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AULA 2

AUDITORIA AMBIENTAL
SIMULADA E PRÁTICA DO
AUDITOR

Ana Lizete Farias


CONVERSA INICIAL
As auditorias ambientais remontam aos anos 1970, com a realização de
análises críticas – voluntárias – do desempenho ambiental ou das conformidades
legais das empresas. Inicialmente, tinham o objetivo de reduzir o risco dos
investidores, mas, à medida que o volume e o impacto de grandes acidentes
ambientais aumentaram, os processos de verificação também se intensificaram a
partir dos anos 80, pois as empresas começaram a temer o rigor das leis
ambientais, dado o alto custo decorrentes de multas e termos de ajustes.
Nesta aula, vamos conhecer os principais tipos de auditoria e como são
estabelecidos seus requisitos normativos e seus objetivos. Também vamos
estudar a relevância das certificações no âmbito da sustentabilidade empresarial,
quem são os atores envolvidos e suas competências.

CONTEXTUALIZANDO
Após a Volkswagen ter reconhecido que instalou um software para
driblar controles de emissões de poluentes de carros nos Estados
Unidos, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) decidiu abrir uma
investigação contra a montadora para avaliar se a fraude também foi
aplicada no Brasil. [...]
Caso seja confirmada a manipulação nos automóveis brasileiros, a
Volkswagen poderá ser multada em até 50 milhões de reais e será
obrigada a fazer um recall para corrigir todos os veículos que
eventualmente tenham sido submetidos à alteração no software. [...]
[...] a Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA) emitiu um aviso
de violação de sua legislação de poluição atmosférica pela Volkswagen
AG, pela Audi AG e pelo Grupo Volkswagen da America Inc. A EPA
acusou a montadora de instalar, de forma deliberada, um programa
desenhado para evitar os limites às emissões de veículos dos EUA. Os
testes identificaram que esses veículos, em uso normal, emitem 40
vezes mais poluição do que o máximo permitido pela norma americana,
segundo a EPA. A violação se refere a veículos movidos a Diesel de
quatro cilindros comercializados pelas montadoras no período de 2009
a 2015.
Os modelos afetados incluem as versões a diesel do Passat, assim como
o VW Beetle, o Jetta e o Golf. O Audi A3 também está sendo investigado.
No mês passado, os modelos a diesel representaram 23% das vendas
da marca VW nos EUA, segundo nota da companhia à imprensa.
Após a descoberta da fraude, a cotação da Volkswagen despencou na
mesma semana na Bolsa de Frankfurt, chegando ao seu valor mínimo
em três anos, com uma queda próxima a 20% durante a jornada – o que
representa uma redução de 15,6 bilhões de euros (70 bilhões de reais)
no seu valor de mercado. [...] o presidente da montadora desde 2007,
Martin Winterkorn, não aguentou a pressão e renunciou ao cargo.
(Mendonça, 2015)
Ao final do ano 2016, as reparações decorrentes do escândalo e as
possíveis sanções ainda não haviam parado. Esse caso da Volks é emblemático

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e pode ser analisado de diversas formas, desde a ética, a saúde, a segurança, a
gestão até as questões ambientais.
Para você, o que essa situação nos revela sobre a importância da auditoria
ambiental? Como você vê o papel da auditoria ambiental nessa situação? Que
tipo de auditoria você utilizaria para detectar esse tipo de situação?

TEMA 1 – CLASSIFICAÇÃO E TIPOS

[...] a auditoria ambiental é um instrumento de gestão que compreende


uma avaliação sistemática, documentada, periódica e objetiva sobre a
organização, a gestão e os equipamentos ambientais, visando auxiliar e
resguardar o meio ambiente, facilitando a gestão do controle das práticas
ambientais e avaliando a compatibilidade com as demais políticas da
empresa.
Auditoria ambiental pode ser conceituada como um conjunto de
atividades organizadas para verificação e avaliação da relação entre a
produção e meio ambiente. É uma ferramenta que permite, a partir dos
resultados de seus exames, a administração o uso de medidas corretivas
para problemas ambientais eventualmente detectados. (Oliveira, 2014,
p. 15)
Os objetivos das auditorias ambientais estão vinculados à proteção do
ambiente, pois apoiam a gestão das práticas ambientais, o cumprimento das
políticas ambientais adotadas pelas empresas e as regulamentações já
existentes.
Objetivos
 Identificar e documentar o status da conformidade ambiental.
 Prover confiança ao administrador sênior.
 Auxiliar os administradores a melhorar o desempenho ambiental da
empresa.
 Acelerar o desenvolvimento dos sistemas de gestão ambiental.
 Aperfeiçoar o sistema de gestão de riscos ambientais.
 Proteger a empresa de responsabilidades ambientais.
 Desenvolver uma base para a utilização de recursos ambientais.
(Barbieri, 2007, p. 220)

