estivesse deixando ir o restante da dor que tinha experimentado quando viu os
presentes em sua cama.
Elevando-se, ele trabalhou em abrir o botão do seu jeans, aproximando-
se dela, prendendo-a no lugar, enquanto ele tirava o jeans e a calcinha.
Esticando o braço longo, ele abriu sua cômoda, pegando um
preservativo. Assustado, ele percebeu que seus dedos tremiam enquanto o
abria.

47
Um prêmio dado em eventos como feiras estaduais pelo cultivo da maior abóbora ou pelo o frango frito mais
saboroso, ou doces em geral.
— Deixe-me fazer isso.— Jo levantou-se, saíndo debaixo dele. — Eu
nunca esperei que você ficasse nervoso.
— Eu não estou nervoso. Estou excitado .
— Sério?— Ela deslizou o preservativo lubrificado sobre seu pau,
rolando para baixo. — Eu não percebi— , ela brincou quando se deitou,
envolvendo suas coxas em torno de seus quadris, abrindo-se para ele.
— Bluebonnet, se você não consegue ver o quão duro meu pau está,
você precisa de óculos.
— Duro...— Jo arrastou a língua sobre o lábio inferior, molhando. —
Eu vejo isso. Só estou esperando que você o use.— Jo estava melhorando em
seduzir.
Sentindo uma lasca de gelo cair do seu coração, ele disse a si mesmo
que se preocuparia em repará-la logo depois que ele a fodesse.
Deleitando-se quando seus dedos a encontraram molhada, ele acariciou
sua coxa com a outra mão antes de aumentar sua voz de comando. — Tire o
seu sutiã. Deixe-me ver esses seios premiados.
Ela arqueou a parte superior do corpo enquanto levava as mãos para
trás para abrir o fecho.
— Assim é muito melhor. Quando você perfurar os seus mamilos, eu
vou comprar pedras azuis para combinar com seus olhos— , ele habilmente
plantou a semente em sua mente.
— Não vou perfurar meus mamilos. Você pode me dar brincos, ou eu
mesma vou comprá-los.
— Não terá o mesmo efeito.
— Nem minhas orelhas são perfuradas. De maneira nenhuma farei isso
aos meus mamilos. Isso vai doer.
Rider beliscou levemente seu clitóris. — Você não parece ser do tipo
que permite que um pouco de dor a afaste do que quer fazer.— Liberando seu
clitóris, ele empurrou um dedo dentro de sua boceta, balançando para trás e
para frente para lubrificá-la.
— Você está certo... quando eu quero fazer alguma coisa.— Seus
quadris arquearam sob sua mão. — E eu também não quero tatuagens.
— Aly contou sobre as tatuagens, não é?— Rider sorriu para ela.
— Que as mulheres fazem tatuagens quando se tornam
membros? Sim. Não vou me tornar uma Last Rider, então...
Rider tirou o dedo tão rápido que um pequeno ‘oomph’ escapou de
Jo. Antes que ela pudesse se recompor, as mãos dele estavam em sua cintura,
virando-a e pressionando-a contra seu peito, ela de joelhos.
Com uma mão em seu peito, a outra em sua garganta, usando-a para
inclinar a cabeça em seu ombro, Rider disse: — Você vai se tornar uma Last
Rider porque você é a mulher de um Last Rider.— Sua voz passou
perigosamente baixa. — Você não quer foder para conseguir os votos, tudo
bem, porque eu não quero que você os consiga desse jeito de qualquer
maneira. Eu mato qualquer homem que tentar te tocar, e essa é uma maldita
promessa. Eu cuidarei dos votos, assim como eu cuidarei de tudo o que lhe
interessa. Porque você é minha. Você não quer uma tatuagem ou um mamilo
perfurado, também é bom. O que você não tem é o direito de decidir dizer não
para ser uma Last Rider, porque você é minha.
Ela não tinha simplesmente tirado uma lasca do seu coração ao afirmar
que não se tornaria uma Last Rider, ela tirou um grande pedaço e ele iria
recuperá-lo.
Rider sentiu seu aceno sob a mão dele.
Usando seu peito, ele empurrou Jo para o chão.
— Você sabe o que vou fazer agora?— Ele a provocou.
— O quê?— Perguntou Jo, trêmula.
— Eu vou te foder porque você é minha, não é?
— S-sim...— ela gemeu.
— Diga.
— Eu sou sua.
— Por quanto tempo?— Esta foi a pergunta que ele esperou com a
respiração suspensa que ela respondesse.
— Para todo o sempre.
— Você está certa disso.— Levantando-se, ele tirou a mão de sua
garganta, usando-a para empurrá-la implacavelmente para baixo antes de
dirigir seu pau em sua boceta com um só golpe.
— Muito forte?— Ele rosnou sedutoramente.
Controlando que ela ficaria na posição, ele apertou a bochecha de sua
bunda quando começou a fodê-la com grandes impulsos.
— Mais forte— , ela gemeu.
— Eu vou mostrar que você pode lidar com um pouco de dor, e você
vai ser uma boa garota e aceitar isto.
— Sim, senhor.
— Eu vou levar isso com calma esta noite, porque você foi inteligente o
suficiente para dizer o senhor .
— Obrigada.
— Você sabe o que dizer se não gostar do que estou fazendo?
— Sim, senhor. Vermelho. Exceto que eu realmente não quero ser
espancada.
— Então não faça nada para merecer. Isso é justo?
— Sim, senhor.
— Eu poderia fodê-la a cada hora do dia.— Espremendo sua bunda
com mais força, ele reivindicou sua posse sobre ela com rápidos golpes de seu
pau que fez Jo ofegar por ar toda vez que ele metia cada vez mais forte.
Ele diminuiu o aperto em sua bunda, vendo a impressão da sua mão
sobre ela. Ele teve que conter o desejo de tornar a marca mais brilhante e durar
mais tempo. Sua Bluebonnet não estava pronta para jogar os jogos que ele
gostava, e até ela estar, ele esperaria.
Rider passou a mão sobre sua bunda sedosa, separando habilmente as
nádegas enquanto movia seus dedos com delicadeza sobre seu orificio
anal. Ela quase pulou do seu pau com o movimento.
Movendo-se para baixo, ele rastreou o sulco antes de voltar para sua
nádega. Sua pequena flor estremeceu com sua ousadia, acalmando quando ele
começou a apertá-lo novamente. Rider praticamente lia sua mente, sabendo
que ela pensaria que, se ele estivesse apertando sua nádega, que ele não iria
explorar.
Jo não o conhecia, mas ela iria aprender, e assim que ela aprendesse, ele
avançaria com mais força. Ela perdeu sua timidez e estava empinando sua
bunda enquanto ele mergulhava em sua boceta.
— Você é tão apertada quanto um torno, me esmagando.— Inclinando-
se até que estivesse novamente apoiado sobre ela, ele agarrou um seio
atrevido, dando-lhe o mesmo tratamento que deu a sua bunda.
— Duro...— Jo gemeu.
— Não vai funcionar. Não estou pronto para gozar.
— Rider, por favor... eu quero gozar.
— Então goze. Eu não estou te impedindo.— Mordendo seu lugar
favorito na parte de trás da nuca, ele se enterrou nela, tornando impossível
para ela não encontrar o alívio pelo qual estava implorando.
Seus gemidos e as contrações em seu pau mostraram que ela havia
cedido e estava gozando.
Rider a montou através de seu clímax, e quando ela estava em queda,
ele encontrou um de seus mamilos e deu um pequeno aperto. A dor a fez
arquear contra o seu pau.
Ele controlava cada movimento dela, sem deixá-la cair na satisfação do
seu orgasmo, apenas construindo outro, mais satisfatório. Seus dedos se
agarraram ao tapete enquanto ele se movia para a frente e para trás, cada
impulso mais forte do que o último.
Ele sentiu seu segundo orgasmo em seu pau, ao mesmo tempo em que
seu grito encheu o quarto. Quando ele soltou seu mamilo, um terceiro
orgasmo a fez arranhar o tapete para escapar.
— Você quer usar sua palavra segura?
— Não.
— Você tem certeza?— Ele foi ao outro peito, procurando seu
mamilo. Torcendo, ele encontrou outro ritmo para arrancar outro orgasmo
dela.
— Sim!— Seus gritos cresceram em intensidade, mas ela parou de
tentar se afastar dos golpes que estava tomando.
— Você quer que eu goze?
— Deus, sim.
— O que você vai fazer para me ajudar com isso?— Gritou ele.
— O que você quer?— Rider quase se riu de sua pergunta preocupada.
— Na próxima vez que eu trabalhar na sala de segurança, você tem que
ficar nua por duas horas.
— Eu tenho que ficar de pé?— Ela respondeu mal-humorada.
— Não, você pode sentar.
— Eu posso fazer isso.
— Então...— Rider empurrou seus ombros para o chão enquanto
manteve sua bunda exatamente onde ele queria. — ... nós temos um acordo.
Ele teve muita sorte por ela ter concordado como fez. Se ela tivesse
demorado um pouco mais, ela teria seu desejo sem ter que concordar com
nada.
Gemendo, ele acelerou, balançando contra ela com força, frustrado com
ele mesmo por não durar mais tempo. Ele estava acostumado a maratonas
sexuais e tinha a intenção de usar sua moto para levá-la para casa. Agora ele
teria sorte de não ter que se arrastar para descer as escadas.
Seu orgasmo o atingiu como se uma bomba tivesse sido detonada
dentro dele, abalando seu coração mais do que o pretendido. Com Jo, ele tinha
que mostrar uma parte de si mesmo, ou ela não seria enganada. Ela era muito
carinhosa e de bom coração para não reconhecer que essas qualidades
faltavam nele. A espada de dois gumes se virou para ele, e ela cortou outro
pedaço do gelo de seu coração frio.
Afundando no chão, ele se esticou no tapete, tentando recuperar o
fôlego enquanto puxava Jo para descansar ao lado dele. Colocando um braço
atrás da cabeça, ele olhou fixamente para o teto enquanto ela se aconchegava
contra ele, colocando a cabeça na sua tatuagem. A lembrança do significado da
tatuagem e da promessa que ele fez para si mesmo zombou dos sentimentos
que Jo estava inocentemente despertando no coração que batia debaixo de sua
orelha.
— Droga.
Jo ergueu a bochecha, apoiando o queixo na mão que estava cobrindo
seu coração.
— O que há de errado?
— Nada. Deixa pra lá. Perdi algo, e não consigo encontrar.
— Oh.— Recostando-se novamente contra ele, ela colocou a cabeça no
seu peito. — Encontraremos mais tarde— disse ela, bocejando.
— Eu espero que sim.— Rider olhou para o teto. Ele não havia rezado
por tanto tempo que ele tinha esquecido como, mas ele quebrou essa estiagem
hoje à noite. — Deus, eu espero que sim.
Capítulo 38

Rider passou seu braço em volta dos ombros de Jo quando eles


entraram pela porta da frente. Seus gloriosos olhos azuis brilhavam com o
amor que ela estava inconscientemente revelando a ele.
— Você se divertiu hoje?— Ele perguntou, a segurando mais firme
quando ela quase tropeçou cambaleante no tapete em frente da porta.
— Como não poderia?
Permitido que ela se afastasse dele, ele fechou a porta, então se
certificou de que ela estava de costas para ele quando fez sinal para Trip cortar
a transmissão ao vivo.
Jo quase pegou o que ele estava fazendo quando girou, abrindo os
braços para os lados enquanto girava pela sala.
— Foi o melhor dia dos namorados de sempre!
As risadas que escaparam dela o fizeram sorrir enquanto ela continuava
girando.
— Qual foi a melhor parte?— Rider perguntou, tirando a jaqueta
dela. — Que Shade trouxe seu Big Red antes de ir para casa e estava gelado, ou
os dois hambúrgueres que Mick preparou para você?
— Aqueles estavam bons, mas não foi por isso.— Ela parou de girar
segurando na parte de trás do sofá, estabilizando-se.
— Foram as três doses de vodka de cereja que Mick te deu?
— Não. Você não está nem perto.— Ela apoiou suas mãos sobre os
quadris arrogantemente, mas logo perdeu o efeito quando ela continuou
inclinando-se para o lado como se estivesse prestes a cair. — Por sinal, não sei
por que você não me deixou tomar a última dose. Estava muito bom!
— Eu me pergunto porquê?— Ele zombou, estendendo a mão para
evitar que ela caísse sobre o encosto do sofá.
— Você estava sendo um estraga prazeres, mas está tudo bem porque
eu amo você de qualquer maneira.— Seu soluço fez seu sorriso se transformar
em um verdadeiro sorriso aberto.
— Você ama?
— Eu amo. Mas...— ela colocou um dedo sobre os lábios franzidos — ...
não diga a ele.
— Por que não?— Rider apoiou sua bunda cansada no encosto do sofá,
cruzando os braços sobre o peito.
— Estou bancando a difícil.— Tentando bater o dedo contra a testa, ela
errou, deixando seu rabo de cavalo ainda mais torto. — Estou sendo
inteligente. Ele vai quebrar meu coração.— Sua expressão cheia de alegria
transformou-se em tristeza. — E vai doer como um filho da puta.
O sorriso dele desapareceu.
— Não, eu não vou.
— Você não vai?
— Não, não vou quebrar seu coração. Eu vou fazer você muito feliz
pelo resto de sua vida.
— Você vai?
— Eu vou.— Ele olhou para ela com ferocidade, deixando sua
determinação brilhar através de seus olhos. Sobre isso, ele nunca mentiria para
ela. Ele estava sendo um filho da puta sobre tudo em relação a ela, mas com
isso, ele não tinha intenção de ser falso.
— Isso é bom. Você sabe porquê?
— Porquê?
— Porque eu amo você.— Jo começou a girar novamente.
— Eu não faria isso. Você vai ficar tonta.
— Não, eu não vou. Eu posso fazer isso a noite toda.
— Você pode ser capaz, mas eu preciso dormir. Você está pronta para a
cama?
— Eu tenho que ir?— Ela parou de girar, e teria caído no chão se ele
não a tivesse pegado rapidamente. — Mas eu não disse o que foi a melhor
parte do Dia dos Namorados.
— Qual foi a melhor parte?— Pegando seus ombros, ele a levou de
marcha de ré até seu quarto. Virando a maçaneta da porta, eles pararam
enquanto olhavam para o que ela tinha feito no quarto dela.
— Você.
Sua resposta suave e sincera o abalou por dentro. Se apoiando contra a
porta, ele olhou para a cama desfeita com um grande laço vermelho em cima.
— É um novo colchão. Você gosta disso?
— Sim.
Ele tinha visto o colchão ser entregue, antes de ela ter ficado de babá. O
que ele não tinha conseguido ver da câmera na sala de estar era o que estava
espalhado sobre a cama que ele a tinha visto carregar.
Indo até à cama, ele desdobrou um novo jeans, apertando o material em
seus dedos.
— Espero que sejam do tamanho certo. Olhei o tamanho que você usa
quando estava dormindo.
— O tamanho está certo.— Largando o jeans, ele pegou a camiseta
térmica48 de manga comprida, preta e cinza. Olhando para a etiqueta, ele
reconheceu a marca Pro Club, bem como as camisetas pretas de manga
curta que estavam dobradas cuidadosamente em sua cama.
Sentado na cama, ele pegou o ursinho vermelho de pelúcia, olhando
para ele.
— Você gostou deles?
Com a incerteza em sua voz, ele ergueu a cabeça. — Onde estão seus
lençóis?

48
As camisetas térmicas são projetadas para ajudá-lo a manter o calor em temperaturas frias. Feitas a partir de
misturas de algodão, nylon, spandex, poliéster, lã ou lã, camisetas térmicas são freqüentemente usadas por
esquiadores, caçadores, caminhantes e outros que participam de atividades ao ar livre em clima frio.
— Eu vou buscá- los...
— Apenas me diga onde eles estão?
— No armário do banheiro.
Ele passou por ela para ir até o banheiro. Pegando os lençóis, ele voltou,
soltando-os para levar seus presentes até à cômoda antes de arrumar a cama.
— Eu posso ajudar...
— Eu vou fazer isso. Não se mexa.
— O edredom está na secadora...
Indo buscar o edredom depois de colocar os lençóis, ele o espalhou
sobre a cama. Tirando suas roupas, colocou-as no cesto que estava perto da
porta do armário.
Enquanto isso, Jo permaneceu em silêncio enquanto ele se movia pelo
seu quarto, assistindo inquieta. Dirigindo-se até ao lado da cama, estendeu a
mão para ela.
— Venha aqui— ele ordenou com força.
Obedientemente, Jo andou vacilante até ele.
— Você quer saber o quanto gostei dos meus presentes?— Com
lágrimas nos olhos, Jo assentiu.
— Eu vou mostrar o quanto eu gostei deles.
Ele tirou sua roupa, uma peça de cada vez, colocando beijos em cada
curva que ele expôs. Seu cabelo caiu para frente quando ele baixou o jeans e
pressionou um beijo em seu monte. Os cachos macios fizeram cócegas no nariz
dele enquanto deslizava a língua para baixo para encontrar seu clitóris.
Levantando os olhos, ele observou sua reação para ver se ela estava
muito dolorida para foder. Quando seus quadris empurraram por mais, ele
levantou-se e empurrou-a de volta para o colchão. Seus lábios se curvaram em
um sorriso predatório quando ela saltou duas vezes. Então, Rider tirou seu
jeans depois de retirar seus tênis.
— Eu gostei tanto deles que você não vai poder trabalhar amanhã.
— Porque não?— Jo lambeu os lábios, olhando para ele com confiança.
— Porque este é o melhor Dia dos Namorados que eu já tive, e não
quero que ele termine.

O abajur sacudindo na mesa de cabeceira de Jo o fez rolar com cuidado


para não acordá-la. Pegando o celular vibrando, ele colocou-o em seus
ouvidos, acordando.
— Você está atrasado.— A voz fria de Jewell o fez amaldiçoar.
— Desculpa. Eu estou a caminho.— Encerrando a ligação, ele vestiu
suas roupas novas e então pegou o resto de seus presentes antes de deixar o
quarto de Jo sem acordá-la.
Na cozinha, ele escreveu uma breve nota, explicando que ele tinha que
ir trabalhar e ligaria quando ela acordasse. Colocando a nota em sua mesa de
cabeceira para que ela pudesse ver quando acordasse, ele foi para sua
motocicleta, colocando seus presentes em seus alforjes.
Na fábrica, ele tirou a corrente antes de entrar, colocando em seus
alforjes com o resto dos presentes que levaria para o quarto depois do
trabalho. Ele então foi ao escritório, sabendo que Jewell queria gritar com ele
por estar atrasado.
Depois de bater e não receber nenhuma resposta, ele foi para os pedidos
de trabalho, pegando os que estavam grampeados com seu nome.
Ele terminou o primeiro pedido quando Shade caminhou em direção a
sua estação com duas xícaras de café.
— Achei que você poderia precisar disso— disse ele, dando-lhe um.
— Obrigado— disse Rider distraidamente lendo a lista do próximo
pedido, obrigando-se a decorar com um único olhar.
Quando Shade não se afastou, Rider deu-lhe outro olhar. Shade não era
do tipo de conversar fiado.
— Algo errado? Eu sei que estou atrasado. Eu vou falar com Jewell
quando ela voltar do almoço.
— Jewell não vai voltar do almoço. Eu vou gerenciar a fábrica até que
sua punição tenha sido decidida.
— O que ela fez? Deixou Moon sair mais cedo?
— Venha até ao escritório. Precisamos conversar .
Jewell ter feito algo tão ruim que Shade não queria discutir isso
próximo aos outros trabalhadores, o fez se preparar para defendê-la. Ela
sempre foi uma boa amiga para ele, a não ser com exceção a Jo. Desde então,
ela pode ter sido fria com Jo, mas ela manteve distância dela. Portanto, ele
havia lhe dado um desconto, sabendo que a mulher estava tendo um momento
difícil com o novo teor de sua amizade.
Shade foi para trás da mesa e largou seu café enquanto Rider fechava a
porta. Então ele pegou a cadeira na frente da mesa, soprando seu café quente.
— Você queria que Jo subisse as escadas enquanto você tomava banho?
Rider franziu o cenho para a pergunta de Shade.
— Você sabe que eu não queria. Eu mandei um texto em massa a todos
para não deixá-la subir. Eu não queria que ela visse a merda na minha
cama. Eu ia dar um esporro em todos por isso depois do trabalho.
Shade assentiu com a cabeça. — Como Jo reagiu?
— Como diabos você acha que ela reagiu? Seus sentimentos foram
feridos. Por sorte, pude suavizar, mas ainda estou chateado com isso. É por
isso que eu estou esperando para falar com os irmãos e as mulheres depois do
trabalho. Especialmente Ember.
Shade assentiu com a cabeça. — Ember sabia que você estaria
furioso. Por isso ela foi até à casa de Viper para falar com ele esta manhã.—
— Por que ela não me mandou mensagem ou me ligou? Estou com
raiva, mas quando eu machuquei uma mulher por...
— Ela não ligou porque não sabia qual seria sua reação a algo que ela
queria que você soubesse. Viper e eu achamos que foi uma decisão sábia.
— Diga-me.— Ele colocou o café na mesa.
— Ember ficou distraída quando Willa entrou na cozinha com todos os
doces. Todos os irmãos e as mulheres ficaram, exceto Jewell. Ember disse que
num minuto, Jo estava lá, e então ela sumiu. Quando ela percebeu que Jo não
estava na sala, ela perguntou a Jewell onde ela estava. Jewell riu, dizendo que
a mandou subir para entregar o doce que Willa lhe deu. Jewell disse a ela que,
assim que fez isso, se arrependeu. Que quando ela subiu as escadas para
buscá-la antes que pudesse entrar no seu quarto, era muito tarde. Você estava
saindo do banheiro e ela teve medo de lhe dizer o que tinha feito.
— Besteira. Ela fez isso deliberadamente, e então mentiu para Ember
que estava com muito medo de mim para me contar a maldita verdade.
— Concordo. Entrei no escritório quando ela estava falando ao telefone
com você. Desculpe-me, irmão. Fico feliz que você tenha conseguido suavizar.
Eu gosto de Jo e não gostaria de ver a mulher sofrer. Ela já sofreu o bastante
para durar toda uma vida. Ela não precisa que os Last Riders contribuam com
isso.
Rider levantou-se. — Eu não culpo os irmãos ou Ember. Se eu estivesse
na cozinha quando Willa entrou, o mesmo aconteceria. Ela deveria se juntar às
forças armadas. Ela provavelmente poderia começar uma guerra com aqueles
cupcakes dela. Quem eu culpo é Jewell.
— Viper sabe. É por isso que ele vai mandá-la para Ohio depois que eu
falar com você. Depende de você se ela permanecerá no clube. É uma votação
por partes. Ela vai para Ohio, ou a expulsamos do clube.
— Ela pode ir para Ohio. Não darei o voto que a expulsará. Mas ela vai
ficar em Ohio para sempre. Eu não quero ver sua bunda na nossa sede do
clube novamente. Ela me traiu duas vezes. Uma vez, eu deixei passar, mas
duas vezes? Porra, não. Ela vai se acalmar em Ohio, porque ela sabe que será
sua última chance. Caso contrário, vou puxar o plugue e ela não vai
incomodar ninguém de novo.
O olhar perspicaz de Shade encontrou o dele. — Eu deixarei clara a
gravidade da situação para ela.
— Faça isso, porque se eu chegar perto dessa cadela, a outra cadela
enterrada em nosso quintal terá companhia.
Capítulo 39

Jo acordou com a necessidade urgente de usar o banheiro. Foi só depois


que ela tomou banho e escovou os dentes que ela se sentiu um pouco
humana. Usando uma toalha para secar o cabelo, ela voltou para seu quarto,
vendo a nota que Rider deixou.
Se vestindo, ela tentou lembrar-se do que havia dito a Rider depois que
eles voltaram para casa. As doses de vodka de cereja haviam sido letais.
Pegando o celular, ela foi até à cozinha para fazer café. Quando
começou a pingar, ela ligou para Rider.
— Bluebonnet, eu estava começando a me preocupar com você.
Jo se inclinou contra o balcão, olhando para o sol da tarde.
— Porquê? Você é bom, mas não tão bom assim— ela provocou.
— Eu vou fazer você pagar por isso essa noite. O que você está
fazendo?
— Estou trabalhando duro.
— Eu não acredito em você.
Jo ergueu uma sobrancelha surpresa. — Por que não?
— Você teria me ligado antes de ir para a garagem.
— Oh... eu não pensei nisso. Alguém já disse que você é muito
inteligente para suas calças?
— Todo o tempo— Ele riu. — Eu queria estar aí quando você
acordou. Lamento que você tenha visto os presentes. Eu não queria que nada
estragasse seu dia.
— Está tudo bem. Eu exagerei. Você é um cara popular. Você já
devoveu a boneca para Moon?
— Ainda não. Estou esperando até sair do trabalho. É quando os outros
serão devolvidos também. E vou devolver...
— Não. Fique com eles. Eu exagerei.— Ela desenhou uma linha
imaginária no balcão. — No próximo ano, você pode lhes dizer que está
comprometido.
— Eu farei isso. Qual é o plano para o jantar esta noite?
— Nada. Comida, agora, é a coisa mais distante na minha mente.
— Ressaca?
— Um pouco.
— Muita pelo jeito que você soa. Que tal eu comprar o jantar e levar
para você?
— Tenho uma ideia melhor. Mande uma mensagem do que você quer, e
vou buscar no restaurante. Vai estar bom e quente quando você chegar
aqui. Eu não uso o meu caminhão há algum tempo. É preciso colocá-lo para
funcionar.
— Tem certeza disso? Não me importo de ir buscar.
— Tenho certeza. Volte ao trabalho antes que Jewell desconte do seu
pagamento.— O telefone ficou mudo.
— Você ainda está aí?
— Estou aqui. Você está certa. É melhor voltar ao trabalho. Tchau.
— Tchau— repetiu Jo, desligando.
Parecia que ele esperava que ela dissesse algo depois de ter mencionado
o nome de Jewell.
Enchendo a garrafa térmica, ela foi para a garagem trabalhar.
Razer e Moon trouxeram mais algumas motocicletas que precisavam de
conserto. Eles ficaram conversando mais tempo do que ela esperava, então,
quando eles saíram, ela percebeu que não havia encomendado a comida de
Rider.
Ligando para Carly, ela pediu a comida dele e um pouco de sopa para
si mesma. Então ela trancou a garagem e levou o computador e a térmica para
casa, pegando as chaves de seu reboque.
Dirigindo até à cidade, ela viu que o estacionamento do restaurante
estava tão cheio que teria que estacionar no outro lado da rua e voltar a pé.
O restaurante estava lotado. Demorou vários minutos para que Carly
chegasse ao caixa, onde ela estava esperando.
— Eu não esperava por você tão rápido. Sente-se no balcão que vou
aprontar o seu pedido.— Carly pegou seu dinheiro antes de sair.
Jo encontrou uma cabine atrás de dois homens. Enviando um texto a
Rider que a comida não estava pronta, ela não estava prestando atenção às
vozes baixas dos homens atrás dela. Ela estava prestes a enviar uma
mensagem a Rider dizendo que eles estavam usando as cores dos Last Riders
quando ela prestou atenção a sua conversa.
— Estou nervoso em encontrar Viper pela primeira vez.
Jo tinha certeza de que foi o homem mais novo que falou. Ela pegou um
vislumbre do seu rosto antes de se sentar. Ele parecia ter vinte e poucos
anos. O outro, ela só viu de perfil e que sua barba ia até ao peito. Ele parecia
muito mais velho.
— Relaxe, não ficaremos muito tempo. Iremos apenas bancar a escolta
para uma das mulheres.
— Quem?
— Jewell.
— Ainda não a conheci— o mais novo falou. Jo podia ouvir a ansiedade
juvenil em sua voz.
— Sua perda é o nosso ganho. Ela deve ter irritado Viper, porque ela
não vai voltar para Treepoint.
— Ele é tão filho da puta como todos dizem que ele é?
— Pior. Eu servi com ele nas forças armadas. Inferno, Viper é a razão
pela qual ainda estou respirando e voltei para casa para minha esposa e
filhos. Viper e Crux.
— Eu nunca ouvi você falar dele antes.
— Não há muito para falar. Ninguém sabe quem ele é. A maioria dos
homens com os quais eu servi achavam que ele nem existia. Eles achavam que
tínhamos inventado isso para assustar os novos recrutas.
— Mas não inventaram?
— Foda-se, não. Eu também o vi em ação. Claro, eu não o reconheceria
se ele estivesse sentado ao meu lado. É por isso que ele era tão bom em seu
trabalho. Eles disseram que ele foi recrutado antes mesmo de terminar seu
treinamento como SEAL.
— Para o que ele foi recrutado?
— Seu trabalho era espionar, entrar em campos hostis, encontrar a
melhor maneira de eliminá-los e elaborar o plano para que nós os
neutralizássemos. Uma noite, quase me caguei todo. Nós recebemos ordens
superiores para retomar um povoado. Já havíamos perdido três esquadrões
tentando chegar ao tal povoado. Por todo o caminho, achei que ia
morrer. Você já sentiu medo?
— Não.— A admiração do jovem fez Jo sorrir enquanto ouvia.
— Bem, eu tive. A mais ou menos um quilômetro do maldito povoado,
recebemos nossas ordens exatamente quando o céu se iluminou como se fosse
a porra do quatro de Julho.
— Por que eles esperaram para lhes passar suas ordens?
— Era alguma merda secreta, foi por isso. Viper era o nosso
comandante. Perdemos quatro homens naquela noite. Os esquadrões
anteriores perderam todos os seus homens. Ele ganhou uma medalha pelo
trabalho que fizemos, e ele se recusou a aceitá-la dizendo que Crux merecia
mais do que ele. Vários oficiais que Crux salvou disseram o mesmo.
— Por que Crux não recebeu a medalha?
— Porque ele era um espião, idiota. Você é estúpido? Eles disseram que
ele poderia entrar em uma aldeia e fazer todos pensarem que era um deles, ou
ele fingiria ser um prisioneiro e conseguiria extrair todas as informações que
pudesse. Eles disseram que ele poderia seduzir e tirar roupa íntima de
qualquer homem ou mulher. Uma vez, ele estava previsto para morrer ao
amanhecer, e ele ganhou sua liberdade, ajudando-os a roubar um depósito de
armas. Ele os levou para uma armadilha. Outra vez, eu ouvi dizer, que ele
usou um carregamento de alimentos que ele havia roubado da base do
acampamento para entrar em uma cidade, e depois, o roubou de volta no dia
seguinte. Um amigo meu se gabou pelo fato de Crux ter se casado com a filha
de um líder para provar sua lealdade a eles. A cada missão, seu codinome
mudaria. Eles o chamavam de Sphinx, Enigma, Rubik49...
— Você está tentando me trolar como aos novos recrutas?
— Não dou a mínima se você acredita em mim ou não. Crux foi uma
lenda nos SEALs. Ele ainda é.
— O que aconteceu com ele?
— Ninguém sabe e nunca vai. Se eu tiver que apostar, ele
provavelmente ainda está por aí, ainda salvando...
Jo viu Carly sair da parte de trás. Levantando, os homens ainda
estavam falando enquanto ela andava até lá, pegando a sacola plástica de
Carly e saindo. Cuidando o tráfego, ela foi até ao caminhão, acenando para
Knox quando ele saiu do escritório do xerife.
— Você está levando o jantar de Rider?— Ele perguntou enquanto ela
caminhava para o caminhão.
— Sim. Preciso aprender a cozinhar melhor. Isso nos pouparia muito
dinheiro.
— Você deve pedir a Rachel, Beth ou Lily para ensinar-lhe. Ele
costumava comer em suas casas o tempo todo.
— Eu talvez tenha que fazer isso. Qual é a comida favorita dele?
— Na verdade, não sei de nada que Rider não goste— ele respondeu,
pegando a sacola dela enquanto ela subia no caminhão. Ela agradeceu quando
ele a devolveu.
— Quando eu estava no restaurante, havia dois homens que eu nunca
vi antes usando coletes dos Last Rider.

