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ILUSTRÍSSIMO SENHOR DIRETOR PRESIDENTE DO DEPARTAMENTO

ESTADUAL DE TRÂNSITO DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL,

Processo nº: 022957/2019


Notificação nº: 002365/2020

ANTONIO SILVA DE MELO, brasileiro, portador da Cédula de


Identidade RG nº 096677 SSP/MS, inscrito CPF (MF) sob o nº 257.370.661-34
residente e domiciliado à Rua Melvin Jones, nº 2472, Bairro Centro, em Nova
Andradina/MS, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência
apresentar RECURSO CONTRA PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº
022957/2019, pelos fatos e fundamentos que a seguir passa a expor:

SÍNTESE DOS FATOS

O Recorrente foi notificado na data de 19/10/2018, pela suposta


prática de infração de trânsito descrita no artigo 218, III do Código de Trânsito
Brasileiro.

Em razão da referida suposta infração de trânsito, o Recorrente


recebeu a NOTIFICAÇÃO DE INTAURAÇÃO DE PROCESSO
ADMINISTRATIVO DE SUSPENSÃO, que vai anexada por cópia.

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Desta feita, há de se fazer importantes considerações, no sentido
de se averiguar a verdadeira situação fática ensejadora do pronto e necessário
arquivamento do processo administrativo, com a decorrente nulidade da pontuação
da CNH do Recorrente e consequentemente do processo administrativo de
suspensão da CNH.

DOS MOTIVOS

Em novembro de 2016, na cidade de Nova Andradina foram


instaladas lombadas eletrônicas a fim de provocar a diminuição da velocidade em
que os condutores trafegam, passando a gerar multas de trânsito em janeiro de 2017
para os condutores que excediam a velocidade nas referidas lombadas.

No entanto, na data da suposta prática da infração de ensejou a


instauração de processo administrativo (19/10/2018), já ocorria na cidade de Nova
Andradina/MS diversas reclamações quanto a aferição da velocidade pelas
lombadas eletrônicas instaladas, vez que as mesmas marcavam velocidade diferente
daquela em que o veículo realmente trafegava.

Diversos meios de comunicação divulgaram matérias jornalísticas


discorrendo sobre o problema gerado aos motoristas pela incorreta marcação da
velocidade que marcava sempre acima do limite de velocidade realmente praticado
pelos condutores:

http://www.jornaldanova.com.br/noticia/377819/em-nova-andradina-
lombada-eletronica-erra-ao-marcar-velocidade-e-motoristas-registram-bo),
• (http://www.novanoticias.com.br/noticias/policia/nova-andradina-
motoristas-denunciam-lombada-eletronica-na-delpol),
• (http://dahorabataguassu.com.br/noticia/mais-5-bos-foram-registrados-
contra-irregularidade-de-lombada-eletronica-em-nova-andr/23175);

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Ocorre que esses problemas com a marcação da velocidade pelas
lombadas eletrônicas ocorreram mesmo após a Agência Estadual de Metrologia
(AEM-MS) realizar a verificação periódica.

Desse modo, não deve o Recorrente ser penalizado pela prática de


infração de transito descrita no artigo 218, III do CTB, vez que não ultrapassou o
limite de velocidade na lombada eletrônica.

Ademais, como já demonstrada as lombadas na cidade de Nova


Andradina/MS não estava marcando a velocidade correta em que os condutores
trafegavam pela via, pois sempre marcava velocidade superior ao estipulado pelo
local, no período da suposta pratica de infração de trânsito.

O fato do Recorrente ser o condutor do veículo, não significa que


tenha concordado com a imposição de infração de transito e consequente
instauração de processo administrativo, já que é evidente o erro cometido com a
aferição da velocidade transitada pelo Recorrente, pois não excedeu o limite de
velocidade na lombada eletrônica na saída para Ivinhema.

O Recorrente sente-se profundamente injustiçado frente a


instauração de processo administrativo para a suspensão do direito de dirigir , pois
as lombadas eletrônicas da cidade de Nova Andradina/MS não auferiam a
verdadeira velocidade que os condutores que trafegavam pelo local. Trata-se de
penalidade desmedida, que se desvia da finalidade a que se destina.

