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AULA 04 – CONCRETO PROTENTIDO – NIVEIS DE PROTENSÃO – TENSÕES ELASTICAS:

PROFESSOR: MURILO MONFORT REFERENCIAS:


ROBERTO CHUST; WALTER PFEIL; PAULO CEZAR BASTOS.
1.5 Nível de Protensão
A escolha entre Concreto Armado ou Concreto Protendido para uma determinada estrutura ou peça
estrutural é essencialmente econômica, ou seja, do custo. Para lajes e vigas com vãos pequenos, o Concreto
Armado é geralmente a solução mais econômica. Quando o vão aumentar, há a necessidade de aumentar a
seção transversal, pois de modo geral a flecha passa a ser o fator condicionante do projeto da laje ou viga de
Concreto Armado, e para evitar flecha excessiva a seção torna-se antieconômica. Para vãos médios e grandes,
a protensão surge como uma solução viável técnica e econômica, pois diminui a flecha e possibilita seções
transversais menores.
A intensidade da força de protensão (e da quantidade de armadura) pode assumir diferentes valores, sendo
dependente de vários fatores, principalmente do vão, do carregamento, da agressividade do ambiente e das
condições em serviço (flecha, abertura de fissura, nível de vibração etc.). Em condições de ambientes
agressivos, a intensidade da protensão é escolhida de forma a eliminar as tensões de tração sob o carregamento
de serviço, para evitar abertura de fissuras, e no Brasil neste caso escolhe-se a protensão completa, que
significa peça livre de fissuras de flexão, como mostrado na Figura 1.61
Em muitos casos, como estruturas em ambientes não agressivos, não há a necessidade de evitar o
surgimento de fissuras, de modo que a intensidade da força de protensão pode ser menor, e consequentemente
o projeto pode ser mais econômico. A peça pode, por exemplo, ser projetada de forma a permanecer sem
fissuras sob a atuação dos carregamentos permanentes, e com fissuras, que se abrem e se fecham, conforme o
carregamento variável é aplicado e retirado. É a chamada protensão parcial, quando a peça trabalha fissurada
sob o carregamento total.
A peça com protensão parcial tem a abertura de fissura controlada, limitada a um valor máximo (0,2 mm
conforme a NBR 6118 – ler item 13.4) a fim de não prejudicar a estética e a durabilidade. Armadura passiva
tracionada deve ser colocada para resistir às tensões de tração, e diminuir a abertura das fissuras. A peça,
embora fissurada, devido à força de protensão apresenta rigidez muito maior que uma peça de Concreto
Armado com seção transversal e armadura passiva similares, e consequentemente flecha menor, o que
configura uma opção ao projetista, entre a peça em Concreto Protendido com protensão completa e a peça em
Concreto Armado.

1.6 Tensões Elásticas


As tensões normais atuantes (𝜎) no concreto da seção transversal de uma viga protendida, devidas à força de
protensão, ao peso próprio e aos carregamentos externos atuantes (permanentes e variáveis), são determinadas
conforme a teoria simples de viga, e assumindo comportamento elástico linear para o material. As propriedades
são geralmente consideradas da seção transversal bruta, pois comumente a seção não está fissurada. No entanto,
como o concreto não apresenta ao longo do tempo um comportamento exatamente elástico linear, as tensões
calculadas propiciam uma aproximação das tensões que ocorrem no concreto logo após a aplicação dos
carregamentos iniciais. Deformações causadas pela retração e fluência (ver notas (1) e (2)) do concreto, que vão
ocorrendo ao longo do tempo de vida da peça, causam uma significativa redistribuição das tensões com o tempo,
principalmente nas peças com quantidades elevadas de armadura de protensão aderidas ao concreto.

Notas: (1) retração do concreto é a diminuição do seu volume, geralmente motivada pela eliminação da água
contida em seu interior (exsudação). Outros motivos também podem provocar essa retração, como fatores
químicos, climáticos, relativos ao volume do concreto ou mesmo pela maneira como foi traçado; (2) A fluência é
1 paz e bem
um fenômeno que ocorre devido à movimentação de água no interior do concreto e é afetada por vários fatores
que agem simultaneamente. Dentre estes fatores estão às condições do ambiente (umidade relativa do ar e
temperatura) ao qual o elemento, ou corpo de prova, está submetido.