49
Esfinge, Enigma e Mágico.
— Devem ser Cam e Driver. Vou até lá cumprimentá-los. Obrigado por
me avisar.
— Eu teria falado com eles se eu os tivesse visto no clube antes. Talvez
eu possa encontrá-los antes deles partirem.
— Não, a menos que você esteja indo esta noite. Eles não vão ficar
muito tempo.
— Da próxima vez, então. Tenha uma boa noite, Knox.
— Você também.— Knox fechou a porta e depois atravessou a rua para
entrar no restaurante.
No caminho para casa, Jo começou a pensar sobre quem o motociclista
mais velho estava falando. Ela sentiu compaixão pelo homem misterioso. Ele
teve que trabalhar sozinho para se infiltrar em campos inimigos sem nenhum
amigo a quem recorrer quando precisasse de ajuda. Ele provavelmente estava
morto e ninguém sabia disso.
A triste existência de um homem que ela nem conhecia a fez ignorar a
conversa privada.
Ela tinha acabado de chegar em casa quando Rider apareceu. Ela tinha
tirado a comida da sacola para manter aquecida no forno, colocando-a em uma
assadeira e envolvendo-a em papel alumínio. Enquanto ele tomava banho, ela
colocou a sopa dela no microondas. Então, ouvindo a água ser desligada, ela
tirou a comida do forno e colocou-a em um prato.
— Você parece cansado esta noite— ela comentou enquanto se
sentavam.
— Eu não dormi muito na noite passada.— Piscando para ela, pegou
seu sanduíche duplo e deu uma mordida, então prontamente cuspiu. — Esse
sanduíche está duro como uma pedra.— Ele tirou a fatia superior do pão,
batendo-o na mesa. — Vou ligar para Carly e pegar seu dinheiro de volta. Isso
não é comestível. Eu acho que quebrei um dente.— Ele se preocupou com
seus dentes perfeitos, procurando por sinais de danos.
Jo franziu a testa, contornando a mesa para afastar a mão dele,
querendo ver por si mesma se algum de seus dentes tinha quebrado.
— Estava bom quando eu coloquei no forno para mantê-lo quente.
Rider afastou sua mão da boca.
— Por quanto tempo ficou no forno?
Jo olhou para o relógio. — Trinta minutos, uma hora no máximo. Você
tomou um longo banho.
— A quantos graus você o manteve?
— Trezentos. Esse forno é temperamental. Eu queria ter certeza de que
ficasse quente.— Rider apenas olhou para ela.
Corando, ela empurrou a sopa pela mesa em direção a ele. — Você
pode ficar com a minha sopa.
— Isso não vai me encher. Vou preparar uma tigela de cereal...
Jo se moveu desconfortavelmente na cadeira.
— Eu estive tão ocupada comprando seus presentes para o Dia dos
Namorados que não consegui ir ao mercado antes de ir para a casa de Lily. Eu
sinto muito. Não queria arruinar sua comida. Eu vou correr até à cidade, ir ao
mercado e pegar algo para você no restaurante.
— Está tudo bem. Eu posso me virar com isso. Quando terminarmos de
comer, iremos ao mercado e compraremos os mantimentos.
Rider tirou o pão do sanduiche, olhando para o pão. — Onde está o
pão? Eu não posso...
— Estamos sem. — Miseravelmente, ela esperava que não fosse isso o
que ele estava procurando.
— Novo plano. Vou pedir uma pizza para ser entregue, então vamos ao
mercado.
— Eu gosto desse plano— ela concordou.
Rider jogou fora a refeição não comestível, depois pediu uma pizza.
Ela não conseguiu comer a sopa enquanto ele esperava sua comida.
— Por que Jewell está indo para Ohio?
Rider colocou o celular no balcão. — Como você sabe que ela está indo?
— Quando eu estava no restaurante, ouvi dois homens vestindo coletes
dos Last Rider conversando. Um deles mencionou o nome de Jewell e que a
acompanhariam para Ohio porque Viper estava com raiva dela.
— Você ouviu?
— Eu não queria, mas eu ouvi.— Ela estava com vergonha de si
mesma, mas não podia deixar de avaliar sua reação sobre a notícia de Jewell
indo embora.
— Eu vou ter que dizer a Viper que ele precisa falar com os irmãos para
não discutir o negócio do clube na frente de qualquer pessoa que possa estar
ouvindo.
Jo saltou da mesa, colocando a mão em seu peito enquanto pegava seu
telefone, segurando-o firmemente na mão. — Não faça isso.
Ele ergueu uma sobrancelha. — Por que não?
— Porque o mais jovem tem medo de Viper.
Ele colocou a mão na sua bochecha. — E como você sabe disso?
— Eu apenas percebi isso.— Ela agarrou sua camisa com mais
firmeza. — Prometa que você não dirá nada?— Ela implorou.
— Eu prometo.
— Obrigada.— Ela deu um suspiro de alívio.
— Você ouviu mais alguma coisa enquanto estava escutando?
— Não.— Ela não queria parecer pior, admitindo quanto tempo ela
ficou ouvindo, mesmo que estivesse curiosa em saber se ele ouviu as mesmas
histórias sobre Crux que o homem do restaurante.
— Eu vou deixar passar desta vez, mas os irmãos deveriam ter pensado
melhor antes de abrir a boca na frente de qualquer um.
— Eu não deveria ter ficado ouvido. Então, por que Jewell está indo
embora?
— Ao contrário desses irmãos, eu mantenho minha boca fechada sobre
os negócios do clube.
Ferida por sua resposta severa, Jo colocou o telefone no balcão,
voltando a sentar-se à mesa. Ela então ergueu o queixo quando se virou para
olhar para ele.
— Você disse que eu era sua mulher e, como sua mulher, eu era parte
dos Last Riders. Isso não me dá o direito de saber?
— Eu odeio discutir com o estômago vazio.
Ela estreitou os olhos para ele, lembrando que ela era a causa do seu
estômago vazio.
— Você está tentando mudar de assunto?
Jo notou surpresa, a centelha de emoção antes que ele voltasse a sentar,
colocando uma mão na dela.
— Foi uma decisão do clube enviar Jewell para Ohio. Se você quiser a
resposta para essa pergunta, você terá que perguntar a Viper.
— Você sabe que não vou fazer isso.— Ela puxou a mão dela debaixo
da dele entorpecida.
— Por que isso importa de qualquer maneira? Você não gosta de Jewell.
— Não me diga de quem eu gosto ou não gosto. Você não sabe. Eu não
sei. Não pude conhecê-la suficientemente bem para saber. Uma coisa que eu
sei é que, assistindo aquelas câmeras, ela é uma amiga de todos no clube, e
esses amigos vão sentir falta dela.
— Talvez eu não saiba se você gosta de Jewell, mas sei com certeza de
que ela não gosta de você.
— Eu sei disso, mas seus sentimentos sobre mim são baseados no
ciúme. Eu posso entender isso.
— Como você pode entender? Você disse que nunca foi ciumenta.
— Eu acho que nunca me importei o suficiente para sentir essas
emoções antes. Eu faço agora.— Ela olhou para ele diretamente. — Você não
vai sentir falta de Jewell?
Seu queixo caiu com a sua pergunta. — Você não quer que Jewell parta
porque você acha que vou sentir falta dela?
— Você não vai?
— Tudo bem, vou falar com Viper.
— Agora seria bom. Knox disse que a levariam hoje à noite.
— Jo, para uma mulher que não queria ser uma Last Rider, você sabe
tanto quanto eu.
— Eu sou uma aprendiz rápida.
— Eu vou ter que me lembrar disso.
Levantando, ela foi atender a porta. Ela pagou a pizza antes de levá-la à
mesa e colocá-la na frente de Rider.
— Você não quer?
— Não, obrigada. Meu estômago ainda está um pouco enjoado depois
da noite passada. Eu vou tomar minha sopa. Farei uma lista de compras
enquanto você come.— Indo buscar um lápis e um papel, ela falou para evitar
que seu estômago revirasse pelo cheiro. — Eu vi Knox quando estava saindo
do restaurante. Eu estava reclamando de quanto dinheiro gastamos comendo
fora, e ele sugeriu pedir ajuda a Rachel, Beth ou Lily para aprender a
cozinhar. Eu poderia pedir a Willa para me ensinar como fazer o doce que
você ama.
— Todas as mulheres tentaram fazê-lo. Geralmente não fica igual, ou
elas disseram que era mais fácil comprar da Willa. Ember fez com leite
evaporado50 uma vez, e saiu mais duro que as batatas fritas que eu joguei
fora.— Rider tornou-se tão animado que ele estava gesticulando com sua fatia
de pizza. — Jewell fez com purê de batatas. Eu não tive coragem de provar...
— Oh, isso me lembra. Você se esqueceu de fazer algo.— Deslizando
seu celular ao lado da caixa de pizza, ela disse: — Você esqueceu-se de ligar
para Viper.
— Eu vou fazer isso depois que comer.
— Faça isso agora. Sua comida vai cair melhor no seu estômago.

50
O leite evaporado, conhecido em alguns países como leite condensado não açucarado, é um produto lácteo
enlatado em prateleira com cerca de 60% da água removida do leite fresco. Difere do leite condensado
açucarado, que contém açúcares adicionados.
Levantando com sua fatia de pizza em uma mão e seu telefone na outra,
ele deu-lhe o olhar amuado que ele sempre dava às mulheres quando ele
queria as coisas do seu jeito.
O encarando com determinação, colocou as mãos nos quadris, para
fazê-lo ceder.
— É melhor que os doces sejam bons.
Para garantir que Jewell estivesse lá na próxima vez que ela fosse, ela
fez um acordo com Rider que ele não poderia recusar.
— Se você convencer Viper a deixá-la ficar, na próxima vez que eu
trabalhar na segurança com você, ficarei ao lado da sua cadeira por duas horas
usando a nova camisola que eu queria colocar na noite passada.
— É de flanela?
— Não.
Rider deu uma mordida na sua pizza enquanto pensava no acordo.
— E se eu não conseguir convencer Viper a deixar Jewell ficar?
— Então você tem que ficar ao lado da minha cadeira nu por duas
horas.
— OK…
Jo o deixou passar pela porta antes de esclarecer — De salto alto.
Capítulo 40

— Irmão, eu preciso de um favor.


— Depende do que é.— Rider colocou seus pratos do almoço sujos na
pia quando Moon surgiu do canto para falar com ele.
— Eu tenho um encontro quente com Nada. Ela é a garota que
substituiu Aly na loja de departamentos.
— Esse foi um trabalho rápido. Aly começou a treiná-la ontem.
— Você sabe que eu trabalho rápido.
Rider revirou os olhos. — Então, o que isso tem a ver comigo?
— Eu disse a ela que a levaria para sair esta noite, e eu esqueci que
estava agendado para trabalhar na segurança.
Ele já sabia para onde essa conversa estava indo, e ele não queria
participar disso.
— Não.
— Eu vou trabalhar sexta-feira e sábado para você— Moon tentou
persuadi-lo.
— As mulheres estão indo para Jo ensinar-lhe a cozinhar. Não vou
perder isso. Eu sou o degustador.
— Irmão, quantas vezes eu te fiz um favor?
Maldito, ele podia ver seus planos da noite descendo pelo ralo.
— Quem mais está na agenda esta noite?
— Shade.
Um vislumbre de esperança começou a brotar, até que Moon o destruiu
antes que pudesse crescer.
— Shade não trabalhará sozinho. Ele quer ser capaz de sair se Lily
precisar de ajuda com Clint.
Foda-se.
— Eu pagarei para você levá-la ao King se você adiar para outra noite.
— Eu não posso adiar. Você sabe como são as mulheres. Talvez eu não
tenha outra chance. Trip está de olho em Aly hoje. O filho da puta vai pegá-la
antes de mim.
— Quando isso foi um problema para você?
— Trip é um filho da puta mesquinho. Ele não vai compartilhar até que
ele tenha terminado com ela. Você vai fazer isso por mim, irmão?
— Jesus... Vá. Não suporto quando você é legal comigo.
Monn deu-lhe um tapa nas costas.
— Não se preocupe. Eu voltarei a odiá-lo amanhã.— Moon partiu antes
que Rider pudesse retornar o tapa com muito mais força no intestino.
Ele esteve ansioso por esta noite desde o mês passado. As mulheres
decidiram fazer uma festa disto, e tinha levado tempo para conciliar a agenda
de todas. Jo também queria esperar até comprar um novo fogão. Apesar das
tentativas dele pagar por isso, ela recusou. O fogão foi entregue há uma
semana, e até agora, ele não havia notado nenhuma diferença na maneira
como ela cozinhou. Se possível, ficou pior. Jo podia queimar água.
Ele tinha vários pedidos para despachar antes que fosse hora de estar
na sala de segurança. Moon, Trip, e os outros irmãos haviam reclamado que
não precisava de dois em serviço. Considerando que foi ele quem sugeriu isso,
Viper e Shade estavam esperando sua opinião antes de reformular a ordem.
Apesar de esperar que Curt o atacasse ou ao clube, ele não havia feito
nada. Shade descobriu que ele havia começado a trabalhar como vendedor de
carros em Jamestown.
Aly decidiu vender sua propriedade, fechando o negócio na semana
passada. Era por isso que ela estava trabalhando no turno da noite, treinando
sua substituta. Ela estava planejando deixar Treepoint pela manhã. Isso
aliviaria a carga de alguém a vigiando.
Knox, que estava esperando o relatório independente voltar de
Frankfort, começou a duvidar do envolvimento de Curt na morte dos pais de
Aly. Especialmente quando, ao invés de comprar a terra de Aly quando entrou
no mercado, Curt comprou uma pequena casa em Jamestown. Se ele quisesse a
casa dos pais de Aly ruim o suficiente para matá-los por isso, por que queimá-
la e depois nem sequer fazer uma oferta pela terra?
O jovem casal que comprou a terra de Aly não tinha vínculos com Curt
ou sua família. Havia outro doente fodido como Jared andando por aí,
matando pessoas por um acerto de contas que ninguém sabia?
Rider estava preenchendo o último pedido quando Jewell saiu de seu
escritório. Eles estavam agindo friamente um com o outro desde o dia seguinte
a que ela enviou deliberadamente Jo até ao quarto dele. A mulher se mantinha
longe dele quando estavam no clube, e eles conversavam o mínimo no
trabalho.
Viper tinha o deixado ter a última palavra sobre deixar Jewell ficar em
Treepoint. Ele não se arrependeu da decisão. Jewell, por outro lado, sabia que
ela estava caminhando em gelo fino, no que dizia respeito ao clube e a ele.
Ele parou de embalar o pedido quando Jewell se aproximou dele.
— Jo me ligou ontem para me convidar para a festa culinária esta
noite. Eu não sabia o que dizer a ela. Eu achei que deveria verificar com você.
— Ela te ligou ontem, e agora você está me perguntando?— Ele
empurrou as abas da caixa para baixo de forma concisa.
— Eu precisava pensar se eu queria ir.— Jewell colocou uma mão na
caixa, forçando sua atenção para ela. — Eu dei a Bliss um momento difícil
quando ela não conseguiu superar Shade, e então eu caí na mesma armadilha
com você. Já lhe pedi desculpas. Gostaria de ter a mesma oportunidade com
Jo.
— Não aja como se fosse porque você se sente mal sobre isso. Você está
cansada de ter que ficar no seu quarto quando Jo vem ao clube.
— Caia na real, Rider. Jo não vem ao clube o suficiente para eu me
preocupar com isso. Ela vem dois dias por semana para jantar. As únicas
outras vezes, eu estou no trabalho de qualquer maneira, e essas são as poucas
vezes que você decidiu ficar no seu quarto no clube após encerrar seu turno de
segurança.
— Eu não quero que você vá. Dê uma desculpa, você é boa nisso.
Ela deixou cair a mão ao lado dela.
— Eu mereço isso. Eu ligarei para ela.— Jewell começou a voltar para o
escritório dela.
Rider passou a fita adesiva pela caixa, lacrando-a.
— Jewell, nós somos amigos há muito tempo. Vai levar tempo para
restaurar a confiança que eu tinha em você.
— Você se importa com Jo?
— Você não restaurou confiança o suficiente para eu responder a essa
pergunta.
Ela olhou para ele com tristeza.
— Eu não preciso. Você pode gostar dela, mas no fundo, você não se
importa com ela, mais do que com Ember, Stori ou eu. Você é um grande
amante, Rider, mas como namorado, você é uma merda.
— Jo não sabe disso, e ela nunca vai saber.
Jewell balançou a cabeça para ele.
— Eu disse a ela que sentia pena dela. Ela lhe disse isso?
Rider bateu a fita na mesa de trabalho. — Não, ela não disse.
Jewell olhou de um jeito que mostrou que ela não podia acreditar que Jo
fosse tão crédula.
— Eu fiz, e eu quis dizer isso. Deus a ajude quando ela
descobrir. Também vou orar por você.
— Eu não preciso de suas fodidas orações.— Qualquer pensamento
que Rider tinha sobre perdoar Jewell voou pela porta.
— Eu vou de qualquer maneira. Você vai precisar delas quando
perceber o que perdeu.
Rider estava feliz por ela ter sido sábia o suficiente para se afastar
depois disso. O inferno congelaria antes dele confiar nela perto de Jo
novamente.
Olhando para o relógio, ele colocou o pacote no carrinho da
correspondência a ser despachada. Ele tinha tempo suficiente para jantar antes
de ir para a sala de segurança.

