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PROJETO DE LEITURA

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ROMANCE HISTÓRICO: A IDADE MÉDIA COMO CENÁRIO


O Nome da Rosa, Umberto Eco P. Trovadoresca
(Tradução de Maria Celeste Pinto, Difel)
No ano de 1327, numa abadia de França, um grupo de teólogos discute, ao mais alto nível, a Fernão Lopes
doutrina dos Franciscanos, que pregam o regresso do Cristianismo à pobreza inicial. (contexto medieval)
Inesperadamente um deles, Guilherme de Baskerville, vê-se envolvido num enredo policial de
Auto da Feira, Gil
misteriosas e sucessivas mortes, que o conduz a um outro mistério: a biblioteca do mosteiro Vicente (poder de
guarda, em segredo, obras proibidas, entre as quais o desaparecido capítulo sobre o riso da Roma)
Poética de Aristóteles.
O narrador é um velho monge alemão, Adso de Melk, que recorda aqueles acontecimentos vividos
na sua adolescência, e também o seu crescimento como homem, num tempo em que se
queimavam mulheres por acusação de bruxaria e em que foi queimada aquela que lhe deu a conhecer o amor.
______________________
Em 1986, Jean-Jacques Annaud realizou um interessante filme baseado no romance de Umberto Eco, com Sean Connery, no
papel do protagonista, Guilherme de Baskerville.

P. Trovadoresca,
Ivanhoe, Walter Scott
(Círculo de Leitores) Fernão Lopes
(contexto
O escritor inglês Walter Scott é considerado o criador do Romance Histórico, sendo Ivanhoe, medieval);
provavelmente, o seu livro mais lido em todo o mundo.
Na Inglaterra do século XII, no período das cruzada, o príncipe João sem Terra tenta usurpar o Os Lusíadas
trono ao seu irmão, Ricardo Coração de Leão, enquanto este combatia na Terra Santa. Regressado (o valor do
a Inglaterra, o rei Ricardo é apoiado pelo povo e por um grupo de cavaleiros liderados por Ivanhoe, heroísmo).
na luta pela recuperação do trono. Cruzado com a ação própria de um romance de aventuras,
desenvolve-se a romântica história de amor entre Ivanhoe e a bela Rowena,
Em pano de fundo, questões fundamentais que marcaram a Idade Média europeia: as lutas entre normandos e
saxões, o crescente poder financeiro dos judeus e o consequente ódio de que eram alvo, o poder dos Templários. A
ação é fortemente enriquecida pela intervenção das personagens populares, nomeadamente o bando de Robin
Wood e de Frei Tuck. Enfim, em Ivanhoe, enaltecem-se os valores do heroísmo medieval, mostrando que, na luta
contra os tiranos, a coragem, a bondade e o amor saem sempre vencedores.

P. Trovadoresca
As Cruzadas Vistas pelos Árabes, Amin Maalouf (contexto medieval)
(Tradução de Cascais Franco, Difel)
No final do
A autobiografia do embaixador árabe Hasan al-Wazzan, capturado e entregue ao papa Leão X, capítulo 1,
quando ia para Meca em peregrinação. Combinando História e Literatura, o livro revela, numa transcrevem-se
perspetiva árabe, contrária àquela a que nos habituámos no Ocidente, episódios e personagens textos de poetas
famosos ligados às Cruzadas, desde o século XI, mostrando os cruzados cristãos como bárbaros árabes
cruéis, sanguinários, fanáticos e culturalmente atrasados. peninsulares.

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ROMANCE HISTÓRICO: O SÉCULO DE GIL VICENTE E CAMÕES COMO


CENÁRIO
O Último Cabalista de Lisboa, Richard Zimler Teatro de Gil
(Quetzal)
Vicente
Em 1506, em Lisboa, mais de 2000 cristãos-novos foram mortos e queimados no Rossio. Na Os Lusíadas
sequência dessa tragédia, um misterioso crime foi cometido e Berequias Zarco, o sobrinho da (contexto histórico
vítima, o último cabalista de Lisboa, tem de desvendar o mistério. do reinado de D.
Richard Zimmler, o autor, americano de origem judaica, a viver em Portugal, tem-se debruçado Manuel).
sobre a questão dos Judeus portugueses cuja expulsão do reino tornou o país muito mais pobre.

A Tábua de Flandres, Arturo Pérez-Reverte Teatro de Gil


(Tradução de Maria do Carmo Abreu, Dom Quixote, 2000)
Vicente
«Um envelope fechado é um enigma que contém outros enigmas no seu interior.»
Poesia Lírica de
O envelope cuja chegada inicia esta narrativa contém cópias fotográficas reveladoras de um Camões
mistério: a inscrição «Quis Necavit Equitem» ( Quem matou o cavaleiro?), escondida no quadro
Partida de Xadrez, de um mestre flamengo do final do século XV, e no qual uma jovem Os Lusíadas, de
Camões (contexto
restauradora está a trabalhar. Na pintura, uma mulher vestida de negro observa uma partida de xadrez en tre o histórico, arte do
duque de Ostenburgo e o seu cavaleiro, mas acontece que, no ano em que foi pintado o quadro, um dos Renascimento).
jogadores já havia sido assassinado. Essa circunstância e a misteriosa inscrição conduzirão a restauradora a
uma investigação habilmente construída. Como outros livros deste extraordinário escritor espanhol, também
este foi adaptado ao cinema.

