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Karoline Costa da Silva

Manejo Clínico
Estresse pós-
traumático (TEPT)
Descrição.
Aspectos Neurobiológicos.
Por dentro da farmacoterapia do TEPT
Epigenética.
Manejo clínico transdiagnóstico e
melhores evidências disponíveis.
Efeito Stroop.
@karolinecostads

A descrição.
O TEPT esta vinculado ao "medo aprendido",
por meio de socialização ou de experiências
dolorosas vividas ou observadas por
terceiros. Todos aprendemos a evitar certos
comportamentos, pelo medo de sermos
feridos. O TEPT pode estar correlacionado ao
memórias intrusivas, ansiedade extrema,
sonhos lampejos de memórias das
experiências traumáticas e embotamento
emocional. Cerca de 70% da população
mundial tenha sido exposta ao trauma e
aproximadamente 6% desenvolveram o
TEPT.
@karolinecostads

Vamos falar sobre...

Informação aquisição da memória de consolidação da memória de


sensorial memória curto prazo e memória longo prazo
memória de (conteúdo
trabalho. emocional)

PROCESSO DA EXPERIÊNCIA E SISTEMA NERVOSO CENTRAL


@karolinecostads
O fato de o condicionamento pelo
medo ser uma forma de memória de
longa duração e rapidamente
adquirida, torna-o especialmente
atraente a esse respeito.

Porém , conforme ilustrado na pagina anterior, á medida que


uma memória está sendo consolidada, ela suscetível a
interrupções. Quando a pessoa recorda/evoca a algo que
lembre a resposta de medo, a memória se torna instável - é
nesse período que os processos de armazenamento no
cérebro são prejudicados, tanto a nível comportamental (ex:
modificação via terapia) ou medicamentosa, não sofrendo um
novo armazenamento adequado.
@karolinecostads

Não é o caso aqui, porém o receptor


NMDAR é um dos principais modulatórios
responsáveis na "formação e extinção da
memória" que participa de forma
divergentes no processo de consolidação
em diferentes tipos de memória, como
memória espacial, traumática e etc.

De forma didática, é nessa fase


aqui, a qual pode ocorrer as
"interrupções" da formação da
memória de curto prazo para a
longo prazo, conforme descrita na
Fonte da imagem: Mayford et al (2012) página anterior.
As sinapses são fortalecidas no processo de consolidação, que
por sua vez são agrupados quando essa memória é evocada, ou
seja, quando algo remete que essa memória é experiênciada,
alguns neurônios (específicos) desse agrupamento são ativados,
acionando outros neurônios pertencentes (aumentando a taxa
de disparo) incluidos nesse agrupamento, a qual muitos
conhecem como "engramas".

Chamamos isso
de EVOCAÇÃO
@karolinecostads
@karolinecostads

Como ocorre a evocação de uma memória.


@karolinecostads

A pagina anterior mostra o raciocínio da configuração das experiências


subjetivas, mas não é toda a memória que chega a ser a longo prazo e
ter a consolidação. A exposição ao trauma e quando acontece um
evento estressor, pode condicionar o individuo a consolidar uma
memória de longo prazo. O sistema nervoso libera uma série de
manifestações em resposta ao estresse. Correlacionado ao:

comportamento de esquiva
aumento na vigilância e no alerta
ativação da divisão simpática no SNV
liberação de cortisol a partir das glândulas suprarrenais.
ESSAS RESPOSTAS SÃO REGULADAS PELA
AMIGDALA E O HIPOCAMPO
eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal (HPA)

Em resposta a um
agente estressor e
ameaçador.

@karolinecostads

Fonte imagem: Bear, neurociências,4° edição.


