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Revista Científica da FHO | Fundação Hermínio Ometto, v. 9, n.

1: 2021

DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO DE GESTÃO


DA QUALIDADE COM FOCO NA ACREDITAÇÃO
PELO SBA/ONA EM UM LABORATÓRIO DE
ANÁLISES CLÍNICAS ESCOLA
DIAGNOSIS AND QUALITY MANAGEMENT PLANNING WITH A FOCUS ON
ACCREDITATION BY SBA/ONA IN A SCHOOL CLINICAL ANALYSIS LABORATORY

Marina Alvarez TORREZAN1; Luís Angelo Ozan MALIGIERI2.


1
Discente no Curso de Gestão da Qualidade em Saúde e Segurança do Paciente do Centro
Universitário Hermínio Ometto – FHO.
2
Orientador. Docente no Curso de Gestão da Qualidade em Saúde e Segurança do Paciente do
Centro Universitário Hermínio Ometto – FHO.
Autora responsável: Marina Alvarez Torrezan. Endereço: Rua Padre Casemiro, 123, Araras – SP,
CEP 13600-450, e-mail: mtorrezan@gmail.com.

RESUMO ABSTRACT
O laboratório de Análises Clínicas (LAC) é um serviço The Clinical Analysis laboratory (LAC) is a health
de saúde com as atividades voltadas para coleta, service with activities aimed at collecting, transporting,
transporte, análise, armazenamento e liberação de analyzing, storing and releasing test results that assist in
resultados de exames que auxiliam no diagnóstico de the diagnosis of various pathologies. The
diversas patologias. A implantação de um Sistema de implementation of a Quality System in an LAC has
Qualidade em um LAC traz diversas vantagens que several advantages that range from directors to
abrangem desde os diretores até os clientes. O processo customers. The accreditation process is voluntary and
de acreditação é voluntário e deve atender aos padrões must meet the quality standards pre-established by the
de qualidade pré-estabelecidos pelas Organizações Accreditation Organizations. The Brazilian
Acreditadoras. O Sistema Brasileiro de Acreditação Accreditation System, led by the National Accreditation
(SBA), liderado pela Organização Nacional de Organization (ONA) promotes a process of
Acreditação (ONA), promove um processo de implementing accreditation and certification in health
implantação de acreditação e certificação em serviços services, guaranteeing the quality of health of citizens
de saúde, garantindo a qualidade à saúde dos cidadãos e and health service providers. The present work aimed to
unidades prestadoras de serviços de saúde. O presente diagnose and plan for the implementation of Quality
trabalho teve como objetivo o diagnóstico e o Management with a focus on Accreditation by SBA /
planejamento para a implantação da Gestão da ONA in a Laboratory of Clinical Analysis School in the
Qualidade com foco na Acreditação pelo SBA/ONA em interior of São Paulo. The results found through the
um Laboratório de Análises Clínicas Escola no interior evaluation of the requirements of the ONA Manual,
de São Paulo. Os resultados encontrados por meio da showed that the laboratory would achieve, after a new
avaliação dos requisitos do Manual da ONA mostraram evaluation, the Level 1 accreditation.
que o laboratório alcançaria, após uma nova avaliação, Keywords: clinical analysis laboratory; laboratory
a acreditação Nível 1. quality management; ONA.
Palavras-chave: laboratório de análises clínicas; gestão
da qualidade laboratorial; ONA.

