Você está na página 1de 110

TECNOLOGIAS

DIGITAIS DE REDE
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
usos e potencialidades pedagógicas

Portanto, a Educação Infantil,


sendo a primeira etapa da
Educação Básica, pressupõe a
ideia de que a formação da criança
se dá num continuum, com

TEC
períodos formativos que devem se
articular em função dos princípios
e finalidades que norteiam a
educação no país. Como um nível
MATERIAL COMPLEMENTAR

de ensino, deve propor reflexões


específicas promovendo
interfaces da vida cotidiana com
recortes curriculares relacionados
aos aspectos de noção de espaço
e tempo, para que a criança
compreenda o lugar no qual está
inserida e construindo a sua
aprendizagem.
Governo Federal Presidente da República | Jair Messias Bolsonaro
Ministro de Educação | Abraham Weintraub
Secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior | Ricardo Braga
Coordenação-Geral de Regulação da Educação Superior a Distância | Cristiane Dias Lepiane
Presidente da CAPES | Benedito Guimarães Aguiar Neto
Diretor de Educação a Distância da CAPES/MEC | Carlos Cezar Modernel Lenuzza

Governo do Estado Governador | Carlos Moisés da Silva


de Santa Catarina
Secretário da Educação | Natalino Uggioni

UDESC Reitor | Dilmar Baretta


Vice-Reitor | Luiz Antonio Ferreira Coelho
Pró-Reitora de Ensino de Graduação | Nerio Amboni
Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Comunidade | Mayco Morais Nunes
Pró-Reitor de Administração | Marilha dos Santos
Pró-Reitor de Planejamento | Márcio Metzner
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação | Letícia Sequinatto

Centro de Educação Diretor Geral | Lucimara da Cunha Santos


a Distância (CEAD/UAB)
Diretora de Ensino de Graduação | Lenita de Cassia Moura Stefani
Diretora de Pesquisa e Pós-Graduação | Soeli Francisca Mazzini Monte Blanco
Diretor de Extensão | Tania Regina da Rocha Unglaub
Diretora de Administração | Graziela Naspolini Delpizzo
Chefe de Departamento de Pedagogia a Distância CEAD/UDESC | Lidiane Goedert
Subchefe de Departamento de Pedagogia a Distância CEAD/UDESC | Geisa Letícia Bock
Chefe do Departamento de Educação Científica e Tecnológica | Luciano Emílio Hack
Secretário de Ensino de Graduação | Alexandre da Silva Lunelli
Coordenador de Estágio do CEAD | Cleia Demétrio Pereira
Coordenador UDESC Virtual | Elisa Mannes
Coordenadora Geral UAB | Carmen Maria Cipriani Pandini
Coordenadora do Curso de Pedagogia UAB | Karina Marcon
Coordenadora do Curso de Biologia UAB | Cleia Demétrio Pereira
Coordenador do Curso de Informática UAB | Beatriz Goudard
Universidade do Estado de Santa Catarina
Universidade Aberta do Brasil
Centro de Educação a Distância

TECNOLOGIAS
DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil:
usos e potencialidades pedagógicas

Vitor Malaggi
Karina Marcon
Roselaine Ripa

Florianópolis
CEAD/UDESC e UAB
2020
Autoria Vitor Malaggi
Karina Marcon
Roselaine Ripa

Design Instrucional Marcia Melo Bortolato

Revisão ortográfica Denise de Mesquita Corrêa

Projeto Gráfico Daniela Souto Resing


Alice Demaria Silva Penha

Ilustração da Capa Gabriel Dias de Oliveira

Diagramação e Carina de Abreu Rafaeli


Tratamento de imagens
Bruno Pires da Silva

Este material foi disponibilizado no ano de 2018, sofrendo atualizações na diagramação


para esta publicação no ano de 2020.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Malaggi, Vitor
Tecnologias digitais de rede na educação infantil [livro
eletrônico] : usos e potencialidades pedagógicas / Vitor Malaggi,
Karina Marcon, Roselaine Ripa ; ilustração Gabriel Dias de Oliveira.
-- 1. ed. -- Florianópolis : Vitor Malaggi, 2020.
PDF

Bibliografia
ISBN 978-65-00-07184-9

1. Educação 2. Educação - Finalidades e objetivos 3. Educação
infantil 4. Pedagogia 5. Planejamento educacional 6. Professores
- Formação 7. Tecnologias digitais I. Marcon, Karina. II. Ripa,
Roselaine. III. Oliveira, Gabriel Dias de. IV. Título.


CDD-371.33
20-41500

Índices para catálogo sistemático:


1. Tecnologias digitais na educação 371.33
Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964

Copyright © UDESC/CEAD/UAB <2020>


Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio
sem a prévia autorização desta instituição.
Olá estudante de Pedagogia

Este material tem o objetivo de apresentar as


funcionalidades e as potencialidades pedagógicas de oito
Tecnologias Digitais de Rede, com foco em propostas de
atividades para a Educação Infantil. A educação infantil é a
primeira etapa da educação
Não é objetivo, deste material, sugerir utilizações básica. É a única que está
vinculada a uma idade
prontas ou, até mesmo, listar receitas. Esperamos que própria: atende crianças de
nossas proposições agucem sua curiosidade pedagógica para zero a três anos na creche
e de quatro e cinco anos
que, a partir da realidade de cada comunidade educativa, na pré-escola. Tem como
finalidade o desenvolvimento
possam incluir o uso destas tecnologias digitais em seus integral da criança em seus
planejamentos pedagógicos, no planejamento escolar e aspectos físico, psicológico,
intelectual e social,
nos Projetos Político-Pedagógicos. Desta forma, estaremos complementando a ação
da família e da comunidade
caminhando para a superação da simples inserção das (LDB, art.29).
tecnologias digitais em ambientes educativos, desvinculada
de intencionalidade pedagógica. Entende-se a
Intencionalidade Pedagógica
Para elaborar o material, nos apoiamos nos documentos como sendo toda a ação
consciente, planejada e
legais que balizam as propostas político-pedagógicas no executada pelo professor/
contexto de educação das infâncias: Diretrizes Curriculares educador, acomodada
dentro do cenário
Nacionais para a Educação Infantil (DCNEIs); Referencial pedagógico (salas de aula
ou qualquer outro ambiente
Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) e a Base
no qual seja possível o ato
Nacional Comum Curricular (BNCC). de ensino e aprendizagem),
determinado como espaço
Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação relacional dos que ensinam
e dos que aprendem.
Infantil (DCNEIs), publicada por meio da Resolução nº 5, de (Negri, 2016, Laboratório de
Tecnologia Educacional-
17 de dezembro de 2009, encontramos discussões acerca da Labted/UEL <LINK>)
concepção de criança, infância e Educação Infantil, bem como
os princípios e os eixos norteadores das práticas pedagógicas
nesta etapa da Educação Básica.
Em seu Art. 9º, ao discutir as interações e brincadeiras
como eixos norteadores da Educação Infantil, as DCNEIs
pontuam a necessidade de se garantir experiências que:
II - favoreçam a imersão das crianças nas
diferentes linguagens e o progressivo domínio por
elas de vários gêneros e formas de expressão:
gestual, verbal, plástica, dramática e musical; [...]

XII - possibilitem a utilização de gravadores,


projetores, computadores, máquinas
fotográficas, e outros recursos tecnológicos e
midiáticos (BRASIL, 2010, p. 25-27).

Já o Referencial Curricular Nacional para a Educação


Infantil (RCNEI) foi publicado pelo MEC em 1998, por meio de
Para ter uma visão geral três volumes:
sobre esses volumes,
indicamos o vídeo: Volume 1: Introdução, que apresenta a concepção de
Referencial Curricular
Nacional para a Educação criança, de educação, de instituição e de profissional que
Infantil - um panorama sobre
fundamenta o documento (BRASIL, 1998a);
o documento, produzido pela
UNIVESP TV, que apresenta
uma roda de conversa com
Volume 2: Formação Pessoal e Social, que apresenta o
docentes especialistas eixo de trabalho “Identidade e Autonomia” (BRASIL, 1998b);
em Educação Infantil e
educadores(as) da Educação Volume 3: Conhecimento de Mundo, que apresenta os
Infantil atuantes nas redes
públicas de ensino. eixos de trabalho “Movimento, Música, Artes Visuais,
Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e
Matemática” (BRASIL, 1998c).
Em 2017, um novo documento normativo, a Base Nacional
Para se aproximarem das
discussões envolvendo Comum Curricular (BNCC), é promulgada com o propósito de
a BNCC, indicamos a
reportagem: BNCC: desafio definir o conjunto de aprendizagens essenciais que todos
é a histórica carência na os educandos devem desenvolver ao longo das etapas e
formação de professores,
publicada na edição nº 252, modalidades da Educação Básica.
de 08 de outubro de 2018, da
Revista Educação, contendo No caso específico da Educação Infantil, o texto da
depoimentos de diversos
especialistas. BNCC reafirma como eixos estruturantes as interações e a
brincadeira, com o propósito de assegurar às crianças os
direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se
e conhecer-se. Para isso, a BNCC apresenta como organização
curricular da Educação Infantil cinco Campos de Experiências,
No artigo Currículo da Educação
Infantil – Considerações a partir com o objetivo de “[...] acolher as situações e as experiências
das experiências das crianças,
Sandro Vinicius Sales dos Santos
concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes,
analisa os sentidos produzidos entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do
pelas crianças sobre a experiência
educativa, incluindo a discussão patrimônio cultural.” (BRASIL, 2017, p. 38).
sobre a organização do currículo
por campos de experiência.
No artigo Currículo da Educação Infantil – Considerações a partir das
experiências das crianças, Sandro Vinicius Sales dos Santos analisa os sentidos
produzidos pelas crianças sobre a experiência educativa, incluindo a discussão sobre
a organização do currículo por campos de experiência.
No texto da BNCC são destacados os seguintes Campos de Experiências para a
Educação Infantil:

· O eu, o outro e o nós


· Corpo, gestos e movimentos
· Traços, sons, cores e formas
· Escuta, fala, ensamento e imaginação
· Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações

Especificamente, no Campo de Experiências “Traços, sons, cores e formas”,


destaca-se o uso dos recursos tecnológicos, ao mencionar a importância de a
criança conviver, no cotidiano da Educação Infantil, com diferentes manifestações
artísticas, culturais e científicas, no âmbito local e universal, por meio de experiências
diversificadas, possibilitando variadas formas de expressão e linguagem.

Com base nessas experiências, elas se expressam por várias linguagens,


criando suas próprias produções artísticas ou culturais, exercitando a
autoria (coletiva e individual) com sons, traços, gestos, danças, mímicas,
encenações, canções, desenhos, modelagens, manipulação de diversos
materiais e de recursos tecnológicos (BRASIL, 2017, p. 39).

Neste contexto, o potencial pedagógico das tecnologias interativas pode ser


considerado, tendo em vista que por meio da conexão de computador, tablets e
smartphones à Internet conseguimos fruir e produzir materiais digitais que articulam
imagem, vídeo, música, escrita, oralidade, etc.
Ao partir deste pressuposto, bem como da importância de socialização da
criança com os conhecimentos produzidos historicamente, podemos imaginar
diferentes potencialidades destas tecnologias digitais para o trabalho pedagógico
na Educação Infantil. Sobretudo, possibilitando uma perspectiva da autoria
e colaboração quando da apropriação destes conhecimentos, tecnologias e
procedimentos, tendo as brincadeiras e interações como eixos nucleares.
Ainda, podemos considerar, assim como ensina a Profª. Roxane Rojo,
o potencial pedagógico dos textos multissemióticos que circulam nos meios
digitais. A cultura contemporânea atravessada pelo digital nos traz o desafio de
vivenciar multiletramentos, pois os significados culturais não são mais expressos
tão somente por meio da escrita. Em verdade, estão vinculados em diferentes
linguagens e modalidades midiáticas, que se articulam em rede para possibilitar
produções coletivas de sentidos.
Propiciar às crianças o contato com tais práticas multiletradas por meio das
tecnologias digitais configura-se, assim, uma possibilidade para os espaços de Educação
Infantil articularem-se com aspectos culturais advindos da sociedade contemporânea.
Isso para que, desde cedo, as crianças possam vivenciar as possibilidades e limites de
tais práticas, em uma perspectiva crítica, colaborativa, lúdica e autoral.
E então: vamos começar?
Entendendo nossos ícones

citação destaque reflexão

“” ! ?
SUMÁRIO
Introdução P. 04

Desenvolva livros digitais


com o StoryJumper P. 13

Explore peças de design


com o Canva P. 21

Produza murais digitais


interativos com o Padlet P. 33

Crie avatares com o Voki P. 43

Componha imagens e vídeo


interativos com o Thinglink P. 49

Produza vídeos animados


com o Animaker P. 61

Elabore histórias e poemas


visuais com o Storybird P. 73

Crie desenhos com


o Google Drawings P. 85

Para saber mais… P. 95

Considerações Finais P. 99

Referências P. 102
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

12
Desenvolva livros
digitais com o
StoryJumper

Conhecendo a tecnologia

O StoryJumper é uma tecnologia que permite a autoria colaborativa de livros digitais


diretamente na Web. Basta acessar o site storyjumper.com, criar um cadastro e pronto:
você já estará apto a explorar os fantásticos recursos desta Tecnologia Educacional.
Na criação das páginas do livro digital (ou e-book), é possível inserir textos, links
de sites, imagens contendo objetos, personagens e cenários. No próprio StoryJumper
existem diversas imagens disponíveis para utilização na autoria das histórias. Contudo,
se as possibilidades dadas não lhe agradarem, você pode carregar suas próprias
imagens salvas no computador ou baixadas da Internet. Também é possível narrar
a história criada diretamente no StoryJumper, desde que o computador utilizado
possua um microfone devidamente habilitado (por exemplo, um headset). Para os(as)
educadores(as), o StoryJumper permite a criação de salas de aulas virtuais (“classes”),
sendo possível cadastrar diversos alunos-usuários e disponibilizar usuários e senhas de
acesso. Por fim, os livros digitais criados podem ser compartilhados e comentados na
Web. Por exemplo, via redes sociais, blogs ou sites da escola, etc.

13
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Potenciais pedagógicos

O(a) educador(a) pode criar no StoryJumper o início de uma história


(utilizando algum gênero da literatura infantil - lendas, fábulas, mitos,
contos populares, etc.) e, após apresentá-la e analisar sua estrutura
inicial com os(as) educandos(as), convidá-los para dar continuidade
à narrativa a partir das suas próprias criações. As crianças em
grupos poderiam, por exemplo, produzir seus próprios desenhos no
tocante aos cenários e personagens, os quais seriam digitalizados
e inseridos no StoryJumper com a funcionalidade de upload de
imagens (Fotos). A parte escrita da narrativa, criada pelas crianças,
pode ser registrada pelo próprio educador(a), atuando neste contexto
na função de escriba.

Atividades de narração e/ou sonorização de histórias podem


ser realizadas de forma divertida no StoryJumper, utilizando-se
da função “Narrar” desta tecnologia. No tocante à narração, o(a)
educador(a) pode valer-se da criação com as crianças de livros
digitais contendo somente imagens. Após isso, as crianças formulam
e gravam a narração, as falas dos personagens e contam a história,
diretamente no StoryJumper. Uma versão desta atividade, focada
no trabalho interdisciplinar com a Música, envolve a criação de um
livro digital sonorizado. As crianças definiriam que personagens e
situações seriam sonorizadas, utilizando materiais diversos (sons
vocais, corporais, instrumentos musicais convencionais e não-
convencionais, etc.) para compor e registrar os sons no StoryJumper.

14
Desenvolva livros digitais com o StoryJumper

Nas Diretrizes Curriculares Nacionais da


Educação Infantil (DCNEIs), destaca-se
a importância de promover o contato das Uma atividade de suma importância na
crianças com diversificadas manifestações Educação Básica, a reescrita de textos, pode
artísticas, tais como as artes gráficas ser iniciada com as crianças desde a Educação
e fotografia. Uma forma de utilizar o Infantil, mesmo antes de conhecerem as
StoryJumper para tal objetivo seria conectá- formas convencionais de escrita alfabética.
lo às propostas metodológicas de aula- Neste contexto, as crianças apropriam-se
passeio e texto livre, do pedagogo francês das características da linguagem escrita, bem
Célestin Freinet. O(a) educador(a) planejaria como de diferentes gêneros (poemas, lenda,
vivências sobre artes gráficas urbanas, como fábula, etc.), em atividades que envolvem
o grafite: após discussões iniciais para o criatividade e imaginação. Reescrever um texto
levantamento dos conhecimentos prévios, já existente não é sinônimo de reprodução
proporia uma aula-passeio para ampliação literal, mas criar uma versão própria do texto.
de repertório, na qual as próprias crianças Envolve suprimir partes, trocá-las por outras,
registram diferentes grafites da cidade em inserir novos trechos quando julgar necessário.
fotos. No espaço da turma, os registros Partindo de gêneros afins da literatura infantil,
fotográficos e percepções das crianças o(a) educador(a) pode utilizar o StoryJumper
seriam socializados e discutidos na roda de na reescrita de histórias. Primeiramente, as
conversa. Por fim, o(a) educador(a) propõe a crianças apropriam-se da narrativa original.
criação de textos no StoryJumper, ensejando Posteriormente, pensam em diferentes formas
a livre expressão das crianças em histórias de modificá-la, seja na estrutura narrativa,
que ocupem os registros fotográficos como ações dos personagens, locais onde se passam
elementos de definição da narrativa. determinados acontecimentos, etc.