À medida que as questões ambientais passaram a ganhar o interesse dos


cidadãos, as auditorias também ganharam novas formas e especificidade.
Segundo Barbieri (2007), existem sete modelos de auditorias ambientais que
podem ser aplicáveis a qualquer tipo de empreendimento.

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Figura 1 – Modelos de auditoria ambiental

Auditoria
ambiental

Auditoria de Auditoria de
Auditoria de Auditoria due Auditoria pós- Auditoria de
desempenho desperdícios e Auditoria de SGA
conformidade dilligence acidente fornecedor
ambiental emissões

Curi (2011) apresenta as seguintes definições para cada um dos modelos:


a) Auditoria de conformidade (ou Auditorias de cumprimento):
Preocupação estritamente legalista, ou seja, de verificar se as atividades
da empresa estão de acordo com as normas municipais, estaduais ou
federais aplicáveis ao setor. Também devem monitorar:
 a situação das licenças (prazos de validade e os cumprimentos
das exigências feitas pelo órgão ambiental);
 a situação das ações judiciais contra a empresa.
b) Auditoria de desempenho ambiental
Tem como objetivo avaliar o impacto das unidades produtivas sobre a
natureza, medindo as emissões de poluentes e o consumo de matéria-
prima, água e energia, por exemplo. Nesse caso, Cumprir a lei não é o
bastante mas também é preciso implantar políticas ambientais próprias,
capazes de reduzir a até mesmo neutralizar os efeitos nocivos do
empreendimento. Ao contrário das de conformidade, essas auditorias
não ficam restritas aos ditames da lei.
c) Auditoria de due diligence
Geralmente são utilizadas em situações de fusões, cisão, compra ou
venda, considerando , além do balanço patrimonial da empresa, os seus
ativos e passivos ambientais, incorporando-os ao seu valor final.

Observe a seguir os conceitos de Ativos e Passivos Ambientais:


• Ativos ambientais: São os bens adquiridos pela empresa que têm
como finalidade controle, preservação e recuperação do meio
ambiente.
• Passivos ambientais: Obrigações da empresa em relação à
terceiros, exigindo a entrega de ativos ou prestação de serviços em um
momento futuro, em decorrência de transações passadas ou
presentes.
d) Auditoria de desperdícios e emissões
Como o próprio nome indica, as auditorias de desperdícios e emissões
têm por objetivo medir o impacto ambiental de um empreendimento.
Quando realizadas periodicamente, podem ajudar a gestão a fazer os
ajustes necessários para melhorar seu desempenho e prevenir
acidentes.
e) Auditoria pós-acidente
As auditorias pós-acidente são um passo importante para remediar os
danos ambientais e corrigir as causas da falha. Em primeiro lugar, os
auditores devem identificar os responsáveis pelo acidente e avaliar o
tamanho dos estragos, em seguida podem ajudar a empresa apontando
maneiras de conter a expansão dos danos e regenerar a áreas
impactadas.
f) Auditoria de fornecedor
Investigam os aspectos ambientais dos produtos e serviços do
fornecedor sendo úteis tanto na hora de renovar um contrato como para
selecionar novos fornecedores.
g) Auditoria de Sistema de Gestão Ambiental (SGA)

