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QUESTAO 1-

O primeiro mito proferido por Hesíodo a seu irmão Perses diz respeito a gênese das
duas lutas — lados opostos de Éris, filha da noite escura — e dos elementos que as distinguem
em “más”. ou “boas” A primeira luta é representada como repreensível, dura, promove a
guerra e a discórdia, além de gerar disputas cruéis e estimular a maldade. Já a segunda, criada
a partir da fúria de Zeus ao ser enganado por Prometeu e enfincada nas raízes terrestres,
consiste na competição entre os homens: ao ver um indivíduo trabalhar, uma pessoa
observadora tende a realizar o mesmo ato, julgando criar melhorias para tal. Hesíodo, ao expor
o mito diante do tribunal, possui como intuito alertar seu irmão em duas instâncias: aderir à
luta boa e assim trazer honra e bons frutos a partir da realização de seus trabalhos; não deferir
mais pagamentos e prestígios ao júri como forma de corrupção à vista de ter maior apoio e
favorecimento nos litígios da herança postos por ele. Assim, como no mito, pode-se inferir
certa comparação entre Hesíodo e Perses, sendo o primeiro detentor de grande sabedoria, da
mesma maneira que prometeu, e o segundo passível de tolices e escolhas dubitáveis, vistas em
comum com Epimeteu.
O segundo mito narra a criação de pandora, ainda fruto da ira de Zeus, a primeira
mulher a andar entre os homens. Junto com ela, foi enviado dos céus do Olimpo uma caixa
contendo todos os males que hoje assombram a sociedade humana. Vale ressaltar que, antes
da artimanha de Prometeu, os humanos viviam a era dourada sem o acometimento de mortes
e repleta de abundantes fontes de alimentos. Adiante, Pandora por não conseguir conter seu
gênio curioso, abre a caixa e libera consigo todo o mal presente nela. A era dourada acabou
desde então e os homens tiveram que começar a praticar os trabalhos (um dos males
inevitáveis d caixa) para sua sobrevivência. Hesíodo reconhece que, se foi alvo de artimanha do
justo Zeus, o trabalho deve ser respeitado mesmo sendo um dos males que não pode ser
desfeito, um mal necessário e que, portanto, deve ser realizado por Perses, sendo a sua
aversão ao filho de Cronos.
Segue-se adiante com o terceiro e último mito dito por Hesíodo: o mito das cinco raças.
Zeus foi o criador de cinco raças de espécies humanas que já habitaram a terra. A
primeiríssima, chamada de “Ouro” denomina os humanos que viviam em harmonia com os
deuses, não envelheciam e respeitavam o ambiente de maneira positiva. Esses foram
agraciados por Zeus que os transformou em espíritos da justiça. A segunda raça, chamada de
Prata, possuía uma infância longa, adolescência e velhice curta, morrendo em sofrimento, e
não cultuavam os deuses com oferendas e sacrifícios, logo, foram escondidos por Zeus nas
profundezas da terra. A terceira raça possuía índole odiosa, brutal, bélica. filhos da guerra e do
combate, acabam sucumbindo sua própria espécie diante a tanta destruição. Por conseguinte,
Zeus cria a penúltima raça, mais conhecida com a dos semideuses, onde muitas perdas de
honrados heróis acometeram as guerras e conflitos e os demais foram abrigados nas ilhas dos
bem aventurados. Por fim, a última raça, a de ferro, a mesma de Hesíodo, é vista como espécie
que convive entre justiças e injustiças, desentendimentos e desvalorização. Dessa maneira,
Perses se consagra como uma prova verídica de tal afirmação, ao fato que, diferente das raças
honradas, sua espécie não acata a justiça de Zeus e a forma de trabalho inclusa nela. Os
homens que não o fizessem seriam punidos e sucumbiriam a seus próprios males.
A utilização da fábula “A justiça” composta pelo gavião e o rouxinol tem como moral o
respeito pela superioridade de uma figura perante a outra. Hesíodo utiliza desse argumento
para cessar as atitudes de Perses que acabam por desrespeitar e anular a justiça superior do
filho de Cronos. Os atos de corrupção e de desfruto pelo ócio por parte do irmão de Hesíodo
são fatos que, mais tardar, só poderá levar à fúria de Zeus e seu destino estaria marcado com
os males de quem não segue os seus princípios.
QUESTÃO 2
O litígio judicial presente na obra “trabalhos e dias” tem sua origem a partir do
repartimento da herança familiar entre Hesíodo e seu irmão Perses. Esse, por sua vez, movido
pela ganância e tendo gastado imprudentemente a sua repartição, leva essa conjuntura para o
tribunal para arrecadar parte das finanças do irmão. Nesse ambiente de julgamento, Hesíodo,
vendo que as injustiças intrínsecas à raça de ferro, tenta convencer o júri de seu lado justo
(conforme a vontade de Zeus) e, mais que isso, aconselhar seu irmão a parar de desrespeitar a
justiça do filho de Cronos ao subornar o júri e se abster da realização dos trabalhos que
dignificam e honram os homens. Para isso, na primeira parte da obra, são utilizados como
argumentos 3 mitos e uma fábula, todos aludindo a personalidade e os fins que Perses poderia
adquirir em seu futuro. Na segunda metade, Hesíodo utiliza o gênero didático para auxiliar e
ensinar seu irmão a realizar tais atividades gloriosas, sendo os ensinamentos de diversas
matérias, como agricultura (época de plantar e colher; conhecimento dos elementos da
natureza) e navegação. Ambas são bem trabalhadas por Hesiodo, mesmo esse não tendo
experiências físicas e concretas com a matéria náutica, por exemplo. Assim, Hesíodo tenta
mostrar a Perses os caminhos árduos, mas necessários, para que esse não tenha que procurar
abrigo em meio a corrupção e ao desrespeito divino no intuito de conquistar mais riquezas. Se
seguir os passos de seu sábio irmão, terá riquezas, dignidade e, acima de tudo, estará sendo
justo com a justiça de Zeus.