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INTRODUÇÃO objetivo de contribuir para a qualificação do


O Laboratório de Análises Clínicas é um cuidado em saúde, em todos os serviços de saúde
serviço de saúde com atividades voltadas para do território nacional. Tal Portaria estabelece
coleta, transporte, análise, armazenamento e diversos protocolos básicos definidos pela
liberação de resultados de exames que auxiliam no Organização Mundial de Saúde (OMS) que devem
diagnóstico de diversas patologias. Os processos ser implantados, sendo eles: prática de higiene das
laboratoriais são subdivididos em três fases: pré- mãos em estabelecimentos de saúde; cirurgia
analítica, analítica e pós-analítica. segura; segurança na prescrição, uso e
A fase pré-analítica abrange a preparação administração de medicamentos; identificação de
do paciente, a coleta da amostra e o seu pacientes; comunicação no ambiente dos
armazenamento. É na fase analítica que se realizam estabelecimentos de saúde; prevenção de quedas;
os exames; essa é a etapa mais automatizada, e para úlceras por pressão; transferência de pacientes
seu controle, diversos parâmetros são avaliados, entre pontos de cuidado; e uso seguro de
como precisão, sensibilidade, especificidade e equipamentos e materiais. A OMS elegeu esses
exatidão. Todos os reagentes e equipamentos protocolos em decorrência do pequeno
devem ser monitorados para garantir a qualidade do investimento necessário para a sua implantação e
resultado. Já a pós-analítica é a etapa final do da magnitude dos erros e eventos adversos
processo e da interpretação dos resultados e inclui decorrentes da falta deles (MINISTÉRIO DA
a emissão dos laudos (COSTA; MORELI, 2012). SAÚDE; FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ;
O Laboratório de Análises Clínicas consiste AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA
em uma estrutura física que realiza exames de SANITÁRIA, 2014).
rotina laboratorial, sendo eles exames bioquímicos, Existem diversos programas de acreditação
hematológicos, microbiológicos, imunológicos, laboratorial, como o Programa de Acreditação de
parasitológicos e urinálise. Encontram-se também Laboratórios Clínicos (PALC), da Sociedade Bra-
os setores de lavagem de vidrarias e esterilização sileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial
de materiais (VIEIRA, 2012). (SBPC/ML), e o Departamento de Inspeção e
Com o advento da tecnologia e a exigência Credenciamento da Qualidade (DICQ), da
da concorrência, os laboratórios clínicos cada vez Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC).
mais buscam por selos de qualidade para se Por volta da década de 1980, surgiram os
fortalecerem no mercado. O laboratório deve ensaios de proficiência laboratoriais (PELM) e o
sempre assegurar aos pacientes que seus resultados Programa Nacional de Controle de Qualidade
sejam fidedignos à clínica, satisfazendo suas (PNCQ) (CHAVES, 2010).
necessidades para diagnóstico e tratamento de O PNCQ possui um software (PNCQ
doenças (CHAVES, 2010). Gestor) que é aceito em todos os estados brasileiros
O termo Qualidade, ou Melhoria Contínua e é referenciado pelo DICQ/SBAC. A implantação
da Qualidade, é um fenômeno de aprimoramento do sistema é voluntária e tem se mostrado uma
que estabelece padrões em busca do defeito zero. É importante iniciativa aos laboratórios clínicos. O
um processo cultural que envolve motivação, PNCQ disponibiliza exemplos de documentos
compromisso e educação dos colaboradores essenciais para a implantação de um sistema de
envolvidos (FELDMAN et al., 2005). gestão da qualidade que identifica, planeja e
Segundo Bordini (2009), com a padroniza todos os processos realizados no
implantação de um Sistema de Qualidade, laboratório (DIAS; BARQUETTE; BELLO, 2017).
adquirem-se diversas vantagens que abrangem De acordo com o Manual do DICQ (2013),
desde a alta direção até os clientes. A alta direção a Acreditação do Sistema de Gestão da Qualidade
se envolve com a integridade de seus de Laboratórios Clínicos é, em todos os países, um
colaboradores, e aos clientes garante a aquisição de processo periódico e voluntário, outorgado princi-
serviços de segurança assegurada. palmente por Instituições Científicas reconhecidas
O Ministério da Saúde criou o Programa ou aceitas pela Sociedade, por sua seriedade,
Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), em responsabilidade e capacidade profissional, com a
2013, por meio da Portaria MS/GM n. 529, com o finalidade de comprovar a implementação de um
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sistema de gestão da qualidade, contemplando a verificar a qualidade da assistência à saúde nas