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Aqui o motivo é a avaliação do desempenho do SGA, uma verificação
da sua conformidade com a política ambiental ou até a obtenção de uma
certificação. Dependendo da equipe responsável por sua condução, a
auditoria pode ser de três tipos principais:
 Auditoria de primeira parte: seu objetivo pode ser, por exemplo,
avaliar o SGA para elaborar uma autodeclaração, a fim de divulgar o
desempenho socioambiental da empresa;
 Auditoria de segunda parte: quem examina o SGA são
organizações fornecedoras ou clientes da empresa auditada.
 Auditoria de terceira parte: o SGA é auditado por uma equipe
independente, sem vínculos com a organização. Se o objetivo for a
concessão de um certificado, os auditores serão representantes de uma
O.C.C. Organismo de Certificação Credenciado, (ou seja: Organismo
público, privado ou misto, de terceira parte, que atende aos requisitos de
credenciamento estabelecidos pela CGCRE/INMETRO. O O.C.C. tem
por finalidade certificar a conformidade do sistema de gestão da
qualidade de uma empresa, em um ou mais de seus escopos)

Há, ainda, outros tipos de auditorias, conforme apresentado a seguir.

a. Auditorias segundo Órgãos Nacionais e Internacionais


Câmara Internacional do Comércio (ICC), a qual ainda estabelece uma
subdivisão em três partes:
 Atividades de pré-auditoria:
Durante a chamada pré-auditoria, toma-se uma série de decisões
ligadas ao planejamento. São escolhidos:
 o local;
 os temas a serem a serem analisados;
 as atividades ou unidades da empresa que serão submetidas à
inspeção;
 a equipe de auditores;
 prazo para coleta de dados e análises.
 Atividades na unidade
Uma vez finalizadas as atividades de pré-auditoria, chega a hora dos
auditores serem encaminhados ao local escolhido para a inspeção para
uma melhor compreensão do SGA auditado. Essas atividades são ainda
subdivididas em 5 passos (BARBIERI, 2007):
 compreensão do SGA;
 avaliação das evidências;
 elaboração relatório preliminar;
 identificação dos pontos fortes e fracos;
 reunião de evidências.
 Atividades de pós-auditoria

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Com base nas constatações preliminares, a equipe elabora um relatório
final na última etapa, ou pós-auditoria, o qual deverá ser distribuído.
Aqui, é interessante que sejam sugeridas soluções, pelos auditores, sem
deixar de elogiar também os aspectos positivos do SGA auditado.

b. Auditoria ambiental segundo a ISO 19011


Embora a ISO 14000 já apresentasse critérios para a condução de
auditorias ambientais, a ISO disponibilizou em 2002 a norma ISO 19011,
substituindo as regras dispostas anteriormente sobre o assunto.
Nela, são dadas orientações sobre: princípios de auditoria, realização de
auditorias de sistema de gestão de qualidade e ambiental, bem como sobre
a competência e a avaliação dos auditores.
Para estruturar melhor as inspeções, a norma ISO 19011 trouxe uma
novidade, o conceito de programas de auditoria. Na teoria, eles designam
um conjunto de auditorias agendadas dentro de um determinado período
com o objetivo de tratar temas específicos. Na prática, a função dos
programas é limitar o escopo de cada ciclo de auditoria.

c. Auditoria ambiental segundo o Conselho Nacional de Meio Ambiente


(Conama)
Segundo essa organização, as auditorias devem ser conduzidas por
entidades de terceira parte, tendo todos os procedimentos documentados,
gerando, ao final, um relatório que contenha no mínimo oito itens
indispensáveis (Barbieri, 2007):
1. Membros da equipe de auditoria e distribuição de tarefas.
2. Descrição dos aspectos operacionais e administrativos do setor da
empresa e das instalações auditadas.
3. Escolha da metodologia e dos critérios que orientaram a auditoria.
4. Período coberto pela auditoria.
5. Documentos, normas e regulamentos de referência.
6. Lista de documentos e unidades auditadas.
7. Lista de pessoas entrevistadas durante a auditoria e suas respectivas
funções na empresa auditada.
8. Conclusões da auditoria, incluindo a identificação de conformidades e
não conformidades.

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Ainda de acordo com o Conama, o plano de ação precisa conter no mínimo
os seguintes componentes:
 ações corretivas e preventivas para extinguir os problemas com não
conformidades indicados no relatório da auditoria ambiental;
 cronograma para colocar em prática o plano de ação;
 indicação de uma equipe responsável pela implantação das medidas;
 cronograma para avaliação da eficiência do plano de ação e para
elaboração de um relatório.