@karolinecostads

Segundo Aballah (2018) desregulação do neurotransmissor excitatório


glutamato e a perda sináptica na fisiopatologia e tratamento do TEPT.
No fluxograma mostra os fatores de RISCO para o TEPT.
@karolinecostads

Fonte: Aballah et al (2018)


@karolinecostads

O hipocampo regula ativando e


inibindo a liberação de CRH
(corticotrofina). E a amígdala
responde aos niveis circulantes
dos hormônios do estresse,
devido a ativação de acetilcolina
Fonte imagem: Bear, neurociências,4° edição.
e noradrenalina que recebe.
Emitindo a resposta emocional.

Esses "agentes" são um dos principais "facilitadores"


para a consolidação da resposta e memória do medo.
@karolinecostads

O hipocampo, é importante para armazenar memórias de pessoas, lugares e


objetos, mas também é importante para evocar memórias em resposta a estímulos
ambientais. Por conta da lesão no hipocampo causada pelo trauma, as pessoas com
TEPT apresentam vários sintomas importantes: flashbacks ou revivem
espontaneamente o evento traumático; evitam experiências sensoriais associadas
ao evento inicial; tornam-se emocionalmente apaticas e se afastam dos outros;
além da irritabilidade, nervosas, agressivas ou terem problemas para dormir.
@karolinecostads Fonte imagem: Bear, neurociências,4° edição.

Esses sistemas são ativados pelo nível de alerta do individuo (maior nivel de alerta, maior
ativação) e pela aversividade dos estímulos externos ou internos. A amígdala também
colabora para tal resposta do medo, recebendo informações de todas as modalidades:
olfativa, somatossensorial, gustativa e visceral, auditiva e visual. A ativação do núcleo
central da amigdala está envolvido nas respostas autonômica estimulando grupos de
neurônios no tronco cerebral que controlam o sistema nervoso autônomo.
Já a amígdala basolateral tem como finalidade de "medir a
febre" em termos de nivel de alerta. Advindo da ativação das
sinapses colinérgicas (acetilcolina) e principalmente das
noradrenérgicas (advindo do locus coeruleus) no tronco
cerebral. O papel da amígdala é crucial na memória de eventos
de alto conteúdo emocional, aversivo ou não.

@karolinecostads
Rogan e Ledoux (1996)

Aqui mostra um pouco mais o percurso do


estímulo emocional, mostrando que o
tálamo, a qual recruta os estímulos
sensoriais (menos olfativo) tem sua via
direta com o núcleo lateral da amígdala. A
amígdala central é a responsável pela
resposta autônoma.

@karolinecostads

Todos eles aqui dentro do circulo


vermelho, estão envolvidos na
resposta de medo.
fonte foto: Eric Kandel (2010)

Simplificando a resposta
de medo mostrado em
detalhes na página
anterior.

Por isso, no estresse pós-traumático as pessoas ficam mais sensíveis


a estímulos sensoriais que tenham um conteúdo emocional
emparelhado com o evento estressor, não racionalizando sobre a
atual informação sensorial. A imagem é um exemplo.
@karolinecostads
Como consta na figura anterior: Um impulso sonoro (pode ser
visual ou por outras via somatossensorial (menos a olfatória) é
conduzida primeiro ao tálamo auditivo, a partir de então é
retransmitido diretamente para a amigdala e de forma indireta
para o córtex. A via direta para o corpo amigdaloide é rápida, mas
as informações que ela conduz não são muito assertiva.

Um exemplo: Por isso que você se assusta com o barulho do


escapamento de uma moto (de primeiro momento), até
perceber que som é (discriminação)

@karolinecostads
Um pouco por dentro da farmacoterapia do TEPT.

@karolinecostads
A complexidade da sintomatologia do TEPT e a alta
comorbidade dificultam a consistência da maioria
dos achados biológico no TEPT, incluindo a eficácia
clínica de medicamentos padrão.