Figura 1.61 – Comportamento de viga de Concreto Armado e de Concreto Protendido com protensão
completa e parcial
O cálculo das tensões elásticas atuantes no concreto mostra se ocorrem tensões de tração na peça submetida à
protensão e aos carregamentos de serviço, que podem ou não causar fissuras no concreto, bem como se as
tensões de compressão são excessivas e podem trazer perdas de protensão significativas por encurtamento do
concreto. Se a seção se encontra fissurada, a análise para a determinação das propriedades da seção deve ser
feita sobre a seção fissurada, como será mostrado adiante nos cálculos.
Uma viga não fissurada, simplesmente apoiada e submetida a uma força de protensão axial P, como
mostrada na Figura 1.62a, tem tensões normais uniformes de compressão (com sinal negativo), de valor:
𝑃
𝜎=− 𝐸𝑞 1.1
𝐴𝑐
onde Ac é a área da seção transversal de concreto.

2 paz e bem
Se um carregamento externo uniformemente distribuído for aplicado sobre a viga (Figura 1.62b), causará um
momento fletor máximo positivo no meio do vão (M), as tensões normais no concreto, em uma fibra distante
y do CG da seção transversal é:

𝑃 𝑀𝑦
𝜎=− ∓ 𝐸𝑞. 1.2
𝐴𝑐 𝐼𝑐

E nas fibras superior (sup) e inferior (inf) na da seção, as tensões são:

𝑃 𝑀. 𝑦
𝜎𝑠𝑢𝑝 = − − 𝐸𝑞. 1.3
𝐴𝑐 𝐼𝑐

𝑃 𝑀. 𝑦
𝜎𝑖𝑛𝑓 = − + 𝐸𝑞. 1.4
𝐴𝑐 𝐼𝑐

𝑦 = ℎ⁄2 para seção retangular de altura “h”;


Ic = momento de inércia da seção transversal.

A tensão de compressão da protensão na fibra inferior (– P/Ac) reduz a tensão de tração proveniente da
flexão (My/Ic), eliminando-a completamente ou permitindo uma tensão de tração que atenda à tensão limite
(máxima) estabelecida pelo projetista.

A tensão de compressão da protensão na fibra superior (– P/Ac) se soma à tensão de compressão


proveniente da carga externa (–My/Ic), de modo que a protensão axial atua de maneira desfavorável, pois
diminui a capacidade de carga da viga, em função da tensão máxima de compressão permitida no concreto.

Para evitar essa limitação e aumentar a capacidade de carga da viga, a armadura de protensão pode ser
colocada fora do centro de gravidade (CG) da seção transversal, mais próxima da fibra mais tracionada da
seção (Figura 1.62c). A força de protensão excêntrica origina um momento fletor (P.ep), que causa tensão de
tração na fibra superior, diminuindo a tensão de compressão, podendo até mesmo resultar em tensão de tração.
As tensões nas fibras inferior e superior ao longo da viga tornam-se:

𝑃 𝑃. 𝑒𝑝 . 𝑦
𝜎𝑠𝑢𝑝 = − + 𝐸𝑞. 1.5
𝐴𝑐 𝐼𝑐

𝑃 𝑃. 𝑒𝑝 . 𝑦
𝜎𝑖𝑛𝑓 = − − 𝐸𝑞. 1.6
𝐴𝑐 𝐼𝑐

onde a excentricidade ep é a distância do centro de gravidade (CG) da seção transversal ao centro de gravidade da
armadura de protensão (Ap).

3 paz e bem
Pepy
Ic

Figura 1.62 – Diagramas de tensões elásticas em viga retangular com armadura de protensão reta:
a) armadura posicionada no CG da seção, sem carregamento externo;
b) seção do meio do vão, com armadura posicionada no CG da seção e com carregamento externo;
c) armadura excêntrica, sem carregamento externo;
d) seção do meio do vão, com armadura excêntrica e com carregamento externo.

