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GENE292 - RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II 3

COMPONENTES ESTRUTURAIS SUBMETIDOS À TORÇÃO

1. INTRODUÇÃO
Define-se momento torçor ou torque, o esforço externo rotacional que, uma vez
aplicado a um componente estrutural, lhe transmite uma solicitação de giro (ou rotação)
em torno do seu eixo longitudinal.

O momento torçor atua no plano das infinitas seções transversais adjacentes,


ortogonais ao eixo longitudinal do componente. Dessa maneira, as seções transversais
adjacentes tendem a rotacionar, umas relativamente às outras, em virtude do esforço de
cisalhamento que decorre da ação do momento torçor.

O vetor momento que o representa, ⃑⃑⃑⃑⃑


𝑀𝑡 , tem sua linha de ação paralela (ou tangencial)
ao eixo longitudinal e a sua representação segue a regra da mão direita.

A Fig. 1.1 ilustra, esquematicamente, as rotações das seções transversais adjacentes


em um eixo de seção circular provocadas pela tensão de cisalhamento, τ.

Figura 1.1 - Torção de um eixo de seção circular.


No estudo que segue considera-se a hipótese das pequenas deformações, a qual
subentende a adoção dos seguintes princípios:
• As seções primitivamente planas e ortogonais ao eixo longitudinal giram, umas
relativamente às outras, entretanto, permanecem planas e ortogonais ao eixo
longitudinal, após a torção;
• O diâmetro do eixo, d, assim como as distâncias infinitesimais primitivas que
separam as seções transversais consecutivas, dx, permanece inalterado;
• O componente estrutural, em princípio, encontra-se submetido unicamente a
esforços de torção, decorrentes da atuação do momento torçor externo. Com isso,
o estado de tensão é de cisalhamento puro, onde atua exclusivamente a tensão
τxz, em conformidade com o sistema de referência apresentado na Fig. 1.

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1.1 ANÁLISE DE UM SEGMENTO DE EIXO, DE EXTENSÃO


INFINITEZIMAL, dx.
Para o desenvolvimento das próximas análises considera-se um eixo de seção
transversal circular, maciça, engastado em uma das extremidades e livre na outra,
submetido a um momento torçor, Mt. Para tanto, toma-se um segmento elementar
compreendido entre duas seções adjacentes, MN e M’N’ do componente, afastadas de
uma distância dx, conforme ilustrado na Fig. 1.2.

Figura 1.2 – Eixo de seção circular maciça, engastado, submetido à torção.


Como referido, após a torção as seções giram uma, relativamente à outra,
apresentado nesse segmento elementar, uma rotação elementar dφ. Observa-se que φ
é a rotação total relativa ao extremo engastado e medida na extremidade frontal do eixo.

1.1.1 DETERMINAÇÃO DA TENSÃO DE CISALHAMENTO


Analisando o triângulo CÂC da seção transversal formado pelas seções transversais,
̅̅̅̅̅, medido na lateral da seção M’N’, e admitindo-se a hipótese
conclui-se que o arco 𝐶𝐶′
de pequenas deformações, terá comprimento:
̅̅̅̅̅ ̅̅̅̅ 𝑡𝑔 𝛾 ≈ 𝐴𝐶
𝐶𝐶 ′ = 𝐴𝐶 ̅̅̅̅ 𝛾 (1.1)
decorrendo que:
̅̅̅̅̅
𝐶𝐶 ′ ̅̅̅̅̅
𝐶𝐶 ′
𝛾= ̅̅̅̅
= (1.2)
𝐴𝐶 𝑑𝑥

Nessa equação, γ é a distorção ou deformação angular unitária causada pelas


tensões de cisalhamento. Na seção transversal M’N’ (planta inferior) da configuração
deformada, tem-se:
̅̅̅̅̅ ̅̅̅̅̅ 𝑡𝑔 𝑑𝜑 ≈ 𝑑 𝑑𝜑
𝐶𝐶 ′ = 𝑂′𝐶 (1.3)
2

Substituindo-se a Eq. 1.3 na Eq. 1.2, resulta:


̅̅̅̅̅
𝐶𝐶 ′ 𝑑 𝒅𝝋 𝑑 𝒅𝝋
𝛾= = = 𝜽 → =𝜽 (1.4)
𝑑𝑥 2 𝒅𝒙 2 𝒅𝒙
𝑑𝜑
A quantidade 𝜃 = é o giro unitário ou giro por unidade de comprimento, o qual é
𝑑𝑥
constante ao longo do eixo. Da Lei de Hooke para cisalhamento tem-se a equação:
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𝜏=𝐺𝛾 (1.5)
a qual combinada com a Eq. 1.4 conduz a:
𝑑
𝜏 =𝐺𝜃2 = 𝐺𝜃𝑟 𝑒: (1.6)
𝝉
𝜽 = 𝑮𝒓 (1.6a)

1.2 RELAÇÃO TENSÃO DE CISALHAMENTO E MOMENTO TORÇOR


Agora, analisa-se o envolvimento do momento torçor, Mt, o qual origina a tensão de
cisalhamento, τc, posicionado na seção transversal a uma distância arbitrária c a partir
do centro de curvatura da seção. Para tanto se toma, um elemento de área infinitesimal,
dA, de características circunferenciais, conforme esquematizado na Fig. 1.3.

Figura 1.3 – Força elementar sobre um elemento de área infinitesimal.

Sobre a área elementar atua uma força de cisalhamento, dFs. A partir dessa
consideração, pode-se desenvolver o raciocínio que segue:
• A força tangencial elementar que atua sobre o elemento de área no ponto c
considerado é dada por:
𝑑𝐹𝑠
𝜏𝑐 = → 𝑑𝐹𝑠 = 𝜏𝑐 𝑑𝐴 (1.7)
𝑑𝐴
• O momento elementar da força, dFs, relativamente ao centro de curvatura, O, é:
𝑑𝑀𝑡 = 𝑑𝐹𝑠 𝑐 = (𝜏𝑐 𝑑𝐴)𝑐 (1.8)
Substituindo-se a Eq. 1.6 na Eq. 1.8 e considerando-se a posição genérica c, em lugar
de r (ou d/2), tem-se:
𝑑𝑀𝑡 = (𝜏𝑐 𝑑𝐴)𝑐 = (𝐺 𝑐 𝜃𝑑𝐴)𝑐 = 𝐺 𝜃𝑐 2 𝑑𝐴 (1.9)
Com isso, o momento torçor total, Mt, relativo ao eixo longitudinal e calculado na
posição mais afastada do centro de curvatura (c=d/2=r), será dado por:
𝑑
𝑐= =𝑟 𝑟
𝑀𝑡 = ∫𝑐=02 𝐺 𝜃𝑐 2 𝑑𝐴 = 𝐺 𝜃 ∫ 2
⏟0 𝑟 𝑑𝐴 (1.10)
𝑀𝑡𝑜 𝑝𝑜𝑙𝑎𝑟
𝑑𝑒 𝑖𝑛é𝑟𝑐𝑖𝑎

resultando que:
𝑴𝒕 = 𝑮 𝜽𝑰𝒑 e que: (1.11)
𝑴
𝜽 = 𝑮 𝑰𝒕 (1.11a)
𝒑

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1.3 ÂNGULO TOTAL DE TORÇÃO, φ.


𝑑𝜑
No item 1.1.1, viu-se que = 𝜃 é o ângulo de torção por unidade de comprimento ou
𝑑𝑥
giro unitário. Assim para um componente de comprimento l, o ângulo total de torção, ou
giro total, φ, será dado por:
𝝋= 𝜽𝒍 (1.12)
deslocamento análogo àquele do caso uniaxial, no qual δ=ε l. Substituindo nessa
equação a variável θ, dada pela Eq. 1.11a, tem-se:
𝑴
𝝋 = 𝑮 𝑰𝒕 𝒍 (1.13)
𝒑

Da Eq. 1.4, tem-se que:


𝑑𝜑
= 𝜃 → 𝑑𝜑 = 𝜃𝑑𝑥
𝑑𝑥

substituindo a Eq. 1.11a decorre:


𝑀𝑡 𝒍 𝑴
𝑑𝜑 = 𝑑𝑥 e: 𝝋 = ∫𝟎 𝑮 𝑰𝒕 𝒅𝒙 (1.13a)
𝐺 𝐼𝑝 𝒑

1.4 TENSÃO MÁXIMA DE CISALHAMENTO NA TORÇÃO


Para o cálculo da máxima tensão de cisalhamento, τmáx, valor que realmente interessa
em atividades de projeto, substitui-se a Eq. 1.6, na Eq. 1.11, de maneira a obter-se:
𝑀 𝑑
𝜏 = 𝜏𝑚á𝑥 = 𝐺 (𝐺𝐼𝑡 ) 2 𝑒: (1.14)
⏟𝑝
𝜃
𝑴𝒕 𝒓
𝝉𝒎á𝒙 = (1.15)
𝑰𝒑

1.5 VARIAÇÃO DO CISALHAMENTO NA SEÇÃO TRANSVERSAL


Para a seção circular maciça analisada, a variação da tensão de cisalhamento, τ, é
linear, e seu valor varia desde zero, no centro da seção, até τmáx em qualquer posição
da periferia da seção, conforme ilustrado na Fig. 1.4(A).

Figura 1.4 – A) Variação das tensões na seção; B) Complementariedade das tensões.

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Sendo a variação das tensões na seção transversal, linear, pode-se escrever para
uma posição genérica c, que:
𝒄
𝝉(𝒄) = 𝒓 𝝉𝒎á𝒙 (1.16)

Observa-se, ainda, a natureza complementar das tensões de cisalhamento. Com


essa consideração, as tensões τxz são equilibradas por tensões τzx de mesma
intensidade, conforme esquematizado na Fig. 1.4 (B). Nessa figura, os eixos foram
rotacionados objetivando facilitar a representação gráfica das tensões.

Um exemplo interessante dessa complementariedade das tensões de cisalhamento


é verificado na torção de um eixo de madeira. Tendo em vista a natureza anisotrópica
desse material, as resistências ao cisalhamento nos planos zx e xy, via de regra são
diferentes.

No plano perpendicular às fibras a resistência é maior. Consequentemente, o eixo


romperá por cisalhamento no plano que contém o eixo longitudinal (paralelo às fibras),
como que cortado longitudinalmente por uma serra afiada.

2. TRANSMISSÃO DE POTÊNCIA E VELOCIDADE ANGULAR


A relação entre a potência transmitida, P, e a velocidade angular, ω, é da por:
𝑃
𝑀𝑡 = 𝜔 (2.1)

na qual P dada em W (Watt) e ω em rd/s.

As conversões necessárias da velocidade angular, de rpm para rd/s, e da potência,


de cavalo vapor, c. v, ou h. p (horse power), para W (Watt) são feitas como segue:
𝜔𝑟𝑑/𝑠 = 𝜔𝑟𝑝𝑚 . 2𝜋⁄60 𝑒: (2.2)
𝑃𝑊 = 𝑃𝑐𝑣 . 735,49875 (2.3)
𝑃𝑊 = 𝑃ℎ𝑝 . 745,69987 (2.4)
Usualmente, a conversão dada pela Eq. 2.3 é feita multiplicando-se Pcv por 736,0. Por
outro lado, a transmissão de velocidade angular e de torque, entre polias ou engrenagens
com raios diferentes conforme ilustrada na Fig. 2.1, seguem as relações que seguem:
𝜔1 𝜔2
= (2.5)
𝑟2 𝑟1
𝑀𝑡1 𝑀𝑡2
= (2.6)
𝑟1 𝑟2

Figura 2.1 Transmissão de velocidade angular e de torque.


