Creio que desde o princípio da ciência e da educação universitária, existiu (e existe) e
prevaleceu (e prevalece) o sentimento de elitismo intelectual, em que muitos profissionais se colocam em posição de superioridade por saber de termos mais complicados, dados mais difíceis de serem trabalhados e de trabalhar com objetos de estudo um pouco mais desafiadores, muitas vezes fazendo essas coisas como forma de se colocar em um pedestal distante dos outros colegas de trabalhos ou discentes por puro ego. Há muito tempo discuto com amigos e professores sobre qual é o propósito da faculdade e do ambiente acadêmico como um todo se não é ofertada a democratização do conhecimento e de estratégias, uma vez que se os responsáveis por divulgar informações e conhecimentos ficam com “preciosismo demasiado” e elitismo intelectual, de nada adianta fingir que se importa com educação e produção científica para outras pessoas, já que não existe esforço algum para fazer com que o maior número de pessoas possível seja capaz de compreender, interpretar e repetir o que foi dito. E, infelizmente, a área de ecologia e estatística não está fora desses eventos. Evidentemente, é ótimo que essa discussão seja aberta e socializada com o maior número possível de estudantes e professores para expandir o debate e aumentar a reflexão crítica em cima desse tema problemático, mas eu consigo enxergar dois principais entraves para isso. 1) Muitas vezes estamos condicionados a falar com quem pensa semelhante a nós mesmos, o dito “chover no molhado”, o que apesar de servir para expandir as argumentações entre nossos semelhantes e fortalecer o senso crítico, é pouco prático no que se refere a mudar factualmente o cenário, uma vez que as pessoas que discordam e praticam as ações que estamos criticando estão distantes da discussão e, por muitas vezes, desinteressadas de sequer ouvir sobre o tema. 2) Um problema que foi citado no próprio texto do blog, a dita “twitterização” de um fato. A internet como um todo tem a capacidade de distorcer informações e vilanizar coisas que à princípio são inofensivas. Mas o twitter em particular, eu enxergo como uma acentuação desse perfil cibernético, uma vez que ele (na minha concepção) é projetado para gerar discórdia e desentendimento. Começando pelo limite baixíssimo de caracteres por mensagem, seguido pelo perfil de ódio que a maioria dos usuários da rede social possuem, pois ser “caótico” e “causador” é viral, gera cliques, gera likes, gera engajamento, “falem bem ou falem mal, mas falem de mim”. Isso tudo desconsiderando as próprias fake news. Todos esses fatores em conjunto, creio que contribuem para discussões importantes como essa se tornem banalizadas, vilanizadas, problematizadas e minimizadas quando entram na bolha do twitter e das redes sociais de modo geral (mas enfoque específico no twitter), de tal modo que o escritor do blog chegou a considerar que não se expressou direito em seus comentários, achando que sua explicação pode ter deixado abertura para interpretações erradas do que ele quis dizer. Quando na realidade, ele foi perfeitamente claro, mas as pessoas desvirtuaram os conceitos seja por ignorância influenciada pela alienação das redes ou por puro mau caratismo. Em conclusão, creio que o tema é de extrema importância para o debate biológico, uma vez que quanto mais simples, prático e direto uma informação pode ser dita, replicada e testada, não apenas ela é de mais fácil absorção do seu público alvo e pessoas de fora da área, como também é mais fácil para os próprios pesquisadores darem seguimento. Obviamente, como o escritor do blog explicitou, não desmerecendo ou ignorando os testes mais elaborados e complicados, mas usando-os com parcimônia e a devida justificativa prévia, e não usar por usar ou simplesmente por que disseram que essa é a maneira correta.