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 Anatomia de órgãos e sistemas

Edema: revisão da fisiologia à semiologia | Colunistas


Luis Guilherme Andrade  13 min • Há 114 dias

 Índice

1. Fisiologia anti-edema 
2. Fisiopatologia do edema 
3. Semiologia do edema 
4. Edema característico das doenças 
5. Conclusão 

Seja você um estudante de Medicina ou um médico, deve saber que edemas


são comuns em diversos pacientes com as mais variadas
EM ALTA doenças ou mesmo

naqueles que não possuem nenhuma doença. Mas Resumo


 será quesobre
sabeolfato: anatomia,
a fisiologia
histologia, fisiologia e semiologia
e fisiopatologia necessária para raciocinar no caso do seu paciente com
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queixa de edema? E a semiologia? Se você  não
Índice domina, esse texto serve para
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ajudá-lo com esse tema tão complexo, porém, caso domine, ainda lhe será Cadastre-se
útil, afinal é sempre bom rever os princípios fisiológicos e semiológicos.

Fisiologia anti-edema

Antes de falar propriamente do edema, precisa-se rever os princípios


básicos que o impedem de acontecer, envolvendo o sistema circulatório,
renal e membranas capilares.

Sistema circulatório

O ventrículo esquerdo bombeia o sangue à aorta, que, em seguida, preenche


a circulação sistêmica e finalmente chega aos capilares, onde ocorrem as
trocas com os tecidos orgânicos. Porém, para que aconteçam essas trocas
entre o líquido nos capilares e tecidos, são necessárias pressões atuando
sobre a membrana capilar, as quais serão abordadas em seguida.

Pressões que atuam sobre membrana capilar

Para falarmos disso, é preciso que você imagine um capilar com sua
extremidade arterial e venosa. Na extremidade arterial, atua a pressão
hidrostática (ou pressão do capilar), a que faz o líquido sair dos capilares ao
interstício na extremidade arterial do capilar, em oposição a ela, nesta
mesma extremidade, há pressão do líquido intersticial, que é a força gerada
pelo líquido intersticial contra o capilar, mas que é pequena. Ou seja, como
predomina a pressão capilar, há filtração. Na extremidade venosa, há
pressão coloidosmótica (ou oncótica), que é devido a osmose causada pelas
proteínas, as quais não se difundem ao interstício pois os capilares são
impermeáveis a ela devido ao tamanho superior delas, sendo a albumina a
principal. Evita perda excessiva de líquidos, por isso, quem tem
hipoproteinemia apresenta edema. Em oposição a ela, há pressão
coloidosmótica do líquido intersticial, que tende a provocar osmose para LI.
Entretanto é menor, já que há menos proteínas nesse espaço. Ocorrendo,
portanto, reabsorção.
EM ALTA

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histologia, fisiologia e semiologia
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Figura 1: Pressões que atuam sobre a membrana

Fonte: https://pt.slideshare.net/lacuniderp/fisiologia-vascular

Filtração

Essas forças atuam simultaneamente e em conjunto e, somando-se todas,


temos a pressão efetiva de filtração (PEF), que é ligeiramente positiva na
maioria dos órgãos. Isso significa que predomina a filtração à reabsorção e,
além disso, a filtração que irá determinar o tamanho e o número de poros
em cada capilar e a quantia de sangue que flui por cada capilar. Esses três
fatores são expressos como coeficiente de filtração capilar (Kf), sendo Kf a
capacidade da membrana capilar de filtrar água sob determinada PEF e
expressa em mL/min/mmHg da PEF, temos a fórmula: Filtração: Kf x PEF

Sistema linfático

Você deve estar se perguntando, já que predomina filtração em vez de


absorção, por que não estamos sempre edemaciados, ou como
popularmente dizem: “inchados”? De fato, isso deveria acontecer, porém
graças ao sistema linfático esse excesso de líquido filtrado é drenado como
linfa, que retorna, posteriormente, ao sangue. Isso faz com que a quantidade
de líquido nos tecidos mantenha-se na faixa adequada.
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Sistema renal histologia, fisiologia e semiologia
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Finalmente, o sistema renal também é importante
 Índice para evitar edemas, porEntrar
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isso vale mencionar seu papel. Os rins controlam o volume de líquido Cadastre-se

extracelular (LEC) através da atuação de hormônios como aldosterona e


ADH e excretando líquidos, o que varia de acordo com a taxa de filtração
glomerular (TFG). À medida que aumenta o volume do LEC, a osmolaridade
do plasma reduz, causando aumento da pressão de enchimento sistêmico, o
que faz aumentar o retorno venoso, o qual, por sua vez, eleva o débito
cardíaco, já que o coração, dentro de limites fisiológicos, bombeia todo o
sangue que a ele retorna, isso eleva a pressão arterial, que aumenta
perfusão renal, fazendo com que esse excesso de volume seja filtrado e
excretado, normalizando, finalmente, o volume do LEC. Perceba quantos
mecanismos isso envolve e, caso qualquer um falhe, pode ocorrer edema.