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3. MÓDULO DE RESISTÊNCIA À TORÇÃO


De maneira análoga àquela estudada na flexão de vigas, as quantidades geométricas
envolvidas no equacionamento da tensão máxima podem ser simplificadas a partir da
Eq. 1.15, da maneira que segue:
𝑀𝑡 𝑟
𝜏𝑚á𝑥 = (1.15)
𝐼𝑝

Para uma seção transversal circular maciça, por exemplo, tem-se que:
𝜋𝑟 4 𝜋𝑟 4
𝐼𝑝 = 𝐼𝑥 + 𝐼𝑦 = 2 = (3.1)
4 2

Substituindo-se a Eq. 3.1 na 1.15, decorre:


𝑀𝑡 𝑟 𝑀𝑡
𝜏𝑚á𝑥 = 𝜋𝑟4
= 𝜋𝑟3
(3.2)
2 2

Na equação 3.2, a quantidade (π.r3/2) recebe a designação de módulo de resistência


à torção, Wt a qual tem dimensão volumétrica. Com isso, a Eq. 3.2 pode ser rescrita como
segue:
𝐼𝑝
𝑊𝑡 = 𝑒: (3.3)
𝑟
𝑀𝑡
𝜏𝑚á𝑥 = (3.4)
𝑊𝑡

Observa-se que as Eq. 1.15 e 3.4 são idênticas. Consequentemente, ambas podem
ser aplicadas ao dimensionamento ou à verificação de seções transversais submetidas
à torção, indistintamente. Para a seção circular maciça o módulo de resistência à torção
é dado por:
𝜋.r3
𝑊𝑡 = (3.5)
2

Para o caso da seção circular tubular, onde a relação entre os raios, externo e
interno, é dada por rint = k. rext, é simples demonstrar que o módulo de resistência à torção
será dado por:
𝜋.𝑟 3
𝑊𝑡 = (1 − 𝑘 4 ) (3.6)
2

Na realidade, a introdução dessa grandeza (em passado relativamente remoto) teve


por objetivo a condensação dos termos geométricos envolvidos na equação geral da
tensão de cisalhamento, por meio da supressão de um deles, facilitando, com isso, o
“tabelamento” das propriedades geométricas das seções transversais, especialmente
daquelas referentes aos perfis metálicos.

Ainda presente na literatura técnica, o módulo de resistência à torção foi muito útil
quando os recursos computacionais, mesmo os mais simples, eram escassos ou mesmo
inexistentes.

Naturalmente, nos dias atuais essa grandeza parece não oferecer quaisquer
vantagens significativas que justifiquem a sua utilização preferencial.

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4. APLICAÇÕES AO ESTUDO DE COMPONENTES CIRCULARES

EXEMPLO E4.1 Para o eixo de seção transversal circular maciça, ilustrado na Fig. E4.1,
o qual deverá transmitir um momento torçor, Mt = 60000,00 daN.cm ao utilizador (bomba
hidráulica), pede-se: a) Dimensionar o diâmetro do eixo entre os pontos A e B, o qual
deverá ser construído em aço; b) Determinar o valor da máxima deformação de
distorção, γmáx.
Dados: fy= 3450,00 daN/cm2; E= 2,1x106 daN/cm2; γm= 1,15 e ν=0,30;

Figura E4.1 – Sistema de transmissão de potência - dimensionamento.

SOLUÇÃO:
a) Tensão admissível à torção:
𝑓𝑦 3450,00
𝜏̅ = 𝛾 = = 3000,00 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
𝑚 1,15

b) Módulo de elasticidade transversal:


𝐸 2100000,00
𝐺 = 2(1+𝜈) = = 807692,308 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
2(1+0,30)

c) Condição de projeto e dimensionamento:


𝑀𝑡 𝜋
𝜏 ≤ 𝜏̅ = ; 𝑊𝑡 = 2 𝑟 3
𝑊𝑡

substituindo os valores:
60000,00
3000,00 = 𝜋𝑟3
2

2. 60000,00 3 2. 60000,00
= 𝑟3 →𝑟= √ ≈ 2,335𝑐𝑚 → 𝒓 = 𝟐, 𝟓𝟎 𝒄𝒎
𝜋.3000,00 𝜋.3000,00

d) Máxima deformação de distorção:


𝑀 2.𝑀 2. 60000,00
𝜃 = 𝐺 𝐼𝑡 = 𝐺 𝜋𝑟𝑡4 = 𝜋.807692,308. = 0,0012107 𝑟𝑑/𝑐𝑚
𝑝 2,54

𝛾𝑚á𝑥 = 𝜃 𝑟 = 0,0012107. 2,5 = 0,0030268.

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EXEMPLO E4.2 Dimensionar o eixo de aço de seção transversal circular indicado na


Fig. E4.2, cujo comprimento é de 100 cm, para resistir a um momento torçor, Mt =1,0x105
daN.cm. Por questões de projeto, ao final da torção o deslocamento angular máximo
(giro máximo), φ, deverá ser da ordem 2,865o. As características do material são as que
seguem: E= 2,1x106 daN/cm2; fy= 2500,00 daN/cm2, ν=0,30 e γ=1,15. Utilizar o critério
da tensão admissível (ruptura da seção transversal).

Figura E3.2 – Eixo de seção circular maciça, submetido à um momento torçor.


SOLUÇÃO:
a) Determinação da tensão admissível:
𝑓𝑦 2500,00
𝜏̅ = = = 2173,913 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
𝛾 1,15

b) Condição de projeto:
𝑀𝑡 𝑟
𝜏 ≤ 𝜏̅ = 𝐼𝑝

Momento polar de Inércia:


𝜋𝑟 4 𝜋𝑟 4
𝐼𝑝 = 𝐼𝑥 + 𝐼𝑦 = 2 =
4 2

Aplicando a condição de projeto e substituindo os valores:


2. 1,0𝑥105
2173,913 = 𝜋 𝑟3

implicando que:
3 200000
𝑟 = √𝜋.2173,913 = 𝟑, 𝟎𝟖𝟐 𝒄𝒎

c) Verificação do deslocamento angular resultante:


Módulo de cisalhamento transversal, G.
𝐸 2,10𝑥106
𝐺 = 2(1+𝜈) = = 807692,308 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
2(1+0,3)
𝑀 2. 100000,00
𝜑 = 𝐺.𝐼𝑡 𝑙 = 807692,308. . 100 = 0,087358 𝑟𝑑 (≈ 5,005245𝑜 ) > 𝜑𝑚á𝑥
𝑝 𝜋. 3,0824

d) Redimensionamento para φ=φmáx


𝑀 2𝑀
𝜑 = 𝐺.𝐼𝑡 𝑙 → 𝜑𝑚á𝑥 = 𝐺.𝜋𝑟𝑡 4 𝑙
𝑝

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4 200000,00
𝑟 = √0,05. . 100 = 3,543 𝑐𝑚 ≈ 𝟑, 𝟔𝟎 𝒄𝒎
807692,308. 𝜋

valor a ser adotado por atender ambas as condições (tensão admissível e φmáx).

EXEMPLO E4.3 O sistema monoengastado de eixos consecutivos, ilustrado na Fig.


E4.3.1, construído com aço de diferentes naturezas, é submetido a um sistema de
momentos torçores indicado. Para o problema pede-se: a) Traçar o diagrama de
momentos torçores; b) Determinar a máxima tensão de cisalhamento, τmáx, e a
estabilidade dos eixos; c) Determinar o ângulo de torção entre os pontos 1 e 4.
Dados: fy= 3000,00 daN/cm2; γm= 1,15.

• Eixo 1: Maciço. E1 = 2000000,00 daN/cm2, ν1=0,30; r = 1,60 cm


• Eixo 2: Tubular. E2= 2100000,00 daN/cm2, ν2=0,28; rext=2,00 cm, rint= 1,60 cm
• Eixo 3: Tubular. E3 = 2000000,00 daN/cm2, ν3=0,30; rext=2,50 cm, rint= 2,00 cm.

Figura E4.3.1 – Sistema de eixos consecutivos submetido à momentos torçores.

SOLUÇÃO:
a) Traçado da linha de estado (diagrama de momento torçor):
O traçado do diagrama é procedido da direita para a esquerda, adotando-se o giro anti-
horário como positivo e somando-se, sequencialmente, os momentos torçores
consecutivos.

Figura E4.3.2 – Diagrama de momentos torçores.


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b) Tensão de cisalhamento admissível:


𝑓𝑦 3000,00
𝜏̅ = 𝛾 = = 2608,696 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
𝑚 1,15

c) Tensões de cisalhamento atuantes e estabilidades


•Eixo 1:
Maciço. E1 = 2000000,00 daN/cm2, ν1=0,30; r = 1,60 cm
Módulo de elasticidade transversal (módulo de cisalhamento):
𝐸 2000000,00
𝐺 = 2(1+𝜈) = = 769230,769 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
2(1+0,3)

Tensão de cisalhamento máxima:


𝑑𝑖𝑎𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎
𝑀𝑡.𝑟 2𝑀𝑡 ⏞
2. 16700,00
𝜏= = = = 2595,593 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
𝐼𝑝 𝜋𝑟 3 𝜋. 1,63

• Eixo 2:
Tubular. E2= 2100000,00 daN/cm2, ν2=0,28; rext=2,00 cm, rint= 1,60 cm
𝐸 2100000,00
𝐺 = 2(1+𝜈) = = 820312,50 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
2(1+0,28)

Tensão de cisalhamento máxima:


𝑑𝑖𝑎𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎
𝑀𝑡.𝑟 2𝑀𝑡 .𝑟𝑒𝑥𝑡 ⏞
2. 18300,00 . 2,00
𝜏= = 4 −𝑟 4 ) = = 2466,463 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
𝐼𝑝 𝜋(𝑟𝑒𝑥𝑡 𝑖𝑛𝑡 𝜋.( 2,0 −1,64 )
4

• Eixo 3:
Tubular. E3 = 2000000,00 daN/cm2, ν3=0,30; rext=2,50 cm, rint= 2,00 cm
𝑑𝑖𝑎𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎
𝑀𝑡.𝑟 2𝑀𝑡 .𝑟𝑒𝑥𝑡 2. ⏞
31700,00 . 2,50
𝜏= = 4 −𝑟 4 ) = = 2187,626 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
𝐼𝑝 𝜋(𝑟𝑒𝑥𝑡 𝑖𝑛𝑡 𝜋.( 2,54 −2,04 )

Estabilidade: Em todos os casos, os eixos são estáveis (𝜏 < 𝜏̅)


d) Ângulo total de torção (giro total):
𝑀
𝜃 = 𝐺 𝐼𝑡 𝑒 𝜑 = 𝜃. 𝑙
𝑝

Eixo 1:
+16700,0 𝑥2
𝜑1 = 769230,769. 10,0 = +0,021090 𝑟𝑑
𝜋. 1,604

Eixo 2:
−18300,0 𝑥 2
𝜑2 = 820312,50. 30,0 = −0,045090𝑟𝑑
𝜋.( 2,04 −1,64 )

Eixo 3:
+31700,0 𝑥 2
𝜑3 = 769230,769. 30,0 = +0,034127 𝑟𝑑
𝜋.( 2,54 −2,04 )

Giro total:
𝜑𝑡 = 𝜑1 + 𝜑2 + 𝜑3 = 0,010127 𝑟𝑑 ≈ 0,580234𝑜 .
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EXEMPLO E4.4 O eixo apresentado na Fig. E4.4.1 será solicitado por um momento
torçor, no ponto 3, de valor Mt = 25000,00daN.cm e deverá ser construído com um aço
que apresenta E=2100000,00 daN/cm2, fy= 3450 daN/cm2 e ν=0,3. Para o problema
pede-se: a) Determinar as reações de apoio; b) Dimensionar o componente bi engastado
com seção transversal circular maciça, utilizando γ= 1,15. c) Determinar o deslocamento
angular, no ponto 3.

Figura E4.4.1 – Componente bi engastado, submetido à torção em posição assimétrica.

SOLUÇÃO:
a) Momento torçor de projeto:
Em virtude da assimetria do carregamento, as reações de engastamento Mr1 e Mr2 serão
diferentes. Entretanto, essas reações podem ser facilmente calculadas utilizando-se a
analogia de uma viga bi apoiada com uma carga concentrada aplicada no vão. A única
coisa que muda é a natureza das reações de apoio, as quais deixam de ser reações
verticais (translações impedidas), e passam a momentos reativos (rotações impedidas).
Chamando de a o semitramo menor e de b o maior, tem-se:
𝑀 .𝑏
𝑡 25000,00. 35
𝑀𝑟1 = (𝑎+𝑏) = = 𝟏𝟕𝟓𝟎𝟎, 𝟎𝟎 𝒅𝒂𝑵. 𝒄𝒎 𝑒:
(15+35)
𝑀 .𝑎
𝑡 25000,00. 15
𝑀𝑟2 = (𝑎+𝑏) = = 𝟕𝟓𝟎𝟎, 𝟎𝟎 𝒅𝒂𝑵. 𝒄𝒎
(15+35)

Essas reações poderiam ter sido determinadas a partir da condição de


compatibilidade de rotações no ponto 3, como se estudará.
c) Diagrama de momentos torçores:

Figura E4.4.2 – Diagrama de momentos torçores.

