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Nitratos

antianginosos

Dr. Rubens Escobar Pires Lodi


Disciplina de Farmacologia e Terapêutica II
Universidade Metropolitana de Santos - UNIMES
Sobrero, Sir Lauder Brunton, Furchgott
Ignarro e Murad

160 anos
Histórico
1846:
1846: Sobrero sintetizou a nitroglicerina,
nitroglicerina, observou uma cefaléia severa,
severa, após colocar uma
pequena quantidade na língua.
língua.

1867:
1867: Lauder Brunton descreve alívio imediato da angina de peito pelo nitrato de amilo por
inalação;
inalação;

1879:
1879: Murrel descreve efeitos semelhantes para a nitroglicerina (uso sublingual);

1939:
1939: Krantz et al. publicam aplicação do dinitrato de isosorbida na insuficiência coronária;
coronária;

1955:
1955: Davis & Weisel introduzem a nitroglicerina sob a forma de ungüento,
ungüento, para absorção
transdérmica;
transdérmica;

1969:
1969: Christensson et al. introduzem primeira aplicação intravenosa de
nitroglicerina;
nitroglicerina;

1981:
1981: 5-
5-mononitrato de isossorbida torna-
torna-se disponível para uso clínico;
clínico;
1982:
1982: adesivos de nitroglicerinas tornam-
tornam-se tb disponíveis para uso clínico.
clínico.

1998:
1998: Furchgott,
Furchgott, Ignarro e Murad ganham o Premio Nobel, pela elucidação do Óxido Nítrico
como molécula sinalizadora no sistema cardiovascular.
Demanda x Suprimento de Oxigênio
Estado Contrátil Diferença de
Oxîgênio
Arterio-
Arterio-Venosa
Demanda Suprimento
Freqüência
Cardíaca
de = de Oxigênio Distribuição
regional
Oxigênio miocárdica

Tensão de
Parede
≠ Fluxo de
Sangue
Coronário
ISQUEMIA

Pressão do VD Volume Resistência Pressão Aórtica


Ventricular Vascular
Coronária
Aplicações Terapêuticas

 Alívio e prevenção dos episódios isquêmicos


agudos
 Angina estável
 Angina vasoespástica
 Angina instável
 Infarto agudo do Miocárdio
 Insuficiência Cardíaca
Nitratos mais comuns usados na clínica
Dinitrato de
Nitroglicerina
Isossorbida

5-Mononitrato de Propatilnitrato
Isossorbida 2-ethyl-
ethyl-2-(hydroxymethyl)
hydroxymethyl)-
1,3-
1,3-propanediol trinitrate
Mecanismo de Ação celular e molecular
Células musculares lisas

RSH
R-ONO2 R-ONO2 GTP
RSSR
RSH

RSNO RSNO NO GCs


S-nitrosotiol
GMPc

Nitroprussiato NO

↓[Ca++]i

Vasodilatação
Diminuição do Consumo de oxigênio
Via Venosa
Venodilatação

Acúmulo de sangue periférico

Retorno venoso

Volume Cardíaco

↓ Pressão Tissular ↓ PDFVE ↓ PCP


Pressão AD e AE

↓ Pressão retrógrada ↓ Tensão Parietal ↓ Congestão Pulmonar


diastólica ou pré-carga
↑ Perfusão
subendocárdica

↓ Consumo de Oxigênio
Diminuição do Consumo de oxigênio
Via Arterial

Dilatação Arterial periférica Dilatação Arterial periférica

↑ Complacência Arterial ↓ Resistência Vascular Sistêmica

↓ Pressão Arterial

↓ Pressão Ventricular Esquerda Sistólica


↑ VS
↓ Tensão Parietal sistólica ou pós-carga ↑ DC
↑ FE

↓ Consumo de Oxigênio
Aumento da oferta de Oxigênio coronário
Dilatação Dilatação Dilatação Inibição do
Arterial Arteriolar Colateral espasmo

↓ PDFVE ↓ Resistência
Coronária

↓ Pressão Tissular ↑ Fluxo Coronário ↑ Fluxo colateral


coronário

↓ Pressão retrógrada ↑ Perfusão às áreas


isquêmicas
(subendocárdico)

↑ Gradiente perfusão ↑ Oferta de Oxigênio


diastólica ↑ Fluxo Diastólico
Farmacocinética
Via de Intensidade
Composto Início Pico Duração Posologia
administração dos Efeitos

