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Farmacologia dos

Antimicrobianos
Profª Msc Marana Soares Martins
Infecções Microbianas
➢A entrada de patógenos no organismo saudável ativa a resposta do
sistema imune, o que requer tratamento para contenção da infecção.

➢O agente antimicrobiano ideal é aquele que age seletivamente sobre os


patógenos, com poucos efeitos colaterais ao hospedeiro - aproveita-se das
diferenças bioquímicas entre microrganismos e seres humanos.

➢Os fármacos antimicrobianos são eficazes no tratamento das infecções,


pois são seletivamente tóxicos.
Uso Correto do Antimicrobiano
1. Escolha do agente antimicrobiano 2. Vias de Administração
adequado
• administração oral: infecções leves
• identificação do microorganismo infectante (ambulatorial)
• sensibilidade do microorganismo – espectro • administração parenteral (níveis séricos
de ação elevados e fármacos mal absorvidos)
• fatores de escolha: idade, gravidez, função • Tratamento cutâneo com antibióticos de uso
hepática e renal, custo tópico

3. Terapia de combinação antimicrobiana

• proporcionar ampla cobertura (mais que 1 microorganismo)


• terapia inicial (cega / empírica): paciente grave
• obtenção de sinergismo
• evitar o desenvolvimento de resistência
❑Concentração no plasma, tecidos e fluidos teciduais, durante
Uso Profilático todo o procedimento cirúrgico suficiente para prevenir infecções
pós-cirúrgicas.

❑Início antes do procedimento cirúrgico/proporcionar


concentração adequada do fármaco no momento de risco de
contaminação bacteriana.

❑Manutenção de concentrações teciduais do antimicrobiano,


após o período da cirurgia - *Tratamento*!!

❑Dose profilática NÃO deve ser inferior à dose terapêutica


Classificação dos Antimicrobianos
➢Os Antimicrobianos podem ser classificados considerando:
1. o tipo de atividade antimicrobiana,
2. seu espectro de ação,
3. o grupo químico ao qual pertencem,
4. mecanismo de ação.

Segundo o seu tipo de atividade antimicrobiana, são classificados em:


❑Bactericidas são aqueles capazes de matar ou lesar irreversivelmente as bactérias.
Ex.: Beta-lactâmicos, Aminoglicosídeos, Glicopeptídeos, Quinolonas
❑Bacteriostáticos são os que inibem o crescimento e a reprodução bacteriana sem
provocar sua morte imediata, sendo reversível o efeito, uma vez retirada a droga.
Ex.: Macrolídeos, Linezolida, Lincosaminas, Sulfas
Classificação dos Antimicrobianos
Segundo o espectro de ação:
1. Antibióticos de espectro estreito: atuam Segundo o grupo químico:
somente em um grupo único ou limitado
de microrganismos (Ex: isoniazida contra
micobactérias).
2. Antibióticos de espectro estendido:
antibióticos que são eficazes contra gram-
positivos e também contra um nº
significativo de gram-negativas.
3. Antibióticos de amplo espectro: afetam
uma ampla variedade de espécies
microbianas gram + e -. Ex: tetraciclinas e
cloranfenicol
Classificação dos Antimicrobianos
Segundo o mecanismo de ação:
1. Biossíntese da parede celular – Produzem parede com defeito estrutural
➢ penicilinas, cefalosporinas, carbapenêmicos, monobactâmicos.
2. Síntese Proteica (agem nos ribossomos das bactérias)
▪ Ação de forma irreversível (bactericida) - Codificação de proteínas anormais (estruturais) que levam
o microorganismo à morte. Ex: estreptomicina, gentamicina, neomicina, rifamicina.
▪ Ação em alguma das fases da síntese proteica NÃO de vital importância (bacteriostático). EX:
cloranfenicol, tetraciclinas, macrolídeos.
3. Biossíntese de ácidos nucléicos (RNA e DNA) - São inibidores da replicação cromossômica
➢ quinolonas e fluoroquinolonas
4. Destruição da membrana celular – Alteram a permeabilidade da membrana
➢ polimixina B, anfotericina, nistatina
5. Inibição da síntese de folato - O ácido fólico é necessário para a síntese de purinas e pirimidinas
(precursores de RNA e DNA)
➢ sulfonamidas e a trimetoprima.
Inibidores da parede celular
As penicilinas estão entre os mais amplamente eficazes e
também os menos tóxicos conhecidos;
Aumento da resistência limitou o seu uso.