Shade já estava lá quando ele chegou, e F.A.M.E, que o esperava,


levantou-se e esticou os ombros largos enquanto Rider pegava sua cadeira,
puxando-a debaixo da mesa.
Ele examinou os monitores para avaliar onde todos estavam e os
veículos fora de cada casa. Ajudava muito nisso ter uma memória
fotográfica. Ele poderia dizer instantaneamente quando algo estava fora de
lugar.
— É melhor você ir ao restaurante jantar— , Rider advertiu F.A.M.E,
com a mente distraída, tirou o lacre da bebida energética que trouxe com
ele. — A única coisa que tem na cozinha é um cachorro-quente e algumas
batatas fritas.
— Eu não estava pensando em comer no clube. Eu me ofereci para
vigiar as mulheres quando você pegou o turno de Moon.
Rider girou na cadeira. — Se você está fazendo uma jornada de trabalho
dupla, então você pode trabalhar para mim e eu posso...
— Ele não pode— Shade lembrou-lhe. — Foi sua a ideia brilhante que
ninguém fizesse jornada dupla na sala de segurança.
— Porra.— Rider voltou para os monitores.
— Até mais, irmãos— gritou F.A.M.E quando saiu da sala.
— Eu vou mostrar ‘o irmão’ quando ele voltar— resmungou Rider.
— Por que não antes dele ter partido?— Shade virou para o lado,
passando o monitor para dentro da casa de Jo.
— Não quero que as mulheres fiquem chateadas por ele aparecer com o
rosto quebrado.
Rider assistiu o lado de fora da casa de Jo, vendo três carros
estacionados. Então ele olhou para o monitor que Shade ligou.
— Por que Aly está lá? Jo não me disse que ela estaria lá.
— Não foi planejado. Aly disse a Trip que queria passar lá para se
despedir e pedir desculpas por tentar processá-la. Jo convidou-a para ficar.
— Você está brincando comigo?
— Ela está lá, não está?
— Eu ficarei feliz quando essa cadela se for. A única razão que eu não
acertei as contas pela merda que ela tentou me envolver foi porque eu estava
esperando que ela sumisse então nenhuma pergunta seria feita.
— Seus novos empregadores saberiam.
— Eles vão pensar que ela conseguiu um outro trabalho. Eu não a quero
no mesmo ambiente com Jo. Tive a sorte de apagar o fogo que Jewell
começou. Não vou apagar o que eu aposto o meu último centavo que Aly
tentará começar. Envie um texto a F.A.M.E e diga-lhe que quando chegar lá,
traga-a de volta ao clube.
— Trip pode trazê-la— disse Shade, pegando seu telefone. — Trip
merece uma boa refeição. F.A.M.E não.
— Não. Ele poderia ter deixado Moon trabalhar no turno do dia e
F.A.M.E pegar esse.
— Moon e F.A.M.E têm compartilhado muito ultimamente.
— Eles vão compartilhar mais do que as mulheres quando voltarem—
Rider ameaçou enquanto olhava os monitores. Tinha escurecido, tornando
mais difícil discernir as sombras em torno de cada casa.
— Estou chocado por caberem tantos na casa de Jo. Espero que Mag
ensine Jo a fazer frango e bolinhos. Os de Rachel são muito secos— criticou
Rider.
— Eu não diria isso a Cash.
— Ele sabe. Nós conversamos sobre isso.
— Ele permite que você critique a comida de sua esposa?
— Ele acha que isso me impedirá de comer lá com tanta frequência.—
Rider esmagou sua lata vazia antes de jogá-la em direção à lata de lixo sem
tirar os olhos dos monitores. Nem mesmo o som da lata batendo no chão fez
com que ele desviasse os olhos. — Quem mudou o lixo de lugar?
— Eu fiz.— Shade também não olhou para a lata.
Rider se levantou para pegar a lata e colocar o cesto de lixo de volta à
sua posição enquanto jogava a lata dentro.
Ele estava voltando para a mesa, examinando os monitores quando
começou a andar mais rápido. Ele colocou as palmas das mãos na mesa,
olhando fixamente por sobre a cabeça de Shade.
— Você...?— Shade começou a perguntar ao mesmo tempo em que
Rider apertou o botão de alerta.
— Um suspeito, canto lateral da sua casa. Dois vindo de trás da casa de
Razer, movendo-se em direção ao clube— gritou Rider.
Shade estava enviando o alerta vermelho em seu telefone celular
enquanto observava as telas mais próximas a ele.
— Vamos... vamos... — Rider queria que as persianas de aço baixassem
mais rápido. Ele havia avisado a tempo suficiente para garantir que as portas
fossem trancadas. Todos estavam seguros, exceto pelo novo recruta que estava
vigiando a porta da frente.
Um dos dois que saíram de trás da casa de Razer veio pelo lado do
pátio, atingindo o novo recruta antes que Driver pudesse pegar sua arma.
Shade estava começando a se levantar quando as luzes se apagaram.
— Os filhos da puta estão mortos.
Rider ouviu Shade indo em direção à porta, preocupado com seus
filhos, que Ember tinha se oferecido para ficar de babá. Ela era a menos
preparada para lidar com a situação em que se encontrava.
— As luzes voltarão em dez segundos. Pelo menos aguarde até que
possamos ver as posições novamente. As persianas baixaram.
À medida que o gerador de emergência ligou, Rider digitalizou
imediatamente as posições dos atacantes.
— Três saíndo de trás da casa de Viper... indo em direção aos fundos da
fábrica.
— Eles sabem que estamos aqui.
O tom frio de Shade não impediu Rider de se concentrar nos outros
monitores. Quando chegou ao da casa de Jo, seu sangue gelou.
Rider abriu a gaveta ao seu lado, tirando a Glock. Shade já segurava a
dele, olhando para o mesmo monitor que ele estava.
Era a casa mais indefesa de todas elas, a única sem persianas de aço ou
bloqueio automático, e neste momento continha os bens mais valiosos dos Last
Riders.
Cash, Trip e F.A.M.E receberam o mesmo texto em massa. Cash e Trip
estavam fora da casa de Jo, e F.A.M.E estava dentro, sentado na mesa ao lado
da janela. O único irmão que estava lá com elas não sabia que estava prestes a
morrer.
Perplexos, Rider e Shade assistiram quando Aly veio por trás de
F.A.M.E e quando ele saltou da sua cadeira. Ela havia puxado uma arma
debaixo de sua camisa volumosa e disparado dois tiros na parte de trás da
cabeça de F.A.M.E.
Rider sufocou a dor da perda. Ele ficaria triste tanto por F.A.M.E
quanto por Driver mais tarde. Neste momento, era imperativo recuperar o
controle da situação.
Com frieza e precisão, Rider deu suas instruções a Shade.
— Eu vou apertar o botão de atraso, então, mesmo que eles entrem, eles
não estarão esperando por você.
Enquanto os olhos de Rider passavam de tela para tela, ele abriu a
gaveta da direita e tirou um conjunto de chaves, jogando-as para Shade.
— Pegue minha moto. Não ligue até a porta da garagem começar a
abrir. Há outro bandido vindo pelo lado da casa de Viper. Você vai enfrentar
quatro. Vá agora,irmão, salve nossas mulheres.
Rider esperou até que Shade estivesse sentado na moto que ele
planejava retirar no dia seguinte, pois estava atrapalhando Rachel. Então ele
apertou o botão da porta da garagem, ouvindo o som da motocicleta enchendo
o ar enquanto passava.
Shade começou a disparar nas pernas dos atacantes assim que a porta
estava na altura de seus joelhos. Ele recarregou, depois disparou, acertando o
último em pé. Shade continuou a atirar nos quatro homens enquanto saía da
garagem, certificando-se de que nenhum deles se levantaria.
Rider assistiu quando Shade colocou seu pé de apoio no chão para
evitar que a moto caísse quando ele fez a curva acentuada da garagem e
entrou no estacionamento.
— Mais rápido, Shade, mais rápido... — Rider só podia sentar e assistir
enquanto Shade se debruçava sobre sua motocicleta quando dois dos três
bandidos correram até ao final da varanda da frente e se inclinaram sobre o
corrimão para atirar em Shade.
Quando a moto desviou, Rider sabia que uma das balas o atingira. Ele
prendeu a respiração até que Shade entrou na estrada principal, agradecendo a
Deus que não vinha nenhum carro enquanto os bandidos correram para o
outro lado da varanda para continuar atirando atrás dele.
Rider parou de observar quando viu que Shade tinha feito a curva e
estava fora de vista. Finalmente, capaz de atender seu telefone que esteve
tocando durante tudo isso, ele pegou, sabendo quem era.
— Três bandidos estão no terreno. Dois na frente.— Rider digitalizou
as telas novamente. — Um na porta dos fundos da casa de Shade. Um se
movendo em minha direção. Vou pegá-lo. Em dez, liberarei sua porta dos
fundos. Você pega os dois na varanda da frente. Lucky e Razer estão na
casa. Lucky vai pegar o da casa de Shade.
Enquanto passava instruções a Viper, ele ficou com sua Glock na
mão. Rider deu outra olhada nos monitores enquanto contava os dez
segundos, depois abriu a porta de Viper, trancando-a atrás dele imediatamente
quando ele passou.
Ele ligou para Lucky sem olhar para o telefone enquanto se movia para
a porta da sala de segurança. Ele a abriu quando Lucky respondeu.
— Um suspeito na parte de trás da casa de Shade, movendo-se para a
esquerda. Ele está correndo em direção ao clube. Atire nele quando ele virar a
esquina.
Rider viu seu próprio bandido tentando levantar um dos homens que
Shade havia atingido. Rider levantou a arma enquanto caminhava em direção
a ele. O criminoso o viu e tentou levantar sua arma muito tarde. Rider o
atingiu no coração.
Movendo-se rapidamente, Rider então chutou os cinco cadáveres para
longe da porta da garagem, de modo que fechasse completamente, apertando
rapidamente o botão para fechá-la quando ficou livre.
Correndo de volta para a sala de segurança, vendo que Lucky estava
lidando com o último dos bandidos, ele examinou os bosques ao redor para se
certificar de que não havia ninguém nas sombras que precisassem
eliminar. Satisfeito, ele voltou seu foco para o quintal de Jo, onde Shade estava
chegando.
Cash tinha corrido para a porta da frente, da última vez que ele olhou,
mas agora ele tinha recuado se posicionando atrás de um carro a três metros
de distância. Rider entendeu o porquê, quando viu que Aly tinha pisado no
corpo de F.A.M.E, indo até à janela ao lado da mesa. Ela deve ter gritado um
aviso a Cash, ameaçando matar as mulheres.
A cadela falou sério, também. Ela fez com que Rachel sentasse em uma
das cadeiras na mesa, em seguida, fez Lily sentar na outra, em frente a
ela. Parando ao lado, Aly baixou as persianas para que os homens lá fora
vissem sombras, e não quem era quem.
Vendo Lucky e Viper chegarem à porta da garagem, ele abriu e fechou-
a uma vez que passaram. Rider digitou o número de Shade em seu telefone
celular quando os dois homens atravessaram a porta. Quando viram que ele
tinha o telefone no ouvido, ficaram em silêncio.
— O lado de fora está limpo. É só lá dentro. Lily está na cadeira mais
próxima da porta, Rachel do outro lado. Aly tem o resto das mulheres de pé
em uma fila do outro lado da porta contra a parede da frente. Qualquer tiro
nessa direção acertará uma delas. Ela tem duas armas. Uma Glock 27, a outra
45. Knox está a caminho com Greer. Posicione Knox na entrada da
propriedade. Ninguém entra ou sai, a menos que seja um de nós.
Rider sentou-se, rolando a cadeira para a frente enquanto fazia um
gesto para Viper e Lucky ajudarem na vigilância, certificando-se de que as
outras casas e o clube ainda estavam seguros.
Colocando o telefone no viva-voz, ele o largou sobre a
mesa. Concentrando-se no interior da casa de Jo e sua propriedade, ele deixou
para os outros homens se certificarem de que os outros membros estavam
seguros.
— Shade e Greer para o Cavalier preto. Circulem o Cadillac bronze que
está em cima de dois outros carros. Vire à direita no Fiat vermelho. Isso o
colocará atrás da casa de Jo. Deixe-me saber quando você estiver posicionado.
— A área está limpa aqui. Você quer que eu envie mais homens para
Knox?— Perguntou Shade.
— Moon está a sessenta segundos daqui, envie-o para a casa de Shade e
o deixe entrar,— Rider respondeu, priorizando quem ele queria no lugar.
Ele esperou que Shade assumisse a posição. Qualquer erro de cálculo
em seu plano, e haveria um banho de sangue dentro da casa de Jo. Havia
apenas dois homens no mundo em quem ele confiaria para salvar suas vidas.
Pelo canto do olho, viu a tela que continuava tentando distraí-lo.
— Lucky, ligue para Killyama e diga que são Hammer e Train
chegando. Ela está prestes a atirar em um deles.
— Eu estou em posição,— a voz de Shade veio pelo telefone.
— Mantenha sua posição— , Rider ordenou a Shade sem respirar, então
deu a próxima ordem voltando a respirar. — Viper, ligue para Gavin e me dê o
telefone.
Rider ergueu a mão no ar, observando cada movimento que Aly
fazia. O telefone estava na mão dele em um segundo.
Rider ouviu Gavin responder o telefone.
— Você está bem?
— Eu estou bem. O que você precisa?— Ele perguntou.
— Preciso que você salve minha mulher para mim. Você pode fazer
isso?
— Deixe Shade ou Viper...
— Viper vai abrir a porta da frente em dez segundos, e então você vai
levar sua bunda para a casa de Jo e salvar minha Old Lady. Você me deve
isso! Você me ouviu, porra?
Foi a primeira vez desde que ele iniciou sua carreira militar que ele
havia chegado perto de perder a calma.
— Eu te escutei.
— Bom.— Rider baixou a voz de volta ao normal. — E desta vez, não
foda tudo.
Capítulo 41

— Se você se mexer, eu vou atirar nas duas ao seu lado.


A ameaça de Aly fez Jo enrijecer suas pernas trêmulas, assim nem Beth
nem Willa seriam forçadas a pagar com suas vidas por ela não conseguir se
controlar. Reunindo sua coragem, ela tentou pensar em qualquer coisa que
pudesse distrair a mulher que tinha duas armas apontadas para suas costas.
O riso que tinha preenchido a pequena casa tinha se transformado em
gritos de terror quando Aly tinha se aproximado por trás de F.A.M.E e atirado
nele, não só uma, mas duas vezes. Que ela fosse capaz de cometer tal violência
a atordoou.
A princípio, ela não pôde acreditar em seus próprios olhos, apesar das
mulheres tentando fugir em direção à porta. Quando uma bala passou
raspando por Beth que tentava pegar a maçaneta da porta, as mulheres
haviam congelado, seguindo as ordens de Aly para parar. Ela ordenou então a
Lily e Rachel que sentassem à mesa e abaixassem as persianas antes de forçá-
las a se alinharem em frente à parede que tinha as janelas direcionadas para o
ferro velho.
— Você deveria fugir. Os Last Riders vão matá-la.— Mag rolou sua
cadeira de rodas ao redor do corpo de F.A.M.E, indo até o fogão.
— Eu disse para não se mover.— Aly caminhou até Mag, colocando
uma das armas na cabeça dela. Rachel começou a se levantar, mas quando Aly
virou seu olhar repleto de ódio para ela, se recostou novamente.
— Não,— Beth sussurrou para ela quando Jo começou a se virar para ir
até Mag.
Jo se acalmou, não querendo começar uma reação em cadeia que
poderia prejudicar as mulheres ao seu lado.
Aly não deixou de notar que ela estava prestes a interceder.
— Eu não deixaria que ela se movesse, Beth. A vida que você está
poupando pode ser a sua.
— A menos que você queira poupar o trabalho dos Last Riders de nos
tirar daqui com a fumaça, preciso apagar esse frango— aconselhou Mag, nem
sequer abalada com a arma apontada para ela.
— Desligue.— Aly deu um passo atrás, dando a Mag espaço para ir ao
fogão.
— Aly, por favor, pare. Você não vai escapar disso.
— Oh, mas eu vou. Escapei do assassinato dos meus pais, não é?— Ela
se gabou.
— Deus, Aly. Porquê?— Jo sentiu como se um abismo tivesse aberto
embaixo dela e ela tivesse sido sugada para dentro.
— Eu precisava de dinheiro, e eles se recusaram a me dar mais. Eu
queria que eles vendessem sua casa para não perder meu negócio, eles se
recusaram. Eles estavam velhos, mal podiam cuidar de si mesmos, porque eles
precisavam daquela casa? Eu tive que vender meu negócio, então o mínimo
que poderia acontecer com eles era perder sua casa. Claro que eles não sabem
que eu a vendi, eles estão mortos. Mas eles acreditavam na vida após a morte,
então tenho certeza que eles sabem o que eu fiz e consegui o dinheiro de suas
apólices de seguro também. Felizmente para mim, eles tinham uma cláusula
de indemnização dupla por mortes acidentais.
Aly zombando de seus pais mortos enviou um arrepio de terror pelas
costas de Jo. Se Aly pôde matar seus próprios pais, ela não hesitaria em matar
todas elas.
— O que você tem a dizer sobre isso, Jo? Você está finalmente
entendendo que, se você não fizer o que eu digo, vou matar todas vocês?—
Ela zombou.
— Eu diria que você está mais louca do que um carrapato em uma sala
cheia de cachorros.
Aly caminhou até Mag, levantando a arma e golpeando Mag na
bochecha.
Quando a cabeça de Mag foi jogada para trás com a força do golpe,
todas as mulheres se moveram ao mesmo tempo, independente do medo de
serem baleadas. Rachel gritou, e Lily pegou seu braço quando ela tentou ir até
Mag, empurrando suas costas para a cadeira.
Aly empurrou a cadeira de rodas de Mag para que ela pudesse ficar
atrás dela, pressionando ambas as armas nas têmporas de Mag. — Voltem!—
Ela grunhiu.
As mulheres recuaram, voltando à posição que Aly queria que elas
ficassem. Rachel foi a última a se mover. De pé junto à cadeira, a ruiva se
eriçou de raiva.
— Você vai morrer quando Cash descobrir que você lhe tocou.
— Vocês, vadias estúpidas, não conseguiram entender? Os Last Riders
não virão lhes salvar! Eles estão todos mortos!— Ela olhou para elas com falsa
piedade. — Vocês acham que eu esperei todo esse tempo para tê-las onde
queria sem saber que escaparia impune?
Jo sentiu Beth agarrar sua mão com o anúncio de Aly. Ela estendeu a
outra mão para Willa pegar. A convicção nas palavras de Aly a fez não se
importar se o abismo a engolisse. Sem Rider, ela não queria viver.
— Cash não está morto, e tampouco Trip. Eles estão bem ali fora.
— Ainda não, mas eles serão quando Curt e sua família chegarem
aqui. Eles estão planejando uma grande festa para vocês senhoras, e para
renovar velhos relacionamentos. Não é verdade, Jo?
— Curt e eu nunca tivemos um relacionamento. Ele e seus primos me
estupraram.
— Ele não precisava te estuprar. Você estava constantemente
perseguindo-o com esses grandes olhos de vaca, implorando-lhe que notasse
você. E quando ele fez, você começou a abrir a boca sobre o que ele e seus
primos fizeram com você. Nenhum policial apareceu para prendê-lo,
apareceu, Jo? Porque não aconteceu.
Seu discurso furioso fez Jo se preocupar com Mag. A idosa ainda não
parecia ter recuperado os sentidos, e seu rosto enrugado estava abatido e
flácido.
— Ele não tinha porque te estuprar. Ele tinha tudo o que queria de
mim. Você o provocou quando Justin e Tanner deixaram você convencê-los a
encontrá-la na sala de armazenamento.
Jo só podia balançar a cabeça com os delírios da mulher perturbada.
— Ele pode ter lhe contado isso, mas você sabe que não é a verdade—
disse Jo simplesmente. Você não poderia argumentar com uma mulher louca, e
Aly estava claramente doente.
— Não importa mais. Eu superei Curt há muito tempo,— Aly
zombou. — Eu mudei o foco para homens maiores e melhores. Você
também. Se eu não soubesse o que Curt tinha em mente para todos eles, eu
poderia ter decidido ficar por mais tempo. Se eu não achasse que seria muito
suspeito fodê-los logo após a morte de meus pais, em vez de ficar morrendo de
tédio naquela porcaria de porão, eu teria fodido todos eles.
Aly afastou as armas da cabeça de Mag. O alívio de Jo foi de curta
duração, porém, porque Aly moveu as mãos para as alças da cadeira de rodas
de Mag e inclinou-a para frente, derrubando a velha em uma pilha ao lado do
corpo de F.A.M.E.
Quando Rachel tentou se ajoelhar ao lado de Mag para verificá-la, Aly
enfiou uma das armas no cinto de suas calças para puxar Rachel para cima
com a outra arma apontada para a cabeça dela.
Usando o cabelo de Rachel, ela a colocou de volta na cadeira. —
Sente!— Soltando-a, ela recuperou a arma sentando-se na cadeira na sala de
estar ficando de frente para a fila de mulheres.
Jo só podia olhar para a mulher que ela nunca esperou que carregasse
tanta feiúra dentro de sua alma.
— Oh, por favor. Não me olhe assim, Jo. Todas vocês não são nada além
de hipócritas assustadoras. Holly, você seqüestrou uma criança e bancou a
mamãe dele como se sua mãe não tivesse existido. Rachel, você e Sutton agem
como se fossem melhores amigas agora, mas quando ela largou Tate para ir ao
baile com Cash, onde estava a sua lealdade familiar então? Vocês ficam todas
paradas, como se eu tivesse um parafuso solto, mas todo mundo anda ao redor
de Lily como se ela fosse feita de vidro. Todas vocês sabem que ela é tão louca
quanto um pássaro lunático.
— Não, ela não é.— Jo tentou soltar as mãos de Willa e Beth. Ela tinha
aguentado o suficiente dos insultos de Aly.
— Sim, certo.— Aly franziu os lábios com desprezo. — Assim como
Diamond não é louca por comprar uma ilha porque tem medo de
zumbis. Conselho de um sábio, Dia. Se você tem medo de algo, não assista
filmes sobre eles.
— Não me chame de Dia.— Diamond olhou fixamente para ela. —
Você está se divertindo, Aly? Apontando essas armas para nós enquanto você
nos rebaixa? Não há uma mulher aqui que não tenha sido legal com você.
Você chantageou Jo para conseguir que ela fizesse o que você queria. Quando
sua casa queimou...— Os olhos de Diamond se arregalaram quando o mesmo
pensamento atingiu todas elas. — Você queimou sua própria casa, não foi?
— Eu nunca conseguiria vender aquela casa velha. Pelo menos, não
pelo mesmo valor que recebi do seguro.— Aly colocou uma de suas armas no
colo quando pegou o celular. Então ela trocou os dois itens, pegando a arma
novamente para apontá-lo para Rachel e Lily.
Jo a viu dar rápidas olhadas nervosas para o telefone.
— Qual é o problema, Aly? Curt está atrasado?— Jo chamou sua
atenção para ela e as outras duas mulheres.
— Eu não estou preocupada. Ele estará aqui.
— Quão atrasado ele está? Alguns minutos? Uma hora?
— Cala a boca, Jo. Beth e Willa têm filhos; você não quer deixá-los sem
mãe, não é?
— Eles vão ficar órfãos de mãe independente disso, se você não puxar o
gatilho, Curt o fará. Eles não têm intenção de nos deixar viver, não é?
— Isso não é problema meu. O último dos meus problemas foi
solucionado na semana passada, quando o doce casal comprou aquele pedaço
de terra no qual planejam construir sua casa.
— Se isso é verdade, por que você não pegou o dinheiro e partiu? Você
precisa ter uma sala inteira de mulheres mortas na sua consciência? Apenas vá
embora. Seu carro está estacionado lá fora. Não vamos impedi-la de partir.
— Eu devia a Curt por me ajudar a fazer com que a morte dos meus
pais parecesse um acidente e por incendiar minha casa. Ao contrário de você,
eu pago minhas dívidas.
— Eu paguei o que meu pai devia.— Jo não acreditava que ela pudesse
odiar tanto alguém quanto odiava Curt, Justin e Tanner. Aly, no entanto, tinha
ido para o topo de sua lista.
— Você teria, se eu não a tivesse incitado a fazer Rider se interessar por
você— Aly zombou. — Curt e eu matamos dois pássaros com uma pedra com
esse golpe de mestre.— Aly zombou, inclinando-se para frente na cadeira. —
Você realmente vai apreciar isso...
Jo prometeua si mesma não reagir ao que Aly estava prestes a contar. A
mulher venenosa estava se alimentando de seus medos com as revelações que
ela estava divulgando.
— Seu pai nunca deveu aos meus pais aquele dinheiro. Lyle
tornou tão fácil para mim e Curt. Ele sempre gostou de beber em lugares
diferentes. Curt foi inteligente o suficiente para não ir ao Rosie e pegá-lo
lá... Ele gostava de beber em Jamestown nos fins de semana. O bar que Lyle
gostava de ir não tinha um Mick lá para cuidar dele.
— Eu conheço a assinatura do meu pai...— Apesar de sua promessa,
cada palavra que Aly pronunciava estava esfiando uma faca no seu coração.
— Era a assinatura de seu pai, mas ele estava bêbado como o inferno
quando assinou aquilo. Curt e eu ainda nos mijamos de rir sobre isso. Claro,
eu tive que guardar esse segredo por um tempo por um bom motivo. Algumas
coisas tinham que acontecer primeiro.
As mãos de Beth e Willa apertaram as dela, dando-lhe o apoio que
precisava para não atacar a mulher, independentemente do destino
dela. Apenas a certeza de que Beth ou Willa pagariam o preço, fez com que ela
fortalecesse sua determinação de não deixar Aly saber o quão mal ela se sentia
pelos golpes que estava levando.
— Você teve que esperar que meu pai morresse.
Aly assentiu. — Curt ajudou com isso, também. Ele manipulou o pedal
do freio para que não funcionasse. Ele era o bêbado da cidade. Nem mesmo
verificaram se foi uma falha mecânica. Você estava tão quebrada. Eu sabia que
você teria que procurar ajuda para pagar o empréstimo, então eu lhe dei um
pequeno impulso na direção certa. Essa foi a ideia brilhante de Curt. Ele disse
que todos os Last Riders tinham dinheiro. Eu tive que dar um jeito de entrar lá
para encontrar o bode expiatório que iria financiar minha nova vida. Eles
tornaram tão fácil para mim quando descobri que os Last Riders estavam
tentando empurrar Rider na sua direção.
— Eu não entendo. Se a única coisa que você e Curt queriam era
dinheiro, por que atacar os Last Riders? Por que machucar as mulheres?
— Vamos, Jo. Você de todas as pessoas deve saber o porquê.— Aly
olhou para o seu telefone novamente, pressionando a tecla iniciar. Jo sabia que
ela estava verificando o horário. — Porque Curt é um filho de puta vingativo,
que é outra razão pela qual eu tive que ficar até ao final do plano. Que,
infelizmente, para vocês, senhoras, não as incluíam originalmente ou aos Last
Riders sendo reduzidos a pó, até Rider ter enlouquecido Curt, demitindo-
o. Então, não coloque a culpa em mim, culpe Rider. Não haverá ninguém de
pé quando Curt chegar aqui. Eles não deixarão nenhuma testemunha. Sorte
minha, mas não posso dizer que sinto muito por qualquer uma de vocês.
— Sinto muito, Aly. Na verdade, eu sinto pena de você e Curt. Vocês
dois planejaram isso por anos, enquanto você poderia ter aproveitado sua
vida. Mesmo que Curt e sua família tenham sucesso em matar todos os
homens e mulheres que pertencem aos Last Riders em Treepoint, a seção de
Ohio não vai parar até descobrir o que aconteceu. Você, Curt, e qualquer
membro da família que participaram disso não conseguirão correr rápido o
suficiente.
Aly se moveu com desconforto na cadeira, pegando o telefone e
pressionando os botões antes de colocar o telefone na orelha.
Jo lhe devolveu o olhar de compaixão que Aly lhes havia dado quando
sua confiança aumentou com a adrenalina de tomá-las como reféns.
Catastroficamente para Aly, ela havia subestimado os Last Riders.
Jo virou a faca imaginária que Aly usou para esfaqueá-la quando
confessou o assassinato de seu pai, mergulhando fundo, profundamente em
Aly.
— Curt não vem, Aly. Ele nunca teve intenção de aparecer. Ele nunca
faz seu próprio trabalho sujo. Ele deixa sua família fazer isso por ele. Ele
provavelmente está em um bar ou em uma loja, a quilômetros de distância
daqui, certificando-se de que esteja sendo visto e tenha muitas testemunhas
para apoiá-lo.
— Ele está vindo!— Gritou Aly, batendo o telefone de volta no colo.
Jo temia que uma das armas disparasse. Pela maneira que as mãos das
mulheres que ela estava ameaçando estavam tremendo, ela sabia que temiam
o mesmo. A tensão entre as mulheres estava carregada de medo. Diamond e
Holly estavam grávidas, e o medo em seus olhos pela segurança dos bebês era
evidente. As mulheres ao lado delas estavam um passo à frente, tentando
bloqueá-las se Aly começasse a atirar.
— Leve-me, Aly— implorou Jo. — Use-me como garantia. Rachel pode
ligar para Cash e pedir-lhe para nos deixar passar. Você pode colocar a arma
na minha cabeça. Não vou resistir. Por favor, Aly. Estou implorando a você.
Aly riu dela. — Você como garantia? Isso é uma piada, certo? Eu matei
um deles. Rachel mesmo disse que o que fiz com Mag foi suficiente para ser
morta.
— Cash não saberá até estarmos longe. Rachel não vai dizer nada.
Certo, Rachel?
Rachel, que tinha deslizado sua cadeira para a frente o suficiente para
que pudesse pegar a mão da avó de Cash, olhou para Aly. — Eu não direi
nada.
O rosto de Aly ficou pensativo. — Não vai funcionar com você como
refém.— Ela estreitou os olhos para Rachel. — Mas ele não vai atirar em sua
própria esposa, vai, Rachel?
— Não, Cash não faria isso— , Rachel concordou, sem fazer nenhum
esforço para esconder a aversão que ela evitou colocar em sua resposta.
— Você não está levando Rachel. Me leve, ou você pode sentar aqui até
que os policiais venham buscá-la. De acordo com você, vamos morrer de
qualquer maneira. Ainda há tempo para escapar. Pegue a única chance que lhe
resta,— implorou Jo.
— Mais uma palavra da sua boca grande e eu vou atirar em você.—
Aly fixou seu olhar em Jo enquanto tentava chamar Curt novamente.
Quando Curt não respondeu, Aly levantou-se, estudando o rosto de
todas as mulheres. Jo sabia que ela estava encarando a face da morte. Aly não
iria deixar ninguém sair vivo para repetir os detalhes dos assassinatos que ela
e Curt tinham cometido.
Jo estava prestes a olhar para Beth para se despedir quando parou
supreendentemente atordoada, vendo Jewell saindo do quarto de seu pai,
esfregando os olhos sonolentos.
— A comida está pronta? Estou faminta…
Ao som da voz de Jewell vindo de trás dela, Aly virou em
parte, apontando uma arma para Jewell e outra para as mulheres à porta.
— Não se mexa!— Aly gritou, deixando cair o celular no chão.
As mãos de Jewell se ergueram, o rosto dela uma máscara de terror. Jo
não conseguia entender como Jewell tinha vindo do quarto do seu pai. Ela
estava tão absorvida na aula de culinária que ela não tinha visto Jewell chegar.
Demorou alguns segundos para ela perceber que Jewell deveria ter subido
pela janela do quarto. Jo não sabia como, a janela tinha sido pintada tantas
vezes que, na última vez que tentou abri-la, desistiu derrotada.
— Você esteve lá o tempo todo?
— Sim. Eu estava cansada, então Jo ofereceu para me deixar tirar uma
soneca até que a comida estivesse pronta— explicou Jewell.
— Vá para lá. Fique entre Diamond e Sutton.— Aly observou
atentamente enquanto Jewell passava por ela.
Aly se moveu até ficar de frente para as mulheres novamente, mais uma
vez de costas para o corredor. Ela baixou os olhos para o seu telefone, em
seguida, para as mulheres. Justamente, quando seus olhos se fecharam sobre
elas, seu telefone celular tocou.
Jo conseguiu manter seu rosto impassível, não querendo alertar para o
fato de que havia dois homens silenciosamente andando tão rápido pelo
corredor, que, se ela tivesse piscado, teria perdido.
Gavin chegou até Aly antes que ela pudesse levantar os olhos. Quando
Shade passou correndo por elas, Jewell se virou, abrindo a porta, em seguida,
conduzindo as mulheres para fora da casa.
Jo só teve tempo de ver Shade empurrar Rachel e Lily de suas cadeiras
em direção à porta, usando seu corpo como um escudo para as balas que Aly
poderia disparar antes que Jewell a empurrasse para fora da porta.
Rachel não conseguiu sair da varanda antes que Cash a pegasse. O resto
das mulheres não chegou muito mais longe antes que homens
desconhecidos, vestindo coletes as cercassem.
— Vão para trás do caminhão de reboque, em seguida, sigam em
direção à garagem— Cash lhe ordenou quando a viu hesitar em ir com um dos
homens. — São os Blue Horsemen. Está tudo bem, Jo. Eles são nossos
amigos— ele assegurou.
Ela finalmente conseguiu reunir inteligência suficiente para deixar o
homem pegar seu braço e levá-la para a parte de trás do caminhão. A última
coisa que viu antes do caminhão bloquear sua visão foi Greer correr para
dentro.
Capítulo 42