Por fim, temos a Auditoria Interna, que surge como uma ramificação da
auditoria externa ou independente. Nela, o auditor interno é um funcionário da
empresa que não deve estar subordinado àqueles cujo trabalho examina, além do
fato de também não desenvolver atividades que possa um dia vir a examinar, para
que não interfira em sua independência. Sua finalidade é desenvolver um plano
de ação que auxilie a organização a alcançar seus objetivos adotando uma
abordagem sistêmica e disciplinada para a avaliação e a melhora da eficácia dos
processos de gerenciamento de riscos, com o objetivo de adicionar valor e
melhorar as operações e os resultados da organização e, portanto, prestando
ajuda a alta administração por meio de análises, recomendações e comentários
objetivos do que foi auditado.
Para atingir seus objetivos, precisa desempenhar as atividades abaixo
relacionadas:
 revisar e avaliar a eficácia, a suficiência e a aplicação dos controles
operacionais relativos à questão ambiental;
 determinar a extensão do cumprimento das normas, dos planos e dos
procedimentos vigentes;
 determinar a extensão dos controles sobre a existência dos ativos e
passivos ambientais da empresa e da sua proteção contra todo tipo de
perda;
 avaliar a qualidade alcançada na execução de tarefas determinadas para o
cumprimento das respectivas responsabilidades;
 avaliar os riscos estratégicos e de negócio da organização.

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TEMA 2 – ABRANGÊNCIA, LIMITES E REGULAMENTOS
Uma vez que a auditoria foi acordada com a alta direção da empresa, a
abrangência pode ser desde um único departamento ou setor até a organização
toda, fato que será influenciado pelo tamanho, pela natureza e pela complexidade
da organização a ser auditada, tais como:
 escopo, objetivo e duração da auditoria;
 frequência;
 número, importância, complexidade, semelhança e localizações das
atividades;
 requisitos normativos, estatutários, regulamentares e contratuais e outros
critérios de auditoria;
 necessidade para credenciamento, certificação;
 conclusões de auditorias anteriores ou resultado de análise crítica de um
programa de auditoria anterior;
 qualquer questão relativa ao idioma, à cultura e ao social;
 preocupações das partes interessadas;
 mudanças significativas para uma organização ou suas operações.

No escopo, que deve ser definido de forma clara e objetiva entre o cliente
e o auditor líder, será levado em consideração:
 a localização geográfica;
 os limites organizacionais (em toda empresa? Em todas as áreas de
atuação? Somente a questão ambiental?);
 o objeto de auditagem (isolada ou em conjunto com outros setores, como
saúde, segurança do trabalhador...?);
 o período de auditagem (apenas uma visita? Uma semana?);
 tema ambiental (poluição do ar? Poluição da água? Avaliação de riscos e
desastres ambientais?).

TEMA 3 – VANTAGENS E BENEFÍCIOS DA AUDITITORIA DIANTE DO DESAFIO


DA SUSTENTABILIDADE
O conceito de desenvolvimento sustentável abrange várias áreas,
assentando essencialmente num ponto de equilíbrio entre o crescimento

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econômico, a equidade social e a proteção do ambiente. Fundamentalmente, é
ver o mundo de jeitos diferentes a partir da ótica social, ambiental e econômica.
O tripé da sustentabilidade, também chamado de triple bottom line, ou
pessoas, planeta, prosperidade, corresponde aos resultados de uma
organização medidos em termos sociais, ambientais e econômicos. São
apresentados nos relatórios corporativos das empresas comprometidas com o
desenvolvimento sustentável e, assim como as auditorias ambientais, são
medições de caráter voluntário.
As auditorias ambientais, sejam da natureza que forem, com o fim de obter
ou não uma certificação, são também um aspecto importante no processo de
busca da sustentabilidade pelas empresas, o que hoje pode, inclusive, ser um
fator diferencial em relação à obtenção de crédito em instituições financeiros.
Entre seus principais benefícios, estão
 identificação e registro das conformidades e das não conformidades;
 melhoria da imagem da empresa;
 assessoramento à alocação de recursos (financeiro, tecnológico e
humano);
 prioridade às atividades de controle de poluição;
 avaliação dos riscos ambientais.
 verificação da operação da atividade;
 avaliação da conformidade com o gerenciamento das atividades.
 garantia da geração de menos resíduos;
 obtenção de economia de custos;
 produção e organização de informações ambientais consistentes e
atualizadas do desempenho ambiental da empresa.
 facilidade na comparação e no intercâmbio de informações entre as
unidades da empresa.