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d) Tensão admissível à torção:


𝑓𝑦 3450,00
𝜏̅ = 𝛾 = = 3000,00 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
𝑚 1,15

e) Condição de projeto e dimensionamento:


𝑀𝑡 𝑟 𝜋
𝜏 ≤ 𝜏̅ = ; 𝐼𝑝 = 2 𝑟 4
𝐼𝑝

2. 17500,00.𝑟 3 2. 17500,00
3000,00 = → 𝑟 = √ 𝜋. = 1,549 ≈ 𝟏, 𝟓𝟓 𝒄𝒎
𝜋 𝑟4 3000,00

f) Cálculo da rotação (giro) no ponto 3.


Esse giro pode ser calculado, tanto pela direita, como pela esquerda do ponto 3, uma
vez que o giro é único no referido ponto.
Módulo de elasticidade transversal:
𝐸 2100000,00
𝐺 = 2(1+𝜈) = = 807692,308 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
2(1+0,30)
𝑀 𝑀
𝜃 = 𝐺 𝐼𝑡 ; 𝜑 = 𝜃. 𝑙 𝑒 𝜑 = 𝐺 𝐼𝑡 . 𝑙
𝑝 𝑝

2. 17500,00. 15 2. 7500,00. 35
𝜑 = 807692,308. = 807692,308. → 𝜑 = 0,035846 𝑟𝑑 ≈ 2,053825𝑜 .
𝜋. 1,554 𝜋. 1,554

EXEMPLO E4.5 Um eixo de seção transversal tubular circular deverá ser construído com
um aço que apresenta E=2100000,00 daN/cm2, fy= 3500 daN/cm2 e ν=0,3. A relação
entre os raios, interno e externo, é dada por rint = 0,85rext. Esse eixo transmitirá potência
de um motor (188 CV a 3600 rpm) a uma bomba hidráulica. Se o comprimento do eixo é
de 30 cm, pede-se I) Dimensionar o eixo; II) Determinar o valor do deslocamento angular
total, φ; III) Traçar o diagrama de distribuição de tensões tangenciais nas paredes do
componente. Utilizar γ= 1,15.

Figura E4.5.1 – Sistema de transmissão de potência: eixo tubular.


SOLUÇÃO:
• Momento torçor:
2𝜋 𝑟𝑑 𝑃
𝜔 = 3600,0 60 ( 𝑠 ) ; 𝑃 = 736,0. 188,0 (𝑊); 𝑀𝑡 = 𝜔 = 367,0326 𝑁. 𝑚 ≈ 3670,326 𝑑𝑎𝑁. 𝑐𝑚

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I) DIMENSIONAMENTO
• Cálculo do módulo de elasticidade transversal:
𝐸 2100000,00
𝐺 = 2(1+𝜈) = 2(1+0,0,30) = 807692,308 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2

• Momento polar de inércia:


𝜋4 4 4 𝜋
𝐼𝑝 = 2 (𝑟𝑒𝑥𝑡 − 𝑟𝑖𝑛𝑡 ) = (𝑟𝑒𝑥𝑡 − (0,85𝑟𝑒𝑥𝑡 )4 ) = 0,750831𝑟𝑒𝑥𝑡 4
2

• Tensão admissível:
𝑓𝑦 3500
𝜏̅ = = = 3043,478 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
𝛾 1,15

• Condição de projeto e dimensionamento:


𝑀𝑡 𝑟 3670,326.𝑟𝑒𝑥𝑡
𝜏 ≤ 𝜏̅ = → 3043,478 =
𝐼𝑝 0,750831𝑟𝑒𝑥𝑡 4

3 3670,326
𝑟𝑒𝑥𝑡 = √3043,478. = 1,171 ≈ 𝟏, 𝟐𝟎𝒄𝒎 (𝑎𝑟𝑟𝑒𝑑𝑜𝑛𝑑𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑐𝑖𝑚𝑎 ↑)
0,750831

𝑟𝑖𝑛𝑡 = 0,85𝑟𝑒𝑥𝑡 = 0,85. 1,20 = 1,020𝑐𝑚 ≈ 𝟏, 𝟎𝟎𝒄𝒎 (𝑎𝑟𝑟𝑒𝑑. 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑏𝑎𝑖𝑥𝑜 ↓ 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑟𝑎𝑛ç𝑎)
II) Deslocamento angular total (giro):
𝑀 𝑀
𝜃 = 𝐺 𝐼𝑡 ; 𝜑 = 𝜃. 𝑙 𝑒 𝜑 = 𝐺 𝐼𝑡 . 𝑙
𝑝 𝑝

2. 3670,325
𝜑 = 𝜋.807692,308 (1,204−1,004) . 30 = 0,080838 𝑟𝑑 ≈ 4,631676 𝑜

III) Diagrama de distribuição de tensões de cisalhamento na seção transversal:


• Face externa:
𝑀𝑡 . 𝑟𝑒𝑥𝑡 2. 3670,325. 1,20
𝜏𝑒𝑥𝑡 = = = 𝟐𝟔𝟏𝟏, 𝟕𝟎𝟏 𝒅𝒂𝑵/𝒄𝒎𝟐
𝐼𝑝 𝜋(1,204 −1,04 )

• Face Interna
𝑀𝑡 . 𝑟𝑖𝑛𝑡 𝑟 1,00
𝜏𝑖𝑛𝑡 = = 𝜏𝑒𝑥𝑡 (𝑟𝑖𝑛𝑡 ) = 2611,701 (1,20) = 𝟐𝟏𝟕𝟔, 𝟒𝟏𝟕 𝒅𝒂𝑵/𝒄𝒎𝟐
𝐼𝑝 𝑒𝑥𝑡

O diagrama de distribuição de tensões de cisalhamento na seção transversal, é o que se


apresenta na Fig. E3.5.2.

Figura E4.5.2 – Diagrama de variação das tensões de cisalhamento na seção tubular.

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5. DEFORMAÇÕES DE CISALHAMENTO NA TORÇÃO


Inicialmente, cabe enfatizar que os giros (ou rotações) da seção transversal, quer
sejam unitários, θ, quer sejam globais, φ, são deslocamentos e não deformações.

Como já estudado, as deformações de cisalhamento podem ser lineares ou


angulares. Quando angulares, são denominadas distorções.

Naturalmente, também na torção de componentes cujos materiais apresentam


comportamento elástico-linear, as distorções relacionam-se com as tensões de
cisalhamento por meio da Lei de Hooke, conforme ilustra a Fig. 5.1.
𝜏𝑖𝑗 = 𝐺. 𝛾𝑖𝑗 (5.1)

Figura 5.1 - Gráfico da relação elástica linear entre as tensões de cisalhamento e as distorções.
Da Eq. 1.15 e de maneira genérica, tem-se que:
𝑀𝑡 𝑟
𝜏= (5.2)
𝐼𝑝

Combinando as Eq. 5.1 e 5.2, decorre:


𝑀𝑡 𝑟
= 𝐺. 𝛾 𝑒:
𝐼𝑝

𝑴𝒕 𝒓
𝜸= (5.3)
𝑮 𝑰𝒑

De maneira a considerar-se o giro para a determinação da distorção utiliza-se a Eq.


1.12, da maneira que segue:
𝑀𝑡 𝑀𝑡 𝜑
𝜑 = 𝜃. 𝑙 𝑜𝑢: 𝜑= 𝑙 𝑒: = =𝜃 (1.13)
𝐺 𝐼𝑝 𝐺 𝐼𝑝 𝑙

resultando da Eq. 5.3 que:


𝝋
𝜸= 𝒓 = 𝜽𝒓 (5.4)
𝒍

Se as deformações de cisalhamento lineares, εij, são preferidas em lugar das


distorções, γij, basta fazer:
𝛾𝑖𝑗
𝜀𝑖𝑗 = 𝑜𝑢: (5.5)
2
𝒓 𝜽𝒓
𝜺𝒊𝒋 = 𝝋 = (5.6)
𝟐𝒍 𝟐
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6. ENERGIA POTENCIAL ELÁSTICA, OU ENERGIA DE


DEFORMAÇÃO, NA TORÇÃO.
Assim como nos casos da tração e da compressão uniaxiais, já estudados, ao
submeter-se um componente mecânico à torção, o esforço externo (momento torçor),
realiza um trabalho, cujo valor é proporcional ao deslocamento angular provocado.

Se a solicitação ocorre em regime elástico e por meras considerações de equilíbrio,


a magnitude do trabalho realizado pelo esforço externo tem que apresentar valor igual
àquele da energia potencial elástica, ou energia de deformação, armazenada no interior
do sólido deformado. A Fig. 6.1 ilustra o diagrama “Carga versus Deslocamento” de um
componente gradualmente submetido à torção.

Figura 6.1-Gráfico Carga-Deslocamento em ensaio de torção.

Observe-se que, dentro de um ciclo completo de carregamento e de descarregamento


na fase elástica, não há qualquer dissipação de energia. Em outras palavras, uma vez
descarregado o sólido, a curva Mt - φ volta exatamente à origem, sem apresentar
quaisquer valores residuais (irreversíveis), da deformação experimentada.

Nesse caso, o trabalho realizado pela carga externa é dado pela área sob o diagrama
Mt – φ, ou seja:
𝑀𝑡 𝜑
𝑊= (6.1)
2

Observe-se que a Eq. 6.1 difere do conceito fundamental de trabalho (produto carga
aplicada pelo deslocamento provocado) uma vez que o valor do carregamento deve ser
dividido por dois.

Essa divisão é necessária, uma vez que o carregamento parte de zero e alcança o
seu máximo, Mti, o qual precede o descarregamento. Com isso, a carga média deve
multiplicar o deslocamento para a determinação do valor do trabalho realizado pela carga
externa.

Como referido, o valor do trabalho realizado pela carga externa deve ser igual ao
valor da energia potencial elástica, U, armazenada no sólido. Assim, tem-se que:
𝑊=𝑈 (6.2)

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Substituindo na Eq. 6.2 o valor de φ, dado pela Eq. 1.13 e considerando a Eq. 6.1,
tem-se:
𝑀𝑡. 𝑀𝑡 𝒕 𝑴 𝟐𝒍
𝑼=𝑊= ( 𝑙) = 𝟐𝑮𝑰 (6.3)
2 𝐺𝐼𝑝 𝒑

equação que pode ser rescrita em função dos deslocamentos, evidenciando-se Mt na


Eq. 1.13 e substituindo o resultado na Eq. 6.1:
𝑀𝑡 𝜑 𝜑𝐺𝐼𝑝 𝜑 𝝋𝟐 𝑮𝑰𝒑
𝑼=𝑊= = = (6.4)
2 𝑙 2 𝟐𝒍

As Eq. 6.3 e 6.4 são de extrema utilidade ao estudo dos teoremas energéticos, os
quais possibilitam, dentre outras coisas, os cálculos de deslocamentos e a solução de
certos problemas hiperestáticos.

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7. TORÇÃO DE BARRAS MACIÇAS COM SEÇÕES TRANSVERSAIS


RETANGULARES
Neste estudo, considera-se uma barra maciça com seção retangular, submetida à
torção. Nesse caso, durante o processo de torção, as linhas de uma grade imaginária
(análoga àquela mostrada na Fig. 1.1), com linhas primitivamente paralelas e
perpendiculares ao eixo da barra, se curvarão.

Figura 7.1 – Seção transversal de uma barra retangular, após a torção.


Esse fenômeno recebe o nome de empenamento. A Fig. 7.1 mostra a seção
transversal de uma barra retangular após a torção; a intensidade do empenamento da
seção transversal é ilustrada na Fig. 7.2.
Na seção torcida, as deformações angulares (distorções), variarão ao longo dos
comprimentos dos lados da seção reta, atingindo valores máximos nos centros dos lados
de maior extensão, b. Em contrapartida, as distorções serão nulas nos vértices da seção.
Na elasticidade linear, as tensões de cisalhamento são governadas pela lei de Hooke;
consequentemente, as tensões também são máximas nos centros dos lados de maior
extensão (b) e nulas nas extremidades.

Figura 7.2 – Amplitudes do empenamento da seção retangular, após a torção.


Da análise da Fig. 7.2 depreende-se que empenamentos são nulos onde as tensões
atingem os valores máximos, em ambos os lados, e que os empenamentos são máximos
nos vértices, onde as tensões e distorções são nulas.