Jo cruzou os braços sobre o peito, tentando manter-se aquecida. Depois


desta noite, ela sempre manteria uma jaqueta extra em sua garagem.
Ela ficou de lado, incapaz de tirar os olhos das mulheres se reunindo
com seus maridos. Tate tirou a jaqueta, colocando-a em torno dos ombros de
Sutton enquanto ela chorava no seu peito. Cash tinha envolvido os braços em
torno de Rachel, praticamente fechando-a em sua jaqueta enquanto ela
implorava que ele a deixasse voltar para dentro da casa. Holly, como ela,
estava sozinha, observando os casais ao seu redor.
As mãos frias de Jo tremiam quando viu Knox invadir a garagem, o
homem grande quase deixou a garagem insignificante com sua aparência. Jo
teve que desviar o olhar quando seus olhos penetrantes encontraram o rosto
de Diamond, depois caíram para a barriga saliente, como se assegurando que
seu bebê estava seguro e confortável, exatamente onde era suposto estar. Ele
era o único com lágrimas nos olhos quando ele a levantou cuidadosamente em
seus braços trêmulos.
Lily estava flanqueada por dois Blue Horsemen enquanto esperava que
Shade entrasse na garagem. Quando o fez, Jo soube que qualquer um dos
medos de Lily dele se afastando estava em sua imaginação. Shade amava Lily
com um amor amplificado que Jo não achou que ela compreendia. Na casa, ele
teve a certeza de que seu corpo bloquearia qualquer bala. Se Aly fosse matar
outra pessoa, não seria Lily.
Sentindo-se como se estivesse roubando seus instantes vulneráveis,
embasbacada, Jo olhou para longe para ver Lucky entrar, beijando Willa entre
orações de agradecimento a Deus por sua segurança e dizendo-lhe o quanto a
amava. Jo também deu graças a Deus. Se o celular de Aly não tivesse tocado
naquele momento, uma ou mais não estariam na garagem entre eles.
— Você está bem?— Holly cruzou os braços sobre o peito, tremendo
tanto quanto ela.
— Sim. E você?
Holly assentiu enquanto Greer entrava na garagem. Seu marido parecia
estar prestes a vomitar a qualquer momento.
— Vamos. Dustin está lá fora— ele disse a Holly enquanto envolvia um
cobertor ao redor dela.
— Você deveria ter enviado Dustin para me pegar.— Holly
repreendeu, sorrindo para o marido.
— Eu não preciso de ninguém cuidando da minha esposa, além de
mim.— Ele franziu o cenho. — Esta é a última vez que você me deixa em casa
sozinho enquanto sai farreando por aí.— Ele correu uma mão possessiva
sobre seu estômago saliente que era do mesmo tamanho que o de Diamond.
— Eu não estava farreando por aí— , Holly protestou com um sorriso
terno enquanto se aconchegava mais a seu lado.
— Você estava em casa?
— Não.
— Então você estava farreando por aí.— Greer usou o mesmo tom de
voz mal-humorado de sempre, mas o brilho em seus olhos era de puro
amor. — Vamos, Tate.
Os dois casais saíram.
Jo estava ficando com mais frio a cada minuto. Tremendo, ela caminhou
até onde Knox e Diamond estavam parados quando seu telefone celular
tocou. Jo esperou com impaciência que a conversa unilateral terminasse antes
de bater no seu ombro.
— Knox... a ambulância com Mag já saiu? Você sabe como ela está?
— A ambulância já a levou. Eu a ouvi xingando o motorista para ir mais
devagar, por isso estou certo em dizer que ela está bem. Podemos ir
agora. Trip e Viper estão aguardando a chegada do legista. Eles trancarão sua
casa para você.
— E quanto a Aly? Ela foi presa?
— Aly não sobreviveu. Quando Gavin tentou desarmá-la, uma das
armas disparou e atingiu o coração dela.
Jo franziu a testa, andando ao lado de Diamond quando saíram da
garagem.
Um SUV que ela reconheceu parou ao lado. Knox foi para a porta
traseira do veículo de Razer e ajudou Diamond a entrar quando Razer saltou,
correndo até à garagem quando Beth saía.
A reação comovente de Razer espalmando o rosto de Beth enquanto ela
soluçava ao ver seu marido era uma que ela nunca esqueceria. Ela não
conseguiu ouvir suas palavras quando ele pressionou sua testa contra a dela,
mas ela não precisava. Jo sabia que ele estava falando sobre o quanto ele a
amava.
Knox pegou seu braço. — Você está congelando. Entre, Jo.
Ela entrou na terceira fila de assentos para que Knox e Diamond
pudessem sentar-se juntos, e uma vez que todos entraram, ela olhou pela
janela quando Razer passou pela sua casa. Vários Last Riders estavam do lado
de fora da porta da frente fechada. Jo estava aliviada por não ter que voltar
para lá ainda. Ela não sabia se podia com a memória de F.A.M.E e Mag no seu
piso.
— Nós vamos para a delegacia de polícia?— Ela levantou a voz para
que Knox pudesse ouvi-la.
— Não, vamos para o clube. Vou pegar o depoimento de todos pela
manhã.
— Mas Aly nos disse que Curt é a razão pelo qual meu pai
morreu. Você precisa prendê-lo...
— Jo, não há ninguém para prender. Curt está morto. A companhia
elétrica o encontrou. Ele explodiu um transformador para que os Last Riders
ficassem sem energia e eles pudessem atacar no escuro. Ele usou um cabo de
vassoura para explodi- lo...
— Como é que...
— O cabo da vassoura era de metal. Ele tinha sido pintado para parecer
madeira.
Jo começou a rir, ouvindo o limite da histeria em sua própria voz. — Eu
disse a Aly que ele não estava vindo. Eu simplesmente não sabia o quão
verdadeiro isso era.
— Razer, dirija para o hospital. Você precisa de um calmante— disse
Knox.
— Não!— Jo mordiscou o lábio para fazer-se parar de rir. — Eu não
quero ir ao hospital. Rider está bem? Algum dos parentes de Curt conseguiu
entrar no clube?
— Rider está bem. Ele está trabalhando. Mercury está esperando por
você no clube. Ela irá ajudá-la a se instalar no quarto de Rider. Ele irá até você
assim que puder.
— Então, ninguém foi ferido? Ele está bem?
— Rider está bem, apesar de estar chateado por ainda estar trabalhando
quando quer ver como você está.
— Eu não tenho meu telefone... Ele não pode me ligar.
— Ele não pode falar agora. Ele está contatando a família de
F.A.M.E. Ele serviu nas forças armadas com ele e passou algum tempo com
sua família. Ele queria ser o único a avisá-los.
Jo não invejava seu trabalho. Ela se lembrou de quando foi notificada
da morte de seu pai.
Quando o SUV de Rider parou na base dos degraus, Jo aceitou a mão
de Knox com gratidão quando ela saiu. Todo o seu corpo estava começando a
tremer.
Razer, Beth e Diamond permaneceram dentro do carro, esperando que
Knox voltasse para levá-los para casa. Killyama tinha ficado de babá para
Willa. Jo estava disposta a apostar que ela e Lucky abraçariam seu filho por
um longo tempo esta noite antes de colocá-lo na cama.
Diablo começou a abrir a porta quando ela e Knox se aproximaram, mas
Mercury a abriu antes que ele pudesse.
Knox parou para falar baixo com Diablo quando Jo entrou passando
por ele.
— Vou te levar para tomar um banho quente.— Colocando um braço
reconfortante sobre seus ombros, Mercury levou Jo para o andar de cima. — Já
coloquei um pijama e um roupão lá dentro. Você está congelando,
coitadinha. Se você precisar de alguma coisa, me avise. Estarei bem do lado de
fora da porta.
— Obrigada.— Entrando, Jo ligou o chuveiro antes de se
despir. Quando estava quente o suficiente, ela abriu a porta do box e entrou,
sentindo a água quente cair sobre ela. Quando ela levantou o rosto para o
spray, suas lágrimas começaram a cair, misturando-se com a água enquanto os
acontecimentos passavam por sua mente.
Ela se culpava por ter convidado aquela mulher para entrar na sua casa.
Odiava-se por permitir que Aly entrasse enquanto tentava fazer as pazes com
a mulher que detestava. A hospitalidade sulista que estava enraizada nela
desde o nascimento quase matou a todas.
Ela também se culpava por não reagir mais rápido quando Aly de
repente atirou em F.A.M.E. Sua culpa tinha feito Jo questionar a si mesma até
que se encontrasse na garagem, sem lembrar-se de como tinha chegado lá.
Afundando no piso, ela abraçou os joelhos, deixando a água cair sobre
ela até que ouviu Mercury batendo na porta.
— Jo, você está bem?
Jo levantou vacilante, desligando a água. — Vou sair em um minuto.
Com uma toalha, ela colocou um pijama rosa macio com corações de
São Valentim sobre eles. Encontrando uma toalha menor, ela envolveu seus
cabelos molhados antes de abrir a porta.
— Menina, eu estava me preparando para entrar lá atrás de você. Desci
as escadas e peguei um pouco de chocolate quente. Coloquei alguns
marshmallows para você. Você gosta de marshmallows? Eu gosto.— Mercury
levou o chocolate quente até ao quarto de Rider para ela, colocando-o em sua
mesa de cabeceira. Ajeitando a cama, ela ergueu os olhos cereja escuros para
os dela. — Você venha para a cama. Meu quarto fica bem ao lado. Se você
precisar de alguma coisa, jogue algo na parede.— Ela olhou em volta como se
estivesse procurando por algo que pudesse lhe dar para jogar.
— Eu não preciso de nada.— Jo sentou-se no lado da cama.
— Eu sei.— Mercury caminhou até à cômoda de Rider. Abrindo a
gaveta superior, ela tirou um tubo de bolas de tenis, pegando uma antes de
colocá-la de volta e fechar a gaveta. — Aqui está.
A amável preocupação da mulher fez com que Jo pegasse a bola dela.
— Tente dormir um pouco, e se você precisar de alguma coisa basta
jogar a bola.
— Eu vou. Obrigada.
— Estou feliz em ajudar.— Ela começou a ir para a porta, depois
voltou, dando-lhe um abraço reconfortante. — Eu estou contente que você
esteja bem.
Jo lançou-lhe um sorriso aquoso enquanto a soltava. — Obrigada. Eu
precisava disso.
— A qualquer hora.— Mercury apontou para o chocolate quente. —
Beba isso. Ajudará a aquecê-la.
— Eu vou.
Jo se sentou apaticamente depois que ela saiu, sem fazer nenhum
esforço para deitar ou beber o chocolate quente. Ela não conseguia
compreender como a noite tinha ficado tão confusa. Incapaz de entender isso,
ela finalmente pegou o chocolate morno, tomando-o enquanto tirava a toalha
da cabeça. Levando-a até o cesto no armário de Rider, ela foi até à cômoda
pegar a escova dele. Não encontrando, ela hesitou antes de abrir a gaveta para
ver se estava lá. Mercury não se preocupou em abri-la, então, por que ela
deveria? Ainda assim, não fez com que sua consciência culpada se sentisse
melhor, mas se ela deitasse sem escovar os cabelos, estaria um ninho de ratos
na parte da manhã.
Abrindo a gaveta, ela viu a escova entre os outros conteúdos
espalhados da gaveta. Ela ficou de pé, olhando para os itens antes de pegar a
escova e fechar a gaveta. Sentada na cama, ela escovou os cabelos, perdida em
seus próprios pensamentos.
Jo não sabia há quanto tempo estava sentada antes de perceber que seu
cabelo estava quase seco e seu copo vazio.
Colocando ambos na mesa de cabeceira de Rider, ela deitou, fechando
os olhos, indiferente por seu travesseiro ficar úmido de secar seus cabelos.
Aconchegando-se, ela mudou os travesseiros no escuro para o lado que
Rider sempre dormiu, curvando-se no colchão como se seu coração estivesse
quebrando. Ela ergueu os dedos para o colar que não tinha tirado desde que
ele o colocou, enrolando-os em torno do metal.
Enterrando o rosto no travesseiro, ela forçou seus dedos a soltar o
coração, deixando-o pendurado ao lado do pescoço.
Algumas fotos valiam mais que mil palavras, ela ia descobrir o que ela
valia pela manhã.

Jo empurrou a porta vaivém, indo para a cozinha. Ela encontrou mais


Last Riders do que esperava. Mal passava das seis. Ela tinha assumido que
ainda estariam dormindo ou acabando de acordar.
Mercury ergueu os olhos dos ovos mexidos lançando um olhar crítico
sobre ela.
— Serviram?
— Sim. Agradeço por ter me emprestado.
— Sempre que precisar. A maioria das roupas por aqui acaba nos
armários uns dos outros. Pegue um prato. A torrada está pronta e há bacon no
balcão.
— Não, obrigada. Vou pegar algumas frutas.
Havia uma grande tigela de frutas sobre o balcão. Pegando um
punhado de uvas, ela voltou-se para Mercury, observando-a cozinhar os ovos.
— Você conseguiu dormir?
Jo assentiu distraidamente, ficando ao lado do fogão. Ela se recostou no
balcão ao lado, de frente para a porta vaivém, observando os ocupantes da
mesa enquanto eles comiam.
— Viper, quando você terminar de comer, você se importa de me dar
uma carona ao hospital?
Jo sentiu os olhos curiosos de Winter pela sua pergunta.
— Rider está vindo da sala de segurança, ele pode.— Novamente, ela
assentiu.
Ela respondia sempre que Mercury fazia um comentário, mas, além
disso, ela ficou em silêncio, observando as interações entre aqueles que
estavam sentados lá.
Parecendo desconfortável, Beth deu a Winter um olhar cauteloso.
Pegando uma uva de sua mão, Jo mastigou lentamente, apreciando o
suco azedo enchendo sua boca.
— Você está bem, Jo? Eu posso preparar uma tigela de cereal ou de
aveia— ofereceu Willa, dando ao seu marido um olhar de canto e
questionador.
— Não, obrigada— ela respondeu educadamente.
— Há muito para escolher— Willa tentou convencê-la. As caixas de
cereais estavam alinhadas no balcão para que todos comessem no café da
manhã.
Jewell tirou o prato da mesa. — Você pode pegar minha cadeira. Eu
terminei— disse ela, levando seus pratos para a pia.
Jo esperou até que ela os tivesse largado antes de lhe dizer: — Jewell,
não posso agradecer o suficiente pelo que você fez na noite passada. Você nos
salvou.— Jo mordeu o lábio trêmulo. Endireitando os ombros, ela encontrou
seus olhos. — Aly poderia ter atirado em você quando a viu. Que você estava
disposta a sacrificar sua vida por seus amigos é um verdadeiro testemunho de
sua lealdade aos Last Riders.
Jewell tinha uma força de caráter que Jo sempre pôde ver. A mulher
nunca escondeu o quanto ela se importava com as pessoas que ocupavam a
sala.
— Eu também fiz isso por mim. As melhores cozinheiras do clube
estavam naquela casa. Foi autopreservação.
Com isso, ela foi buscar o copo de café da mesa e estava enchendo-o
quando Rider atravessou a porta vaivém.
Jo colocou outra uva na boca, observando cuidadosamente sua
reação. Seus olhos percorreram a sala, fixando-se nos dela. Caminhando em
direção ao balcão, ele foi ao armário pegar uma tigela, dando a Jewell uma
batida de punho quando passou por ela para colocar a tigela no balcão antes
de chegar ao seu lado.
Ela ficou rígida enquanto ele a puxava para dentro de seus braços.
— Bluebonnet, como você está?— Ele perguntou, passando a bochecha
ao lado da dela.
Jo controlou seu desejo de derreter em seus braços. Foi sua barba
cerrada roçando em sua pele que lhe deu forças para se afastar dele.
Afastando-se, ela pegou outro punhado de uvas, colocando uma em
sua boca.
— Estou bem. Quando você terminar de comer, eu gostaria de ir ao
hospital para ver Mag.
— Nós podemos fazer isso. Eu comerei rapidamente.— Rider olhou
curioso para ela quando voltou ao balcão para servir uma tigela de Cap'n
Crunch.
Indo até à geladeira, ela colocou o leite ao lado de sua
tigela. Concentrada nele, ela não tinha notado que a sala tinha ficado quieta.
— Posso te fazer uma pergunta?
— Claro — Rider assentiu com a cabeça em direção à mesa enquanto
servia seu cereal. — Nós temos que conversar sobre a noite passada de
qualquer maneira. É por isso que Knox e Diamond estão aqui. Ele sentiu que
seria mais fácil falar aqui do que na estação.
Jo sentiu os olhos de todos neles. Quando olhou na direção deles, eles
voltaram sua atenção para a comida.
Rider abriu o leite, derramando-o no seu cereal.
— Você me ama?
Sua mão tremeu, derramando o leite no balcão.
Jo olhou para a casca fina das uvas, pegando outra enquanto Rider foi
até ao suporte de toalha de papel. Voltando, ele examinou seu rosto, tentando
entender pela expressão dela o que se passava por trás da sua aparência calma.
— Vamos ao meu quarto conversar— disse Rider enquanto limpava a
bagunça que tinha feito com o leite, jogando as toalhas de papel no lixo antes
de tentar pegar seu braço.
Jo se afastou dele. — Eu não quero ir ao seu quarto. Quero que
responda a minha pergunta.
Ele estreitou os olhos para ela. — Você teve uma experiência
traumática. Devemos discutir isso em particular.
— Você já teve algum problema em ter relações sexuais na frente deles?
— Não.— Seu maxilar endureceu.
— Então você pode falar sobre seus sentimentos por mim na frente
deles. Você me ama?
— Não faça perguntas...
— Eu quero a resposta— ela afirmou, sem se importar que eles fossem o
centro das atenções.
Jewell levou sua xícara de café de volta à mesa, sentando novamente na
cadeira que tinha oferecido a ela. Lentamente bebericando seu café, observou a
tensão crescente entre eles.
— Não— Rider finalmente respondeu.
Jo assentiu. Ela percebeu isso sozinha ontem à noite. — Você sabe que
te amo.
— Sim.— Rider colocou a tigela de cereal intocada na pia. — Você me
disse na noite em que você ficou bêbada, mas eu sabia antes disso. Você usa
seus sentimentos em sua manga.
— Você ao menos gosta de mim, Rider?
— Eu me importo com você.
Ela viu o cintilar de algo atrás de seus olhos. Ela acreditou nele. Tanto
quanto ela sabia, sempre que ela lhe fizesse uma pergunta direta, ele
responderia com sinceridade.
— Uau. Obrigada. Eu me sinto muito melhor.— Jo virou-se para o
telefone que estava sobre o balcão. Rider não fez nenhum esforço para detê-la
quando ela digitou o número que sabia de cor.
Uma voz sonolenta respondeu: — Olá?
— Mick, estou nos Last Riders. Você pode me pegar? Estarei esperando
no estacionamento.
— Eu ia te levar.— Rider esperou até que ela desligou antes de tentar
colocar seu braço em volta dela. — Jo, o que aconteceu na noite passada foi
um traum...
— Pare de dizer isso!— Esquivando-se, ela se afastou dele até que o
comprimento do balcão os separasse. — Quando fui estuprada, aquilo foi
traumático. Sim, ontem à noite foi horrível, mas vou superar isso. E, se Deus
quiser, eu poderei superar todas as experiências que o futuro me reserva...—
Ela ergueu os dedos em torno de seu pescoço, tirando a corrente que ele havia
dado a ela no Dia dos Namorados. — E tal como as outras, vou superá-las sem
você.
Capítulo 43

Seus sentimentos feridos a fizeram se afastar dele sem olhar para


trás. Rider caminhou até à porta dos fundos, impedindo-a de sair.
— Jo, cada pessoa é diferente. Só porque eu não chamo de amor o que
sinto por você, não significa que eu não sinto isso.
— Não me enrole, Rider. Só posso aguentar até certo ponto. Eu fui
criada observando meu pai tentar ganhar o amor da minha mãe. Eu não vou
gastar o resto da minha tentando ganhar o seu.— Jo virou-se para a porta
vaivém, mas Rider rapidamente se moveu para impedir que ela passasse por
ali, também.
Vendo que ele estava determinado a fazê-la escutar, ela foi para trás do
balcão. Ele lançou a Mercury um olhar que a fez sair do caminho correndo.
Lily limpou sua voz. — Shade, devemos ir.— Levantando, ela estava
prestes a pegar John pela mão para fazê-lo se mover, quando Shade a puxou
para o seu colo.
— Eu quero terminar meu café. Se eu pegar a cadeirinha de Clint, ele
vai acordar.
Rider ignorou o que estava acontecendo atrás dele, procurando uma
maneira de salvar o relacionamento que ele sentia escorregar para fora do seu
alcance. — Não entendo o que te fez...
— Eu não sou uma missão militar que você pode resolver!— Ela gritou
para ele. — Você é um bastardo ardiloso.
Rider começou a contornar o balcão, querendo acalmá-la. A maneira
como ela estava olhando para ele estava estilhaçando o gelo envolvendo seu
coração.
— Jo...
— Pare com isso, Rider, apenas pare!— Ela se moveu para o outro lado
do balcão, ambas as saídas livres para ela, mas ela não tentou correr. Ela fez
exatamente o oposto. Apoiando as mãos no balcão, ela o confrontou com o
balcão entre eles. — Se não é amor o que você sente por mim, sobre o que
foram todos esses meses? Você não faz nada sem um motivo, então me diga o
que foi! Porque eu estava certa que o que havia entre nós era amor.
— Eu quero uma família.
— Isto é sobre ter filhos?— Ela levantou as sobrancelhas com
descrença.
— Não, eu vou deixar isso para você.— Ele percebeu que deveria ter
mentido quando viu sua pele ficar pálida. — Eu quero uma família, seja
composta por dois, três, quatro ou quantos você quiser. Eu ia...
— Deixar isso comigo— , ela terminou tristemente, desviando o olhar
dele. — Por que você quer uma família?
Ela estar cavando profundamente seu raciocínio lhe causou uma
centelha de desconforto, mas ele queria que ela soubesse a verdade, então,
quando ou se ela decidisse dar-lhes outra chance, ela saberia o que esperar. Era
uma abordagem fria, mas a alternativa era impossível para ele. Ele não iria
baixar sua guarda e amá-la. Ele falhou duas vezes, e não tinha coragem para
tentar novamente.
Ele estava prestes a responder quando Gavin entrou na sala.
— O que está acontecendo?— Ele parou, reparando a atmosfera tensa
na sala.
— Jo está dando o inferno a Rider— explicou Jewell, tomando seu café.
— Ah.
Rider ergueu uma sobrancelha quando o irmão sentou-se à mesa para
assistir.
— Você vai me responder?— Jo bateu as mãos no balcão para
recuperar a atenção.
— Eu quero o que eles têm.— Ele gesticulou para a mesa.
Jo virou a cabeça, examinando a sala. Então, ela resoluta contornou o
balcão para ficar em frente a ele.
— Você quer que eu lhe dê o que eles têm? Quer que tenhamos o que
eles têm?— Ela levantou os olhos cheios de lágrimas para os dele.
Os sentimentos que ela não fazia nenhum esforço em esconder não
estavam apenas estilhaçando sua determinação. Foi pior. Cada golpe dividiu e
abriu tentando perfurar seu coração ferido.
— Sim— ele apertou entre os dentes cerrados.
— O que você está vendo é amor, Rider. Um amor que, quando Cash
viu Rachel, não pôde esperar para tê-la em seus braços.
Rider olhou para o casal que estava sentado à mesa e de mãos
dadas. Suas cadeiras estavam encostadas para que ninguém pudesse entrar
entre elas.
As palavras de Jo arrancaram as camadas de proteção com as quais ele
havia se cercado quando se divorciara de sua primeira esposa.
— Um amor que pode fazer um homem do tamanho de Knox não ter
vergonha que todos na garagem vissem as lágrimas nos seus olhos quando viu
Diamond.
Rider deslizou o olhar para o casal sentado ao lado de Cash. O braço de
Knox estava em volta da cadeira da esposa, suas cadeiras tão próximas que ela
podia aconchegar-se ao lado dele.
— Um amor que pode fazer meu pastor agradecer a Deus pela
segurança de sua esposa e dizer ao mesmo tempo o quanto ele a ama.
Rider observou enquanto Willa acariciava a face de seu marido com a
descrição de Jo sobre o que Lucky tinha feito.
— Um amor que, quando Shade viu Lily, seu primeiro instinto foi
colocar seu corpo na frente dela, para que ela não se machucasse.
Os olhos de Rider deslizaram de Willa para Shade e Lily. Ela estava
chorando no ombro de Shade enquanto ele a apertava fortemente contra ele.
Lágrimas lentas deslizavam pelas bochechas de Jo enquanto ela o
forçava descaradamente a ver o que fazia as relações que ele tentava analisar e
encontrar o motivo que as tornava bem sucedidas e o motivo pelo qual a deles
não era amor. Fez surgir um nódulo na sua garganta.
O amor não poderia ser explicado, nem era algo que você poderia
medir sua profundidade ou os esforços que fariam pela pessoa que amavam.
— Killyama e Winter não estavam lá na noite passada, mas eu aposto
que Viper e Train se certificaram de que suas esposas não dormissem sem
dizer a elas o quanto eles as amavam.
Rider podia dizer pela expressão de Winter na mesa e de Killyama, que
estava sentada no sofá da sala em comum com Train, que eles tinham feito
isso.
— Esse é o amor que você está querendo, e esse é o amor que você está
deixando sair pela porta.— Jo limpou suas lágrimas, depois girou para o lado,
indo para a porta dos fundos.
— Não vá.— A voz que saiu da sua garganta não foi uma que ele
reconhecesse.
Jo agarrou a maçaneta da porta, sua testa caindo impotente contra a
porta como se estivesse lutando fisicamente e mentalmente para ir ou ficar.
Ele viu seus ombros caídos se erguerem enquanto virava a cabeça para
olhar para ele.
— Não se preocupe, você não vai sentir minha falta. Você tem
preservativos suficientes na gaveta superior da sua cômoda para se certificar
de que não estará sozinho. Claro, você terá que desenredar o colar que está
enroscado neles antes.
Rider estremeceu, preparando-se para outro golpe.
— Você certamente não vai sentir falta da minha comida ou de não me
lembrar de comprar seu cereal favorito. Você sabe o que é realmente louco?
— O quê?— Ele gritou.
— Eu te amo, e está me matando sair por esta porta. E em um mês, eu
sentirei o mesmo. Em um ano, continuarei a sentir o mesmo. Eu sentirei o
mesmo para todo o sempre porque esse é o tipo de pessoa que eu sou,
enquanto você é o tipo de pessoa que está me deixando ir. Assim como você
quase deixou Jewell ir. E se você não tomar cuidado, você também perderá
Gavin.— Jo limpou suas lágrimas, abriu a porta e saiu, deixando a porta se
fechar atrás dela.
Quando ela se foi, Rider voltou para a sala, seus olhos caíram nas caixas
de cereais. Sem pensar, ele as atingiu, fazendo-as voar. Os cereais se
espalharam por toda a cozinha.
— Vai ser uma bagunça infernal limpar isso.— Shade se esticou por
trás de Lily para colher o cereal do seu café.
— Eu já vi pior.
Willa começou a se levantar, mas Rider a deteve. — Eu vou fazer isso.
Quando ele foi até à despensa buscar a vassoura e a pá, ele pisou no
cereal a cada passo, ouvindo os mesmos sons quando retornou. Todos ficaram
sentados enquanto ele varria.
— Rider...— O suave sussurro de Lily o levou a levantar a cabeça,
expondo a expressão em seu rosto. — Vá atrás dela.
— Não posso... Eu não a mereço.
— O homem que nos salvou a noite passada merece uma mulher
assim— disse Shade, tirando um cereal de frutas roxo do cabelo de Clint.
— O Rider que conheço, que pegou Ema se esgueirando pela porta
quando eu estava tirando uma soneca, merece Jo— , Rachel disse, vindo da
sala de jantar com Cash.
— O homem que salvou a minha sanidade e a de Viper quando Aisha
teve cólica cantando 'This Is The Way Ladies Ride' até que eu não soubesse o que
era pior, a cólica ou Rider cantando aquela música, merece Jo.
— A música— , disse Viper, levantando a mão de Winter em seus
lábios.
— O homem que salvou inúmeras vidas durante o seu tempo nas forças
armadas, deixando os outros receber as medalhas que ganhou, merece uma
mulher como Jo.— Train levantou do sofá, enquanto os outros homens
estavam mostrando um respeito que valia mais para ele do que um milhão de
medalhas.
— Pessoalmente, acho que ele merece uma mulher como Jo porque ela
foi a única de vocês, cadelas, que viu através desse filho da... —Killyama fez
uma pausa, quando os homens se sentaram novamente, exceto Gavin,
pegando um cereal azul sobre a almofada atrás do ombro de Train e colocando
em sua boca enquanto olhava a expressão boquiaberta de John — ...mãe.
Rider terminou de varrer o cereal formando uma pilha. Ele estava
prestes a se curvar quando Gavin pegou a pá.
Ele posicionou-a para que Rider pudesse varrê-los para ela, dizendo: —
Nenhum outro homem merece encontrar o amor mais do que você. Você
pagou por defender o nosso país de uma forma que poucos homens teriam a
coragem de fazer. E como se isso não bastasse, exigiu mais ainda quando você
saiu. É hora de cortar os laços que o prenderam por todos esses anos. Você se
sacrificou o suficiente... É hora de você viver e lutar uma última batalha por
você mesmo.
O rosto de Rider obscureceu. O homem despreocupado que sempre
usava um sorriso ou a sedução agora tinha desaparecido, e eles conseguiram
vislumbrar o desespero por trás do disfarce com o qual ele viveu por tanto
tempo, ele não sabia quais partes de sua personalidade eram reais e quais
eram falsas.
— E se eu perder?— Ele não achou que poderia sobreviver a outro
coração partido.
Gavin foi até ao lixo. Pisando no pedal, ele jogou os pedaços de cereais
fora. Em seguida, ele deixou a lata fechar com um estalar.
— Você está brincando comigo, irmão? Você não sabe como
perder. Você é uma lenda.
Capítulo 44