Até 30’ pós 10 – 200 µg/min


Nitroglicerina SL e IV Imediato Imediato ++++
suspensão (m=45 µg/min)

SL, 1 a 2 min 3 a 5 min 1a2h 2,5 a 5 mg q.n. +++


Dinitrato de VOc 20 a 30 min 60 min 3a4h 10 mq,
mq, 4x/d ++
Isossorbida 20 a 30 mg,
mg, 3x/d
VOl 30 min 1a2h 8h 20 a 40 mg,
mg, 2x/d ++

SL 2 a 3 min 6 a 7 min 1a2h 10 mg,


mg, q.n. ++/+++
Propatilnitrato
VO 20 a 30 min 60 min 3a4h 10 mg,
mg, 4x/d ++

5-Mononitrato 20mg, 2x/d ++


VO 20 a 30 min 1a2h >8h
de Isossorbida 40 a 60 mg,
mg, 1x/d ++
Benefícios dos nitratos na Isquemia Miocárdica

Efeitos na circulação coronária


 Dilatação das artérias coronárias epicardicas
 Dilatação das estenoses coronárias
 Prevenção/Reversão da vasoconstrição/espasmo
coronário.
 Aumento do fluxo sanguíneo colateral
 Melhora do fluxo subendocárdico
 Aumento da perfusão e da oferta de oxigênio ás
áreas isquêmicas.
Benefícios dos nitratos na Isquemia Miocárdica

Efeitos na circulação periférica


Dilatação venosa (+++)
 Aumento da capacitância venosa
 Redução dos volumes cardíacos dir e esq.
 Redução da tensão parietal diastólica de VE
 Redução da pré-carga
 Redução do consumo de oxigênio miocárdico.
Dilatação arterial (++) e arteriolar (+)
 Redução da impedância arterial
 Redução da pressão arterial sistólica
 Redução da tensão parietal sistólica
 Redução da pós-carga
 Redução do consumo de oxigênio miocárdico.
Benefícios dos nitratos na Isquemia Miocárdica

Ação antiplaquetária
 Redução da adesão e agregação plaquetária.
 Efeito antitrombótico potencial.
 Proteção circadiana da isquemia miocárdica.
Ação antiproliferativa nas células musculares
lisas e miócitos cardíacos.
Melhora da função endotelial (óxido nítrico)
Tolerância e Dependência

 Tolerância se deve a Múltiplos fatores


 Consumo do radical sulfidrila, transformador de nitrato orgânico
em NO.
 Mediado por radicais livres (NO + O2) diminuindo a
disponibilidade de NO “efetivo”.
 Dose dependente.
 Dependência não constitui problema com as doses
habitualmente utilizadas.
 Operários de fabricas de munições.
 Pacientes em doses elevadas, por longos períodos, recomenda-
se retirada gradual da dose.
Efeitos adversos
 Cefaléia
 Tende a desaparecer em 2 a 3 semanas.
 Pode-se reduzir a dose. Suspensão em 10% dos pacientes.
 Analgésicos comuns tem efeito.
 Tontura, lipotímia, raramente síncope, hipotensão postural
 Mais comuns em idosos, pacientes c/ depleção de volume, IAM de
parede inferior (VD).
 Posição supina, elevação dos MMII, e reposição de volume são
suficientes.
 Tendem a ser exacerbados concomitantes a ingesta alcoólica.
 Palpitações
 Dilatação cutânea, rubor facial.
 Superdosagem de nitroglicerina pode levar a meta-
hemoglobinemia.
 Azul de Metileno 1% - 1 mg/kg IV
Interação Medicamentosa

Nitratos Sildenafil, Tadenafil, Vardenafil

Inibição
NO
Fosfodiesterase-5

↑↑ GMPc
GTP
GCs
GMPc
+
Vasodilatação
acentuada

Hipotensão
Contra-indicações
1. Miocardiopatia hipertrófica obstrutiva.
 Acentuam a obstrução da via de saída do VE.
2. Pericardite constritiva.
 Agravam o enchimento diastólico já comprometido pela
redução do retorno venoso.
3. Cor pulmonale.
 Reduzem a tensão arterial de oxigênio devido ao
aumento da mistura venosa.
4. IAM de parede inferior com envolvimento de VD,
 Piora a hemodinâmica e a clínica.
 Glaucoma (?) – no passado.
 Não há evidências, nem demonstração objetiva que
aumentem a pressão intra-ocular.
Contra-Indicações na suspeita de IAM