Fala-lhes de Batalhas, de Reis e de Elefantes, Obra de Gil


Mathias Énard Vicente e Camões
(Tradução de Pedro Tamen, Dom Quixote, 2013) (contexto
histórico, arte do
Renascimento;
Em 1506, aos 31 anos, e em conflito com o Papa, seu mecenas, Miguel Ângelo chega a encontro de
Constantinopla, a convite do sultão Bayazid, para realizar uma encomenda anteriormente feita a civilizações).
Leonardo da Vinci, cuja proposta foi recusada pelo sultão: desenhar uma ponte para ligar a Ásia à Europa. O
desafio é difícil e o artista confronta-se com dúvidas inquietantes, na sua missão de acrescentar beleza ao
mundo, naquele lugar de confluência entre civilizações. Estará a resposta no encontro com a poesia e com uma
mulher, bailarina expulsa do Al-Andaluz, habituada ao convívio entre muçulmanos, judeus e cristãos?
Seguimos Miguel Ângelo e a sua luta interior, num romance que parte de um facto histórico, o convite do sultão
ao artista, que não realizou o projeto. Sobre ele escreveu o crítico e poeta José Mário Silva «É a música sublime
que atravessa este romance, tão harmonioso e inesquecível quanto a ponte que nunca existiu.»

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TEATRO
Castro, António Ferreira Para ler em
(Ulisseia)
contraponto ao
teatro de Gil
Todos conhecem os amores trágicos de Pedro e Inês que têm inspirado, ao longo dos séculos, Vicente, uma
artistas de todas as áreas e de muitas nacionalidades. Em Portugal, são muitos os grandes peça do mesmo
escritores que têm usado este tema nas suas obras: Camões, Bocage, Ruy Belo, Fiama Hasse século, mas
Paes Brandão, Agustina Bessa-Luís, João Aguiar são alguns deles. escrita segundo o
Mas foi António Ferreira (1528-1569) escritor e humanista, considerado um dos maiores poetas do classicismo modelo clássico.
renascentista de língua portuguesa, que dedicou a D. Pedro e D. Inês uma peça de teatro, escrita segundo o
modelo da tragédia clássica: Castro. Foi a primeira tragédia da literatura portuguesa e uma das obras mais
importantes do Renascimento português.

A Tempestade, William Shakespeare Teatro de Gil


(Tradução de Fátima Vieira, Cotovia) Vicente
O rei de Nápoles, o seu filho e vários nobres, entre os quais o pretenso duque de Milão, sofrem
um naufrágio e, separadamente, vão parar a uma ilha deserta onde está desterrado Próspero, Os Lusíadas e
o verdadeiro duque de Milão, com a sua filha Miranda e dois escravos (o mágico Ariel e o História Trágico-
diabólico Caliban). Quando foi enviado para o exílio, Próspero foi ajudado pelo bondoso nobre Marítima
(tempestade no
Gonçalo, que sabendo do seu amor pelos livros, colocou no navio os amados volumes da sua mar)
biblioteca. Ora, quem provocou o naufrágio foi precisamente Próspero que, tendo o dom de mudar as
condições atmosféricas, quer vingar-se do irmão, o usurpador do seu Ducado. Mas nem só de traição e Poesia
vingança vive esta peça. O amor, sempre pronto a encontrar um lugar no coração humano, também marca trovadoresca e
presença, tal como o sonho e a utopia. Veja-se, por exemplo, o excerto a seguir transcrito. Poesia lírica de
Camões
Gonçalo (expressão de
Se me confiassem o plantio desta terra... sentimentos: o
amor)
E se eu fosse o rei dela, o que faria?
Na minha comunidade vigoraria a lei
Dos contrários. Proibiria o comércio
De toda a espécie e também a instrução.
Nada de magistrados, riquezas, pobrezas,
Criados, contratos, heranças, fronteiras,
Limites de propriedade, lavoura, vinhas!
Nada de metais, cereais, vinho, azeite.
Nada de ocupações: todos ociosos, todos,
As mulheres também, mas inocentes e puras.
Nada de soberania. […]
Tudo em comum a natureza produziria
Sem suor nem empenho. Traições, crimes,
Espadas, lanças, facas, pistolas, armas
Enfim, não existiriam. A natureza
Providenciaria tudo em abundância
Para alimentar o meu inocente povo. […]
_______________________________
A escritora portuguesa Hélia Correia publicou uma interessantíssima adaptação desta peça, para a juventude, sob o título
A Ilha Encantada.

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POESIA ANTES DE CAMÕES


O Meu Coração é Árabe, Adalberto Alves Poesia trovadoresca
(Poemas escolhidos, Assírio & Alvim)
(contexto medieval)
Esta é uma coletânea de poemas cujos autores são poetas árabes peninsulares que
viviam no Al-Andaluz. O autor da antologia e tradutor dos poemas é um especialista na No final do capítulo 1,
cultura árabe e foi ele que, a par do historiador Borges Coelho, deu a conhecer aos transcrevem-se
portugueses a maravilhosa poesia contemporânea da poesia trovadoresca. poemas desta
antologia.

Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, AA. VV. Poesia trovadoresca


(Poemas escolhidos, Ulisseia)
Poesia lírica de
Em 1516, Garcia de Resende reuniu no Cancioneiro Geral poemas palacianos do final do Camões
século XV e início do século XVI. Os poemas versam temas variados, predominando o
amor, a saudade e a crítica social. O organizador da obra dedicou-a ao futuro D. João III, No capítulo 4, inclui-se
afirmando o objetivo de lembrar os bons feitos portugueses e desejando que a publicação 1 texto sobre a poesia
fosse um passo para a elaboração de uma grande epopeia. Entre os muitos autores palaciana e
incluem-se João Roiz de Castel-Branco, Sá de Miranda e Bernardim Ribeiro. transcrevem-se poemas
do
Cancioneiro Geral.