Em outras palavras, uma vez livres de tensões e de deformações, os vértices estarão


livre para empenar, fenômeno que se é caracterizado pelo afastamento de uma face em
relação a um plano que une uma extremidade do componente à outra.
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Os lados c, de menor extensão, apresentam tensões proporcionais àquelas


determinadas para os lados maiores. Em ambos os casos, os valores das tensões variam
em conformidade com a relação particular b/c da seção transversal. Da mesma maneira,
os deslocamentos angulares, θ e φ, dependem da relação referida.

Observe-se que, na Fig. 7.1 a utilização da letra h, para a definição do lado de maior
valor foi evitada, uma vez que essa terminologia ocasionaria certa conexão à altura da
seção transversal, fato que não se verificaria no caso da seção estar posicionada com o
lado de maior valor na direção horizontal.

Cabe salientar que a solução analítica do problema da torção de seções retangulares


maciças, traz consigo certo grau de complexidade, o que torna mais prático a utilização
de coeficientes previamente tabelados para diferentes relações b/c.

A equação para a determinação da tensão máxima, τmáx, a qual ocorre no centro do


lado de maior valor, é a que segue:
𝑴
𝝉𝒎á𝒙 = 𝜶 𝒃 𝒕𝒄𝟐 (7.1)

na qual b é o maior lado da seção, c o menor lado e α é um fator numérico dependente


da relação b/c. Por sua vez, a tensão de cisalhamento, τC, no centro do menor lado, é
determinada por meio de um segundo fator, η, que a relaciona com a tensão máxima:
𝝉𝑪 = 𝜼 𝝉𝒎á𝒙 (7.2)
O ângulo de torção por unidade de comprimento, θ, é determinado com a Eq. 7.3:
𝑴
𝜽 = 𝜷 𝑮 𝒃𝒕 𝒄𝟑 (7.3)

na qual G é o módulo de elasticidade transversal ou módulo de cisalhamento do material.


As variações (parabólicas) das tensões de cisalhamento na seção transversal são
esquematizadas na Fig. 7.3.

Figura 7.3 – Variações das tensões de cisalhamento na seção transversal retangular.

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Os coeficientes α, β e η são apresentados na Tab. 7.1 e suas funções na Fig. 7.4.

Tabela 7.1 – Fatores α, β e η referentes à seção retangular.

b/c 1.00 1.50 1.75 2.00 2.50 3.00 4.00 6.00 8.00 10.00 100.00
α 0.208 0.231 0.239 0.246 0.258 0.267 0.282 0.299 0.307 0.313 0.333
β 0.141 0.196 0.214 0.229 0.249 0.263 0.281 0.299 0.307 0.313 0.333
η 1.000 0.859 0.820 0.795 0.766 0.753 0.745 0.743 0.742 0.742 0.742

Figura 7.4 – Curvas características dos fatores α, β e η para a seção retangular.


A partir dos dados apresentados na Tab. 3.1 foi possível proceder ajustes não
lineares de maneira a obterem-se equações para a determinação dos coeficientes α, β e
η para quaisquer relações b/c. A equação geral é a que segue:
𝒃 𝑫
𝑨.𝑩+𝑪.( )
𝒄
𝜶; 𝜷 𝐨𝐮 𝜼 = 𝒃 𝑫
(𝑩+( ) )
𝒄

• Coeficientes para tensões, α


A= 0,145829; B=2,013562; C= 0,334704; D= 1,188151.
Desvio Padrão: 0,0006868; Coeficiente de Correlação: 0,9998915.

• Coeficientes para deslocamentos angulares, β


A= -0,171627; B= 0,606054; C= 0,332183; D= 1,212568.
Desvio Padrão: 0,0013128; Coeficiente de Correlação: 0,9998208.

• Coeficientes para a tensão no menor lado, η


A= 0,741347; B=0,547709; C= 1,141488; D= -3,611609.
Desvio Padrão: 0,00111914; Coeficiente de Correlação: 0,9999209.

Essas equações são de grande utilidade (especialmente em atividades de


implementação computacional) uma vez que substituem as informações tabeladas e
propiciam, simultaneamente, valores dos coeficientes α, β e η mais precisos do que
aqueles que seriam obtidos por interpolações lineares.
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7.1 APLICAÇÕES AO ESTUDO DE COMPONENTES RETANGULARES


MACIÇOS SUBMETIDOS À TORÇÃO
EXEMPLO 7-1 Determinar as dimensões da seção transversal da barra retangular
ilustrada na Fig. E7.1 a qual apresenta relação b/c = 2,00, para que a mesma, uma vez
submetida a um momento torçor Mt = 20000,00 daN.cm, apresente um giro total, φ,
inferior a 0,005 rad. Dados: fy= 1200.00 daN/cm2; γm=1,15; lo= 50 cm; ν=0,3;
E=2100000,00 daN/cm2; α= 0,246; β=0,229.

Figura E7.1- Barra de seção transversal retangular maciça, sujeita à torção.


SOLUÇÃO:
Inicialmente, deve-se observar que as dimensões da barra devem satisfazer à tensão
admissível do material, antes da aplicação da condição de giro máximo.
a) Cálculo da tensão admissível:
𝑓𝑦 1200,00
𝜏̅ = 𝛾 = = 1043,478 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2 .
𝑚 1,15

b) Condição de projeto e dimensionamento:


𝑀
𝜏 ≤ 𝜏̅ = 𝛼𝑏 𝑡𝑐 2

Entretanto, b/c = 2,00, o que implica que b= 2c. Substituindo os valores:


20000,00
1043,478 = 0,246.2.𝑐 3

resultando que:
3 10000,00
𝒄 = √0,246.1043,478 = 3,390 𝑐𝑚 𝑒 𝒃 = 𝟐𝒄 = 𝟔, 𝟕𝟖𝟎𝒄𝒎.

c) Determinação das dimensões b e c em função do ângulo máximo de torção, φ:


𝑀 𝜑𝑚á𝑥
𝜃 = 𝛽𝐺 𝑏𝑡 𝑐 3 𝑒 𝜑 = 𝜃. 𝑙𝑜 ⟶ 𝜃𝑚á𝑥 = 𝑙𝑜

Módulo de cisalhamento transversal:


𝐸 2100000,00
𝐺 = 2(1+𝜈) = = 807692,308 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
2(1+0,3)

Substituindo os valores:
0,005 20000,00
= 0,229 807692,308.2 𝑐 4
50,0

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4 20000,00 𝑥 50,0
𝒄 = √0,005𝑥0,229𝑥807692,308 𝑥 2 = 4,822 ≈ 4,82 𝑐𝑚 𝑒 𝒃 = 𝟗, 𝟔𝟒 𝒄𝒎.

valores superiores àqueles anteriormente calculados, devendo, portanto, serem


adotados. O arredondamento pode ser o mais conveniente, sempre para cima.
O problema que segue deve ser considerado, após o estudo do estado tridimensional de tensões e dos
critérios de ruptura.

EXEMPLO 7-2 A viga engastada com seção transversal de (10x30) cm e vão de 200 cm,
ilustrada na Fig. E7.2, encontra-se submetida a uma força vertical de valor P= 25000,00
daN aplicada na extremidade livre. Essa extremidade encontra-se solicitada por uma
força axial trativa, de mesmo valor, assim como por um momento torçor, Mt =2500000,0
daN.cm. Se fy=4300,0 daN, pede-se verificar a estabilidade do ponto A, situado no centro
do lado superior da viga e junto ao engastamento, segundo o critério de von Mises. Para
o problema, adotar σy=-P/10,0 daN/cm2.

Fig. E3.2 – Viga engastada, solicitada por carregamentos múltiplos.

SOLUÇÃO:
a) Tensões normais na seção:
• Devidas à carga concentrada, P:
𝑃 25000,0
𝜎𝑛 (𝑝) = 𝐴 = = 83,3333 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
300,0

• Devidas ao momento fletor, Mt:


𝑀𝑓 = 25000,0 . 200,00 = 5,0x106 𝑑𝑎𝑁. 𝑐𝑚
𝑀𝑓 5,0x106 . 12,0
𝜎𝑛 (𝑀) = 𝑦𝑐 = . 15,0 = 3333,3333 daN/𝑐𝑚2
𝐼𝑧 10,0. 30,03

𝜎𝑥𝑥 = 83,3333 + 3333,3333 = 3416,6667 daN/𝑐𝑚2


b) Tensões de cisalhamento na seção:
• Devidas à flexão (essa tensão é máx. na L.N. e nula na periferia):
𝑃.𝑀𝑠𝑧 25000,0 . 0,0
𝜏𝑥𝑦 = 𝑏𝐼𝑧
= 10,0. (10,0. 30,03 )/12.0
= 0,0

• Devidas ao corte:

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𝑃 25000,0 𝑑𝑎𝑁
𝜏𝑥𝑦 = = = 83,3333 (𝑜 𝑠𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝜏𝑥𝑦 é 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒)
𝑏ℎ 10,0. 30,0 𝑐𝑚2

c) Tensão na direção vertical (enunciado):


−25000,0
𝜎𝑦𝑦 = = −2500,00 𝑑𝑎𝑁
10,0

d) Tensões de cisalhamento devidas à torção:


𝑀 2,5x106
𝜏𝑚á𝑥 = 𝛼ℎ𝑏𝑡 2 = 0,267. = 3121,0986 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2 (𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 𝑙𝑎𝑑𝑜)
30,0. 10,02
𝑑𝑎𝑁
𝜏𝑦𝑧 = 𝜂. 𝜏𝑚á𝑥 = 0,753. 𝜏𝑚á𝑥 = 2350,1872 𝑐𝑚2 (𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 𝑙𝑎𝑑𝑜)
e) Tensor de tensão:
3416,6667 83,3333 0,000
𝜎𝑖𝑗 = [ 83,3333 −2500,00 2350,1872 ]
0,000 2350,1872 0,000 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2

f) Invariantes:
• Tensor σij:
𝑑𝑎𝑁 𝑑𝑎𝑁 2
𝐼1 = 916,66670 ; 𝐼2 = −1,407199106𝑥107 (𝑐𝑚2 )
𝑐𝑚2
𝑑𝑎𝑁 3
𝐼3 = −1,887154809𝑥1010 (𝑐𝑚2 )
• Tensor sij:
𝑑𝑎𝑁 2 𝑑𝑎𝑁 3
𝐽2 = 1,435208368𝑥107 (𝑐𝑚2 ) ; 𝐽3 = −1,451471698𝑥1010 (𝑐𝑚2 )

g) Tensões principais:
𝜎 3 − I1 𝜎 2 + I2 𝜎 − I3 = 0
• Ângulo de similaridade:
cos(3𝜃) = −0,693566362 → 𝜃 = 0,779075 𝑟𝑑
• Tensão Octaédrica:
𝐼1 𝑑𝑎𝑁
𝜎𝑜𝑐𝑡 = = 305,5556
3 𝑐𝑚2
• Tensões Principais:
𝑑𝑎𝑁 𝑑𝑎𝑁 𝑑𝑎𝑁
𝜎1 = 3 418,2808 𝑐𝑚2 ; 𝜎2 = 1 411,0138 𝑐𝑚2 ; 𝜎3 = −3 912,6278 𝑐𝑚2

Sempre verificar se: 𝝈𝟏 + 𝝈𝟐 + 𝝈𝟑 = 𝑰𝟏


h) Tensão equivalente de von Mises e verificação da estabilidade:
𝑑𝑎𝑁 𝑑𝑎𝑁
𝜎𝑒𝑞 = 6 561,726 𝑐𝑚2 ; 𝑓𝑦 = 4300,00 𝑐𝑚2
4300,00
𝛾 = 6 561,726 ≅ 0,655 ∴ 𝑖𝑛𝑠𝑡á𝑣𝑒𝑙.

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7.2 MÓDULO DE RESISTÊNCIA À TORÇÃO E CONSTANTE DE RIGIDEZ


TORCIONAL
De maneira semelhante ao já estudado na flexão, as tensões de cisalhamento
máximas podem ser escritas em função do módulo de resistência da seção, no caso à
torção, WT:
𝑀
𝜏𝑚á𝑥 = 𝑊𝑇 (7.4)
𝑇

O módulo de resistência à torção, WT, tem dimensão volumétrica é (m3). Por outro
lado, o giro unitário ou deformação angular unitária, θ, pode ser escrita da maneira que
segue:
𝑀
𝜃 = 𝐺.𝐼𝑇 (7.5)
𝑇

na qual IT é a constante de rigidez torcional, que tem dimensão de inércia (m 4).


