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VIGILÂNCA EPIDEMIOLÓGICA

DOENÇAS PREVENÍVEIS POR MEIO DA VACINAÇÃO

A doença imunoprevenível é aquela que pode ser evitada ao aplicar a vacina.

Há mais de 100 anos aconteceu a primeira campanha de vacinação em massa feita no


Brasil. Idealizada por Oswaldo Cruz, o fundador da saúde pública no país, a
campanha tinha o objetivo de controlar a varíola, que então dizimava boa parte da
população do Rio de Janeiro. O Brasil é referência mundial em vacinação e o Sistema
Único de Saúde (SUS) garante à população brasileira acesso gratuito a todas as
vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Ainda assim,
muitas pessoas deixam de comparecer aos postos de saúde para atualizar a carteira
de vacinação, e também de levar os filhos no tempo correto de aplicação das vacinas.

Desde que foi criado, em 1973, o Programa Nacional de Imunização (PNI) busca a


inclusão social, assistindo todas as pessoas, em todos os recantos do país, sem
distinção de qualquer natureza. As vacinas do programa estão à disposição de todos
nos postos ou com as equipes de vacinação, cujo empenho permite levar a
imunização mesmo a locais de difícil acesso — às matas, aos morros, aos becos das
favelas, às palafitas. Eles vão aonde é preciso ir para imunizar a população.

Atualmente, são disponibilizadas pela rede pública de saúde de todo o país 17 vacinas
no Calendário Nacional de Vacinação, para combater mais de 20 doenças, em
diversas faixas etárias. Há ainda outras 10 vacinas especiais para grupos em
condições clínicas específicas, como portadores de HIV, disponíveis nos Centros de
Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).

Apesar da maioria das pessoas acreditarem que a vacina é somente para crianças, é
importante manter a carteira de vacinação em dia em todas as idades, para evitar o
retorno de doenças já erradicadas. Os adultos devem ficar atentos à atualização da
caderneta em relação a quatro tipos diferentes de vacinas contra a hepatite B, febre
amarela, difteria, tétano, sarampo, rubéola e caxumba. Para as gestantes, existem três
vacinas disponíveis no Calendário Nacional de Vacinação: hepatite B, dupla adulto e
dTpa, que protege, além da hepatite, contra difteria, tétano e coqueluche.
Fique atento ao calendário de vacinação e mantenha sua carteira sempre atualizada.

A situação epidemiológica de 16 doenças imunopreveníveis contempladas no


PNI

Entre janeiro e fevereiro de 2022, mais de 17 mil casos de sarampo foram relatados no
mundo, um aumento de 79% em relação ao ano anterior. Embora seja a enfermidade
com a situação mais crítica, essa não é a única doença imunoprevenível que vem
preocupando especialistas.

O sinal de alerta foi aceso para, entre outras, meningite, febre amarela e mesmo
poliomielite — depois de 30 anos sem casos, no início deste ano, Israel identificou um
paciente com pólio, que foi considerada erradicada das Américas em 1994.
O dia 27 de abril, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações
Unidas para a Infância (Unicef) oficializaram a preocupação: estamos diante de sinais
alarmantes de que doenças evitáveis pela vacinação podem voltar com tudo.

No Brasil, o Plano Nacional de Imunizações (PNI) hoje ele oferece gratuitamente 20


vacinas para diferentes enfermidades. Mas nos últimos anos o país do Zé Gotinha tem
visto cair o número de adultos e crianças se vacinando.

A seguir, confira algumas das principais doenças contempladas no PNI e a situação


epidemiológica de cada uma delas no Brasil.

1. TUBERCULOSE

Causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, conhecida como bacilo de Koch,


afeta principalmente os pulmões e é transmitida por aerossóis.

Prevalência: foram registrados 66.271 casos novos em 2020, ou 32 por 100 mil
habitantes.

Vacinação: a vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin) é aplicada no SUS em recém-


nascidos. Não é recomendada a vacinação para adultos que não tenham tomado na
infância.

↓ Taxa de cobertura vacinal em queda. Até 2018, estava acima de 95%; em 2021,
ficou em 68,63%.

2. HEPATITE B

Ataca as células do fígado e é transmitida pelo vírus VHB, presente no sangue, na


saliva, no sêmen e em secreções vaginais. Também pode ser repassada por via
perinatal, durante ou após o parto.

Prevalência: estimam-se 27.355 casos entre 1999 e 2020, ano em que apresentou
uma taxa de 2,9 casos a cada 100 mil habitantes.