15
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Os objetivos previstos no eixo Natureza e Sociedade, propostos no


RCNEI, podem ser trabalhados utilizando o StoryJumper como um
suporte de sistematização e divulgação das atividades desenvolvidas
pelas crianças. Na Educação Infantil é importante que as crianças
realizem reflexões sobre a diversidade de hábitos, modos de vida e
costumes de diferentes épocas, lugares e povos. Neste processo,
passam a reconhecer as permanências e mudanças, bem como
as relações entre o seu cotidiano e as vivências socioculturais,
históricas e geográficas de pessoas (mais próximas, inicialmente),
grupos ou gerações. São possibilidades de temas que podem ser
trabalhados: tipos de alimentação, escola, moradia, vestimenta,
músicas, jogos e brincadeiras, brinquedos, atividades de trabalho,
lazer, dentre outras. Para tanto, pode-se utilizar imagens
pesquisadas na Internet, registros realizados pelas crianças (fotos ou
ilustrações), bem como materiais pertencentes ao seu grupo familiar.

16
Desenvolva livros digitais com o StoryJumper

Também é possível compor no StoryJumper um e-book com brincadeiras antigas e


atuais. Para isso, podem ser propostas pesquisas com pessoas de mais idade, para
que listem e descrevam as brincadeiras que mais gostavam na infância. Ao compilar
as respostas, a turma pode observar as mais recorrentes (comparando os nomes e
variações, por exemplo) e convidar as pessoas que a conhecem para brincarem juntos.
A turma também pode escolher as brincadeiras atuais que mais gostam para socializar.
Os registros dessas atividades poderão compor o e-book: imagens, fotos, descrição da
brincadeira, etc. Uma variação pode ser feita se considerarmos o brincar em diferentes
locais do Brasil. No site Território do Brincar você encontra um projeto desenvolvido
entre 2012 e 2014, que percorreu diversos locais do Brasil (comunidades rurais,
indígenas, quilombolas, grandes metrópoles, sertão e litoral), com registros do que os
documentaristas denominaram “as sutilezas da espontaneidade do brincar”.

O StoryJumper pode ser utilizado para criação de dicionários. Desde


a Educação Infantil, é importante que as crianças conheçam a função
do dicionário e se aproximem da sua organização e também daqueles
disponíveis em aplicativos e on-line. Por isso, é importante ampliar
a proposta de criação de dicionários nessa faixa etária para além de
relacionar uma letra do alfabeto a uma palavra ou nome de um colega
da turma. Podem ser produzidos dicionários ilustrados, com temáticas
específicas ou de explicação de conceitos que permitam que as
crianças registrem o significado que elas atribuem às palavras a
partir da sua leitura do mundo. Também é possível criar dicionários de
palavras derivadas de língua africana ou indígena que, além de ampliar o
repertório, pode ajudar a discutir a diversidade e a multiculturalidade.

17
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Usar o StoryJumper para fazer matemática


na Educação Infantil pode ajudar as crianças
a organizarem informações e estratégicas,
possibilitando a aquisição de conhecimentos
matemáticos. As histórias elaboradas no
StoryJumper podem ajudar as crianças
a comunicarem ideias matemáticas,
socializando os processos utilizados. O(a)
educador(a) pode formular situações
problemas relacionadas às histórias para
propor desafios matemáticos. O importante é
apresentar a matemática inserida e integrada
ao contexto delas. Por exemplo: organizar
histórias com fotos em diferentes momentos
do período letivo, indicando medidas das
crianças (altura, massa, tamanho dos pés,
etc.), comparando ao longo dos meses. Já
para investigar as regras e regularidades
do sistema numérico, pode ser explorado o
índice, a numeração das páginas e o ano de
publicação, por exemplo.

18
Desenvolva livros digitais com o StoryJumper

O StoryJumper pode ser utilizado para ajudar no processo de


construção da leitura de imagens na Educação Infantil, bem
como para construir histórias apenas com imagens, que podem
ser escolhidas pelas crianças a partir de uma temática, ou podem
ser apresentadas pelo(a) educador(a). De acordo com o RCNEI, é
aconselhável que as crianças reconheçam e estabeleçam relações
com seu contexto ao apreciar imagens, que podem conter pessoas,
animais, objetos específicos às culturas regionais, cores, linhas,
formas, etc. Porém, também é possível utilizar imagens abstratas
e, nesse caso, o(a) educador(a) deve observar o sentido narrativo
que as crianças atribuem a elas. É importante que o(a) educador(a)
assuma o papel de provocador da apreciação e leitura de imagens,
mas também que possibilite às crianças realizarem observações
livres das imagens e socializarem comentários. Um exemplo de livro
“sem palavras”, com ilustrações que dão a ilusão de estarmos nos
afastando a cada página (ou nos aproximando se começarmos do fim
para o começo) é o Zoom, de Istvan Banyai.

Na Educação Infantil, é indicado que o espaço físico seja acolhedor e aconchegante. O RCNEI
sugere que seja disponibilizado um acervo com textos dos mais variados gêneros, em seus
portadores/suportes de origem (livros de contos, poesia, enciclopédias, dicionários, revistas,
etc.). Este acervo deve estar organizado de modo a garantir o livre acesso das crianças e,
quando possível, em número suficiente para possibilitar leituras compartilhadas. Também
pode compor esse acervo os textos produzidos pelas crianças: coletâneas de contos, de
trava-línguas, de adivinhas, brincadeiras e jogos infantis, revistas, jornais, etc. O StoryJumper
permite a ampliação desse acervo, com a criação de uma biblioteca virtual com as produções
das crianças, que pode ser disponibilizada para outras turmas, para os responsáveis e/ou
comunidade externa, conforme a proposta pedagógica do educandário.

19
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

20
Explore peças de
design com o Canva

Conhecendo a tecnologia

O Canva é uma tecnologia multiuso que permite a autoria colaborativa de


uma infinidade de materiais de design, como cartazes, panfletos, livros digitais
e muito mais. Tal como o StoryJumper, basta realizar um simples cadastro por
meio do link e pronto: diversas opções de design estarão à sua disposição.
O grande atrativo do Canva é a facilidade de criação dos materiais digitais, tendo
em vista que esta tecnologia disponibiliza diversos templates (modelos) gratuitos
para serem utilizados. Assim, com base nas ideias prontas de diversos designers,
é possível customizar os materiais digitais com fotos, textos, desenhos, fundos de
página, formas e muito mais. O Canva conta com uma biblioteca gratuita de diversas
imagens à disposição dos seus usuários. Ainda, é possível realizar o upload de
imagens diretamente do seu computador, visando a sua utilização na criação dos
mais diversos materiais: cartazes, livros, panfletos, infográficos, menus, cartões e
muito mais! Por se tratar de uma tecnologia de autoria colaborativa, a criação destes
materiais pode ser realizada de forma conjunta por dois ou mais usuários cadastrados
na plataforma. Por fim, tais materiais podem ser disponibilizados on-line ou, ainda,
baixados em formato de imagem e PDF para posterior impressão.

21
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Potenciais pedagógicos

Na Educação Infantil o trabalho com múltiplas linguagens - por


exemplo, a criação de verdadeiras obras artísticas pelas crianças,
por meio da modelagem, papietagem, desenho, colagens e pintura
-, deve ser uma constante como forma de garantir espaços para a
expressão de como elas percebem e compreendem a realidade.

Poderíamos pensar que, após o desenvolvimento de um projeto


em torno das Artes Visuais - por exemplo, representação artística
de animais da natureza -, o grupo sob orientação do(a) educador(a)
elaboraria um portfólio digital no Canva, selecionando e descrevendo
as obras artísticas que estariam contidas neste material.

Para a composição do portfólio, o(a) educador(a) deve inicialmente


apresentar a ideia às crianças e, principalmente, garantir em todo o
processo a participação efetiva dos pequenos. Isto envolve desde a
escolha das obras artísticas individuais e/ou coletivas que estarão
contidas no portfólio, com discussão mediada pelo(a) educador(a)
do porquê destas escolhas. Neste momento também pode provocar
reflexões coletivas sobre as obras: como foram feitas, o que se buscou
expressar, como foi realizá-la, etc. Tais decisões e reflexões devem ser
anotadas pelo(a) educador(a) para posterior registro no portfólio.

As próprias crianças podem realizar as fotos das obras artísticas


que criaram, aprendendo alguns passos de sua inserção no Canva.
Poderiam dar um nome a sua obra e, com a ajuda do(a) educador(a),
registrá-lo no portfólio digital a partir de suas hipóteses de escrita.
A escolha do modelo visual do portfólio no Canva (seu template),
a organização visual das imagens e textos, podem e devem ser
realizados em conjunto com as crianças. Desta forma, princípios
pedagógicos postulados pelas DCNEIs, como o estético e ético,
estariam permanentemente envolvidos neste trabalho.

22
Explore peças de design com o Canva

Que tal criar com as crianças uma foto-história envolvendo muita imaginação e brincadeiras?
O(a) educador(a) poderia preparar um ou mais espaços educativos com diversos objetos e
cantinhos temáticos, a partir de um “gatilho” inicial de uma narrativa. Por exemplo, a exploração
de um país distante, que já tenha sido trabalhado em ampliação de repertório com as crianças.

Ao passar por tais espaços, o(a) educador(a) poderia instigar as crianças a criarem
coletivamente os momentos desta viagem - o que está acontecendo, quais personagens
estão envolvidos, etc. -, sempre envolvendo brincadeiras em diferentes formas de exploração
dos materiais. A cada passada por um “cantinho”, as crianças poderiam ser instigadas a
registrar por meio de fotografias os momentos que julgarem interessantes.

Após muitas brincadeiras e interações, e com um material fotográfico produzido pelas crianças,
entraria em cena o Canva, como forma de organizar e registrar a história. O(a) educador(a)
envolveria as crianças na escolha das fotos que comporiam a narrativa em sua parte visual,
mediando as interações para que a participação de todos(as) fosse garantida. Em seguida,
pode-se encaminhar um diálogo com as crianças para que elas expliquem o que estava
acontecendo em cada momento registrado, atuando o(a) educador(a) como escriba e, também,
possibilitando que as próprias crianças façam registros escritos no computador com o Canva.

Novamente, frisamos a importância da participação efetiva das crianças no processo de


criação da foto-história no Canva, desde a escolha do template, forma de organização visual
das fotos, textos, etc. Tal material poderia ser impresso e constituir um rico acervo literário
da turma, passível de ser consultado em outros momentos de leitura.

23
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

A Matemática na Educação Infantil pode ser trabalhada de diferentes


formas, sempre envolvendo a experiência prática das crianças a partir
dos aspectos do seu cotidiano. Por exemplo, o trabalho com formas
geométricas pode ser iniciado já nesta etapa da Educação Básica,
visando à construção inicial de noções sobre as características de
figuras básicas, como triângulo, quadrado, círculo, etc. Não se trata,
obviamente, de simplesmente repassar conceitos abstratos acerca do
conhecimento geométrico. Antes disso, deve-se propiciar experiências
diversas de manipulação e observação de objetos variados, extraídos
do próprio ambiente (natural e artificial) que as crianças têm contato,
para que as primeiras visadas significativas sobre as características
destas formas possam emergir.

Assim, o(a) educador(a) poderia propor um projeto envolvendo


formas geométricas que, seguida da ampliação de repertório
amparada na manipulação concreta de diferentes materiais,
findasse na observação e registro das formas que aparecem na
natureza e criações humanas (p. ex., nas edificações, utensílios,
etc.). O movimento final deste projeto didático poderia ser a criação
de um “Livro das Formas”, feito no Canva. Nele estariam contidos
desenhos diversos realizados pelas crianças, representando
objetos naturais e artificiais nos quais elas identificaram formas
geométricas. Nestes desenhos, elas poderiam demarcar
visualmente (com cores, espessura das linhas,, etc.) onde as formas
aparecem, com que frequência, utilizando também a escrita com
base nas suas hipóteses para nomeá-las.

Estes desenhos seriam posteriormente digitalizados pelo(a)


educador(a), visando compor o “Livro das formas”. A maneira
de apresentar as formas no livro poderia envolver também a
narrativa, tal como criar uma pequena história para cada desenho,
ou para uma coleção destes.

24
Explore peças de design com o Canva

O Canva pode ser o portador de diversos gêneros textuais que permeiam a produção de
textos na Educação Infantil. Um portador, de forma bastante direta, é o local onde se
materializa o gênero textual. Neste caso, um portador virtual – e-book, que permite a autoria
colaborativa de diversos gêneros textuais das crianças desde a Educação Infantil, mediada
pelo(a) educador(a). Importante lembrar que a produção deve levar em conta, principalmente,
o contexto de produção, a estrutura do gênero e a sua função social.

Para produzir textos, o(a) educador(a) deve incentivar a ampliação dos repertórios,
conversar sobre o portador e demais características do texto, bem como permitir o
contato com diversas obras.

Passagens dos PCNs, publicados em 1997, já nos alertavam dessa necessidade, que deve
permear o trabalho em toda Educação Básica:

[...] ainda que a unidade de trabalho seja o texto, é necessário que se possa dispor
tanto de uma descrição dos elementos regulares e constitutivos do gênero,
quanto das particularidades do texto selecionado [...] (BRASIL, 1997, p. 48).

Os textos organizam-se sempre dentro de certas restrições de natureza


temática, composicional e estilística, que os caracterizam como pertencentes
a este ou aquele gênero. Desse modo, a noção de gênero, constitutiva do
texto, precisa ser tomada como objeto de ensino (BRASIL, 1997, p. 23).

Neste contexto,

A aprendizagem de procedimentos apropriados de fala e escuta, em


contextos públicos, dificilmente ocorrerá se a escola não tomar para si a
tarefa de promovê-la (BRASIL, 1997, p. 25).

Para conhecer mais sobre essa questão, vale a leitura do livro: Gêneros Orais e Escritos
na Escola, de Bernard Schneuwly, Joaquim Dolz e colaboradores, publicado em 2004 pela
Editora Mercado das Letras.

25
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

E se o(a) educador(a) utilizasse o Canva para estimular a produção


de uma narrativa pelas crianças? De acordo com o RCNEI, "[...] a
narrativa pode e deve ser a porta de entrada de toda criança para os
mundos criados pela literatura" (BRASIL, 1998c, p. 140).

O(a) educador(a) poderia propor a criação de um e-book em duplas,


por exemplo, no qual as crianças precisariam dar continuidade
a uma história a partir de uma imagem. Previamente ao início da
proposta, o(a) educador(a) selecionaria uma imagem e colocaria
um título em cada e-book. Em duplas, as crianças seriam
estimuladas a desenvolver uma narrativa a partir da imagem e do
título proposto pelo(a) educador(a).

A continuidade na produção do e-book envolveria, além do estímulo à


criatividade e à imaginação, a expressão por meio do registro escrito
ou de ilustrações produzidas pelas próprias crianças, respeitando
seu processo de apropriação da língua escrita. Precisamos
considerar, como orienta os RCNEI, que "[...] as crianças que não
sabem escrever de forma convencional, ao receberem um convite
para fazê-lo, estão diante de uma verdadeira situação-problema,
na qual se pode observar o desenvolvimento do seu processo de
aprendizagem." (BRASIL, 1998c, p. 137).

Neste sentido, a mediação do(a) educador(a) neste processo é


fundamental!

26
Explore peças de design com o Canva

Você já ouviu falar no PechaKucha?

O PechaKucha é um formato de apresentação simples, na qual você


mostra vinte imagens e fala sobre cada uma delas em vinte segundos,
por um tempo total de seis minutos e quarenta segundos. As imagens
avançam e você fala junto delas.

Este formato de apresentação de ideias, projetos e histórias pode ser


feito por qualquer um, inclusive por crianças, desde que respeite a
regra de mostrar 20 imagens e falar 20 segundos sobre elas!

E se o(a) educador(a) utilizasse o Canva para estimular a contação


de uma história pelas crianças, incentivando o desenvolvimento da
imaginação por meio de um PechaKucha?

Uma das propostas poderia ser a seguinte: inicialmente o(a)


educador(a) convidaria as crianças para criarem uma história no
Canva utilizando 20 imagens. Depois da produção do e-book, o(a)
educador(a) seria o "guardião do tempo", aquele que iria passando as
imagens enquanto as crianças contam a história. As crianças seriam
desafiadas a contar a própria história em 6min e 40s!

Seria um exercício interessante de estímulo ao desenvolvimento da


linguagem oral, do raciocínio lógico, além de uma brincadeira muito
divertida!

Fontes:
http://cead.pechakucha.org/faq
https://projetodraft.com/verbete-draft-o-que-e-pechakucha/

27
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Um dos eixos de trabalho do Referencial Curricular Nacional para a


Educação Infantil (RCNEI) é denominado "Natureza e Sociedade", que
reúne temas pertinentes ao mundo social e natural.

