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Capítulo Dois
Ronan nunca tinha visto Trey parecer tão pálido, e isso dizia algo,
considerando o quão magro e pálido estava quando Ronan o encontrou.
Bem, não o encontrou. Fergus e Hugh o encontraram. Ronan ainda
estava com ciúmes disso. Desejou ter sido o único a resgatar seu
companheiro. Desejou ter sido o único a tirar Trey daquele buraco e trazê-lo
para casa.
Não, ele não foi, mas no segundo em que percebeu o que Trey era
para ele, tinha que trazer o homem para casa.
Podia ter mentido sobre a necessidade de trazê-lo de volta para a
mansão. Havia humanos que viviam entre outros humanos que sabiam sobre o
paranormal, vampiros, lobisomens, até mesmo os poucos bruxos que ainda
estavam por aí.
Ronan não era um homem honrado, aparentemente, porque queria
mantê-lo com ele, e quando Trey tinha chegado a ele durante a noite
precisando de conforto, tinha dado a ele sem se preocupar com o que poderia
acontecer.
Agora isso. Seu companheiro doente, desabando em seus braços pelo
choque, e uma criança a caminho.
Trouxe Trey de volta para seu quarto. Glendon seguiu, porque é claro
que faria. Ronan era mais velho, mas Glendon era o homem encarregado, o
alfa dos alfas nesta casa, e se alguém estivesse doente ou aparentasse
necessidade, era seu dever intervir.
— Ele precisa de um médico?
— Talvez, mas não agora. — Ronan olhou para Glendon. — Acho que
são apenas os sintomas.
Glendon assentiu.
— Isso deveria ter sido contado no instante em que você soubesse o
que ele era, e como não foi assim, no momento em que percebeu que o deixou
grávido.
Ronan assentiu. Olhou para o companheiro enquanto o colocava na
cama.
Os olhos de Trey estavam bem abertos, mas não parecia estar
ouvindo nada.
— Isto é minha culpa.
— É, — disse Glendon, embora não indelicadamente. — Deveria ter
contado mais cedo. Se eu soubesse que ele era seu companheiro desde o
começo, algo poderia ter sido feito.
— Como o quê? — Ronan rosnou, cerrando os punhos. Não gostou de
ter esse tipo de reação ao seu alfa. Embora Ronan tivesse mais anos, ainda
respeitava a capacidade de Glendon de liderar.
— O que poderia ter sido feito? Ele estava se recuperando depois de
meses de abuso daquela merda.
— Assim esteve Owen, e ele e Hugh conseguiram passar por isso.
Ronan mordeu o interior de sua bochecha.
Não gostou de pensar sobre isso. Até onde estava preocupado, Hugh
tinha se movido muito rápido, apesar do chamado de acasalamento que o
atraía.
A única razão pela qual Ronan não disse nada disso foi por causa de
seu respeito por Glendon como irmão mais velho de Hugh.
Isso, e a monumental foda que Ronan tinha causado, afastou
qualquer direito que tinha de criticar.
— O que está feito está feito, — disse Glendon. Olhou para Trey. —
Ele está carregando seu filho. Cuide dele, explique-lhe seu novo papel e o seu
e siga em frente. Você fodeu isso desde o começo, mas não precisa ficar assim
para sempre.
Ronan apertou os lábios e olhou para Trey. Os olhos escuros do
homem olhavam sem vida para a parede oposta.
Como se não conseguisse olhar para mais nada.
— E se ele não me quiser?
Glendon levantou uma sobrancelha para ele.
— Ele é seu companheiro, e sei que você não se forçou a ele. Claro
que vai querer você.
— Você sabe que um acasalamento nem sempre funciona dessa
maneira. — Ronan mal conseguia olhar para Glendon. Esperava mais do que
este ato covarde, e ainda aqui estava ele.
— Não é tão terrível assim. Ele quer você e, se ainda não o ama, logo
o fará.
— Aprecio seu conforto, mas ele é humano. Quero que me ame por
vontade própria. Não quero manipular suas emoções por causa do
acasalamento.
— Você está ficando filosófico, — disse Glendon. — Está pensando
que o acasalamento vai forçar suas ações e emoções, em vez de suas emoções
e ações que influenciam o acasalamento. — Glendon balançou a cabeça. —
Nunca soube que você fosse tão condenado e sombrio.
— Você sabe que nem todos os companheiros estão felizes com seus
parceiros. Por que fingir que estou sendo filosófico?
A expressão de Glendon ficou séria. Ronan percebeu que podia ter
cruzado a linha, mas não conseguia se importar quando estava sofrendo
assim.
Olhou de volta para seu companheiro.
— Não quero que ele se arrependa de mim e, além disso, não sou o
único em casa que pensa assim. Fergus não tomou Parker.
— Fergus mordeu Parker para protegê-lo e curá-lo, não para acasalar
com ele. Isso seria forçar um acasalamento. É diferente, e sua luta contra
qualquer sentimento persistente é sua própria cruz, não a sua e não a de Trey.
Ronan não tinha certeza. Também não tinha certeza se estava
levando seus pensamentos corretamente para Glendon. Pelo menos não agora.
Não quando o homem estava tão decidido a não entender o que
Ronan estava sofrendo aqui.
— Sim, bem, ao contrário de Fergus, eu não tinha o autocontrole
necessário para me conter.
E Parker esteve no quarto de Fergus todas as noites. Tinham que
estar perto. Fergus era o alfa que mordera Parker, que literalmente fez Fergus
o alfa de Parker. Seu superior. Parker era um tipo brincalhão de homem e um
pouco demais às vezes, mas precisava de Fergus. Precisava de contato físico
de seu alfa para não se transformar em um animal selvagem.
Fergus tinha uma força incrível para se impedir de abusar desse
poder do jeito que Ronan tinha.
Glendon suspirou.
— Você sabe o que? Estou cansado demais para isso. Trey está aqui
há tempo suficiente para ter certeza de que o choque acabará. Nate pode olhá-
lo, certificar de que ele e o filhote estejam saudáveis. Você quer pensar que
fodeu tudo? Bem. Não vou tentar pará-lo, mas tem centenas de anos da sua
vida sobrando. Não cague tudo sobre isso e na chance que você tem, porque
deixou sua culpa corroê-lo. Você é muito rabugento para arrastar um parceiro
inocente e uma criança para esse tipo de pensamento mórbido.
— Eu não sou mórbido.
— Certo, certo. Você é honrado. — Glendon fez aspas no ar com os
dedos quando disse isso. A clara falta de desrespeito pelo modo de vida de
Ronan era irritante o suficiente, mas a única razão pela qual não se abalou
com o homem foi porque, bem, fazia muito sentido.
Por alguma razão, isso irritou Ronan ainda mais.
— Vou esperar que ele volte, — disse Ronan. — Vou me explicar com
o melhor de minhas habilidades e, então, espero que me perdoe.
— Ele vai. Ele é seu companheiro.
Glendon deixou Ronan sozinho depois disso. Ronan observou-o partir,
desejando que pudesse ter esse tipo de confiança no processo.
Mas não fez.
A única razão pela qual Glendon permitiu que Ronan escapasse com
suas pequenas observações sobre o dano de um acasalamento forçado era
porque Ronan tinha sofrido um destino similar.
Os pais de Glendon desprezavam um ao outro. Tinha sido um
acasalamento forçado desde o início e, pelo entendimento de Ronan, tanto
Glendon quanto Hugh haviam sido concebidos à força.
Uma mordida não pode transformar um humano em um shifter. Isso
poderia forçar um acasalamento, e mesmo que sentimentos de luxúria, e até
de carinho, pudessem ser forçados, isso não significava que o amor tinha que
estar envolvido.
O pai de Glendon certamente não amava o homem. O mesmo
aconteceu com os pais de Ronan.
Ronan tinha um pai homem e mulher. Não dois machos como
Glendon e Hugh tinham.
O interessante, no entanto, para Ronan era sua mãe, que havia sido
a agressora.
Um poderoso alfa, ela não queria um macho mais forte do que ela,
então encontrou um humano, forçou uma mordida nele, e manteve o pobre
coitado como prisioneiro virtual.
Ronan nunca entendeu isso, ao crescer. Quando tinha idade suficiente
para entender, seu pai, que o amara profundamente apesar de tudo que tinha
sido forçado a suportar, já havia morrido por suicídio.
Tinha sido uma coisa forçada a ficar numa matilha de lobos e ser pai
de uma criança lobo, mas algo totalmente diferente para suportar o abuso pelo
resto da matilha que o fazia seu saco de pancadas.