PENICILINAS NATURAIS: Obtidas a partir de variedades do fungo


Penicillium. A mais potente é a penicilina G.
As penicilinas naturais têm curto espectro de ação, atuando
principalmente sobre Gram-positivos.
Benzilpenicilina (penicilina G) é utilizada nas formas:
Cristalina sódica e potássica;
Procaína e
Benzatina (Benzetacil)
❑As demais penicilinas sintéticas apresentam maior atividade do que a penicilina G contra
bactérias Gram-negativas, em virtude de sua maior capacidade de penetrar na membrana
externa dos microrganismos Gram-negativos.
❑A ampicilina e a amoxicilina apresentam espectros de atividade muito semelhantes.
❑Amoxicilina exibe melhor absorção oral.

REAÇÕES ADVERSAS:
❑Hipersensibilidade
❑Diarreia
❑Nefrite
❑Neurotoxicidade – cuidado com pacientes epiléticos
Inibidores da parede celular
❑O grupo dos β-lactâmicos compreende uma grande
variedade de antibióticos:
❑ Penicilinas, Cefalosporinas, Carbapenêmicos e
Monobactâmicos.

❑Várias bactérias são produtoras de β-lactamases,


enzima que age degradando o anel β-lactâmico desses
antibióticos, o que neutraliza sua atividade bactericida.

❑Associação com protetores contra as β-lactamases.



Inibidores da parede celular

❑As cefalosporinas têm o mesmo mecanismo de ação das


penicilinas - afetadas pelos mesmos mecanismos de resistência.
❑Gerações: maior espectro antibacteriano
❑A cada nova geração AUMENTA atividade contra G- e DIMINUI
atividade contra G+
❑Cada nova geração aumenta a capacidade de atravessar a BHE

❑Hipersensibilidade cruzada com penicilinas

❑São mais estáveis em relação a muitas b-lactamases bacterianas
CEFALOSPORINAS
Cefalosporina 1° Geração
Cefalosporina 2° Geração
• Boa atividade contra bactérias
G+ e pouca atividade contra G-.
• Ausência de atividade contra • Melhor ação contra
Pseudomonas aeruginosa e microrganismos G- como E.
outras Pseudomonas coli,Klebesiela, Proteus e
• Principais indicações são Moraxella catarrhalis.
tratamento de infecções por S. • Cefoxitina é mais ativa contra
aureus sensíveis, estreptococos alguns agentes anaeróbios
sensíveis e alguns bacilos G-
• A Cefuroxima é eficaz para
sensíveis(E. coli, Klebsiella sp.
e Proteus mirabilis). tratamento da meningite por
H. influenza, N. meningitidis e
• São mais resistentes à ação da
penicilinase do que as S. pnemoniae.
Penicilinas • Não são tão ativas quanto os
agentes de 1º geração contra
microrganismos G+.
CEFALOSPORINAS

Cefalosporina 3° Geração
Cefalosporina 4° Geração
• Maior espectro de ação
contra bactérias G-. • Ativa contra Enterobacterias
resistentes a Cefalosporinas de
• Menor eficácia contra
3º geração.
bactérias G+.
• Tratamento de infecções
• Meia-vida maior.
hospitalares.
• Difusão pela barreira
• Boa penetração no LCR.
hematoencefálica
(concentrações terapêuticas). • Maior estabilidade em relação à
hidrólise pelas betalactamases.
• Uso em infecções
hospitalares.
Inibidores da parede celular
❑Carbapenêmicos: espectro amplo, são adm EV, penetram
bem os tecidos e líquidos corporais, incluindo o cérebro.

❑Aztreonam: uso contra Enterobacteriaceae, incluindo P.


aeruginosa.
❑Não tem atividade contra gram-positivos e anaeróbios.
Espectro estreito exclui seu uso no tratamento empírico.

❑Vancomicina: glicopeptídeo tricíclico que adquiriu


importância devido à sua eficácia contra microrganismos de
resistência múltipla.
❑Preocupação: aparecimento de resistência à vancomicina
Inibidores da síntese proteica
TETRACICLINAS
Bacteriostático que se liga a subunidade 30S do ribossomo
Possui interação com antiácidos, ferro, cálcio e leite
Efeitos colaterais:
Náuseas e fotossensibilidade
Descoloração do esmalte dos dentes
Hepatotoxicidade
Excretado no leite materno
Contra indicado: GRÁVIDAS
Inibidores da síntese proteica
AMINOGLICOSÍDEOS
➢Bactericidas: Ligam-se irreversivelmente à subunidade 30S - bloqueio e alterações da síntese
de proteínas essenciais à sobrevivência bacteriana.
➢Altas concentrações acumulam no córtex renal e na endolinfa e perilinfa do ouvido interno;
➢Todos os aminoglicosídeos atravessam a barreira placentária e podem acumular no plasma
fetal e no líquido amniótico.