Jo passou um pano limpo da oficina sobre a motocicleta de Cash. Ela


queria que estivesse brilhante e novinha em folha... Bem, talvez não tão nova,
mas o suficiente para deixá-lo satisfeito com o trabalho dela.
Ela estava prestes a começar a trabalhar na motocicleta de Razer
quando olhou por cima enquanto escoava o óleo para ver Rider parado na
entrada da garagem.
— Se você está aqui para pegar a motocicleta de Cash, pegue e saia. Se
você está aqui para solicitar algum serviço em um de seus carros ou motos,
preencha um formulário na bancada, então saia— disse ela com naturalidade.
— Eu gostaria de conversar. Cash disse que você ficou no hospital com
Mag na última semana e se hospedou na casa deles durante a noite. Moon e eu
limpamos sua casa depois...
— Essa não foi uma das opções que eu lhe dei.— Ela carregou o óleo
sujo que tinha despejado no tambor de óleo para a parte de trás da garagem,
esperando que ele tivesse ido embora quando voltasse.
— Se você não quer conversar, espero que você, pelo menos, escute o
que tenho a dizer.
Frustrada de que ele viria com a conversa ‘vamos ser amigos’, ela ficou
tentada a entrar na casa dela até ele partir. Somente o fato dela trabalhar para
os Last Riders e ser inevitável que eles se encontrassem na cidade a fez ceder.
— Vá em frente, Rider. Diga o que deseja tirar do seu peito.
— Obrigado.— Rider empurrou as mãos nos bolsos da jaqueta. — Eu
queria poder dizer que você está errada sobre mim, mas não posso. Você
estava certa no que disse sobre mim. Eu queria que você se apaixonasse por
mim, enquanto eu não tinha intenção de fazer o mesmo com você. Eu sou um
bastardo egoísta.
— Até agora, você está desperdiçando meu tempo. Você não está
dizendo nada que eu não saiba.
— Você foi sincera quando disse para todo o sempre?
— Sim, Rider, eu quis dizer isso. Jesus, por que você veio aqui? Para
levar o orgulho que me resta?
— Não. Eu vim aqui para te dizer isso, se você realmente quis dizer
isso, então eu estou dentro.
— O que diabos isso significa?— Os olhos de Jo se arregalaram quando
ela tentou entender o que ele queria dela.
— Isso significa que eu nunca te dei uma chance real de me apaixonar
por você. Estou pronto para dar-lhe uma chance.
Suas mãos foram para seus quadris. — Você é inacreditável. Você vai
me dar uma chance? Você um idiota narcisista, você pode pegar sua chance e
dar a outra mulher. Eu não quero isso.
— Você disse que me ama— ele afirmou simplesmente.
Jo franziu a testa. — Eu amo.
— Se eu tivesse câncer, você me amaria?
— Você não tem câncer.— Ela estreitou os olhos.
— Não, mas se eu tizesse, você me amaria?
— Sim.
— Se eu não pudesse ter filhos, você ainda me amaria?
— Sim.
— Eu sou um idiota. Você pode me amar apesar disso?
Ele não queria fazê-la rir, nem iria negociar a volta para sua vida.
— Eu não serei meu pai. Você é bom demais em virar o jogo a seu favor.
Nunca serei capaz de confiar que você está me mostrando o verdadeiro você.
— Eu sei, mas posso te provar que posso ser o homem que você ama. Se
eu puder fazer isso, você me dará outra chance? Dará a nós outra chance? Por
favor? Você não acha que o para todo o sempre merece outra chance?
Jo fez um gesto abrangente com a mão.
— Tudo bem, vá em frente e prove. Se você puder, então, sim, eu lhe
darei outra chance. Mas eu estou alertando você agora, joguei aquele perfume
fora.
Rider deu a ela um sorriso infantil e começou a se aproximar dela como
se quisesse abraçá-la.
— Vermelho— Ela deu um aceno firme. — Você ainda não provou uma
maldita coisa.
— Ok.— Ele parou de supetão. — Tudo bem. Eu não esperava que
você concordasse.— Rider passou a mão pelos cabelos. — Eu tenho que voltar
para o clube para fazer as malas, e eu preciso que Jewell e Shade cubram meus
turnos.— Ele olhou para o relógio. — Vou fazer as reservas e voltar em uma
hora. Isso lhe dá tempo suficiente para se arrumar?
— Fazer as malas? Eu não estou indo a lugar nenhum.
Rider franziu a testa. — Você tem que ver a prova.
— Você pode me falar sobre isso, você não precisa me mostrar.— Ela
deveria ter ouvido seu primeiro instinto e entrado em sua casa, se trancado lá
dentro até ele partir.
— Por favor, Jo, vou te mostrar o lugar mais bonito da terra, ou pelo
menos, eu acho que é.
Foi sua risada autodepreciativa que a fez reconsiderar. Que ele estava
mostrando uma vulnerabilidade que ela não sabia que existia nele. Que ele
queria que ela achasse o lugar que iria lhe mostrar tão lindo quanto ele achava.
Rider sendo vulnerável a deixou indefesa em dizer-lhe não.
— Vou me arrumar.— Jo trancou a garagem enquanto ele estava
saindo.
Eu deveria ter entrado em casa, ela repetiu o refrão pela terceira vez.
Rider era muito difícil para qualquer mulher resistir, e ela não era
exceção. Ela já estava vendo a estrada difícil e rochosa à sua frente para
alcançar o para todo o sempre.
Jo chutou uma grande rocha do caminho.
— Da próxima vez que eu terminar com ele, entrarei na fodida casa.

Ele estava certo. O Texas era o lugar mais bonito da terra. Não foi por
causa da linda casa que a deixou atordoada quando Rider dirigiu até à
garagem, nem pela visão que ela tinha enquanto estava sentada no alto
da cerca e poderia facilmente ver quilômetros à sua frente. Não, era ver Rider
cavalgando a toda velocidade, em pêlo, perseguindo um bezerro que havia se
afastado com sucesso de sua mãe.
— Corra, bebê, seja livre!— Jo gritou rindo atrás da criatura que fugia.
O homem que estava em uma velocidade constante movendo as vacas
para os currais lhe deu um olhar de censura.
— Desculpe.— Sorrindo, ela jogou o cabelo sobre o ombro enquanto
olhava extasiada para Rider que manobrava o bezerro de volta para sua mãe.
— Melhor sorte da próxima vez— Ela não pôde deixar de apreciar o
bebê berrando como se estivesse zangado com Rider por cortar sua diversão
bruscamente.
O cavalo cor de canela de Rider mudou de direção, virando-se para ela.
Jo levantou a mão para cobrir os olhos quando ele se aproximou. Com a
outra mão, agarrou a cerca para equilibrar-se, evitando cair para trás enquanto
o olhava.
Rider ergueu a mão para erguer a aba de seu Stetson. — Se divertindo?
— Sim, mas não tanto quanto você parece estar.— Jo fez beicinho,
acariciando o focinho do cavalo.
— Então você não deveria ter me convencido a levá-la para passear esta
manhã. Sua bunda dolorida deve estar me agradecendo.
— Odeio por termos que partir amanhã.
Os olhos de Rider ficaram distantes com o lembrete enquanto ele
apoiava o antebraço no chifre de sela.
— É lindo, não é?
— Sim. Você não se sente tentado a voltar e trabalhar com seu pai e
seus irmãos?
— Não— ele respondeu rapidamente. — Vamos. É hora do jantar.
Rider levantou-a da cerca, colocando-a na frente dele enquanto
apertava seus joelhos para colocar o cavalo em movimento.
— Eu gosto mais de andar com você em um cavalo do que em uma
motocicleta.
— Uma motocicleta não caga e não atrai moscas.— Ele pousou a palma
da mão na sua cintura, fazendo as borboletas voltarem ao seu estômago.
Durante as últimas duas semanas, ela viu um novo lado de Rider.
Quando ele a apresentou a seu pai e madrasta, ela queria fugir. Seu pai
tinha a mesma estatura que seu filho, mas era aí que as semelhanças
terminavam. Ben Stiles era um homem frio e distante, com quem Jo odiava
estar na mesma sala, quando ele decidia aparecer para as refeições familiares.
A madrasta de Rider era muito mais nova do que o marido, mais
próxima da idade de Rider que do seu marido. Ela parecia passar a maior
parte de seus dias com as amigas, fazendo compras, se as inúmeras sacolas
que ela trazia para casa a cada dia eram um indicativo.
Que Rider não era próximo de qualquer um deles, a feriu por
ele. Quando seus meio-irmãos estavam por perto, seu pai tentava manter as
aparências de uma família unida, mas os meninos continuavam olhando os
adultos, como se estivessem sentindo a tensão entre eles. Sua madrasta era o
oposto, lançando olhares furtivos a Rider quando ninguém prestava atenção,
tornando as coisas desconfortáveis toda vez que ela estava perto.
Felizmente, Rider e Jo passaram a maior parte das últimas duas
semanas no rancho. Ele havia mostrado a ela a extensão dos negócios que seu
pai possuía, da criação de cavalos quarto de milha para serem vendidos, ao
cultivo de cítricos que Rider explicou que havia sido responsável por
começar. Mas foram os quilômetros de relva que ela mais gostou de ver.
Rider se encaixava nesse ambiente como uma luva. A visão dele
montando um cavalo e a maneira como o cavalo seguia o menor movimento
de seu corpo flexível, a machucava ver que eles se encaixavam tão bem. Ele era
um cowboy nato, e ela não conseguia entender por que ele preferia Treepoint à
vida esperando por ele aqui.
— Posso te perguntar uma coisa?— Jo ergueu a cabeça do seu ombro,
usando a aba do chapéu para protegê-la do sol.
— Sim.— Ele apertou a mão em sua cintura.
— Porquê Treepoint? Você não sente falta disso?
— Todos os malditos dias.
— Então por que ficar em Treepoint?
— Você conheceu Ben. O que você acha?
— Eu acho que você e seu pai não se gostam.
— É uma relação de amor e ódio, uma onde nunca houve amor entre
nós. Ambos somos cães alfa que sempre lutaram pela maneira que deveríamos
administrar o rancho.
— Você mora na sede de um clube de machos alfas, e todos vocês são
próximos.
— Viper, eu e os irmãos, gostamos da vida que levamos no clube. Nós
vimos em primeira mão que, se você estiver contente fazendo apenas uma
coisa, então, na primeira catástrofe, isso pode acabar com você. Não nos
contentamos em colocar nossa fé em um único negócio. Mas, como uma
equipe, podemos dividir e conquistar.
— Estou feliz que você tenha encontrado amigos como eles. Eles se
tornaram sua família.
— É por isso que eu permaneço em Treepoint.— Rider virou seu cavalo
para que ele pudesse olhar para a beleza de sua herança.
Ela ergueu a cabeça para poder vê-lo melhor, uma bola apertada se
formando em sua garganta devido ao perfil deslumbrante de um homem que
mudava constantemente, assumindo as qualidades de cada ambiente em que
estava. Era como se ele entrasse em uma sala de espelhos, uma reflexão
diferente aparecendo quando ele parava na frente deles.
— Eu sinto muito.
Rider olhou para ela, suas linhas de riso enrugando.
— Pelo quê?
— Posso ver como seria difícil viver na mesma casa com Ben e sua
madrasta. Queria que você compartilhasse um relacionamento mais próximo
com eles. Você era próximo de sua mãe?
— Muito.— Sua voz falhou, mostrando um reflexo da dor que ele
sentiu ao perdê-la. — Ela morreu quando eu tinha dezesseis anos.— Ao
levantar os olhos, ele virou o cavalo para a frente novamente.
Durante o resto do passeio de volta à casa principal, ele descreveu sua
mãe. O nódulo em sua garganta cresceu pelo quanto Rider a amou e a forte
relação que tinham compartilhado.
No celeiro, ele desceu antes de pegá-la.
Ela enrugou o nariz para ele. — Precisamos de um banho.
— Vá em frente. Vejo você no jantar.
Jo deixou-o desensilhando seu cavalo, indo para o quarto que sua
madrasta tinha mostrado a ela no primeiro dia em que chegaram lá. Ele era
luxuosamente decorado e correspondia a quatro dos dela em Treepoint. Sua
madrasta esperava que Rider e ela compartilhassem, mas depois de lhe
mostrar o quarto, Rider tinha levado sua mala para o quarto do outro lado do
corredor.
Nas últimas duas semanas, Rider foi nada mais que um
cavalheiro. Além de pequenos toques quando ela cavalgava com ele, ele tinha
mantido sua distância, uma distância que estava começando a deixá-la
nervosa.
Quando eles estavam em Treepoint, ela nunca viu o homem que ele
estava se mostrando no Texas. Ele não andava com uma arrogância
confiante. No Texas, quando ele entrava em uma sala, ele a dominava,
suplantando intensamente seu pai e fazendo com que ele parecesse menor,
uma sombra de Rider, incapaz de competir com o autêntico. Até mesmo os
cowboys que lidavam com o gado e a terra mostravam um tratamento
diferenciado quando eles estavam juntos, olhando para ele quando queriam
confirmação de suas ordens em vez de perguntar ao seu pai.
Ainda assim, nada que ele mostrou a fez mudar sua opinião sobre ele,
até que o viu com seus meio-irmãos. Seu pai mostrou sua impaciência para
com eles quando imploravam para ajudar os cowboys na lida com o gado.
Rider, no entanto, concordava sem hesitar. Então ele os ensinava
pacientemente, mostrando como fazer o certo. Quando seu irmão mais novo
conseguiu laçar um bezerro, Rider tinha ido até ele para parabenizá-lo
enquanto seu pai havia retornado para casa.
Uma dor se instalou em seu peito ao imaginar Rider ensinando a seu
filho as habilidades que estava mostrando a seus irmãos. Ele seria um pai
atencioso, onde seus filhos nunca duvidariam de seu amor por eles. O tipo de
pai que outras crianças desejariam para si.
Tomando banho, ela decidiu que queria ficar linda para ele hoje à noite,
sendo a última noite juntos no rancho. Infelizmente, as roupas que ela trouxera
não estavam cooperando.
Tirando um vestido azul marinho do armário, ela desejou que fosse
mais chique, mas satisfeita por ele exibir suas curvas femininas. Escovando os
cabelos, ela calçou os sapatos de salto baixo que encontrou em seu armário em
casa. Ela tinha posto o vestido e os sapatos na mala por descargo de
consciência e estava feliz por o ter feito. Não se comparava às roupas feitas sob
medida da madrasta de Rider, mas ela não sentia vontade de tê-las também.
Jo desceu a escada para a sala de jantar. Ela sabia que era muito cedo,
mas queria passar mais tempo com seus meio-irmãos. Os garotos curiosos
sempre a faziam rir e diminuíam a atmosfera tensa entre os adultos. Eles já
estavam mostrando sinais da personalidade de Rider. Os três juntos tornaram
as noites divertidas quando resolveram assistir filmes juntos antes de irem
dormir.
A escada terminava em um vestíbulo e duas salas enormes de cada
lado. De um lado era a sala de estar, e do outro a sala de jantar. Sentindo o
cheiro da comida, ela voltou para o vestíbulo, seguindo pelo corredor e
passando pelo escritório do pai de Rider.
Enquanto ela passava, ouviu uma voz alta vindo do outro lado da
porta.
— A que horas você vai embora amanhã?
Jo queria abrir a porta pela maneira hostil que o pai estava falando com
Rider.
— Muito antes de você estar acordado.
— Bom.
— Ben, não seja assim. Ty, você é bem-vindo a qualquer momento...
— Cala a boca, Quinn. Precisamos falar sobre o pomar antes de você
partir. Você me enrolou por duas semanas. Eu disse que é um desperdício de
nossos homens. Eu quero...
— Faça o que você quiser. Depois de amanhã...— Jo pressionou o
ouvido na porta, ouvindo o estalido de papéis através da porta. — ... tudo será
seu.
O silêncio vindo da sala a fez franzir o cenho, desejando poder ver os
papéis que Rider deve ter dado ao pai.
— Já era a maldita hora. Sua mãe nunca deveria ter deixado isso para
você.
— Ela deixou porque era dela para deixar. Ela sabia que você destruiria
o rancho, mesmo antes de se casar com ela por ele. Foi por isso que ela o fez
assinar o acordo pré-nupcial antes de se casar com você. Ela te enganou, não
foi, velho? Você não conseguiu destruí-lo, não é?
— A estúp...
— Tenha cuidado... Eu vou matar você, e você não se beneficiará de um
centavo desse pedaço de papel que você está segurando em sua mão.
— Você sempre foi muito mole quando se tratava de sua mãe.
— Eu concordo com isso. Se eu não a amasse tanto, teria chutado seu
traseiro no dia em que eu fiz dezoito anos. Em vez disso, eu deixei você
ficar, até confiei em você para cuidar do rancho quando fui para a escola
preparatória. Claro, eu não imaginei que você teria um caso com minha esposa
enquanto estivesse fora.
— Ty, eu disse que não significava nada. Eu estava sozinha. Você me
deixou sozinha.
— Você foi aquela que me disse para seguir meus sonhos de entrar para
o exército. Mas seus sonhos eram maiores do que o nosso casamento. Eu
aposto que você cagou nas calças quando voltei para casa de licença para você
me dizer que queria o divórcio para se casar com meu pai e depois descobriu
que era eu quem possuía o rancho.
— Foi um erro do qual sempre me arrependi, Ty. Eu lidei mal com isso.
— Você pode dizer isso de novo. Vocês dois têm o que queriam agora, e
podem deixar o rancho ir pelo ralo juntos. Com os dividendos que você
conseguiu arrancar de mim quando nos divorciamos, se você se divorciar de
Ben, você deve ficar bem por alguns anos. Eu diria pela vida, mas da maneira
que você gosta de gastar dinheiro, ele não poderá mantê-lo à tona por tanto
tempo.
— Ela não vai se divorciar de mim.— A voz geralmente dura de Ben
tinha um tom de dúvida que Jo percebeu.
— Eu contrataria um guarda-costas se você for fazer isso. Não vi Reno
desde que eu estive aqui.
— Ele está de férias.
— Eu aposto. Ele tem sorte de que ninguém tenha se ferido com aquele
golpe que ele puxou em Kentucky.
— Eu não sei do que você está falando.
— Você tem sorte que Shade odeia o Texas, ou você estaria procurando
outro capataz. Pelo menos com esse papel em sua mão, é um alvo a menos nas
minhas costas. E você pode parar de invadir a igreja. O que você quer não está
lá. Aqui— Jo ouviu o ruído de papel sendo manuseado. — Eu fiz uma cópia
extra do meu testamento para poupar-lhe o trabalho. Se eu morrer, nenhum de
vocês nem meus irmãos verão um centavo. Estou deixando tudo para os Last
Riders, que administrarão os investimentos que fiz. Um conselho, Quinn, faça
um testamento no caso de um acidente infeliz acontecer com você. Deixe o
rancho completamente para Ben. Não deixe meu pai colocar um alvo nas
costas dos meninos.
— Ben não tocaria um fio de cabelo em suas cabeças.— A incerteza de
Quinn era fácil de detectar.
— Independentemente disso, você foi avisada. O que você fará com isso
está na sua própria consciência.— A advertência de Rider fez Jo estremecer do
outro lado da porta. — Se eu tiver que voltar ao Texas por qualquer coisa que
você tenha feito a esses meninos, todo o estado do Texas não será
suficientemente grande para te esconder, e os Last Riders virão comigo.
— Não me ameace com esses bandidos!
— Eles não são bandidos. Cada um deles tem uma medalha mostrando
sua bravura. Eles têm mais coragem e honra em uma célula de seus corpos do
que você tem em todo o seu. A única coisa boa sobre eu passar a propriedade
para você é que nunca mais vou ter que te ver novamente depois desta noite.
— Então tornarei isso melhor para você. Eu ficarei na cabana esta
noite.— Jo correu pelo corredor quando ouviu Ben arrastar a cadeira.
A empregada a encarou com curiosidade quando ela entrou correndo
na cozinha.
Jo enfiou o cabelo atrás de uma orelha. — Você se importa se eu
assistir? Eu prometo que não vou ficar no seu caminho desta vez.— Ela se
moveu em direção ao grande fogão, ouvindo alguém entrando assim que ela
estava cheirando a grande panela de chili.
— Você ainda está tentando roubar as receitas de Mary?— Rider
provocou.
— Eu prometi me comportar.— Ela disfarçadamente pegou o pão de
milho que estava sobre o fogão.
— Como isso está funcionando para você? Tem sido um inferno para
mim me comportar ao seu redor.— Ele sorriu, chegando sobre o ombro dela e
roubando uma fatia inteira confiantemente.
Ela levantou os olhos suplicantes para os seus provocantes, vendo a dor
à espreita em suas profundezas.
Ela se virou, pressionando a mão no seu peito. — Não. Nós podemos
sair esta noite se quiser.
Seu sorriso fingido desapareceu, e ele olhou para ela antes de apertar
sua bochecha no topo da cabeça dela.
— Você estava ouvindo, não estava?
Jo assentiu contra ele. — Eu o odeio.
— Sinto muito por ele. Ele vai destruir o rancho, e Quinn o vai deixar e
fugir quando ele fizer isso.
— Sua mãe queria que você o tivesse.
— Eu encontrei algo que me importa mais.
— Os Last Riders ou Treepoint?— Ela levantou a mão de Rider para
pegar um pedaço de seu pão de milho.
— Você.

— Porque estamos parando aqui?— Perguntou Jo quando Rider ligou


o pisca-pisca e parou no acostamento.
— Eu quero tirar uma foto sua— afirmou depois de parar o carro. —
Você se importa?— Pegando seu celular, Rider esperou sua resposta.
— Porquê aqui? Não há nada aqui— Ela rolou a janela para baixo, sem
ver nada além de uma paisagem coberta de flores crescendo ao lado da
estrada.
Rider ergueu a mão, apontando para fora da janela.
— Aquelas são bluebonnets.— Jo saiu do carro, seus joelhos tremendo
quando ela o seguiu.
Ao caminhar mais profundamente através das flores, ela passou os
dedos pelas flores azuis.
— É lindo.— Ela olhou para vê-lo filmando sua caminhada entre as
flores.
— Sim.
Corando, ela fez uma careta cômica para ele, então parou quando ele
deixou o telefone de lado e ficou parado ali, olhando para ela.
Jo inclinou a cabeça. — O que você está fazendo?
— Lembrando como você se parece.
— Você realmente não vai mais voltar ao Texas, certo?
— Não. Não é como se eu viesse muitas vezes, de qualquer
forma. Depois que me divorciei de Quinn, eu só voltei quando precisava
cuidar de algo sobre o rancho e era muito importante para resolver de
Treepoint.
— Você amou Quinn, não foi?
— Eu amei. Eu era jovem e sentia falta da minha mãe, e meu pai e eu
vivendo sozinhos na casa não era uma coisa boa.
O ciúme rompeu sua frieza. Ela nunca mais poderia se gabar de que
não sentia ciúmes.
— Nem mesmo para ver seus irmãos?— Ela cutucou, tentando fazê-lo
mudar de ideia.
— Em alguns anos, eles serão homens, e então eles podem ir me
ver. Eles têm meu número se precisarem de mim antes disso.— Ele pegou sua
mão, levando-a de volta ao carro. — Nós precisamos partir, ou perderemos
nosso vôo.
— Vamos dirigir de Lexington até Treepoint esta noite, ou vamos
passar a noite em Lexington?— Ela perguntou, uma vez que eles estavam de
volta dentro do carro.
— Nós vamos passar a noite em Lexington. Há alguém a quem quero
lhe apresentar.
Jo pegou o braço de Rider quando ele entrou na fila para fazer check in
no hotel para a noite. Suas bochechas pareciam estar em chamas enquanto ele
esperava para ver o que ela queria.
— Nós só precisamos de um quarto.
Ele colocou a mão no lado do pescoço dela.
— Tanto quanto eu quero aceitar esse convite, eu tenho que esperar.
A decepção a encheu. Ela achou que eles tinha se aproximado nas
últimas duas semanas. Ela sabia que estava mais apaixonada ainda por
ele. Rider já tinha decidido que não havia chance de se apaixonar por ela? Ela
simplesmente deu a si mesma a falsa esperança de que ele faria?
— Jo, tenha paciência comigo mais um dia.
Então, era verdade. Ele não a amaria.
Dando-lhe um sorriso instável, ela soltou seu braço. — Eu acho que é
para isso que os amigos servem.
Rider franziu a testa, procurando o rosto dela. Então seus olhos
escureceram pelo que ele deve ter visto.
— Apenas espere. Amanhã...
— Está tudo bem, Rider. Eu compreendo. Posso esperar mais um dia.
Ela tinha mais um dia para fingir que havia uma chance para eles.
Era mais do que alguns outros casais tinham antes de decidir se afastar.
Ela se odiava por querer mais do que ele podia dar a ela, pelos anos que
estavam à sua frente sem Rider.
Como uma mulher deveria superar o Winston Hero51?

51
Um herói é alguém admirado ou idealizado por coragem, conquistas notáveis ou qualidades nobres. Uma
pessoa corajosa que desafia o sistema, assim como Winston Smith, de 1984 fez.
Capítulo 45

— É aqui que a pessoa que você quer me apresentar mora?