Vacinação: crianças recebem quatro doses: ao nascer, aos 2, 4 e 6 meses de vida.


Adultos não vacinados devem tomar três doses.

↓ A cobertura vacinal vem caindo desde 2018, quando estava em 88,4% para crianças
de até 30 dias. O ano de 2021 terminou em 61,57%.

3. ROTAVÍRUS

Doença diarreica aguda causada pelo rotavírus, um vírus de RNA. Pessoas de todas
as idades são suscetíveis, mas crianças menores de 5 anos são as que mais
manifestam a gastroenterite típica do quadro.

A transmissão é via fecal-oral: eliminado nas fezes, o vírus contamina água ou


alimentos consumidos.

Prevalência: entre 2010 e 2019, 2.103 casos foram confirmados em crianças menores
de 5 anos.
Vacinação: deve ser administrada em duas doses, preferencialmente aos 2 e 4 meses
de vida, por via oral.

↓ A taxa de cobertura vacinal chegou a 91,33% em 2018 e caiu para 70,08% em 2021.

4. MENINGITE POR HIB (HAEMOPHILUS INFLUENZAE B)

Inflamação nas meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal.


Podem ser causados por vírus, fungos, protozoários, vermes e bactérias — o tipo mais
grave.

Uma das bactérias que causam a doença é a Haemophilus influenzae b (Hib),


transmitida via secreções nasais e que se instala no aparelho respiratório. Afeta
principalmente crianças de até 5 anos.

Prevalência: a meningite por Hib é o tipo menos comum: no Brasil, foram 1.708 casos
registrados entre 2007 e 2020.

Vacinação: a pentavalente precisa ser aplicada em três doses aos 2, 4 e 6 meses de


idade. Crianças com mais de 5 anos geralmente não precisam ser vacinadas contra a
Hib.

↓ Cobertura vacinal em queda: de 88,49% em 2018 para 69,88% em 2021.

5. DOENÇAS PNEUMOCÓCICAS

Grupo de infecções causadas pela bactéria Streptococcus pneumoniae, ou


pneumococo. Inclui doenças como pneumonia, meningite, sepse, artrite, sinusite, otite,
conjuntivite e bronquite.

A bactéria é disseminada por gotículas de saliva ou muco quando pessoas infectadas


tossem ou espirram. Atingem todas as idades.

Prevalência: estima-se que ocorram, em média, 272 mil internações e 71 mil mortes
por ano de pessoas com mais de 60 anos por doenças pneumocócicas.

Vacinação: a vacina 10-valente, que combate dez tipos de bactérias pneumocócicas, é


aplicada em duas doses, aos 2 e 4 meses de idade, mais um reforço aos 12 meses.

↓ A taxa de vacinação vem caindo desde 2018: passou de 95,25% para 73,05% no
ano passado.

DOENÇA MENINGOCÓCICA

Tipo de meningite bacteriana causada pelo meningococo (Neisseria meningitidis). É


uma doença grave, que em alguns casos pode levar à morte entre 24 e 48 horas a
partir dos primeiros sintomas.

Prevalência: segundo o Ministério da Saúde, dos 265.644 casos confirmados de


meningite entre 2007 e 2020, 26.436 foram de doença meningocócica. Com a
introdução da vacina meningocócica C a partir de 2010, a incidência caiu de 1,5 caso
para 0,4 caso a cada 100 mil habitantes de 2017 a 2020.
Vacinação: a vacina meningocócica C (conjugada) protege contra o tipo mais comum
de meningococo no Brasil. É aplicada em duas doses, aos 3 e 5 meses de vida, com
um reforço aos 12 meses.

↓ Cobertura vacinal em queda desde 2018: foi de 88,49% para 70,49% em 2021.

7. FEBRE AMARELA

Doença viral infecciosa transmitida por mosquitos vetores, sendo o mais comum o
Aedes aegypti. Entre 20% e 50% dos que desenvolvem febre amarela grave podem
morrer.

Prevalência: embora tenha sido registrado um processo de reemergência do vírus a


partir de 2014, ampliando as áreas de recomendação de vacinação, a febre amarela
ainda tem baixa incidência. Entre junho de 2020 e abril de 2021, foram notificados 287
casos suspeitos, dos quais 235 foram descartados e cinco confirmados.