capacidade organizacional e técnica. Organizações Prestadoras de Serviços de Saúde
A norma PALC tem como objetivo a (OPSS), baseando-se nos requisitos dos níveis 1, 2
melhoria da qualidade de desempenho dos e 3. A ONA contempla três níveis:
Laboratórios Clínicos, disponibilizando subsídios
educativos e realizando avaliações, por meio de a) nível 1: atende aos requisitos de
profissionais habilitados. A norma é baseada em 17 segurança e qualidade dos pacientes em
itens que contemplam todas as atividades de um todas as áreas assistenciais;
laboratório clínico (FRANCESCHI, 2013). b) nível 2: atende às evidências de interação
O PALC leva os laboratórios clínicos a um entre os processos, promovendo sempre
caminho para a melhoria contínua da qualidade, ações de melhoria;
pois, com o auxílio de auditorias, proporciona c) nível 3: atende às evidências de uma
trocas de conhecimentos técnicos entre os auditores gestão de excelência, ou seja, atende
e os auditados (VIEIRA, 2012). também aos requisitos dos níveis 1 e 2.
O Ministério da Saúde desenvolveu, em A organização deve promover ciclos de
1997, o modelo brasileiro de acreditação, tendo melhoria contínua.
como resultado a publicação do Manual Brasileiro
de Acreditação Hospitalar, que padronizava As dimensões da qualidade orientam a
qualidade e segurança nos hospitais. Em 1999, foi avaliação do desempenho organizacional frente aos
criada a Organização Nacional de Acreditação requisitos definidos pelo Manual, auxiliando as
(ONA), com o princípio de coordenar o Sistema auditorias nas avaliações das organizações. Os
Brasileiro de Acreditação por meio da implantação requisitos avaliados são:
de padrões e normas técnicas (MENDES, 2015).
O Sistema Brasileiro de Acreditação, a) aceitabilidade: adaptação do cuidado
liderado pela Organização Nacional de Acreditação aos desejos, expectativas e valores dos
(ONA), promove um processo de implantação de pacientes e de suas famílias;
acreditação e certificação em serviços de saúde, b) adequação: relevante na medida em que
garantindo a qualidade à saúde dos cidadãos e os efeitos do cuidado da saúde não são
unidades prestadoras de serviços de saúde avaliados de forma absoluta, mas
(ANTUNES, 2002). relativamente aos custos;
A ONA é uma entidade não governamental, c) efetividade: é a relação entre o benefício
sem fins lucrativos, que certifica a qualidade de real oferecido pela assistência à saúde e
serviços de saúde no Brasil, com foco na segurança o resultado potencial;
do paciente (ORGANIZAÇÃO NACIONAL DE d) eficácia: é a capacidade de produção de
ACREDITAÇÃO, 2019). melhorias na saúde e no bem-estar;
O processo de acreditação é voluntário e e) eficiência: é a relação entre o benefício
deve atender aos padrões de qualidade pré- oferecido pela assistência à saúde e seu
estabelecidos pelas Organizações Acreditadoras custo econômico;
(ANVISA, 2004). f) equidade: é a distribuição dos serviços
A acreditação promove mudanças de acordo com as necessidades de saúde
organizacionais e comportamentais dos objetivas e percebidas da população;
profissionais da saúde, bem como na satisfação dos g) integralidade: é o conjunto articulado e
pacientes e no reconhecimento do público contínuo de saberes, processos e ações
(MENDES, 2015). preventivas e curativas, individuais e
Entre as vantagens da Acreditação ou coletivas, exigidas para cada caso em
Certificação são apontadas a melhoria do todos os níveis de complexidade do
gerenciamento da unidade, bem como a melhoria da sistema;
assistência ao paciente (MOTTA; RABELO, 2013). h) legitimidade: é a possibilidade de
O Manual Brasileiro da Acreditação é o adaptar satisfatoriamente um serviço às
instrumento de avaliação desenvolvido para partes interessadas ou à sociedade como
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um todo, confirmando sua aceitação e a) supera (S): as evidências superam o