Ronan simplesmente achava que esse era seu lugar como humano.
Ninguém havia lhe dito o contrário, e quando seu pai se matou, Ronan o odiou,
culpou-o por não simplesmente deixar o bando se estava infeliz, até que
entendeu.
Foi uma das razões pelas quais não havia homens sábios ou mulheres
na matilha de Glendon, por que estavam sozinhos. Todos os seus pais tinham
sido selvagens, até certo ponto, malvados uns com os outros, ou estavam
mortos.
Glendon construiu este bando na promessa de algo melhor. Ronan
estava desesperado para ser deixado entrar, para fazer parte de algo melhor,
para ajudar os humanos em necessidade que estavam sendo caçados por
vampiros, caçados por outros grupos, e ignorados por outros.
E então foi e fez isso.
Esfregou o rosto até que houvesse estrelas em seus olhos. Ronan
olhou para seu companheiro, o choque e a falta de reconhecimento nos olhos
de Trey ainda o envergonhando.
Pegou a mão de Trey, segurando-a. Estava fria.
Ronan suspirou.
— Juro para você, serei melhor. Não pretendia fazer isso para você,
mas vou te dar melhor.
Mesmo que o que Trey queria não envolvesse Ronan, daria a ele e
daria de bom grado.
Ronan beijou a mão de Trey e esperou que respondesse, planejando
cada pequena coisa que diria ao fazê-lo.
1 - Os americanos têm costume de colocar queijo fatiado ou ralado derretido nos cachorros quentes.
educados de qualquer maneira. Agora que Trey também estava grávido, Jake
tinha alguém além de seu irmão para conversar sobre esse tipo de coisa.
Parker não estava grávido, embora ele e Jake estivessem quase
sempre juntos. Disseram que eram irmãos, embora não parecessem parecidos.
Trey pensou que poderia haver algum tipo de adoção, mas não queria
ser rude e perguntar.
— Parece que você está se afastando de novo, — disse Parker,
sorrindo gentilmente para ele.
Trey sabia que não quis dizer nada com isso. Só tinha muita coisa em
mente.
— Desculpa. Eu não sei qual é o meu problema. — Trey tentou rir de
si mesmo um pouco, mas é claro que saiu super forçado.
Pela aparência dos rostos de Jake e Parker, sabiam que ele estava
cheio de merda.
Jake tentou encobrir seu comportamento desajeitado, no entanto. Era
um bom amigo assim.
— Ei, sei que tudo isso é muito novo para você, e é para nós
também, então estava pensando que talvez você pudesse vir comigo e
Glendon para a cidade? Nós vamos fazer corridas para Costco e BabiesRUs,
lugares como esses.
— Você vai? — Trey acidentalmente olhou para o estômago de Jake.
Era tarde demais para desviar o olhar. O dano tinha sido feito, e foi óbvio que
estava olhando.
Jake acenou.
— Não se preocupe com isso. Tudo o que tenho que fazer é usar
roupas folgadas.
— E se alguém pensar que está escondendo algo sob elas? Pode ser
puxado para o lado pela segurança e revistado.
— Então vou dizer que tenho um tutor no meu estômago e ameaçar
processá-los por abuso ou algo assim. Vai ficar tudo bem. Glendon e eu já
passamos por nossos planos caso algo aconteça.
— Vou com ele. Compras soa divertido.
— Você vai fazer compras para o bebê?
Parker riu.
— Não, bem, talvez algumas pequenas coisas para minha futura
sobrinha ou sobrinho, mas vou para a grande seção de crianças para conferir
os videogames. Finalmente consegui permissão para jogar novamente. Não
consigo fazer várias transmissões de uma hora e preciso desligar a câmera
quando me dizem. Nenhuma pergunta feita. Caso contrário, Fergus disse que
vai esmagar o meu PlayStation em quatro partes separadas.
Parker resmungou essa última parte. Não parecia nem um pouco
satisfeito com isso, e Trey não podia culpá-lo.
Sabia que o corpo de Parker estava mudando. Era oficialmente um
lobisomem ômega, mas ainda não tinha tido sua primeira transformação. Não
parecia gostar muito de Fergus. Os dois estavam constantemente brigando,
mas precisavam estar próximos em prol do animal selvagem se formando na
mente de Parker.
— É seguro?
Considerando todas as coisas que todos haviam jogado em seus
pratos, parecia importante pelo menos fazer essa pergunta.
— Sim, vai ser seguro. Não vamos sair por muito tempo — prometeu
Jake. — Só vamos pegar mais algumas coisas da nossa lista, talvez comprar
comida e depois voltar para casa. Está nesta casa desde o resgate. Deveria
sair com a gente.
Trey não sentiu como lembrar Jake que, desde que ele foi resgatado,
os vampiros tinham tentado atacar a casa. Eles não conseguiram chegar na
casa, mas chegaram longe o suficiente.
Aqui era o único lugar onde se sentia seguro.
— Nós não vamos ficar fora depois do pôr do sol, certo?
Jake sacudiu a cabeça.
— Não. Glendon é muito paranoico comigo com isso.
Isso estava bem para Trey, então por que estava hesitando? Estava
sendo oferecido algo. Amizade, a chance de se relacionar e se sentir normal.
Suspirou. Sabia o que estava faltando. Não havia sentido fingir o
contrário.
— Posso pedir a Ronan para se juntar a nós?
O sorriso de Jake poderia ter iluminado uma caverna escura.
— Claro! Vocês estão juntos e acho que a Glendon ficará feliz em ter
companhia.
E auxilio no caso de algo dar errado, mas Trey não disse isso
também.
— Ótimo. Vou perguntar se ele quer vir. Obrigado pelo convite.
Deus, ele poderia se comportar mais como um robô? Isso foi
estranho o suficiente sem a sua capacidade constante de agir de forma
estranha.
Também poderia ser uma superpotência, só que era apenas sua
maldição e não seu dom.
— Eu vou voltar, — Trey guinchou, virando-se e saindo da sala de
estar.
Pelo menos saiu sem comer cachorro-quente de queijo, por enquanto.
Não achava que poderia aguentar o cheiro de comida assim.
Exceto que agora, se deparou com outro tipo de problema, um que
não sabia como diabos iria enfrentar.
Tinha que falar com Ronan. Trey não conversava com Ronan desde
que acordou em seu quarto, Ronan ao lado dele, e tiveram uma longa e
estranha conversa sobre o futuro.
Considerando a maneira como Ronan olhava para ele, a maneira
como andava sobre as cascas de ovo ao seu redor, era claramente um futuro
que Ronan claramente não queria.
Certo. Isso não ia doer.
Capítulo 3
Ele disse sim. Trey quase não conseguia acreditar. Ronan, que era um
cara tão grande e durão, que não se parecia com o tipo de homem que iria a
qualquer lugar perto da seção de bebês de qualquer loja por temer que isso
pudesse bagunçar sua masculinidade, tinha dito sim.
Ficaram um ao lado do outro, olhando pequenas roupas de bebê com
minúsculos sapatos de bebê, pequenas banheiras que iam para a pia,
brinquedos, berços, livros, comida de bebês e coisas que nunca teria
imaginado que um bebê precisasse.
Não escolheu nada. Nem Ronan. Jake estava ficando meio louco
enchendo seu carrinho de compras. Glendon parecia feliz em permitir ao seu
companheiro aquele luxo, e Parker ainda estava parado na seção de
videogame do outro lado da loja onde os brinquedos estavam.
Ronan limpou a garganta, estendeu a mão e puxou o que parecia ser
uma fantasia de Halloween da arara.
Sorriu e segurou para Trey.
— O que você acha disso?
Trey olhou para ele, e então segurou. Era suave. Percebeu que era
para dormir, mas tinha um capuz com pontas verdes e macias nas costas.
— Acho que é para fazer parecer um dinossauro. Seria... fofo.
Trey assentiu. Seria, mas não seria Halloween quando a criança
nascesse, e se tivessem uma menina? Isso parecia mais para os meninos.
Havia uma rosa ao lado, mas Trey estendeu a mão para a roupa
amarela com espinhos verdes. Um pouco mais neutro.
— Nós poderíamos levar este.
Ronan sorriu para ele.
— Nós absolutamente poderíamos.
O carrinho de compras que ele segurava ainda estava vazio, mas Trey
não colocou a pequena roupa nele.
Queria manter isso. Era um lembrete de que isso era real. Isso ia
acontecer. Ele e Ronan seriam pais.
— Devemos obter alguma comida para bebês? Talvez fraldas?