 Não deve ser administrada em pacientes com PAs


menor que 90 mmHg ou menor que 30 mmHg de
sua linha de base.
 Não deve ser administrado na bradicardia severa
(menor que 50 bpm).
 Não deve ser administrado na taquicardia severa
(100 bpm).
 Não deve ser administrado em pacientes que
fizeram uso de inibidores da fosfodiesterase nas
últimas 24h (48h para Tadenafil).
 Infarto do Ventrículo Direito.
ACC/AHA Guidelines for the Management of Patients With ST-Elevation Myocardial Infarction - 2004
Recomendações farmacológicas para prevenir
IAM ou Morte em pacientes assintomáticos
Classe I – Evidência e Acordo que o procedimento é útil.

 Aspirina
 na ausência de contra-indicações em paciente com IAM
prévio. (evidência A)
 Beta-bloqueadores
 na ausência de contra-indicações em pacientes com IAM
prévio. (evidência B)
 Terapia redutora de lípides
 em pacientes com DAC documentada e LDL maior que
130 mg/dl. (evidência A)
 iECA
 em pacientes com DAC associada a DM e/ou a disfunção
sistólica de ventrículo esquerdo. (evidência A)
ACC/AHA 2002 Guideline Update for the Management of Patients With Chronic Stable Angina
Recomendações farmacológicas para prevenir
IAM ou Morte em pacientes assintomáticos
Classe IIa – Peso das Evidências e Opiniões em favor da eficacia

 Aspirina
 na ausência de contra-indicações em paciente sem IAM
prévio. (evidência A)
 Beta-bloqueadores
 na ausência de contra-indicações em pacientes sem IAM
prévio. (evidência C)
 Terapia redutora de lípides
 em pacientes com DAC documentada e LDL entre 100 e
129 mg/dl. (evidência C)
 iECA
 em pacientes com DAC associada outra doença vascular.
(evidência B)

ACC/AHA 2002 Guideline Update for the Management of Patients With Chronic Stable Angina
Os 10 mais importantes elementos no
tratamento da angina estável
A. Aspirina e anti-anginosos
B. Beta-bloqueadores e “blood pressure”
C. Colesterol e cigarros
D. Dieta e Diabetes
E. Educação e exercício

ACC/AHA 2002 Guideline Update for the Management of Patients With Chronic Stable Angina
Condições que exacerbam ou provocam
angina
 Medicações
 Vasodilatadores
 Reposição de Hormônio tiroidiano em excesso
 Vasoconstritores.
 Outros problemas médicos
 Anemia profunda
 Hipertensão não controlada
 Hipertiroidismo
 Hipoxemia
 Outros problemas cardíacos
 Taquiarritimias
 Bradiarritimias
 Cardiomiopatia hipertrófica
 Estenose aórtica
ACC/AHA 2002 Guideline Update for the Management of Patients With Chronic Stable Angina
Classificação clínica de dor torácica
 Angina Típica
1. Desconforto sub-esternal com características
de qualidade e duração.
2. Provocada por exercício ou stress emocional.
3. Melhorada por repouso ou nitroglicerina.
 Angina Atípica
 Duas das características acima
 Dor torácica não cardíaca
 Uma ou nenhuma das características acima.
ACC/AHA 2003 Pocket Guideline Management of Patients With Chronic Stable Angina
Algorítimo de Angina ESTÁVEL

NTG SL (nitrato de ação curta)

SIM BCC, Nitratos de ação


História sugere Angina vasoespástica ?
longa
NÃO

SIM SIM
Medicaçoes ou condicão que exacerba/provoca angina ? Tratar apropriadamente Tratamento
c/ sucesso ?
NÃO
SIM

Beta-
Beta-bloqueador se sem SIM Tratamento SIM
contra-
contra-indicações ? c/ sucesso ?
NÃO
Follow up rotineiro, inclusive
Introduza ou Substitua BCC SIM Tratamento SIM Dieta, Exercícios e controle do
se sem contraindicação ? c/ sucesso ? diabetes
NÃO

NÃO Considere revascularização*


revascularização*
NÃO
SIM SIM
Nitratos de ação longa Tratamento
c/ sucesso ?

ACC/AHA 2003 Pocket Guideline Management of Patients With Chronic Stable Angina
FIM

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