Um conteúdo concernente ao bloco dos Seres Vivos, por exemplo, é


o "conhecimento de algumas espécies da fauna e da flora brasileira
e mundial".

E se o(a) educador(a) pensasse no Canva como um espaço de autoria


individual ou coletiva sobre os conhecimentos prévios das crianças
sobre a fauna e flora brasileira?

Inicialmente, o(a) educador(a) poderia solicitar que as crianças


registrassem no caderno os tipos de flores e de animais que
possuem em suas casas, ruas, ou que conhecem e já viram
em outros lugares. Após este mapeamento, poderiam iniciar a
elaboração de um e-book, ilustrando com desenhos próprios ou
com imagens o que conhecem sobre os assuntos.

Para ampliação do repertório, poderiam ser realizadas pesquisas


em livros, revistas e internet. As crianças poderiam, por exemplo,
apresentar um capítulo do livro sobre "os animais que eu conheço", "os
animais que eu quero conhecer".

Importante considerar, de acordo com os RCNEI, que "[...] o contato


com animais e plantas, a participação em práticas que envolvam
os cuidados necessários à sua criação e cultivo, a possibilidade de
observá-los, compará-los e estabelecer relações é fundamental para
que as crianças possam ampliar seu conhecimento acerca dos seres
vivos." (BRASIL, 1998c, p. 189).

28
Explore peças de design com o Canva

No documento da Base Nacional Comum Curricular - BNCC (BRASIL, 2017, p.36), no tópico
“Direitos de aprendizagem e desenvolvimento na Educação Infantil”, temos a seguinte
indicação:

Explorar: movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções,


transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola
e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as
artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.

No caso da escrita, o Canva pode ser o portador das produções escritas das crianças!

Vejam alguns exemplos a partir do gênero: Receita.

Uma coleção de receitas que foram produzidas pelas crianças, com links para que possam
compreender a origem de cada ingrediente, explorar rótulos e/ou exploração dos conteúdos
escolares. Veja o vídeo de uma aula na rede municipal de Varginha – MG: o projeto Matemática
é uma delícia! Um projeto que explora as medidas tradicionais e não tradicionais, dentre
outros conteúdos, tais como higienização, desperdício, etc.

Outro documento que traz ideias interessantes para pensar o gênero Receita, pode ser
acessado no Portal do Professor, mantido pelo MEC com as contribuições de educadores(as)
das diversas redes de ensino do país. Nesse caso, trata-se de uma sequência para a turma
fazer um bolinho de espinafre! Pense no Canva como o portador dessas produções!

29
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Pensando ainda na produção textual, o Canva pode ser o portador de


diversas propostas, como por exemplo “Reescritas coletivas”, com
participação de todos da turma, tendo o(a) educador(a) como escriba.

Para essa atividade, podem ser utilizadas diversas narrativas, tais


como os contos de fadas. O Canva permite a interação com o texto
original, versões da obra e dados sobre o autor original (se for o
caso). Permite ainda, que o ebook seja constituído das ilustrações
das crianças sobre a história, os personagens ou, quem sabe,
trazendo proposta de um “final” diferente de cada aluno.

Para conhecer um pouco mais sobre a produção coletiva de


textos na educação infantil, acesse o trabalho de Girão e Perrusi
Brandão, publicado em 2014, sobre uma pesquisa que analisou
como educadoras da Educação Infantil conduziram o processo
de escrita coletiva de textos, na rede municipal de Recife, com
grupos de crianças de 5 e 6 anos.

Ao analisar a mediação das educadoras, foram identificados pelas


pesquisadoras 11 (onze) tipos de intervenção durante a escrita
coletiva dos textos, com intervenções que variaram em grau de
complexidade e se mostraram relacionadas aos gêneros textuais
produzidos e à própria situação que gerou a escrita dos textos.

30
Explore peças de design com o Canva

Um dos campos da experiência da Educação Infantil, segundo a BNCC (BRASIL, 2017, p.40-41),
se intitula “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”.

Na explanação sobre o que compõe esse campo, destaca-se que “[...] as crianças também
se deparam, frequentemente, com conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação,
relações entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos,
avaliação de distâncias, reconhecimento de formas geométricas, conhecimento e
reconhecimento de numerais cardinais e ordinais, etc.) que igualmente aguçam a curiosidade.
” Ao ler cada um desses conhecimentos matemáticos, já pensamos nas possibilidades de
aulas, sequências didáticas e outras formas de planejamento, não é mesmo?

O Canva poderia ser um dos recursos nesse processo. Partindo da importância de trazer os
conteúdos matemáticos inseridos e integrados aos contextos das infâncias, pode ser proposto
um e-book com imagens que explorem as medidas convencionais e não convencionais da altura
das crianças, permitindo sua comparação, compondo tabelas e outras formas de registro.

Segundo o RCNEI (BRASIL, 1998c, p.227) “[...] as crianças aprendem sobre medidas, medindo.
A ação de medir inclui: a observação e comparação social e perceptiva entre dois objetos; o
reconhecimento da utilização de objetos intermediários, como fita métrica, balança, régua,
etc. Inclui também efetuar comparação entre dois ou mais objetos respondendo às questões
como: “quantas vezes é maior?" “qual é a altura?”, “qual é a distância?”, “qual é o peso?” etc.”

31
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

32
Produza murais
digitais interativos
com o Padlet

Conhecendo a tecnologia

Com o Padlet, você poderá explorar a criação de verdadeiros murais digitais


interativos. Pense em um mural do “mundo analógico”, tal como aquele que
encontramos em diferentes locais, como nas escolas…
Agora, com o Padlet, você poderá criá-los diretamente na Web, com as
facilidades do mundo digital: as mensagens (posts) no mural podem incluir imagens
e vídeos (próprios ou da Internet), textos, links, desenhos, notas de voz ou mapas. Por
permitir a autoria colaborativa, a criação destes murais digitais pode ser desenvolvida
por dois ou mais usuários cadastrados na plataforma, em um verdadeiro processo
coletivo de criação e compartilhamento de conhecimentos.
Além disto, cada postagem pode ser comentada pelos sujeitos que terão
acesso ao mural. Desta forma, o Padlet permite a interatividade entre os diferentes
usuários do mural criado, provendo para tanto diferentes níveis de privacidade de
acesso: público, particular, protegido por senha, etc. É possível customizar o mural de
diferentes formas, tais como: adicionando título e descrição; dispondo uma imagem
de fundo no mural; aplicação de temas e estilos de fontes, dentre outros. Por fim, o
mural criado pode ser compartilhado via e-mail, redes sociais, incorporado em blogs
ou sites, bem como impresso fisicamente. Demais, não?

33
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Potenciais pedagógicos

Em um processo de ensino-aprendizagem guiado pela Metodologia de Projetos, o Padlet


pode ser utilizado para a criação de um repositório de materiais encontrados pelo grupo de
educandos(as). Tais materiais - obtidos por meio de pesquisas na Internet e outras fontes de
informação - podem ser adicionados a um mural interativo não somente para fins de registro,
mas, sobretudo, de discussão sobre o seu conteúdo. Tal possibilidade é providenciada
pelo Padlet ao permitir que as postagens do mural sejam comentadas entre aqueles que
compartilham a autoria destes materiais. Neste sentido, é interessante também ressaltar o
potencial multissemiótico desta curadoria inicial de fontes de informação por meio do Padlet.
Além dos textos escritos, podemos adicionar neste mural-repositório fotos, vídeos, links para
sites da Internet, desenhos, dentre outros conteúdos em formatos midiáticos variados.

34
Produza murais digitais interativos com o Padlet

Que tal pensar no Padlet enquanto espaço para criação de uma


galeria de arte virtual? Por exemplo, um docente da Educação
Infantil ou Anos Iniciais - Ensino Fundamental poderia engajar
seus estudantes no processo de (re)criação de obras de artes
famosas, utilizando apenas formas geométricas. O desafio seria
ressignificar pinturas diversas por meio de quadrados, triângulos
e círculos. Uma variação deste projeto seria “pintar” a realidade
do bairro, por exemplo, inicialmente registrada via foto, por meio
de formas geométricas. Aliás, uma maneira divertida de brincar
de pintar com formas geométricas está na apropriação do Google
Drawing (veja neste material).

Após a criação das obras de artes ressignificadas, o(a) educador(a),


juntamente com seus alunos, poderia projetar a galeria virtual:
escolheriam, coletivamente, seu nome, imagem de fundo,
descrição. Finalizada esta parte, cada obra de arte estaria inserida
em uma postagem do mural virtual, com algumas explicações
contextualizando a sua criação (de onde surgiu a ideia, como foi o
processo de pintar com formas geométricas, etc.). Por fim, e levando
em conta o potencial interativo do Padlet, cada obra de arte na galeria
poderia ser comentada pelos usuários do mural virtual. Uma prática
pedagógica interessante neste sentido seria compartilhar galerias de
arte virtuais, entre duas ou mais turmas de uma escola, de tal forma
que o processo de fruição e reflexão crítica sobre a arte estaria unida
com a produção artística.

35
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

A BNCC, no campo de experiências “Corpo, gestos e movimento”, situa como um dos


objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para crianças pequenas - “Criar com o corpo
formas diversificadas de expressão de sentimentos, sensações e emoções, tanto nas
situações do cotidiano quanto em brincadeiras, dança, teatro, música”. Com base nisto,
o(a) educador(a) poderia realizar uma proposta pedagógica envolvendo música, registros
fotográficos e reflexões sobre expressão de sentimentos. Inicialmente, deve ser realizada
uma curadoria de músicas de diversas origens culturais.

Em seguida, o(a) educador(a) proporcionaria às crianças um momento coletivo de fruição destas


músicas, em que ensejaria um diálogo sobre que tipos de sensações, emoções e sentimentos os
diversos elementos musicais ensejam: ritmo, melodia, letra, etc. Em seguida, as crianças seriam
convidadas a expressar com seu corpo estes sentimentos/emoções, que seriam registradas
pelo(a) educador(a) por meio de fotos. Por fim, e como espaço de síntese de reflexões sobre a
expressão corporal, teríamos a criação de um mural digital no Padlet, em que cada postagem
contaria com uma foto e as leituras reflexivas da turma sobre que sentimentos/sensações/
emoções que um dado colega conseguiu comunicar. Esta síntese pode conter, também, a voz
do sujeito representado na fotografia, explorando as diversas formas como compreendemos o
outro em suas expressões. O registro-síntese das reflexões seria efetivado pelo(a) educador(a)
via escrita, nas postagens contendo cada expressão fotográfica dos(a) educandos(as).

36
Produza murais digitais interativos com o Padlet

No Campo de Experiências "Escuta, Fala, Pensamento e


Imaginação", da Base Nacional Comum Curricular, é objetivo de
aprendizagem e desenvolvimento, para crianças pequenas (4 anos
a 5 anos e 11 meses), "[...] recontar histórias ouvidas para produção
de reconto escrito, tendo o(a) educador(a) como escriba" (BRASIL,
2017, p. 45). Uma atividade envolvendo o Padlet, para atingir esse
objetivo, poderia ser a seguinte:

Recupere, com as crianças, uma história que seja conhecida pela turma.
Aqui vamos ter como exemplo a história “O Menino Maluquinho” (Ziraldo).

A educadora, de posse de um computador com projetor multimídia


e conexão à internet, poderá relembrar a história às crianças,
contando-a a partir do próprio site:

https://www.ziraldo.com/menino/mm7.htm

Após isso, juntamente com as crianças, vão construindo um mural


digital da turma, que terá como objetivo recontar a história do
Menino Maluquinho.

Neste mural colaborativo, é possível ter ilustrações das próprias


crianças sobre a história, problematizações sobre as narrativas,
inclusão de imagens, vídeos e outros recursos para contribuir com a
história da turma.

Ao final, a produção contará com múltiplas linguagens e estará


disponível para todos de forma compartilhada.

37
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

E se utilizássemos o Padlet para sintetizar uma pesquisa realizada


pelas crianças?

De acordo com os Referenciais Curriculares Nacionais para Educação


Infantil, com a coleta de dados "as crianças poderão pesquisar
informações em diferentes fontes, na forma de pesquisas, entrevistas,
histórias de vida e pedidos de informações às famílias, sempre com a
ajuda do professor e de outras pessoas adultas" (1998, p. 196).

Nesse contexto, pensem em um projeto envolvendo brincadeiras


antigas. Elaborem, junto das crianças, as perguntas que serão
realizadas às pessoas mais velhas de sua família e da rua onde
moram, por exemplo. Como brincavam quando eram crianças? Com
que tipo de brinquedos e brincadeiras?

O RCNEI aponta que a "[...] história de vida é uma excelente forma


de coleta de dados" (BRASIL, 1998c, p. 196). O(a) educador(a) pode
disponibilizar o link de acesso ao Padlet da turma e solicitar que
os familiares, por meio de um smartphone conectado à internet,
auxiliem a criança a registrar as respostas da pesquisa realizada.
Ao final, teremos os resultados da pesquisa disponíveis a todas
as crianças e seus familiares, contribuindo para a ampliação de
repertório referente aos brinquedos e brincadeiras antigas.

Depois de realizada a pesquisa, é hora de brincar com todas elas, é claro!

38
Produza murais digitais interativos com o Padlet

Tendo criatividade, a apropriação de uma tecnologia digital de rede pode envolver


diversificadas intencionalidades pedagógicas.

Que tal criarmos um Livro de Receitas da turma?


Como pontapé inicial deste projeto, o(a) educador(a) deverá criar um Padlet para a turma, e
disponibilizar o link de acesso a todas as crianças, para que acessem para suas casas. A ideia
é que cada criança, junto com um familiar ou responsável, crie um post no Mural colaborativo,
compartilhando uma receita da família.

De acordo com o RCNEI, é conteúdo direcionado para a Educação Infantil o "[...]


conhecimento de modos de ser, viver e trabalhar de alguns grupos sociais do presente
e do passado" (BRASIL, 1998c, p. 182). Neste trabalho, é preciso "[...] incluir o respeito às
diferenças existentes entre os costumes, valores e hábitos das diversas famílias e grupos, e
o reconhecimento de semelhanças." (BRASIL, 1998c, p. 182).

Por meio do Livro de Receitas, é possível conhecer os hábitos alimentares das famílias
dos educandos pertencentes à turma e, com isso, estimular a ampliação do repertório das
crianças e o respeito às diferenças.

Depois de montado o Livro de Receitas, as crianças no coletivo poderão escolher uma


receita e, juntos, produzir a receita no educandário, uma proposta do digital para o sensorial!

39
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Usando o modelo “Prateleira” disponível no


Padlet, que agrupa os conteúdos em forma
de colunas, o(a) educador(a) pode criar um
álbum de figurinhas compartilhado. A coleção
em grupo pode interessar às crianças,
tal como prevê o RCNEI (BRASIL, 1998). O
álbum poderia ser temático, a partir dos
projetos que estariam sendo desenvolvidos
no período, e as figurinhas poderiam ser
adquiridas de acordo com o término de uma
sequência didática. O álbum seria, assim,
um resumo do trabalho desenvolvido. No
RCNEI (BRASIL, 1998, p. 223), há algumas
dicas: antecipar a localização da figurinha no
álbum; “folhear” o álbum para frente ou para
trás; confeccionar uma tabela numérica, com
o mesmo intervalo numérico do álbum, para
que elas possam ir marcando os números das
figurinhas já obtidas.

Ainda usando a “Prateleira”, é possível criar uma espécie de recomendações de livros da


turma. Os paradidáticos, disponíveis na sala de aula, podem ser lidos pelo(a) educador(a), por
educandos(as) de outras turmas da escola, pelos familiares quando convidados a participar
deste momento ou ainda enviados para a leitura em casa. As impressões e as informações dos
livros (título e autor, inicialmente) podem compor as colunas, bem como alguns depoimentos
dos alunos e suas recomendações para os amigos. As imagens da capa ou de uma página
podem ajudar a despertar o interesse da turma pela história. Também é possível criar um
mural com os personagens dos livros que mais agradaram as crianças. Neste caso, o destaque
seria para as características e ações que praticaram no desenvolvimento da história.

Você pode se inspirar em outras atividades envolvendo a leitura na Educação Infantil, acessando
o Portal do Professor, mantido pelo MEC com experiências de docentes das redes de ensino.

40
Produza murais digitais interativos com o Padlet

A BNCC (BRASIL, 2017), no Campo de Experiências “Traços, sons, cores


e formas”, apresenta o objetivo “Expressar-se livremente por meio de
desenho, pintura, colagem, dobradura e escultura, criando produções
bidimensionais e tridimensionais”, que pode ser desenvolvido
utilizando diversas sequências didáticas. As crianças podem registrar
suas produções usando fotos e/ou vídeos de apresentação, que
poderiam compor um mural e ser apresentado com os recursos
disponibilizados no Padlet. Uma variação desta apresentação seria a
elaboração de uma história coletiva com as produções da turma, que
poderiam ser apresentadas usando o “Roteiro” ou a “Lista de produção”,
que são modelos disponíveis no Padlet.