— Sim— , Rider respondeu quando ele abriu a porta do carro para ela.
Na porta da frente, Rider bateu.
Enquanto esperavam, sentiu os olhos curiosos de Jo nele. Sempre foi
difícil para ele vir aqui visitar. Era por isso que ele nunca havia trazido
ninguém antes. Não era um lugar onde ele pudesse esconder suas emoções,
mas, se quisesse Jo, ele tinha que mostrar-lhe todas as partes de sua vida.
O que ele tinha mostrado no Texas tinha sido difícil para
ele. Geralmente, quando ele voltava do Texas, ele foderia as mulheres dos Last
Rider até que pudesse esconder a amargura até sua próxima visita.
— Gabby, você está mais bonita cada vez que eu venho te visitar.—
Rider se inclinou para a mulher de meia-idade que atendeu a porta.
A mulher ergueu os braços, abraçando-o e depois o afastou.
— Você está mentindo, mas vá em frente. Não me importo.
— Jo, essa é minha tia, Gabby. Gabby, esta é Jo Turner.
Sua tia deu um abraço gentil, então beijou Jo na bochecha. Jo ficou
ruborizada com a atenção que estava recebendo.
— Ela não pode ser irmã do seu pai.
Rider riu quando a mão dela foi até à boca, dando-lhe um olhar
mortificado.
— Eu sou— Gabby riu com ele com o constrangimento de Jo. — Está
tudo bem, docinho. Ele não vale a bala para acabar com sua própria
miséria. Eu suponho que Ben estava no seu velho eu autoconfiante durante
sua visita a ele?
— Você pode estar certa disso— comentou Rider, pegando a mão de Jo
para seguir sua tia na sala de estar.
— Não vale a pena continuar falando sobre aquele filho da puta.—
Gabby fez sinal para eles se sentarem no sofá enquanto sentava no braço de
uma bonita poltrona verde.
— Como você tem estado?
— Eu não posso reclamar, e Carsen também está bem. Ele está com
Delara. Você vai apresentá-la a Jo?
— Por alguns instantes. Então eu pensei que você poderia fazer
companhia a Jo enquanto eu passo algum tempo com Delara.
— Vá em frente. Farei um café para Jo e eu. Eu fiz seu bolo favorito para
você. Vou tentar salvar um pedaço.— Sua tia o empurrou para o corredor
quando ele tentou ir para a cozinha. — Eu fiz um para você levar para
casa. Ande. Apresente-a para Delara,— ela disse gentilmente.
Rider caminhou pelo corredor, fazendo uma curva à esquerda que se
abriu em um quarto grande cheio de janelas. Quando ele e Jo entraram, o
homem que estava lendo para a mulher na cama fechou o livro e ficou de pé,
encontrando-os no meio caminho.
— É bom te ver, irmão.
— É bom vê-lo, Carsen.— Rider sacudiu a mão do marido da sua tia
enquanto Jo se movia em volta deles para olhar a mulher na cama. — Jo, esse é
Carsen, o marido de Gabby.
Jo desviou os olhos da cama, pegando a mão que ele ofereceu para ela.
Depois de uma breve agitação, Carsen lhe deu o livro que ele estava
lendo para Delara.
— Vou deixá-lo para fazer as apresentações.
Com o suave clique da porta fechando, Rider colocou as mãos nos
bolsos enquanto caminhava até à cabeceira da cama.
— Delara, esta é Jo.— Respirando profundamente, ele terminou o resto
da apresentação. — Jo, esta é Delara... minha esposa.
A dor em seu rosto quase a fez cair de joelhos.
— Ela entende...?— Jo se esforçou para a pergunta sair. — Ela pode…?
— Os médicos dizem que não.— Rider não queria pensar que a mulher
que ele amou tão profundamente sentia alguma dor ou sabia o que estava
acontecendo ao redor dela, presa na concha em que estava.
— Seus olhos estão abertos.— Jo se aproximou da cama.
— Eles dizem que é um reflexo.— Rider apertou as mãos nos bolsos.
— O que aconteceu?
Rider se moveu para o lado da cama de Delara, certificando-se de não
intervir em nenhum dos aparelhos que ficavam em ambos os lados. O maior
do outro lado da cama respirava por ela.
Ele ergueu a mão trêmula até à grade de sua cama. Ainda era difícil
para ele estar no mesmo quarto que ela. A mulher adorável e vivaz por quem
ele se apaixonou tinha desaparecido, e tudo o que restou foi a concha de seu
corpo que outrora segurou sua alma pelo breve período em que ela tinha
estado na Terra.
— Rider...?— A voz de Jo tirou-o do passado.
— Os irmãos sabem o que estou prestes a lhe contar, mas não pode
passar daqui.
— Eu não vou contar a ninguém— ela assegurou.
— Eu sei que você não vai, Jo. Isso é uma das coisas que eu aprendi a
amar a seu respeito.— Rider levantou os olhos do rosto em branco de Delara
para o de Jo, cheio de dor. Ele queria pegá-la em seus braços. Resistindo ao
impulso, ele voltou para Delara.
— Conheci Delara quando estava no exército. Foi cinco anos depois do
meu divórcio, e ela era tudo o que Quinn não era. Eu tinha recebido a missão
de me infiltrar em um acampamento que estava bloqueando um comboio de
caminhões que tentava prestar assistência médica a uma cidade que vivia sob
constante ataque. Fui encarregado de encontrar uma maneira de os nossos
homens entrarem e assumirem o controle para que os caminhões pudessem
passar.
— Eu já estava envolvido com Delara. Já estávamos casados quando
recebi a ordem do meu comandante. Estávamos só esperando seu passaporte
para ela atravessar e se juntar a mim. Era por isso que ela estava na cidade
onde a conheci. Seu pai era o líder do acampamento que precisava ser
neutralizado. Ela não queria viver no mundo de seu pai. Eu deveria entrar e
encontrar um modo de colocar nosso esquadrão lá dentro sem matá-los. Eu
tinha entrado furtivamente uma vez para memorizar os prédios e onde a
maioria de suas armas e munições era armazenada.
— A ordem de Gavin era terminar o trabalho, mas ele estava inquieto
sobre isso. Ele tentou fazer com que o comandante esperasse mais alguns
dias. Eles não quiseram esperar.
— Por que ele queria esperar?
— Gavin não confiava em Delara. Ele disse que ela era uma espiã, que
eu não deveria confiar nela. Ele até tentou fazer com que Viper e Knox me
convencessem, de modo que eu tivesse uma segunda opinião e esperasse. Eu
não faria. Eu a queria longe daquele mundo. Eu estava apavorado que seu pai
a matasse.
— Você a amava.
— Eu a amava— ele reconheceu. — Ela estava carregando meu filho,
Jo. Como eu poderia não confiar nela?
O quão ingênuo ele tinha sido, ainda o assombrava. Muitos poderiam
ter morrido - seu filho morreu – porque ele havia confiado em Delara.
— Um dia antes de executar o ataque que planejei, passei com os nossos
comandantes, coordenando a operação. Delara deveria ficar quieta até que eu
voltasse no dia seguinte.
— Ela não fez.
— Gavin e eu estávamos saindo de onde a reunião tinha acontecido.
Havia barreiras, para que ninguém pudesse passar, a menos que fossem
militares. Tínhamos deixado a área restrita e estávamos caminhando pela rua
quando Gavin a viu. Nós a seguimos. Eu não conseguia entender por que ela
estava lá. Foi quando percebi que ela estava carregando uma cesta. Eu juro por
Deus que não sabia o que era.— Jo foi até ele, envolvendo seus braços ao
redor dele para acalmá-lo.
— Eu não preciso ouvir mais nada, Rider.
Rider quebrou. O gelo envolvendo seu coração que Jo vinha
constantemente lascando desde o leilão, não teve forças suficientes para
suportar o poder do amor de Jo. E então, ele ficou parado, chorando sobre a
mulher que o traiu.
— Não há muito mais para contar. Nós corremos atrás dela para detê-la
antes que pudesse alcançar a barricada. Gritei a Gavin que eu pegaria a cesta e
que ele deveria tirar Delara daquele inferno.
— Delara nos viu correndo em sua direção e enfiou a mão dentro da
cesta. Eu teria conseguido tirar dela antes de explodir se Gavin não tivesse me
segurado. Quem quer que tenha armado a bomba tinha feito errado. Ela
falhou.
— Poderia ter sido você.
— Eu queria que tivesse sido eu. Meu filho estaria vivo.— O
pensamento torturante o mantivera acordado por noites desde então... Até que
essas noites sem dormir foram preenchidas por Jo.
— Você a trouxe para os Estados Unidos.
— Gavin me avisou que seu pai tinha muito controle sobre ela. Eu não
escutei.
— Rider, você a amava. É o que você faz quando ama alguém. Ela
estava carregando seu filho. Sua lealdade deveria ter sido por você e por
aquele bebê. Ela falhou com vocês dois.
— Eu não posso me divorciar dela. Eu jurei proteger e cuidar dela
quando nos casamos. Não posso quebrar esse juramento quando ela não pode
me entender.
— Eu entendo, Rider. Eu amava meu pai, apesar dele preferir uma
garrafa de uísque às promessas que ele me fez.— Jo respirou profundamente,
afastando o desespero reunido no quarto. — Eu vou deixá-los ter um tempo a
sós. Estou ansiosa para provar o bolo de Gabby.
— Jo, eu trouxe você aqui para provar que posso ser o homem que você
quer que eu seja. Ele esteve aqui o tempo todo. Eu fui muito estúpido para
mostrá-lo a você.
— Eu não acho que você foi estúpido, Rider. Duas mulheres te
traíram. Um coração é uma coisa preciosa para confiar a alguém. Dói quando
essa confiança é quebrada.
— Eu sinto muito. Eu nunca te traí com meu corpo, mas fiz com minhas
ações. Se você me aceitar de volta, eu juro que nunca vou deixar outra mulher
me comprar presentes, comprar meu cereal favorito ou me dar batatas fritas
extras.— Rider tentou pensar em outras maneiras de convencê-la a dar-lhe
outra chance.
Jo deu-lhe um forte abraço antes de soltá-lo. — Posso dizer algo a ela?
— Vá em frente. Como eu disse, não sei se ela vai te ouvir.— Rider se
afastou, deixando Jo tomar seu lugar ao lado de Delara.
— Garota, você ferrou tudo. Você poderia ter tido tudo com Rider. Eu
não me importo por que você fez o que fez, mas estou lhe dizendo aqui e
agora, vou ter certeza de que ele não pense em você quando ele estiver na
minha cama, ou quando eu tiver um filho dele ou quando eu o fizer me
mostrar o seu sorriso bonito.— Jo se inclinou mais sobre a cama, enchendo os
olhos em branco com a visão de como ela se parecia. — Depois de sair deste
quarto, nunca vou pensar em você novamente, mas espero que haja uma faísca
de vida em você para ver a mulher que vai cumprir as promessas que você lhe
fez.
Segundos depois, Rider viu quando Jo saiu casualmente do quarto,
como se estivesse passeando por um parque, levando o último pedaço de seu
coração com ela.
Capítulo 46

Gabby serviu uma xícara de café assim que ela entrou. — Eu coloquei
um pouco de conhaque aí para você.
Jo sentou-se a mesa pequena enquanto Gabby lhe cortava uma fatia do
bolo escuro.
— Eu uso a mistura de bolo Devil’s Food 52para fazê-lo. É por isso que
Rider gosta tanto. Esse menino tem um pouco do diabo nele— , disse ela com
uma piscadela.
— Um pouco? Gabby, como tia de Rider, acho que você merece saber a
verdade.— Jo comeu um pedaço do bolo de chocolate, seus olhos quase
reviravam na sua cabeça. Era puro pecado em uma colher.
— Estou esperando.— Gabby sorriu com expressão orgulhosa.
— Desculpa. Isso é delicioso.— Ela comeu outro bocado. Quando seus
olhos voltaram do céu, demorou um segundo para lembrar o que ela estava
prestes a dizer. — Oh, lembrei.— Ela se inclinou para a frente de forma
conspiratória, sussurrando. — Ele pode ter sido um pequeno demônio quando
era mais novo, mas agora ele é um anjo disfarçado.
— Rider não é um anjo.— Gabby deu um tapa na mesa, rindo.
Jo comeu mais um pouco. — Eu posso provar. Não estou dizendo que
sua auréola não seja marcada, mas ainda está lá.
— Eu acreditarei nisso quando eu vir.

52
— Você verá.
Elas ainda estavam lá sentadas quando Rider saiu do quarto. Jo estava
em sua terceira xícara de café e sua segunda fatia de bolo.
Sentando-se à mesa, Jo deu-lhe uma colherada de seu bolo enquanto
Gabby lhe servia um prato e um copo de leite.
Jo fez cara feia para o leite. — Você está lhe dando leite em vez de
café? Aqui, você pode tomar um gole do meu. É o melhor que já tomei. Que
marca é?— Perguntou Jo, dando a Rider outra careta quando ele tomou outro
gole.
— Eu não sei qual é a marca do café, mas eu diria que tem cerca de 90%
de conhaque. Quantas xícaras você tomou?
— Duas.
— É a sua terceira xícara.
— Dedo duro.— Jo olhou para Gabby por cima da xícara de café.
— Eu gosto dela, Rider.— Gabby cortou-lhe outra fatia de bolo depois
que ele devorou a primeira.
— Estou apaixonado por ela.
— Não, ele não está.— Jo recostou-se na cadeira, fazendo beicinho.
Rider franziu a testa. — Sim, eu estou. Eu não mentiria para você sobre
algo tão sério quanto isso.
— Prove isso.
— Como você quer que eu faça isso? Diga-me, e eu farei. Você quer que
eu peça a Diamond para me ajudar com o divórcio? Eu peço.
— Não, você fez um juramento. Eu nunca esperei que você se casasse
comigo de qualquer maneira.
O cenho franzido de Rider se aprofundou. Jo passou o dedo pelas
linhas que marcavam sua testa.
— Como você quer que eu prove isso, então?
— Eu quero o bolo.— Jo tocou levemente o bolo extra que Gabby fez
para que Rider levasse para casa.
— Você quer meu bolo?
— Sim.— Jo pegou o último bocado de seu bolo antes de agitar sua
colher. — Eu quero o bolo.
— E isso vai provar o meu amor por você?
— Sim, isso vai provar.
Quando ele não respondeu imediatamente, foi sua vez de ficar
preocupada.
— Então?— Ela o induziu.
— Estou pensando. É um bolo muito bom.
Quando ele começou a rir de sua expressão, ela o golpeou com a colher
dela.
— É seu, Bluebonnet.
— Então eu também te amo.
Jo estava se divertindo tanto que não queria partir, mas quando ele
continuou a apressá-la, prometendo trazê-la de volta para uma visita, vacilante
ela colocou a mão sobre a mesa para se estabilizar.
Retomando o controle das pernas, ela pegou o bolo.
— Posso levá-lo para você— ofereceu Rider enquanto caminhavam até
à porta.
Jo se recusou e depois esperou pacientemente quando Rider abraçou
sua tia se despedindo. Carsen saiu do quarto de Delara para se despedir
também.
— Vá em frente e ligue o carro. Eu já vou— disse Jo a Rider, esperando
que ele fosse para o carro. Quando ele se foi, ela deu uma piscadela a
Gabby. — Eu disse que eu poderia provar que ele era um anjo. Qualquer um
que esteja disposto a dar este bolo merece suas asas.
Rindo, Jo caminhou até ao carro, certificando-se de colocar o bolo em
segurança no banco de trás antes de entrar na frente e colocar o cinto de
segurança. Sua cabeça bateu no encosto quando ele saiu da garagem.
— Jesus, qual é a pressa?
— Tenho uma surpresa para você.— Ele deu um sorriso que nunca
deixou de derreter sua calcinha.
— O que é?— Ela se virou em seu assento para encará-lo, ansiosa para
ouvir sobre sua surpresa. — É uma boa ou má surpresa?
— Uma boa— . Ele riu, entrando no jogo que ela gostava de fazer.
— É maior do que uma cesta de pão?
— Muito maior.
— Uau. Ok...— Jo bateu um dedo em seu queixo enquanto pensava. —
É o dobro do tamanho de uma cesta de pão ou menor do que um carro.
— Maior— Rider acelerou, entrando na interestadual.
No resto do caminho para casa, ele rebateu seus palpites, não revelando
nada. Quando finalmente chegaram a Treepoint, Jo estava praticamente
saltando em seu assento, ansiosa por chegar em casa para descobrir qual era a
sua surpresa. Com a diminuição da velocidade do carro quando eles se
aproximaram da sede dos Last Riders, ela olhou para ele.
— Você precisa entrar para pegar meu presente?
— Você tem que entrar. É muito grande para carregar.
Ela hesitou. — Não vai ser como o último presente que você me deu,
não é?— Perguntou Jo quando ela saiu.
— Não, Bluebonnet. Nada vai estragar a nossa noite.
Ela subiu cautelosamente os degraus. Ela realmente não queria que a
noite fosse arruinada.
Ela se sentiu um pouco menos nervosa quando Moon deu uma batida
forte na porta quando se aproximaram, pensando que ele estava sendo
atencioso com ela, dando a todos um tempo de parar o que estavam fazendo e
se vestirem. Assistir uma festa de sexta-feira em um dos monitores da sala de
segurança era uma coisa. A todo vapor era outra...
Quando Rider a deixou ir à frente, Jo entrou, praticamente protegendo
seus olhos. Foram os gritos de ‘Feliz aniversário!’ que afetaram suas emoções.
Balões foram amarrados à escada, e quando ela atravessou a multidão e
viu Mag, ela se desmanchou em lágrimas, correndo para a idosa. Ela caiu de
joelhos na frente dela.
— Você vai me fazer chorar pela maneira que está agindo!— Os
tapinhas ásperos de Mag em sua cabeça fizeram Jo levantar seus olhos
brilhantes para os dela.
— Eu senti sua falta— disse ela, limpando suas lágrimas,
autoconsciente de que todos olhavam para ela.
— Eu senti sua falta, jovem. Vá aproveitar a sua festa, e se tiver uma
chance, me roube uma dessas cervejas.
— Vou tentar— Jo prometeu.
Jo pegou a mão que Mick estendeu para ela, levantando-a do chão.
— Estou feliz por você estar de volta.— O abraço de urso que ele lhe
deu quase a fez chorar novamente. — Há um monte de Big Reds atrás do
bar. Não deixe Moon beber todos eles. Ele está bebendo desde que os trouxe.—
— Eu não vou.— Ela amava o grande homem. Ele a deixou chorar até
chegar ao hospital para ver Mag depois que ela tinha saído dos Last Riders.
Ele olhou por cima do ombro dela para Rider. — Espero que você a
trate melhor dessa vez— ele advertiu.
Jo recostou-se contra Rider. — Não se preocupe, ele aprendeu a lição.—
— Espero que sim. Caso contrário, vou lembrá-lo,— Mick disse quando
Mercury passou para assistir a um jogo na mesa de bilhar. Jo lhe lançou um
olhar de repreensão. — Vá abrir seus presentes, Jo. Estou a fim de uma boa
partida de bilhar.
— Trip é um tubarão no bilhar— Jo sussurrou quando ele começou a se
afastar.
— Bem, esse será um jogo interessante. Eu também sou.
Jo passou a hora seguinte conversando com todos na sala até que Rider
a arrastou para o sofá onde Lily e Shade estavam sentados, cansado de segui-la
pela sala. Movendo-se para o lado, ele abriu espaço para ela sentar-se ao lado
dele.
— Aproveitou sua viagem?— Lily perguntou depois que ela se
instalou confortavelmente ao lado de Rider.
Com o braço sobre seus ombros Rider a cutucou. Jo virou a cabeça lhe
dando um olhar curioso, vendo o aviso em seus olhos. Não entendendo sobre
o que ele a estava alertando, ela foi evasiva quando Lily a questionou.
— Shade disse que você fez uma pequena viagem, mas ele não disse
para onde.
A mão de Rider apertou seus ombros novamente. Ela não queria
colocar Rider em problemas, mas também não queria mentir para Lily.
— Fomos a vários estados.— Tecnicamente, tinhamos sobrevoado
vários estados, ela acalmou sua consciência.
— Você foi para o oeste? Eu implorei a Shade para me levar, mas ele
não quer.
— Por que não?— Joe olhou Rider pelo canto do olho.
— Eu tinha uma coisa para cowboys quando eu era mais jovem. Eu
continuo dizendo que ele está sendo ridículo, mas ele continua planejando
férias em qualquer lugar, menos no oeste do Estado.
— Você acha os cowboys atraentes?— Jo não podia deixar de provocar
o diabo cuja esposa estava sentada entre eles.
Os olhos de Shade se estreitaram em sua expressão inocente.
— Eu costumava achar, mas não mais.— Lily lançou um rápido olhar a
seu marido.
— Eu não culpo você. Também acho cowboys atraentes. Há um velho
ditado de que o cavalo de um cowboy reflete sua alma.
Jo teve que morder o lábio quando Lily parecia que estava prestes a
desmaiar.
Jo se aconchegou a Rider. Ele se inclinou para acariciar seu pescoço,
sussurrando: — Você está brincando com fogo— antes de mordiscar sua
orelha.
A mão dela foi até sua coxa. — Não será a primeira vez.
— Você disse alguma coisa, Jo?— Perguntou Lily.
Jo limpou a garganta. — Eu só estava perguntando a Rider se ele me
levará para o oeste da próxima vez que viajarmos. Eu posso imaginar ele em
um cavalo puro sangue com um Stetson. Você não pode, Lily?
Sua amiga balançou a cabeça, rindo. — Ele iria cair.
Rider endureceu ao lado dela. — Eu não iria cair.
— Você cairia. Além disso, um cowboy precisa ser capaz de jogar uma
corda para laçar os desgarrados. Se você tentasse, você se amarraria.
— Eu quero que você saiba...
— Rider, você se importa em buscar um pedaço de bolo e uma das
minhas bebidas?— Jo apressou-se a distrair o homem da discusão crescente
que ela havia provocado.
A expressão de Shade tornou-se mortal. O orgulho ferido de Rider iria
colocá-lo em um mundo de dor se ele não tivesse cuidado.
— Você pode buscar também? Apenas a bebida.— Lily se moveu para
o lado para deixar seu marido levantar. Shade hesitou, não querendo deixar
sua esposa sozinha com ela.
— Como estão John e Clint?
— Eles estão crescendo mais a cada dia.— Lily tirou o celular e
começou a mostrar as fotos de seus dois filhos.
Quando os homens saíram, Lily deu uma rápida olhada para Shade e
Rider antes de se voltar para ela.
— Rápido, conte-me antes deles voltarem. Como ele fica sobre um
cavalo?—
Jo olhou boquiaberta para ela. — Você sabe?
— Killyama me contou. Ela odeia quando os homens tentam nos
enganar. Então, ele fica bem?
— Lily, ele fica magnífico.
— Para o nosso próximo aniversário, vou fazer Shade tomar aulas de
equitação.— Lily virou-se para dar uma olhada rápida nos homens. — Eu
quero te contar uma coisa, mas não quero que você fique brava com
Rider. Você promete?
— Não vou ficar brava com ele esta noite. Além disso, estarei muito
cheia para me importar. Eu perdi a conta de quantas fatias de bolo eu comi.
Lily se inclinou e começou a sussurrar para Jo, que teve que controlar
sua reação ao que Lily dizia. Ela queria pegar o que restava do bolo e jogá-lo
em Rider.
— Você tem certeza?
— Positivo.
— Nós, meninas, temos que ficar unidas, não é?— Ela manteve os
olhos em Rider enquanto ele ia da mesa para o bar, onde Shade ainda estava
esperando pela bebida de Lily.
— Sim, é por isso que eu falei sobre a câmera.— Lily assentiu.
— Quem está trabalhando na segurança esta noite? Você sabe?
— Train e Diablo. O que você está planejando fazer? Se Shade
descobrir, terei problemas.
— Eu tenho que contar a Shade, ou o meu plano não funcionará. Mas
eu farei isso com a condição de que, se ele fizer o que eu quero, não vou lhe
dizer que Rider é um cowboy.
Lily começou a torcer as mãos.
Não querendo chatear a mulher, ela descartou o plano.
— Deixa pra lá. Encontrarei outra maneira de lhe dar o troco.
— Não. Eu só estava pensando. Eu mudei de ideia. Você pode dizer a
Shade que eu te contei.
— Você tem certeza? Você não terá problemas?— Ela queria saber por
que, mas ela não teve tempo de perguntar, já que os homens estavam
voltando.
— Estou ansiosa por isso.
Jo desculpou-se depois que se forçou a comer o bolo, dizendo a Rider
que queria passar algum tempo com Mag. Rider não se opôs, preferindo ficar e
conversar com Shade e Lily em vez de lidar com a idosa.
Jo encontrou um assento no sofá onde Cash e Rachel estavam sentados
com Mag. Ela tentou se concentrar na conversa, esperando o momento certo. A
oportunidade surgiu quando Shade foi ao bar pegar uma cerveja.
— Vou buscar aquela bebida para você, Mag. Eu volto já.
Jo foi ao bar, atravessando a multidão para chegar ao lado de Shade.
— Eu quero um favor— ela exigiu.
— Normalmente, quando você quer um favor, você pede.— Ele olhou
para ela com seus traços ásperos e impassíveis.
Jo reuniu cada grama de coragem que possuía.
— Se você não fizer o que eu quero, vou mostrar a Lily as fotos de Rider
que eu tirei no Texas.
— O que você quer?
Capítulo 47

— Você tem certeza de que não se importa que eu tenha que


trabalhar?— Rider fez um gesto para Moon entrar enquanto se despedia de Jo.
— De modo nenhum. Eu estava lá quando Shade lhe disse que Diablo
não estava se sentindo bem. Provavelmente é um resfriado. Você não deve
deixá-lo esperando.
— Não é um resfriado. Foi ele que cortou o bolo antes de chegarmos
aqui.— Ele estava pensando em chutar o traseiro de Diablo assim que
chegasse à sala de segurança.
— Eu tenho um bolo de chocolate alemão invertido no carro alugado.
Eu estou bem. É melhor eu ir embora, Cash está tirando o carro.
Ele apertou as mãos nos braços dela, puxando-a para mais perto.
— Você tem certeza de que não quer me fazer companhia?
Ela lhe deu um olhar pesaroso. — Eu faria, se pudesse, mas estou
exausta.
Beijando sua testa, ele colocou outro em sua bochecha. Ele odiava
deixá-la ir.
— Eu ainda nem te dei o seu presente.
— Traga-o de manhã. Eu vou abri-lo quando acordar.
— Eu vou te cobrar isso.— Dando-lhe um último beijo nos lábios, ele a
soltou. — Boa noite, Bluebonnet. Eu te amo.
Jo correu de volta para ele, jogando os braços em volta do seu pescoço.
— Eu também te amo.
A buzina do estacionamento a fez se afastar. — Boa noite, Rider.
Ele a observou até que ela estivesse segura no caminhão de Cash antes
de entrar para fazer um prato de lanches e pegar algumas bebidas do
refrigerador. Então, saindo pela porta dos fundos, ele dirigiu-se até à sala de
segurança.
Assumindo o serviço de Diablo, sentou-se na cadeira que Diablo
rapidamente desocupou ao seu olhar.
— Você não parece doente para mim.— Rider puxou a cadeira do
computador debaixo da mesa enquanto largava seus lanches.
— Eu continuo correndo para o banheiro. Train não está se sentindo
muito melhor. Ele estará de volta daqui a pouco. Ele já...
— Ligue para Train e diga-lhe para não voltar.— Rider pegou os lenços
de Clorox53, limpando tudo enquanto começava a escanear os monitores. — Eu
não preciso dele, e não preciso de você, fodidos, me deixando doente. Peça
para Gavin ir à farmácia e compre um vidro de Pepto54. E se eu ficar doente,
vocês seus filhos da puta estão...— Rider tirou os olhos das telas para ver que
Diablo já havia saído.
Bufando, ele voltou para os monitores, pressionando uma tecla para
acender o da sala de estar de Jo. As luzes da sala estavam acesas, mostrando
que ela já estava em casa.
Comendo um bocado de seu bolo, ele se recostou na cadeira, usando
sua bota para girar então ele poderia ver facilmente as fileiras de
monitores. Ele estava comendo outro bocado de seu bolo quando Jo saiu do
banheiro.
Seus dentes morderam a colher quando a viu com um pequeno
babydoll preto de cintura alta.
— Ela não usa essa merda quando estou lá— ele falou na sala vazia.
Largando o prato na mesa, ele torceu a tampa da sua garrafa de Big
Red, molhando sua garganta seca. Ele parou de girar a cadeira quando olhou
para a tela e viu que ela havia sentado no sofá e colocado os pés na mesa de

53
Alvejante.
54
Antiácido.
centro. Ele mal conseguiu se concentrar nas outras telas, aliviado quando ela
ligou a televisão.
Ele estava se agarrando a qualquer distração para evitar se concentrar
nela escovando os cabelos. Cada movimento da escova fez seu pau pulsar em
seu jeans. Ele estava se criticando por não fodê-la na noite anterior.
— Essa é a última vez que sou um cavalheiro.— Ele se forçou a não
olhar para a tela dela durante dois minutos antes que seus olhos voltassem, e o
que ele viu o fez pegar seu telefone.
— Olá?
A voz sedutora de Jo o fez tentar encontrar a dele.
— Olá?— Ela disse novamente.
— Eu só queria me certificar de que você chegou a casa.
— Claro. Cash é um motorista cauteloso.
A maneira como Jo disse o nome de Cash saiu como uma carícia. O
irmão tinha flertado com sua Old Lady a caminho de casa? Com Mag e Rachel
no carro? No fundo, muito no fundo, Rider sabia que Cash não tinha, mas foi
essa hesitação que o fez lançar olhares rápidos para os outros monitores antes
de voltar para o de Jo.
— O que você está fazendo?— Ele conseguiu grunhir as palavras.
Ela estava acariciando uma de suas coxas. Chegando ao topo, ela
deslizou a mão pela cintura enquanto a outra mão segurava o telefone na sua
orelha. Levando a mão para trás, Jo pegou uma almofada, colocando-a no
braço do sofá antes de deitar para poder assistir a televisão.
— É uma pena que você não possa estar aqui. Estou assistindo Smokey.
Rider apertou os olhos na tela do computador. Sua Old Lady não estava
assistindo Burt Reynolds. Onde diabos ela encontrou esse filme?
Na parte da manhã, antes de acordá-la, ele com certeza descobriria, se
não arrancasse o cabo da parede antes. Sua Old Lady não precisava assistir um
perdedor foder uma mulher sem que ele estivesse lá. Como ela não via que ele
seria melhor?
— Acredite em mim, eu quero estar aí. Você não tem ideia.
Frustrado, ele foi até ao lixo, memorizando os monitores antes de
despejar o bolo na lixeira. Voltando, ele olhou para a tela de Jo. Sua mão estava
escorregando sob a renda preta em seu peito.
— Dê-me isso— ela ronronou, observando o ator foder a mulher na
televisão.
— O que você disse?— Ele rosnou.
— Eu disse, me dê uma ideia. Você está se sentindo bem esta noite?—
— Estou bem. Foi um longo dia.— Mais como longas três semanas de
merda. Se algum dos irmãos soubesse que ele se absteve de sexo por tanto
tempo, eles o expulsariam do clube.
— Sim.— Focando na tela, ele observou o que estava acontecendo na
televisão, quando um movimento do sofá atraiu seus olhos para ela. Ela estava
jogando uma perna bem torneada sobre a parte de trás das almofadas.
— Rider, você está aí? Você está bem?
Com uma voz rouca, ele a lembrou: — Você já fez essa pergunta.
— Eu esqueci. Eu deveria ir para a cama.— Jo afastou a mão do peito
para deslizá-la sob suas calcinhas de renda preta.
— Você não se atreva.— Levando-se, ele tentou se concentrar nas telas
e falhou... Miseravelmente.
— Por que não? Estou cansada.
Ela não estava cansada! Ela estava ficando excitada assistindo outro
homem foder outra mulher do jeito que ele deveria fodê-la, mas ficou com
medo de assustá-la.
— Eu preciso que você fique acordada. Eu preciso fazer uma ligação. Eu
vou colocá-la em espera.— Ao mover seu celular, ele viu que ela havia
encerrado a chamada.
Seu polegar foi para o número que ele queria. A voz divertida de Shade
respondeu imediatamente.
— Você tem cinco minutos para chegar aqui, ou a sala de segurança
será deixada sem vigilância.
— Você não pode sair.
— Observe-me.— Rider empurrou o telefone no bolso.
Ele queria chamar Jo e dizer-lhe que iria espancá-la quando chegasse lá
se ela não parasse, mas quanto mais ele assistisse, mais irritado ficaria.
— Oh... Bluebonnet, você vai conseguir isso quando eu chegar aí.—
Rider pressionou o botão, deixando Shade e Lily entrar, ao mesmo tempo em
que desligou a tela que mostrava Jo se tocando.
— Você não pode simplesmente sair— disse Shade, deixando Lily
entrar primeiro na sala, segurando a porta aberta para ela. Rider esperou
impaciente até que ela estivesse na sala, e depois saiu correndo antes que
Shade pudesse entrar, dizendo: — Estou doente. Tenho que ir.
Shade caminhou até a mesa, pressionando o botão para deixar Rider
sair da garagem.