QUESTÃO 3
Aristóteles em sua obra “Poética” distingue a arte poética das demais artes imitativas
(miméticas), ao dissertar que a primeira é composta de maior utilização sonora para a
representação de algo a ser imitado, ou seja, há uma preocupação com o ritmo (duração e
intensidade), harmonia (melodia e altura) e a palavra (forma, semântica e fonética); enquanto
isso as outras artes são compostas pela utilização de aspectos visuais, como cores e figuras.
Ademais, Aristóteles propõe uma distinção dos tipos de artes poéticas entre Epopeia, tragédia
e comédia, as quais se divergem de acordo com a caracterização das personagens. Dessa
forma, em uma tragédia, a imagem a ser construída é a de personagens ordinários, comuns, do
contexto vivido pela época; a seguir, nas comédias, são imitados personagens inferiores e
dignos de escárnio; por fim, a epopeia imita personagens grandiosos, gloriosos e dignos de
honra. Essas diferenças. Para finalizar, ocorre a distinção do modo de imitação em sendo
“narrativo”, fato em que o narrador assume a personalidade de todas as personagens (visto em
epopeias de Homero) ou “dramático”, o qual as personagens assumem diretamente as suas
próprias personalidades (visto nas tragédias e comédias)

QUESTÃO 4
Para Aristóteles, toda arte imitativa poética deve ser contemplada com 3 elementos:
completude, unidade e verossimilhança. Para isso, no primeiro aspecto, é necessário para a
criação dessa arte o fornecimento de um percurso minucioso que comporta começo, meio e
fim — uma corrente arquitetada para aquilo que começa e é sucedido por algo que, por sua
vez, e verificado com um desfecho —e que deve ser deveras trabalhado, mas nunca deixando
de ser objeto de perda da compreensão sequencias dos fatos pelo observador. Adiante, para o
segundo aspecto, a unidade deve ser algo zelado nessa arte, à vista que a completude e o
encaixamento ideológico deve ser perfeito e não excludente de nenhum outro elemento
presente na composição, portanto, o objeto de imitação deve ser “uno”, a unificação de
começo, meio e fim deve ser única para que nenhuma ponta fique solta e o entendimento da
obra seja não seja distorcido, confuso para a compreensão dos espectadores. Por fim, a
verossimilhança revela a construção imitativa como algo que tange o ficcional, mas que deve
seguir certa linha ideológica que tangencia certa lógica por detrás, assim nada é criado sem a
menor convencionalidade. Ainda assim, para dar o ar ficcional, as ações não são descritas por
meio das sucessões fatoriais, elas são trabalhadas para gerar semiose sentimentalista no
público que se encontra observando, certa identidade, algo que sem o trabalho minucioso não
seria capaz de gerar.

QUESTÃO 6
Propércio, emula, em algumas de suas elegias, diferentes gêneros de discurso, como o
de sua própria obra com o gênero presente nas epopeias. Por mais que o tratamento da
matéria dos dois gêneros citados sejam distintos — a questão amorosa e o lamento por um
amor mal sucedido sendo utilizados na elegia; e a matéria bélica nas epopeias —, cabe, ainda
sim, ressaltar certas particularidades comum a eles. A priori, o eu elegíaco é mencionado e
tratado como servo, guerreiro de batalha regido pelas ordens e gostos imperiais de sua amada
(senhora), assim como os guerreiros das epopeias são mandados por seus chefes comandantes
bélicos nos campos guerreados. A hierarquização é, portanto, construída para ambos os
gêneros de discurso, contudo, pode-se colocar a utilização desse conceito como uma obra
metafórica das elegias para trabalhar a matéria amorosa. Ademais, a divergência é descrita por
Propércio entre esses dois conflitantes, à medida em que a composição dessas obras
demandam diferentes estados de espírito e de habilidade: o verdadeiro poeta elegíaco deve
apenas se atentar minuciosamente às produções amorosas, bebendo dos filetes da fonte mais
pura, criando obras cristalinas, abordando os mais ricos aspectos dos amores e sempre se
apoiando com o remo de sua nau para não cair em águas turbulentas (característica da matéria
bélica das epopeias que detém um amonte de acontecimentos e atos). Dessa maneira, o poeta
elegíaco se diferencia do épico e do didático ao ter por única preocupação a abordagem do
amor e de seu conhecimento sem se atentar a outros acontecimentos presentes na vida, ao
passo que o poeta épico deve se debruçar a grandiosas quantidades de elementos para
compor a sua obra, sendo necessária, então, uma sabedoria situacional da conjuntura narrada
e o didático que em sua “velhice” deve observar os elementos e o fenômenos naturais.
Ainda assim, vale-se ressaltar a utilização de elementos do gênero didático na
produção das elegias....

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