Com o Padlet, é possível criar infográficos animados. São recursos que podem ajudar no
desenvolvimento de sequências didáticas, envolvendo as temáticas ligadas ao eixo de
trabalho “Natureza e Sociedade”, previsto no RCNEI, volume 3 (BRASIL, 1998c). Na Educação
Infantil, o documento destaca que é importante o contato com pequenos animais, por meio
da observação e de rodas de conversa entre as crianças para identificar a diversidade e os
cuidados que necessitam. A criação de pequenos animais (tartarugas, passarinhos ou peixes)
na instituição também é destacada como uma sugestão, tendo a participação da turma nas
atividades de alimentação e limpeza. Os infográficos animados podem destacar as noções
básicas para tratar esses animais, identificação de perigos, espécie, etc. Uma variação desta
atividade pode envolver infográficos que apresentem os cuidados com as plantas, por meio
de propostas em que a turma acompanha seu crescimento.

41
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

42
Crie avatares
com o Voki

Conhecendo a tecnologia

Você já ouviu falar de avatar? Talvez apenas pelo famoso filme homônimo,
lançado em 2009, com incríveis cenas cinematográficas. No filme, o avatar consiste
em um corpo “vazio”, capaz de ser utilizado por uma consciência que a ele é
transferida. Contudo, o corpo “oco” não é da mesma espécie animal do corpo de onde
advém a consciência. Logo, em um avatar, a consciência fica “livre” para se reinventar
com base em outra corporeidade em potencial (LÉVY, 1996).
No mundo da Internet, também existem avatares. Segundo Santaella (2003),
o avatar é um cibercorpo inteiramente digital, uma figura gráfica de complexidade
variada que empresta sua vida simulada para o transporte identificatório de
cibernautas para dentro dos mundos paralelos do ciberespaço. Não, ainda não
chegamos ao limite de poder transferir nossa consciência para outros seres ou
máquinas. Mas podemos inventar seres virtuais e, neles, colocar um pouco de nós
mesmos, aquilo que realmente transparecemos no dia a dia e, também, facetas
da nossa personalidade que pouco aparecem nas interações com outros sujeitos.
Explorar processos de construção de identidades por meio de avatares pode ser,
também, um potencial pedagógico, você não acha?
Dentre outras opções, no Voki você poderá encontrar um espaço divertido
para criar e compartilhar avatares. Esta tecnologia da Web 2.0 permite a autoria de
avatares a partir de modelos pré-construídos, divididos em categorias diversas: de

43
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

animais a animes, de figuras históricas a seres mitológicos. Estes modelos podem


ser customizados de diferentes formas: a) modificando atributos físicos do avatar
(tamanho e cor de partes do corpo, por exemplo); b) adicionando cenários de fundo
para compor um ambiente virtual para o avatar; c) dando voz ao seu avatar, ao gravar
mensagem que são lidas pelo personagem virtual. Por fim, você pode compartilhar
seus avatares com outros usuários do Voki. Confira na sequência:

44
Crie avatares com o Voki

Potenciais pedagógicos

Criação individual de personagens no Voki


para, posteriormente, socializar na turma e
utilizá-los em brincadeiras de faz de conta.
Para tanto, o(a) educador(a) deve organizar Os(as) educandos(as) poderiam gravar
o espaço pedagógico da turma com objetos, pequenos trechos de áudio com reprodução
fantasias e outros materiais, de forma a oral de trava-línguas, parlendas ou poemas,
potencializar o faz de conta com base nos posteriormente criando um avatar temático
personagens virtuais para “recitá-lo” no mundo virtual. Para tanto,
pode-se utilizar a opção de upload de arquivo
de áudio no Voki. Por fim, o(a) educador(a)
proporia as crianças a realização de um sarau
com os avatares.

Criar avatares para uma “Batalha de Adivinhas”: as crianças trabalham


em grupo na criação de personagens que proporiam adivinhas para os
demais colegas. As possíveis respostas estariam escritas em tarjetas
com letra de fôrma, com a primeira letra grafada em destaque. Após
decifrar a adivinha, o grupo deverá encontrar a tarjeta certa, com base
nos conhecimentos que possuem sobre a escrita. As adivinhas podem
versar sobre diferentes assuntos, até mesmo sobre os colegas da
turma, utilizando assim tarjetas com nomes próprios.

No tocante à criação de histórias, o(a) educador(a) poderia criar um avatar tematizado com um
enredo inicial. A partir da contação iniciada pelo personagem virtual, os(as) educandos(as) dariam
continuidade na história sempre buscando atrelar sua criação com os momentos anteriores,
personagens, etc. A produção coletiva poderia ser gravada em audiovisual pelo(a) educador(a) ou
registrada de forma escrita em um painel, por exemplo. Após isso, as crianças poderiam realizar
os desenhos, pinturas ou outro registro estético sobre as partes da história coletiva.

45
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

No trabalho pedagógico com projetos,


o Voki poderia ser utilizado para explorar
elementos culturais de outros países, Ao discutir algum tema ou assunto que
por exemplo. Para tanto, alguns recursos envolve a argumentação/explicação, o(a)
interessantes neste contexto seriam os educador(a) poderia propor a criação de
diferentes tipos de vozes com sotaques pré- avatares que contivessem em suas falas o
existentes no Voki, bem como a possibilidade posicionamento inicial das crianças. Após
de adicionar cenários com base em imagens isso, o(a) educador(a) fomentaria o debate
pesquisadas na Internet com base em novas problematizações,
solicitando justificativas e confrontando
opiniões. Tal atividade pode ocorrer, por
exemplo, em um contexto de discussão após
a contação de histórias.

Uma atividade interessante, envolvendo a temática da diversidade,


poderia atrelar a construção de Vokis para perceber, analisar
e acolher diferentes formas de pronúncia, gírias, sotaques e
conhecimentos sobre a linguagem oral. Para tanto, os avatares
criados ganhariam a voz gravada das próprias crianças, por meio da
opção de upload de arquivo de áudio. Vale destacar que, tanto na
plataforma Windows quanto Linux, existem boas opções de editores
de áudio. Uma delas é o Audacity.

Produzir cartas, avisos ou bilhetes falados pode ser uma atividade proposta usando o Voki
com a mediação docente. A partir de uma roda de conversa, as crianças poderão discutir
o contexto de produção (um bilhete para lembrar as outras turmas da escola sobre uma
atividade que será desenvolvida; uma carta para que a comunidade escolar fique ciente das
regras de uso da brinquedoteca ou do parque) e utilizar avatares para divulgar as mensagens.
As imagens dos avatares poderão compor cartazes ou as mensagens sobre a atividade que
está sendo divulgada. Também é possível divulgar em espaços digitais, como e-mails, blogs
ou redes sociais da escola.

46
Crie avatares com o Voki

Explorar os diferentes recursos que o Voki oferece na criação


dos avatares (características físicas, cores e tamanhos) para
a construção da imagem que fazemos das outras pessoas e o
reconhecimento da própria imagem. Dar diferentes nomes para
os avatares, permitir que as crianças expressem o que acharam
dos avatares construídos, podem ser propostas utilizadas para as
atividades envolvendo a construção da identidade, o respeito à
diversidade, identidade de gênero e interação, itens que compõem o
eixo Identidade e Autonomia da Educação Infantil.

Para que as crianças possam se posicionar sobre uma determinada temática, poderia ser
proposta a criação de avatares que expressassem as opiniões que as crianças obtiveram
depois de realizarem entrevistas ou questionários (sobre as brincadeiras que a família fazia
em outras décadas, por exemplo), opiniões identificadas em reportagens de diferentes fontes
de divulgação com a mediação do(a) educador(a) (sobre o fato das crianças trabalharem, por
exemplo). Também é possível fazer a proposta do júri simulado, ou seja, um avatar apresenta
uma defesa da temática e outro a acusação. Depois poderia ser realizada uma roda de
conversa para sistematizar os resultados obtidos.

47
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

48
Componha imagens
e vídeos interativos
com o Thinglink

Conhecendo a tecnologia

No Thinglink , temos à disposição uma tecnologia que permite a criação de


imagens (estáticas ou em 360º) e vídeos contendo pontos interativos (chamados de
hotspots), nos quais podemos inserir diversos tipos de conteúdo: outras imagens,
vídeos, textos, postagens de redes sociais, etc. Ficou difícil de entender? Veja, na
sequência, um exemplo de imagem 360º criada com o Thinglink: ao clicar no hotspot
“logo do CEAD/UDESC”, é mostrado o vídeo institucional deste centro.
Legal, não é? O melhor de tudo é que o Thinglink possui uma interface bem
amigável, tornando a autoria destas imagens/vídeos interativos um processo sem
maiores complicações. Ao escolher o material visual que servirá de “fundo”, basta
adicionar quantos hotspots você desejar e, neles, inserir outros conteúdos que ajudam
a “contar a história” desta “imagem de fundo”. Outra funcionalidade interessante do
Thinglink é a autoria de tours virtuais. Aqui, você pode criar trilhas a serem exploradas
virtualmente pelos usuários, em que diversos ambientes de um dado lugar (por
exemplo, a UDESC) são mostrados e explicados por meio de informações adicionais
situados nos hotspots. Acesse este link para ter uma ideia do que estamos falando!

https://www.thinglink.com/video/837973915576827905

49
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Os potenciais pedagógicos do Thinglink são imensos, tanto para momentos


de cunho expositivo por parte do(a) educador(a) mas, principalmente, para que
educandos(as) e educadores(as) se engajem na criação de imagens e vídeos interativos
que sintetizem conhecimentos diversos apropriados nos processos de ensino-
aprendizagem. Quer conhecer alguns destes potenciais? Veja, na sequência, nossas
dicas de apropriação pedagógica do Thinglink!

50
Componha imagens e vídeo interativos com o Thinglink

Potenciais pedagógicos

Que tal articular Artes Visuais e Geografia em um trabalho com mapas


afetivos? O Thinglink pode ajudar a tornar estes mapas interativos e
multissemióticos. Mapas afetivos são representações gráficas de locais
e roteiros de um bairro ou cidade, mas que devem ser construídos
a partir das emoções e sensações que tais locais (e seus objetos/
processos) causam na criança. Tornam-se, assim, uma excelente
oportunidade para integrar o trabalho com grafismo infantil e
representação do espaço geográfico. Veja, na sequência, um exemplo:

Com o Thinglink, poderíamos potencializar ainda mais a autoria e o uso de múltiplas


linguagens neste mapa. O(a) educador(a) poderia agenciar passeios, bem como o
desenvolvimento de brincadeiras e interações em um dado espaço, como o entorno da
escola. As crianças poderiam observar e registrar em áudios, fotos e vídeos suas percepções
e emoções sobre os objetos e processos que ali ocorrem. Em seguida, criam um mapa afetivo
que, depois de digitalizado, será tornado interativo por meio da inserção destas outras
produções multissemióticas. O(a) educador(a) pode ainda auxiliar na função de escriba,
para registrar sempre que necessário tais sensações e emoções na língua escrita. Por fim,
os mapas produzidos poderiam ser socializados na turma, com a apresentação oral pelas
crianças, bem como em mostras para a comunidade em geral.

51
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

O Thinglink poderia ser utilizado, também,


para compor uma história imagética
coletiva da classe, no tocante à reflexão
sobre os modos de ser das pessoas e
grupos no presente e passado. Uma
temática interessante neste contexto
são as diferentes formas de vestimentas
das crianças de hoje e aquelas utilizadas
pelos seus parentes e/ou conhecidos da
comunidade na infância. Ao estabelecer
relações entre tais fatos, em suas diferenças
e semelhanças, as crianças iniciam a
apropriação das noções de permanência e
mudança que marcam a sociedade.

Neste sentido, e no interior de um projeto acerca desta temática, o(a) educador(a) poderia
em determinado momento solicitar que as crianças consigam em suas casas ou vizinhança
fotos antigas de crianças. Outra possibilidade, caso isto não seja possível, é realizar uma
pesquisa na Internet. Em sequência, na sala de aula, seria realizado um momento de registro
das formas de vestimentas das crianças de hoje, em diferentes linguagens: desenhos,
fotografias, pintura, colagem, brincadeiras, etc. Com estes materiais digitalizados, a imagem
interativa poderia ser construída coletivamente pelo grupo, com a mediação constante
do(a) educador(a). Ao passo em que as reflexões das crianças sobre a temática vão sendo
desveladas pelo diálogo problematizador, os diferentes registros digitalizados seriam
utilizados para sintetizar os conhecimentos apropriados pelo grupo, apoiado sempre que
necessário pela escrita (feita pelas crianças e com a ajuda do(a) educador(a)).

52
Componha imagens e vídeo interativos com o Thinglink

As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEIs)


apontam, em seu Art. 10, algumas orientações pedagógicas acerca
da avaliação na Educação Infantil. Em súmula, tal artigo discorre
sobre a importância em se superar uma visão classificatória, seletiva
e de promoção nesta etapa da Educação Básica. Ainda, aponta
a importância da observação e dos registros feitos pelos adultos
e crianças como instrumentos nucleares do acompanhamento,
reflexão e transformação das vivências de ensino-aprendizagem.

Em se tratando destes processos de avaliação processual e


formativa, o Thinglink poderia ser agenciado como tecnologia para
(re)criação de portfólios contendo as principais conquistas de
aprendizagem das crianças, seja em torno de um projeto, passeio,
até mesmo de um dado período letivo. A seleção do que constará no
portfólio, o porquê desta escolha, bem como a “volta reflexiva” que
este momento permite sobre conhecimentos construídos, parte
da noção de que a criança deve participar efetivamente destas
atividades avaliativas. Isso quer dizer ir além da participação no
portfólio pela inserção de trabalhos feitos pelas crianças. Trata-se,
pois, de considerar as crianças como sujeitos de direitos e criadoras
de cultura, como bem aponta as DCNEIs.

No portfólio em questão, diversos materiais poderiam ser


adicionados: fotos, vídeos, digitalizações de produções das crianças,
gravações orais e, inclusive, outras imagens interativas criadas
com o Thinglink (caso tenha sido utilizado anteriormente). Contudo,
e para além destas múltiplas linguagens, destacamos novamente
o essencial: a presença ativa das crianças na escolha, discussão
e configuração do portfólio, sempre auxiliadas pela intervenção
pedagógica do(a) educador(a).

53
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

A Base Nacional Comum Curricular - BNCC, aprovada em 2017,


institui diversos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para a
Educação Infantil em cinco diferentes Campos da Experiência.

Um desses campos é o da “Escuta, fala, pensamento e imaginação”,


que consta o objetivo “identificar e selecionar fontes de informação,
para responder a questões sobre a natureza, seus fenômenos, sua
conservação.”

O Thinglink pode contribuir para atingir esse propósito! O(a)


educador(a) pode propor uma questão/situação problema e, durante
o levantamento das hipóteses, que pode compor a avaliação
diagnóstica, selecionar uma imagem que represente a questão
Juntamente com a turma, poderão pesquisar na internet alguns links
que ajudem a resolvê-la.

O RCNEI já alertava que a prática educativa deve buscar situações


de aprendizagem que reproduzam contextos cotidianos, garantindo
a proximidade com as práticas sociais reais, ou seja, a busca de
informação, nesse caso, precisa ter uma função real.

Sendo assim, após a exploração coletiva, o(a) educador(a) juntamente


com a turma poderá selecionar os links mais significativos para
construir a imagem interativa no Thinglink.

Dessa forma, o(a) educador(a) ajuda os alunos a identificar e


selecionar fontes de informação e o Thinglink pode contribuir para
sistematizar e apresentar os resultados da atividade. Se a exploração
de sites motivar outras experiências para serem vivenciados pela
turma, vale o registro por meio de fotos e/ou vídeos que também
poderão compor a imagem interativa.

54
Componha imagens e vídeo interativos com o Thinglink

No campo da experiência “Escuta, fala, pensamento e imaginação”, a BNCC determina como


objetivo de aprendizagem e desenvolvimento “expressar ideias, desejos e sentimentos sobre
suas vivências, por meio da linguagem oral e escrita (escrita espontânea), de fotos, desenhos
e outras formas de expressão.”

Já sabemos que no momento de elaboração de desenhos ou criação de objetos as crianças


também brincam de faz de conta, elaboram narrativas e expressam sua capacidade imaginativa.
Que tal usar o Thinglink para registrar essa narrativa? A partir do desenho, escultura ou outra
criação da criança, o(a) educador(a) pode registrar com textos, vídeos e/ou fotos a forma como a
criança está sentindo e pensando sobre as questões que estão sendo representadas.

Fonte: BRASIL (1998c, p. 92)

O RCNEI, ao tratar das Artes Visuais, destaca que no desenvolvimento da apropriação da


simbolização pela criança, ocorre a incorporação, de forma progressiva, das regularidades e
códigos das representações das imagens, permitindo a leitura de outras crianças e adultos.

Nesse sentido, o(a) educador(a) pode fazer os registros de forma individual com algumas
crianças em cada semana, facilitando a avaliação processual. Ao término do semestre
poderá, ainda, socializar as imagens interativas com a comunidade escolar.

55
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Ainda pensando nas Artes Virtuais, o Thinkling pode ser utilizado na


Educação Infantil para registrar a leitura de obras de arte, de forma
individual, em grupos ou coletiva. “Leitura de obras de arte a partir
da observação, narração, descrição e interpretação de imagens e
objetos” está prevista no RCNEI e também alinhada aos objetivos de
aprendizagem e desenvolvimento da BNCC.