Com o carregamento externo aplicado sobre a viga, as tensões no meio do vão tornam-se (Figura 1.62d):

𝑃 𝑃. 𝑒𝑝 . 𝑦 𝑀. 𝑦
𝜎𝑠𝑢𝑝 = − + − 𝐸𝑞. 1.7
𝐴𝑐 𝐼𝑐 𝐼𝑐

𝑃 𝑃. 𝑒𝑝 . 𝑦 𝑀. 𝑦
𝜎𝑖𝑛𝑓 = − − + 𝐸𝑞. 1.8
𝐴𝑐 𝐼𝑐 𝐼𝑐

4 paz e bem
Trabalhando com os módulos de resistência ‘W’, à flexão relativos às fibras superior e inferior da seção

𝐼𝑐
𝑊𝑠𝑢𝑝 = 𝐸𝑞. 1.9
𝑦𝑠

𝐼𝑐
𝑊𝑖𝑛𝑓 = 𝐸𝑞. 1.10
𝑦𝑖

e aplicando nas equações Eq. 1.7 e Eq. 1.8:

𝑃 𝑃. 𝑒𝑝 𝑀
𝜎𝑠𝑢𝑝 = − + − 𝐸𝑞. 1.11
𝐴𝑐 𝑊𝑠𝑢𝑝 𝑊𝑠𝑢𝑝

𝑃 𝑃. 𝑒𝑝 𝑀
𝜎𝑖𝑛𝑓 = − − + 𝐸𝑞. 1.12
𝐴𝑐 𝑊𝑖𝑛𝑓 𝑊𝑖𝑛𝑓

Na determinação das tensões elásticas, a influência das armaduras longitudinais (ativa e passiva) nas
propriedades da seção (Ac, Ic, W.) deve ser considerada quando a quantidade de armaduras for grande e
significativa em relação à seção transversal (homogeneização da seção). A armadura não sendo grande, pode
ser desprezada, resultando erros pequenos e desprezíveis.

5 paz e bem
1.6.1 Exemplo – Tensões Elásticas em Laje
Estudar as tensões devido ao momento fletor máximo nos bordos superior e inferior da seção transversal, em
uma laje simplesmente apoiada, com os seguintes dados:
• Altura h = 30 cm, altura útil da armadura passiva ds = 27 cm;
• Concreto C50 (fck = 50 MPa);
• Tensão efetiva máxima permitida na armadura de protensão: fp,ef = 1.400 MPa;
• Aço da armadura passiva CA-50 (fyd = 435 MPa);
• Tensão de compressão máxima permitida no concreto fc,máx = - 25 MPa;
• Vão L = 10 m;
• Peso específico do concreto γconcr = 25 kN/m3;
• Carga variável sobre a laje de 8,5 kN/m2.

A laje será calculada tomando-se uma faixa igual à altura (b = 100 cm – ver Figura 1.63), de modo que as
quantidades de armadura que serão calculadas são relativas à largura de 100 cm.

27d = 27
=
h = 30
s
Vão 10,0 m

b = 100 cm

Figura 1.63 – Dimensões (cm) da seção transversal da laje.


Resolução
Devido a Carga permanente:
Peso próprio e momento fletor (Mg) na faixa b = 100 cm:
𝑔 = 𝛾𝑐𝑜𝑛 [𝑘𝑁⁄𝑚3]. 𝐴𝑐[𝑚2] = 25,0(1,0) (0,3) = 7,50 𝑘𝑁⁄𝑚

𝑔. 𝐿2 7,5(10,02 )
𝑀𝑔 = = = 93,75𝑘𝑁𝑚 = 9375,0 𝑘𝑁𝑐𝑚
8 8

Tensões normais nas fibras superior e inferior da seção (não fissurada), sem coeficiente de segurança
(ponderação):


𝑀𝑔 . 𝑦 𝑀𝑔 .
𝜎𝑠𝑢𝑝,𝑖𝑛𝑓 =∓ =∓ 2 = ∓ 6. 𝑀𝑔 = 6(9375,0) = 0,625 𝑘𝑁⁄
𝐼𝑐 𝑏. ℎ 3 𝑏. ℎ2 100(302 ) 𝑐𝑚2 = ∓6,25 𝑀𝑃𝑎
12

compressão (negativa) na fibra superior e tração (positiva) na inferior

6 paz e bem
Devido a carga acidental
Carga variável e momento fletor (Mq) na faixa b = 100 cm:

𝑞 = 8,5 [𝑘𝑁⁄𝑚2]. 1,0[𝑚] = 8,50 𝑘𝑁⁄𝑚


𝑔. 𝐿2 8,5(10,02 )
𝑀𝑞 = = = 106,25𝑘𝑁𝑚 = 10625,0 𝑘𝑁𝑐𝑚
8 8

Tensões normais nas fibras superior e inferior da seção (não fissurada), sem coeficiente de segurança
(ponderação):


𝑀𝑞 . 𝑦 𝑀𝑞 . 2 6. 𝑀𝑞 6(10625,0)
𝜎𝑠𝑢𝑝,𝑖𝑛𝑓 =∓ =∓ 3 =∓ = = 0,708 𝑘𝑁⁄𝑐𝑚2 = ∓7,08 𝑀𝑃𝑎
𝐼𝑐 𝑏. ℎ 𝑏. ℎ2 100(302 )
12

compressão (negativa) na fibra superior e tração (positiva) na fibra inferior


Vamos estudar os seguintes casos para o dimensionamento da laje.
1) Laje não armada;
2) Laje de concreto armado;
3) Laje com protensão aplicada no CG da seção transversal;
4) Laje com protensão aplicada no limite inferior do Núcleo Central de Inercia.
5) Desafio: Calcular a excentricidade (𝑒𝑝 ) e a força de protensão (P), que gera tensões finais, de:
i) Tração na fibra inferior de 𝑓𝑐𝑡𝑓 = 4,28 MPa, limite de tração;
ii) Compressão na fibra superior igual a gerada pelas cargas: permanentes + acidentais.

0,0 13,3
6,25 7,08
0
- - -

+ + =
𝑒𝑝 P
-
+ + +
4,28-13,33 6,25 7,08 4,28

protensão permanente acidental finais

7 paz e bem
1) Laje não armada
As tensões normais nas fibras extremas (superior e inferior) da laje estão mostradas na Figura 1.64, devidas
ao peso próprio e à carga variável. A tensão final máxima de compressão na borda superior (- 13,3 MPa) é
menor que a tensão máxima de compressão permitida (fc,máx = - 25 MPa), porém, a de tração na borda inferior
(+ 13,3 MPa) é maior que a resistência à tração na flexão máxima (*) do concreto (módulo de ruptura), o que
faz a laje fissurar e romper.
6,25 7,08 13,3

- - -

=
+
+ + +
6,25 7,08 13,3

Figura 1.64 – Tensões normais (MPa) nas bordas da laje sem armaduras (Concreto Simples), devidas ao peso
próprio e carga variável.

(*) A resistência à tração na flexão do concreto(𝑓𝑐𝑡𝑓) pode ser avaliada pela equação αfct , item 17.3 da NBR
6118 (transcrito abaixo)- valor da resistência do concreto a ser considerado no cálculo do momento fletor de
fissuração.
3 3
𝑓𝑐𝑡𝑓 = α. 0,7. 𝑓𝑐𝑡𝑚 = α. 0,7.0,3. √𝑓𝑐𝑘 2 = 1,5(0,7)(0,3) √502 = 4,28 𝑀𝑃𝑎 ≪≪ 13,3𝑀𝑃𝑎

o que mostra que a laje rompe por tração.