— Nós poderíamos, — disse Ronan. — Nós não vamos precisar deles
por algum tempo, mas... não, vamos pegá-los agora, apenas no caso.
Trey não sabia o que seria a menção - no caso - mas agora que
Ronan tinha a cabeça decidida, foi pegar um carrinho de compras real em vez
de uma cesta.
Então passou a colocar caixas de fraldas suficientes no carrinho que
não estava deixando muito para qualquer um dos outros pais.
— Você está comprando também para quando o bebê não precisar
mais de fraldas?
Ronan deu de ombros.
— É sempre melhor estar preparado.
Trey sorriu para ele quando puxou outra caixa de fraldas e depois foi
para a comida de bebês.
— Você era um escoteiro, certo?
— Não, — respondeu Ronan. — Os escoteiros não haviam sido
formados quando eu ainda era criança.
Trey limpou a garganta.
— Certo, certo. Esqueci. Você é... muito velho.
Mais de duzentos anos de idade.
O sorriso de Ronan era de um homem de vinte e tantos anos, o
mundo na ponta dos dedos.
— Ainda sou jovem de coração.
A mente de Trey ficou aliviada um pouco pelas palavras de Ronan,
mas ainda se sentia estranho falando sobre tudo isso em público.
— Tem certeza de que ninguém mais pode nos ouvir quando falamos
assim? — Havia pessoas por toda a loja, e Trey podia ouvir que Jake e Glendon
estavam conversando abertamente sobre o futuro filho deles.
— É preciso muito da mente de um humano permita que eles
acreditem nas coisas que veem ou ouvem, — disse Ronan. — Não sei porque
Jake insiste em esconder sua barriga. Ninguém olharia para ele e pensaria que
estava gravido.
Jake parecia pensar assim.
— Ele tem uma mentira inventada no caso de alguém perceber sua
barriga e perguntar.
— Eles não perguntariam. Só vão pensar que ele é gordo.
— O quê? — Trey soltou uma risada. — Isso não é muito bom.
Ronan deu de ombros.
— Isso é o que eles vão ver. Devemos pegar a comida para bebê
orgânica, correto? Vocês humanos estão sempre comendo orgânicos.
Não todos, mas Trey gostava de como Ronan estava protegendo uma
criança que nem tinham ainda.
Ou talvez faziam. Eles já eram pais? Mesmo que a barriga de Ronan
fosse plana e não pudesse sentir nada dentro dele, era o fato de que estava lá
o suficiente para fazer ele e Ronan pais?
— Orgânico é bom, mas o bebê não precisará de comida para o resto
de sua vida, — disse Trey, pegando algumas das latas de comida e colocando-
as de volta.
Trey foi atraído para a máquina de purê. Prometia dar aos pais a
opção de fazer sua própria comida de bebê macia, sem deixar nada para ficar
presa em gargantas minúsculas. Isso vinha com um livro de receitas e um
aplicativo para download para rastrear a nutrição de um bebê e recomendar a
alimentação.
Isso parecia bem incrível, na verdade.
Trey verificou o preço.
Duzentos dólares? Jesus Cristo. Essa coisa também cantava para
bebês dormirem?
Desiludido com isso, Trey decidiu apenas colocá-lo de volta e seguir
em frente.
Ronan não.
— O que é isso?
— Oh, é, bem...
— Devemos levá-lo, — disse Ronan depois de ler rapidamente o
rótulo. Adicionou ao carrinho com um sorriso.
— Eu não sei. É muito caro.
Trey estava muito ciente de como ele não poderia pagar seu quinhão
de nada disso. Sua conta antes de ser tomada por aqueles vampiros já estava
quase vazia.
— Isto é para o nosso filho, — disse Ronan, olhando para Trey de
uma forma que fez seu coração palpitar. — Sou perfeitamente capaz de dar
isso a você e ao nosso filho.
— Você sabe que vamos ter um filho?
— Ou filha, mas acho que teremos um filho.
Ele parecia ansioso por isso. Talvez tenha sido apenas uma daquelas
coisas. Ronan pode preferir um filho porque então não teria que se preocupar
tanto com uma garotinha sendo perseguida por todos os garotos quando
chegasse à idade de namoro.
Como se Ronan tivesse esquecido que ele tinha relações, um homem
e um menino loucos era uma possibilidade mesmo com um filho.
— Quero pagar por um pouco disso.
— Absurdo. Farei isso por nós. Sou capaz de prover a criança.
— Eu sei. Você mora em uma casa enorme, não posso discordar
disso, mas quero contribuir. Não quero ser um fardo para você.
Ronan inclinou a cabeça para o lado um pouco.
— Por que acha que seria um fardo para mim?
— Porque... — Trey não sabia se poderia dizer isso. Isso era muito
pior do que pedir a Ronan para ir à loja com ele. — Você sabe, porque sei que
isso surgiu em você. Não quero que se ressinta por cuidar de mim quando já
fez muito.
As sobrancelhas prateadas de Ronan se uniram.
— Acho que algumas coisas não ficaram claras entre nós. Eu nunca
me ressentiria de você.
Agora foi a vez de Trey piscar de uma maneira confusa.
— Você não iria? Por que não?
Não fazia sentido. Ele era a razão pela qual Ronan ficou preso. Era o
único que engravidou e agora tinham que ficar juntos. Estar juntos quando
Ronan claramente não queria estar, quando era estranho entre os dois.
E agora Ronan não parava de olhar para ele. Ótimo.
— Fique aqui. Eu voltarei.
— Uh, tudo bem.
Não como se ele tivesse muita escolha. Para onde Trey iria de
qualquer maneira?
Ronan se afastou com um propósito, os punhos cerrados. Voltou em
breve, uma expressão em seu rosto que Trey não podia nomear.
— Acabei de dar dinheiro suficiente à Glendon para pagar nossas
compras. Vamos. Chamei um Uber para nós. Estará aqui em dois minutos.
— Espere um minuto, o que? Onde estamos indo?
Algo estava errado com isso. Algo estava muito errado com isso.
Seguiu atrás de Ronan. O homem já estava andando em direção à
frente da loja. Nem olhou para trás para se certificar de que Trey estava
seguindo-o.
Tudo parecia errado. A aura que Ronan estava deixando parecia tão
fria e distante, e Trey ficou com a horrível ideia de que talvez ele tivesse ido
longe demais. Talvez Ronan estivesse cansado de agir bem, e deixaria Trey em
algum lugar e para trás.
Trey veio para ficar ao lado de Ronan enquanto esperava por sua
carona. Mal se permitiu olhar para o homem. Ele se perguntou o que deveria
dizer, mas então o carro apareceu. Ronan abriu a porta para Trey entrou.
— Para onde?
Ronan não deu um endereço. Deu o nome de um hotel.
O coração de Trey afundou. Ronan realmente estava desistindo dele.
Estava cortando-o e ia se afastar dele.
Não ia reagir a isso. Trey ia deixar isso acontecer e deixar Ronan
fazer o que precisava fazer.
Maldição, seus olhos queimavam. Trey focou na respiração clara e
regulada, mantendo-se sob controle e impedindo que sua garganta se
fechasse. Tinha certeza que Ronan não queria que o envergonhasse na frente
do motorista.
Tinha que admitir que estava chocado com a aparência do próprio
hotel. Trey esperava algo como um Best Western, e esses lugares eram bons, o
melhor que poderia ter, mas este lugar parecia... não um palácio, mas a versão
moderna e luxuosa dele.
Alguém estava na porta para abrir para eles, desejando-lhes uma boa
tarde e tudo mais.
Sabia que Ronan era um cara rico, mas realmente o deixaria sozinho
em um lugar como este? Poderia realmente permitir que Trey ficasse aqui
como um amante caro?
Ronan foi até a recepção. Mais rostos sorridentes.
Ronan pediu um quarto, e Trey prestou atenção na maneira como a
equipe falava com ele.
— Sim, senhor, e, claro, - senhor, imediatamente senhor.
Eles conheciam Ronan como um cliente regular ou eram treinados
para falar com todos os clientes como se fossem da realeza.
— Só por uma noite.
Isso chamou a atenção de Trey.
Uma noite? O que estava acontecendo?
Embora não tivessem malas para despachar, alguém ainda os
escoltara até o elevador, certificando-se de que, no tom mais educado de que
tinham uma piscina, ginásio, spa, champanhe e chefs particulares, se
necessário.
— O champanhe seria perfeito. O mais cedo possível. Nós vamos
pedir o jantar mais tarde.
— Claro senhor.