A partir da seleção de uma obra, podem ser realizados os registros das seguintes questões,
que instiguem o interesse e a curiosidade da turma, tal como indicado nas orientações
didáticas do RCNEI: “O que você mais gostou?”, “Como o artista conseguiu estas cores?”,
“Que instrumentos e meios ele usou?”, “O que você acha que foi mais difícil para ele fazer?”.
Também é importante possibilitar uma observação mais detalhada, instigando a descrição
daquilo que está sendo observado, com intervenções do(a) educador(a) para ajudar na
aquisição de outros conteúdos e significados.

Para aproveitar o potencial do Thinglink, seria importante inserir links sobre a vida do autor, outras
obras, local onde está exposto, dentre outras informações. No caso de propostas de elaboração
de releituras, os desenhos também poderiam compor a imagem interativa a partir da obra original.

56
Componha imagens e vídeo interativos com o Thinglink

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) serve como um "guia de
reflexão de cunho educacional sobre objetivos, conteúdos e orientações didáticas para os
profissionais que atuam diretamente com crianças de zero a seis anos, respeitando seus
estilos pedagógicos e a diversidade cultural brasileira".

Sobre o conteúdo "Apreciação musical", apresenta a "Escuta de obras musicais de diversos


gêneros, estilos, épocas e culturas, da produção musical brasileira e de outros povos e países"
como sendo um dos objetivos para crianças de 4 a 6 anos. E se usássemos o Thinglink como
uma tecnologia agregadora de diferentes obras, gêneros e estilos musicais? Com esse recurso,
o(a) educador(a) poderia dispor de diferentes linguagens para ampliar o repertório cultural das
crianças da educação infantil, atendendo ao objetivo proposto pelo RCNEI!

57
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Outro conteúdo dos RCNEI é a "Apreciação em Artes Visuais". O


referido documento acredita que crianças de 4 a 6 anos devem
ter "Conhecimento da diversidade de produções artísticas, como
desenhos, pinturas, esculturas, construções, fotografias, colagens,
ilustrações, cinema, etc.".

Essa orientação didática pode ser igualmente atendida nesta


ferramenta quando pensamos no Thinglink como um espaço
interativo que culmina na integração de diferentes linguagens.
O(a) educador(a) poderia criar, junto com as crianças, uma imagem
interativa no Thinglink com imagens ou vídeos de pinturas,
esculturas, enfim, o Thinglink pode ser pensado como um espaço
para contar um pouco sobre a história da arte, ou sobre a história do
cinema, enfim, o recorte que o(a) educador(a) decidir fazer em seu
planejamento pedagógico!

58
Componha imagens e vídeo interativos com o Thinglink

E se o(a) educador(a) utilizasse o Thinglink para apresentar às


crianças poemas, trava-línguas, canções e adivinhas?

Poderíamos criar um Thinglink só com vídeos do YouTube. Cada


criança poderia pesquisar um dos conteúdos citados e incorporar à
imagem interativa da turma. Ao final da atividade, a turma teria um
amplo repertório para estimular a fala e a escuta! Com a mediação
pedagógica do(a) educador(a), cada fala poderia ser refletida por
todos os pares.

Este objetivo também é orientado pelo RCNEI às crianças de 4 a 6


anos, que entende como importante o "Conhecimento e reprodução
oral de jogos verbais, como trava-línguas, parlendas, adivinhas,
quadrinhas, poemas e canções" para auxiliar no desenvolvimento da
linguagem oral e escrita.

Ainda considerando as reflexões propostas pelo RCNEI, e destacando o desenvolvimento da


linguagem oral e escrita pelas crianças, outra orientação didática para crianças de 4-6 anos é
o "Relato de experiências vividas e narração de fatos em seqüência temporal e causal".

E se o(a) educador(a) usasse o Thinglink só com imagens, e solicitasse que as crianças,


oralmente, relatassem o que estivessem vendo?

As imagens poderiam ser produzidas nas atividades da própria turma, como no horário do
almoço, ou em um passeio. Enfim, a ferramenta tem uma multiplicidade de usos, basta que
tenhamos criatividade pedagógica ao utilizá-la!

59
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

60
Produza vídeos
animados com o
Animaker

Conhecendo a tecnologia

A linguagem audiovisual pode ser um potente aliado dos(as) educadores(as)


para ensejar movimentos autorais em que os(as) educandos(as) contem histórias,
relatem vivências, sistematizem aprendizados utilizando sons, imagens em
movimentos, cenários… Dentre as diversas tecnologias disponíveis na Internet para
tal finalidade destacamos o Animaker.
Com o Animaker, os(as) educandos(as) terão em suas mãos uma tecnologia
intuitiva para a produção de vídeo animados: a plataforma possui diversos personagens,
cenários, sons e músicas, objetos e tipos de textos para uso e customização. Caso
o(a) educando(a) não encontre um objeto a seu gosto, por exemplo, poderá ainda
fazer o upload de imagens diretamente do seu computador e utilizá-la para as suas
criações. Ainda, o Animaker possui diversos efeitos especiais para a composição dos
vídeos animados, como transições entre cenas, efeitos de câmera, movimentação dos
personagens, etc. Estes elementos podem ser dispostos em cenas organizadas por
uma linha do tempo, que ajuda na composição das narrativas audiovisuais.
Após a criação de um vídeo animado, em sua versão gratuita, o Animaker
possibilita exportar este material para uma conta do Youtube, de onde poderá ser
compartilhado e, também, realizado o download deste material para salvar em seu
computador pessoal.

61
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Potenciais pedagógicos

Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), no Campo de Experiências "Escuta, fala,


pensamento e imaginação", um dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para
crianças de 4 a 5 anos e 11 meses é "recontar histórias ouvidas e planejar coletivamente
roteiros de vídeos e de encenações, definindo os contextos, os personagens, a estrutura da
história". O(a) educador(a) poderia planejar com as crianças a criação de um vídeo a partir de
uma história, como a do Pequeno Príncipe (Antoine de Saint-Exupéry). Existe uma versão
da história para crianças pequenas e, após a contação da mesma, o(a) educador(a) poderia
planejar, com as crianças, o roteiro do vídeo, fazendo, inicialmente, o registro das decisões
da turma referente às seguintes questões: Quem são os personagens da história? Como
iniciaremos a contação da nossa história em um vídeo?

Cada criança poderia desenhar um dos personagens da história (A Raposa, o Piloto, o


Geógrafo, o Baobá, o Pequeno Príncipe, A Serpente, o Rei, a Rosa, entre outros). Depois
de prontas, as ilustrações seriam fotografadas ou digitalizadas pelo educador(a), que fará
a inserção das imagens no Animaker, na ordem definida pelas próprias crianças, sempre
lembrando da história original. Na sequência, cada criança poderia gravar um áudio referente
a sua ilustração. Certamente, a composição de todas as imagens e áudios faria um vídeo que
valorize a imaginação, a criatividade e a expressividade artística das crianças.

62
Produza vídeos animados com o Animaker

Os RCNEI entendem que, em se tratando de projetos de linguagem oral, é possível propor


a gravação de áudios "de histórias contadas pelas famílias para fazer uma coleção para a
sala [...]" (1998, p. 154). Nos RCNEI, fica claro que "[...] a pesquisa e o reconto de casos ou
histórias da tradição oral envolvendo as famílias e a comunidade" é um projeto que oferece
"ricas possibilidades de trabalho com a linguagem oral" (1998, p. 154). A partir desta ideia, uma
atividade que poderia ser realizada no Animaker, para este fim, seria a criação de um vídeo
animado, nomeado "Álbum de Família da Turma".

O(a) educador(a) poderia solicitar que cada criança trouxesse para a sala uma fotografia
da sua família. Orientar as crianças que conversem previamente com suas famílias para
conhecer a história daquela fotografia:

Onde foi tirada?


Quem são as pessoas que estão na foto?
Era algum evento? Festa de aniversário, na escola ou na vizinhança?

Ao chegar na sala, em uma roda de conversa, cada criança mostraria a foto aos seus colegas
e faria a exposição oral sobre a história daquela foto, sendo que o(a) educador faria a gravação
do áudio da exposição feita pela criança. Ficaria claro, a todos e todas, que as falas estariam
sendo gravadas, por isso a necessidade de ter silêncio e de respeitar a vez de cada colega.

Após a conclusão de todas as apresentações pelas crianças, o(a) educador(a) faria a


digitalização das imagens e a inclusão dos áudios sobre as mesmas. Após finalizada a
animação, a turma teria seu "Álbum de Família da Turma", contando com a narração das
próprias crianças. Certamente, seria um vídeo muito legal para ver e ouvir novamente com
todos, permitindo que as crianças se reconheçam como protagonistas da animação.

63
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Pensando na apreciação em Artes Visuais, no RCNEI é objetivo


que as crianças façam "[...] representação figurativa por meio do
desenho das apreensões perceptivas do corpo" (BRASIL, 1998, p. 108).
Uma proposta para atingir esse objetivo seria a criação de um vídeo
animado a partir dos desenhos elaborados pelas crianças. Veja uma
ideia:

O(a) educador(a) deixará à disposição das crianças algumas fotos


impressas de momentos já vividos na creche. A turma poderá
relembrar aqueles momentos no coletivo. Após visualizarem as fotos,
serão informadas que, naquele momento, todas ganharão um retrato.
Cada criança receberá metade de uma Folha tamanho A4 e deverá
desenhar um coleguinha, a ser sorteado pelo educador(a).

O(a) educador(a) terá o registro de quem desenha quem. As crianças


serão estimuladas a desenhar o cabelo, o rosto, as roupas e a
escrever o próprio nome na parte inferior do retrato, indicando
o artista que fez o desenho. De posse dos retratos prontos, o(a)
educador(a) digitalizará os desenhos, e, com utilização do Animaker,
criará um vídeo animado da turma. Depois que o vídeo estiver pronto,
poderá ser apresentado para as crianças, que terão que adivinhar
qual retrato representa cada criança da sala.

64
Produza vídeos animados com o Animaker

"A seca, as chuvas e as tempestades, as estrelas e os planetas, os


vulcões, os furacões, etc. são assuntos que despertam um grande
interesse nas crianças" (BRASIL, 1998c, p. 191). Se pensarmos em
materiais concretos, essas experiências das crianças com os
fenômenos naturais tendem a ser muito ricas e estimuladoras.

Que tal criarmos um vulcão com as crianças?

Veja essa possibilidade:

https://lunetas.com.br/como-fazer-um-vulcao-de-verdade-em-casa/

Com o registro fotográfico de todas as etapas de elaboração do vulcão e com um áudio


descrevendo as etapas, poderia ser criado um vídeo animado com o resultado deste projeto.
Poderia ser apresentado para as demais crianças do educandário e para os familiares!

65
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

O Animaker se apresenta como uma “ferramenta narrativa” e pode


ser utilizada para ajudar no desenvolvimento da linguagem infantil.
O RCNEI (BRASIL, 1998), ao tratar da Formação Pessoal e Social
(volume 2), destaca que, por meio da linguagem, podemos ter acesso
a outras realidades, sem vivenciá-las presencialmente. Por meio
de relatos de viajantes, por exemplo, é possível ter informações de
lugares sem nunca ter estado neles! Nesse sentido, iniciando uma
roda de conversa sobre lugares conhecidos pelas crianças, o(a)
educador(a) pode identificar os “viajantes” e convidá-los a relatar as
suas histórias.

A turma poderia eleger um destes lugares para conhecer mais e,


utilizando o Animaker, relatar essa viagem por meio de um vídeo.
O(a) educador(a) poderia solicitar a autorização dos responsáveis
para incluir fotos e narrativas da viagem, bem como enriquecer as
informações com elementos culturais, históricos e geográficos do
lugar por meio de pesquisas direcionadas com a turma. O roteiro
para composição do vídeo também poderia ser decidido em uma
roda de conversa. Se a turma se envolver com essa atividade, outros
“viajantes” poderiam ser convidados a relatar e compor vídeos das
suas experiências.

De acordo com a BNCC (2017, 42), “na Educação Infantil, é importante


promover experiências nas quais as crianças possam falar e ouvir,
potencializando sua participação na cultura oral, pois é na escuta
de histórias, na participação em conversas, nas descrições, nas
narrativas elaboradas individualmente ou em grupo e nas implicações
com as múltiplas linguagens que a criança se constitui ativamente
como sujeito singular e pertencente a um grupo social.”

66
Produza vídeos animados com o Animaker

Os estudos envolvendo a educação para a mídia apontam a necessidade de trazer para o


universo escolar as discussões das mensagens propagadas pelos meios de comunicação social
e os elementos constitutivos e estruturantes dessas mensagens. No caso das propagandas,
por exemplo, é indicado que a escola proponha atividades que efetivem uma leitura crítica da
linguagem utilizada, bem como a produção de propagandas com os(as) educandos(as) na sala
de aula para identificação dos elementos que ajudam a vender os produtos.

Considerando que as crianças são foco de inúmeras propagandas, tal como destaca o
Documentário “Criança, a alma do negócio”, um projeto para discutir as suas mensagens de
forma crítica faz-se necessário. As etapas do projeto poderiam envolver: identificação das
propagandas que utilizam a linguagem audiovisual e que mais chamam a atenção da turma;
escolha de algumas propagandas para serem exibidas e discutidas na sala de aula (meios
utilizados para divulgação; público-alvo; slogans; frases curtas, diretas, imperativas e positivas;
personagens e contextos utilizados; dentre outros); escolha de um ou mais objetos que serão
vendidos pela turma (identificação das características, utilidades, valor agregado, etc.); criação
da propaganda por meio de um vídeo no Animaker (discutir com a turma o público-alvo, roteiro e
os recursos que poderão compor a propaganda identificados nas etapas anteriores).

O texto Infância, Mídia e Aprendizagem: autodidaxia e colaboração, de Maria Luiza Belloni e


Nilza Godoy Gomes, pode ajudar a fundamentar o projeto temático.

67
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Para as crianças pequenas, de 4 anos a 5


anos e 11 meses, no Campo de Experiências
“Escuta, fala, pensamento e imaginação”,
está previsto o objetivo de aprendizagem e
desenvolvimento: “Recontar histórias ouvidas
e planejar coletivamente roteiros de vídeos
e de encenações, definindo os contextos,
os personagens, a estrutura da história.”
É importante incluir neste planejamento a
produção de um vídeo com audiodescrição!

Seria uma possibilidade de discutir com a


turma a necessidade de adaptação de mídias
para a inclusão. A audiodescrição é uma faixa
narrativa adicional que contribui para que
pessoas com deficiência visual, intelectual,
dislexia e até idosos tenham acesso a produtos
culturais. Você pode iniciar o trabalho com
as crianças exibindo o vídeo “O Corpo Fala”,
da turma da Mônica, que está disponível com
o recurso de audiodescrição. A partir dele,
é importante discutir o tema da inclusão e
propor que o vídeo a ser produzido no Animaker
(a partir da temática escolhida) adicione
também a audiodescrição no planejamento.

Conheça mais sobre a audiodescrição


acessando o texto: Audiodescrição de
Filmes: experiência, objetividade e
acessibilidade cultural.

68
Produza vídeos animados com o Animaker

Uma possibilidade interessante de apropriação pedagógica do


Animaker reside na autoria de animações sobre a comunidade em
que as crianças estão inseridas, com o objetivo de que este material
contenha apreciações estéticas e políticas das crianças sobre os
espaços geográficos que compõem sua realidade local. Já nas
DCNEIs podemos verificar a importância de embasar as propostas
pedagógicas na Educação Infantil em princípios políticos e estéticos:

II - Políticos: dos direitos de cidadania, do


exercício da criticidade e do respeito à ordem
democrática.

III - Estéticos: da sensibilidade, da criatividade,


da ludicidade e da liberdade de expressão nas
diferentes manifestações artísticas e culturais.
(BRASIL, 2009).

Neste sentido, um projeto pedagógico interessante poderia ter


como temática “Cidadania infantil na cidade”. O produto final deste
processo de ensino-aprendizagem seria uma animação que partiria
do seguinte mote: as crianças avaliaram espaços da comunidade
em suas dimensões estéticas, de acesso, possibilidades de
melhorias, etc. Para tanto, poderiam elaborar suas conclusões
com base em materiais diversos: registros fotográficos, pequenos
trechos de fala, desenhos, etc.

De posse deste material, o(a) educador(a) ensejaria com as crianças


a criação coletiva, o roteiro, definição dos personagens, escolha dos
materiais (registros), etc. Também poderiam, neste momento, coletar
novos materiais se julgarem necessário, trabalhando assim a noção
de processualidade na leitura/escrita do mundo. Esta animação criada
no Animaker poderia, posteriormente, ser utilizada para apresentar as
conclusões das crianças sobre a sua cidade, tanto para a comunidade
escolar quanto Poder Político Municipal e associações comunitárias.

69
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Uma forma interessante de utilização do Animaker poderia envolver


a recriação, pelas crianças e com a ajuda do professor(a), de algum
acontecimento da comunidade escolar, sociedade em geral ou
natureza, por meio de uma animação virtual. Isto é, ensejar que
as crianças expressem suas formas de “ler a realidade” por meio
da linguagem audiovisual animada. É fato conhecido e destacado
nas RCNEIs (BRASIL, 1998) que as crianças fácil e frequentemente
“encantam-se” e perguntam a si mesmas e aos outros sobre fenômenos
diversos, sejam estes da realidade natural ou histórico-cultural.