Fisiopatologia do edema

Agora que foi explicado como o organismo se defende contra o edema, é


necessário explicar como ele acontece. Primeiramente, edema é definido
como acúmulo de líquidos no corpo. A maioria dos casos ocorre no LEC,
porém pode haver no líquido intracelular (LIC). Falemos sobre esses tipos e
suas causas a seguir.

Edema intracelular

3 condições principais causam isso: hiponatremia, depressão dos sistemas


metabólicos e falta de nutrição adequada. Na hiponatremia, os níveis de
sódio reduzidos no sangue, em comparação ao LIC, permitem que a água se
difunda às células na tentativa de normalizar a natremia, porém, isso faz
com que fiquem edemaciadas. Quando se tem isquemia, faltam nutrientes e
O2 para gerar ATP e manter a bomba de sódio potássio funcionante. Em

consequência disso, se acumula Na+ intracelular, que, por ser


osmoticamente ativo, atrai água e gera edema. Na perna isquêmica isso
acontece. Na inflamação, há aumento da permeabilidade da membrana e
aumento do influxo de Na+.
EM ALTA
Edema extracelular
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Os mecanismos são aumento da permeabilidade  Índice capilar, aumento da Entrar
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pressão hidrostática, diminuição da pressão oncótica, obstrução de vasos, Cadastre-se
retenção de sódio. As principais patologias que cursam com edema são
resposta inflamatória, insuficiência cardíaca congestiva (ICC), varizes,
síndrome nefrótica, síndrome nefrítica, pielonefrite, cirrose hepática,
hepatite crônica, desnutrição proteica, câncer, obesidade, gravidez, filaríose
linfática, toxemia gravídica, hipotireoidismo, medicamentos (AINE, AIH,
antagonistas do cálcio) e edema alérgico.

Aumento da pressão capilar

1 – Retenção excessiva de sal e água pelos rins: insuficiência aguda ou


crônica renal e excesso de mineralocorticoides.

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2 – Pressão venosa alta e constrição venosa: insuficiência ventricular direita,


obstrução venosa e bombeamento venoso deficiente (paralisia muscular,
imobilização de partes do corpo, insuficiência das válvulas venosas).

3 – Redução da resistência arteriolar: aquecimento excessivo do corpo,


insuficiência do sistema simpático, fármacos vasodilatadores.

Redução das proteínas plasmáticas

1 – Síndrome nefrótica.

2 – Perda de proteínas de áreas desnudadas da pele (queimaduras e


ferimentos).

3 – Insuficiência da síntese proteica (cirrose e desnutrição proteica)


EM ALTA

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Aumento da permeabilidade capilar
histologia, fisiologia e semiologia
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1 – Reações imunes com liberação de histamina,
 Índice toxinas, infecções Entrar
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bacterianas, deficiência de vitaminas, especialmente Vitamina C, isquemia Cadastre-se
prolongada e queimaduras.

Bloqueio do retorno linfático

1 – Tumores, infecções por filarioses, cirurgias, ausência congênita ou


anormalidades dos vasos linfáticos.

Semiologia do edema
Agora que você já sabe como os edemas acontecem e o que o corpo faz para
evitá-los, está na hora de aprender a semiologia para lidar com o paciente
com queixa ou sinal de edema. A investigação do edema começa na
anamnese, devendo identificar o tempo de duração, localização e evolução.
No EF, analisam-se os seguintes parâmetros: localização e distribuição,
intensidade, consistência, elasticidade, temperatura e sensibilidade da pele
circundante, além de outras alterações dessa pele.

Localização e Distribuição

Os edemas podem ser localizados ou generalizados. Caso não se restrinjam


a um segmento de membro, diz-se que é generalizado, mesmo que só
envolva uma parte do corpo. Mais frequente no membro inferior, porém, é
comum na face (região subpalpebral) e região pré-sacra (pacientes
acamados, RN e lactentes).

Intensidade

Comprimindo-se de modo sustentado, com a polpa do polegar ou indicador,


a região que se suspeita de edema, caso esteja edemaciada, ao retirar o
dedo, haverá formado uma fóvea – depressão no local comprimido. A
intensidade do edema é dita com base na profundidade da fóvea. Usa cruzes
para falar da intensidade (+, ++, +++, ++++). Outras regras podem ser
medindo o peso pela manhã e à noite, havendo edema haverá variação do
peso, por causa da retenção hídrica. Pode medir o perímetro
EM ALTA da região
afetada e comparar com a outra. Pode ser usadopara Resumo sobre
avaliar olfato: anatomia,
evolução
histologia, fisiologia e semiologia
também.
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Consistência  Índice Entrar
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Grau de resistência encontrado ao se comprimir a região edemaciada.
Edema mole é o agudo, de curta duração, que o tecido subcutâneo está
infiltrado de água. Edema duro é o de longa duração, que houve fibrose ou
que se acompanharam de repetidos surtos inflamatórios.