credibilidade (ORGANIZAÇÃO NACI- esperado para o atendimento ao
ONAL DE ACREDITAÇÃO, 2018). requisito;
b) conforme (C): as evidências atendem ao
O presente trabalho tem como objetivo o requisito avaliado;
diagnóstico e o planejamento para a implantação de c) parcial conforme (PC): as evidências
Gestão da Qualidade com foco na Acreditação pelo apresentadas atendem parcialmente ao
SBA/ONA em um Laboratório de Análises requisito;
Clínicas Escola do interior de São Paulo. d) não conforme (NC): as evidências não
atendem ao requisito ou há ausência de
MATERIAL E MÉTODO evidência para atendimento ao requisito;
Após aprovação do Comitê de Ética da e) não se aplica (NA): o requisito avaliado
Fundação Hermínio Ometto sob número 563/2019, não se aplica à característica da
fez-se um estudo baseado na pesquisa-ação, uma organização.
pesquisa interpretativa que compreende a
identificação dos problemas dentro do contexto Após avaliação dos requisitos necessários
institucional, levantamento de dados, análise, para a implantação da acreditação baseada no
identificação de melhorias e um plano de ação para SBA/ONA, foram confeccionados os Quadros 1, 2
solucionar tais problemas. O Manual da ONA 2018 e com os parâmetros existentes no laboratório e as
foi utilizado para diagnóstico e planejamento em adequações necessárias. Os Quadros foram
um Laboratório de Análises Clínicas, avaliando-se divididos nas três fases laboratoriais – pré-
cada uma das fases laboratoriais (pré-analítica, analítica, analítica e pós-analítica.
analítica e pós-analítica), além de uma planilha Os resultados dos requisitos do Manual para
padronizada contendo os requisitos desse Manual. a fase pré-analítica estão apresentados no Quadro
1. O Quadro 2 representa os resultados encontrados
RESULTADOS na fase analítica. E os resultados da fase pós-
As avaliações são compostas por requisitos analítica foram detalhados no Quadro 3.
específicos para cada área auditada e podem ser
pontuados como uma das opções:

Quadro 1 – Fase pré-analítica (continua).


Norma e/ou
Requisitos ONA 2018 Resolução Evidências Avaliação
Norteadora
Identifica o perfil de atendimento/assistencial do
RDC 302 POP Recepção C
processo considerando as análises realizadas
Profissionais com competências e capacitação Profissionais habilitados
NR32, RDC 302 C
compatíveis com o perfil de atendimento/assistencial com conselho ativo
Recursos humanos, tecnológicos e insumos, Planilha de controle de kits
C
incluindo os produtos para diagnóstico in vitro RDC 302 e reagentes
Planeja as atividades, avaliando as condições POPs setores técnicos e
NR 32, RDC 302,
operacionais e de infraestrutura, viabilizando a Manual de Biossegurança, C
RDC 50 e RDC
execução dos processos de forma segura mapa de risco
222

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Quadro 1 – Fase pré-analítica (continuação).