Cabe ressaltar que, as sanções previstas no Código de Trânsito


Brasileiro apesar de se enquadrarem em ilícito administrativo também são os do
tipo penal. Assim, uma enorme gama dos princípios basilares do direito penal tem
grande aplicabilidade nas sanções administrativas, como os da legalidade,
tipicidade, non bis in idem, irretroatividade das normas sancionadoras, presunção de
inocência, devido processo legal, proporcionalidade, retroatividade de norma
favorável, e o princípio in dubio pro reo, sendo empregável ainda, as causas
supralegais de exclusão da ilicitude, como a inexigibilidade de conduta diversa.
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Esse é o entendimento de Eduardo Fortunato Bim, senão vejamos:

“há princípios que, apesar de desenvolvidos e comumentemente aplicados em


determinado ramo do Direito, e aqui falamos, principalmente, do Penal, são
típicos do Direito Punitivo ..., isso porque eles fazem parte de um direito mais
geral, que engloba todos esses ramos quando tratam de matéria punitiva. São os
princípios do Direito Sancionador.”

Dessa forma, a penalidade a suspensão do direito de dirigir, ou


seja, o Código de Trânsito Brasileiro interfere de maneira abusiva em direitos
fundamentais, como o direito de locomoção, o direito de exercício profissional.

No particular caso do art. 218, III do Código de Trânsito Brasileiro


(suspensão direta do direito de dirigir por excesso de velocidade), houve exagero
por parte do legislador. É certo que motoristas imprudentes e reincidentes, que
habitualmente dirigem em excesso de velocidade merecem penas gravíssimas, e até
a suspensão do direito de dirigir, ou mesmo a cassação deste direito. Mas aquele
que sequer colocou em risco o bem jurídico protegido, não merece penalidade tão
gravosa, que lhe restringe exageradamente um direito fundamental.

Portanto, ao Recorrente não deve ser imposta a penalidade de


suspensão do direito de dirigir, pois, a imposição desta penalidade lhe causaria
grandes prejuízos de ordem patrimonial, uma vez que o Recorrente necessita de sua
CNH para o trabalho.

No entanto, caso Vossa Senhoria não acolha os argumentos acima


aduzidos, requer a revisão da penalidade imposta e que seja levada em conta à
primariedade do Recorrente, uma vez que, nunca sofreu qualquer penalidade de
excesso de velocidade e, muito menos qualquer processo administrativo para
suspensão do seu direito de dirigir, bem como, seu excelente histórico como
condutor.

DOS PEDIDOS
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Diante do exposto, requer que preliminarmente o processo
administrativo seja suspenso e ao final seja arquivado e seu registro julgado
insubsistente.

Requer ainda que, caso entenda que o Requerente seja responsável


pelas infrações, que a penalidade seja reduzia tendo em vista que o Recorrente
necessita de sua habilitação como meio de promover o seu sustento.

Termos em que,
Pede deferimento.

Nova Andradina-MS, 12 de fevereiro de 2020.

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ANTONIO SILVA DE MELO

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PROCURAÇÃO

OUTORGANTE: ANTONIO SILVA DE MELO, brasileiro, portador da Cédula de


Identidade RG nº 096677 SSP/MS, inscrito CPF (MF) sob o nº 257.370.661-34 residente e
domiciliado à Rua Melvin Jones, nº 2472, Bairro Centro, em Nova Andradina/MS.

OUTORGADO: PAULO JUSTINO DA CRUZ, brasileiro, solteiro, despachante,


titular do CPF nº 286.658.131-87 e RG nº 150.308 SSP/MS, inscrito no
CRDD/MS sob o nº 0287, com escritório profissional na Rua Joaquim Sampaio
Neto, nº 1243, Bairro Centro, em Nova Andradina-MS,

PODERES: Para realizar o protocolo do Recurso ao Processo Administrativo nº


022957/2019 no Departamento Estadual de Trânsito do Estado de Mato Grosso do
Sul – DETRAN/MS.

Nova Andradina - MS, 12 de fevereiro de 2020.

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