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Figura 2 – Sintetização dos benefícios da auditoria

TEMA 4 – AUDITOR AMBIENTAL


Um processo de auditoria não é um processo isolado, feito somente por um
profissional, envolve diferentes pessoas, as quais têm funções e
responsabilidades específicas. Entre os integrantes de uma auditoria, estão
 auditor líder;
 auditor;
 cliente;
 auditado;
 demais membros da equipe.

4.1 Auditor líder


É a figura principal no processo de condução de uma auditoria ambiental.
É o responsável por assegurar ao cliente a eficiência e a eficácia da auditoria.
Entre suas responsabilidades, estão
 determinar os critérios e o escopo da auditoria em conjunto com o cliente
e, se for o caso, com o auditado;
 obter informações necessárias e suficientes para atingir os objetivos da
auditoria – detalhes das atividades, dos produtos e dos serviços do
auditado;
 localidade, imediações e detalhes de auditorias anteriores;

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 determinar se foram atendidos os requisitos para uma auditoria ambiental:
foco ambiental, informações suficientes, recursos e cooperação
adequados;
 formar a equipe de auditoria, evitando conflitos de interesses e submetendo
sua composição à concordância do cliente.

4.2 Auditor
A principal responsabilidade do auditor é seguir as instruções do auditor
líder, dando-lhe apoio e
 planejando e executando a tarefa que lhe for incumbida com objetividade,
eficácia e eficiência, dentro do escopo da auditoria;
 coletando e analisando evidências de auditoria, relevantes e suficientes,
para definir as constatações de auditoria;
 preparando documentos de trabalho sob a orientação do auditor líder;
 documentando cada constatação de auditoria.

4.3 Cliente
As responsabilidades do cliente abrangem
 determinar a necessidade da auditoria;
 contatar o auditado para obter sua total cooperação e iniciar o processo,
quando o auditado e o cliente não forem a mesma organização;
 definir os objetivos da auditoria;
 selecionar o auditor líder ou a organização auditora e, se apropriado,
aprovar a composição da equipe de auditoria.

4.4 Auditado
Ao auditado cabe
 informar aos funcionários os objetivos e o escopo da auditoria, conforme
necessário;
 prover a equipe dos recursos necessários para um processo de auditoria
eficaz e eficiente;
 designar pessoal responsável e competente para acompanhar os membros
da equipe de auditoria, atuando como guia e assegurando que os auditores

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estejam atentos a aspectos como saúde, segurança e outros requisitos
apropriados;
 dar acesso às instalações, ao pessoal, às informações e aos registros
pertinentes, conforme solicitado pelos auditores.

A equipe ainda pode conter outros integrantes, como um secretário(a),


responsável pelos registros ou mesmo um observador(a) de externalidades que
note fatos e informações que ajudem a equipe de auditoria.
Sobre a qualificação dos auditores ambientais, o requisito 7 da ISO
19011:2012 discorre sobre a competência e a avaliação dos auditores,
especificando em seus subitens os requisitos necessários para um auditor do
sistema de gestão da qualidade e/ ou ambiental, abaixo explicitado:
Convém que os auditores demonstrem comportamento profissional
durante o desempenho das atividades de auditoria, incluindo os
seguintes:
 ético, isto é, justo, verdadeiro, sincero, honesto e discreto;
 mente aberta, isto é, disposto a considerar ideias ou pontos de vista
alternativos;
 diplomático, isto é, com tato para lidar com as pessoas;
 observador, isto é, estar atento à circunvizinhança e às atividades
físicas;
 perceptivo, isto é, estar consciente e ser capaz de entender
situações;
 versátil, isto é, ser capaz de prontamente se adaptar a diferentes
situações;
 tenaz, isto é, persistente, focado em alcançar objetivos;
 decisivo, isto é, ser capaz de chegar a conclusões em tempo hábil,
baseado em razões lógicas e análise;
 autoconfiante, isto é, ser capaz de agir e atuar independentemente,
enquanto interage de forma eficaz com outros;
 agir com firmeza, isto é, ser capaz de atuar de forma ética e
responsável, mesmo quando essas ações possam não ser sempre
populares e possam algumas vezes resultar em desacordo ou
confronto;
 aberto a melhorias, isto é, aprender a partir das situações e esforçar-
se para obter melhores resultados da auditoria;
 sensibilidade cultural, isto é, observar e respeitar a cultura do
auditado;
 colaborativo, isto é, interagir de forma eficaz com outros, incluindo,
os membros da equipe auditora e o pessoal do auditado. (ABNT,
2012, p. 38)

