UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

LORENA GIACOMETTI SILVA

VALÉRIA GUIMARÃES VALE

ENTEROVIROSES - ROTAVÍRUS E POLIOVIRUS

ALFENAS-MG

2023
 1. Rotavírus

Principais características

O rotavírus pertence à família Reoviridae, gênero rotavírus, sendo vírus de RNA,

dupla fita, não envelopado . São classificados em grupos, subgrupos e sorotipos de
acordo com sua composição antigênica, sendo os sorogrupos A, B, C já isolados em
infecções no homem, sendo o “A” o principal causador da doença no ser humano. É
um dos principais agentes virais causadores das doenças diarreicas agudas, e uma
das mais importantes causas de diarreia grave em crianças menores de 5 anos no
mundo, particularmente nos países em desenvolvimento.
Pessoas de todas as idades são suscetíveis à infecção por rotavírus, no entanto a
gastroenterite, ou seja, a manifestação clínica, é mais prevalente em crianças
menores de 5 anos. Recém-nascidos normalmente têm infecções mais leves ou
assintomáticas, provavelmente devido à amamentação e aos anticorpos maternos
transferidos pela mãe.
A rotavirose, se não tratada adequadamente, pode evoluir para complicações e
quadros graves, que podem, inclusive, levar à morte.

Transmissão

O rotavírus é transmitido pela via fecal-oral (contato pessoa a pessoa, ingestão de

água e alimentos contaminados, contato com objetos contaminados, e propagação
aérea por aerossóis) e é encontrado em altas concentrações nas fezes de crianças
infectadas.
O intervalo entre a data do primeiro contato com o vírus até o início dos sintomas da
doença, é de 2 dias em média. Entre o 3° e 4° dia dos primeiros sintomas a
transmissão ocorre mais facilmente, devido a sua carga viral elevada no organismo.
Apesar disso, é possível detectar rotavírus nas fezes de pacientes mesmo após a
completa resolução da diarreia.
O rotavírus se espalha facilmente entre bebês e crianças pequenas. Doentes podem
espalhar o rotavírus para membros da família e outras pessoas com quem têm
contato próximo. As crianças são mais propensas a contrair rotavírus no inverno e
na primavera (julho a novembro).

Sintomas e complicações

Os sinais e sintomas clássicos do rotavírus (rotavirose), principalmente na faixa

etária dos 6 meses aos 2 anos, são as ocorrências repentinas de vômitos. Na
maioria das vezes, também podem aparecer, junto com os vômitos, diarreia com
aspecto aquoso, gorduroso e explosivo e febre alta.
Podem ocorrer formas leves e sem a ocorrência de sintomas nos adultos, na fase
neonatal e durante os quatro primeiros meses de vida. Nas formas graves, o
rotavírus (rotavirose) pode provocar: Desidratação, febre, morte.
Tratamento

Como o Rotavírus (rotavirose) geralmente é autolimitado, o paciente deve ser

tratado por meio da reposição de líquidos e minerais, para prevenir ou corrigir a
desidratação, e manejo nutricional adequado. Em resumo, após a avaliação clínica
do paciente, o tratamento adequado deve ser estabelecido conforme o Manejo das
Doenças Diarreicas Agudas: Correção da desidratação e do desequilíbrio
eletrolítico, combate à desnutrição, prevenção das complicações. Não é
recomendado o uso de antimicrobianos e antidiarréicos.

Diagnóstico

O diagnóstico de rotavírus nos serviços públicos de saúde ocorre a partir da coleta

da amostra de fezes enviada ao laboratório da rede de saúde pública para análise.
Diante da suspeita de rotavírus, deve ser realizado o diagnóstico diferencial
considerando-se todos os microrganismos capazes de causar doenças diarreicas
agudas. Recomenda-se, portanto, a coleta simultânea de amostras de fezes para
análise viral, bacteriana e parasitológica. Pela pesquisa direta de antígenos virais
por Aglutinação com Látex ou por metodologia ELISA (teste imunoenzimático);

Prevenção

As medidas de controle e prevenção se relacionam a melhores condições de

saneamento básico, melhoria da qualidade da água, cuidados e higiene pessoais e
dos alimentos, incentivo ao aleitamento materno que confere imunidade pelos
anticorpos da mãe até os 6 meses de vida.
O esquema de vacinação é de duas doses exclusivamente por via oral, sendo a
primeira aos 2 meses e a segunda aos 4 meses de idade com intervalo mínimo de
30 dias entre as doses. A vacina é contraindicada nos seguintes casos:
imunodeficiência, uso de imunossupressores ou quimioterápicos, história de doença
gastrointestinal crônica, má-formação congênita do trato digestivo não corrigida,
história prévia de invaginação intestinal ou história de hipersensibilidade a qualquer
componente da vacina.