Norma e/ou
Requisitos ONA 2018 Resolução Evidências Avaliação
Norteadora
Monitora a manutenção preventiva e corretiva das
Relatórios técnicos C
instalações e dos equipamentos, incluindo calibrações RDC 302
Cumpre os critérios e procedimentos de segurança Planilha CQI e manutenção
NR 32 e RDC 302 C
para a utilização de equipamentos equipamentos
Cumpre os critérios e procedimentos de segurança
NR 32 e RDC 302 CQI C
para a utilização de materiais
Dispõe de métodos para agendamento de
Não se
procedimentos de análises clínicas e acompanha a Não se aplica Não se aplica
aplica
demanda
Cumpre protocolo para atender aos procedimentos de Não se
Não se aplica Não se aplica
análises clínicas de urgência e emergência aplica
Dispõe de mecanismos para a obtenção de
informações clínicas necessárias conforme RDC 302 POP coleta PC
procedimentos a serem realizados
Dispõe de canais de comunicação para informar o
Instruções de coleta
preparo necessário conforme procedimentos a serem RDC 302 C
fornecidas para os pacientes
realizados
Cumpre com as diretrizes e protocolos de segurança
NR 32 e RDC 302 Uso de EPI PC
do paciente
Dispõe de mecanismos e procedimentos para
PGRSS, planilha com peso
identificação, rastreabilidade, conservação e descarte RDC 222 C
de lixo biológico
apropriado de amostras de material biológico humano
Dispõe e dissemina protocolos de coleta das diferentes
RDC 302 POP coleta C
amostras de material biológico humano
Cumpre o protocolo multidisciplinar para a segurança Não se
Não se aplica
da cadeia medicamentosa Não se aplica aplica
Dispõe de procedimentos para validar a integridade de Planilha de rejeição de
C
amostras de material biológico humano RDC 302 amostras/POP coleta
Dispõe de mecanismos e procedimentos para POP coleta, instruções
C
assegurar o correto preparo do paciente/cliente RDC 302 coleta
Dispõe de critérios para aceitação, restrição ou Planilha de recoleta, planilha
RDC 302 C
rejeição de amostras de material biológico humano de rejeição de amostras
Identifica necessidade de treinamento e capacitação RDC 302 Educação continuada C
Cumpre protocolo para atendimento de urgências, Não se
Não se aplica
emergências ou intercorrências clínicas Não se aplica aplica
Cumpre as diretrizes de transferência de informação Não se
Não se aplica
para as áreas assistenciais Não se aplica aplica
Considera as características individuais de
RDC 302 POP coleta C
pacientes/clientes
Normas de
Cumpre os protocolos de prevenção e controle de biossegurança, NR POP Biossegurança, mapa
C
infecção e/ou biossegurança 32, RDC 302, RDC de risco
222
Registro de acidente de
Cumpre as diretrizes de notificação de incidentes e
RDC 302 trabalho (fluxograma C
eventos adversos
institucional)
NR 32, RDC 302,
Identifica os riscos assistenciais do paciente/cliente e
normas de Não possui NC
estabelece ações de prevenção
biossegurança
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Quadro 1 – Fase pré-analítica (conclusão).


Norma e/ou
Requisitos ONA 2018 Resolução Evidências Avaliação
Norteadora
Cumpre com as determinações do plano de
RDC 222 PGRSS C
gerenciamento de resíduos
Não se
Cumpre protocolos assistenciais institucionais Não se aplica Não se aplica
aplica
Termo de consentimento
Aplica termo de consentimento RDC 302 C
(HIV, hepatites)
Dispõe de procedimentos de rastreabilidade das Sistema e assinatura na
RDC 302 C
amostras biológicas coleta
Dispõe de critérios de armazenamento e transporte de Planilha de temperatura
C
materiais biológicos RDC 302 geladeira
Monitora as condições de armazenamento e transporte
Planilha de temperaturas C
de materiais biológicos RDC 302
Cumpre os protocolos de transporte de amostra de Não se
Não se aplica Não se aplica
materiais biológicos aplica
Identifica o paciente/cliente nas etapas de
atendimento, coleta, realização do exame e liberação RDC 302 POP recepção/POP coleta C
do laudo
Fonte: Organização Nacional de Acreditação (2018).

Quadro 2 – Fase analítica (continua).