@karolinecostads

De acordo Aballah (2018) e de acordo com a tabela,


apenas a paroxetina e a sertralina – ambos inibidores da
recaptação da serotonina – são aprovados pela FDA
(Federal Drug Administration, é tipo a Anvisa aqui no
Brasil, porém é um orgão governamental desse tipo no
EUA) para o tratamento do TEPT (Tabela anterior).
No TEPT, a maior evidência de eficácia clínica é
principalmente ensaios que estudam a paroxetina,
sertralina (inibidores seletivos da inibição de
serotoina) e venlafaxina (inibição seletiva da
recaptação de serotonina)
@karolinecostads

O estresse crônico (como fator de predisposição e/ou desencadeador) importante


da maioria dos transtornos psiquiátricos. Além disso, biomarcadores "sugestivos"
de desconexão sináptica relacionada ao estresse (por exemplo, déficits de massa
cinzenta) foram relatados na maioria dos transtornos psiquiátricos graves. Além
disso, os antidepressivos, que se acredita exercerem seu benefício clínico por
meio da reversão da desconexão sináptica relacionada ao estresse,
demonstraram eficácia clínica em vários transtornos psiquiátricos
Também encontrou-se diferenças anatômicas entre jovens
maltratados com TEPT, Jovens maltratados sem TEPT e grupo
controle (não maltratados).
Segundo as análises de VBM, (protocolo de morfometria baseada em voxel),
um tipo de ressonância magnética e submissão a extensas avaliações para
critéirio de inclusão/exclusão de TEPT, segundo DSM--IV. Jovens maltratados
com Tept demonstraram diminuição dos volumes de vmPFC direto em
comparação com jovens maltratados sem TEPT e controles não maltratados.
Jovens maltratados sem TEPT demonstraram maiores volumes da amígdala
esquerda e do hipocampo direito em compração com jovens com TEPT e
jovens do grupo controle.
Conferir tabela 3 do o artigo Morey et al (2016)...
Estudos recentes mostram que o TEPT aumenta a probabilidade de
experimentar a demência á medida que envelhecem, na grande maioria
das vezes o Alzheimer. Os sintomas de TEPT podem exacerbar a
progressão de Alzheimer.

Esse estudo foi feito em modelo animal, eles induziram um estresse de


imobolização por 120 minutos, a qual os braços e as penas dos ratos são presos
por fita adesiva a uma prancha.
Após o experimento "principal" eles induziram uma espécie de lembrete, uma
imobilização mais leve de 15 minutos.
Desenho da indução do procedimento a qual
induziram o TEPT

O sangue dos animais foram "conferidos" a cada 15-


30 minutos durante o procedimento de indução. Os
niveis de Corticotrofinas aumentam drasticamente
no inicio do estresse e aumentam lentamente
durante a imobilização antes de cair após a liberação
do animal.

Testes comportamentais relacionada a ansiedade, testes


com adaptação do grupo controle e o TEPT no ambiente
que tinha claro-escuro. houve diferenças significativas
comportamentais entre os grupos, tanto da permanência
no local escuro e claro, como também da distância total
percorrida no centro do bloco.
O liquido cefalorraquidianos foi coletado após
testes comportamentais e endócrinos no
grupo TEPT e controle em animais jovens, e
perceberam um nivel de b-amilóide elevado
em comparação ao controle não estressado.

O b-amilóide no LCR (liquido cefalorraquidiano)


permaneceu nos camundongos idosos induzidos
pelo TEPT, meses após a exposição ao trauma.

Mutações causadoras de Alzheimer que estão presentes no animal


modelo APP/hAβ/PS1, causam a superprodução de espécies tóxicas de
Aβ-milóide
O PAPEL DA EPIGENÉTICA NA RESILIÊNCIA
PSICOLÓGICA.