Essas pessoas de alguma forma sabiam que Ronan era um shifter?
Estavam com medo de que Ronan os rasgasse em pedaços se não o tratassem
bem o suficiente?
Não. Isso era idiotice. Trey estava apenas esquecendo quanto o
dinheiro poderia falar. Isso era tudo.
Na verdade, Trey não percebeu imediatamente que o elevador que
usavam exigia um cartão-chave especial para acessar. Não muitas pessoas
surgiram desta forma, aparentemente.
O quarto deles tinha duas entradas. Trey não sabia o que era isso.
Talvez a primeira entrada fosse para guardar os sapatos ou para minimizar o
som de alguém que aspirasse o corredor. Não que Trey esperasse muito disso.
O quarto deles parecia ser o único daquele andar.
Ronan entrou como se tivesse estado aqui antes.
— Sua jacuzzi privada está na varanda. Pedimos desculpas pela falta
de bandejas de frutas para recebê-lo.
— Está tudo bem. Entendo que cheguei sem uma reserva, — disse
Ronan.
O carregador assentiu.
— Vou ter o seu champanhe e bebidas trazidas imediatamente.
— Se nós não atendermos a porta, deixe-os no chão e vou buscá-los
mais tarde.
Trey ficou tenso. Olhou para o carregador, que parecia estar fingindo
que Ronan não tinha acabado de dizer que eles estariam ocupados fodendo.
— Claro senhor. Tenha uma boa noite.
— O mesmo para você. — Ronan apertou a mão do homem ao sair, e
até mesmo Trey poderia dizer que ele colocou algo naquela palma enluvada de
branco. Provavelmente uma gorjeta. O carregador saiu, e Trey teve a sensação
de que não estava sendo abandonado aqui.
Então Ronan olhou para ele, uma expressão severa no rosto que deu
arrepios ao longo da pele de Trey, fazendo o cabelo na parte de trás do seu
pescoço ficar de pé.
— Agora, você e eu vamos chegar a um pouco de compreensão aqui.
Capítulo 4
Capítulo 5
Ronan tirou Trey de suas roupas rapidamente. Ronan lutou para não
rasga-las.
Mesmo que estivesse em um lugar bastante confortável, não queria
correr o risco de envergonhar Trey, por ter que pedir roupas novas trazidas
para o seu quarto.
Trey já parecia incerto sobre o carregador saber que eles iriam foder
aqui, embora Ronan estivesse certo de que estava ajudando seu companheiro
a esquecer suas preocupações enquanto beijava e lambia o estômago magro
de Trey.
O homem não era mais tão magro, e até mesmo engordou um pouco
desde a primeira vez que passaram a noite juntos.
Ronan beijou o umbigo. Esfregou a língua sobre ele, deliciando-se no
jeito que Trey estremecia.
Beijou o estômago de Trey em seguida, maravilhado com a forma
como seu companheiro já estava carregando seu filho, como sua barriga iria
crescer, e como muito em breve ambos estariam segurando seu filho juntos.
Não podia esperar.
— Mais, — Trey disse. — Mais.
Claramente não estava pensando nas mesmas coisas que Ronan. Não
o culpava por sua cabeça estar em outro lugar, não quando o pau de Trey
latejava contra sua barriga.
Ronan fez o mesmo.
Agarrou o pênis de Trey, acariciando-o apenas com pressão suficiente
para provocar.
— Você gosta disso?
— Eu... eu gostaria de você dentro de mim... muito mais.
Ronan sorriu. Sabia que estava mostrando os dentes para seu
companheiro, mas tudo estava bem. Ronan sabia o quanto alguns
companheiros ômega gostavam quando envolviam os dentes.
Isso tornava as coisas divertidas.
— Tenho uma ideia melhor.
Ronan agarrou-o pelos quadris e virou-o. Trey ofegou bruscamente,
mas então estava de barriga para baixo na cama. Olhou para trás justo quando
Ronan o puxou pelas pernas para baixo do lado da cama até que Ronan estava
de joelhos no chão e Trey estava no limite.
Pegou mais da loção que pegou do banheiro, cobrindo os dedos antes
de se inclinar e pressionar a boca e a língua na bunda de Trey.
Trey estremeceu. Ronan desejou que pudesse ter visto os olhos do
homem quando fez isso, mas já podia imaginar como Trey parecia.
Olhos arregalados e assustados.
— O que... o que você está fazendo?
Assim como Ronan suspeitava. Sabia que Trey era inocente, mas não
tinha percebido o quão inocente.
— Vou colocar minha língua no seu ânus.
— O que? Não, não faça isso. Isso é nojento. Você não precisa,
oooooh!
Ronan sorriu, mantendo a língua para fora, ainda lambendo o
apertado anel de músculo.
Ele ia colocar a língua lá dentro e depois colocaria seu pênis ali.
Tudo tinha sido tão apressado entre eles a última vez que não houve
chance de realmente fazer algo divertido.
Para isso que servia o hotel. Eles tinham sua chance agora, e Ronan
ia aceitar.
Puxou a língua para trás apenas o tempo suficiente para conseguir as
palavras que queria.
— Vou fodê-lo com a língua até me implorar para fazê-lo gozar. —
Pressionou brevemente a boca para o ânus de Trey novamente. — Mas não vou
te foder. Vou continuar te provocando. Vou me certificar de que não goze.
Trey assentiu.
— Eu sou... sou seu.
Agora foi a vez de Ronan para seu coração parar. Ele estava
mantendo os ouvidos abertos sempre que o ritmo cardíaco da Trey aumentava,
mas agora o seu próprio coração estava fazendo exatamente a mesma coisa.
Conseguiu o controle de si mesmo rapidamente.
— Está certo. Você é meu.
Com um grunhido, Ronan voltou a boca e a língua para o que estava
fazendo. Trey gemeu alto. Começou a arquear seus quadris e o traseiro contra
a língua de Ronan. Como se estivesse tentando puxar a língua de Ronan para
dentro dele.
Ronan queria. Deus, ele queria tanto isso, mas não ia tão profundo
quanto podia. Sacudiu a língua para dentro, sabendo que isso deixaria Trey
selvagem, embora sua mandíbula também doesse devido ao esforço que fazia.
— Oh Deus, eu... eu amo isso! Adoro quando faz isso.
O coração estúpido de Ronan fez outro daqueles sons pesados em
seus ouvidos.
Tão perto. Eles estavam tão perto de tirar essa revelação do caminho.
Não importava. Ronan sabia como ser paciente. Ouviria essas
palavras nos lábios de Trey em breve.
Até então, enquanto Trey estava gostando do que Ronan fazia para
ele, não via nenhum ponto em não dar ao seu companheiro o que precisava
desesperadamente.
Podia até ouvir Trey escorregar de novo e professar seu amor de
verdade dessa vez.
Ronan continuou a lamber e beijar em torno do vinco de Trey.
Lambeu e beijou dentro dele sempre que Ronan podia, amando o homem com
sua língua, mostrando a Trey como ele era amado sem dizer essas palavras
também.
Esperava que, em algum nível pequeno, Trey ainda entendesse o
ponto. Entenderia que tudo isso ainda tinha sido feito por ele e que os
sentimentos de Ronan nunca iam a lugar nenhum.
Deus, Ronan se abaixou e acariciou seu pênis, aliviando um pouco da
pressão. Era quase demais para lidar.
Gemeu, esfregando a mão enquanto pressionava a língua no ânus de
Trey.
Não duraria se continuasse fazendo isso. Ronan não conseguia mais
manter o controle. Estava desesperado. Precisava estar dentro de seu
companheira.
Sacudindo a língua mais uma vez, e aproveitando o gemido e arrepio
que sacudiu o corpo de Trey, Ronan retirou sua língua.
Trey não pareceu gostar muito disso.
— Não, não, — ele gemeu. — O que você está fazendo?
— Você quer minha língua, ou quer meu pau?
Trey engoliu em seco.
— Seu pau. Quero... quero seu pau dentro de mim. Agora mesmo.
Pare de me provocar.
Como poderia resistir a isso?
Levantou-se com grande esforço. Por mais que quisesse ficar no chão
e foder Trey naquela posição adorável em que tinha sido colocado, estava
excitado demais para fazer esse trabalho.
Voltou para a cama.
— Fique de barriga para baixo, — ele ordenou. — Empurre-se um
pouco para a frente.
Trey fez isso também. Ronan lutou para não gemer com a visão que
seu companheiro fazia.
Acariciou uma das bochechas da bunda de Trey. Sua mão deixando
para trás um ponto brilhante por causa da loção.