No trabalho com as Ciências da Natureza, por exemplo, curiosidades


frequentes no universo infantil são: o dia e a noite, fenômenos
meteorológico (como a chuva), a existência de planetas, etc. Ao
reconhecer algumas destas curiosidades no desenvolver das
práticas pedagógicas, o(a) educador(a) poderia desafiar as crianças
a lançarem hipóteses diversas sobre um dado fenômeno natural. Tal
diálogo inicial pode ser realizado, inicialmente, na roda de conversa
e, posteriormente, as crianças que possuem hipóteses parecidas
poderiam ser agrupadas para criarem sua parte da animação, que
conteria todas as suposições da turma.

Então, no Animaker, o(a) educador(a) e as crianças passariam a dar


vida a estas hipóteses na forma de animações. Tal trabalho não
precisa e, de fato, dificilmente poderia ser realizado com todas as
crianças ao mesmo tempo. Ao invés disto, a criação colaborativa
do vídeo animado vai ocorrendo progressivamente, por meia da
cooperação de cada grupo na produção do material final. Após a
realização de outros momentos de ampliação de repertório, diálogos
e argumentações sobre as hipóteses levantadas, o (a) educador(a)
poderia ensejar que a turma chegasse a um veredito coletivo sobre
qual hipótese mais se aproxima da explicação do fenômeno. Por fim,
criar-se-ia, no Animaker, a parte final do vídeo animado para ilustrá-
la.

70
Produza vídeos animados com o Animaker

A BNCC destaca como objetivo de desenvolvimento e aprendizagem para crianças de 4 a 5


anos, no Campo de Experiência “O Eu, o Outro e o Nós”, “Manifestar interesse e respeito por
diferentes culturas e modos de vida”. Existem diversos materiais audiovisuais voltados a esta
faixa etária, disponíveis na Internet, que podem ser agenciados pelos(as) educadores(as) para
despertar diálogos com as crianças acerca de noções como diferenças, tolerância, respeito,
etc. Um deles é a animação “Festa nas Nuvens”, disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=pktG7AJRL8k

Trabalhar com animações para apropriação de conhecimentos e ampliação de repertório


pode ocorrer, inicialmente, com materiais já prontos e disponíveis. Mas, que tal “turbinar”
as possibilidades de aprendizagem por meio da autoria colaborativa? Assim, uma ideia
aproveitando os potenciais do Animaker seria a recriação de uma animação a partir das
interpretações das crianças. As decisões acerca do roteiro, ordem dos acontecimentos,
personagens, cenários, seja na manutenção, exclusão ou acréscimo com relação à animação
original, ficaria a cargo de toda a turma ou grupo de educandos(as).

Após tais definições, chega o momento de “colocar a mão na massa”, utilizando as


funcionalidades do Animaker para recriar a história animada em vídeo. Para tanto, o (a)
educador(a) pode agenciar com as crianças grupos responsáveis por cada cena da história,
por exemplo. Desta forma, organiza o espaço-tempo pedagógico dentro das rotinas de tal
forma a possibilitar o ajuste das condições práticas de ensino-aprendizagem e os objetivos
educativos pretendidos. Tal projeto pode ser desenvolvido em um tempo espaçado durante
um semestre letivo, não existindo, assim, necessidades de se controlar inícios e fins da
atividade de forma a burocratizar o processos com as crianças.

71
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

72
Elabore histórias e
poemas visuais com o
Storybird

Conhecendo a tecnologia

Você pode pressupor que o Storybird é apenas mais uma tecnologia que permite
a criação de livros digitais de forma colaborativa. Porém, seu diferencial é o grande
número de imagens de obras de arte que são disponibilizadas para comporem as
histórias e/ou poesias. Além disso, os espaços para escrita são organizados e as
coleções de imagens disponibilizadas têm o objetivo de inspirar e ajudar o escritor a
manter o foco na criação do texto.
Para acessar o Storybird, é necessário criar uma conta ou usar uma conta
já existente no Google. Você pode optar pela versão gratuita ou paga. Também é
possível escolher uma especialidade: Professor, Estudante, Escritor Profissional ou
Artista Profissional. No caso específico do Professor, é possível a criação de uma
turma, a inclusão dos estudantes e a disponibilização de tarefas.
Para criar o conteúdo, é necessário escolher um dos tipos de livro: Picture Books,
que possibilita a criação de um livro de imagens com várias páginas; Longform Books, que
possibilita a criação de narrativas com vários capítulos; e Poetry, que permite a elaboração
de poemas em uma única imagem. Também é necessário escolher uma das coleções das
imagens de obras de arte disponibilizadas, que serão arrastadas para cada página.
Além de permitir a inclusão de colaboradores para escreverem as histórias e/ou
poesias, é possível adicionar o livro digital em uma lista de leitura ou disponibilizá-lo
em outros sites. Para publicar o livro, é solicitado a definição de um título, descrição,
categoria, tags, idade dos leitores e assinalar se é público ou privado. Em “Read” é
possível acessar os livros públicos publicados no Storybird.

73
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Potenciais pedagógicos

Para trabalhar o gênero do discurso “Fábulas”, é importante que


o(a) educador(a) faça a leitura de algumas fábulas e proponha que
a turma pergunte aos seus familiares aquelas que mais conhecem,
registrando o nome do entrevistado, e-mail, título e assunto da
fábula. Um quadro da turma com essas informações poderia ser
elaborado pelo(a) educador(a) e a fábula mais citada seria escolhida
para compor as atividades seguintes. Uma roda de conversa para
verificar quais crianças conhecem o título será importante ser
realizada antes da leitura da fábula pelo(a) educador(a). Algumas
questões neste momento podem mobilizar a turma: há quanto tempo
as fábulas são contadas? O que acham que esta história irá nos
ensinar? Quais animais farão parte dela? Ela é curta ou longa? Após a
leitura, o(a) educador(a) deve retomar algumas características desse
gênero do discurso (histórias curtas, animais como personagens e
a moral da história) e organizar a reescrita coletiva da fábula usando
o Storybird. A turma seria consultada para escolher a imagem, o
formato e os elementos textuais. Ao final, poderiam compartilhar via
e-mail com os participantes da pesquisa.

74
Elabore histórias e poemas visuais com o Storybird

Que tal brincar com a elaboração de um livro de receitas malucas


no Storybird? Uma reunião de receita de faz de conta que ninguém
gostaria de experimentar? Mantendo a estrutura do gênero do
discurso Receita, o(a) educador(a) pode orientar a inclusão de um
título bem diferente e incentivar a criação do conteúdo, que envolve
a parte dos ingredientes e suas quantidades, bem como o modo de
fazer. Essa atividade está coerente com o objetivo de aprendizagem
e desenvolvimento “Levantar hipóteses em relação à linguagem
escrita, realizando registros de palavras e textos, por meio de escrita
espontânea” (BNCC, 2017), previsto no Campo de Experiências
“Escuta, fala, pensamento e imagem” para crianças pequenas.
Receitas de bruxa ou de fadas, aproveitando as imagens disponíveis
no Storybird, poderia ser uma variação da proposta.

Outras sugestões podem ser obtidas na obra Receita, de Jacqueline


Peixoto Barbosa (2003), que faz parte da Coleção trabalhando com os
gêneros do discurso: instruir.

75
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Um trabalho interessante com os contos de fadas é a comparação


de diferentes versões de um mesmo conto. Em uma roda de
conversa, o(a) educador(a) pode iniciar destacando que os contos de
fadas são histórias antigas, que fazem parte da tradição oral, com
mudanças ao longo dos anos. “Os contadores adaptam as histórias
aos diferentes públicos a que se dirigem. Eles são influenciados por
seu tempo e pelo lugar onde vivem.” (GAGLIARDI, 2001, p.15) Outra
questão importante é destacar que, com a invenção da imprensa,
as histórias passaram a ser registradas em livros. No caso dos
contos de fadas, esses registros foram feitos pelo francês Charles
Perrault e por Jacob e Wilhelm Grimm, dois irmãos alemães. Dessas
versões originais dos contos de fadas até os filmes do Walt Disney,
houve alterações, mas muitos elementos permaneceram, o que nos
ajuda a reconhecê-los até hoje (GAGLIARDI, 2001). Para explorar um
pouco mais esta questão com a turma, uma proposta seria propor
que os(as) educandos(as) fizessem leituras e discussões sobre as
diferentes versões originais de um conto de fadas. Para finalizar,
o(a) educador(a) pode propor uma atualização dos contos de fadas,
de forma coletiva, no Storybird, de maneira a manter os elementos
principais do conto, com possibilidade de atualizações.

76
Elabore histórias e poemas visuais com o Storybird

Os RCNEI nos ensinam que "a ampliação do universo discursivo das crianças também se
dá por meio do conhecimento da variedade de textos e de manifestações culturais que
expressam modos e formas próprias de ver o mundo, de viver e pensar. Músicas, poemas,
histórias, bem como diferentes situações comunicativas, constituem-se em um rico material
para isso. Além de propiciar a ampliação do universo cultural, o contato com a diversidade
permite conhecer e aprender a respeitar o diferente" (BRASIL, 1998, p. 139). Existem diversos
poemas famosos de autores brasileiros que podem ser lidos e trabalhados com as crianças.
Veja o Poeminha do Contra, de Mário Quintana:

Todos estes que aí estão


Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!

Existe uma animação para o poema:

https://www.youtube.com/watch?v=k2nwIPdyIXw

Utilizando o Storybird, que tal estimular as crianças a criarem um poema? Pode-se selecionar
uma temática e lançar um desafio: Criar um poema curtinho, que nem este do passarinho!

Essa é uma atividade que coaduna com o objetivo "Inventar brincadeiras cantadas, poemas
e canções, criando rimas, aliterações e ritmos" (BNCC, 2018, p. 47), previsto no Campo de
Experiências “Escuta, fala, pensamento e imagem” da Base Nacional Comum Curricular.

77
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Vamos criar uma coletânea de trava-línguas? A criação de um acervo literário para as


crianças é importante para compor o ambiente alfabetizador, de acordo com os RCNEI. Esse
acervo pode conter os mais variados gêneros, e, também, "aqueles que são produzidos pelas
crianças podem compor o acervo: coletâneas de contos, de trava-línguas, de adivinhas,
brincadeiras e jogos infantis, livros de narrativas,revistas, jornais etc" (BRASIL, 1998, p. 156).
Utilizando o recurso Picture Books, do Storybird, podemos, colaborativamente, criar uma
coletânea de trava-línguas da turma.

O(a) educador, inicialmente, questiona as crianças se sabem o que é um trava-língua. Trata-


se de um "exercício oral que consiste em articular, com rapidez e sem enganos, frases ou
.sequências de palavras com segmentos difíceis de pronunciar
[...]" (DICIONÁRIO PRIBERAM, 2008-2013, em linha). Que tal
entrar na brincadeira com as crianças? Vejam alguns dos
trava-línguas mais conhecidos:

Batata doce: Qual é o doce que é mais doce que o doce de


batata doce?

A pia: Embaixo da pia tem um pinto que pia, quanto mais a pia
pinga mais o pinto pia!

Muitos outros podem ser explorados pelas crianças e comporem a Coletânea de Trava-
línguas da turma!

78
Elabore histórias e poemas visuais com o Storybird

De acordo com os RCNEI, "o trabalho com produção de textos deve se constituir em
uma prática continuada, na qual se reproduz contextos cotidianos em que escrever tem
sentido. Deve-se buscar a maior similaridade possível com as práticas de uso social, como
escrever para não esquecer alguma informação, escrever para enviar uma mensagem a um
destinatário ausente, escrever para que a mensagem atinja um grande número de pessoas,
escrever para identificar um objeto ou uma produção, etc." (BRASIL, 1998, p. 146). Vamos criar
um Livro de Cartas no Storybird?

Nesta atividade, que pode ser realizada com crianças pequenas, o(a) educador(a) será o
escriba da turma. Inicialmente, seria preciso definir no coletivo:


Para quem enviaremos nossas cartas?
E se fizéssemos cartas para alguém
que está no futuro?

A ideia é que a criança pense e amplie sua concepção sobre vida em sociedade, avaliando, por
exemplo, as ações do ser humano sobre o meio ambiente e as relações com as próprias pessoas.

As cartas podem ser escritas ao longo do semestre, sempre que a turma entender que tem
algo diferente a contar para o público que definiram para as mesmas.

Na escrita das cartas, o(a) educador(a) projetará em uma tela o Livro para as crianças no
Storybird, que acompanharão o registro das palavras.

Cada carta seria escrita da seguinte forma: O(a) educador(a) inicia com a primeira frase,
depois, cada criança, em ordem em uma roda de conversa, dita uma frase para inserir na
carta. Certamente teremos cartas muito criativas!

79
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

É objetivo, no RCNEI, que a criança aprenda a "diferenciar as


atividades de contar uma história, por exemplo, da atividade de ditá-
la para o professor, percebendo, portanto, que não se diz as mesmas
coisas nem da mesma forma quando se fala e quando se escreve"
(BRASIL, 1998, p. 146). O documento orienta que "ditar um texto para
o professor, para outra criança ou para ser gravado em fita cassete
é uma forma de viabilizar a produção de textos antes de as crianças
saberem grafá-los. É em atividades desse tipo que elas começam a
participar de um processo de produção de texto escrito, construindo
conhecimento sobre essa linguagem, antes mesmo que saibam
escrever autonomamente" (BRASIL, 1998, p. 146).

O documento é datado de 1998, já não usamos mais as fitas


cassetes, temos tecnologias digitais mais amigáveis e aplicativos
que nos permitem qualificar esse processo de registro da escrita.
Pensando nisso, poderíamos criar um livro de histórias a partir da
leitura de imagens no Storybird, com crianças bem pequenas. A
proposta seria assim:

Inicialmente definir o tema do livro com a turma. O tema poderia ser


definido a partir da própria galeria de imagens disponíveis no Storybird.
Face às imagens, cada momento da história seria dialogado com as
crianças, para, no coletivo, definirem o que será registrado no livro.

É importante que as crianças pensem sobre a imagem, dialoguem


sobre ela e cheguem à conclusão do que precisa ser registrado. Esse é
um exercício interessante, no qual o(a) educador(a) é o escriba da turma
e faz a mediação para a participação de todos na produção da história!

80
Elabore histórias e poemas visuais com o Storybird

Um dos recursos mais interessantes para envolvidas. Quando o professor realiza com
o trabalho pedagógico com o Storybird, na frequência leituras de um mesmo gênero está
Educação Infantil, reside na autoria de poesias propiciando às crianças oportunidades para
utilizando imagens como “gatilho” para a que conheçam as características próprias de
criação literária. Devido ao grande conjunto cada gênero [...].” (BRASIL, 1998, p. 141).
de imagens disponível no Storybird, o(a)
educador(a) pode adaptar esta possibilidade Após a ampliação de repertório, o(a) educador(a)
de acordo com alguma temática que esteja engajaria as crianças na criação de seus próprios
trabalhando. Ainda, o Storybird permite que poemas. Com base no conjunto de palavras
o(a) educador(a) crie uma coleção tematizada tematizadas, as crianças deverão selecionar
de palavras, que deverão ser utilizadas pelas uma imagem no Storybird relacionada a um
crianças para a criação das poesias. animal doméstico (este conhecimento também
deve ser trabalhado na ampliação de repertório).
Por exemplo, em um projeto envolvendo Escolhida a imagem, o(a) educador(a) realizaria a
a temática “animais domésticos”, o(a) intervenção pedagógica no sentido de auxiliar as
educador(a) poderia realizar, inicialmente, crianças na leitura das palavras e composição de
uma ampliação de repertório sobre o gênero seus poemas.
poemas. Tal ampliação necessita da seleção
de bons textos literários deste gênero, tais
como o poema “Na cara”, de Ferreira Gullar:

Gatinho, pra me acordar,


Não fica miando a esmo:
Mia bem na minha cara
Para ver se eu acordo mesmo.

Nesta curadoria, visando ampliação de


repertório, é importante a escolha inicial de Após a finalização dos poemas, o(a)
poemas curtos, com rimas de fácil assimilação, educador(a) mobilizaria uma socialização
bem como vinculadas ao tema trabalhado via roda de conversa, em que as crianças
no projeto em tela. De acordo com o RCNEI, “leriam” suas criações para os colegas por
“As poesias, parlendas, trava-línguas, os intermédio de sua memorização. Outra
jogos de palavras, memorizados e repetidos, possibilidade é utilizar os poemas como gatilho
possibilitam às crianças atentarem não só para dramatizações de cenas com danças e
aos conteúdos, mas também à forma, aos músicas ou, ainda, a realização de um Sarau de
aspectos sonoros da linguagem, como ritmo e Poesia, em que a turma convidaria colegas de
rimas, além das questões culturais e afetivas outro grupo para compartilhar suas criações!