Existem agora numerosos estudos que suportam a hipótese de que


ambientes adversos afetam o epigenoma e que diferenças
epigenéticas podem distinguir indivíduos suscetíveis e resiliêntes.
Algumas pessoas desenvolvem transtornos relacionado ao
estresse, como depressão ou TEPT. A compreensão do
desenvolvimento da resiliência é importante para a prevenção e
tratamento relacionado a problemas como esses

@karolinecostads
@karolinecostads

O genoma permance relativamente estável ao longo da


vida de uma pessoa, porém a expressão gênica é variável.
Essa variabilidade é parcialmente controlada por
mecanismos epigenéticos. O epigenoma é moldado em
resposta a vários fatores ambientais, incluindo a trauma
psicológico.
Uma ampla gama de diferenças epigenéticas foi
observada em indivíduos com boa saúde mental
em comparação com aqueles com transtornos
psiquiátricos. Essas divergências podem surgir
de várias maneiras, incluindo ambiente e
adversidades da vida.
Mais interessante é o potencial de transmissão de
informações epigenéticas para gerações posteriores que
não estão presentes no momento da exposição (ou seja,
herança transgeracional). Esses processos podem permitir
que a adaptação molecular ao ambiente seja passada de
pais para filhos e, mais importante, sugerir que o
ambiente parental pode afetar a saúde das gerações
subsequentes.

@karolinecostads
Modelo focado no desenvolvimento da
resiliência multidimensional

Esse resultado resiliente pode ser afetado pela


epigenética de três maneiras principais, que
ocorrem em diferentes estágios ao longo da vida
(3). Primeiro, as diferenças epigenéticas
associadas à resiliência podem ser determinadas
pela variação genética (4a) ou herdadas de
gerações anteriores (4b). Em segundo lugar, o
epigenoma pode ser modificado pelo ambiente,
particularmente durante a infância (5). Em
terceiro lugar, fatores de proteção específicos
durante a exposição à adversidade podem afetar
o quão modificado é o epigenoma (6). Os fatores
genéticos podem afetar diretamente a própria
resiliência (7a) e podem moderar os efeitos que o
ambiente e os fatores de proteção têm sobre o
epigenoma.

Fonte da imagem: Smeeth et al (2021) @karolinecostads


@karolinecostads

Acontece uma
espécie de extinção
da memória
aversiva no
processo
terapêutico.

Ou seja, a extição não é uma forma de


esquecimento, não no apagamento da memória,
mas na inibição de sua evocação, por isso pode
ocorrer a recuperação espontânea.
Um olhar mais micro no
comportamento de aprendizado de
fuga e esquiva @karolinecostads

Fonte imagem: Bear, neurociências,4° edição.


Nossas memórias estão em constante estado de
consolidação e reconsolidação, fortalecendo
sinapses através do LTP (potêncial de longa
duração) ou enfraquecendo através da LTD
(depressão de longa duração) O QUE ACONTECE DENTRO DO "NEURÔNIO" DA AMIGDALA E HIPOCAMPO

*percebe-se que a estimulação mais fraca


da atividade sináptica pode levar a uma
LTD, ou seja, uma extinção*.

@karolinecostads

Fonte imagem: Mayford et al (2012)


A terapia induz esses mecanismos de um novo
repertório comportamental e a extinção da memória
do medo no tratamento do TEPT através...

Evento
Tratamento Extinção
traumático

Estímulo Estímulo Permanecem


condicionado condicionado latentes e não são
+ + evocadas, a menos
estímulo ausência do que ocorra uma
incondicionado estímulo situação específica
incondicionado

@karolinecostads
Um demonstração simples do slide anterior é que a terapia
basicamente ensina o cérebro a parar de sentir medo ao corpo
amigdaloide. Exemplo: Experimentos de Ledoux que estimulava os
animais repetidamente com som – mas sem o choque elétrico.