Norma e/ou
Requisitos ONA 2018 Resolução Evidências Avaliação
Norteadora
Dispõe de procedimentos para identificação,
Manual POP Biossegurança,
rastreabilidade, conservação, integridade e
Biossegurança, PGRSS, Sistema C
encaminhamento ou descarte de amostras
PGRSS, RDC 222 Laboratorial, mapa de risco
biológicas
Dispõe de critérios de aceitação, restrição ou Planilha de recoleta/rejeição
RDC 302 C
rejeição de materiais biológicos de amostra
Dispõe de procedimentos para processar POPs setores técnicos e
RDC 302 C
diferentes tipos de materiais biológicos fluxogramas de trabalho
Não se
Estabelece critérios e fluxos de atendimento Não se aplica Não se aplica
aplica
Dispõe de procedimentos para validar e
monitorar a qualidade analítica, com Planilhas CQI, Planilhas
RDC 302 C
programas de controle de qualidade interno e CQE, POPs setores técnicos
externo
Dispõe de critérios e procedimentos para a CQI, POP setor técnico e
RDC 302 C
execução e liberação dos resultados da análise profissional habilitado
Registro de amostras
Dispõe de planos de contingência para
RDC 302 enviadas ao laboratório de C
situações de emergência
apoio
Dispõe de mecanismos de validação de Registro de kits
RDC 302 C
insumos e metodologias planilha de CQI
Estabelece mecanismo seguro de realização de Não se
Não se aplica Não se aplica
testes laboratoriais remotos aplica
Monitora o desempenho de fornecedores e
RDC 302 Não possui NC
laboratórios de apoio

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Quadro 2 – Fase analítica (conclusão).


Norma e/ou
Requisitos ONA 2018 Resolução Evidências Avaliação
Norteadora
Estabelece critérios para armazenamento de Planilha de temperatura de
RDC 302 C
amostras processadas geladeira
Estabelece critérios para validação de novas
Registro de kits
metodologias com base em diretrizes e RDC 302 C
planilha de CQI
evidências científicas
Estabelece critérios para rastreabilidade dos Registro de kits
RDC 302 C
insumos e produtos utilizados planilha de CQI
Estabelece critérios para limites de risco, Planilha de resultados
RDC 302 C
valores críticos críticos
Estabelece critérios para qualificação e
avaliação dos serviços prestados pelo RDC 302 Não possui NC
laboratório de apoio
Fonte: Organização Nacional de Acreditação (2018).

Quadro 3 – Fase pós-analítica (continua).


Norma e/ou
Requisitos ONA 2018 Resolução Evidências Avaliação
Norteadora
Dispõe de mecanismos e procedimentos para
RDC 302, Normas de
identificação, rastreabilidade, conservação, POP Biossegurança,
Biossegurança, RDC C
integridade e encaminhamento ou descarte de PGRSS, mapa de risco
222
amostras biológicas
Comunicação por
Dispõe de procedimentos de notificações para profissional habilitado em
RDC 302 C
valores críticos planilha de resultado
crítico
Dispõe de sistemática voltada para a
RDC 302 Sistema laboratorial C
concordância da interpretação dos exames
Dispõe de critérios e procedimentos para
Sistema laboratorial,
análise, transcrição, retificação, liberação e RDC 302 C
planilha resultado crítico
comunicação de resultados
Dispõe de mecanismos de controle para entrega
Planilha de retirada de
de resultados ao paciente ou seu representante RDC 302 C
exames
autorizado
Dispõe de mecanismos de emissão dos Não se
Não se aplica Não se aplica
resultados parciais nas situações de emergência aplica
Qualifica e avalia o desempenho dos
RDC 302 Não possui NC
laboratórios de apoio
Dispõe de critérios para o processamento e a Fluxograma dos setores
liberação dos diferentes tipos de material RDC técnicos, POPs setores C
biológico técnicos
Cumpre com os critérios e procedimentos de Planilha de rejeição de
aceitação, restrição ou rejeição de componentes RDC 302 amostras, planilha amostra C
sanguíneos rejeição
Dispõe de mecanismos e procedimentos para a
Sistema laboratorial,
rastreabilidade, conservação e descarte de RDC 222, RDC 302 C
PGRSS
material biológico

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Quadro 3 – Fase pós-analítica (conclusão).