— Ele está com muita pressa— ele comentou, sem esperar uma
resposta. Ele ficou de pé na mesa, familiarizando-se com a localização de
todos, não vendo movimento do lado de fora, além de Rider correndo para
chegar a Jo.
Shade olhou para a bagunça que ficou para ele lidar. — Eu odeio
quando ele não limpa antes de sair.— Shade jogou os restos da orgia
alimentar de Rider. Então ele ligou o aquecedor antes de sentar na cadeira
voltada para os computadores.
— Tire seu casaco— , ele ordenou, sem olhar para trás para se certificar
de que sua esposa estava obedecendo.
— Shade...
— Lily...— ele zombou, ouvindo-a tirar o casaco.
Girando em sua cadeira, ele observou sua bunda enquanto pendurava o
casaco, em seguida, ela voltou para o lado dele.
— Sente-se.— Shade manteve as mãos no braço da cadeira quando Lily
subiu em seu colo. Então ele começou seu interrogatório.
— Há quanto tempo você sabe que Rider é do Texas?
— Duas semanas.
— Quem te contou?
Lily cruzou os braços sobre os seios nus em rebeldia.
— Quem te contou?— Ele levantou a mão para o peito de sua esposa,
pegando um mamilo entre as pontas dos dedos. Ele não teve que pressionar
antes que sua adorável esposa cedesse com um gemido.
— Killyama.
Shade enviou um texto a Train, sobre como estava desapontado com o
fato de Killyama ter revelado um fato que ele não queria que sua esposa
soubesse. Satisfeito de que o irmão sabia exatamente como ele estava
desapontado, ele voltou para os monitores, ignorando sua esposa que tremia
sentada em seu colo, e ao mesmo tempo prolongando o suspense do que ele
iria fazer, enquanto mantinha o controle do horário no relógio.
— Jo lhe mostrou suas fotos?
— Não.
— Você sabe quando você vai ver essas fotos?
— Não. Eu ia passar na casa dela...
— Você nunca vai ver as fotos de Jo, minha querida esposa...
nunca. Você entendeu o que eu disse?
— Sim, senhor.— Lily estremeceu ainda mais contra ele.
— Bom.— Seus olhos voltaram para o relógio novamente.
— Estou com vontade de assistir um pouco de televisão. E você vai
assistir comigo.— Shade pressionou um botão, ligando a tela que Rider tinha
desligado antes de sair.
Sorrindo, ele apertou seu mamilo. Ele adorava quando a arte imitava a
vida. Antes de terminar com sua esposa, ela também apreciaria.
Jo tirou a mão de dentro de sua calcinha ao som da moto lá
fora. Usando os cotovelos, ela se ergueu no sofá, escutando, temendo a visita
noturna que ela não esperava.
Ao som da chave girando na fechadura, ela sentou, quase caindo com o
movimento rápido.
Olhando fixamente enquanto a porta abria, fez passar por sua mente,
uma infinidade de filmes de terror que ela já havia assistido. Seus lábios se
separaram, preparando-se para dar um grito horripilante.
Saltando, ela estava prestes a correr para o quarto dela, mas Jo só
chegou ao braço do sofá antes que Rider entrasse e fechasse a porta atrás dele.
— O que você está fazendo aqui? Você me assustou até à morte!
Pegando uma almofada, jogou-a sobre ele. — Você é um idiota! Por que você
não ligou?
Rider pegou a almofada, avançando pela sala e deixando-a cair no sofá
enquanto tirava o casaco.
— Eu não queria acordá-la se você estivesse dormindo.
Jo observou com cautela enquanto ele sentava na cadeira para tirar as
botas.
— Você não deveria sair...
— Eu liguei para Shade.— Rider tirou a camiseta, jogando na parte de
trás da cadeira. — Isso não parece Smokey.
Os olhos de Jo rastrearam a tatuagem nas costas largas. Tremendo no
babydoll de renda preta, ela começou a se arrepender de seu plano. Ela havia
superestimado sua coragem e sua raiva quando confrontada com o homem
sexy a poucos metros de distância.
Mentalmente se sacudindo para controlar sua libido, ela geriu um
sorriso sereno.
— Eu estava entediada. Eu queria algo um pouco mais estimulante.
— Você está entediada agora?— Rider começou a caminhar em sua
direção.
Jo se moveu atrás do sofá, mantendo-o entre eles. — Não posso dizer
que esteja.
Ele estava olhando para ela do mesmo modo que só o via olhar para o
doce de Willa.
— Sente-se. Podemos assistir a seu filme juntos.
— Eu não estou mais com vontade.— Ela se afastou para o lado do sofá
quando Rider se moveu em direção ao braço oposto.
— Por que não? Você não pode brincar com você mesma
assistindo Smokey?— Ele provocou com um olhar cheio de luxúria.
— Como você sabe o que eu estava fazendo?— Ela retrucou. Sentindo-
se encorajada pela distância que os separava, ergueu os seios, agitando-os. —
Você viu alguma coisa que gostou, Peeping Tom55?
Quando Rider começou a contornar o sofá, ela o acompanhou passo a
passo.
— Eu vi muita coisa que gostei— ele instigou, parando quando eles
estavam mais uma vez em lados opostos dos braços do sofá.
— Eu quero a câmera fora!— Ela apontou na direção em que Lily disse
que estava escondida.
— Como você descobriu?
Ela estava debatendo se teria tempo suficiente para chegar ao seu
quarto antes dele pegá-la quando sua pergunta a fez girar para olhar para ele.
— Não importa. Está ali. E eu a quero fora.
— Não.
Ela franziu o cenho por sua firme recusa. — Por que não?

55
Peeping Tom é um thriller psicológico britânico de 1960 e filme de terror dirigido por Michael Powell, escrito
por Leo Marks, e estrelado por Carl Boehm, Anna Massey e Moira Shearer. O filme gira em torno de um
assassino em série que assassina mulheres ao usar uma câmera de filme portátil para registrar suas expressões
de terror moribundas.
— Essa fodida câmera salvou sua vida e das outras mulheres. E porque
você é uma péssima cozinheira. Você sabe quantas vezes eu quase tive que
chamar o corpo de bombeiros quando você estava cozinhando?
— Não.
— Muitas. Foi por isso que comprei o extintor para deixar sob o balcão.
— Tudo bem.— Ela balançou a mão distraidamente, aceitando essa
desculpa. — Mas a câmera não salvou nossas vidas naquela noite, você
fez. Lily me contou que você disse a Gavin, Shade e Jewell como entrar no
quarto do meu pai pela passagem por trás do seu armário que uma vez
conduziu ao porão. Como você sabia que estava lá de qualquer maneira?
— Eu encontrei quando mandei instalar a nova caldeira quando você
estava nocauteada pela gripe. Se você não fosse tão covarde sobre ir lá, você
saberia também.
— Você comprou uma nova caldeira sem me dizer?
Ele resmungou. — Eu não ia congelar minha bunda.
— Eu vou te pagar de volta.
— Vá em frente. Você terá muito dinheiro quando o seguro de seu pai
for pago, porque ele não estava dirigindo bêbado. Eu já me assegurei que o
dinheiro que Aly roubou de você fosse usado para saldar o empréstimo que
você fez aos Last Riders.
Ela olhou para o braço do sofá. — Eu não ouvi um tiro naquela noite
quando eu estava correndo em direção à garagem...
A expressão de cavaleiro era letal. — Não faça perguntas que você não
quer a resposta.
Os olhos de Jo foram para o local onde F.A.M.E havia perdido sua vida
e onde Mag tinha ficado impotente enquanto Aly pisava sobre eles sem se
importar.
— Eu não quero que seja respondida.
— Legal. Então não vou.
— Isso não significa que a câmera foi a responsável...
— Jo, você realmente acha que o telefone dela tocou por acaso quando
Gavin e Shade estavam vindo pelo corredor?
Ela nunca esqueceria o terror que sentira naquela noite. Ela pensou que
tinha sido um milagre ele ter tocado naquele exato momento. Deus foi o
responsável por esse milagre... Com uma pequena ajuda de Rider.
— Foi Lily quem te contou, certo?
— Shade lhe disse por que ela estava preocupada pelo monitor estar
desligado. Ela deve tê-lo incomodado para consertá-lo, então ele simplesmente
lhe contou para tirá-la do seu pé.
— Esse filho da puta não fica incomodado.
— Então, por que ele contou a ela? Vou ter a maldita certeza de
perguntar-lhe.
Jo acidentalmente tirou os olhos de Rider quando viu o que estava
acontecendo na televisão. Rider se virou para ver o que ela estava olhando.
Voltando-se para ela, Rider deu seu sorriso lascivo.
— Isso te deixa excitada?
— Não— ela mentiu, deslizando atrás do sofá quando ele começou a se
mover.
— Eu fico. Eu não fiz sexo desde que você terminou comigo.— Ele fez
beicinho.
— A culpa é sua. Eu ofereci na noite passada, mas você quis o seu
próprio quarto.
— Foi um erro que eu vou corrigir.
Ao seu súbito movimento, Jo gritou, correndo pela frente do sofá,
esperando que ele continuasse por trás. O idiota saltou inesperadamente sobre
o encosto, agarrando-a. Eles caíram sobre as almofadas do sofá.
Vendo o seu sorriso satisfeito lembrou-lhe quando ele perseguiu o
novilho desgarrado.
Circulando seu ombros, ela levou sua boca para a dele. — Eu amo
você— ela respirou em sua boca.
— Eu também te amo.
Provocando sutilmente seu lábio inferior, ela passou a mão sobre a
tatuagem que sempre a fez sentir-se protegida.
— Você gostou do ursinho que eu comprei para o Dia dos Namorados?
— Aquele dia foi uma caixinha de surpresas.
— Como?
— Esse foi o dia em que percebi que estava lutando uma batalha
perdida tentando não me apaixonar por você. Da próxima vez que Colton vier
visitar, eu vou tatuá-lo sob a outra no meu peito.
Jo franziu a testa.
— A que significa iluminem isso irmãos? Não sei se eu gosto dela acima
do dia em que você se apaixonou por mim.
— 4/20 56foi o dia em que meu filho morreu.
Lágrimas encheram seus olhos. A linda alma olhando fixamente para
ela com o coração em seus olhos, era algo que ela agradeceria a Deus todos os
dias. Os espelhos atrás dos quais ele se escondia tinham desaparecido,
expondo claramente o reflexo de uma alma que havia suportado sua justa
parcela de dor, mas ainda era capaz de amar. Ele não se permitiu ser arrastado
até uma profundidade que não conseguiria recuperar. Ele estava apenas
esperando encontrar alguém que descongelasse seu coração, para que pudesse
bater novamente.
O Winston Hero merecia sua chance. No entanto, era realmente ela
quem tinha que merecer a chance que ele estava dando a ela.
— Rider...— Jo acariciou seu pescoço. — Eu quero um bebê. Você pode
fazer isso acontecer?— Ela sussurrou.
— Sim— ele gemeu.
Ela passou as mãos trêmulas por suas costas. — Eu já escolhi seu nome.
— Você escolheu?
— Eu quero nomeá-lo em homenagem ao pai dele.
Rider franziu a testa. — Eu não sou louco pelo meu nome de batismo.

56
Dia 20 de Abril, no calendário americano o mês vem sempre antes do dia, 4/20.
— Eu não estou falando de Ty. Eu também não sou louca por
ele. Agora Crux...— Jo deu um suspiro sincero. — ... esse é o nome sobre o
qual lendas foram construídas.
EPÍLOGO 1

Com as mãos em seus quadris, Jo olhou consternada para a bagunça na


sala de estar.
— Rider, você viu o meu celular?— Ela gritou, baixando a voz quando
ele saiu do banheiro, passando uma toalha pelos cabelos. — Não consigo
encontrá-lo em lugar nenhum.
— Vou pegar meu telefone e ligar para ele.
Ela começou a pegar as almofadas caídas, depois pegou os pedaços de
renda preta. Indo até à câmera, ela tirou a almofada que bloqueava a visão do
sofá e da cozinha, jogando-a no sofá enquanto ía até à lata de lixo.
— Você está ligando?— Perguntou Jo, caminhando pelo corredor até
seu quarto, vendo-o baixar o telefone quando ela se aproximou do quarto.
— Eu liguei. Se você não ouviu, a bateria deve ter acabado.
— Eu carreguei todo o caminho de Lexington. Deveria ter bastante
carga sobrando.
— Podemos encontrá-lo mais tarde. Quero lhe dar seu presente de
aniversário.
Jo pulou da cama, saltitante, oferecendo suas mãos.
— Eu não o tenho aqui. Vou me vestir.— Ele riu, pegando um jeans
limpo de sua cômoda. — Estou feliz que você não tenha jogado minha roupa
fora depois que você terminou comigo.
— Eu estava perto de fazer isso— . Ela observou enquanto ele se vestia.
— Você está pronta?— Ele estendendo sua mão para ajudá-la a sair da
cama.
— Sim.
Rindo, eles saíram do quarto e pela porta da frente. — Vamos ao clube?
— Não, está na garagem.
Ela tentou pular à frente dele, ansiosa para ver o presente, mas ele não
soltou a mão dela.
— Você não é divertido.
— Eu me diverti muito na noite passada.
Ela mostrou a língua para ele. — Não é você que está com a bunda
dolorida.
— Sua bunda não está dolorida.
— Como você sabe? Não é sua bunda que está dolorida.— Ela se
irritou com a sua certeza.
— Eu tive muito cuidado com você por ser sua primeira vez.
— Rider... Eu posso sentir outro período de seca vindo para você.
— Eu não tenho que me preocupar com isso. Você continuou
gritando mais... mais... Rider, mais...
Ela ainda estava batendo no seu ombro quando ele abriu a porta da
garagem. Seus olhos se arregalaram com o que viu lá dentro.
— Sério?
— Sério. — Ele lhe jogou as chaves. — Vamos dar uma volta.
Jo pegou as chaves antes de tirar o laço gigantesco do carro que ele a
ajudou a restaurar. Ela cuidadosamente levou o laço para a bancada de
trabalho.
— Você não vai guardar esse laço— ele disse enquanto eles entravam
no carro.
— Sim, eu vou. Não é sempre que ganho um presente como esse. Quero
me lembrar disso para sempre.
— O carro é o lembrete, Bluebonnet— ele disse, colocando o cinto de
segurança.
— Eu sei que estou sendo ridícula...— ela sorriu quando ligou o carro.
— ... mas eu vou fazer isso mesmo assim. Onde estamos indo? Eu estou com
fome.
— Eu também. Vamos para o clube. É hora do almoço, e eu preciso
verificar e garantir que um pedido tenha sido despachado. Nós podemos ir
para onde você quiser depois disso.
— Eu posso viver com esse acordo.— Ela teve que se conter ao sair da
garagem. O carro corria como um sonho, e ela desejou que eles pudessem
continuar. Infelizmente, seu estômago estava protestando.
— Depois de comermos, eu vou mostrar o meu carro— , disse Jo com
entusiasmo enquanto subiam os degraus.
— Eles já viram.
— Eles viram quando era seu. Agora é meu.— Ao subir o último
degrau para a varanda, não foi Moon que despertou seu espanto.
Agarrando o seu braço para evitar que ele atravessasse a porta, que ele
estava segurando, ela não conseguia tirar os olhos dos buracos nas paredes
que ela não notara antes.
— Quando isso aconteceu?— Ela perguntou, preocupada com o fato de
algo ter acontecido depois de ter saído na noite passada. Rider livrou o seu
braço, depois o colocou em torno de seus ombros, pressionando-a a entrar.
— Jo...
— Estou perguntando— ela o interrompeu.
Quando ele a puxou para o canto, fora da vista da câmera, ela sabia que
ele estava buscando privacidade.
— Na noite em que Aly te fez refém.— Sua expressão se encheu de
raiva, tristeza e uma determinação impiedosa que a fizeram agarrar sua
camisa.
— Quem foi ferido?
— Driver.
Ao ouvir o nome do homem que ela tinha escutado no restaurante, a
tristeza tomou conta dela. Seus lábios começaram a tremer.
— Ele estava nervoso por conhecer Viper. Se eu não tivesse convencido
você a deixar Jewell ficar, ele ainda estaria vivo.
— Olhe para mim, Jo.— Rider agarrou suavemente seu rosto, forçando-
a a olhar para ele. — Você não é a razão pela qual Driver morreu. Curt é, e os
membros da sua família que também participaram do ataque. Se alguém mais
teve culpa, fui eu. Eu sabia das repercussões de demitir Curt, mas nunca fugi
de um valentão, e eu não ia começar naquela noite.
— Ele realmente morreu usando uma vassoura para explodir um
transformador?
— Ele realmente morreu assim.— Ele acariciou sua bochecha com o
polegar enquanto ela tentava envolver sua mente em torno da crueldade que
Curt havia infligido desde que era jovem. Se sua família parasse de protegê-lo
quando era mais novo, dois homens ainda poderiam estar vivos.
— Estou feliz que ele não machucará mais ninguém.
— Ele nunca mais machucará alguém, nem os homens que o ajudaram
a realizar o ataque.
— Quantos?
— Oito. Eles tentaram entrar nas casas de Shade, Viper e Razer, e no
clube. Foi um ataque maciço.
— Havia bebês nessas casas!
— Eles não se importavam.
— Eles estão presos?
— Não, eles não estão.
— Como...?— Ela apertou as mãos com mais força. — Deixa pra lá. Eu
não quero saber. Isso pode ser atribuído aos Last Riders?
Ele ergueu uma sobrancelha debochando. — O que você acha?
Jo abriu os dedos, alisando sua camiseta. — Não estou mais com fome.
— Então você pode sentar comigo. Não vou demorar muito para
verificar o pedido. Então podemos ir.
Inclinando a cabeça, ela o seguiu até à cozinha, atravessando a sala de
jantar. Encontrando um assento ao lado de Killyama, ela esperou que Rider
servisse seu prato.
— Parece que alguém mijou na sua perna. O que há de errado?
— Nada.
— Espero que você seja melhor em mentir para Rider do que para
mim. Vamos. Conte-me. Outra cadela comprou uma caixa de cereal para o seu
homem? Diga-me quem foi, e eu vou chutar a bunda dela para você.
— Não, não é isso.
Killyama lhe deu um olhar crítico. — Alguma delas lhe comprou outro
presente? Se fizeram, eu posso arrancar suas mãos para você.
— Não, elas não fizeram.
— Alguém viu você e Rider foder na noite passada?
Espantada, Jo não sabia como responder à pergunta.
— Não pareça tão arrogante. É só sexo. Jesus.
— Então, por que você quebrou todos os computadores na sala de
segurança quando eu te deixei me convencer a me fazer companhia quando eu
estava trabalhando?— Perguntou Train.
— Por causa da câmera na sala de estar e na cozinha— . O olhar de
morte de Killyama teria feito qualquer homem sensato recuar. Train era
obviamente instável.
— Era apenas sexo,— Train zombou.
Killyama agarrou sua camiseta quando Rider sentou-se ao lado dele. —
Irmão, você não aprendeu a não contrariá-la?
— Vocês dois filhos da puta...— Killyama interrompeu o que estava
prestes a dizer, voltando a comer sua comida. — Ei, Mercury, esse é um bolo
de carne assassino.
— O que você estava prestes a dizer?— Jo não a deixou escapar tão
facilmente.
— Nada— ela murmurou.
— Você, Train e Rider fizeram sexo na sala de estar?— Os dentes de Jo
juntaram-se quando eles negaram.
— Jo...— Por ter sido do exército, Rider sabia quando uma tempestade
de merda estava se formando. — Eu terminei de comer. Podemos ir...—
— Cala a boca. — Jo olhou para ele. Pelo canto do olho dela, viu Winter
escorregando da cadeira, pegando o prato cheio. — Winter, você transou com
Rider?
— Eu tenho que...— Ela sentou de volta à mesa quando Jo lhe deu um
olhar de advertência. — De jeito nenhum. Sou muita mulher para ele.
Ela viu Mercury e Sasha saindo da cozinha e entrando na sala de
jantar. Não precisava ser um gênio para descobrir o porquê.
Jo estava tão furiosa que queria... Queria... Dando a Rider um sorriso
perverso, ela relaxou de volta na cadeira.
— E quanto a Rachel? Cash estava lá também?
Rider deslocou-se desconfortavelmente na cadeira. — Bluebonnet... esta
é uma conversa privada que podemos ter no carro. Lembre-se, vamos para
onde você quiser.
Lucky, que estava sentado à mesa e ouvia Rider ser posto contra a
parede, estava claramente adorando, pelo grande sorriso no seu rosto.
— Lucky, Rider...
— Deus, não.— Ele estremeceu.
Jo tinha aprendido uma coisa desde que ela estava com Rider, as
coisas nunca eram como aparentavam.
— Então, como você sabia que a calça de couro de Rider serviria em
você?
Consternação encheu o rosto. — Nós podemos tê-lo usado em uma
pequena atuação,— ele admitiu.
— Bluebonnet...
— Ok... Eu vejo como é.— Jo assentiu, saindo da cadeira.
Confuso, Rider observou quando, em vez de correr em lágrimas, ela foi
para trás do balcão servir um prato de comida.
Ela tinha acabado de pegar um prato do armário quando Razer e Beth
entraram pela porta dos fundos. Ao ver que todos estavam olhando para eles,
pararam.
— Alguma coisa errada?— Perguntou Beth, olhando para Razer, que
parecia tão confuso quanto ela.
— Não muito, exceto que descobri que Rider esteve com a maioria das
esposas aqui.
Quando Beth empalideceu, Jo acenou com o garfo levianamente.
— Não. Eu não estou chateada. Afinal, foi antes de Rider e eu sermos
um casal. Não é verdade, Rider?
— Sim.
Vendo a verdade em seus olhos, esfaqueou um grande pedaço de bolo
de carne.
— Você sabe, Rider, eu mudei de ideia. Eu acho que eu poderia entrar
nesse estilo de vida.— Ela colocou a última das batatas em seu prato.
— Qual estilo de vida?— Rider ficou tenso.
— Compartilhar. Minha única indecisão é... Eu escolho, ou você
escolhe?
O maxilar de Rider endureceu. Seus olhos ficaram escuros.— Quem
você escolheria?
Jo pegou uma colher cheia de macarrão, fingindo pensar. Ela quase riu
quando viu Killyama sorrindo maliciosamente para ela.
— Train é muito bom. Você poderia tentar.
Beth avançou, pegando um prato. — Razer é muito ágil, se isso
ajudar. Você vai pegar esse pãozinho?
— Não, você pode pegar.
— Viper é um maníaco por controle, mas se você puder lidar com isso,
experimente.— Winter voltou-se para a mesa e começou a comer, ignorando o
rosto enfurecido do marido.
— E quanto a Lucky? Nunca tentei atuar. Estou aberta a novas
experiências.— Jo colocou o prato sobre a mesa, depois foi ao frigorífico pegar
uma garrafa de água.
— Essa é uma experiência que não estará no seu futuro— , gritou
Rider. Jo estava fechando a geladeira quando Shade atravessou a porta
vaivém.
— O que está demorando tanto?— Perguntou a Rider. — Lily está me
esperando para levá-la e a Clint para o consultótio do pediatra.
— Que tal Shade?— Perguntou Jo, voltando para a cadeira. — Alguma
de vocês meninas tem alguma experiência com Shade?
As sobrancelhas de Shade se elevaram em uníssono.
— Não, mas se você descobrir avise como é. Lily não nos conta nada,—
reclamou Killyama.
— Nós não vamos ter um trio com Shade!— Rider franziu o cenho
quando ela calmamente começou a comer.
— Eu estava pensando mais em um quarteto ou um quinteto.
— Eu não acho que seja chamado de quinteto.— A professora em
Winter não deixaria isso passar.
O interesse de Jo despertou. — Como é chamado?
— Uma orgia— , Winter forneceu de forma útil.
— Você não vai fazer sexo com quatro ou cinco homens!— Rider
rosnou.
— Você já fez sexo com quatro ou cinco mulheres?
Rider encontrou seu olhar de frente. — Não.
— Você está mentindo. O que é bom para o ganso é bom para a
gansa.— Jo agitou o guardanapo graciosamente, depois o colocou
cuidadosamente no colo. — Eu acho que eu deveria começar devagar— ela
pensou em voz alta. — Um quarteto é mais viável. Obviamente, eu já tenho
permissão de Killyama. Posso enviar um texto a Rachel e perguntar se Cash
está disponível. Nós somos amigas. Tenho certeza que ela não vai se importar.
Beth assentiu concordando, partindo o pãozinho ao meio. — Tenho
certeza que não vai.
Moon veio através da porta vaivém, quase batendo em Shade.
— Estou morrendo de fome. Sobrou alguma comida?
— Sobrou bastante bolo de carne, Moon. Estou tentando decidir com
quem eu quero fazer uma orgia. Você está dentro?
Moon, que estava contornando Shade, parou em suas trilhas, dando-lhe
um sorriso lascivo.
— Porra, sim! Irmão, eu sabia que você mudaria de ideia. Eu tenho
tempo para comer? Eu vou precisar das minhas forças.
Jo conseguiu pegar sua água antes que derramasse enquanto Rider
levantava, fazendo as pernas da mesa bambolear.
Moon escapou por trás de Shade quando Rider foi em direção a
ele. Shade, em defesa dele, segurou Rider, empurrando-o de volta para a
mesa. Killyama foi rápida o suficiente para sair do caminho. Train não foi. Ele
foi derrubado, ambos os homens caíram no chão.
Rider começou a levantar quando Train o golpeou no rosto.
— Sai fora! Sua bunda gorda está esmagando meu pau!
Rider parou de tentar sair de cima de Train, golpeando-o de volta.
Moon parecia estar se sentindo mal por Train estar apanhando por
ele. Ele tentou parar a briga, apenas para ter Rider o derrubando sem mais
nem menos.
Ao ver a luta ficar fora de controle, Viper e Lucky tentaram separá-los,
apenas para se verem envolvidos,também.
Jo tomou outro gole de sua água, observando-os.
— Você não vai detê-lo?— Winter perguntou, levando seu prato para o
balcão.
— Não, ainda não vejo nenhum sangue. Ei!— Jo se animou. — Eu
ganhei um carro novo de aniversário. Vocês querem dar uma volta, meninas?
Beth levantou-se. — É melhor que vê-los se matarem.
— Vamos parar e pegar Willa. Você pode perguntar a ela sobre
Lucky.— Winter seguiu Beth para a porta, dando um chute de leve na bunda
de Rider antes de ajeitar seus cabelos e sair atrás delas.
Shade ficou parado, observando a luta, sem se mover para interferir.
— Feliz agora?
— Ainda não— disse Jo, estendendo a mão para ele e balançando os
dedos. — Meu telefone?
Shade levou a mão no bolso, tirando-o e entregando-o.
— Eu me culpo por falar sobre essas fotos. Da próxima vez, não serei
tão generosa quando você invadir minha casa.
— Rider disse que estava comigo?
— Não, Rider estava muito ansioso em passar aqui para despachar um
pedido. Quando ele já se preocupou com o trabalho?— Jo balançou o pé,
chutando o traseiro de Lucky por bater tanto em Rider. — Posso te fazer uma
pergunta?
— Continue. Eu não tenho nada melhor para fazer, além de deixar Lily
esperando.— Jo ignorou a zombaria. Ela ligaria para Lily quando fosse
embora e lhe ofereceria uma carona.
— Então, se, por acaso, eu conseguir salvar as fotos que você apagou no
iCloud57, eu teria votos suficientes para me tornar uma Last Rider?
Shade apertou os lábios em uma linha firme. — Mais do que suficiente.
— Obrigada, Shade. É sempre um prazer fazer negócios com você.
Evitando os pés de Moon e Lucky, ela foi até à porta.
— Rider!— Jo gritou sobre os homens amaldiçoando. — Rider! Shade
disse que também está dentro!
Ela ficou satisfeita quando viu Rider conseguir se desvencilhar de
Viper.