Rimas, Petrarca Poesia trovadoresca


(Tradução de Vasco Graça Moura, Bertrand)
O poeta Vasco Graça Moura realizou a primeira tradução integral para português dos Poesia lírica de
Rerum Vulgarium Fragmenta, obra também conhecida por Canzoniere de Petrarca. O Camões
tradutor escolheu para título As Rimas de Petrarca. A obra é constituída por 366 poemas, No início do capítulo 4,
de que a maioria são sonetos (317). Na introdução, Vasco Graça Moura aponta aspetos inclui-se 1 texto sobre o
relevantes da vida e da obra de Petrarca, o poeta que influenciou a literatura ocidental, Petrarquismo na obra de
para sempre. Camões.

Se amor não é, qual é meu sentimento?


mas se é amor, por Deus, que cousa e qual?
se boa, que é do efeito ásp’ro e mortal?
se é má, o que é que adoça tal tormento?
Se ardo a bom grado, onde é pranto e lamento?
e se a mau grado, o lamentar que val’?
Ó viva morte, ó deleitoso mal,
tanto em mim podes sem consentimento?
E em sem razão me queixo, se o tolero.
E em tão contrários ventos, frágil barca
me leva em alto mar e sem governo,
tão cheia de erros, de saber tão parca,
que eu mesmo nem sequer sei o que quero,
e a tremer no estio, ardo de inverno.

Francesco Petrarca, Rimas,


trad. de Vasco Graça Moura

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EPOPEIAS CLÁSSICAS
Odisseia, Homero Os Lusíadas
(Tradução de Frederico Lourenço*, Cotovia)
A Odisseia narra a viagem de Ulisses, rei de Ítaca, no seu regresso a casa, depois da
guerra de Tróia. A ação começa quando o herói está na ilha da ninfa Calipso que,
apaixonada, o retém. Os deuses, reunidos em consílio, ordenam a Calipso que o deixe
partir e ele, com ajuda divina, sobrevive a uma tempestade provocada por Poseidon,
deus do mar e seu inimigo, e acaba por ser acolhido pelo rei dos Feaces a pedido do
qual Ulisses conta a sua aventurosa viagem. Conduzido a Ítaca e ajudado pela deusa
Atena, o herói vence todos os obstáculos e recupera o trono, bem como o amor da sua mulher Penélope e
do filho Telémaco.

Fala-me, Musa, do homem astuto que tanto vagueou,


depois que de Troia destruiu a cidadela sagrada.
Muitos foram os povos cujas cidades observou,
cujos espíritos conheceu; e foram muitos no mar
os sofrimentos por que passou para salvar a vida,
para conseguir o retorno dos companheiros a suas casas.
Mas a eles, embora o quisesse, não logrou salvar.
Canto I, estrofe 1

_______________________________
*O escritor e especialista em estudos clássicos, Frederico Lourenço, publicou, em português, adaptações da Odisseia
e da Eneida, de grande qualidade literária, destinadas aos leitores mais jovens.

Eneida, Vergílio Os Lusíadas


(Tradução de Luís Cerqueira, Cristina Guerreiro e Ana Alexandra Alves, Bertrand)
A Eneida, escrita no século I a. C., narra a viagem do príncipe troiano Eneias, desde a saída
de Troia destruída, até à chegada à península Itálica onde funda Roma. A ação começa
quando Eneias sofre uma tempestade que o faz aportar ao norte de África, ajudado por
Vénus, sua mãe, que para ele pede proteção a Júpiter. Em Cartago, Eneias apaixona-se
pela rainha Dido, a quem conta a guerra, a destruição de Troia e os horrores por que passou
até ali chegar.
Entretanto, Júpiter, através de Mercúrio, ordena a Eneias que parta de Cartago e cumpra o vaticínio de
fundar Roma, a cidade que iria governar o mundo. Apesar de apaixonado, Eneias parte (Dido suicida-se),
empreendendo a viagem até Itália, onde enfrentará difíceis lutas, mas, ajudado por Vénus e Júpiter, que
reúne o Consílio dos Deuses, acaba por ganhar o difícil duelo com Turno. A vitória dá-lhe o direito de
suceder ao rei e casar com sua filha Lavínia. Assim nasce Roma e a sua língua, o latim.

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2 MARCOS DA LITERATURA OCIDENTAL + 1 romance ibérico


A Divina Comédia, Dante Alighieri A Poesia lírica de
(Tradução de Vasco Graça Moura, Quetzal)
Camões
(conceção divinizada
Viagem das trevas («selva escura») até à luz, A Divina Comédia é um longo poema alegórico da mulher amada)
que Dante, expulso de Florença por razões políticas, escreveu no exílio, no início do século
XIV. Os Lusíadas
Nele descreve a sua viagem pelas três zonas de além-túmulo, a que correspondem as três (visão semelhante do
partes do poema: Inferno, Purgatório e Paraíso. Na sua caminhada, Dante é guiado por Vergílio, autor da Universo,
Eneida, que o acompanha ao Inferno, onde sofrem os assassinos, os corruptos, os tiranos e outros apresentada no
criminosos, e ao Purgatório. No Paraíso, será guiado pela sua amada Beatriz e contempla a rosa cintilante, Canto X, na
metáfora da luz e de Deus. descrição da Máquina
A Divina Comédia propõe uma cosmovisão medieval, segundo a qual o Universo é constituído por círculos do Mundo)
concêntricos em volta da Terra.
_____________________________
Poderemos comparar esta cosmovisão de A Divina Comédia com a Máquina do Mundo, no Canto X de Os Lusíadas.