• SEÇÕES CIRCULARES:
Para a seção circular, WT é dado por:
𝐼𝑃
𝑊𝑇 = e: (7.6)
𝑟
𝑀𝑡 𝑟
𝜏𝑚á𝑥 = (1.15)
𝐼𝑝

Para a seção circular, IT=IP e:


𝑀
𝜃 = 𝐺.𝐼𝑇 (1.11a)
𝑃

• SEÇÕES RETANGULARES
Para as seções transversais retangulares, as tensões e deformações angulares
unitárias, são dadas por meio da Eq. 7.4 e 7.5, com os coeficientes α e β, tabelados (Tab.
7.1), conforme segue:
𝑀
𝜏𝑚á𝑥 = 𝑊𝑇 ;
𝑇

𝑊𝑇 = 𝛼. 𝑐 2 . 𝑏 (7.7)
𝑀
𝜏𝑚á𝑥 = 𝛼.𝑐 2𝑇.𝑏 (7.1)
𝐼𝑇 = 𝛽. 𝑐 3 𝑏 (7.8)
𝑀
𝜃 = 𝐺.𝐼𝑇 ;
𝑇
𝑀
𝜃 = 𝛽.𝐺.𝑐𝑇3𝑏 (7.3)

• SEÇÃO TRIANGULAR EQUILATERAL COM LADO c:


𝑀
𝜏𝑚á𝑥 = 𝑊𝑇
𝑇

𝑐3
𝑊𝑇 = 20 (7.9)
20 𝑀𝑇
𝜏𝑚á𝑥 = (7.10)
𝑐3

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COMPONENTES ESTRUTURAIS SUBMETIDOS À TORÇÃO
𝑀𝑇
𝜃=
𝐺.𝐼𝑇

√3 𝑐 4
𝐼𝑇 = (7.11)
80
80.√3 𝑀𝑇
𝜃= (7.12)
3. 𝐺. 𝑐 4
𝑥2 𝑦2
• SEÇÃO ELIPSOIDAL (a ≥ b e + 𝑏2 = 1):
𝑎2
𝑀 𝑀
𝜏𝑚á𝑥 = 𝑊𝑇 ; 𝜃 = 𝐺.𝐼𝑇 ;
𝑇 𝑇

com:
𝜋𝑎𝑏 2
𝑊𝑇 = e: (7.13)
2
𝜋 𝑎3 𝑏 3
𝐼𝑇 = (7.14)
𝑎2 +𝑏 2

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8. PROBLEMAS ESTATICAMENTE INDETERMINADOS


Também na torção, os problemas estaticamente indeterminados são frequentes e,
via de regra, as indeterminações estão associadas à hiperestaticidade externa do
componente estrutural. Seria o caso, por exemplo, do problema apresentado na Fig. 4.1.

Nesse problema, duas barras contíguas de diferentes diâmetros, diferentes


extensões e diferentes materiais, encontram-se engastadas nas extremidades
independentes. Naturalmente, nesse caso a analogia utilizada para a resolução do
Exemplo 1.4 não pode ser aplicada.

Figura 8.1 – Sistema bi engastado com dois eixos de diferentes propriedades.


Para a solução do problema lança-se mão de duas condições básicas, a saber:

• Condição de equilíbrio dos esforços: para que o componente esteja em equilíbrio,


a soma dos momentos torçores deve ser nula, ou seja:
∑ 𝑀 = 0 ↺ + → 𝑀𝑡 = 𝑀𝑟1 + 𝑀𝑟3 (8.1)
• Equação de compatibilidade de deslocamentos angulares: no caso particular
apresentado na Fig. E8.1, essa condição deve ser verificada no ponto 2, de
aplicação da carga. Em outras palavras, o giro à direita do ponto 2 deve ser
idêntico ao giro à sua esquerda. Assim:
𝜑𝑒𝑠𝑞 = 𝜑𝑑𝑖𝑟 → 𝜃𝑒𝑠𝑞 . 𝑙1 = 𝜃𝑑𝑖𝑟 . 𝑙2 (8.2)
Utilizando a Eq. 1.13 tem-se:
𝑀𝑟1 𝑀𝑟3
𝑙 =𝐺 𝑙2 (8.3)
𝐺1 .𝐼𝑝(1) 1 2 .𝐼𝑝(2)

As Eq. 8.1 e 8.3 formam um sistema de duas equações a duas incógnitas, o qual
pode ser resolvido facilmente, de maneira a possibilitar a determinação das incógnitas.
Por exemplo, utilizando a Eq.8.1, pode-se escrever que:

𝑀𝑡 = 𝑀𝑟1 + 𝑀𝑟3 ⟶ 𝑴𝒓𝟑 = 𝑀𝑡 − 𝑀𝑟1 (8.4)

Substituindo a Eq. 8.4 na 8.3, decorre:


𝑀𝑟1 𝑀𝑡 −𝑀𝑟1
𝑙 = 𝑙 (8.5)
𝐺1 .𝐼𝑝(1) 1 𝐺2 .𝐼𝑝(2) 2

e:
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COMPONENTES ESTRUTURAIS SUBMETIDOS À TORÇÃO
𝑀𝑡 .𝐺1 . 𝐼𝑝(1) . 𝑙2
𝑀𝑟1 = (8.6)
(𝐺2 . 𝐼𝑝(2) 𝑙1 +𝐺1 . 𝐼𝑝(1) 𝑙2 )

Ainda, se os materiais dos eixos forem iguais, a Eq. 8.6 fica reduzida a:
𝐼𝑝(1)
𝑀𝑟1 = 𝑀𝑡 . . 𝑙2 (8.7)
𝐼𝑝(2) 𝑙1 + 𝐼𝑝(1) 𝑙2

No caso da existência de uma terceira barra, a condição de compatibilidade de


deslocamentos angulares seria repetida para nova junção de barras. Ainda, se nessa
junção houvesse outro momento torçor externamente aplicado, esse momento seria
simplesmente considerado na Eq. 8.1.

8.1 APLICAÇÕES AO ESTUDO DE COMPONENTES MECÂNICOS


EXEMPLO E8.1. Os dois eixos maciços, 1 e 2, com seções circulares representados na
Fig. E8.1 estão interligados no ponto A. Nesse ponto deve ser aplicado um momento
torçor, Mt=100000,00 daN.cm. Para o problema pede-se determinar: a) os valores dos
momentos torçores reativos; b) os valores das máximas tensões de cisalhamento em
cada um deles; c) a tensão de escoamento de um aço para a construção dos eixos,
utilizando um coeficiente de segurança γm=1,20. Dados: = 5,00cm l1=30,0
cm; = 3,50cm; l2=20,0 cm; E= 2100000,00daN/cm2; ν=0,30.

Figura E8.1 – Eixos bi engastados, submetidos à torção.


SOLUÇÃO:
a) Condição de equilíbrio dos momentos:
𝑀𝑟1 + 𝑀𝑟2 = 100000,00 𝑑𝑎𝑁. 𝑐𝑚 → 𝑀𝑟2 = 100000,00 − 𝑀𝑟1

b) Compatibilidade de deslocamentos angulares no ponto A:


Módulos de elasticidade transversal:
𝐸 2100000,00
𝐺 = 2(1+𝜈) = = 807692,308 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
2(1+0,3)

Momentos polares de inércia:

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COMPONENTES ESTRUTURAIS SUBMETIDOS À TORÇÃO

𝜋 𝑟14 𝜋 2,504 𝜋 𝑟24 𝜋 1,754


𝐼𝑝(1) = = = 61,359 𝑐𝑚4 ; 𝐼𝑝(2) = = = 14,732 𝑐𝑚4
2 2 2 2

Condição de compatibilidade:
𝑀𝑟1 𝑀 𝑀𝑟1 𝑀
𝑙 = 𝐺.𝐼𝑟3 𝑙2 ou: 𝑟2
30,0 = 807692,308 20,0
𝐺.𝐼𝑝(1) 1 𝑝(2) 807692,308 .61,359 .14,732

Substituindo-se a equação de equilíbrio como escrita, tem-se:


𝑀𝑟1 100000,00−𝑀
𝑟1
30,0 = 807692,308 .14,732 20,0 𝑒:
807692,308 .61,359

𝑀𝑟1 = 73521,694 𝑑𝑎𝑁. 𝑐𝑚

Da mesma equação de equilíbrio, tem-se que:


𝑀𝑟2 = 26478,306 𝑑𝑎𝑁. 𝑐𝑚

c) Máximas tensões de cisalhamento:


• Eixo 1:
𝑀𝑟1 𝑟1 73521,694. 2,5
𝜏𝑚á𝑥(1) = = = 2995,555 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
𝐼𝑝(1) 61,359

• Eixo 2:
𝑀𝑟2 𝑟2 26478,306. 1,75
𝜏𝑚á𝑥(2) = = = 3145,332 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
𝐼𝑝(2) 14,732

d) Tensão de escoamento mínima de um aço, para a construção dos eixos:

Nesse caso, deve-se tomar a máxima tensão de cisalhamento calculada, τmáx=3145,332


daN/cm2. A condição de projeto é a que segue:
𝑓𝑦
𝜏𝑚á𝑥 ≤ 𝜏̅ = 𝛾
𝑚

𝑓𝑦 𝒅𝒂𝑵
3145,332 = 1,20 𝑒: 𝑓𝑦 = 3774, 398 ≈ 𝟑𝟕𝟕𝟓, 𝟎𝟎 𝒄𝒎𝟐

EXEMPLO E8.2. Os dois eixos maciços, 1 e 2, com seções retangulares representados


na Fig. E8.2 estão interligados no ponto A. Nesse ponto deve ser aplicado um momento
torçor, Mt= 50000,00 daN.cm. Para o problema pede-se: a) Determinar os valores das
máximas tensões de cisalhamento em cada um deles; b) Determinar a rotação total no
ponto A. Dados: E1= 1,80x106 daN/cm2; ν1=0,28; E2= 2,10x106 daN/cm2; ν2=0,30.

Figura E8.2 – Eixos bi engastados, submetidos à torção.

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SOLUÇÃO:
a) Módulos de elasticidade transversal (módulo de cisalhamento):

• Eixo1
𝐸 1,8𝑥106
1
𝐺1 = 2(1+𝜈 = 2(1+0,28) = 703125,000 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
) 1

• Eixo 2
𝐸 2,1𝑥106
2
𝐺2 = 2(1+𝜈 = 2(1+0,30) = 807692,308 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
) 2

b) Condição de equilíbrio dos momentos:


𝑀𝑟1 + 𝑀𝑟2 = 50 000,00 𝑑𝑎𝑁. 𝑐𝑚 → 𝑀𝑟2 = 50 000,00 − 𝑀𝑟1

c) Compatibilidade de deslocamentos angulares no ponto A:


𝜑𝑒𝑠𝑞 = 𝜑𝑑𝑖𝑟 → 𝜃𝑒𝑠𝑞 . 𝑙1 = 𝜃𝑑𝑖𝑟 . 𝑙2
𝑀𝑟1 𝑀𝑟2 𝑀𝑟1 (50 000,00−𝑀𝑟1 )
𝑙1 = 𝛽 𝑙2 ⟶ 𝑙1 = 𝑙2
𝛽1 𝐺1 𝑎4 2 𝐺2 𝑏 𝑐3 𝛽1 𝐺1 𝑎4 𝛽2 𝐺2 𝑏 𝑐 3

Simplificando:
50 000,00.𝑎4 .𝛽1 𝐺1 𝑙2
𝑀𝑟1 = 𝑏.𝑐 3.𝛽
2 .𝐺2 .𝑙1 +𝑎4 𝛽1 𝐺1 𝑙2

d) Momentos reativos

Com β1=0,141, β2= 0,229, a= 5,0 cm, b= 4,0 cm, c= 2,0 cm, l1= 50,0 cm, l2= 40,0 cm,
juntamente com os valores de G calculados, tem=se:
50 000,0. 5,04 . 0,141. 703125,0. 40,0
𝑀𝑟1 = 4,0. 2,03 . 0,229. 807692,308. 50,0 + 5,04 . 0,141. 703125,0. 40,0

𝑴𝒓𝟏 = 𝟒𝟒 𝟔𝟔𝟔, 𝟕𝟐𝟔𝟐𝟕 𝒅𝒂𝑵. 𝒄𝒎

Sendo:

𝑀𝑟2 = 50 000,00 − 𝑀𝑟1

tem-se:

𝑴𝒓𝟐 = 𝟓 𝟑𝟑𝟑, 𝟐𝟕𝟑𝟕𝟑 𝐝𝐚𝐍. 𝐜𝐦

e) Rotação (ou giro) total no ponto A:

Tomando-se pela esquerda:


𝑀𝑟1 44 666,72627
𝜑𝑒𝑠𝑞 = 𝛽 4
𝑙1 = 0,141. . 50,0 → 𝝋𝒆𝒔𝒒 = 𝟎, 𝟎𝟑𝟔𝟎𝟒𝟑 𝒓𝒅
1 𝐺1 𝑎 703125,0. 5,04

Conferindo: tomando-se pela direita:


𝑀𝑟2 𝟓 𝟑𝟑𝟑,𝟐𝟕𝟑𝟕𝟑
𝝋𝒅𝒊𝒓 = 𝛽 3 𝑙2
= 0,229. . 40,0 = 𝟎, 𝟎𝟑𝟔𝟎𝟒𝟑 𝒓𝒅.
2 2 𝑏.𝑐
𝐺 807692,308. 4,0. 2,03

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Este exercício deverá ser analisado após os estudos dos critérios de escoamento e de ruptura.