Dado pratico: 𝑓𝑐𝑡𝑓 𝑑𝑒 8% 𝑑𝑜 𝑓𝑐𝑘 ⟹ 𝒇𝒄𝒕𝒇 = 𝟎, 𝟎𝟖(𝟓𝟎, 𝟎) = 𝟒, 𝟎 𝑴𝑷𝒂

Item 17.3 da NBR 6118/14 –


Elementos lineares sujeitos a solicitações normais – Estados-limites de serviço
17.3.1 Generalidades
Nos estados-limites de serviço as estruturas trabalham parcialmente no estádio I e parcialmente no estádio II. A
separação entre esses dois comportamentos é definida pelo momento de fissuração. Esse momento pode ser
calculado pela seguinte expressão aproximada:
𝛼. 𝑓𝑐𝑡 . 𝐼𝑐
𝑀𝑟 =
𝑦𝑡
onde:
𝛼 − é o fator que correlaciona aproximadamente a resistência à tração na flexão com a resistência à tração
direta; sendo
α = 1,2 para seções T ou duplo T;
α = 1,3 para seções I ou T invertido;
α = 1,5 para seções retangulares;
8 paz e bem
𝑦𝑡 − é a distância do centro de gravidade da seção à fibra mais tracionada;
𝐼𝑐 −é o momento de inércia da seção bruta de concreto;
𝑓𝑐𝑡 − é a resistência à tração direta do concreto, conforme 8.2.5, com o quantil apropriado a cada verificação
particular. Para determinação do momento de fissuração, deve ser usado o 𝑓𝑐𝑡𝑘, 𝑖𝑛𝑓 no estado-limite de
formação de fissuras e o 𝑓𝑐𝑡, 𝑚 no estado-limite de deformação excessiva.
Item 8.2.5 da NBR6118/14 - Resistência à tração
A resistência à tração indireta 𝑓𝑐𝑡, 𝑠𝑝 e a resistência à tração na flexão 𝑓𝑐𝑡, 𝑓 devem ser obtidas em ensaios
realizados segundo as ABNT NBR 7222 e ABNT NBR 12142, respectivamente.
A resistência do concreto à tração direta 𝑓𝑐𝑡 pode ser considerada igual a 0,9 𝑓𝑐𝑡, 𝑠𝑝 ou 0,7 𝑓𝑐𝑡, 𝑓, ou, na falta de
ensaios para obtenção de 𝑓𝑐𝑡, 𝑠𝑝 𝑒 𝑓𝑐𝑡, 𝑓, pode ser avaliado o seu valor médio ou característico por meio das
seguintes equações:
𝑓𝑐𝑡𝑘, 𝑓 = 0,7 𝑓𝑐𝑡, 𝑚
𝑓𝑐𝑡𝑘, 𝑠𝑝 = 1,3 𝑓𝑐𝑡, 𝑚
Onde 𝑓𝑐𝑡, 𝑠𝑝 𝑒 𝑓𝑐𝑡, 𝑓 − são respectivamente: resistência do concreto à tração indireta e a flexão.
para concretos de classes até C50:
3
2
𝑓𝑐𝑡, 𝑚 = 0,3 √𝑓𝑐𝑘

para concretos de classes C55 até C90:


𝑓𝑐𝑡, 𝑚 = 2,12 𝑙𝑛 (1 + 0,11 𝑓𝑐𝑘)

onde 𝑓𝑐𝑡, 𝑚 𝑒 𝑓𝑐𝑘 são expressos em mega pascal (MPa). sendo 𝑓𝑐𝑘𝑗 ≥ 7 𝑀𝑃𝑎, estas expressões podem
também ser usadas para idades diferentes de 28 dias.

2) Laje em Concreto Armado

Considerando a laje em Concreto Armado (Figura 1.70), considerando os coeficientes de segurança (ponderação):
ações; concreto e aço – respectivamente: γf = γc = 1,4 e γs = 1,15, a armadura longitudinal de flexão resulta:

Figura 1.70 – Laje em Concreto Armado no Estado-Limite Último (ELU).

9 paz e bem
𝑀𝑑 = 𝛾𝑓 (𝑀𝑔 + 𝑀𝑞) = 1,4 (9375,0 + 10625,0) = 28420,0 𝑘𝑁. 𝑐𝑚

𝑓𝑐𝑘
𝑀𝑑 = (0,8)(𝑥)(0,85𝑓𝑐𝑑 )𝑏𝑤 (𝑑 − 0,4𝑥) ⇒ 28420,0 = 0,68(𝑥) ( ) 100,0(27,0 − 0,4𝑥)
1,4
𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑓𝑐𝑘 = 50 𝑀𝑃𝑎 = 5,0 𝑘𝑁⁄ 2
𝑐𝑚

5,0
28420,0 = (0,68𝑥) ( ) 100,0(27,0 − 0,4𝑥) ⟹ 28420,0 = 6557,14𝑥 − 97,14𝑥 2
1,4
97,14𝑥 2 − 6557,14𝑥 + 28420,0 = 0
𝑥1 = 62,8 𝑐𝑚 𝑁ã𝑜 𝑡𝑒𝑚 𝑠𝑒𝑛𝑡𝑖𝑑𝑜
𝐱𝟐 = 𝟒,7 𝐜𝐦
Lembrar: 𝑥 < 0,259𝑑 ⟹ 4,7 < 0,259(27) = 7,0 𝑐𝑚 → 𝑑𝑜𝑚 2