Algum momento, as conexões sinápticas peculiares à associação


do medo (na amígdala e hipocampo) se tornariam "mais
discretos" e desapareceriam, e os camundongos não mais se
retrairiam em resposta ao sinal sonoro. Da mesma forma que
expor uma pessoa à causa de seu medo apenas algumas vezes
possa realmente aumentá-lo, o uso adequado da terapia de
exposição pode extinguir ou inibi-lo e criar um novo repertório.
O manejo clínico (transdiagnóstico e
melhor evidência disponivel).
Protocolo na TCC,
Teoria Cognitiva Terapia de exposição
Teoria do
Ehlers e Clark prolongada
processamento
emocional Técnica de
relaxamento

Dsm 5 TR
SINTOMAS INTRUSIVOS,
EVITAÇÃO PERSISTENTE, Exposição in vitro,
ALTERAÇÕES NEGATIVAS EM in vivo e in virtuo.
COGNIÇÕES E HUMOR E
REATIVIDADE
@karolinecostads

Modelo Teoria do Protocolos da


Cognitivo de processamento TCC e TE (terapia
Ehlers e Clarck emocional. de exposição)

fatores que levam a


manutenção do TEPT. Diferente da TCC e
comportamental, a TPE
(1) avaliações excessivamente DIZ QUE EXISTEM
do trauma. ALTERAÇÕES NO MODO
COMO AS MEMÓRIAS
(2) prejuízo na memória
autobiográfica (evento) forte SÃO REPRESENTADAS E
memória associativa INTERGRADAS EM MEIO
(mudança de comportamento AO SISTEMA DE
pela associação entre REPRESENTAÇÕES.
eventos).
@karolinecostads

Protocolo na Terapia Cognitiva


Comportamental e Terapia de Exposição:

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) para Transtorno de Estresse


Agudo geralmente é empregada 2 a 5 semanas após o trauma e
combina abordagens como exposição prolongada com reestruturação
cognitiva e ansiedade. Quem sofre do Transtorno de Estresse Agudo
fica mais suscetível ao Transtorno do Estresse Pós-traumático. (Freyth
et al (2010).
@karolinecostads

A primeira sessão foi focada na psicoeducação, treinamento em relaxamento muscular progressivo e


descrição do roteiro do trauma, explorando a sequência de eventos com as reações emocionais e cognitivas
do participante. Ao final da sessão, os pacientes receberam informações escritas sobre transtornos de
estresse e um CD com instruções para realizar relaxamento muscular progressivo para ser praticado em casa.

Eles também foram solicitados a pensar sobre o evento traumático, caso pudessem se lembrar de mais
detalhes na sessão seguinte. Durante a segunda sessão, o relaxamento muscular progressivo foi realizado
novamente, após o que os participantes receberam extensa exposição imaginária (in vitro) ao roteiro do
trauma. Além de serem solicitados a realizar o relaxamento, os pacientes não receberam instruções
explícitas de tarefas de casa, embora o papel de MANUTENÇÃO da evitação tenha sido apontado para eles.

Durante a sessão final, o paciente e o terapeuta foram ao local do incidente traumático para exposição in
vivo. (entra a jogada da exposição começar depois de um certo período)

Os participantes foram convidados "a reviver o evento traumático" novamente e tanto o terapeuta quanto a
vítima do trauma permaneceram lá até que o medo do paciente diminuísse. Em seguida, o paciente
permaneceu no local por conta própria e relatou ao terapeuta após a remissão do medo.
@karolinecostads

Modelo Cognitivo de Ehlers e Clarck


Observa-se que as memórias traumáticas em pacientes com
TEPT são mais facilmente lembradas do que as demais. Este
é um dos motivos pelos quais o TEPT é considerado uma
patologia de memória. Isto ocorre porque as associações
entre estímulos e respostas (E-R) estão vinculadas ao evento
traumático, de maneira que respostas emocionais são
automaticamente associadas a momentos dolorosos (Ehlers
& Clark, 2000).