D. Quixote de la Mancha, Miguel de Cervantes


(Tradução de Miguel Serras Pereira, Dom Quixote)
Os Lusíadas
(o conceito de
Num lugar da Mancha, de cujo nome não quero lembrar-me, não há muito tempo vivia um heroísmo)
fidalgo desses de lança no cabide, adarga antiga, rocim magro e galgo corredor.

Assim começa aquele que, em 2002, foi eleito o melhor livro de todos os tempos por um
conjunto de 100 escritores nomeados pelo Instituto Nobel.
O que nos conta, desde 1605, o D. Quixote? A viagem aventureira de um velho fidalgo que, com a cabeça
cheia de sonhos alimentados pelos livros de cavalaria, resolve ser cavaleiro andante. E é assim que parte
pelos caminhos de Castela La Mancha, Aragão e Catalunha, montado no seu cavalo Rocinante e
acompanhado pelo escudeiro Sancho Pança, para viver fantasiosas aventuras, permanentemente
contrariadas pela realidade. Mas é precisamente no confronto entre a realidade e a fantasia que reside um
dos encantos da história do «cavaleiro da triste figura».

Lazarilho de Tormes, Anónimo Os Lusíadas


(Versão de José Jorge Letria, Asa)
(o conceito de
heroísmo)
Romance em forma de carta, na 1.ª pessoa, publicado em 1554; não sabemos quem é o
seu autor, circunstância que pode ter favorecido a sua dimensão crítica, numa época de
grande intolerância por parte da Inquisição que, na verdade, acabou por proibi-lo. Lázaro,
narrador e personagem, relata a sua vida de miséria, aventura e sobrevivência esperta, e
escreve, já adulto, motivado por uma razão muito pessoal e íntima: a sua mulher é amante de um alto
membro do clero.
A par do caráter autobiográfico, o livro tem uma dimensão moral e de crítica à falta de dignidade e de honra,
à hipocrisia, a uma sociedade na qual cada um procura o seu interesse sem pensar nos outros.

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CLÁSSICOS DA LITERATURA DE VIAGEM


Viagens, Marco Polo Os Lusíadas
(Excertos escolhidos, Cotovia)
História
Quem nunca ouviu falar de Marco Polo e das suas viagens pelo Oriente? O que talvez Trágico-Marítima
nem todos saibam é que, quando partiu de Veneza, na companhia do pai e do tio, Marco
Polo era ainda um adolescente, que teve a oportunidade única de ver terras e gentes que (destacando temas
nenhum europeu tinha visto. Na China esteve 17 anos e fez amizade com o imperador como:
Kublai Khan, ao serviço do qual viajou por muitos países. Já em Itália, foi preso pelos Genoveses e, na ● o valor simbólico
prisão, ditou as suas aventuras. da viagem;
O livro, que é uma mensagem de admiração, tolerância e otimismo face às outras civilizações, teve um ● o encontro de
civilizações; os
grande sucesso, sendo talvez um dos livros mais traduzidos e divulgados antes da imprensa. Afinal, o valores)
homem tem sempre o desejo de conhecer o desconhecido. «Il Milione» (de Emilione, apelido da família)
como foi inicialmente intitulado, permitiu ao Ocidente conhecer as cidades e os rios da China, os usos e
costumes da Índia, os sumptuosos palácios da Ásia, as plantas, os animais, os povos. E tudo isto no final do
século XIII.

Robinson Crusoé, Daniel Defoe Os Lusíadas


(Lisboa Editora)
História
Robinson Crusoé, publicado em Inglaterra, em 1719, é a autobiografia ficcionada de um Trágico-Marítima
jovem de 20 anos, que embarca numa aventura de final imprevisível. Depois de uma
sucessão de peripécias, Robinson, o protagonista, sobrevive sozinho a um terrível naufrágio (destacando temas
que o atira para uma ilha deserta na qual terá de aprender a viver. Lentamente adapta-se à como:
solidão e a um quotidiano frugal, com a ajuda das provisões que retira do navio naufragado, ● o valor simbólico
e só muitos anos mais tarde conhecerá o seu inseparável amigo, a quem dará o nome de Sexta-Feira. da viagem;
Termina a solidão de Robinson, mas não as aventuras, que o obrigam a ajustar-se, permanentemente, às ● o encontro de
civilizações; os
condições que a vida lhe oferece, relativizando valores e conceitos inquestionáveis no mundo de onde veio. valores)
27 anos depois de ter chegado à ilha, regressa a Inglaterra, leva consigo o amigo Sexta-Feira, e está pronto
para continuar a viver…

As Viagens de Gulliver, Jonathan Swift Os Lusíadas


(Edições Nelson de Matos)
História
Os livros de viagem são um excelente modo de olhar os outros e, através deles, mostrar as Trágico-Marítima
grandezas e misérias do nosso próprio mundo. Assim acontece com As Viagens de
Gulliver, publicado pelo escritor irlandês Jonathan Swift, em 1726, com um êxito imediato. (destacando temas
como:
As viagens são protagonizadas por Lemuel Gulliver, cirurgião naval, que na sequência de ● o valor simbólico
um naufrágio aporta a Lilliput, uma terra habitada por uns homens minúsculos que entram em conflito por da viagem;
motivos ridiculamente minúsculos. Numa segunda viagem, chega à terra dos Gigantes, onde reina alguma ● o encontro de
paz, mas também muita soberba. A seguir viaja por várias ilhas e confronta-se com costumes de natureza civilizações; os
diversa. Finalmente chega à terra dos cavalos falantes, bondosos e inteligentes, que convivem com os valores)
grosseiros humanos Yahoos.
Ao fim e ao cabo, é o nosso mundo e os nossos defeitos que estão projetados no mundo dos outros e, por
isso, o livro é uma sátira impiedosa aos homens.