EXEMPLO E8.3 Para o eixo de seções mistas, apresentado na Fig. E8.3.1, pede-se:
a) Dimensionar as seções transversais AA’ e BB’, de tal maneira que a Tensão
Equivalente de von Mises em cada um deles não supere 80% da tensão de escoamento
do aço, fy; b) Traçar os diagramas tensões de cisalhamento nas seções AA’ e BB’. O
problema deve ser resolvido bidimensionalmente.
Dados: E =2,10x106 daN/cm2; υ=0,29; fy=2500,00 daN/cm2; Mt=90200,00 daN.cm.

Figura E8.3.1 – Sistema de eixos submetidos à torção simples.


SOLUÇÃO BIDIMENSIONAL:
a) Tensões principais:

𝜎𝑥 𝜎 2
𝜎1 = + √( 2𝑥 ) + 𝜏𝑥𝑦 2 = 0 + √0 + 𝜏𝑥𝑦 2 = 𝜏𝑥𝑦 (a)
2

𝜎𝑥 𝜎 2
𝜎2 = − √( 2𝑥 ) + 𝜏𝑥𝑦 2 = 0 − √0 + 𝜏𝑥𝑦 2 = −𝜏𝑥𝑦 (b)
2

b) Tensão equivalente de von Mises:


1/2
𝜎𝑒𝑞 = (𝜎1 2 − 𝜎1 2 𝜎2 2 + 𝜎2 2 )1/2 = (𝜏𝑥𝑦 2 − 𝜏𝑥𝑦 . (−𝜏𝑥𝑦 ) + 𝜏𝑥𝑦 2 )

𝜎𝑒𝑞 = √3𝜏𝑥𝑦 (c)

c) Tensão admissível e condição de projeto:

𝜎̅ = 0,8𝑓𝑦 = 0,8. 2500,0 = 2000,00 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2

𝜎𝑒𝑞 ≤ 𝜎̅ (d)
𝑛𝑜 𝑙𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒
2000,00
√3𝜏𝑥𝑦 ≤ 2000,00 ⏞
→ 𝜏𝑥𝑦 = (e)
√3

d) Tensões de cisalhamento e reações de momento:

A Eq. (e) é utilizada para os dois eixos:


• Eixo 1:
𝑀
𝜏𝑥𝑦 = 𝛼𝑎𝑟13 (f)

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𝑀𝑟1 2000,00 𝟐𝟎𝟎𝟎 𝜶𝒂𝟑


= → 𝑴𝒓𝟏 = (g)
𝛼𝑎3 √3 √𝟑

• Eixo 2:
2𝑀𝑟2
𝜏𝑥𝑦 = (h)
𝜋𝑟 3

2𝑀𝑟2 2000,00 𝟏𝟎𝟎𝟎𝝅𝒓𝟑


= → 𝑴𝒓𝟐 = (i)
𝜋𝑟 3 √3 √𝟑

e) Equação de compatibilidade de rotações:


𝑁𝑎 𝑗𝑢𝑛çã𝑜: 𝜑1 = 𝜑2 → 𝜃1 𝑙1 = 𝜃2 𝑙2 (j)
𝑀𝑟1 2𝑀
𝑙 = 𝐺 𝜋𝑟𝑟24 𝑙2
𝛽𝐺𝑎4 1

Substituindo (g) e (i) e simplificando:


2000 𝛼𝑎3 1 𝑙 1000𝜋𝑟 3 2𝑙 𝛼𝑙1 𝑙2
( ) 𝛽𝐺𝑎 4 = (
) 𝐺 𝜋𝑟24 → = (k)
√3 √3 𝛽𝑎 𝑟

Substituindo: α=0,208; β=0,141; l1=30cm e l2=20 cm:


𝒂 = 𝟐, 𝟐𝟏𝟐𝟕𝟕 𝒓 (l)
2000 𝛼𝑎3 2000.0,208. (2,21277 𝑟)3
𝑀𝑟1 = =
√3 √3

𝑴𝒓𝟏 = 𝟐𝟔𝟎𝟐, 𝟏𝟗𝟎𝟖𝟏𝒓𝟑 (m)


f) Equação de equilíbrio de momentos:
𝑀𝑟1 + 𝑀𝑟2 = 𝑀𝑡 (n)
1000𝜋𝑟 3
2602,19081𝑟 3 + = 90200,00
√3
1000𝜋
𝑟 3 (2602,19081 + ) = 90200,00
√3
90200,00
𝑟3 = 1000𝜋 → 𝒓 = 𝟐, 𝟕𝟑𝟑𝟓𝟒 𝒄𝒎 (o)
(2602,19081+ )
√3

Substituindo na Eq. (l):


𝑎 = 2,21277 𝑟 = 2,21277 . 2,73354 → 𝒂 = 𝟔, 𝟎𝟒𝟖𝟔𝟖 𝒄𝒎 (p)
g) Tensões finais- Verificação:
Das Eq. (c) e (f) e (m):
𝑀 √3 (2602,19081. 2,733543 )
𝜎𝑒𝑞1 = √3𝜏𝑥𝑦 = √3 𝛼𝑎𝑟13 = ≅ 𝟐𝟎𝟎𝟎, 𝟎𝟎 𝒅𝒂𝑵/𝒄𝒎𝟐 (q)
0,208. 6,048683

Das Eq. (c), (h) e (i):


2𝑀 2. 1000𝜋𝑟 3
𝜎𝑒𝑞2 = √3𝜏𝑥𝑦 = √3 ( 𝜋𝑟𝑟2
3 ) = √3 [𝜋
( )] = 𝟐𝟎𝟎𝟎, 𝟎𝟎 𝒅𝒂𝑵/𝒄𝒎𝟐 (r)
𝑟3 √3

Os diagramas de distribuição das tensões nas seções, são os que se apresentam na


Fig. E8.3.2.

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Figura E8.3.2 – Distribuição de tensões cisalhantes nas seções transversais dos eixos.

EXEMPLO E8.4 Um eixo combinado de seção transversal circular, composto por um


núcleo de aço e por uma camisa de alumínio (Fig. E8.4.1), encontra-se submetido a um
momento torçor de valor Mt=50000,00 daN.cm. O sistema é admitido solidário de tal
maneira que responde, estruturalmente, como componente único. Para o problema
pede-se: a) Determinar as máximas tensões de cisalhamento que atuam no núcleo e na
camisa do eixo; b) O valor do giro na extremidade direita do mesmo; c) Traçar o diagrama
de tensões de cisalhamento na seção. Dados: Eaço=2,1x106 daN/cm2; νaço=0,29;
Ealum=7,0x105 daN/cm2; νalum=0,25

Figura E8.4.1 – Eixo combinado submetido à torção.


SOLUÇÃO:
a) Módulos de elasticidade transversal (módulos de cisalhamento)
• Aço:
𝐸𝑎ç𝑜 2,1𝑥106
𝐺𝑎ç𝑜 = 2(1+𝜈 = 2(1+0,29) = 813 953,488 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
𝑎ç𝑜 )

• Alumínio:
𝐸 7,0𝑥105
𝑎𝑙𝑢𝑚
𝐺𝑎𝑙𝑢𝑚 = 2(1+𝜈 = 2(1+0,25) = 280 000,000 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
𝑎𝑙𝑢𝑚 )

b) Condição de equilíbrio de esforços externos:


𝑀𝑡 = 𝑀𝑡(𝑎ç𝑜) + 𝑀𝑡(𝑎𝑙𝑢𝑚) ⟶ 50 000,00 = 𝑀𝑡(𝑎ç𝑜) + 𝑀𝑡(𝑎𝑙𝑢𝑚)
Sendo:
𝑀
𝜃 = 𝐺 𝐼𝑡 ⟶ 𝑀𝑡 = 𝜃𝐺 𝐼𝑝
𝑝

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Substituindo na equação de equilíbrio:


50 000,00 = 𝜃. 𝐺𝑎ç𝑜 . 𝐼𝑝(𝑎ç𝑜) + 𝜃. 𝐺𝑎𝑙𝑢𝑚 . 𝐼𝑝(𝑎𝑙𝑢𝑚) 𝑜𝑢:
𝜋.2,04 𝜋.(2,54 −2,04 )
50 000,00 = 𝜃. 813 953,488 . + 𝜃. 280 000,0. 𝑒:
2 2

𝜃 = 0,00163397 𝑟𝑑/𝑐𝑚
c) Rotação (giro) total, φ, na extremidade direita.
𝜑 = 𝜃. 𝑙 = 0,00163397 . 30,0
𝝋 = 𝟎, 𝟎𝟒𝟗𝟎𝟏𝟗𝟏 𝒓𝒅
d) Tensões de cisalhamento:
• Núcleo de aço:
𝑀𝑡(𝑎ç𝑜) . 𝑟𝑎ç𝑜 (𝜃.𝐺𝑎ç𝑜 .𝐼𝑝(𝑎ç𝑜) ). 𝑟𝑎ç𝑜
𝜏𝑎ç𝑜 = =
𝐼𝑝(𝑎ç𝑜) 𝐼𝑝(𝑎ç𝑜)

𝝉𝒂ç𝒐 = 𝜃. 𝐺𝑎ç𝑜 . 𝑟𝑎ç𝑜 = 0,00163397. 813 953,488. 2,0 = 𝟐𝟔𝟓𝟗, 𝟗𝟓𝟏 𝒅𝒂𝑵/𝒄𝒎𝟐

• Camisa de alumínio:
Face externa:
𝑀𝑡 . 𝑟(𝑒𝑥𝑡,𝑎𝑙𝑢𝑚) (𝜃.𝐺𝑎𝑙𝑢𝑚 .𝐼𝑝(𝑎𝑙𝑢𝑚) . 𝑟(𝑒𝑥𝑡,𝑎𝑙𝑢𝑚) )
𝜏𝑒𝑥𝑡,𝑎𝑙𝑢𝑚 = =
𝐼𝑝(𝑎𝑙𝑢𝑚) 𝐼𝑝(𝑎𝑙𝑢𝑚)

𝝉𝒆𝒙𝒕,𝒂𝒍𝒖𝒎 = 𝜃. 𝐺𝑎𝑙𝑢𝑚 . 𝑟(𝑒𝑥𝑡,𝑎𝑙𝑢𝑚) = 0,00163397. 280 000,0. 2,5 = 𝟏𝟏𝟒𝟑, 𝟕𝟕𝟗 𝒅𝒂𝑵/𝒄𝒎𝟐
Face interna:
𝝉𝒊𝒏𝒕,𝒂𝒍𝒖𝒎 = 𝜃. 𝐺𝑎𝑙𝑢𝑚 . 𝑟(𝑖𝑛𝑡,𝑎𝑙𝑢𝑚) = 0,00163397. 280 000,0. 2,0 = 𝟗𝟏𝟓, 𝟎𝟐𝟑 𝒅𝒂𝑵/𝒄𝒎𝟐
e) Diagrama de tensões de cisalhamento:

Figura E8.4.2 – Diagrama de distribuição de tensões de cisalhamento.