— Estou tão feliz que foi você quem veio até mim, — disse ele. —
Adoro ver sua pele se tornar um tom escuro de rosa quando falo assim com
você. Sabe como está agora? Você é lindo.
Trey gemeu um pouco.
— Sei que você não acredita em mim agora, mas um dia vai. Posso te
prometer isso. Vai acreditar.
Ronan levou seu pênis pela base. Pressionou entre as bochechas de
Trey e, em seguida, sondou entre elas até que a cabeça de seu pau tocou o
ânus de Trey.
Trey assobiou. Apertou o rosto em seus braços cruzados.
Ronan acariciou seu pênis contra aquele ânus de novo e de novo.
Poderia fazer isso o dia todo, mas não agora.
Um dia Ronan ia levar seu companheiro em uma pequena aventura
onde trabalhariam para ver quanto tempo cada um deles poderia durar. Seria o
melhor momento da vida de Trey se Ronan tivesse algo a dizer sobre isso.
Ele avançou. Trey não disse nada quando foi violado tão docemente,
tão devagar, mas fechou os olhos e reprimiu o gemido nos lençóis debaixo
dele.
— Está começando a me fazer pensar que está me desafiando.
Trey balançou a cabeça, embora ainda não dissesse nada.
Não importava. Por enquanto, mergulhou para frente.
O corpo de Trey levou-o todo o caminho. Ronan gemeu quando foi
engolido.
Deus, ele esqueceu. Ronan fechou os olhos com força, precisando de
um minuto para processar esse prazer, mas mal conseguindo se conter antes
de empurrar para frente com vontade e desejo duro e rápido.
Ele gemeu. A cama king-size entre eles realmente tremeu e tremeu
sob a pressão de Ronan.
Trey gemeu e gritou. Segurou os lençóis como se estivesse
desesperado por algo para se segurar.
— Meu. Você é meu, — Ronan rosnou, mudando de ângulo, querendo
dar a Trey mais desse prazer, querendo que o homem gritasse até que sua voz
estivesse rouca e não pudesse dizer mais nada.
Trey parecia estar dizendo alguma coisa, mas Ronan não conseguia
distinguir as palavras. Estavam muito confusas. Muito bagunçadas.
Parcialmente gritadas, em parte gemidas.
Ronan fez algo que não deveria ter feito. Pelo menos não agora, e ele
reconheceu o que era agora que estava tentando contê-lo.
Seu lobo saiu para brincar. Ronan passou tanto tempo evitando seu
companheiro, dando-lhe espaço, ou pensando em todas as maneiras que
poderia atrair o homem, e não só Ronan tinha esquecido de cuidar de seu
companheiro, tinha esquecido de cuidar de seu lobo interior.
Não era de admirar que estava sendo tão duro com Trey, mas não
conseguia parar!
Merda! Não conseguia parar!
Ele tinha que sair. Deus, era tão bom, mas era mais do que provável
que estava machucando o homem que amava. Eram aqueles gemidos de dor
ou prazer? Ronan não podia ter certeza porque nenhum dos sons que ouvia
fazia sentido para ele.
Como se seu cérebro estivesse trabalhando em uma frequência
diferente. Então o corpo de Trey o agarrou com força enquanto o homem
gritava de tal maneira que isso só podia significar uma coisa, e o cheiro
inebriante almíscar de Trey foi direto para seu cérebro e o enviou para outra
espiral.
Quando terminou, e apenas quando terminou, Ronan foi capaz de
trazer algum senso de controle de volta ao seu corpo.
Mas apenas algum.
Ronan mal conseguiu sair de seu companheiro antes de desmaiar.
Respirou pesadamente, olhando para o teto antes de olhar para Trey.
Queria perguntar se Trey estava bem, se tinha sido ferido, mas Trey o
parou com um beijo antes que pudesse perguntar.
Um tipo de beijo molhado e pesado, como se o homem estivesse
dizendo obrigado por um trabalho bem feito.
— Eu quero fazer isso de novo.
Ronan ficou surpreso com isso. Franziu a testa, embora também
tenha rido.
— Você quer?
Trey balançou a cabeça ansiosamente como se tivesse tido um gosto
de algo que nunca poderia esquecer.
— Isso foi incrível. Sinto que posso fazer isso de novo já. Você tem
que fazer isso comigo de novo.
Santa merda Ronan sacudiu a cabeça.
— Deveria saber que isso aconteceria.
O sorriso de Trey desapareceu.
— Saber que aconteceria?
— Nada. — Ronan rolou de volta em cima de seu companheiro,
embora tivesse empurrado Trey de costas antes de fazê-lo.
Montou a cintura de Trey, olhando para ele, satisfeito com
absolutamente tudo o que viu.
— Claro que você gostou quando meu lobo saiu. Por que acreditaria
em algo diferente?
Trey piscou para ele.
— Seu lobo saiu?
Ronan assentiu, sorrindo e mostrando o branco de seus dentes
novamente.
— Apenas o suficiente para fazer você se divertir, aparentemente.
— É por isso que estou... meu pau ainda está duro. É por isso? Quer
dizer, acho que preciso de pelo menos dez ou quinze minutos antes de ir de
novo.
— É algo assim, mas sempre posso explicar mais tarde, quando
terminar de foder você até não poder soletrar seu primeiro e último nome.
Trey aparentemente não precisava de tempo para pensar sobre isso.
— Isso soa perfeito, mas aquela coisa que você fez antes, com sua
língua?
Ronan deixou as pontas dos dedos ao longo do peito e do estômago
de Trey, no pequeno rastro de pelos que levavam ao seu pênis.
— E isso?
— Posso fazer isso com você?
Isso definitivamente não era o que Ronan estava esperando.
Capítulo 6
Foi a noite mais bonita da vida de Trey. Não podia acreditar que teve
tanta sorte.
Depois daquela primeira vez, quando Trey tinha preocupado seu
companheiro sobre as coisas que de repente queria fazer com eles, o jantar
chegou.
Mais álcool para Ronan, e um prato de vários queijos, carnes,
bolachas e até mesmo um prato de frutas.
Dez minutos depois, alguém chegou à sua porta com um carrinho
sobre rodas que cheirava muito bem.
Massa. Muito disso, e Trey foi capaz de conseguir camarão e frango
com queijo. Estava com um humor tão feliz que não percebeu o cheiro, ou o
sabor, de toda a comida que não o fez querer ficar doente.
Talvez tivesse algo a ver com a luz das velas ou o fato de que Ronan
ainda estava lhe dando aquele olhar. O que disse que queria fazer muito mais
esta noite do que simplesmente comer.
Trey também queria isso. Ronan poderia fazer o que quisesse com
ele, e achava que ainda estaria feliz com isso.
Ronan tinha dito que planejava fazer amor com Trey em todos os
lugares, e parecia que estava falando sério. Puxou Trey para a banheira de
hidromassagem. Nunca tinha feito sexo em uma banheira de água quente
antes. Podia entender o apelo.
Água quente borbulhando, o calor do corpo de Ronan embaixo dele
enquanto o homem vagarosamente empurrava seu pênis profundamente,
esticando-o lindamente e fazendo-o gritar, fez Trey pensar que iria derreter
com o calor correndo em suas veias. Estava quase quente demais.
E ainda queria mais. Gostou disso, mas seu corpo não estava
acabado. Era como se algum interruptor interno tivesse sido invertido e agora
queria que Ronan o levasse de todas as formas possíveis.
Ficou na banheira quente com seu amante por apenas alguns minutos
depois que terminaram até que Trey precisar beijar Ronan na boca, puxando-o
para fora da banheira quente e de volta para dentro.
— Você está ansioso.
Trey assentiu.
— Você disse que me queria no bar, certo?
Aqueles olhos prateados dançaram para Trey mais uma vez.
Ronan agarrou Trey pelos quadris e o empurrou para o bar.
— Eu me lembro de algo assim.
Trey se permitiu ser beijado. Inclinou, apreciando a sensação da mão
de Ronan atrás de seu pescoço, puxando-o para perto, mantendo suas bocas
conectadas.
Nunca se sentiu mais querido, amado ou atraente do que o fazia
naquele momento.
Ronan riu.
— Não tenho certeza de como vou fazer isso, mas vamos fazer
funcionar.
Parecia determinado sobre isso, e quando Ronan parecia descobrir
como fazer, Trey não poderia ter estado mais feliz.
Teve que levantar um pouco seus quadris, e não estava mais em cima
do bar, já que estava usando-o para manter o equilíbrio enquanto Ronan o
puxava para baixo e sobre seu pênis.