57
O iCloud é um serviço de armazenamento em nuvem e computação em nuvem da Apple Inc. lançado em 12 de
outubro de 2011. A partir de fevereiro de 2016, o serviço contava com 782 milhões de usuários.
Razer, vendo o olhar selvagem no rosto de Rider enquanto lutava para
chegar a Shade, arregaçou as mangas preparando-se para a próxima batalha
entre os dois homens.
— Shade, agora estou feliz.

— O que fez você voltar e me buscar?


Jo se deitou lânguidamente em cima de Rider. Inclinando a cabeça, ela
encarou seu rosto maltratado.
— Nós nunca saímos. Assim que chegamos ao carro, Winter mudou de
ideia sobre ir. Ela disse que as lutas deixavam Viper excitado e que ela não
perderia isso para te dar uma lição. O resto delas... Inclusive eu, seguiu sua
iniciativa. Estou disposta a admitir, que estava esperançosa que você tivesse
uma grande descarga de adrenalina como Viper tem.
Ela sorriu quando as mãos a puxaram pelos braços, arrastando seus
seios pelo peito dele, para que sua boca pudesse atormentá-la da maneira que
ela fez com ele.
— Eu sempre recebo uma grande descarga de adrenalina à sua
volta. Eu não preciso lutar para fazer você ver estrelas.
— Rider você é bom, mas não bom o suficiente para me fazer ver
estrelas. Se você quer que eu veja estrelas, deixe-me dirigir sua Ferrari.
— Não.
— Você não vai mesmo me deixar dirigi-la?
— Bluebonnet, se você quiser dirigir meu carro, você vai ter
que me fazer ver estrelas.
Rindo de seu sorriso malicioso, ela começou a lhe fazer cócegas até ele
dar um basta e virá-la, a prendendo debaixo de seu corpo.
Tornando-se séria, ela olhou para ele, um caroço se formando em sua
garganta pela maneira que ele estava olhando para ela. Era um Rider, com o
coração nos olhos, como se todos os seus desgostos passados fossem
inexistentes.
— Você acredita em amor eterno?— Jo prendeu a respiração depois de
fazer sua pergunta. Rider parou de tentar fazer cócegas nas suas costas
quando percebeu que ela falava sério.
— Eu teria que acreditar que vou para o céu para acreditar nisso. Eu
pretendo levar meus pecados para o inferno comigo.— Ela bateu em seu
ombro.
— Você me prometeu para todo o sempre, e eu vou te cobrar por
isso.— Seus braços envolveram seu pescoço, agarrando-se a ele, seus olhos
fixos nele com todo o amor que ela sentia, brilhando. — Você não quer ir para
o céu comigo?
— Jo, sempre que você está comigo, eu já estou nele.
EPÍLOGO 2

— Shh... eles vão nos ouvir— Crux advertiu quando eles entraram
furtivamente no local secreto onde Noah e Chance haviam seguido seus pais
no início do dia. Noah alardeou que era o local onde as iniciações do Last
Riders ocorriam.
— Ninguém vai ouvir. Todos estão dormindo. Não deveríamos ter
trazido você de qualquer maneira. Você está sempre tentando nos seguir
quando não é desejado— reclamou Noah.
— Cala a boca, Noah. Crux está certo. Você está fazendo barulho
suficiente para Viper nos ouvir, e ele é o que está mais distante.
— Eu disse a ele que poderia vir. Eu tive que dizer. — disse John,
saltando uma árvore morta. — Ele estava passando a noite com Clint, e ele me
viu sair de casa.
— Eu nem sei por que lhe disse que nós viríamos esta noite. Eu e Noé
deveríamos ter vindo sozinhos e te contado como era amanhã,— Noah se
queixou.
Crux sentiu o frio na parte de trás do seu pescoço aumentar, quanto
mais eles entravam no bosque. Ele quase caiu tentando escalar a árvore que
John havia facilmente saltado.
— Se você não queria que eu viesse, então por que você me incomodou
o dia todo? Se nossos pais descobrirem que fugimos, nós vamos ser castigados
por toda a vida.
Crux parou de ouvir os meninos mais velhos discutindo. — Eu acho
que ouvi algo.— Ele baixou a voz, tentando acompanhar John. Ele não queria
se perder no escuro. Ele era o único sem uma lanterna.
— Covarde. Continue, ou nós vamos deixar você... Aqui está.— A voz
de Noah passou de irritada a excitada.
Crux correu para frente, deslizando entre as enormes rochas saíndo em
uma clareira do outro lado.
— Como eles conseguem passar entre as rochas? Eu quase não
consegui.— John apontou sua lanterna, iluminando a clareira que era apenas
terra e principalmente rochas. — Eu me pergunto onde isso vai dar?— Ele
perguntou, parando a luz sobre a escuridão do bosque que ficava do outro
lado da clareira.
— Como diabos eu saberia? Vamos ver...
— Espere, Noah...— Chance interrompeu seu irmão gêmeo. — Vamos
embora. É assustador aqui.
— Você também não! Eu só quero... O que é aquilo?— A lanterna
vacilou quando uma figura sombria saiu do escuro, onde Noah estava prestes
a explorar.
Noah e Chance deixaram cair às lanternas no chão enquanto gritos de
menino enchiam o ar. Eles dispararam em uma corrida, passando pelas rochas
até ao outro lado.
Crux quase se molhou quando a sombra se aproximou.
— Corra, John!— Crux ficou imóvel enquanto a luz de John vacilava
dentro de seu aperto amedrontado.
Os gritos de Noah e Chance o tinham assustado, mas ele não conseguiu
deixar seu melhor amigo.
Crux não sabia se corria ou chorava de alívio quando viu quem se
curvava para pegar as lanternas de Noah e Chance.
— John, seu pai está esperando por você do outro lado— disse seu pai,
caminhando em direção a ele para entregar uma das lanternas.
— Eu tenho que ir?
Crux levantou a lanterna para enxergar John.
Seu pai riu. — Vai ficar tudo bem. Ele não está bravo.
— Ele nunca fica com raiva. Ele fica desapontado — , disse John com
tristeza, caminhando em direção às rochas.
— Poderia ser pior. Você poderia ser Noah e Chance. Razer e Knox
terão sorte de pegá-los antes que cheguem em casa, eles estavam correndo
muito rápido.
Agora Crux compreendeu os gritos altos de Noah e Chance quando
saíram do outro lado. Se Knox tivesse saído do escuro, ele voltaria para casa
com mais do que o jeans molhado.
Crux permaneceu onde estava enquanto John passava pelas rochas.
— Sinto muito— ele disse enquanto observava seu pai se sentar em
uma grande rocha.
Crux manteve a lanterna apontada para ele enquanto seu pai tirava
algo do bolso. Quando viu uma chama, Crux curiosamente aproximou-se.
— O que você está fazendo?
— Nada.
Crux fungou no ar. — Isso cheira como um cigarro. Você não fuma.
— Há muitas coisas que eu faço que sua irmã e sua mãe não sabem.
— Como o quê?
— Esses segredos são para quando você estiver mais velho e não em
apuros por fazer algo que você não deveria estar fazendo.
Crux abaixou a lanterna, não querendo ver o desapontamento no rosto
de seu pai.
— Eu não queria ser um dedo duro.
Crux viu o brilho do cigarro aumentar antes de se tornar alaranjado.
— Eu posso entender não querer trair um amigo— .
— Eles não são meus amigos. Eles não gostam de mim. John pode
gostar um pouco, mas ele não me diz isso— ele disse abatido.
Seu pai riu. — Eu aposto que ele não diz.
— Você não está louco comigo?
— Não eu não estou louco. Eu não fico louco.
— Eu já vi você enlouquecer.
Crux viu o brilho do cigarro novamente.
— O que você viu foi eu deixando as pessoas verem o que elas querem
ver. Se eles querem me ver com raiva, mostro-lhes raiva. Se eles querem me
ver feliz, mostro isso também.
— Eu não entendo...
— Você entende. Você finge tão bem quanto eu quando você está
magoado por sua mãe dar a sua irmã mais atenção do que a você, ou quando
está com raiva quando Noah não quer que você saia com eles, ou quando está
com medo o suficiente para se mijar, mas você não corre.
— Foi um acidente— ele murmurou.
— Filho, não será a última vez que você vai se mijar porque está cagado
de medo. Eu me mijei algumas vezes, assim como todos os Last Riders. Eu não
estou zangado. Estou muito orgulhoso de que quando Noah e Chance
correram, você ficou.
— Eu não queria deixar John.
— Eu sei disso. É por isso que estou orgulhoso de você. Você é muito
mais jovem do que eles, mas, em relação à coragem, você está à frente da
curva.
Crux franziu a testa. — O que isso significa?
— Que um dia, Noah e Chance serão tão corajosos quanto você é agora,
mas não virá até que eles sejam mais velhos e suas experiências os
moldem. Sua coragem é parte de você. Ela ficará mais forte à medida que você
envelhecer.
— E quanto ao John? Ele também foi corajoso. Ele não correu.
— Não, ele não fez. Ele é como você, e tenho certeza de que Shade vai
levar isso em consideração quando puni-lo, assim como eu vou.
Crux assentiu. Ele não entendeu muito do que o pai tinha dito, mas ele
entendeu que ainda seria punido.
— Você vai contar para mamãe?
— Não.— Seu pai deu uma risada suave. — Então eu teria que fingir
estar zangado com você. Eu tento não fingir muito em torno dela.
— Você finge em torno de mim e da Val?
— Não, é por isso que estou falando com você agora, então, quando eu
agir de forma diferente quando os outros estiverem por perto, você saberá a
diferença.
— Eu queria ter tantos amigos quanto você.
— Você será amigo de Noah e Chance quando você envelhecer.
— Eles zombam do meu nome.
— Eles estão apenas com ciúmes, o que é uma coisa boa. Todos os seus
pais tem ciúmes de mim— seu pai se gabou, levantando enquanto jogava o
cigarro fora. — Vamos. Tenho que voltar ao trabalho.
Crux começou a ir por onde os outros passaram.
— Por aqui, Crux. Eu sou muito grande para ir por aí.
Crux segurou a lanterna enquanto caminhava ao lado de seu pai,
tentando não ter medo.
— Não fique incomodado quando eles zombarem do seu nome. A
propósito, culpe sua mãe. Eu ia te nomear Brandon.
— Ewie. Isso é ainda pior do que Crux.
— Um nome não faz o homem. Um homem faz o nome. Aprendi isso
nas forças armadas.
— Eu quero entrar na Marinha como você quando eu crescer.
— Você pode fazer o que quiser, apenas faça isso melhor do que todos
os outros.
— Eu vou. Você acha que tio Knox e tio Razer encontraram Noah e
Chance?
— Eu tenho certeza que eles fizeram. Eu não ouço mais os seus gritos.
Ele riu. — Por sinal, a próxima vez que Chance te chamar de covarde, lembre-
lhe que foi ele quem cagou nas calças e correu.
— Eles vão me bater se eu fizer isso!
— Não, eles não vão.
— Sim, eles vão.
— Não, filho, eles não vão, porque o pai deles os alertou.
— Sobre o que o pai deles os alertaria?
Seu pai colocou uma mão forte em seu ombro, guiando-o sobre a árvore
morta que ele quase caiu no caminho para o local de iniciação.
— Que eu sempre estarei do seu lado.
EPÍLOGO 3

Jo sentou-se no cobertor que seu neto havia colocado para ela na


praia. Rindo, ela jogou a bola de praia de volta para as crianças, que estavam
brincando nas proximidades.
— Você está se divertindo, mãe?
Jo sorriu para o filho quando ele se atirou ao lado dela no cobertor.
— O melhor momento que tive em muito tempo.
Crux pegou uma toalha que tinha colocado no chão antes de ir nadar,
esfregando-a sobre as pernas e os braços.
— Você ainda sente sua falta, não é?
Jo olhou para o filho, que parecia tanto com Rider, que lhe doía cada
vez que ele sorria para ela.
— Deus, sim. Você não?
Seu filho olhou para o oceano, sua própria tristeza aparente quando ele
torceu a toalha para colocá-la sobre seus ombros.
— No começo, achei que você estivesse louca por querer voltar aqui,
mas fico feliz que você tenha me pedido. Eu me sinto mais perto dele. Não sei
porquê.
— Por causa das férias que passamos aqui quando você era mais jovem,
e... foi onde o perdemos.
Ela inconscientemente esfregou o polegar contra a tatuagem em seu
dedo anelar. Ela e Rider fizeram as tatuagens no dia em que Lucky realizou a
cerimônia de casamento. Ela sentiu-se como uma princesa naquele dia, e
Rider, seu príncipe.
Alguns anos tinham sido ótimos; outros haviam sido difíceis. Através
de tudo, seu amor continuou a crescer e florescer, assim como os bluebonnets
de onde ele havia buscado seu apelido.
Ela havia dado a Crux, as alianças de casamento dela e de Rider no ano
passado, quando ela ficou doente. Ele queria devolvê-las quando ela teve alta
do hospital, mas ela pediu que ele as guardasse. Como Mag, ela sabia que seu
tempo estava chegando ao fim, e ela não estava com medo. Seu Winston Hero
estaria esperando por ela. Eles estavam separados há vinte e dois anos agora.
Jo não lembrava muito daquele primeiro ano. Ela dormiu para
esquecer. Ou quando ela estava acordada, ela vagueou por ondas de desespero
e angústia. Crux tinha tirado licença da Marinha. Foi só quando ele estava
prestes a desistir do seu posto que ela se arrastou para fora do nevoeiro que a
envolveu e começou a viver novamente.
No segundo ano depois que o perdeu, Jo se mudou para o estado em
que ele nasceu e também onde o perderam.
Depois de sua morte, Rider recebeu as medalhas que lhe negaram em
vida, cada uma delas colocada em seu caixão pelos Last Riders restantes, ou
por seus descendentes que cumpriram a promessa feita a seus pais.
Mesmo no final, ele sacrificou sua vida para tentar salvar dois meninos
que haviam nadado para muito longe e não conseguiram voltar.
Ela se lembrava de ter entrado em casa para buscar bebidas e, quando
ela saiu, ele havia desaparecido. Frenética, ela finalmente o viu ajudando um
dos meninos. Jo conseguiu chegar até o mar para ajudá-lo. Então, ele entrou
novamente antes que ela pudesse detê-lo.
Jo se certificou de que o garoto estava seguro, então correu até o
telefone para pedir ajuda. Voltando correndo para a água, suas orações foram
atendidas quando o viu se aproximando da margem com o outro menino.
Chorando, viu outro homem correndo para a água para ajudar, tirando o
menino dele.
Jo tirou os olhos de Rider por um segundo ao som dos paramédicos, e
quando ela voltou a olhar, ele havia sumido.
Ela correu até à água para procurá-lo, mas a cada vez, a água a
empurrava de volta. Soluçando, ela tentou novamente quando o estranho que
ajudou com o menino a arrastou para fora da água, depois voltou para
procurar Rider.
Ela estava no mesmo lugar, exatamente como estava agora, sentada na
areia com um cobertor que o paramédico colocara ao redor dela, quando
encontraram Rider.
— Mamãe?
— Sim, bebê.— Jo piscou, impedindo as lágrimas que estava
determinada a não derramar.
Crux deu uma pequena risada. — Faz muito tempo que você não me
chama assim.
— Você sempre será meu bebê, não importa quantos anos você tenha.—
Ela deu um sorriso trêmulo, virando-se para olhar para o filho de quem estava
orgulhosa.
Crux ganhou o respeito de Rider, assumindo a mesma posição que ele
tinha ocupado no clube.
— Está ficando tarde. Vamos. Vou ajudá-la a entrar.
— Eu não preciso de ajuda. Eu posso fazer isso sozinha.
— Então você pode me ajudar.— Crux levantou, esperando
pacientemente que ela fizesse o mesmo.
Usando a bengala, ela conseguiu se levantar. Ela não queria mostrar
qualquer fraqueza na frente de Crux, ou ela se veria partindo pela manhã de
volta a Treepoint. Ela tinha que ficar aqui. Ela estava esperando por ele.
Tanto quanto Rider adorava os Last Riders e Treepoint, seu coração
nunca se afastou do Texas. Assim como seu coração nunca se afastou
dela. Tinha sido dela desde o dia em que ele havia prometido para todo o
sempre, e ele havia ficado até que a morte os separou.
— Eu queria que você voltasse para casa conosco, mãe. Val, Tom e seus
filhos sentem saudades de você. Assim como Keira e Ridge.
Jo pegou levemente o braço do filho enquanto caminhavam em direção
à casa da praia.
— Sinto falta de todos vocês também, mas sua irmã e o marido não
precisam de mim sentada em casa. Ela está muito ocupada cuidando das
crianças para se preocupar comigo. Você e Keira também têm suas próprias
vidas para conduzir. Com Ridge entrando no exército, vocês podem
finalmente ter um tempo sozinhos novamente. Estou contente, Crux. Tenho
muita companhia para não me sentir solitária. Rachel teria vindo com todos
vocês, mas Greer não estava se sentindo bem. Felizmente, eles virão em
breve. Sinto falta de Rach.
— Eles queriam estar aqui para o seu aniversário de noventa e dois,
mas Greer estava tendo problemas para se recuperar de uma gripe, e o médico
não queria que ele viajasse. Rachel parece tão jovem quanto
você. Provavelmente porque vocês mantém uma a outra jovens quando ela
vem passar os invernos com você.
— Eles sentem falta da neve profunda, mas não o bastante para morar
em Treepoint durante o inverno. Nossos ossos velhos não aguentam muito
mais.
Jo sorriu para seus netos enquanto eles se juntaram ao redor da mesa,
enquanto sua mãe os repreendia por não limparem a areia de seus pés antes de
entrar para comer.
— Deixe-os em paz, Valentine. Não os censuro. Eles provavelmente
estavam preocupados que o bolo tivesse terminado com Tom se esgueirando o
dia todo para pegar uma fatia.— Jo foi até seus dois netos, beijando-os na
bochecha.
Os meninos de dezesseis e dezessete anos tinham sorrisos maliciosos
que lhe lembraram de Rider.
Indo até à ponta da mesa, ela beijou seu neto de vinte anos, que
constantemente observava o ambiente ao seu redor com uma expressão
solene. Jo sabia que ele tinha herdado as mesmas habilidades que Rider e
Crux. Ridge era com quem ela mais se preocupava.
Seria preciso uma mulher especial para ver sob as reflexões que eram
uma parte tão intrínseca dele.
Ela tinha tido a mesma preocupação com Crux antes que Kiera se
apaixonasse por ele. Seria preciso uma mulher perspicaz para ver através de
Ridge e aceitar seus pontos fortes sem ser oprimida por eles.
Era preciso coragem para amar um herói. Talvez mais do que a do
homem que elas amaram. Foi por isso que ela já havia decidido voltar para
Rider antes dele ter aparecido em sua garagem, querendo outra chance.
— Você quer minha cadeira, Vovó? Eu vou sentar no sofá— ele
ofereceu.
— Não, você fica aí. Eu vou para a cama.— Batendo em suas costas, ela
foi até Crux, beijando-o na bochecha. Então, parou um segundo para recuperar
o fôlego apoiando um braço nos ombros largos de Tom. — Se você continuar
comendo tanto bolo, quando você voltar, o clube não vai lhe chamar de
Tomcat, eles vão lhe chamar de Garfield.
— Eu sou um menino em crescimento.— Dando a sua esposa um olhar
preocupado, ele afastou o prato, levantando-se. — Você se importa se eu pegar
os álbuns de fotos do seu quarto? Quero mostrar aos meninos as fotos quando
eu e o Crux estávamos na escola.
— Você e Crux já mostraram essas fotos um milhão de vezes, mas se
você quiser me levar até ao meu quarto, não me importaria.— Ela deu
ao genro um tapinha carinhoso enquanto beijava sua filha e sua bela nora.
— Nós podemos limpar a areia pela manhã. Eles vão querer ir de novo
pela manhã antes de partir. Não há necessidade de fazer isso duas vezes.
— Você os estraga demais.— Valentine devolveu seu beijo, dando-lhe
um abraço suave também. — Eu te amo, mãe.
— Eu também te amo, bebêzinha. Eu amo tudo em você. Boa noite. Vejo
você pela manhã. Kiera, não mantenha Crux lá fora até muito tarde quando
vocês forem nadar no meio da noite.— Piscando para Kiera, Jo foi para o seu
quarto que ficava próximo à porta da frente com seu próprio banheiro. Ela
sentou-se na cama quando Tom pegou o álbum que ela sempre guardava na
sua cômoda.
— Posso te trazer alguma coisa?— Perguntou ele.
— Não, eu estou bem. Só vou ler um pouco antes de adormecer.
— Boa noite, então.
— Tom— ela o deteve. — Eu não poderia ter pedido a Deus um marido
melhor para minha filha. Você é um bom homem para ela e um bom pai. Não
estrague isso.
— Eu prometi a você e a Rider quando pedi sua permissão para casar
com ela. Eu não planejo quebrar essa promessa para você e Rider, ou os votos
que fiz para Val.
Jo assentiu com cansaço. — Noite, Tom.
Seu genro lhe deu um olhar preocupado antes de ir para a porta.
— Os meninos têm mais alguns dias antes de voltar para a escola das
férias de Natal e querem ficar um pouco mais; está tudo bem com você?
Jo ergueu os olhos para o céu. O homem nunca tinha sido bom em
mentir.
— Eu vou gostar de ter vocês aqui por mais tempo.— Ela sabia que
seria inútil argumentar.
Deixada sozinha, ela lentamente levantou da cama e foi até ao banheiro,
onde se preparou para a cama. O espelho sobre a pia mostrou
seus cabelos brancos. Seus olhos azuis pareciam mais sombrios. Seus lábios se
torceram em um sorriso com a camisola que ela estava usando. Rider odiava
flanela.
Seus ossos artríticos doeram quando ela se abaixou para a cama. Então
ela tirou o colar de baixo da sua camisola, olhando para o rosto sorridente de
Rider. Beijando a foto, colocou-o de volta sob a camisola para que ele pudesse
descansar contra seu coração.
Desligando a luz, Jo se cobriu, muito cansada para ler esta noite. Ao
fechar os olhos, ela adormeceu sem sonhos.
Os fracos raios que atravessavam a janela a despertaram. Ela não
acordava para ver um nascer do sol há muito tempo.
De repente, querendo vê-lo da praia, ela pulou da cama e disparou para
fora de sua casa, correndo até à praia, sentindo-se tão leve e flexível como
quando era jovem.
Afundando na areia, ela envolveu as mãos ao redor de seus joelhos,
ofegando com a beleza diante dela enquanto o sol da manhã brilhava sobre a
água.
À medida que o sol se elevava, ela teve que olhar para baixo para evitar
que seus olhos queimassem. Quando ela o fez, viu uma figura solitária
correndo pela praia em sua direção. No início, ela pensou que fosse Tom em
sua corrida matinal, mas o homem correndo em sua direção era muito
alto. Quando ele se aproximou, ela achou que fosse Crux e estava a ponto de
provocá-lo por estar acordado tão cedo, até o sol subir e as sombras na praia
desapareceram. Então ela percebeu que era Rider.
— Rider!— Saltando, ela começou a correr para ele, pulando em seus
braços quando chegou perto o suficiente.
— Rider!— Soluçando, ela envolveu seus braços ao redor de seu
pescoço enquanto ele a girava. — Eu senti tanto a sua falta.— Cheirando seu
pescoço, ela chorou toda a angústia que experimentou desde que ele tinha sido
tirado dela e toda a alegria de se reunir com ele.
Ele a colocou firmemente de volta na areia. — Pare de chorar,
Bluebonnet. Nunca mais vou deixar você de novo.
— Eu não vou deixar você.— Ela sorriu, lágrimas ainda fluindo pelo
rosto.
Eles caminharam pela praia na direção em que ela o vira vindo, de
mãos dadas.
— Eu nunca deixarei você se afastar de mim novamente— ela jurou.
— Não era hora, Bluebonnet. Eu tenho um presente para você. Um
presente lindo e glorioso que tenho esperado para lhe mostrar.
— Posso ver agora? Eu não preciso mais esperar?— Ela perguntou
excitada.
— Você pode vê-lo agora. É para lá que estamos indo.— Ele
gentilmente a impediu quando ela tentou soltar sua mão para correr à frente.
— É maior do que uma caixa de anel?
— Maior.— Seus olhos enrugaram em diversão. — Muito maior.
Ela parou de tentar avançar, levantando seus olhos azuis brilhantes
para os dele.
— Maior que uma cesta de pão?— Ela insistiu, segurando sua mão com
mais firmeza.
— Um pouco maior.— Rider apanhou seus lábios em um beijo
apaixonado antes de girar novamente. Jo não conseguiu resistir a um último
olhar para trás ao longo da praia de onde começaram sua jornada.
O sorriso dele sumiu quando viu o que ela estava fazendo.
— Não é tarde demais para voltar.
— Não, estive pronta para partir desde o dia em que te perdi. Tenho
tanto para te contar.— O olhar de Jo foi até à areia atrás deles, vendo que seus
passos não haviam perturbado a areia impecável.
— Nós temos muito tempo— ele disse a ela, puxando-a ainda mais
perto dele quando o sol se levantou, expondo a beleza etérea do Reino que a
esperava.
Seus lábios se separaram com admiração.
— Rider, isso é definitivamente maior do que uma cesta de pão.
Rider parou, envolvendo seu rosto enquanto segurava sua
mão. Traçando sua bochecha com os dedos, Jo ergueu a outra mão, colocando-
a sobre o seu anel tatuado, a duplicata exata do dela.
— Tem que ser para guardar o ‘para todo o sempre’.

FIM

Você também pode gostar