EXERCÍCIO E8.5. Dois componentes de seção transversal quadrada de lado ai, são
submetidos à torção por um momento torçor Mt = 50 000,00 daN.cm conforme ilustrado
na Fig. E8.5. O primeiro deles é tubular e o segundo maciço. Para o problema pede-se
determinar os valores dos momentos de engastamento, Mr, em ambas as extremidades
do conjunto, utilizando a formulação dos Momentos Polares de Inércia. Dados:
Eixo 1: E1= 1 800 000,00 daN/cm2; ν1=0,28; seção tubular: aext = 4,0 cm; aint. = 2,0 cm;
Eixo 2: E2= 2 100 000,00 daN/cm2; ν1=0,30; seção maciça: a = 2,0 cm.

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Figura E8.5 – Sistema de eixos com seções transversais quadradas, tubular e maciça.

SOLUÇÃO
• Momentos Polares de Inércia:
Eixo 1:
𝑎1 .𝑎1 3 𝑎2 .𝑎2 3 1
𝐼𝑃(1) = 𝐼𝑧(1) + 𝐼𝑦(1) = 2. ( − ) = 6 (𝑎1 4 − 𝑎2 4 ) (1)
12 12

Eixo 2:
𝑎2 .𝑎2 3 𝑎2 4
𝐼𝑃(2) = 𝐼𝑧(2) + 𝐼𝑦(2) = 2. ( )= (2)
12 6

• Compatibilidade de giro no ponto A:


𝜑𝑒𝑠𝑞 = 𝜑𝑑𝑖𝑟 𝑜𝑢: 𝜃𝑒𝑠𝑞 . 𝑙1 = 𝜃𝑑𝑖𝑟 . 𝑙2 (3)
onde:
𝑀𝑟(1) 𝑀𝑟(2)
𝜃𝑒𝑠𝑞 = 𝐺 ; 𝜃𝑑𝑖𝑟 = 𝐺 (4)
1 .𝐼𝑃(1) 2 .𝐼𝑃(2)

Substituindo θesq e θdir em (3):


𝑀𝑟(1) 𝑀𝑟(2)
. 𝑙1 = 𝐺 . 𝑙2 (5)
𝐺1 .𝐼𝑃(1) 2 .𝐼𝑃(2)

Equilíbrio de esforços externos:


𝑀𝑟(1) + 𝑀𝑟(2) = 𝑀𝑡 ⟶ 𝑀𝑟(2) = 𝑀𝑡 − 𝑀𝑟(1) (6)
Substituindo Mr(2) em (5):
𝑀𝑟(1) 𝑀𝑡 −𝑀𝑟(1)
. 𝑙1 = . 𝑙2 (7)
𝐺1 .𝐼𝑃(1) 𝐺2 .𝐼𝑃(2)

Substituindo (1) e (2) em (7) e resolvendo para Mr(1):


𝑀𝑡. (𝑎1 4 −𝑎2 4 ). 𝐺1 .𝑙2
𝑀𝑟1 = 𝑎 4 .𝐺 .𝑙 +𝑎 4 .𝐺 .𝑙 −𝑎 4 .𝐺 .𝑙
(8)
2 2 1 1 1 2 2 1 2

Resolvendo para os valores de Mt, a1, a2, G1, G2, l1 e l2 em (8), tem-se que:
𝑴𝒓𝟏 = 𝟒𝟓𝟔𝟑𝟏, 𝟖𝟐𝟓𝟐𝟕𝟏𝟒𝟗𝟐𝟐𝟑 ≈ 𝟒𝟓𝟔𝟑𝟏, 𝟖𝟐𝟓 𝒅𝒂𝑵. 𝒄𝒎
Substituindo em (7), juntamente com Mt= 50000,00 da.cm:
𝑴𝒓𝟐 = 𝟒𝟑𝟔𝟖, 𝟏𝟕𝟒𝟕𝟐𝟖𝟓𝟎𝟕𝟕𝟔𝟔 ≈ 𝟒𝟑𝟔𝟖, 𝟏𝟕𝟓 𝒅𝒂𝑵. 𝒄𝒎
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9. TRANSMISSÃO DE TORQUE ENTRE EIXOS POR MEIO DE


ENGRENAGENS E CORREIAS
Os conceitos relacionados aos esforços de torção a que estão submetidos os
componentes estruturais, assim como o dimensionamento de eixos que integram
sistemas mecânicos diversos, encontram importante aplicações. Dentre elas, pode-se
citar a transmissão de potência desde os alimentadores até os utilizadores.

Muitas vezes, a transmissão de potência é procedida indiretamente, por meio de


engrenagens, com o objetivo paralelo de reduzirem-se ou amplificarem-se as
velocidades angulares, como aquelas que ocorrem nas caixas de redução, nas de
inversão do movimento, nas caixas de câmbio de veículos automotivos e em sistemas
ferroviários de cremalheiras, dentre outras.

Assim, outras variáveis devem ser incorporadas ao estudo da torção, quando da


utilização das engrenagens dentadas.

Nesse caso, para se exemplificar o equacionamento da transmissão de potência, utiliza-


se, preliminarmente o pequeno sistema mecânico constituído por dois eixos e duas
engrenagens, de diferentes dimensões geométricas, apresentado na Fig. 9.1.

Figura 9.1 – Sistema de transmissão de potência constituído por engrenagens e eixos.

O sistema apresentado é alimentado por um momento torçor ou torque, Mt1, no


ponto1 (Fig. 9.1-A), o qual faz com que o eixo 1 e, por consequência, também a
engrenagem 1 a girarem no sentido anti-horário. Estando a engrenagem 1 acoplada à
de número 2, a segunda receberá, por transmissão da primeira, o momento torçor Mt2.

Com isso, o eixo de número dois passa a ser solicitado pelo momento torçor Mt2.
Suponha-se, finalmente, que o último eixo esteja engastado, de maneira a produzir uma
reação de apoio Mr.

Na Fig. 9.1-A, observa-se que as engrenagens estão em contato no ponto 2, onde


atua uma força tangencial, Ft, comum à ambas. O valor dessa força pode ser
preliminarmente calculado por meio da definição de momento de uma força, com o valor
do raio r1 da primeira engrenagem e com o valor do momento torçor externamente
aplicado, Mt1 (isto quer dizer, Mt1 = Ft. r1). Posteriormente, o valor do momento torçor

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transmitido ao eixo 2, Mt2, é calculado com o valor dessa força e do raio da segunda
engrenagem, r2 (ou seja, Mt2= Ft. r2)

Observa-se, finalmente, que a força tangencial, Ft, é comum às duas engrenagens, e


encontra-se associadas aos dois eixos. Com isso, pode-se escrever que:
𝑀𝑡1 𝑀𝑡2
= (9.1)
𝑟1 𝑟2

Esse conceito, espelhado por uma equação singela, pode ser estendido à um
número indefinido de eixos e de engrenagens, para a determinação dos esforços de
torção ou para o dimensionamento dos componentes.

9.1 SOLUÇÃO DE PROBLEMAS ESTATICAMENTE INDETERMINADOS


Em diversas ocasiões (ou na maioria delas), os problemas de transmissão de
potência envolvem indeterminações as quais requerem a utilização de equações
complementares para a sua solução.
A Fig. 9.2 ilustra o caso de dois eixos que transmitem potência, os quais se deseja
dimensionar, associados a duas engrenagens.

Figura 9.2 – Sistema de eixos para a transmissão de potência.


Para os eixos 1 e 2, os giros unitários podem ser escritos da maneira que segue:
𝑀𝑡1 𝑀𝑡2
𝜃1 = 𝐺 𝑒: 𝜃2 = 𝐺 (9.2)
1 𝐼𝑝1 2 𝐼𝑝2

onde Gi são os módulos de elasticidade transversal dos materiais dos eixos e Ipi, os
momentos polares de inércia dos mesmos.

Por sua vez, os giros totais na posição de contato das engrenagens podem ser
calculados como segue:
𝜑1 = 𝜃1 𝑙1 𝑒: 𝜑2 = 𝜃2 𝑙2 (9.3)
A compatibilidade de rotações no ponto de contato (2) requer que:
𝜑1 𝑟1 = 𝜑2 𝑟2 (9.4)
o que permite escrever, com o auxílio das Eq. 5.6, 5.7 e 5.8, que:
𝑀𝑡1 𝑙1 𝑀𝑡2 𝑙2
𝑟 = 𝑟 (9.5)
𝐺1 𝐼𝑝1 1 𝐺2 𝐼𝑝2 2

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9.2 APLICAÇÕES ÀS ATIVIDADES DE DIMENSIONAMENTO


EXEMPLO E9.1. O sistema de eixos esquematizado na Fig. E9.1.1, acoplado por meio
de quatro engrenagens de diferentes dimensões, deverá ser solicitado na extremidade
A por um momento torçor, Mt=5000,00 daN.cm. Os eixos, com seções transversais
circulares maciças, estão impedidos de transladar nas direções do sistema de referência.
Para o problema pede-se: a) Traçar o diagrama de momentos torçores para o sistema,
admitindo-se que a seção transversal na extremidade B encontra-se perfeitamente
engastada; b) Determinar os diâmetros dos eixos, considerando-se que os mesmos
serão construídos em aço. Para tanto, arredondar os valores desses diâmetros,
sequencialmente, para a fração decimal imediatamente superior; c) Determinar o valor
do giro total, φ, na extremidade A de aplicação da carga.
Dados: fy= 3450,00 daN/cm2; γm=1,15; E= 2,1x106 daN/cm2; ν= 0,30; l1= 15,00 cm;
l2=30,0 cm; l3= 20,0 cm.

Figura E9.1.1 – Sistema de eixos acoplados à engrenagens para a transmissão de torque.


SOLUÇÃO:
a.1) Torção transmitida ao eixo Ex2:
Força tangencial entre as engrenagens E1 e E2:
𝑀𝑡1 𝑀𝑡2
𝐹𝑡(1,2) = =
𝑟1 𝑟2

5000,0 𝑀
𝑡2 5000,0. 15,0
= 15,0 → 𝑀𝑡2 = = 10000,0 𝑑𝑎𝑁. 𝑐𝑚
7,5 7,5

a.2) Torção transmitida ao eixo Ex3:


Força tangencial entre as engrenagens E3 e E4:
𝑀𝑡3 𝑀𝑡4
𝑀𝑡3 = 𝑀𝑡2 → 𝐹𝑡(3,4) = =
𝑟3 𝑟4

10000,0 𝑡4 𝑀 10000,0. 12,50


= 12,50 → 𝑀𝑡4 = = 7142,875 𝑑𝑎𝑁. 𝑐𝑚
17,5 17,5

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a.3) Linha de Estado para Mt (diagrama de momentos torçores):


O diagrama é traçado a partir da extremidade do eixo Ex1, onde atua o momento externo,
em direção à extremidade engastada do eixo Ex4. Para tanto, convenciona-se que os
momentos sinistrogiros (que provocam giros anti-horários) sejam positivos.

Figura E9.1.2 – Diagrama de momentos torçores (vista planar).