O corpo de Trey aceitou o homem facilmente agora. Todo o sexo que
tiveram até agora funcionou para que seu corpo soubesse e levasse Ronan com
mais facilidade do que na primeira vez.
Trey suspirou, deixando a cabeça cair para trás enquanto montava.
— Quero muito você, — Ronan gemeu, fodendo Trey mesmo quando
empurrou os quadris de Trey para cima e para baixo, para frente e para trás.
Foi maravilhoso. Foi a melhor sensação de sempre.
Que foi quando Trey notou que, até agora, toda vez que tinham
fodido tinha sido melhor que o anterior. Era como se houvesse algo único em
cada rodada.
Esperava que não fosse apenas uma coisa que estava se enganando,
porque estava em uma fase de lua de mel, voando alto em quão bem seu novo
relacionamento estava indo.
Queria que cada vez fosse especial assim.
Recuou, colocando as duas mãos atrás do pescoço de Ronan,
maravilhado com a solidez do homem, mesmo ali.
O complemento de seus cabelos e olhos prateados contra sua pele
ruiva era lindo. Deveria estar na capa de uma revista.
— Você gosta disso?
Trey assentiu. Não conseguia pronunciar as palavras que queria,
mesmo depois que Ronan mudou o ângulo de seus quadris, provocando sua
próstata, nunca mantendo a posição por tempo suficiente para mantê-lo na
borda.
— Diga-me que você gosta.
Trey ofegou, lutando, mas poderia dizer se fosse o que Ronan queria.
— Eu gosto disso. Gosto de você. Eu te amo.
Ronan parou de repente. Olhou para Trey como se o tivesse chocado.
E merda. Talvez tivesse. O que diabos estava fazendo ao dizer algo
assim quando apenas agora conseguiram se ajeitar?
— Eu estou... não quis dizer isso, levo de volta. Foi apenas algo que
eu... Mmmph!
Suas próximas palavras foram cortadas quando Ronan o beijou com
força na boca.
O beijo do homem foi duro, quase doloroso, mas por baixo disso
estava um alívio que Trey conseguiu captar.
Seu companheiro ficou aliviado. Ronan ficou feliz em ouvi-lo dizer que
o amava? Mesmo? Do que Trey sabia sobre namoro, mas sabia que dizer essas
palavras muito cedo poderiam muito bem trazer o machado para baixo em um
relacionamento.
Ronan se afastou, os olhos dilatados, a respiração entrecortada.
— Eu também te amo, bebê. Vocês dois.
Desejou que Ronan não tivesse dito isso. Desejou que o homem
mantivesse isso para si mesmo pelo menos até depois que ele tivesse seu
orgasmo, porque não achava que seria capaz de se livrar facilmente da
queimação em seus olhos.
Ronan o amava. Realmente o amava. Trey sabia disso porque
acreditava no homem.
— Você está bem?
Trey assentiu.
— Sim.
Enxugou os olhos, ciente de que Ronan ainda estava dentro dele,
como se esperasse para descobrir se poderia continuar. O homem sorriu para
ele e Trey riu.
Tudo parecia engraçado na hora.
— Apenas me beije novamente e continue. Você está me dando bolas
azuis aqui.
Ronan soltou uma risada, segurando firmemente a parte de trás da
cabeça de Trey, puxando-o para perto para que seu peito perfeitamente
esculpido pressionasse firmemente contra o de Trey.
— Sabia que você tinha um pouco de senso de humor em algum
lugar.
2 Post no Twitter.
— Eu tenho. É assim que ganho minha vida.
— Mal, pelo que Jake me disse.
Isso deixou Parker com raiva.
— Jake estava falando com você sobre o meu negócio?
— Mais ou menos. Ele poderia estar falando com Glendon sobre isso e
por acaso eu estava na sala. — Fergus segurava uma garrafa de água na mão.
Levou isso aos lábios, sem olhar para Parker enquanto caminhava para a cama
e se deitava. Pegou o controle remoto da TV. — Apenas certifique-se de que
quando dissermos que você tem que desligar essa merda, vai desligá-la.
— Eu vou.
— E mantenha coberta as câmeras quando não estiverem em uso.
— Eu vou. — Parker olhou de volta em sua bolsa. Tinha um conjunto
de capas para cobrir sua câmera e o PlayStation também. Sempre quis
comprar estes. Parecia prático, no caso de ele ter sido hackeado, mas o
dinheiro que conseguiu fazer nunca foi muito, o que dava para comprar novos
jogos além de pagar sua metade do aluguel que ele e Jake costumavam viver.
Era melhor do que conseguir um emprego de verdade pelo menos.
Ainda assim, estava grato por todos os novos acessórios.
— Por falar nisso, agradeço. Você não precisava comprar todas essas
coisas para mim.
Fergus encolheu os ombros.
— Fiquei curioso. Talvez você possa me mostrar como jogar alguns
desses jogos.
Algo dentro de Parker se iluminou com isso.
— Mesmo? Você quer que eu crie uma conta para você?
— Eu acho. É isso que precisa fazer?
— Basicamente. Adicionarei seu nome ao meu PlayStation. Você vai
gostar disso. Não sei que tipo de jogador você é ainda. Talvez seja mais do tipo
Skyrim. Quero dizer, considerando todo o tipo de coisas mágicas paranormais
que acontecem por aqui o tempo todo, de qualquer maneira.
Fergus estava sorrindo para ele? Estava sorrindo para ele!
— Bem, só não espere que nós sejamos BFFs 3 ou qualquer coisa.
— Não teria pensado que saberia o que isso significa.
— Eu sei algumas coisas. — Fergus parecia ofendido, mas Parker não
podia dizer se era realmente ofendido ou um falso ofendido.
— Estou velho, mas não estou fora de contato com o que as crianças
fazem nos dias de hoje.
— Uh-huh. Aposto.
— Ótimo. Então me prepare e me mostre o que fazer.
— Certo!
Parker foi até onde a TV estava. Já tinha seu PlayStation instalado
abaixo dele. A câmera ainda não estava conectada, mas isso poderia esperar
amanhã. Ligou o console e pegou seu controle.
Fergus comprou um controle extra também. Um vermelho. Talvez
porque sabia que estava curioso para experimentar isso mesmo na loja?
Parker foi para a cama. Subiu ao lado de Fergus, os dois em cima das
cobertas. Parker colocou a bolsa entre eles e entregou a Fergus o controle.
Fergus olhou para ele.
— Como faço para ligá-lo?
— É sem fio, — disse Parker, sorrindo, mas sem rir do homem.
— Oh, certo. Esqueci.
Esqueceu, claro que fez.
— Ok, pressione o botão a direita aqui, — disse Parker, apontando.
Fergus fez, e foram levados para a tela do perfil.
— Agora vá até lá e configure seu nome. É isso aí!
— Como vamos jogar juntos?
Merda.
Trey não parava de sorrir quando ele e Ronan saíram do hotel no dia
seguinte.
Sentiu como se tivesse acabado de receber uma massagem da
cabeça aos pés, como se tivesse passado a noite toda e a maior parte do dia
no spa, o pessoal estava todo chateado com ele e Ronan não tendo a chance
de experimentar.
Trey não precisava de um spa. Não quando tinha o corpo de Ronan
para energizá-lo.
Trey estava de bom humor e acenou para os funcionários como se
fossem amigos de longa data, e não teve escrúpulos em pegar a mão de
Ronan, enfiar os dedos juntos e marchar em direção à... limusine?
— O que é isso?
Ronan soltou a mão de Trey e abriu a porta antes que o motorista
fizesse.
— Aluguei uma limusine para nós. Agora vamos, vou levar você para
casa em grande estilo.
Trey queria dizer que tudo o que Ronan fazia era com estilo, mas
estava um pouco nervoso demais, e impressionado, para poder dizer muito.
Deslizou pelos assentos de couro. Tinha certeza que isso era couro
real também, e não conseguia parar de olhar em volta para cada pequena
coisa ao seu redor.
Havia tantos botões em todo o lugar.
Ronan deslizou ao lado dele, dando ao motorista o endereço.
— Claro, senhor, peço desculpas por...
— Não há necessidade de desculpas, meu amigo. Hoje é um bom dia.
Só quero chegar em casa e dar ao meu companheiro aqui um pouco mais de
descanso e relaxamento.
Trey olhou para o motorista quando Ronan disse a palavra
companheiro, mas o homem sorriu e inclinou o chapéu, em seguida, começou
a dirigir.