Vacinação: a vacina é feita com o vírus atenuado, aplicada em uma dose. Toda
pessoa que reside em áreas de risco deve se imunizar a partir dos 9 meses de idade.
E um reforço aos 4 anos. Adultos que vão viajar para regiões endêmicas também
precisam se imunizar.

Por ter aplicação restrita, a cobertura vacinal no ano passado foi de 57,33%, com uma
média de 50,93% entre 2010 e 2021.

8. POLIOMIELITE

Também conhecida como paralisia infantil, embora possa afetar adultos, é uma
doença contagiosa causada pelo poliovírus que atinge o sistema nervoso. A
transmissão é pelo contato com fezes ou secreções bucais de pessoas infectadas.
Pode ou não provocar paralisia.

Prevalência: atualmente, a doença é considerada erradicada no Brasil e nas Américas.


Permanece endêmica no Afeganistão e no Paquistão.

Vacinação: A Vacina Inativa Poliomielite (VIP) deve ser aplicada em três doses, aos 2,
4, 6, o reforço da Vacina Oral Poliomielite (VOP), ou “vacina da gotinha”, e 15 meses
de idade e 4 anos.

Pessoas em viagem para os países onde a pólio ainda não foi erradicada devem
considerar reforçar a vacinação.

↓ Taxa de cobertura vacinal em queda: de 89,54% em 2018 para 69,41% em 2021.

9. HEPATITE A

Infecção que ataca o fígado causada pelo vírus VHA. É transmitida via oral-fecal,
quando se tem contato com pessoas, água ou alimentos contaminados, principalmente
em locais com saneamento básico deficiente.

Prevalência: é o segundo tipo mais comum de hepatite, representando 24,4%


(168.579) dos casos confirmados no Brasil entre 1999 e 2020. No último levantamento
da série, alcançou uma prevalência de 0,2 caso a cada 100 mil habitantes.
Vacinação: a vacina é um antígeno do vírus inativado. Deve ser administrada em uma
dose a partir dos 12 meses. Adultos que não foram vacinados durante a infância só
têm acesso à imunização na rede privada, e devem tomar duas doses com seis meses
de intervalo.

10. SARAMPO

Doença viral grave sobretudo para crianças menores de 5 anos. Pode deixar sequelas
e até levar à morte. A transmissão ocorre por secreções expelidas por tosse, fala,
espirros, respiração ou aerossóis em ambientes fechados.

Prevalência: em 2016, o Brasil recebeu a certificação da eliminação do vírus. Até que


voltou a ter novos surtos, chegando a 20.901 casos em 2019. Nas 12 primeiras
semanas de 2022, 13 episódios foram confirmados e 98 permanecem sob
investigação.

Vacinação: única forma de prevenção, a primeira dose é com a vacina tríplice (que,
além de sarampo, imuniza contra caxumba e rubéola), aos 12 meses. A segunda é
com a tetraviral (que também previne a catapora), aos 15 meses.

Adultos que não tomaram na infância, não completaram o esquema ou têm dúvidas
quanto ao seu status vacinal também devem receber o imunizante.

↓ Em 2021, a cobertura vacinal com a primeira dose da tríplice ficou em 73,05%, e a


segunda dose, com a tetraviral, em 5,71%.

11. CAXUMBA

Infecção causada por um vírus da família Paramyxovirus. Provoca inflamações em


glândulas, principalmente nas parótidas, localizadas próximas às bochechas. Daí o
aspecto de inchaço que faz a doença também ser conhecida como “papeira”.

A transmissão ocorre por vias aéreas, gotículas de saliva ou contato direto com
infectados.

Prevalência: o Ministério da Saúde não tem dados consolidados sobre a doença, já


que sua notificação não é compulsória.

Vacinação: a vacinação contra a caxumba segue o mesmo esquema para o sarampo:


primeira dose com a tríplice aos 12 meses e a segunda dose com a tetravalente aos
15 meses.

É recomendada a adultos que não tomaram e tampouco foram infectados na infância


ou adolescência, com exceção de gestantes e imunodeprimidos graves.

12. RUBÉOLA

É transmitida pelo Rubivirus, e seu maior risco é a Síndrome da Rubéola Congênita


(SRC), que atinge fetos ou recém-nascidos cujas mães se infectaram durante a
gravidez.

Prevalência: o Brasil não apresenta casos confirmados de rubéola desde 2015, ano
em que recebeu o certificado de eliminação da doença.
Vacinação: o esquema é o mesmo que para sarampo e caxumba.