81
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Outro projeto que pode ser desenvolvido, com base no recurso “Picture
Book” do Storybird - a criação de um “Livro de Parlendas”. Neste caso, o
Storybird seria agenciado como recurso didático para a sistematização
dos saberes construídos durante um dado projeto temático. Por
exemplo: o(a) educador(a) requisitaria as crianças, após um trabalho
inicial de ampliação de repertório sobre o gênero, para pedirem aos
seus pais/mães e demais parentes o envio por escrito de parlendas
que conhecem dos seus tempos de criança. Tal material escrito
pode ser utilizado, inicialmente, de diversas formas: memorização e
socialização na roda de conversa, dramatização, musicar os versos
com instrumentos convencionais e não-convencionais, etc.

Para realizar a sistematização escrita das parlendas coletadas nas


famílias das crianças, seria criado um “livro de imagens” no Storybird.
As crianças ficariam responsáveis por selecionar a imagem que
“contaria” melhor a situação, história ou acontecimento registrado
na parlenda. Após esta escolha, e com a ajuda do(a) educador(a),
seria realizado o registro escrito das parlendas de acordo com cada
imagem selecionada. Tal situação é propícia para que as crianças
mobilizem conhecimentos já apropriados do sistema de escrita
alfabético, de forma coletiva. Por exemplo, ao problematizar os(as)
educandos(as) sobre que palavra representa um animal ou objeto em
específico, pode mobilizar troca de saberes sobre as letras iniciais já
conhecidas dos nomes das crianças.

82
Elabore histórias e poemas visuais com o Storybird

Por fim, não poderíamos deixar de citar o Storybird como um excelente repositório de livros de
histórias com diferentes temáticas, criadas por pessoas do mundo todo. Muitas destas histórias
trazem em seus enredos aspectos culturais de países estrangeiros, algo que pode ser ocupado
pelo(a) educador(a) para trabalhar o objetivo de “Manifestar interesse e respeito por diferentes
culturas e modos de vida” (BRASIL, 2017, p. 44). A seleção destas histórias pode ocorrer junto
com as crianças, ao passo em que, analisando aspectos como a capa do livro, suas ilustrações
iniciais, o(a) educador(a) já promove reflexões sobre possíveis temas tratados no enredo.

É importante lembrar que as histórias no Storybird estão, em sua maioria, escritas na língua
inglesa. Mesmo que o(a) educador(a) não domine este idioma, a tecnologia pode nos ajudar
mais uma vez. Utilizando um navegador de Internet como o Google Chrome, é possível
instalar “Extensões” como o Google Translate. Este recurso inserido no navegador irá traduzir
facilmente e com boa qualidade os livros e poemas existentes no Storybird.

Assim, pensemos em um trabalho pedagógico envolvendo diferentes sensações do corpo nas


estações do ano. Provavelmente, a maioria dos(as) educandos(as) passaram por experiências
de inverno e frio; contudo, ver a neve, vivenciar as sensações por ela provocada, brincar nela…
são experiências difíceis de ser exploradas em uma país tropical como o Brasil. Em uma
breve busca na biblioteca de livros do Storybird, podemos localizar materiais como “Snowfall”
(Queda de neve). Nesta pequena história, são contadas situações vividas pelos sujeitos que já
experenciaram a neve, bem como algumas sensações do frio, visuais, táteis, etc.

Contar histórias como esta auxilia na ampliação de repertório das crianças, em torno de
experiências ainda não vivenciadas na natureza e em diferentes arranjos socioculturais.
Também pode ser o ponto de partida para produções autorais, mixando tais experiências
com outras formas de expressão, como dança, música ou desenho.

83
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

84
Crie desenhos com o
Google Drawings

Conhecendo a tecnologia

O Google Drawings permite a criação ou edição de imagens, desenhando-as


ou importando-as de fontes externas. Os desenhos, gráficos, formas, diagramas
e fluxogramas são salvos e armazenados automaticamente no Google Drive,
podendo ser adicionados a outros documentos, apresentações ou sites.
Sendo um dos aplicativos do Google Drive, permite a elaboração dos desenhos
de forma colaborativa e em tempo real, podendo ser disponibilizado no modo
público ou partilhado com determinado(s) usuário(s). Para tanto, disponibiliza um
conjunto básico de funcionalidades
de softwares de desenho, tais como:
inserção de formas geométricas,
desenho livre com linhas, caixas de
textos, imagens salvas no computador ou
salvas no Google Drive do usuário, dentre
outras.
É preciso ter uma conta Google para
utilizar os serviços disponíveis no Google
Drive, tais como o Drawings. Ao lado, você
pode conferir a tela de edição do Google
Drawings.

85
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Potenciais pedagógicos

De acordo com a BNCC (BRASIL, 2017), no Campo da Experiência


“Traços, sons, cores e formas”, as crianças na Educação Infantil
precisam se expressar utilizando várias linguagens, criando suas
próprias produções artísticas ou culturais, o que contribuiu para
exercitar a autoria coletiva e individual, por meio de sons, traços,
gestos, danças, mímicas, encenações, canções, desenhos,
modelagens, manipulação de diversos materiais e de recursos
tecnológicos.

O Google Drawings pode ajudar na realização de atividades para


desenvolver esse campo de experiência. Usando, por exemplo,
apenas o recurso “linhas” e os diferentes tipos disponíveis, com
possibilidade de variação das cores, as crianças podem criar
produções livres ou a partir de temáticas direcionadas pelo(a)
educador(a). Além disso, o trabalho com linhas pode acontecer
usando materiais concretos (compensado, pinos de madeira e linhas
diversas) e depois o registro virtual, ou vice-versa.

86
Crie desenhos com o Google Drawings

Ao pensar em atividades a partir do


Google Drawings, é importante levar
em consideração os estudos sobre o
desenvolvimento do desenho infantil.
De acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998),
nas atividades de desenho ou pintura é
importante que o(a) educador(a) ofereça “[...]
suportes variados e de diferentes tamanhos
para serem utilizados individualmente ou em
pequenos grupos, como panos, papéis ou
madeiras, que permitam a liberdade do gesto
solto, do movimento amplo e que favoreçam
um trabalho de exploração da dimensão
espacial, tão necessária às crianças desta
faixa etária.” A proposta de fazer desenhos
utilizando o Google Drawings não substitui
essas etapas! Ao utilizar diferentes tipos
de linhas e formas, com variações de cor,
o(a) educador(a) pode lançar mão de mais
esse recurso tecnológico para propor
atividades de desenhos livres ou temáticos
ou com formas previamente selecionadas e
disponibilizadas do lado esquerdo da tela, de
forma compartilhada, explorando os recursos
disponíveis no Google Drawings.

87
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Ao trabalhar com desenhos, é importante também inserir atividades


que explorem a leitura de imagens. O(a) educador(a) pode selecionar
uma imagem para inserir no Google Drawings. Indica-se obras de artes
que explorem o uso de linhas e formas geométricas ou um desenho
produzido por um dos alunos da turma. Em um primeiro momento,
de forma coletiva, a turma pode destacar o que consideraram mais
relevante na imagem selecionada e o(a) educador(a) poderá fazer
anotações das observações dos alunos usando a caixa de texto. Na
sequência, o(a) educador(a) pode fazer perguntas que estimulem
a turma a observar outros aspectos que porventura não foram
destacados pelos alunos. Para finalizar, pode propor que cada
educando(a) faça uma releitura da imagem. Também é possível propor
que um aluno contribua na releitura da imagem de um colega.

Tal como prevê o RCNEI (BRASIL, 1998), é essencial que as crianças


falem sobre suas criações e escutem as observações dos colegas
sobre seus trabalhos. Essa ação contribui para a reformulação de
ideias e elaboração de novos conhecimentos a partir das observações
destacadas. Ao ressaltar que não há um certo ou errado na produção
artística, o(a) educador(a) pode ajudar a fortalecer a singularidade
de cada indivíduo na criação. Além disso, ao desenharem, as
crianças também brincam de “faz de conta”, verbalizam narrativas,
desenvolvem a criatividade e a imaginação. Os desenhos criados no
Google Drawings podem compor murais, fazer parte de apresentações
em rodas de conversa, compor histórias coletivas ou um livro de
imagens da turma. Com estas atividades, estaríamos contribuindo
para ampliar as formas das crianças sentirem e pensarem sobre o
mundo e as diferentes manifestações culturais.

88
Crie desenhos com o Google Drawings

“É na interação com os pares e com adultos que as crianças


vão constituindo um modo próprio de agir, sentir e pensar e vão
descobrindo que existem outros modos de vida, pessoas diferentes,
com outros pontos de vista.” (BRASIL, 2017, p. 39) É com esta frase
que o documento da BNCC apresenta o campo de experiência: “O
eu, o outro e o nós”. Uma proposta de atividade usando o Google
Drawings poderia envolver a inserção de uma imagem, diretamente
da câmera do computador, de cada aluno da turma. Ao lado, usando
pequenos textos, o(a) educador(a) poderia ajudar cada criança
a elaborar inicialmente uma apresentação de si mesmo, a ser
compartilhada com todos. Ao lado desta apresentação, por meio
de um sorteio, seleciona-se um amigo para apresentar um colega.
Essas apresentações poderiam ajudar na construção da noção de
que somos seres individuais e sociais, bem como provocar rodas de
conversas sobre respeito ao outro e às diferenças.

Uma variação desta atividade poderia envolver todas as turmas da escola. Ao terem
suas imagens capturadas e compartilhadas, cada turma pode escolher uma forma de se
apresentar usando os recursos do Google Drawings. Da mesma maneira, podem escolher
uma forma de apresentar uma outra turma. Essas apresentações poderiam gerar maior
conhecimento das especificidades de cada turma, aproximação entre os alunos e, assim,
contribuir para a interação e rodas de conversa sobre respeito às diferenças e construção
identitária. De acordo com o texto da BNCC (BRASIL, 2017, p.39), “Conforme vivem
suas primeiras experiências sociais (na família, na instituição escolar, na coletividade),
constroem percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros, diferenciando-se e,
simultaneamente, identificando-se como seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo que
participam de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças constroem sua autonomia
e senso de autocuidado, de reciprocidade e de interdependência com o meio.”

89
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Oue tal brincar de remixar artistas famosos a partir do Google


Drawings? No campo de experiências “Traços, sons, cores e formas”,
podemos trabalhar esta ideia para alcançar o objetivo de ensino
e aprendizagem “Expressar-se livremente por meio de desenho,
pintura, colagem, dobradura e escultura, criando produções
bidimensionais e tridimensionais” (BRASIL, 2017, p. 46). A ideia de
remix é própria da cultura digital, consistindo em uma obra criada a
partir de alterações do material original. Trocar pedaços, adicionar
e/ou remover partes de uma obra pode ser divertido, se pensarmos,
por exemplo, em pintores como Pablo Picasso, que trabalhou um uso
extensivo de formas geométricas em seus quadros da fase cubista.

Assim, o(a) educador(a) poderia inicialmente realizar um momento de ampliação de repertório


sobre Picasso, sua história (por meio de poemas, por exemplo) e obras mais conhecidas.
Também explorar com as crianças, em diálogo, quais os elementos gráficos presentes nas
obras do autor, bem como a intencionalidade expressada nos personagens, objetos e cenário.
Após isto, o(a) educador(a) ensejaria com as crianças a escolha de uma obra de Picasso para
ser a base do remix. Então, demais pedaços de outras obras, bem como supressões, seriam
realizadas nesta base para compor um novo significado artístico.

90
Crie desenhos com o Google Drawings

Que tal retratar a realidade do bairro onde fica a creche das


crianças pelo Google Drawings? Tal como na sugestão anterior
(que poderia constituir um projeto mais duradouro no campo das
Artes), a ideia seria trabalhar com representações via formas
geométricas. É importante ressaltar, neste contexto, que o
objetivo destas atividades não é o de “decorar” conceitos sobre
as formas geométricas. Antes disto, é vivenciar e explorar as
diferentes representações que podemos criar unindo, sobrepondo,
modificando, enfim, manipulando as formas para expressar algo.

Assim, inicialmente, a(o) educador(a) realizaria um passeio pelo


bairro, com o objetivo das crianças criarem registros fotográficos de
objetos ou construções que lhes chamou a atenção. Posteriormente,
as diversas fotos seriam selecionadas pelas crianças, junto com o(a)
educador(a), visando ser repassadas para o computador e, então,
inseridas no Google Drawings. A partir disto, a ideia é “redesenhar”
o objeto ou construção utilizando somente formas geométricas
disponibilizadas por esta ferramenta. As cores, espessuras e
formatos das bordas e preenchimento das formas ficariam à cargo
das crianças, com a mediação do(a) educador(a) no sentido de que
as crianças reflitam e explicitem o significado de suas criações.
Posteriormente, tais materiais seriam impressos e poderiam compor
um Livro das Formas: nosso bairro, a ser socializado com a turma,
inicialmente, e, se possível, com as demais turmas da creche.

91
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Uma das questões mais interessantes das ferramentas da suíte de aplicativos Google, e que
envolve também o Google Drawings, é a colaboração. Uma proposta seria fazer, em duplas,
uma releitura de obras de arte (pinturas) famosas.

O(a) educador(a) faria a acolhida das crianças projetando slides com diversas pinturas de
artistas com expressão mundial e nacional: Picasso, Van Gogh, Da Vinci, Michelangelo, Portinari,
Escher, Salvador Dalí, Botero, Miró, Tarsila do Amaral, Candido Portinari, entre outros.

Em roda, conversariam sobre as obras, o que as crianças já conhecem e se gostariam de


realizar uma releitura colaborativa das mesmas. Após isso, as crianças se reuniriam em
duplas e produziriam, a quatro mãos, a releitura de uma das obras.

Para isso, é muito simples: basta abrir um arquivo no Google Drawings, compartilhar com a
dupla e com o educador(a), para acompanhamento.

A parte legal de trabalhar colaborativamente nesta tecnologia é que todas as alterações


que estão sendo feitas pelas crianças acontecem em tempo real, ou seja, você consegue
visualizar na hora o que o seu colega está fazendo! Para a atividade ter sentido, cada criança
precisa editar em um computador diferente, é claro!

92
Crie desenhos com o Google Drawings

Você sabe a diferença entre aprendizagem colaborativa e aprendizagem cooperativa? Driscoll


e Vergara (1997) entendem que, “para existir uma verdadeira aprendizagem colaborativa, não
somente se requer que trabalhem juntos, mas que cooperem para alcançar uma meta que
não se pode alcançar individualmente” (apud APARICI; ACEDO, 2010, p. 138).

Como propor, então, uma atividade que seja efetivamente colaborativa? As autoras
identificam cinco elementos que caracterizam como aprendizagem colaborativa:

1) responsabilidade individual: todos os membros são responsáveis por seu desempenho


individual dentro do grupo;
2) interdependência positiva: os membros do grupo devem depender uns dos outros para
alcançar a meta comum;
3) habilidades em colaboração: habilidades necessárias para que o grupo funcione de forma
efetiva, como realizar o trabalho em equipe, a liderança e a solução de conflitos;
4) interação-promotora: os membros do grupo interatuam para desenvolver relações
interpessoais e estabelecer estratégias efetivas de aprendizagem;
5) processo de grupo: o grupo reúne-se para discussão de forma periódica e avalia seu
funcionamento, efetuando as mudanças necessárias para incrementar sua efetividade.
(DRISCOLL; VERGARA apud APARICI; ACEDO, 2010, p. 138).

Ainda na lógica da colaboração, vamos pensar em outra proposta em dupla que pode
ser desenvolvida no Google Drawings? Que tal propor o desafio de criar uma história em
quadrinhos ou uma tirinha no Google Drawings?

Para dificultar o desafio, podemos determinar o tempo de uma hora. Para que possam
cumprir com o objetivo em um curto espaço de tempo, as crianças terão que trabalhar em
conjunto: quem serão os personagens? Sobre o que será a história?

As duplas precisarão se planejar antes de criar a história no Google Drawings, e, depois, de


forma colaborativa, criar estratégias para atingir o objetivo!

93
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

94
Para saber mais…

Para finalizar este material didático com um convite à ampliação de


repertório pedagógico, elaboramos no quadro que segue demais sugestões de
Tecnologias Educativas, que podem ser agenciadas na Educação Infantil e/ou
Ensino Fundamental - Anos Iniciais. Com esta proposta, esperamos contribuir na
formação pedagógica de educadores(as), principalmente no tocante aos saberes
e às práticas da docência na Educação Básica.

# Nome da TE Site para acesso Breve descrição


1 Tiki-Toki tiki-toki.com Permite a criação de linhas do tempo interativas,
por meio da inserção de eventos que contêm
textos, vídeos, imagens, etc. Pode ser utilizada
para o trabalho com trajetórias de vida e demais
conteúdos da área de História.

2 WordArt wordart.com Com o WordArt você pode criar nuvens de palavras


em diferentes formatos, utilizando de formas
pré-selecionadas pelo site ou, ainda, inserindo
sua própria imagem para a composição da nuvem.
Possui diversos potenciais pedagógicos - por
exemplo, que tal criar uma nuvem com palavras.
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

# Nome da TE Site para acesso Breve descrição


3 Cacoo cacoo.com Excelente TDR que permite a produção de
diagramas diversos - de mapas mentais/
conceituais, diagrama de peixe, calendários, etc.
Em atividades de Ciências, pode ser ocupada
como uma forma de sistematizar e organizar
conceitos - p. ex., sobre as características de uma
determinada classe de animais.