— Você não estava brincando quando disse que a maioria das
pessoas não conseguia entender quando você falava sobre coisas de
lobisomem, certo?
Mesmo quando ele fez a pergunta, Trey manteve a voz baixa.
Apenas no caso.
— Certo. Ele provavelmente nos ouve falando sobre o tempo ou algo
assim. Não se preocupe com isso.
— Mas como isso acabou acontecendo? De onde veio esse feitiço?
Ronan colocou um braço ao redor dos ombros de Trey. Coçou o
queixo com a mão livre.
— É difícil dizer. É tudo lenda, mas tendemos a pensar que um bruxo
fez isso em algum momento. Eles se cansaram da luta entre humanos,
vampiros e shifters, então para manter os humanos fora disso, o bruxo os
amaldiçoou a nunca ouvir o que dissemos, a ter os olhos cegados para as
coisas que viam. Foi por isso que muitas das pessoas com quem você estava
preso naquela fazenda de sangue não acreditavam que fossem vampiros.
— Mesmo que Jake e eu pudéssemos ver claramente que eram
vampiros?
Ronan assentiu.
— Você tem que ter uma mente forte, ou ser o companheiro de um
shifter, a fim de ser isento.
— Isso parece um tipo estranho de maldição. Por que o bruxo faria
isso? Parece que os humanos teriam mais facilidade em se defender se
soubéssemos sobre todas essas coisas.
— É aí que fica tudo esquisito, — admitiu Ronan. — Ninguém sabe ao
certo. A lenda em si é apenas isso, lenda, então contemplar as razões pelas
quais esse bruxo teria feito algo assim está apenas adicionando mais
suposições aos palpites.
Isso fez sentido. Ainda assim, Trey não pôde deixar de pensar nisso.
— Talvez... talvez o bruxo pensasse que ajudaria. Talvez tenha
pensado que era melhor para os humanos não saberem, que isso os manteria
fora, em vez de deixá-los vulneráveis.
— Ou queria que eles fossem vulneráveis. — Ronan olhou para Trey.
— Cada história é diferente. As pessoas têm maneiras diferentes de dizer isso.
— Tipo, outros bandos têm suas próprias lendas?
Trey não sabia por que Ronan de repente parecia tão triste. A
expressão do homem mudou. Ele desviou os olhos.
— Algo parecido.
Trey tinha tocado em um ponto dolorido. Foi estranho. Não tinha
certeza do que poderia ter acontecido para fazer seu companheiro parecer
assim, mas o que quer que fosse, era claramente pessoal.
Queria perguntar, mas Trey decidiu contra isso. Perguntaria um dia,
mas por enquanto, só queria aproveitar seu tempo com Ronan.
Trey pegou a mão do homem, aconchegando-se mais perto,
encostando-se no ombro.
Ronan olhou para ele como se chocado por essa súbita demonstração
de afeto, mas logo se inclinou para ele.
— Eu te amo, — Ronan sussurrou.
Trey sentiu-se tonto de novo depois de ouvir essas palavras.
Nunca se cansaria de ouvi-los.
— Eu me sinto meio idiota.
Ronan piscou.
— Por quê?
Trey coçou a parte de trás de sua cabeça.
— Eu não sei. Acho que pelo jeito que tenho agido. Estava com tanto
medo de como tudo isso estava acontecendo que estava trazendo meus medos
estúpidos para a vida. Uma profecia autorrealizável.
— Não. — O braço de Ronan apertou agradavelmente ao redor dos
ombros de Trey. — Você nunca poderia se livrar de mim tão facilmente. Você
teria que...
Ronan se cortou de repente. Olhou para o motorista e depois para as
janelas.
— Ronan?
Ronan o ignorou. Ele se inclinou para frente.
— Esta não é a rua certa.
— É um atalho, senhor. Isso nos levará muito mais rápido.
Ronan estreitou os olhos.
Talvez tenha sido algo a ver com o acasalamento, mas não foi apenas
a linguagem corporal de Ronan ou seu olhar que o fez parecer poderoso e
irritado. Trey pegou um pouco da aura em torno de seu companheiro, algo que
deixou-o saber que não era uma boa ideia discutir com ele ou se envolver.
O primeiro instinto de Trey com algo assim foi tentar desarmar a
situação, fazer Ronan se acalmar, mas nunca tinha visto Ronan assim. O
homem parecia zangado, como se quisesse pular de sua pele.
Queria deixar seu lobo rasgar o motorista. Algo estava claramente
errado.
— O que está acontecendo?
Trey pegou a mão de Ronan, apertando-a.
Ronan levou a mão de Trey aos lábios, mas mal olhou para ele.
— Coloque o cinto de segurança.
Santa merda. Foda-se. Trey se esforçou para colocar o cinto em volta
da cintura enquanto Ronan ia para a frente da limusine. Uma janela de vidro o
separava do motorista, e quando Ronan sorriu para o homem, ele mostrou
dentes que pareciam muito mais longos e mais nítidos do que tinham estado
alguns segundos atrás.
Pele começou a crescer ao longo dos lados do rosto de Ronan e em
cima de suas mãos. Pelo prateado branco.
— Amigo, eu deveria pedir-lhe para parar a limusine.
— Ah, não posso fazer isso aqui. Estamos na estrada, — disse o
motorista, sorrindo agradavelmente.
Trey estava começando a pensar que talvez Ronan tivesse a ideia
errada desse homem e que poderia ter cometido um erro.
O olhar nos olhos de Ronan enquanto as esferas prateadas davam um
tom vermelho vivo sugeriam o contrário.
— Então peço para você encontrar o local mais próximo para nos
deixar sair, ou vou quebrar a minha mão através do vidro e cortar sua
garganta, amigo.
Ele poderia muito bem ter chamado o motorista de um bastardo sujo
e ameaçado arrancar os corações de todos os seus filhos. Assumindo que ele
tivesse algum. O tom de sua voz era tão... perigoso.
E Trey percebeu o que estava olhando. Ronan era um guerreiro.
Ronan manteve essa parte de Trey desde o começo, e agora estava tendo a
chance de realmente ver.
Poderia ter sido quente se não fosse tão aterrorizante.
O motorista não respondeu. Não havia como ele não ouvir nada
disso, mas não pareceu importar quando Ronan deu um soco no vidro,
estendeu a mão e agarrou o motorista pelo rosto.
A limusine desviou, e Trey de repente se sentiu sem peso quando
tudo se inclinou.
A limusine não se inclinou para o lado, no entanto. Buzinas de carros
soaram em torno deles, e Trey pensou que poderia acabar morrendo por causa
disso.
Santa merda Ele ia morrer.
Mas não, o motorista resistiu o melhor que pôde. Mesmo quando
Ronan se empurrou através do vidro quebrado de modo que apenas suas
pernas ainda estavam na parte de trás. Toda vez que a limusine desviava, o
coração de Trey se lançava em sua garganta. Lutou para não gritar.
Ouviu sons grunhidos na frente e sons fortes de carne batendo em
carne.
Então a direção ficou calma novamente e eles viraram para uma
saída.
Ronan puxou-se para trás mais uma vez, embora seus braços
permanecessem no pescoço do motorista.
— Você está bem?
Trey assentiu. Não ousou dizer uma palavra, não depois disso.
— Bom. — Ronan voltou a encarar o motorista. — Vai ficar desse
jeito.
Trey tinha tantas perguntas que queria fazer. Este motorista era um
vampiro? Ele não era um grunhido porque parecia humano, mas as janelas da
limusine estavam tingidas. Era possível.
Não, isso não estava certo. Trey se lembrava de como esse homem
tinha corrido para sair da limusine e abrir a porta para Trey antes que Ronan
fizesse isso por ele. Ele estava no sol.
Um simpatizante de vampiros, então. Era uma daquelas pessoas que
Trey tinha ouvido falar na mansão. Humanos que queriam ser transformados,
que queriam a ideia romântica de uma vida noturna imortal.
Pessoas que estavam dispostas a matar outras pessoas para
conseguir.
A limusine parou e pareceu como se houvesse cascalho sob os pneus.
Trey olhou pela janela. Estavam do lado da estrada. A estrada ainda estava à
vista, mas estavam praticamente fora do caminho de qualquer outra coisa.
Quase nenhum edifício. Alguns campos onde a construção ainda estava para
acontecer e, mais abaixo, casas parcialmente construídas.
Trey não gostou disso. Queria voltar para a mansão. Ainda estavam
longe demais do caminho. Alguém poderia levá-los, e não haveria nada que
pudessem fazer sobre isso.