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NOVOS CLÁSSICOS DA LITERATURA DE VIAGEM

As Cidades Invisíveis, Italo Calvino Os Lusíadas


(Teorema)
História
Trágico-Marítima
Marco Polo é um autor universal, mas imaginemos o que ele significa para os italianos…
(destacando temas
Não admira que um dos seus maiores escritores, Italo Calvino, tenha decidido, em 1972, como:
acrescentar um livro ao livro do viajante medieval. Assim nasceu o extraordinário As ● o valor simbólico
Cidades Invisíveis. da viagem;
Partindo da amizade entre Marco Polo e o imperador de Pequim, o mongol Kublai Khan, ● o encontro de
neto do grande Gengis Khan, Calvino imagina um diálogo fantástico entre os dois, no qual o italiano civilizações; os
descreve ao imperador as cidades pelas quais passou, já que Khan não as pode ver, apesar de ser o seu valores)
imperador, senhor de um império imenso, que ia do Irão ao extremo oriental da China, da Índia até à Rússia.
As cidades descritas não são lugares geográficos, são metáforas, pretextos para refletir sobre a condição e a
existência humanas.

Os Lusíadas
Na Patagónia, Bruce Chatwin
(Quetzal) História
Trágico-Marítima
As circunstâncias em que este livro nasceu são muito curiosas. O seu autor, Bruce (destacando temas
como:
Chatwin, considerado um dos maiores escritores de viagens de sempre, saiu do jornal ● o valor simbólico
onde trabalhava, num dia de Novembro de 1974, deixando um bilhete com a informação: da viagem;
«Fui para a Patagónia.» E tinha mesmo ido para a Patagónia, onde permaneceu durante ● o encontro de
seis meses, viajando e conhecendo, numa experiência de encontros profundos relatada no livro que civilizações; os
escreveu. Na Patagónia é, hoje, uma referência na história da literatura de viagens, um livro belíssimo, valores)
tocante, que nos alimenta o desejo de ir até ao «fim do mundo» .

Os Lusíadas
Danúbio, Claudio Magris
(Quetzal) História
Trágico-Marítima
Considerado um dos grandes romances europeus contemporâneos, cruza vários géneros, (destacando temas
pois sendo um livro de viagens, é também relato autobiográfico, diário, ensaio, e ainda como:
reflexão histórica, filosófica, política e cultural sobre a Europa central, a chamada ● o valor simbólico
«Mitteleuropa». da viagem;
Seguindo o curso do rio Danúbio (o segundo rio mais longo da Europa, com 2800 km a atravessar a ● o encontro de
Alemanha, a Áustria, a Hungria, a antiga Jugoslávia, a Roménia e a Turquia e a passar por Viena, Bratislava, civilizações; os
Budapeste e Belgrado), o autor conjuga as descrições da paisagem geográfica e humana com o relato de valores)
episódios revestidos de significado, reveladores ora do cruzamento de culturas ora da preservação de
identidades, espelhos de harmonia e conflito, fraternidade e ódios. Danúbio recebeu o Prémio Príncipe das
Astúrias das Artes, em 2004.

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O ORIENTE REVISITADO, HOJE


Os Lusíadas
Navegações, Sophia de Mello Breyner Andresen
(Caminho) História
Trágico-Marítima
Em 1977, Sophia foi convidada para participar nas comemorações oficiais do Dia de
Camões, em Macau. Fez, então, a sua primeira viagem ao Oriente que lhe causou uma (destacando temas como:
● o valor simbólico da
forte impressão e emoção. Sobre ela diria: «Pensei naqueles que ali chegaram sem aviso viagem;
prévio, sem mapas, ou relatos, ou desenhos ou fotografias que os prevenissem do que ● o encontro de
iam ver. Escrevi os primeiros poemas simultaneamente a partir da minha imaginação, desse primeiro civilizações; os valores)
olhar, e a partir do meu próprio maravilhamento.» Desse «maravilhamento» nasceu o livro Navegações,
publicado em 1983, e sobre ele afirmou Sophia: «Para mim o tema das Navegações não é apenas o feito,
a gesta, mas fundamentalmente o olhar, aquilo a que os gregos chamavam aletheia, a desocultação, o
descobrimento. Aquele olhar que às vezes está pintado à proa dos barcos.» 

O Murmúrio do Mundo: a Índia Revisitada , Almeida Faria Os Lusíadas


(Desenhos de Bárbara Assis Pacheco, prefácio de Eduardo Lourenço, Tinta da China)
História
Almeida Faria visitou Goa, Cochim e Mumbai, a convite do Centro Nacional de Cultura, Trágico-Marítima
que anualmente promove uma viagem a uma região que guarde vestígios da presença
portuguesa. Dessa visita resultou este livro de viagem que, sendo a um lugar com forte (destacando temas como:
presença na literatura portuguesa, desde o século XVI, cruza o texto com os textos de ● o valor simbólico da
autores como Camões, numa espécie de tapeçaria em que viagem, História e Literatura se entrelaçam. O viagem;
olhar, marcado por alguma melancolia na evocação da Índia de outrora, remete-nos para múltiplas ● o encontro de
memórias: igrejas, feitorias, amores, condenações à fogueira, ambição, ruína. civilizações; os valores)
Tudo isso e muito mais constitui o murmúrio daquele mundo de onde, inesperadamente, emerge a voz de
um homem que se diz Michiel Sweerts, o pintor flamengo do séc. XVII que viveu em Goa, e se põe à
conversa com o autor, trocando com ele velhas memórias.