4 Google Maps / maps.google.com Esta TDR criada pela Google permite a visualização
MyMaps mymaps.google.com de mapas em diferentes formatos, pesquisa por
locais do mundo todo e, de quebra, pelo MyMaps, a
criação de mapas personalizados. Que tal instigar
as crianças para que criem um mapa com os
principais lugares de sua preferência no bairro?

5 Smore smore.com Com o Smore, os(as) educandos(as) podem ser


autores em colaboração de um boletim de notícias,
contendo textos, vídeos, imagens, links para
sites, etc. O grande educador Celestin Freinet, na
primeira metade do século XX, pensava no uso
pedagógico do jornal escolar. Que tal reapropriar
esta ideia para o mundo da cultura digital?

6 Google youtube.com/my_ Com o Hangout On Air, atualmente integrado ao


Hangout On Air live_events Youtube pelo acesso com sua conta Google, você
pode criar videochamadas que são transmitidas ao
vivo pela Internet. Posteriormente, este material
fica gravado na conta Youtube utilizada para a
videochamada. Que tal planejar um projeto inter-
escolas, em que os(as) educandos(as) utilizem o
Hangout On Air para socializar conhecimentos
construídos com colegas de outras localidades?

7 MDMAT - mdmat.mat.ufrgs.br/ Site contendo diversos Objetos de Aprendizagem,


Anos Iniciais anos_iniciais bem como sugestões de atividades didática para
o trabalho com conteúdos de Matemática nos
Anos Iniciais (1º a 5º ano).

96
Para saber mais…

# Nome da TE Site para acesso Breve descrição


8 Google Forms google.com/forms O Google Forms é parte da suíte de aplicativos
de escritório do Google Drive, serviço de
armazenamento e compartilhamento de arquivos
na Internet. Com o Forms, é possível criar
formulário para coleta de dados a partir de tipos
de perguntas pré-setadas. Basta preencher as
informações que você deseja e pronto: pesquisa
saindo! Ótimo para trabalhar tratamento de
informações (gráficos, tabelas…) nos Anos Iniciais,
em estratégias que mobilizem investigações sobre
um dado fenômeno, social ou natural.

9 Banco objetoseducacionais2. Organizado pelo MEC, possui uma vasta coleção


Internacional mec.gov.br de Objetos de Aprendizagem em diferentes
formatos (animações, simulações, etc.), para
de Objetos
utilização nas mais diferentes áreas e etapas da
Educacionais Educação Básica.

10 Movie Maker Instalado por Software de produção autoral que permite


padrão no Sistema a criação de narrativas com imagens em
Operacional Windows, movimento, animações, trilhas sonoras,
em suas versões ilustrações. A composição por meio da
ME, XP e Vista. Em linguagem audiovisual permite ao(a) educador(a)
versões posteriores do projetar o exercício de diferentes propostas
Windows (7, 8 e 10), era pedagógicas com as crianças. Assim como
possível download e os demais softwares de edição de vídeo, o
instalação. Após 2017, Movie Maker possibilita a criação de filmes
foi descontinuado com apresentações, efeitos, músicas, títulos,
e substituído pelo subtítulos, legendas.
Windows Story Remix
- aplicativo Photos do
Windows 10.

97
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

98
Considerações Finais

Ao finalizarmos este material didático sobre Tecnologias Digitais de Rede


na Educação Infantil, não poderíamos deixar de realizar a seguinte reflexão:
mais importante do que a presença das tecnologias em sala de aula é a
intencionalidade pedagógica do(a) educador(a) em torno destes artefatos. Em
outras palavras, de nada adianta possuir recursos tecnológicos variados se as
práticas educativas ainda persistem sem planejamento, sem reflexão pedagógica
sobre os potenciais que cada tecnologia possui.
Obviamente, a não presença das tecnologias em contextos escolares
representa também um desafio: lutar para que as condições básicas de
infraestrutura pedagógica estejam à disposição dos(as) educadores(as). Enquanto
dimensão política do “ser pedagogo(a)”, não nos deve bastar somente aceitar
condições não ideais de trabalho: mobilizar a escola, pais/mães e a comunidade
em torno de demandas concretas pode ser, também, uma forma de promover a
gestão democrática do espaço escolar.
Em síntese, tecnologias não fazem milagres educacionais. Não são
uma panaceia pedagógica que resolverá os problemas didáticos e de ensino-
aprendizagem dos(as) educandos(as). Contudo, podemos identificar nestas
tecnologias potenciais educativos em torno das noções de autoria e colaboração, que
somente se concretizarão em práticas formativas ao passo em que forem refletidas
de forma pedagógica. Neste quesito, é muito importante que o PPP de cada creche e/
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

ou escola traga uma compreensão explícita e coletiva dos(as) educadores(as) sobre


como interpretam o papel destes artefatos no universo educativo.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEIs) enfatizam
a noção de criança como “[...] sujeito histórico e de direitos que, nas interações,
relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva,
brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e
constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura.” (BRASIL, 2010).
Perceba, portanto, o quanto esta dimensão epistemológica da autoria
colaborativa encontra, em sua intersecção com a noção de criança das DCNEIs,
um ponto de encontro para embasar propostas pedagógicas, tal como nos
propunha Freire (1977, p. 78):

Esta é a razão pela qual, para nós, a “educação como prática da liberdade”
não é a transferência ou a transmissão do saber nem da cultura; não é a extensão
de conhecimentos técnicos; não é o ato de depositar informes ou fatos nos
educandos; não é a “perpetuação dos valores de uma cultura dada”; não é o “esforço
de adaptação do educando a seu meio”.
Para nós, a “educação como prática da liberdade” é, sobretudo e antes de tudo, uma
situação verdadeiramente gnosiológica. Aquela em que o ato cognoscente não termina no
objeto cognoscível, visto que se comunica a outros sujeitos, igualmente cognoscentes.
Educador-educando e educando-educador, no processo educativo libertador,
são ambos sujeitos cognoscentes diante de objetos cognoscíveis, que os mediatizam.

100
Considerações Finais

O essencial é colocar a imaginação pedagógica para funcionar!

É importante notar que, ao realizarmos este tipo de reflexão pedagógica, nos


encaminhamos para superar uma simples inserção das tecnologias em ambientes
educativos carente de intencionalidade e planejamento.
Esperamos que tais reflexões, bem como as indicações pedagógicas de
apropriação das tecnologias apresentadas neste material, ajudem você, leitor(a)
pedagogo(a), a engajar-se em renovadas práticas docentes.

Um abraço fraterno!
Prof. Vitor Malaggi
Profª. Karina Marcon
Profª Roselaine Ripa

101
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Referências

ANPED, 30., 2007, Caxambu. Formação do Conceito e Número em Crianças da Educação


Infantil... Caxambu: [s.n.], 2007. 13 p. Disponível em: http://30reuniao.anped.org.br/
trabalhos/GT07-3370--Int.pdf. Acesso em: 20 dez. 2018.

ANPED, 37., 2015, Florianópolis. Construções de Identidade de Gênero na Primeira Infância:


uma análise da produção científica e do RCNEI... Florianópolis: UFSC, 2015. 17 p. Disponível em:
http://www.anped.org.br/sites/default/files/trabalho-gt23-3914.pdf. Acesso em: 20 dez. 2018.

BANDEIRA, Larisa da Veiga Vieira. Cartografar com crianças: É possível olhar nossa cidade
através do olhar da infância?. 2011. 44 f. Dissertação (Trabalho de Conclusão. Pedagogia)
- Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,2011.
Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/36326/000817591.
pdf?sequence=1. Acesso em: 20 dez. 2018.

BARBOSA, Jacqueline Peixoto. Receita. São Paulo: FTD, 2003. (Coleção trabalhando com os
gêneros do discurso: instruir).

BARROS, Flávia Cristina Oliveira Murbach de; SILVA, Greice Ferreira da; RAIZER, Cassiana Magalhães.
As implicações pedagógicas de Freinet para a Educação Infantil: das técnicas ao registro. Revista
Colloquium Humanarum, Presidente Prudente, v.14, n.2, 2017. Disponível em: http://revistas.
unoeste.br/revistas/ojs/index.php/ch/article/download/1336/1915. Acesso em: 25 out. 2018.

BELLONI, Maria Luiza; GOMES, Nilza Godoy. Infância, mídias e aprendizagem: autodidaxia e
colaboração. Educ. Soc. Campinas, v.29, n.104, p.717-746, out. 2008. Disponível em: http://
www.scielo.br/pdf/es/v29n104/a0529104.pdf. Acesso em: 20 dez. 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível
em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/download-da-bncc. Acesso em: 17 dez. 2018

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares


Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2010.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.

102
Referências

Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental – Língua


Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.


Referencial curricular nacional para a educação infantil: introdução. Ministério da
Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998a. 1v.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.


Referencial curricular nacional para a educação infantil: formação pessoal e social. Ministério
da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998b. 2v.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.


Referencial curricular nacional para a educação infantil: conhecimento de mundo. Ministério
da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998c. 3v.

DAVID, Jéssica; HAUTEQUESTT, Felipe; KASTRUP, Virginia. Audiodescrição de filmes:


experiência, objetividade e acessibilidade cultural. Fractal, Rev. Psicol. Rio de Janeiro,
v.24, n.1, p.125-142, abr. 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/fractal/v24n1/
v24n1a09.pdf. Acesso em: 20 dez. 2018.

DICIONÁRIO PRIBERAM. Trava-língua. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em


linha], 2008-2013. Disponível em: https://dicionario.priberam.org/trava-l%C3%ADngua.
Acesso em: 21 dez. 2018.

FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação?. São Paulo: Paz e Terra, 1977.

GAGLIARDI, Eliana; AMARAL, Heloísa. Trabalhando com os gêneros do discurso: narrar:


conto de fadas. São Paulo: FTD, 2001. - (Coleção Trabalhando com os gêneros do discurso).

GIRÃO, Fernanda Michelle; BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi. Produção coletiva de textos
na educação infantil: o trabalho de mediação docente. Educ. rev. Belo Horizonte, v.30, n.3,
p.121-152, Set. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/edur/v30n3/v30n3a06.pdf.
Acesso em: 20 dez. 2018.

103
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

LEAL, Telma Ferraz; BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi (Orgs.). Produção de textos na escola:
reflexões e práticas no Ensino Fundamental. 1.ed., 1 reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
Disponível em: http://www.serdigital.com.br/gerenciador/clientes/ceel/arquivos/15.pdf.
Acesso em: 23 set. 2018.

MARINI, Eduardo. BNCC: desafio é a histórica carência na formação de professores. Revista


Educação, São Paulo, n. 252, out. 2018. Disponível em: http://www.revistaeducacao.com.br/
bncc-desafio/. Acesso em: 13 nov. 2018.

MEDEIROS, Sônia Maria de; OLIVEIRA, Maria Angélica Figueiredo. A informática na Educação
Infantil: influência e uso da mídia na formação da criança. Disponível em: https://repositorio.
ufsm.br/bitstream/handle/1/2793/Medeiros_Sonia_Maria_de.pdf?sequence=1.Acesso em
20 dez. 2018.

NASCIMENTO, Bárbhara Elyzabeth Souza. Argumentação nas Rodas de História: Reflexões


sobre a Mediação Docente na Educação Infantil. 2012. 187 p. Dissertação (Mestrado)-
Educação, Universidade federal de Pernambuco, Recife, 2012. Disponível em: https://
repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/12833/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o_B%C3%81R
BHARA_ELYZABETH_SOUZA_NASCIMENTO___%C3%80REA_EDUCA%C3%87%C3%83O.pdf
Acesso em: 20 dez. 2018.

OLIVEIRA, Cacilda Lages - Significado e contribuições da afetividade, no contexto da


Metodologia de Projetos, na Educação Básica, dissertação de mestrado – Capítulo 2,
CEFET-MG, Belo Horizonte-MG, 2006. Disponível em: http://www.tecnologiadeprojetos.
com.br/banco_objetos/%7B28A0E37E-294A-4107-906C-914B445E1A40%7D_pedagogia-
metodologia.pdf. Acesso em: 20 dez. 2018.

SANTAELLA, Lucia. Cultura e artes do pós-humano. São Paulo: Paulus, 2003.

SANTOS, Sandro Vinicius Sales dos. Currículo da Educação Infantil: considerações a partir
das experiências das crianças. Educ. rev., Belo Horizonte, v. 34, e188125, 2018. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/edur/v34/1982-6621-edur-34-e188125.pdf. Acesso em: 22 nov.
2018.

104
Referências

SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros Orais e Escritos na Escola. 2. ed. [S.l.]:
Mercado de Letras, 2010. 240 p. Disponível em: https://www.mercado-de-letras.com.br/
livro-mway.php?codid=42. Acesso em: 20 dez. 2018.

SILVEIRA, Maria Carmen; HORN, Maria da Graça Souza. Projetos Pedagógicos na Educação
Infantil. Porto Alegre: ARTMED, 2008. p. 10-46. Disponível em: https://books.google.com.br/
books?id=MWsTwRj-ICoC&printsec=frontcover&hl=pt-PT&source=gbs_ge_summary_r&ca
d=0#v=onepage&q&f=false. Acesso em: 20 dez. 2018.

SILVEIRA, Mariana. A Participação das Crianças nas Práticas Avaliativas na Educação


Infantil: dialogando com práticas e aspirações. 2017. 66 f. Dissertação (Trabalho de
Conclusão. Pedagogia) - Centro da Ciência da Educação FAED, Universidade Estadual
de Santa Catarina, Florianópolis, 2017. Disponível em: https://drive.google.com/file/
d/1RWKmbrbod4V3Vb_UDofVkz076MQCOUks/view. Acesso em: 20 dez. 2018.

WERLE, K. Sonorizando histórias e discutindo a educação musical na formação e nas


práticas de pedagogas. Música na Educação Básica, v. 3, n. 3, p. 84-95, 2011. Disponível
em: http://www.abemeducacaomusical.com.br/revista_musica/ed3/pdfs/artigo6_3.pdf.
Acesso em: 13 out. 2018.

UNIVESP TV. Referencial Curricular Nacional para a educação infantil: um panorama sobre
o documento. 2010. Disponível em: https://youtu.be/ZbE0O6C9CBI. Acesso em: 19 dez. 2018.

ZACARIAS, Eloísa; MORO, Maria Lucia Faria. A matemática das crianças pequenas e a
literatura infantil. Educ. rev., Curitiba, n. 25, p. 275-299, jun. 2005. Disponível em: http://
www.scielo.br/pdf/er/n25/n25a16.pdf. Acesso em: 8 nov. 2018.

https://www.ufrgs.br/gearte/artigos/artigo_marilia02.pdf/

105
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Referência das Figuras

Storyjumper pág. 17 Canva, pág. 25


Fonte: www.storyjumper.com Fonte: www.canva.com

Padlet pág. 36 Padlet pág. 38


Fonte: pt-br.padlet.com Fonte: www.industriousteacher.com/
uploads/1/2/0/2/120212370/screen-shot-2018-07-28-
at-10-30-30-am_orig.png

Voki, pág. 46 Thinglink, pág. 52


Fonte: www.voki.com Fonte: www.thinglink.com

106
Referências

Thinglink, pág. 53 Thinglink, pág. 54


Fonte: iphotochannel.com.br/wp-content/
uploads/2016/07/O-Aldan-Tavares-crian%C3%A7a-
viada-babadeira-do-croche.jpg

Thinglink, pág. 54 Thinglink, pág. 57


Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com/ Fonte: BRASIL (1998c, p. 92)
images?q=tbn:ANd9GcTi31jtlL_AIkOemny-
YL8MoD9o1Ueay6I201UgZ5eZyaW8yk6V

Thinglink, pág. 59
Thinglink, pág. 58
Fonte: radiovera.ru/wp-content/uploads/2014/07/7be
Fonte: img-fotki.yandex.ru/get/225650/230440400.4
364d7d2ba8419e3a05e70e0a78b41-1280x720.jpeg
65/0_17b571_f4018ea2_orig

107
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE REDE
na Educação Infantil: usos e potencialidades pedagógicas

Animaker, pág. 64 Animaker, pág. 65


Fonte: Capa do livro "Pequeno Píncípe" Fonte: www.animaker.co
de Antoine de Saint-Exupéry

Animaker, pág. 67 Storybird, pág. 76


Fonte: www.storybird.com

Storybird, pág. 80 Storybird, pág. 81

108
Referências

Storybird, pág. 83 Storybird, pág. 85


Fonte: www.storybird.com Fonte: www.storybird.com

Google Drawing, pág. 92 Google Drawing, pág. 93

Google Drawing, pág. 94 Considerações finais, pág. 103


Fonte: "A noite estrelada" Fonte: 1.bp.blogspot.com/-B6bOE8rmhGQ/
de Vincent van Gogh WHeKSQrn5MI/AAAAAAAABZ4/
KDtyPrJPqj84Gpy_1v8lmrU_fkX8ZEOwgCLcB/s1600/
Toon%2B1.jpg

109
Universidade do Estado de Santa Catarina
Universidade Aberta do Brasil
Centro de Educação a Distância

Você também pode gostar