Norma e/ou
Requisitos ONA 2018 Resolução Evidências Avaliação
Norteadora
Dispõe de mecanismos de validação de
RDC 302 Sistema laboratorial C
procedimentos de rastreabilidade
Planilha de resultados
Cumpre as diretrizes de notificação de
RDC 302 críticos e de importância C
farmacovigilância
epidemiológica
Fonte: Organização Nacional de Acreditação (2018).

O resultado da avaliação para acreditação requisitos por subseção e por nível, conforme a
está baseado no atendimento do percentual dos Tabela 1:

Tabela 1 – Resultados da avaliação para acreditação nível 1


Acreditação % para N 1 Fase pré-analítica Fase analítica Fase pós-analítica
≥ 70 % C e S 82% C
85% C 91 % C
N1 acreditado ≤ 20% PC 9% PC
15 % NC 9 % NC
≤ 10% NC 9% NC
Fonte: Organização Nacional de Acreditação (2018).

Discussão Cada não conformidade deverá ser


Foram analisadas as três fases laboratoriais, evidenciada no relatório da visita para que
sendo elas pré-analítica, analítica e pós-analítica. obrigatoriamente esse requisito seja atendido na
As subseções da Seção 1 (Gestão Organizacional) próxima avaliação. Os requisitos pontuados como
não foram analisadas, pois derivam da Instituição PC devem ser sinalizados e o relatório deve conter
Mantenedora do laboratório de análises clínicas em planos de melhoria para o atendimento completo
questão, mas vale lembrar que as subseções são: 1.1 destes.
Liderança Organizacional; 1.2 Gestão da A ONA possui foco no planejamento
Qualidade e Segurança; 1.3 Gestão Administrativa organizado dos processos da assistência no que se
e Financeira; 1.4 Gestão de Pessoas; 1.5 Gestão de refere aos documentos e preparo da equipe,
Suprimentos e Logística; 1.6 Gestão da Informação treinamentos, documentações e melhoria contínua
e Comunicação; 1.7 Gestão de Acesso ao Cuidado; em todos os processos, buscando sempre a
1.8 Gestão da Segurança Patrimonial; e 1.9 Gestão excelência.
da Infraestrutura e Tecnologia. A fase pré-analítica é responsável por cerca
Para uma organização ser considerada de 70% dos erros laboratoriais, ou seja, ela é uma
acreditada, deve atingir os percentuais de fase de extrema importância, pois engloba todas as
atendimento aos requisitos por subseção relativos etapas iniciais que antecedem a realização dos
ao nível 1 (Conforme Tabela 1). exames e deve ser realizada seguindo rigorosamente
As não conformidades encontradas durante os processos já estabelecidos pelo LAC. Neste
a avaliação podem ser classificadas em Não estudo, o LAC segue os requisitos básicos dessa fase,
Conformidade Sistêmica e Não Conformidade porém, após a avaliação do Manual ONA, deverá ser
Pontual. A Não Conformidade Sistêmica é aquela implantada a Análise de Modo e Efeito de Falha
que não atende ao requisito, comprometendo o (FMEA – Failure Mode and Effect Analysis), que
processo de forma sistêmica. determina a pertinência, a adequação e a eficácia do
Já a Não Conformidade Pontual é aquela processo que está sendo avaliado, concluindo se ele
que não atende ao requisito de forma pontual, atende aos objetivos estabelecidos. O LAC é baseado
comprometendo apenas o processo, mas não o na análise simultânea de falhas, suas consequências
sistema como um todo (ORGANIZAÇÃO e fatores de riscos associados. Nessa mesma fase,
NACIONAL DE ACREDITAÇÃO, 2018). deve-se também criar um protocolo com as
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informações básicas e necessárias para orientação estudo deve criar um processo que monitore a
dos pacientes antes da realização dos exames (jejum, qualificação dos fornecedores e do laboratório de
restrições alimentares e exercícios físicos). apoio. A qualificação dos fornecedores é um
A fase analítica dá continuidade aos processo complexo, pois precisa estabelecer, validar
processos referentes à fase pré-analítica, ou seja, é e aplicar os critérios de avaliação e capacitação
a fase de realização dos exames. Nela são eviden- técnica e financeira dos proponentes. Um sistema de
ciadas as principais consequências tecnológicas qualificação de fornecedores tem o objetivo de
envolvendo automação e desenvolvimento de minimizar os riscos de uma relação conturbada entre
novas metodologias. o comprador e o fornecedor de produtos ou serviços
Já a pós-analítica abrange todos os terceirizados.
procedimentos feitos após a realização dos exames, Em todas as fases laboratoriais foi detectada
incluindo análise de resultados, liberação de laudos, uma não conformidade considerada sistêmica,
armazenamento de amostras e arquivamento de porém será aplicada a ferramenta 5W2H (vide
resultados. Após avaliação do Manual ONA para Quadro 4) para elaboração de um plano de ação e
essas fases, foi verificado que o laboratório em será necessária uma nova avaliação.