IMPORTANTE: Os dimensionamentos dos eixos deverão considerar os valores das


torções que ocorrem ao longo dos eixos, os quais são apresentados no diagrama da Fig.
E9.1.2.
b.1) Dimensionamento do eixo Ex1:
Tensão admissível ao cisalhamento:
𝑓𝑦 3450,0
𝜏̅ = 𝛾 = = 3000,00 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
𝑚 1,15

Condição de projeto:
𝜏𝑚á𝑥 ≤ 𝜏̅
16. 5000,0 3 16. 5000,0
3000,0 = → 𝑑=√ = 2,040 ≈ 𝟐, 𝟏 𝒄𝒎 (𝑖𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑒𝑛𝑢𝑛𝑐𝑖𝑎𝑑𝑜).
𝜋. 𝑑3 𝜋.3000,0

b.2) Dimensionamento do eixo Ex2:


𝜏𝑚á𝑥 ≤ 𝜏̅
16. 5000,0 3 16. 5000,0
3000,0 = → 𝑑=√ = 2,040 ≈ 𝟐, 𝟏𝟎 𝒄𝒎 (𝑖𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑒𝑛𝑢𝑛𝑐𝑖𝑎𝑑𝑜).
𝜋. 𝑑3 𝜋.3000,0

b.3) Dimensionamento do eixo Ex3:


𝜏𝑚á𝑥 ≤ 𝜏̅
16. 7142,875 3 16. 7142,875
3000,0 = → 𝑑=√ = 2,297 ≈ 𝟐, 𝟑𝟎 𝑐𝑚
𝜋. 𝑑3 𝜋.3000,0

c) Rotação Total

Módulos de elasticidade transversal:


𝐸 2100000,00
𝐺 = 2(1+𝜈) = = 807692,308 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
2(1+0,3)

• Eixo Ex3: Iniciando pela extremidade engastada:

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Seção em B: φB=0.
Momento polar de inércia do eixo:
𝜋 𝑟34 𝜋 1,154
𝐼𝑝(3) = = = 2,747 𝑐𝑚4
2 2

𝑀 7142,875
𝜑3(𝐸4−𝐸3) = 𝐺.𝐼 𝑙3 = 20,0 = 0,064387 𝑟𝑑 (𝑖𝑔𝑛𝑜𝑟𝑎𝑟 𝑜 𝑠𝑒𝑛𝑡𝑖𝑑𝑜).
𝑝(3) 807692,308. 2,747

• Eixo Ex2: Os giros dos eixos Ex3 e Ex2 não seguem princípios de compatibilidade
de rotações, uma vez que as engrenagens E4 e E3 apresentarem raios diferentes.
Entretanto, a torção ao longo do eixo Ex2 é constante.
Momento polar de inércia do eixo:
𝜋 𝑟24 𝜋 1,054
𝐼𝑝(2) = = = 1,909 𝑐𝑚4
2 2

𝑀 5000,00
𝜑2(𝐸4−𝐸3) = 𝐺.𝐼 𝑙2 = 30,0 = 0,097284 𝑟𝑑 (𝑖𝑔𝑛𝑜𝑟𝑎𝑟 𝑜 𝑠𝑒𝑛𝑡𝑖𝑑𝑜).
𝑝(2) 807692,308.1,909

• Eixo Ex1: Os giros dos eixos Ex2 e Ex1 também não seguem princípios de
compatibilidade de rotações, uma vez que as engrenagens E2 e E1 também
apresentam raios diferentes. Entretanto, a torção é constante ao longo do eixo
Ex1.
Momento polar de inércia do eixo:
𝐼𝑝(1) = 𝐼𝑝(2) = 1,909𝑐𝑚4
𝑀 5000,00
𝜑1(𝐴) = 𝐺.𝐼 𝑙1 = 15,0 = 0,048642 𝑟𝑑 (𝑖𝑔𝑛𝑜𝑟𝑎𝑟 𝑜 𝑠𝑒𝑛𝑡𝑖𝑑𝑜).
𝑝(3) 807692,308. 1,909

• Giro total, na extremidade A: O cálculo da rotação total é procedido somando-


se as parcelas individuais correspondentes a cada um dos eixos, cada qual
multiplicada pelo sinal correspondente do diagrama de momentos torçores:
𝜑𝑡 = −𝜑1 + 𝜑2 − 𝜑3 = −0,048642 + 0,097284 − 0,064387 = −0,015745 𝑟𝑑.
o qual ocorrerá em sentido horário (e não poderia ser diferente: na extremidade livre, o
sentido do giro é idêntico àquele do momento torçor aplicado).

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10. ELEMENTOS DE MOLA HELICOIDAIS


As molas helicoidais podem ser diferentes naturezas, a exemplo das molas ilustradas
na Fig. 10.1.

Figura 10.1 – Molas helicoidais usuais


Particularmente, as molas abordadas neste texto são as cilíndricas (de raios e
passos constantes) e são classificadas como molas de abertura ou de fechamento, a
depender da natureza da solicitação estrutural (tração ou compressão, respectivamente).

Esse tipo de componente estrutural encontra aplicações diversas na indústria em


geral. Na indústria automobilística, por exemplo, são aplicadas aos veículos automotores
(em combinação com os amortecedores). Em composições metro-ferroviárias,
encontram aplicações aos rodeiros dos vagões.

Na construção de edifícios altos são muitas vezes aplicadas para a atenuação de


sismos e equilíbrio de pressões eólicas, assim como em obras de grande porte, a
exemplo de comportas de barragens hidrelétricas e de eclusas.

Outros tipos de molas não serão abordadas no contexto deste texto, em virtude das
características introdutórias guardadas pelo mesmo.

10.1 MOLAS HELICOIDAIS DE ESPIRAS FECHADAS


Para o estudo desse tipo de mola, admite-se um componente helicoidal de seção
transversal circular, submetido uma força externa F.
Como hipóteses de análise, considera-se que:
• Cada espira da mola encontra-se situada em um plano aproximadamente
ortogonal ao eixo longitudinal do componente;
• Em uma seção genérica, a qual corta a mola em duas partes, atuam, para o
equilíbrio da seção, uma força cortante de valor F e um momento torçor de valor
Mt = F.R, sendo R o raio do cilindro que contém a linha média da mesma.
A Fig. 10.2 ilustra esquematicamente um componente de mola submetido à esforços
de abertura (tração), assim como os esforços que o solicitam.

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Figura 10.2 – Mola helicoidal de espiras fechadas: A) Força que solicita a mola à abertura; B)
Seções adjacentes indicando as solicitações de torção.

10.1.1 TENSÕES DE CISALHAMENTO


Para uma seção transversal circular como a indicada na Fig. 10.2-B, os dois esforços,
Mt e F, dão origens as tensões de cisalhamento que seguem:
𝑑
𝑀𝑡 .
2
𝜏(1) = (10.1)
𝐼𝑝

e:
𝐹 4𝐹
𝜏(2) = 𝐴 = 𝜋𝑑2 (10.2)

Superpondo-se os efeitos, decorre:


𝑀𝑡 . 𝑑 4𝐹
𝜏 = 𝜏(1) + 𝜏(2) = + 𝜋𝑑2 (10.3)
𝐼𝑝 2

Substituindo as variáveis Mt = F.R e Ip=.d4/32, referente à seção transversal circular,


obtém-se:
16.𝐹.𝑅 4𝐹 16.𝐹.𝑅 𝑑
𝜏= + 𝜋𝑑2 = (1 + 4 𝑅) (10.4)
𝜋𝑑3 𝜋𝑑3

Da observação da Fig. 10.2-B, depreende-se que o lado interno da barra, AA’, é


menor que o lado externo BB’, decorrendo que as deformações de distorção serão
maiores no lado interno que no externo, o mesmo ocorrendo, por decorrência, com as
tensões de cisalhamento. Para considerar esse efeito, a tensão de cisalhamento passa
a ser calculada, de maneira aproximada, da maneira que segue:
16.𝐹.𝑅 4𝑚−1 0,615 2𝑅
𝜏= (⏟4𝑚−4 + ) 𝑜𝑛𝑑𝑒: 𝑚 = (10.5)
𝜋𝑑3 𝑚 𝑑
𝐶

ou:
16.𝐹.𝑅 4𝑚−1 0,615
𝜏= 𝐶 𝑐𝑜𝑚: 𝐶 = (4𝑚−4 + ) (10.6)
𝜋𝑑3 𝑚

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Esse efeito de amplificação das tensões na região interna do componente é ilustrado


no contour das tensões, apresentado na Fig. 10.2. Nessa figura, os níveis das tensões
equivalentes de von Mises que se verificam em um modelo tridimensional, determinados
no contexto de uma análise pelo método dos elementos finitos, são apresentados.

Figura 10.2 – Resultados computacional das tensões σeq. em um componente de mola.

8.1.2 DESLOCAMENTOS AXIAIS


Da observação da Fig. 10.3 conclui-se que o ângulo de torção elementar, dφ, é dado
por:
𝑀𝑡 .𝑑𝑙 (𝐹.𝑅)(𝑅.𝑑𝛼) 𝐹.𝑅2 .𝑑𝛼
𝑑𝜑 = = = (10.7)
𝐺.𝐼𝑝 𝐺𝐼𝑝 𝐺𝐼𝑝

Ainda:
𝐹.𝑅3 𝑑𝛼
𝑑𝛿 = 𝑅𝑑𝜑 = (10.8)
𝐺.𝐼𝑝

Figura 10.3 – Variáveis que descrevem o deslocamento axial de uma mola.


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O deslocamento axial verificado no eixo longitudinal central da mola é dado pela


integração da Eq. 10.8 relativamente à α, ao longo de toda a extensão da mola de n
espiras:
2𝜋.𝑛 𝐹.𝑅 3 𝑑𝛼 𝐹.𝑅 3 𝛼 2𝜋. 𝑛 2𝜋.𝑛.𝐹.𝑅3
𝛿 = ∫0 = | = 𝐺.𝐼 (10.9)
𝐺.𝐼𝑝 𝐺.𝐼𝑝 0 𝑝

Para a seção transversal circular, a Eq. 10.9 é rescrita como segue:


𝟔𝟒.𝒏.𝑭.𝑹𝟑
𝜹= (10.10)
𝑮.𝒅𝟒

Se D=2R for o diâmetro do cilindro da mola, então R3=D3/8 e:


𝟖.𝒏.𝑭.𝑫𝟑
𝜹= (10.10a)
𝑮.𝒅𝟒

Por outro lado, para uma seção transversal quadrada de lado a, o deslocamento é
calculado com a Eq. 10.11:
2𝜋.𝑛.𝐹.𝑅3
𝛿= (10.11)
𝛽.𝑎4 𝐺

Os valores de β para seções retangulares são aqueles apresentados na Tab. 7.1.

EXEMPLO E8.1 Uma mola helicoidal cilíndrica com 6 espiras fechadas e de seção
transversal circular, é solicitada à tração por uma força F= 500,00 daN. Se o raio da mola
é de 5,00 cm e o diâmetro da barra que a constitui é de 2,5 cm pede-se: a) Determinar o
valor da máxima tensão de cisalhamento que atua na mola; b) O deslocamento axial
sofrido pela mesma. Dados: E= 2,10x106 daN/cm2 e ν=0,30.

SOLUÇÃO:
a) Máxima tensão de cisalhamento:
• Coeficiente de correção da tensão:
2𝑅 5,00 4𝑚−1 0,615 16−1 0,615
𝑚= = 2. =4 𝑒 𝐶 = 4𝑚−4 + = 16−4 + = 1,40375
𝑑 2,5 𝑚 4

• Tensão de cisalhamento:
16.𝐹.𝑅 16. 500,00. 5,00
𝜏= 𝐶= . 1,40375 = 1143,878 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
𝜋𝑑3 𝜋.2,53

b) Deslocamento axial:
• Módulo de cisalhamento:
𝐸 2100000,00
𝐺 = 2(1+𝜈) = = 807692,308 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
2(1+0,30)

2𝜋.𝑛.𝐹.𝑅3 64,00. 6. 500,00. 5,03


𝛿= = = 0,761 𝑐𝑚
𝐺.𝐼𝑝 807692,308. 2,54

EXEMPLO E8.2 Refazer o exemplo E8.1, entretanto para uma seção transversal
quadrada, com lado a= 2,50 cm, considerando: a) O coeficiente C dado pela Eq. 4.6,
admitindo-se a aproximação d=a; b) A ponderação do coeficiente C, considerando-se as
áreas das seções transversais.

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SOLUÇÃO:
a) Aproximação a=d
• Máxima tensão de cisalhamento:
𝐹.𝑅 500,00. 5,00
𝜏 = 𝛼𝑎3 𝐶 = 1,404 = 1080,00 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
0,208.2,53

• Deslocamento axial:
2𝜋.𝑛.𝐹.𝑅3 2𝜋. 6. 500,00. 53
𝛿= = = 0,530 𝑐𝑚
𝛽.𝑎4 𝐺 0,141. 2,54 .807692,308

b) Ponderação das áreas das seções transversais, circular e quadrada


2𝑅 2. 5,00 4𝑚−1 0,615
𝑚′ = = 𝐴 = 5,09296 𝑒 𝐶′ = 4𝑚−4 + = 1,304
𝑑′ 2,5 𝑐𝑖𝑟𝑐 𝑚
𝐴𝑞𝑢𝑎𝑑

𝐹.𝑅 500,00. 5,00


𝜏 = 𝛼𝑎3 𝐶′ = 1,304 = 1003,074 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
0,208.2,53

Observação: essa aproximação é expedita.

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TORÇÃO DE BARRAS DE PAREDES DELGADAS


10.1 FLUXO DE CISALHAMENTO
10.2 BARRAS DELGADAS COM SEÇÕES TUBULARES, FECHADAS
10.3 BARRAS DELGADAS COM SEÇÕES TUBULARES, ABERTAS

11. CENTRO DE CISALHAMENTO

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