O Japão é um Lugar Estranho, Peter Carey Os Lusíadas


Viagem de Um Pai com o Seu Filho ao País da Manga e do Anime
(Tradução de Carlos Vaz Marques, Tinta da China)
História
Trágico-Marítima
Como um repórter que investiga, ou como um pai que quer compreender o mundo de (destacando temas como:
interesses do seu filho, Peter Carey, o prestigiado escritor australiano, viaja até Tóquio, ● o valor simbólico da
acompanhado pelo filho adolescente, para tentar conhecer e entender um universo para viagem;
si completamente desconhecido: o da cultura da manga e do anime. ● o encontro de
Esta viagem a dois só poderá parecer estranha a quem ignorar o interesse que o Japão e muitos aspetos civilizações; os valores)
da sua cultura despertam em milhões de adolescentes ocidentais, fascinados pela popular manga. Ora, é
precisamente este interesse que leva o filho a dizer «Quando for grande, vou viver para Tóquio»,
declaração que conduz o pai a uma aprendizagem de sentido inverso ao habitual.

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POETAS BRASILEIROS – A LÍNGUA PORTUGUESA EM VIAGEM Relação com:

DO BRASIL: A LÍNGUA PORTUGUESA EM VIAGEM A viagem


Antologia Poética, Cecília Meireles n’Os Lusíadas
(Poemas escolhidos, Relógio d’Água) A viagem
Ciranda de Pedra, Lygia Fagundes Telles Os Lusíadas.
An’viagem da Língua
(Editorial Presença)
Nasceu no Rio de Janeiro em 1901 e morreu em 1964, aquela que é considerada, por muitos, um dos mais Portuguesa no
importantes nomes da poesia em língua portuguesa do século XX. A viagem da Língua
Mundo
Foi com este romance que a prestigiada escritora brasileira se estreou, em 1954. A protagonista Portuguesa no
É sua a escolha dos poemas para esta antologia, publicada após a sua morte, em cujo prefácio afirma ter
é Virgínia, uma menina obrigada pelo divórcio dos seus pais a dividir-se entre dois mundos e Mundo.
procurado o essencial de cada um dos seus 14 livros.
que, inconformada, não se sente bem em nenhum deles.
Constrói, por isso, o seu universo paralelo, uma família alternativa, materializada na ciranda de
Eu canto porque o instante existe
pedra, uma fonte do jardim da mansão do pai, com uma roda de cinco anões de pedra . Junto deles a menina
E a minha vida está completa.
sente-se bem e imagina, nas cinco figuras, duas irmãs e três amigos. Mas a roda da vida continua a girar e a
Não sou alegre nem sou triste:
menina afasta-se, para um dia regressar, quase adulta, à procura das respostas para a sua inquietação e
Sou poeta.
descobrir o que se esconde na imagem simbólica da ciranda de pedra. Lygia Fagundes Telles recebeu o Prémio
Cecília Meireles
Camões, em 2005.
_____________________________
Sugerimos, dos poemas desta antologia:
 Viagem
Capitães da Areia, Jorge Amado
 Poemas escritos na Índia A viagem
(Bis) n’Os Lusíadas.
A viagem
Antologia Poética, Vinícius de Moraes n’AOs
viagem da Língua
Lusíadas
Quando
(Poemaseste romance foi publicado, em 1937, as autoridades da Baía queimaram-no na praça
escolhidos, Dom Quixote) Portuguesa no
pública. A razão era clara: o livro denunciava a terrível injustiça social de que eram vítimas os
AMundo.
viagem da Língua
muitos meninos de rua para cuja miséria extrema o Governo apenas tinha a «solução» da
Nasceu no Rio de Janeiro em 1913 e morreu em 1980. Dedicou-se à literatura, ao teatro, à Portuguesa no
repressão policial violenta. É o início da ditadura do Estado Novo e a censura quer proibir um Mundo
música, afirmando que tudo o que fazia derivava da mesma fonte: a poesia. Atingiu uma
livro que expõe, através da história do grupo de meninos liderado por Pedro Bala, a história de milhões de
popularidade rara para um poeta, sobretudo devido à sua ligação direta à música popular
brasileiros que vivem abaixo do limiar de pobreza e procuram os meios ao seu alcance para sobreviver.
brasileira e a cantores como Chico Buarque, Caetano Veloso, Elis Regina e outros. Cultivou
Unindo-se como uma família, estes meninos, obrigados a crescer antes do tempo, são cruéis e ternos, corajosos
o soneto com grande mestria.
e assustados, ladrões e solidários, crianças e adultos. E um dia chega Dora e há uma história de amor. Mas
poderá o amor sobreviver no inferno?
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Sugerimos, uma atenção particular para alguns dos temas mais presentes em Vinícius: o amor, a saudade, a beleza da
mulher amada
A viagem
Contos, Clarice Lispector n’Os Lusíadas
(Relógio d’Água)
Chiquinho, Baltazar Lopes AAviagem
viagem da Língua
Os Lusíadasno Mundo
n’Portuguesa
A (Cotovia)
língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve
tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo. (…) Eu queria que a língua
A viagem da Língua
portuguesa
Como quem chegasse
ouve umaao máximo
melodia nas muitominhas
triste, mãos.
recordoE aeste desejoemtodos
casinha que os que no
nasci, escrevem
Caleijão.têm.
O Portuguesa no
Um Camões e outros iguais não bastaram para nos dar para sempre uma
destino fez-me conhecer casas bem maiores, casas onde parece que habita constantemente herança da língua ojá Mundo
feita. Todos nós tumulto,
que escrevemos estamos
mas nenhuma eufazendo
trocaria do túmulo
pela nossadomorada
pensamento
cobertaalguma coisa
de telha que lheedêemboçada
francesa vida.
de cal por fora, que meu avô construiu com dinheiro ganho de-riba da água do mar. Mamãe- Clarice Lispector
Velha lembrava sempre com orgulho a origem honrada da nossa casa. Pena que
Nascida em 1920, filha de pais ucranianos emigrados no Brasil, Clarice Lispector é uma das mais o meu avô tivesse morrido
tão novo, sem gozar
extraordinárias direitamente
e singulares o produto
escritoras de dolíngua
seu trabalho.
portuguesa. Os seus contos são normalmente breves,
condensados, povoados de personagens que apenas
Assim começa o primeiro grande romance de Cabo Verde, publicado revelam em de 1947.
si aquilo que nadelas
Romance conseguimos
1.ª pessoa, conta
compreender. Por vezes irónicos, por vezes tristes, sugerem universos banais, solitários,
a história de Chiquinho, em três momentos existenciais: a infância harmoniosa e rural na sua ilha de São desconcertantes,
profundamente indagadores
Nicolau; a passagem da condição
pelo liceu humana.
do Mindelo, na ilha de São Vicente, onde faz novos amigos e conhece o
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primeiro amor; o regresso à ilha natal como professor, a seca que traz a fome, e a decisão de emigrar.
3 contos recomendados:
«O ovo e a galinha»
«Restos do Carnaval»
«A língua do p»

