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A filantropia na Educação
Ao se deparar com uma instituição de ensino de natureza filantrópica, qualquer pessoa comum
costuma ter duas conclusões prévias: “Aquela escola tem ensino gratuito” e “Aquela escola não Notícias
paga impostos”. Reconhecemos que esse pensamento simplista guarda um fundo de razão,
Soluções ao problema da inadimplência
mas a filantropia aplicada aos estabelecimentos particulares de ensino envolve questões muito
de mensalidades - Parte III
mais complexas, e todo gestor educacional deveria conhecê-las, até mesmo para comparar a
sua estrutura societária com a da concorrência. Soluções ao problema da inadimplência
de mensalidades - Parte II
Para um início de conversa, não estamos falando em empresas, mas em organizações sem fins
Soluções ao problema da inadimplência
econômicos. Antigamente se usava a expressão “fins lucrativos”, mas a definição foi alterada
de mensalidades - Parte I
pelo Código Civil de 2002, embora mantendo-se o mesmo princípio. Isso significa que, em
paralelo com as empresas comerciais, são igualmente “pessoas jurídicas”, com CNPJ, registro A filantropia na Educação
em órgãos públicos, administração nomeada, patrimônio próprio, direitos e obrigações; mas
não podem ser entendidas pela mesma óptica, por faltar-lhes o elemento que impulsiona a Cópias ilegais na Educação
grande massa da economia: o intuito de lucro.
Regras legais para o reajuste de
Há escolas e universidades mantidas por pessoas físicas que atravessam anos a fio amargando mensalidades
prejuízos (infelizmente), mas ainda assim a intenção dos sócios se mantém a mesma: ganhar
dinheiro com aquele negócio, e todos os esforços se concentram no sentido de prosperar, Ensino Fundamental de 9 anos
enriquecer a figura de seus investidores, tendo o serviço educacional como o objeto escolhido O registro da mensalidade atrasada no
para a atividade lucrativa. SCPC
A filantropia, ao contrário, segue o caminho inverso. Nem mesmo há sócios – pois seus Valorização do Professor: obrigação
gestores são “associados” – e as decisões devem ser democráticas, inclusive com a escolha dos legal
administradores por meio de assembléia. Tampouco seria possível a distribuição de lucros, pois
A nota fiscal eletrônica de serviços
toda sobra de receita obrigatoriamente deve ser reinvestida na própria entidade, a fim de haver
melhoria contínua na prestação dos serviços. Cláusulas de segurança no contrato
educacioinal
A principal diferença, entretanto, é o objetivo assistencial da organização em tudo o que realiza.
Se nas empresas comuns a educação é um meio para auferir lucro, para essas entidades ela é O vínculo empregatício e a terceirização
o próprio fim a que se presta, independente do que se venha a receber financeiramente ao nas instituições de ensino
longo do tempo. A eventual cobrança de mensalidades servirá apenas para custear as despesas Contrato Educacional - Usando e
operacionais, como: salários, aluguel, manutenção, materiais, etc., caso não exista outra fonte Praticando
de receita.
Oferta e publicidade dos serviços
Agora que já compreendemos os fatores de diferenciação, voltemos às duas conclusões iniciais, educacionais
que são correntes entre os leigos: a gratuidade do ensino e o não-pagamento de impostos. Até As relações de consumo e o ensino
que ponto são reais? privado
A retirada do aluno - aspectos jurídicos
As entidades filantrópicas no Brasil são assim classificadas legalmente apenas quando recebem
e operacionais
o CEBAS – Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, que é conferido pelo CNAS
– Conselho Nacional de Assistência Social às Associações e Fundações que reconhecidamente O ensino particular e a Constituição
estejam em funcionamento há mais de 3 anos e que obedeçam a rigorosas regras (muitas das Federal
quais estão resumidas ao longo desta matéria). Regulamentadas pelo Decreto 2.536, de 6 de
abril de 1998, as instituições filantrópicas obrigatoriamente devem conceder no mínimo 20%
(vinte por cento) de gratuidade em relação à receita bruta aos usuários de seus serviços, de
forma permanente e sem discriminação da clientela. Isso pode se dar por meio de bolsas
parciais ou integrais, mas sempre com cunho beneficente e assistencialista, por isso ficam de
fora os famosos descontos por pontualidade.

Com base no Art.150 - VI da Constituição Federal, as instituições de educação sem fins


lucrativos têm direito à imunidade tributária, o que permite ás fundações ou associações
regularmente constituídas absterem-se de recolher impostos, como IRPJ, IPTU, IPVA, ISS,
independente de estarem certificadas. Contudo, essa imunidade só irá alcançar outros tributos
– especialmente as pesadas contribuições ao INSS – se o CEBAS estiver em vigor. É importante
destacar que, de certa forma, a gratuidade exigida em 20% se aproxima da renúncia fiscal
oferecida pelo poder público como contrapartida pela assistência social prestada. Ou, em outras
palavras, a União reconhece a necessidade desses serviços e abdica do recebimento de
contribuições previdenciárias a quem prestá-lo realmente a contento. Não por acaso, o órgão
que concede a certificação pertence ao Ministério da Previdência.

De acordo com o Art.54 do Código Civil, as regras de funcionamento deverão constar com

http://www.advocaciaceliomuller.com.br/noticia_detalhe.asp?IdConteudo=37 9/6/2009
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clareza no Estatuto, inclusive:

- denominação, fins e sede;


- requisitos para admissão, demissão e exclusão dos associados;
- direitos e deveres dos associados;
- fontes de recursos para a manutenção das atividades;
- modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos;
- condições para a alteração das regras estatutárias e para a dissolução.

É fundamental a igualdade de direitos entre associados - para impedir participação majoritária


de um só – pois nos casos de divergência, as decisões da Assembléia são soberanas.

Há muitos empresários do meio educacional que acabam optando pela abertura de entidades
sem fins econômicos para figurar como mantenedora da instituição de ensino. À primeira vista,
parece ser um bom negócio, face às vantagens fiscais que relacionamos e a possibilidade de
uso de vagas ociosas para completar o índice de gratuidade exigido. Mas são muitas as
exigências legais e contábeis deste modelo societário, como se vê, e a organização fica mais
suscetível à fiscalização, o que acaba inviabilizando sua escolha quando não houver uma gestão
realmente profissional.

Célio Muller é advogado especializado em Direito educacional e autor do GUIA JURÍDICO DO


MANTENEDOR EDUCACIONAL (Editora Érica).
E-mail: celiomuller@uol.com.br

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