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AUDITORIA AMBIENTAL
SIMULADA E PRÁTICA DO
AUDITOR
CONTEXTUALIZANDO
Após a Volkswagen ter reconhecido que instalou um software para
driblar controles de emissões de poluentes de carros nos Estados
Unidos, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) decidiu abrir uma
investigação contra a montadora para avaliar se a fraude também foi
aplicada no Brasil. [...]
Caso seja confirmada a manipulação nos automóveis brasileiros, a
Volkswagen poderá ser multada em até 50 milhões de reais e será
obrigada a fazer um recall para corrigir todos os veículos que
eventualmente tenham sido submetidos à alteração no software. [...]
[...] a Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA) emitiu um aviso
de violação de sua legislação de poluição atmosférica pela Volkswagen
AG, pela Audi AG e pelo Grupo Volkswagen da America Inc. A EPA
acusou a montadora de instalar, de forma deliberada, um programa
desenhado para evitar os limites às emissões de veículos dos EUA. Os
testes identificaram que esses veículos, em uso normal, emitem 40
vezes mais poluição do que o máximo permitido pela norma americana,
segundo a EPA. A violação se refere a veículos movidos a Diesel de
quatro cilindros comercializados pelas montadoras no período de 2009
a 2015.
Os modelos afetados incluem as versões a diesel do Passat, assim como
o VW Beetle, o Jetta e o Golf. O Audi A3 também está sendo investigado.
No mês passado, os modelos a diesel representaram 23% das vendas
da marca VW nos EUA, segundo nota da companhia à imprensa.
Após a descoberta da fraude, a cotação da Volkswagen despencou na
mesma semana na Bolsa de Frankfurt, chegando ao seu valor mínimo
em três anos, com uma queda próxima a 20% durante a jornada – o que
representa uma redução de 15,6 bilhões de euros (70 bilhões de reais)
no seu valor de mercado. [...] o presidente da montadora desde 2007,
Martin Winterkorn, não aguentou a pressão e renunciou ao cargo.
(Mendonça, 2015)
Ao final do ano 2016, as reparações decorrentes do escândalo e as
possíveis sanções ainda não haviam parado. Esse caso da Volks é emblemático
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e pode ser analisado de diversas formas, desde a ética, a saúde, a segurança, a
gestão até as questões ambientais.
Para você, o que essa situação nos revela sobre a importância da auditoria
ambiental? Como você vê o papel da auditoria ambiental nessa situação? Que
tipo de auditoria você utilizaria para detectar esse tipo de situação?
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Figura 1 – Modelos de auditoria ambiental
Auditoria
ambiental
Auditoria de Auditoria de
Auditoria de Auditoria due Auditoria pós- Auditoria de
desempenho desperdícios e Auditoria de SGA
conformidade dilligence acidente fornecedor
ambiental emissões
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Aqui o motivo é a avaliação do desempenho do SGA, uma verificação
da sua conformidade com a política ambiental ou até a obtenção de uma
certificação. Dependendo da equipe responsável por sua condução, a
auditoria pode ser de três tipos principais:
Auditoria de primeira parte: seu objetivo pode ser, por exemplo,
avaliar o SGA para elaborar uma autodeclaração, a fim de divulgar o
desempenho socioambiental da empresa;
Auditoria de segunda parte: quem examina o SGA são
organizações fornecedoras ou clientes da empresa auditada.
Auditoria de terceira parte: o SGA é auditado por uma equipe
independente, sem vínculos com a organização. Se o objetivo for a
concessão de um certificado, os auditores serão representantes de uma
O.C.C. Organismo de Certificação Credenciado, (ou seja: Organismo
público, privado ou misto, de terceira parte, que atende aos requisitos de
credenciamento estabelecidos pela CGCRE/INMETRO. O O.C.C. tem
por finalidade certificar a conformidade do sistema de gestão da
qualidade de uma empresa, em um ou mais de seus escopos)
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Com base nas constatações preliminares, a equipe elabora um relatório
final na última etapa, ou pós-auditoria, o qual deverá ser distribuído.
Aqui, é interessante que sejam sugeridas soluções, pelos auditores, sem
deixar de elogiar também os aspectos positivos do SGA auditado.