Ductilidade (NBR 6118): 𝑥 < 0,45𝑑 ⟹ 4,7 < 0,45(27) = 12,2 𝑐𝑚 → 𝑂𝐾

𝑀𝑑
𝑀𝑑 = 𝑅𝑆𝑡𝑍 ⟹ 𝑀𝑑 = 𝐴𝑠(𝑓𝑦𝑑)(𝑑 − 0,4𝑥) ⟺ 𝐴𝑠 =
𝑓𝑦𝑑 (𝑑 − 0,4𝑥)

𝑓𝑦𝑘 500,0⁄ 𝑘𝑁⁄


Sendo 𝑓𝑦𝑑 = ⁄
1,15 = 1,15 = 434,78 𝑀𝑃𝑎 = 43,5 𝑐𝑚2
28420,0 2
𝐴𝑠 = = 26,01 𝑐𝑚 ⁄𝑚
43,5(27,0 − 0,4(4,7))

10 paz e bem
3) Laje em Concreto Protendido: protensão aplicada no CG da seção transversal
3.1) Condição que nenhuma tensão de tração exista.

Para resultar tensão final nula na face inferior da laje (fibra inferior) é necessário impor uma tensão de
compressão, dada pela força de protensão axial, de tal modo que (Figura 1.71):

𝜎𝑝,𝑖𝑛𝑓 = 𝜎𝑀𝑔,𝑖𝑛𝑓 + 𝜎𝑀𝑞 ,𝑖𝑛𝑓 ⇒ 6,25 + 7,08 = 13,3 𝑀𝑃𝑎 = 1,33 𝑘𝑁⁄𝑐𝑚2

𝜎𝑝,𝑖𝑛𝑓 = tensão de compressão na fibra inferior (dado pela força de protensão):


𝜎𝑀𝑔,𝑖𝑛𝑓 = tensão de compressão na fibra inferior devido a carga permanente:
𝜎𝑝,𝑖𝑛𝑓 = tensão de compressão na fibra inferior devido a carga acidental:
Força de protensão:
𝑃 = |𝜎𝑝,𝑖𝑛𝑓 |𝐴𝑐 = 1,33 [𝑘𝑁⁄𝑐𝑚2 ] ((100,0(30,0))[𝑐𝑚2 ] = 3990,0 𝑘𝑁
Área da armadura de protensão (Ap) :

𝑃 𝑃 3990,0 [𝑘𝑁] 2
𝑓𝑝,𝑒𝑓 = ⟺ 𝐴𝑝 = ⟺ 𝐴𝑝 = = 28,5 𝑐𝑚 ⁄𝑚
𝐴𝑝 𝑓𝑝,𝑒𝑓 140,0 [𝑘𝑁⁄𝑐𝑚2 ]

𝑓𝑝,𝑒𝑓 = Tensão efetiva máxima permitida na armadura de protensão: fp,ef = 1.400 MPa
13,3 6,25 7,08 26,6

- - -
P =
- +

+ +
13,3 6,25 7,08

Figura 1.71 – Tensões normais (MPa) na laje com protensão axial.


A força de protensão (P) axial anulou a tensão de tração na base, e aumentou a tensão de compressão na borda
superior para – 26,6 MPa, superando à tensão máxima permitida (fc,máx = - 25 MPa). Uma novo valor e posição
mais conveniente para a força de protensão pode diminuir esta tensão, e diminuir a armadura Ap .
3.2) Condição que exista tensão de tração.
Trabalhando com a tensão máxima permitida de compressão (valores em MPa)
11,67 6,25 7,08 25,0

- - -
P =
- +

+ + +
11,67 6,25 7,08 0,83
Surge uma tensão de tração na borda inferior abaixo do limite:

11 paz e bem
3 3
𝑓𝑐𝑡𝑓 = α. 0,7. 𝑓𝑐𝑡𝑚 = α. 0,7.0,3. √𝑓𝑐𝑘 2 = 1,5(0,7)(0,3) √502 = 4,28 𝑀𝑃𝑎 > 0,83𝑀𝑃𝑎