Desta forma, observam-se as reações de raiva, ou


mesmo culpa, originárias de interpretações errôneas do evento
traumático.
@karolinecostads

Teoria do processamento emocional

Parte do pressuposto de que a experiência de emoções extremas,


produz um processamento incorreto da informação, resultando em
recordações incoerentes com a memória traumática. Assim, o
indivíduo com TEPT acaba associando estímulos inofensivos ao
significado de perigo intensamente experienciado, o que produz
uma percepção generalizada de ameaça. Esses estímulos são
armazenados em estruturas de medo patológico, conforme
denominação dada por Foa e Rothbaum (1998).
@karolinecostads

Exposição in vitro (imagens mentais)


Nas abordagens de exposição, empregam-se técnicas para ajudar o
paciente a confrontar sintomas de revivência e evitação, estimulando-o
ao enfrentamento do medo. A exposição in vitro é uma destas
estratégias e, embora seja inicialmente doloroso para o paciente,
estudos têm demonstrado que este tipo de tratamento se mostra eficaz
no que se refere à remissão de sintomas do TEPT (Taylor, 2006)
@karolinecostads

Neste tipo de terapia, também chamada de exposição imaginária, imagística ou por


imagens mentais, o paciente é instruído a fechar os olhos e tentar lembrar-se do
evento traumático como se ele estivesse ocorrendo “aqui e agora”. O paciente
precisa descrever ao terapeuta tão vividamente quanto possível aquilo que lhe
aconteceu. O terapeuta pode permitir uma descrição livre em um primeiro
momento e, depois, solicitar mais detalhes, como cheiros ou outras percepções
sensoriais.
Exposição in vivo @karolinecostads

O objetivo, assim como na exposição in vitro, é dessensibilizar o


sujeito para as situações ou estímulos que causam ansiedade (Foa,
Hembree, & Rothbaum, 2007). Nesse tipo de exposição, o sujeito é
confrontado direta e gradualmente às situações temidas
A pesquisadora e diretora do Programa de Recuperação de Trauma e
Ansiedade da Emory University, Barbara Rothbaum, começou
equipando veterenos do Vitnã que sofriam de TEPT com um capacete
de realidade virtual que simulava cenários parecidos com uma zona
de pouso ou o interior de um helicóptero durante o voo. Os resultados
produzidos pela exposição virtual são quase tão eficazes quanto seus
correspondentes no mundo real.

@karolinecostads
@karolinecostads
Efeito stroop

Quem sofre com a ansiedade costuma destinar sua


atenção para estímulos "ruins" de uma
determinada situação, ou seja, um viés atencional
antecipado para o lado negativo de uma
circunstância.

Uma das ferramentas utilizadas para avaliar a atenção seletiva de estímulos


ameaçadores em pessoas ansiosas é através do teste Stroop emocional, que consiste
na nomeação da COR de palavras em menor tempo possível, cujo significado tem
valor emocional negativo. Exemplo das palavras: MORTE, CANCÊR, ACIDENTE,
VERGONHA, VIOLÊNCIA, DOR e SANGUE.
@karolinecostads

Segundo estudos de Mark, Macleod e Le Doux, pessoas ansiosas demoram mais para nomear a cor das palavras com
valor emocional negativo em comparação a quem NÃO TEM ansiedade patológica.

Existe também a hipótese da “seleção” dos estímulos ameaçadores, dependendo do tipo de transtorno de ansiedade.

Por exemplo: Nos experimentos dos pesquisadores, pessoas que tinham transtorno de fobia social, demoravam para falar a
cor das palavras cujo significado negativo era dentro do contexto social. Já em sujeitos com transtorno de estresse pós-
traumático demoravam mais tempo para nomear a cor de palavras como; acidente, corte e sangue, que envolviam aquele
contexto do trauma.

Ou seja, a escolha das palavras ameaçadoras para compor essa tarefa era feita a partir das características do transtorno a
ser investigado. (atualmente existe padrão ouro de intervenção para cada tipo desse transtorno)

IMPORTANTE: Nas palavras cujo significado emocional tinha valor neutro (ex: lâmpada, lata, bola) as pessoas ansiosas
NÃO demoram mais tempo para nomear a cor das palavras, em comparação aos sujeitos NÃO ANSIOSOS.

Isto significa que, em vários momentos da vida, pessoas com ansiedade geralmente ignoram o
contexto ao todo e tendem a ter esse viés atencional para trechos negativos e problemáticos de uma
situação.