Vigilância em Saúde

Em caso de suspeita de rotavirose em crianças menores de 5 anos, diagnosticadas

somente em unidades de saúde sentinelas para esse agravo, uma amostra de fezes
deve ser coletada e uma ficha de investigação específica deve ser preenchida. Deve
ser registrado a mesma no SINAN (Sistema de Agravos de Notificação).
Em caso de surto, qualquer unidade de atendimento pode notificar o caso suspeito,
podendo ser encerrado somente após a confirmação laboratorial.
Atualidades e curiosidade

O vírus causa aproximadamente 215.000 mortes por ano no mundo todo em

crianças com menos de 5 anos de idade. A maioria delas vive em países de baixa
renda. As rotavírus ocorrem, principalmente, no inverno. No Brasil, mais de 40.000
internações (para reposição de volume e eletrólitos) e mais de 4 mil mortes,
anualmente. Apesar da disponibilidade gratuita da vacina, apenas 71% do
público-alvo foi imunizado em 2021. A nível mundial, estima-se que praticamente
todas as crianças até aos 5 anos terão pelo menos um episódio de gastroenterite
por rotavírus.

2. Poliovírus

Principais características

O Poliovírus é um vírus que pertence à família dos Enterovírus, da família

Picornaviridae e é o agente causador da Poliomielite (paralisia infantil). Ele se
hospeda no intestino, e seu período de incubação é de 7 a 12 dias. Ele é um vírus
simples , com um RNA em cadeia simples em sentido positivo, sem envelope e com
uma cápsula de proteína. Apresenta três sorotipos: I, II ou III.

Transmissão

A transmissão do poliovírus se dá por contato direto de pessoa a pessoa, via oral-

fecal, através de alimentos, água ou objetos contaminados com fezes infectadas
pelo vírus e por via oral-oral (falar, tossir, espirrar). Dentre os alimentos que podem
se contaminar, há destaque para o leite, verduras e mariscos. Nos anos de 1914 e
1950, os casos diagnosticados sempre vinham acompanhados do histórico de
ingestão de leite cru.

Sintomas

A poliomielite é uma doença muitas vezes assintomática, sendo diagnosticada

quando há sintomas mais severos, como paralisia dos membros, sendo essa uma
sequela da doença. Entre os sintomas mais leves, pode haver : náuseas, dor de
garganta, dor de cabeça, fadiga, espasmos, rigidez muscular. É uma doença que
não existe um tratamento específico, os pacientes serão tratados de acordo com os
sintomas apresentados.

Diagnóstico

Seu diagnóstico é feito através do isolamento do vírus ou pele método PCR:

Isolamento do vírus- a partir de uma amostra de fezes, deve ser coletada até o 14°
déficit motor, entre 4 e 8g. Mantidas em baixas temperaturas -200°.

Método PCR- amplificação da sequência alvo do genoma em pelo menos mil vezes
em poucas horas, permitindo de forma rápida a identificação do vírus , em torno de
uma semana.

Prevenção

A falta de saneamento, as más condições habitacionais e a higiene pessoal precária

constituem fatores que favorecem a transmissão do poliovírus, por isso, lavar as
mãos, higienizar os alimentos, pasteurizar os leites, são ações importantes para
prevenir a poliomielite, mas a maior prevenção se faz através da vacinação. O
esquema vacinal contra a poliomielite é de três doses da vacina injetável – VIP (aos
2, 4 e 6 meses) e mais duas doses de reforço com a vacina oral bivalente – VOP
(gotinha).

Atualidades e curiosidades

A Poliomielite é uma doença considerada erradicada no Brasil ,o último caso foi em

1989. Porém, nos últimos anos a cobertura vacinal caiu bruscamente, atingindo
taxas abaixo de 70%, isso se torna um alerta, pois a vacinação é a única forma de
manter a doença longe. Em países como a Nigéria e Afeganistão ainda há casos da
doença, criando assim um alerta para a reintrodução do vírus.