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DE ÁFRICA: A LÍNGUA PORTUGUESA EM VIAGEM


A viagem
Quem me dera ser Onda, Manuel Rui n’Os Lusíadas
(Caminho)
A viagem da Língua
Editado em 1982, sob a aparência de uma história infantil protagonizada por duas crianças e Portuguesa no Mundo
um porco, é um dos romances angolanos mais conhecidos.
Uns anos depois da independência de Angola, as famílias saem dos musseques e são
instaladas em edifícios de apartamentos. Num prédio onde a presença de animais é proibida,
uma família cria, clandestinamente, um leitão, para ser comido no carnaval. Não é fácil escondê-lo do
administrador e dos restantes moradores e, neste convívio próximo com o animal, as crianças da família acabam
por se lhe afeiçoar. A partir daí, o plano dos adultos e o das crianças divergem, querendo os primeiros engordar
o porco e os segundos salvá-lo da morte anunciada. E assim nasce uma história de amizade.
Claro que, por trás da tocante história de amizade entre duas crianças e um animal está uma sátira à sociedade
angolana, num livro brevíssimo e muito divertido.

A viagem
Parábola do Cágado Velho, Pepetela n’Os Lusíadas
(Dom Quixote)
A viagem da Língua
Houve um tempo anterior a tudo, há sempre, não é mesmo?
Portuguesa no Mundo
Pepetela, Parábola do Cágado Velho
Num tempo de todas as mudanças, com a guerra e os senhores da guerra e da cidade a varrer
casas, campos, vidas e tradições, o camponês Ulume vive a comovente história de amor pela
jovem Munakazi, uma história de paixão, desilusão, sofrimento, perdão… como quase todas as histórias de amor
e, no entanto, diferente de todas as histórias de amor. Entretanto, o cágado velho, guardião do tempo e da
tradição, persiste, apesar de tudo.
Este é um dos mais belos livros de um dos maiores escritores de língua portuguesa, cuja obra procura,
incessantemente, mergulhar nas mais profundas raízes da tradição angolana, para compreender o presente e
indagar o futuro da jovem nação cheia de sonhos e de contradições. Exatamente como a jovem Munakazi, à
procura de uma modernidade inconsequente e destruidora.
Pepetela ganhou o Prémio Camões, em 1997.
A viagem
Os da Minha Rua, Ondjaki n’Os Lusíadas
(Caminho)
A viagem da Língua
Como num filme, sempre me acontecia isso: eu olhava as coisas e imaginava uma música triste; Portuguesa no Mundo
depois quase conseguia ver os espaços vazios encherem-se de pessoas que fizeram parte da
minha infância. De repente um jogo de futebol podia iniciar ali, a bola e tudo em câmara lenta,
um dia eu vou a um médico porque eu devo ter esse problema de sempre imaginar as coisas em
câmara lenta e ter vergonha de me dar uma vontade de lágrimas ali ao pé dos meus amigos. A escola enchia-se
de crianças e até de professores, pessoas que tinham sido da minha segunda classe, da terceira...Quando
alguém me tocava no ombro, as imagens todas desapareciam, o mundo ganhava cores reais, sons fortes e a
poeira também.
Palavras do jovem escritor angolano que, neste maravilhoso livro, regressa à sua infância, na Luanda dos anos
80 e 90 do século XX, e resgata as memórias das crianças, dos adultos e de um país tateante, na procura do
seu caminho. Os 22 pequenos contos (para além das 2 cartas) que compõem o livro podem ser lidos
isoladamente, ou como um romance, em mosaico vibrante e original.