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Ainda de acordo com o Conama, o plano de ação precisa conter no mínimo
os seguintes componentes:
ações corretivas e preventivas para extinguir os problemas com não
conformidades indicados no relatório da auditoria ambiental;
cronograma para colocar em prática o plano de ação;
indicação de uma equipe responsável pela implantação das medidas;
cronograma para avaliação da eficiência do plano de ação e para
elaboração de um relatório.
Por fim, temos a Auditoria Interna, que surge como uma ramificação da
auditoria externa ou independente. Nela, o auditor interno é um funcionário da
empresa que não deve estar subordinado àqueles cujo trabalho examina, além do
fato de também não desenvolver atividades que possa um dia vir a examinar, para
que não interfira em sua independência. Sua finalidade é desenvolver um plano
de ação que auxilie a organização a alcançar seus objetivos adotando uma
abordagem sistêmica e disciplinada para a avaliação e a melhora da eficácia dos
processos de gerenciamento de riscos, com o objetivo de adicionar valor e
melhorar as operações e os resultados da organização e, portanto, prestando
ajuda a alta administração por meio de análises, recomendações e comentários
objetivos do que foi auditado.
Para atingir seus objetivos, precisa desempenhar as atividades abaixo
relacionadas:
revisar e avaliar a eficácia, a suficiência e a aplicação dos controles
operacionais relativos à questão ambiental;
determinar a extensão do cumprimento das normas, dos planos e dos
procedimentos vigentes;
determinar a extensão dos controles sobre a existência dos ativos e
passivos ambientais da empresa e da sua proteção contra todo tipo de
perda;
avaliar a qualidade alcançada na execução de tarefas determinadas para o
cumprimento das respectivas responsabilidades;
avaliar os riscos estratégicos e de negócio da organização.
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TEMA 2 – ABRANGÊNCIA, LIMITES E REGULAMENTOS
Uma vez que a auditoria foi acordada com a alta direção da empresa, a
abrangência pode ser desde um único departamento ou setor até a organização
toda, fato que será influenciado pelo tamanho, pela natureza e pela complexidade
da organização a ser auditada, tais como:
escopo, objetivo e duração da auditoria;
frequência;
número, importância, complexidade, semelhança e localizações das
atividades;
requisitos normativos, estatutários, regulamentares e contratuais e outros
critérios de auditoria;
necessidade para credenciamento, certificação;
conclusões de auditorias anteriores ou resultado de análise crítica de um
programa de auditoria anterior;
qualquer questão relativa ao idioma, à cultura e ao social;
preocupações das partes interessadas;
mudanças significativas para uma organização ou suas operações.
No escopo, que deve ser definido de forma clara e objetiva entre o cliente
e o auditor líder, será levado em consideração:
a localização geográfica;
os limites organizacionais (em toda empresa? Em todas as áreas de
atuação? Somente a questão ambiental?);
o objeto de auditagem (isolada ou em conjunto com outros setores, como
saúde, segurança do trabalhador...?);
o período de auditagem (apenas uma visita? Uma semana?);
tema ambiental (poluição do ar? Poluição da água? Avaliação de riscos e
desastres ambientais?).
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econômico, a equidade social e a proteção do ambiente. Fundamentalmente, é
ver o mundo de jeitos diferentes a partir da ótica social, ambiental e econômica.
O tripé da sustentabilidade, também chamado de triple bottom line, ou
pessoas, planeta, prosperidade, corresponde aos resultados de uma
organização medidos em termos sociais, ambientais e econômicos. São
apresentados nos relatórios corporativos das empresas comprometidas com o
desenvolvimento sustentável e, assim como as auditorias ambientais, são
medições de caráter voluntário.
As auditorias ambientais, sejam da natureza que forem, com o fim de obter
ou não uma certificação, são também um aspecto importante no processo de
busca da sustentabilidade pelas empresas, o que hoje pode, inclusive, ser um
fator diferencial em relação à obtenção de crédito em instituições financeiros.
Entre seus principais benefícios, estão
identificação e registro das conformidades e das não conformidades;
melhoria da imagem da empresa;
assessoramento à alocação de recursos (financeiro, tecnológico e
humano);
prioridade às atividades de controle de poluição;
avaliação dos riscos ambientais.
verificação da operação da atividade;
avaliação da conformidade com o gerenciamento das atividades.
garantia da geração de menos resíduos;
obtenção de economia de custos;
produção e organização de informações ambientais consistentes e
atualizadas do desempenho ambiental da empresa.
facilidade na comparação e no intercâmbio de informações entre as
unidades da empresa.