A figura a seguir mostra como esses itens da norma descrevem de uma


maneira ampla a avaliação e a escolha do auditor ambiental, bem como suas
competências. Veremos em detalhes esses aspectos nas próximas aulas.

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Figura 3 – Conceito de competência

Fonte: ABNT, 2002, p. 18.

FINALIZANDO
Vamos relembrar os questionamentos da seção contextualizado, no início
de nossa aula: “Para você, o que essa situação nos revela sobre a importância da
auditoria ambiental? Como você vê o papel da auditoria ambiental nessa
situação? Que tipo de auditoria você utilizaria para detectar esse tipo de
situação?”. Com base no que estudamos nesta aula, podemos analisar o papel
da auditoria ambiental nessas situações.
Inicialmente, é importante compreender que a busca do tripé da
sustentabilidade é um fato relativamente recente na nossa história, em torno de
50 anos atrás, o que pode ser considerado um período curto em relação ao
processo de degradação histórico, o que significa que as empresas, mesmo as de
grande porte, ainda estão em fase de aprendizado. Por isso, a mídia e a ação da
sociedade civil organizada são tão importantes.
A auditoria ambiental não deve ser tratada como um ato de fiscalização,
obrigatório nem como solução definitiva para problemas ambientais, pois a
auditoria não é obrigatória, mas, sim, um instrumento voluntário e, portanto,
elemento de diferenciação entre as empresas. Lembre-se de que a
obrigatoriedade se dá quando a auditoria ambiental visa atender a uma
determinação do setor público ou do órgão ambiental.

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O interessante é que – confirmado o fato nessas grandes proporções e que
inclusive afetou uma imensa cadeia de fornecedores e outras fabricantes – seja
feito não apenas um tipo de auditoria, mas um combinado delas, permitindo uma
análise global das situações que contribuíram para tal acontecimento e
estabelecendo possibilidades mais seguras de prevenção.
Dessa forma, a Auditoria Ambiental torna-se um instrumento técnico que
busca melhorar relações de parceria, envolvimento e confiança da organização
com todo o público por ela afetado. Além disso, aumenta a eficiência ambiental, a
conscientização dos funcionários, o atendimento às expectativas da comunidade
onde está inserida e, com isso, o comprometimento com o desenvolvimento
sustentável.

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REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR ISO 14001: 2015.
Sistema de Gestão ambiental – Requisitos com Orientações para uso. Rio de
Janeiro, 2015.

_____. ABNT NBR ISO 19011: 2012. Diretrizes para auditorias de sistema de
gestão da qualidade e/ ou ambiental. Rio de Janeiro, 2012.

AUDITORIA ambiental. Wikipédia. Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Auditoria_ambiental>. Acesso em: 20 dez. 2016.

BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e


instrumentos. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

CURY, D. (Org.). Gestão ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.

MENDONÇA, H. Após escândolo mundial, Ibama vai invetigar Volkswagen no


Brasil. El País, 25 set. 2015. Disponível em:
<http://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/25/politica/1443210899_618743.html>.
Acesso em: 24 jun. 2017.

OLIVEIRA, L. de G. N. Auditorias ambientais como modelo de imposição


internacional. 89 f. Monografia (Pós-graduação em Gestão Ambiental) – AVM
Faculdade Integrada, Rio de Janeiro, 2014.

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