13. TÉTANO

Infecção grave, não contagiosa, causada por uma toxina produzida pela bactéria
Clostridium tetani.

Prevalência: entre 2012 e 2021, foram registrados 2.381 casos de tétano no Brasil. No
ano passado, foram 0,07 caso para 100 mil habitantes.

Vacinação: o esquema vacinal contra o tétano é o mesmo da difteria: três doses da


pentavalente aos 2, aos 4 e aos 6 meses de vida; dois reforços com a DTP aos 15
meses e 4 anos de idade. Adultos devem tomar um reforço da dT a cada 10 anos.

4. DIFTERIA

Doença respiratória causada pela bactéria Corynebacterium diphtheriae. É transmitida


por contato direto com pessoas doentes ou portadores assintomáticos através de
gotículas expelidas ou por contato com as lesões cutâneas provocadas pela infecção.

Prevalência: segundo o SUS, em 2020 ocorreram dois casos confirmados de difteria


no Brasil. Entre 2008 e 2019, dez pessoas morreram pela doença.

Vacinação: para combater a difteria, as crianças devem tomar as três doses da vacina
pentavalente: aos 2, aos 4 e aos 6 meses de vida; e ainda dois reforços com a vacina
DTP (difteria, tétano e coqueluche): aos 15 meses e 4 anos de idade. Já os adultos
devem tomar um reforço da dT (difteria e tétano) a cada 10 anos.

↓ Nos anos de 2019, 2020 e 2021, a cobertura da penta foi de 70,76%, 77,13 e
64,38%, respectivamente.

15. VARICELA

Mais conhecida como catapora, é causada pelo vírus Varicela-Zoster. O contágio


ocorre por meio do contato com o líquido das bolhas na pele, além de tosse, espirro,
saliva ou objetos contaminados.

Prevalência: não há dados precisos, uma vez que somente casos graves de
internação ou mortes são registrados de forma compulsória. A estimativa do Ministério
da Saúde é de cerca de 3 milhões de casos por ano.

Vacinação: em 2013 o Ministério da Saúde introduziu a imunização contra a varicela


na vacina tetraviral, que também protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Deve
ser administrada para crianças com 15 meses e 4 anos como segunda dose.

↓ A cobertura da tetraviral caiu de 79,04%, em 2015, para 5,71%, em 2021.

16. HPV

O papilomavirus humano (HPV) infecta pele ou mucosa oral, genital e anal, em


mulheres e homens. A transmissão ocorre principalmente por via sexual, mas também
de mãe para filho na gravidez, por saliva ou objetos contaminados.
Prevalência: o último estudo completo sobre a prevalência do HPV foi divulgado em
2018 pelo Ministério da Saúde. A pesquisa apontou que 53,6% da população entre 16
e 25 anos é portadora do vírus.

Vacinação: a vacina contra o HPV é oferecida pelo SUS em duas doses com intervalo
de seis meses para meninas de 9 a 14 anos e meninos entre 11 e 14 anos. Também é
recomendada para pessoas com HIV e transplantados na faixa de 9 a 26 anos.

↓ Em 2020 apenas 55% das meninas de 9 a 14 anos tomaram as duas doses da


vacina. Já a cobertura vacinal para meninos foi de apenas 36,4%.

ATIVIDADES

1. Defina o PNI?
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2. Várias enfermidades podem ser prevenidas por meio de vacinas como agentes
imunizadores. Entre as doenças a seguir, marque a única que ainda não possui
vacina liberada para comercialização.

a) Raiva.

b) Rubéola.

c) Gripe.

d) HPV

e) Aids.

3. Quais dessas vacinas são administradas via oral?

a) BCG , VOP, HPV

b) VOP, ROTAVIRUS

c) BCG, ROTAVIRUS, HEPATITE B

d) ROTAVIRUS, DT, VIP

4. Qual é a vacina destinada para prevenção da Tuberculose?


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5. Com relação a doença Poliomielite (Paralisia Infantil), quais são as formas de
contágio? Como a vacina está disponível no PNI?
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6. Sobre a vacina pneumocócica 10 valente, é correto afirmar que sua ação é


contra doenças invasivas e otite média aguda causadas por diversos sorotipos
de:

a) Streptococcus pneumoniae

b) Acinetobacter baumannii

c) Staphylococcus aureus

d) Klebsiella pneumoniae

7. Cite motivos do Brasil hoje apresentar baixas coberturas vacinais?


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8. Cite algumas formas dos municípios melhorarem a cobertura vacinal?


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