Vantagens:
– Pouco desenvolvimento de resistência durante tratamento
– Rápida ação bactericida
– Baixo custo

Desvantagens:
– Administração somente parenteral
– Nefro e ototoxicidade
Inibidores da síntese proteica
MACROLÍDEOS
Eritromicina foi o primeiro da classe;
Efeitos colaterais mais propensos com
o uso da eritromicina:
▪ Disturbios TGI
▪ Icterícia
▪ Ototoxicidade
Inibidores da síntese proteica
Síndrome do Bebê cinzento
CLORANFENICOL
❑O cloranfenicol é um ATB de amplo espectro; Os recém-nascidos têm baixa
capacidade para glicuronizar o
❑Devido à sua toxicidade o seu uso é limitado a cloranfenicol e têm função renal
infecções para as quais não existem alternativas; subdesenvolvida.
❑O cloranfenicol se liga à subunidade 50S do Baixa capacidade de excretar o
ribossomo; Devido à semelhança dos ribossomos fármaco, que acumula a níveis que
mitocondriais de mamíferos aos bacterianos – em interferem com a função dos
níveis elevados circulantes de cloranfenicol - produz ribossomos mitocondriais.
toxicidade na medula óssea (anemias). Depressão respiratória, colapso
cardiovascular, cianose e morte.
❑É inibidor do P450. Adultos que recebem doses muito
elevadas também podem exibir esse
efeito tóxico.
Inibidores da Biossíntese de
ácidos nucléicos
QUINOLONAS E FLUORQUINOLONAS
❑Mecanismo de ação: Dentro da célula, elas inibem a replicação
do DNA bacteriano interferindo na ação da DNAgirase
(topoisomerase 11) e da topoisomerase IV durante o
crescimento e a reprodução bacteriana
❑Indicação: Infecção urinária, respiratória, gastrointestinal,
Partes moles (pele, musculatura)
❑Largo espectro / Boa absorção no TGI
❑Baixo custo, boa posologia
❑Não são recomendados para crianças e mulheres gestantes.
❑Inibição do P450
Inibição da síntese de folato
SULFONAMIDAS e TRIMETOPRIM

❑Mecanismo de ação: Todas as sulfonamidas são análogos


sintéticos do PABA. Devido à sua semelhança estrutural com
o PABA, elas competem com esse substrato pela enzima
bacteriana.
❑As sulfonamidas são ativas contra algumas enterobactérias
no trato urinário e Nocardia.
❑Efeitos adversos: Icterícia nuclear (Kernicterus)
❑ Cristalúria, nefrotoxicidade Pode ocorrer em recém-nascidos, pois a sulfa desloca
❑ Hipersensibilidade a bilirrubina dos locais de ligação na albumina sérica.
❑ Anemia hemolítica (deficiência da G6PD) A bilirrubina fica livre para entrar no SNC, pois a
❑ Anemia megaloblástica (trimetoprim) barreira hematencefálica do recém-nascido ainda não
está completamente desenvolvida
Destruição da membrana celular
ISONIAZIDA
❑Desestabiliza a membrana celular
❑Ação contra micobactérias (tuberculose)
❑Inibição do citocromo P450

Anfotericina B
❑Antibiótico macrolídeo polieno de ocorrência natural
produzido pelo Streptomyces nodosus.
❑Tem potencial tóxico;
❑É o fármaco de escolha no tratamento de micoses sistêmicas
Tratamento de
infecções fúngicas
Tratamento de infecções fúngicas
Inibidores da síntese de ácido nucleico:
promovem a inibição da enzima timidilato sintase, responsável pela síntese de
DNA (necessária para a divisão celular).
Ex.: flucitosina.

Inibidores da mitose:
A griseofulvina se liga à tubulina e outra proteína associada aos microtúbulos.
Isso promove uma desorganização do fuso mitótico que afeta a divisão celular.
Tratamento de infecções fúngicas
Inibidores da esqualeno epoxidase:
esses agentes inibem a formação do lanosterol, usado como precursor para a
síntese de ergosterol.
Ex.: alilaminas (terbinafina, naftifina) e benzilaminas (butenafina).
Inibidores da 14α-esterol desmetilase:
essa enzima também está envolvida na síntese de ergosterol. Sua inibição leva à
desestabilização da membrana do fungo.
Ex.: imidazólicos (cetoconazol, miconazol), triazólicos (fluconazol, itraconazol,
voriconazol).
Tratamento de infecções fúngicas
Inibidores da estabilidade da membrana:
a instabilidade da membrana promovida por esses agentes ocorre pela ligação ao
ergosterol.
Ex.: polienos (anfotericina B, nistatina);
Inibidores da síntese da parede celular:
esses agentes inibem a síntese de componentes da parede celular, que resulta em
estresse osmótico e rompimento da célula fúngica.
Ex.: equinocandinas (caspofungina, micafungina, anidulafungina).

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