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OUTRAS VIAGENS E OUTROS VIAJANTES


A viagem
Poesia Completa, António Gedeão n’Os Lusíadas
(Poemas escolhidos, Sá da Costa)
A viagem dos
Na obra deste grande poeta, são inúmeros os poemas que facilmente poderemos Portugueses no Mundo
relacionar com os conteúdos literários estudados e com os temas daí decorrentes.
Pseudónimo de Rómulo de Carvalho, nasceu em Lisboa em 1906 e morreu em 1999. Foi
professor de Físico-Química do Liceu Pedro Nunes e publicou, com o seu nome
verdadeiro, livros escolares e de divulgação científica. A formação científica faz-se notar em muita da sua
poesia que utiliza uma linguagem simples e metafórica, ajudada por um ritmo leve, com recurso à rima.
Publicou, entre outros, Movimento Perpétuo, Máquina de Fogo, Poema para Galileu, títulos reunidos em
Poesias Completas.
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Muitos dos poemas de António Gedeão foram musicados, destacando-se, entre outros, «Pedra Filosofal», «Poema da
malta das naus», «Lágrima de Preta», «Poema do fecho-éclair», «Calçada de Carriche», «Poema da autoestrada».

As Ilhas Desconhecidas, Raul Brandão A viagem


n’Os Lusíadas
(Quetzal)
A viagem da Língua
Em 1924, Raul Brandão fez uma viagem aos Açores e à Madeira, integrado num grupo de Portuguesa no Mundo
intelectuais de que fazia parte o poeta açoriano Vitorino Nemésio. Foi precisamente essa
viagem que deu origem ao seu livro As Ilhas Desconhecidas - Notas e Paisagens, no qual
descreve, num estilo fortemente sensitivo, visual, sugestivo e poético, as impressões e
emoções vivenciadas, e também o conhecimento que a experiência lhe trouxe. Não era a primeira vez que
Raul Brandão se deixava seduzir pelo mar, uma vez que tinha publicado Os Pescadores no ano anterior,
contudo, As Ilhas Desconhecidas são, sem dúvida, um dos mais belos livros de viagem da literatura
portuguesa.
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Em 2007, Vicente Jorge Silva realizou, para a RTP, uma série documental baseada na obra de Raul Brandão.

Vida e Obra do Infante D. Henrique, Vitorino Nemésio A viagem


(Texto Editores)
n’Os Lusíadas
Ao contrário daquilo que o título sugere, Aquilino não pretendeu, em 1965, escrever uma
biografia exclusivamente centrada na figura individual do Infante D. Henrique. Optou por
uma perspetiva mais globalizante do período histórico contemporâneo do Infante, ainda
que seja sobre este e as suas ações ligadas aos Descobrimentos que incide o foco
narrativo e descritivo. Assim, este livro enquadra-se no modo narrativo biográfico.

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OUTRAS VIAGENS E OUTROS VIAJANTES (cont.)

A viagem
A Selva, Ferreira de Castro n’Os Lusíadas
(Guimarães & C.A)
A viagem da Língua
Ferreira de Castro nasceu em 1898, na aldeia de Salgueiros, Oliveira de Azeméis, numa família Portuguesa no Mundo
de camponeses. Órfão de pai, emigrou para o Brasil com apenas 12 anos, para trabalhar num
seringal da Amazónia. Aí, durante 4 anos, conheceu o inferno: a exploração desmedida a que
eram sujeitos os trabalhadores, a fome, as doenças, os perigos da selva. No entanto, senhor de
uma tenacidade sem par, aos 16 anos, de regresso à cidade, publicou o seu primeiro livro.
A Selva, narrativa que só poderia ser escrita por quem viveu a experiência da Amazónia, é um dos romances
portugueses mais traduzidos.

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FERREIRA DE CASTRO
 Casa-Museu, em Oliveira de Azeméis
 Museu em Sintra

O mito da Sereia (o
Serões da Província, Júlio Dinis conto «O Canto da
(Porto Editora) Sereia» poderá
relacionar-se com a
Publicado em 1870, Serões da Província é uma antologia de contos e novelas curtas, Odisseia)
publicados em folhetim, no Jornal do Porto, entre 1862 e 1864.
«O Espólio do Senhor Cipriano», «Justiça de Sua Majestade»; «As Apreensões de uma Mãe»,
«Os Novelos da Tia Filomena»; «Uma Flor entre o Gelo» e «O Canto da Sereia» são os títulos
integrados no volume e abordam os temas habituais neste médico escritor, que conheceu a popularidade na sua
breve vida. As atmosferas criadas são as habituais em Júlio Dinis: a crença num mundo harmonioso, em que os
conflitos se resolvem com boa vontade, a simplicidade que torna feliz o quotidiano, as peculiaridades do mundo
rural, o amor que tudo redime e harmoniza.

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Os romances de Júlio Dinis conheceram uma enorme popularidade e várias adaptações ao cinema: As Pupilas do Senhor
Reitor, A Morgadinha dos Canaviais, Uma Família Inglesa, Os Fidalgos da Casa Mourisca.

Contos Fantásticos, Edgar Allan Poe


(Ulisseia)

Poeta, contista e crítico literário, Edgar Allan Poe nasceu em 1809, em Boston, e morreu, em
condições misteriosas, em 1849. Considerado o criador e o mestre do suspense e do terror na
literatura, os seus contos, muito apreciados por sucessivas gerações de leitores, apresentam
uma construção perfeita, condensada, capaz de puxar o leitor para o centro da intriga, sempre
terrível, sempre inesperada.

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