Nova força de protensão:


𝜎𝑝,𝑖𝑛𝑓 = 11,67𝑀𝑃𝑎 ⟹ 1,167 𝑘𝑁⁄𝑐𝑚2

𝑃 = |𝜎𝑝,𝑖𝑛𝑓 |𝐴𝑐 = 1,167((100,0(30,0)) = 3501,0 𝑘𝑁

Área da armadura de protensão (Ap) :

𝑃 𝑃 3501,0 [𝑘𝑁] 2
𝑓𝑝,𝑒𝑓 = ⟺ 𝐴𝑝 = ⟺ 𝐴𝑝 = = 25,1 𝑐𝑚 ⁄𝑚
𝐴𝑝 𝑓𝑝,𝑒𝑓 140,0 [𝑘𝑁⁄𝑐𝑚2 ]

4) Laje em Concreto Protendido:


Protensão excêntrica com ep = limite do Núcleo Central de Inércia (NCI).
Condição que nenhuma tensão de tração exista.
Assumindo que a força de protensão é aplicada no limite inferior do núcleo central de inércia (ℎ⁄6 para seção
retangular1, Figura 1.72), com isso garante que a tensão na fibra superior seja zero, então devemos ter uma força
de protensão que gere uma tensão na fibra inferior de – 13,3 MPa (−1,33 𝑘𝑁⁄𝑐𝑚2 ).

• Conceito de núcleo central de inércia (NCI) – o esforço normal, quando solicita a seção transversal no
NCI, a seção, é solicitada somente por esforços axiais.
NCI para seções retangulares:
ℎ⁄
6
ℎ⁄
6

1,25
𝑏⁄ 𝑏⁄6
6
0,0 6,25 7,08 13,3

- - -
=
ℎ 30 +
= = 6 𝑐𝑚 P
6 5 -
+ +
13,33 6,25 7,08

Figura 1.72 – Tensões normais (MPa) na laje com protensão excêntrica, com P posicionada no limite
inferior do núcleo central de inércia.

1 A força de protensão posicionada h/6 abaixo do CG da seção transversal leva à tensão normal zero na borda superior da laje.
2 Neste caso, a força de protensão é igual à área do triângulo representativo das tensões normais, considerada também a largura b da laje, ou seja,
é igual ao volume da cunha representativa das tensões normais de protensão.
12 paz e bem
A força de protensão, portanto, deve ser:
|𝜎𝑝,𝑖𝑛𝑓 |𝐴𝑐 1,33((100,0)(30,0))
𝑃= = = 1995,0 𝑘𝑁
2 2

Área da armadura de protensão (Ap) :

𝑃 𝑃 1995,0 [𝑘𝑁] 2
𝑓𝑝,𝑒𝑓 = ⟺ 𝐴𝑝 = ⟺ 𝐴𝑝 = = 14,25 𝑐𝑚 ⁄𝑚
𝐴𝑝 𝑓𝑝,𝑒𝑓 140,0 [𝑘𝑁⁄𝑐𝑚2 ]

A armadura de protensão (14,25 cm2) é metade da armadura do caso anterior 3.1. O resultado mostra a grande
importância da posição de aplicação da força de protensão. A força de protensão excêntrica também diminuiu
a tensão final na borda superior para – 13,3 MPa, menor que fc,máx (- 25 MPa) e metade daquela da protensão
axial no caso 3.1.

A Tabela 1.1 apresenta um resumo dos resultados numéricos obtidos para os casos analisados.
Unidades: tensões 𝜎 (MPa), força de protensão P (kN); áreas das armaduras A (𝑐𝑚2 )
Situações 𝜎𝑐,𝑚𝑎𝑥 𝜎𝑐,𝑚𝑎𝑥 P AS e Ap
1) Não armada (*) laje rompeu 13,3 13,3 X x
2) CA Concreto armado X X X 26,1
3.1) CP protensão no CG (tração nula) 26,6 0,0 3990,0 28,1
3.2) CP protensão no CG (limite de compressão) 25,0 0,83 3501,0 25,1
4) CP protensão no limite do NCI 13,3 0,0 1995,0 14,25

Tabela 1.1 – Resumo dos resultados numéricos.

13 paz e bem

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