Quadro 4 – Aplicação da ferramenta 5W2H no laboratório de análises clínicas baseada nas adequações da ONA
How much
What Who Where When Why How
(Quanto
(O que)? (Quem)? (Onde)? (Quando)? (Por que)? (Como)?
custa)?
Orientar os Instruções
Início do Para evitar acidentes
pacientes com escritas para Sem custos
Biomédico Laboratório mês de com
relação às normas facilitar o adicionais
maio/2020 perfurocortantes
de biossegurança entendimento
Implantar
Para evitar possíveis
ferramenta Início do Utilização da
acidentes no Sem custos
FMEA para Biomédico Laboratório mês de ferramenta
laboratório de adicionais
gerenciamento de maio/2020 FMEA
análises clínicas
riscos
Criar um sistema Permitir a
Monitorar o Treinamento
de avaliação e rastreabilidade dos
desempenho dos Início do com equipe do Custo da
qualidade de exames
fornecedores e do Biomédico mês de laboratório de hora do
fornecedores terceirizados e a
laboratório de maio/2020 apoio, com visita biomédico
para laboratórios padronização dos
apoio programada
de apoio resultados
Fonte: Organização Nacional de Acreditação (2018).

CONCLUSÃO De acordo com os critérios estabelecidos


O laboratório de análises clínicas em estudo pelo Manual da ONA versão 2018, o laboratório
seria acreditado pelo Nível 1 após a resolução das deverá se filiar a uma Instituição Acreditadora
não conformidades apontadas e uma nova visita Credenciada (IAC) para que sejam realizadas as
para avaliação. avaliações e futuras acreditações por meio de
O processo de avaliação deve ser orientado metodologias definidas nas Normas Acreditadoras
por uma visita técnica ou auditoria baseada nos e no Manual Brasileiro de Acreditação (ONA).
requisitos do Manual Brasileiro de Acreditação das A implantação de programas de acreditação
Organizações Prestadoras de Serviços de Saúde. na rotina laboratorial fortalece o controle dos
Após avaliação e relatório técnico, as melhorias processos definidos, o relacionamento entre as
devem ser implantadas e uma nova visita deve ser pessoas envolvidas e a garantia da prestação de um
agendada, abrindo, assim, uma oportunidade para serviço dentro dos padrões técnicos exigidos, evita
que a organização reajuste os pontos notificados desperdícios, reduz custos e aumenta a produtividade
durante a avaliação. e o reconhecimento do serviço de saúde.

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