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Figura 2 – Sintetização dos benefícios da auditoria
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determinar se foram atendidos os requisitos para uma auditoria ambiental:
foco ambiental, informações suficientes, recursos e cooperação
adequados;
formar a equipe de auditoria, evitando conflitos de interesses e submetendo
sua composição à concordância do cliente.
4.2 Auditor
A principal responsabilidade do auditor é seguir as instruções do auditor
líder, dando-lhe apoio e
planejando e executando a tarefa que lhe for incumbida com objetividade,
eficácia e eficiência, dentro do escopo da auditoria;
coletando e analisando evidências de auditoria, relevantes e suficientes,
para definir as constatações de auditoria;
preparando documentos de trabalho sob a orientação do auditor líder;
documentando cada constatação de auditoria.
4.3 Cliente
As responsabilidades do cliente abrangem
determinar a necessidade da auditoria;
contatar o auditado para obter sua total cooperação e iniciar o processo,
quando o auditado e o cliente não forem a mesma organização;
definir os objetivos da auditoria;
selecionar o auditor líder ou a organização auditora e, se apropriado,
aprovar a composição da equipe de auditoria.
4.4 Auditado
Ao auditado cabe
informar aos funcionários os objetivos e o escopo da auditoria, conforme
necessário;
prover a equipe dos recursos necessários para um processo de auditoria
eficaz e eficiente;
designar pessoal responsável e competente para acompanhar os membros
da equipe de auditoria, atuando como guia e assegurando que os auditores
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estejam atentos a aspectos como saúde, segurança e outros requisitos
apropriados;
dar acesso às instalações, ao pessoal, às informações e aos registros
pertinentes, conforme solicitado pelos auditores.
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Figura 3 – Conceito de competência
FINALIZANDO
Vamos relembrar os questionamentos da seção contextualizado, no início
de nossa aula: “Para você, o que essa situação nos revela sobre a importância da
auditoria ambiental? Como você vê o papel da auditoria ambiental nessa
situação? Que tipo de auditoria você utilizaria para detectar esse tipo de
situação?”. Com base no que estudamos nesta aula, podemos analisar o papel
da auditoria ambiental nessas situações.
Inicialmente, é importante compreender que a busca do tripé da
sustentabilidade é um fato relativamente recente na nossa história, em torno de
50 anos atrás, o que pode ser considerado um período curto em relação ao
processo de degradação histórico, o que significa que as empresas, mesmo as de
grande porte, ainda estão em fase de aprendizado. Por isso, a mídia e a ação da
sociedade civil organizada são tão importantes.
A auditoria ambiental não deve ser tratada como um ato de fiscalização,
obrigatório nem como solução definitiva para problemas ambientais, pois a
auditoria não é obrigatória, mas, sim, um instrumento voluntário e, portanto,
elemento de diferenciação entre as empresas. Lembre-se de que a
obrigatoriedade se dá quando a auditoria ambiental visa atender a uma
determinação do setor público ou do órgão ambiental.
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O interessante é que – confirmado o fato nessas grandes proporções e que
inclusive afetou uma imensa cadeia de fornecedores e outras fabricantes – seja
feito não apenas um tipo de auditoria, mas um combinado delas, permitindo uma
análise global das situações que contribuíram para tal acontecimento e
estabelecendo possibilidades mais seguras de prevenção.
Dessa forma, a Auditoria Ambiental torna-se um instrumento técnico que
busca melhorar relações de parceria, envolvimento e confiança da organização
com todo o público por ela afetado. Além disso, aumenta a eficiência ambiental, a
conscientização dos funcionários, o atendimento às expectativas da comunidade
onde está inserida e, com isso, o comprometimento com o desenvolvimento
sustentável.
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REFERÊNCIAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR ISO 14001: 2015.
Sistema de Gestão ambiental – Requisitos com Orientações para uso. Rio de
Janeiro, 2015.
_____. ABNT NBR ISO 19011: 2012. Diretrizes para auditorias de sistema de
gestão da qualidade e/ ou ambiental. Rio de Janeiro, 2012.
CURY, D. (Org.). Gestão ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.
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