Elasticidade

Ao avaliar a intensidade e consistência, avalia-se também a elasticidade, isto


é, após parar a compressão, a velocidade com que o tecido retrai de volta ao
normal. Edema elástico é aquele que retorna rapidamente ao normal, ocorre
em resposta inflamatória (RI). Edema inelástico é o que a depressão persiste
por longo tempo após o fim da compressão, nas outras afecções.

Temperatura da pele circundante

Usa-se o dorso dos dedos ou da mão para verificar a temperatura.


Comumente a temperatura será a mesma, porque não costuma alterar em
edemas. Pode ainda ter temperatura elevada, a qual ocorre em RI, ou
temperatura fria, que indica comprometimento da irrigação sanguínea.

Sensibilidade da pele circundante

Faz-se digitopressão e, se tiver dor, costuma ser edema inflamatório.

Outras alterações

Coloração pode ser observada. Palidez indica alterações da irrigação


sanguínea; cianose indica perturbação venosa localizada; vermelhidão
indica RI. Textura e espessura devem ser observadas. Lisa e brilhante é
edema agudo; pele espessa é edema de longa data; pele enrugada surge
quando o edema está desaparecendo.

Edema característico das doenças

Edema renal EM ALTA

 Resumo sobre olfato: anatomia,


O edema renal, que ocorre nas síndromes nefrótica, nefríticafisiologia
histologia, e pielonefrite)
e semiologia
costuma ser generalizado, particularmente
Entrar  Índice facial, acometendo  Compartilhar
principalmente regiões subpalpebrais, sendo mais evidente no período Entrar
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matutino. São moles, inelásticos, indolores e com temperatura normal. Na Cadastre-se
síndrome nefrótica, o edema é intenso (+++ ou ++++) e, em geral, acompanha
derrames cavitários. Nas outras 2 causas citadas, são discretos a moderados
(+ ou ++).

Edema cardíaco

ICC apresenta edema como sinal importante, sendo generalizado,


predominando nos MMII, vespertino (a tarde após paciente manter-se de pé
por várias horas), sendo pré-sacral nos pacientes acamados o edema. Varia
de intensidade (+ a ++++), inelástico, indolor, pele adjacente pode estar lisa e
brilhante.

Edema por doença hepática ou desnutrição

Edema é generalizado, intensidade discreta (+ a ++), mole, inelástico,


indolor, predomina nos MMI e é comum ascite concomitante.

Edema alérgico

Pode ser generalizado, mas predomina na face. Instala-se súbita e


rapidamente, pele, por isso, torna-se lisa e brilhante. Podendo apresentar
temperatura aumentada e vermelha. Mole e elástico.

Edema medicamentoso

Edema medicamentoso é associado à retenção de sódio. Predomina nos


MMII, mas pode ocorrer na face quando é mais intenso. Um exemplo
clássico é ao uso de AINEs, que inibem a síntese de prostaglandinas ao
atuarem nas COX. O edema ocorre porque prostaglandinas são
vasoprotetoras da arteríola aferente dos néfrons e, com a inibição delas,
ocorre vasoconstrição e a TFG é reduzida, o que faz aumentar retenção de
líquidos e sódio.

Edema localizado

As principais causas são postura, varizes, flebites e EM


trombose
ALTA
venosa (TV), RI
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e afecções linfáticas. O edema de postura ocorre nos MMII após
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permanecer longo tempo na posição de pé ou ficar com as pernas Compartilhar
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pendentes por horas; discreto, mole, indolor, Índiceinelástico e desaparece Entrar
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rapidamente ao deitar-se. O da TV é intenso, mole e a pele pode estar pálidaCadastre-se
ou cianótica. Varizes não são muito intensas (+ a ++), é mole, porém, nos
casos antigos, torna-se cada vez mais duro, inelástico, pele altera coloração,
até adquirir tonalidade mais escura e textura grosseira. Surge por
insuficiência venosa.

Edema generalizado

Causado por doenças cardiovasculares, renais, hepáticas ou por


desnutrição. Inicialmente nos MMII, mas progride a outros segmentos
posteriormente.

Conclusão

Após esse texto, vimos que edema é causado por diversas doenças. O
segredo para raciocinar no paciente com a queixa de edema é lançar mão de
uma anamnese adequada buscando uma história clínica sobre tal sintoma
junto com a realização de um exame físico e entender a fisiologia e
fisiopatologia do edema para finalmente chegar a um diagnóstico causal ou,
pelo menos, ter hipóteses diagnósticas.

Muito obrigado.

O texto acima é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da


sanar sobre o assunto

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Referências:

GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 13. ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2017.

PORTO & PORTO. Semiologia Médica. 8. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2019.

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