UM POUCO SOBRE ANSIEDADE: A ansiedade natural é benéfica, nos alerta sobre problemas reais do
cotidiano. (Por isso, não é saúdavels que todas as nossas memórias aversivas sejam apagadas, mas isso não
significa que elas não precisam de manejo, aliás muitas vezes podem trazer consequencias de prejuizo
como no TEPT) estado de alerta que nos move. Sob controle impulsiona a vida.

Já a ansiedade desadaptativa causa a sensação de impotência, perda de controle.


Estar sempre ansioso é estar constantemente inquieto, preocupado, acelerado, tenso. Independente do meio
externo.

Sugestão: Leia, pesquise sobre Mindfulness.


@karolinecostads .
Avaliação diagnóstica e de sintomas pós traumatico, depressivo, de
Avaliação inicial
ansiedade e dissociativos. Avaliação de eventos traumáticos

Contrato terapeutico, Psicoeducação para o TEPT e TCC. Avaliação do


impacto dos sintomas na vida do paciente. Instrução de relaxamento
Sessões iniciais por respiração diafragmática. 1
@karolinecostads

Tarefa de casa: treino e registro da respiração diafragmática.


Escrever paragrafo: como seria minha vida sem o TEPT?

Expectativa de metas. Modelo Cognitivo. Apresentação da folha de


registro de pensamentos distocidos. 2
Tarefa: registrar situações e emoções no RPD

Discussão das situações que surgiram no RPD. Principais distorções


cognitivas. Modelo Cognitivo Tept. Sintomas Intrusivos e reatividade:
3
o que são e como/quando ocorrem. Apresentação da tecnica de
relaxamento. Tarefa:identificar gatilhos para intrusões/reatividade

Discusão de pensamentos distorcidos. Sintomas de evitação: o que


são e como/quando ocorrem. Apresentação da técnica de
relaxamento. Tarefa: identificar gatilhos para sintomas de evitação; 4
registrar frequencia do relaxamento muscular; escrever relato
detalhado sobre a situação traumática central.
Sessões intermediárias
5
(exposição)

Leitura do relato da situação traumática. Psicoeducação sobre a


exposição in vitro ou in vivo. Lista de hierarquia de exposição in
@karolinecostads

vivo. Exposição in vitro. 6


Tarefa: ouvir diariamente a gravação da exposição in vitro;início
da exposição in vivo.

diferença entre in vitro e in vivo:


in vitro: imaginação 8
in vivo: exposição "mais real"

9/10
Sessões finais
Psicoeducação sobre padrões cognitivos distorcidos. Retomar distorções cognitivas e
(reestruturação
associar com as mais comuns no TEPT. 11
cognitiva e prevenção
TAREFA: RPD com pensamentos alternativos (RPDA)
de recaída).

Apresentação de ténicas cognitivas de correção de crenças distorcidas. Discussão a


respeito das crenças negativas sobre si e de autoresponsabilização. 12
@karolinecostads

tarefa: RPDA com enfoque nas crenças negativas sobre si e autoresponsabilização.

Prosseguir com correção de crenças distocidas, Discussão a respeito das crenças


negativas sobre o mundo. 13
tarefa: RPDA com enfoque nas crenças negativas sobre o mundo

Revisão da lista inicial dos sintomas de TEPT. Discussão sobre sintomas esbatidos e
sintomas residuais. Manejo dos sintomas residuais. Tarefa de casa: reavaliar por 14
escrito o impacto atual do trauma na própria vida.

Prevenção de recaída: "O que fazer caso meus sintomas retornem". Identificação de
15
redes de apoio. Elaboração de lista de objetivos de vida atuais e futuros.

Trabalho de prevenção de recaída: pensamentos e possíveis crenças associados ao


processo de alta. Marcação de sessões de reavaliação e reforço (se necesspario). 16
Avaliação e feedback do processo terapêutico. Encerramento.
@karolinecostads

Referências:
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