— Você terá que soltar a minha garganta, eventualmente, —disse o
motorista. Ele soou como se estivesse sorrindo sobre isso. — A menos que
pense que pode saltar aqui primeiro.
Trey deveria sair da limusine? E se o motorista acelerasse e tentasse
atropelá-lo?
Era muito para pensar. Não poderia fazer isso. Odiava isso!
— Ronan, — ele gemeu, colocando a mão no estômago.
— Eu sei, bebê, — Ronan disse, e então voltou sua atenção para o
motorista.
— Coloque a limusine no ponto morto, desligue o motor e jogue as
chaves do lado de fora.
— Não importa se tenho as chaves ou não, — disse o motorista. —
Basta pressionar um botão e o motor será ligado novamente.
— Faça isto de qualquer maneira.
O motorista rosnou, mas fez isso. Apertou o botão que desligava o
motor e jogou as chaves da janela aberta.
— Trey, bebê, odeio pedir para você fazer isso, mas vá e pegue essas
chaves.
Trey endureceu. Ouviu isso certo? Deve ter ouvido. Seu cérebro não
estava lhe fornecendo mais nada.
— Lá fora?
— Você pode fazer isso, bebê. Vá pegar as chaves para mim e para
você. Você pode me ajudar.
— O que?
Oh Deus. Trey tinha uma ideia do que Ronan iria fazer com o
motorista, e não queria ver ou ouvir. Saiu da limusine rapidamente. Não
importava no final de qualquer maneira. Ainda ouviu o som de estalo que veio
logo antes do motorista gritar.
O estômago de Trey se revirou. Pensou que ia vomitar, estar doente.
Aquele... foi o pior som que já ouviu em sua vida.
Mas o que esperava? Trey foi e pegou as chaves, olhando para tudo
que podia, exceto o motorista pela janela.
Ronan era um guerreiro. Era um lobisomem, com mais de duzentos
anos de idade, e era seu trabalho proteger humanos de vampiros.
Mesmo que isso significasse ferir outros humanos, era quem ele era.
Deve ter feito coisas assim muitas vezes ao longo de sua vida. Talvez até
muito pior.
A porta do lado do motorista se abriu. Ronan empurrou o motorista
para fora. Ele gemeu e se contorceu de dor quando caiu ao seu lado,
segurando os braços contra o peito, os dedos curvados em ângulos estranhos
que quase fizeram Trey vomitar.
— Trey, venha para o lado do passageiro, bebê. Você precisa entrar.
Trey não conseguia parar de olhar para o homem. Estava preso em
um torpor, observando sua dor, o jeito que seu rosto se contorcia.
— Trey!
Trey pulou e olhou para Ronan. Tinha uma expressão desesperada no
rosto.
— Bebê, eu sei que é difícil, mas você precisa entrar na limusine
agora. Por favor bebê. Nós não temos tempo para isso.
Ronan estava implorando pela cooperação de Trey. Não sabia o que
estava acontecendo, talvez mais pessoas estivessem vindo atrás deles. Não
importava. Ronan estava certo. Forçou suas pernas a trabalhar, para voltar em
marcha para que ele e seu companheiro pudessem dar o fora daqui.
Notou a expressão de alívio no rosto de Ronan quando Trey correu
pela frente da limusine e pulou para o banco do passageiro. Ele colocou o cinto
de segurança.
— Estamos indo para casa?
— Agora, bebê. Agora mesmo.
Capítulo 8
— Cristo, estou feliz que vocês dois estão bem. — Glendon ainda
parecia assustado com a história.
Ronan podia sentir a tensão irradiando de seu companheiro. Seu
companheiro estava de pé com Parker, Owen e Jake.
Ômegas tinham uma tendência a consolar um ao outro. Faziam seus
próprios bandos dentro de um bando, e apesar de Trey ainda ser
principalmente humano, definitivamente caiu na categoria de ômega.
Ronan sacudiu a cabeça.
— Eu deveria ter visto isso chegando. Deveria ter pedido ao motorista
sua identidade. O idiota, provavelmente matou o motorista de verdade e pegou
sua limusine. A equipe pode até estar nisso.
— Isso vai um pouco mais fundo, não é? — Perguntou Hugh. —
Usamos esse lugar antes sem problemas.
— Não importa. — Glendon cruzou os braços, olhando para seu
companheiro, que dava a Trey uma xícara de café fumegante. — É algo que
devemos investigar, e ninguém leva seus companheiros para lá, ou vai sozinho,
até conseguirmos verificar.
— Ah, vamos lá, — disse Hugh. — Eu ia levar Owen para que
pudéssemos ficar sozinhos um pouco.
— Leve seu companheiro, tudo o que você quiser, idiota — grunhiu
Fergus, tirando a sujeira sob suas garras. — Se quer arriscar a vida dele só por
algum serviço de quarto.
O rosto de Hugh corou profundamente. Ele franziu o cenho para
Fergus.
— Eu não arriscaria Owen assim. Só estou dizendo que o resto da
equipe pode não estar nisso. Era só o motorista. Eles contratam pessoas
diferentes de tempos em tempos.
— E até conseguirmos descobrir isso, nada de ir lá, — retrucou
Glendon. — Sei que você não levaria Owen até que fosse verificado tudo, então
pare de ficar na defensiva, seu idiota.
O profundo rubor de constrangimento não deixou o rosto de Hugh
com a reprimenda.
Ronan não se importou. Olhou para Trey. Ele estava sentado no meio
do assento do sofá, Jake de um lado, Owen do outro. Parker sentado no braço
enquanto se consolavam.
Nate não estava por perto. Nem Orion. Aparentemente, Nate tinha
mudado pouco antes de Ronan levar Trey para casa, e Orion estava olhando-o,
certificando-se de que não destruía muito no porão.
Ainda assim, tudo o que Ronan podia sentir era vergonha. Vergonha
por não ter percebido o perigo mais cedo.
— O motorista estava claramente tentando nos levar a algum lugar.
Um local de encontro. Pode até haver um rastreador na limusine. Eles
provavelmente sabiam que ele estava saindo do curso muito antes de eu
quebrar seus braços e dedos.
Foi por isso que foi tão inflexível para Trey voltar para a limusine. Não
queria ficar por muito tempo no caso que viesse ajuda.
Tierney ainda estava varrendo a limusine por qualquer coisa
rastreável. Não que isso importasse, já que a cadela rainha vampira já sabia
onde eles moravam, mas se havia algo deixado para trás, era melhor ter
certeza de que poderia ser usado contra ela.
Glendon não pareceu feliz com nada disso.
— Teremos que trancar a casa. Não posso correr o risco com Jake tão
perto de dar à luz.
Ronan olhou para o lado. Olhou para Jake e Trey.
Jake definitivamente estava aparecendo. Em mais um mês, seu
filhote estaria pronto para sair.
Em alguns meses, Trey ficaria assim. Ele seria o único com o sinal
mais óbvio de sua futura criança.
Ronan já se sentia tão protetor agora, imagina quando Trey estivesse
se preparando para dar à luz ao seu filho. Não precisava ver a evidência física
de seu filho ou filha para ter medo de que algo lhes acontecesse.
— Entendido. Não estou ansioso para deixar Trey saber disso, no
entanto.
Não queria manter seu companheiro refém nesta casa. Queria Trey
para ser livre, para aproveitar sua vida e ser capaz de se sentir seguro sempre
que fosse para o gramado.
— Não estou ansioso para isso também, — disse Glendon. — Por
enquanto, não vejo outra maneira. Pelo menos até conseguirmos algumas
coisas com Zoella, toda vez que nossos amigos quiserem se divertir do lado de
fora, eles precisarão de uma escolta. Talvez até dois deles.
— Nós teríamos que matá-la antes que pudéssemos conseguir
alguma coisa com ela.
Os olhos de Glendon brilharam.
— Então é exatamente isso que vamos fazer.
Ele dispensou Ronan e caminhou para seu companheiro. Jake sorriu
para Glendon quando ele se aproximou, mas esse sorriso desapareceu quando
Jake logo viu que havia algo errado no rosto de seu companheiro.
Glendon pediu para falar com ele sozinho, e Jake apertou sua mão
uma última vez para o ombro de Trey antes de se levantar e ir embora com
Glendon.
Embora Ronan soubesse que Jake não receberia bem as notícias,
estava feliz que Trey tinha Jake, Parker e Owen e, até certo ponto, Nate.
Nate tinha sido o único ômega da casa por algum tempo, mas agora
havia mais. Não só Nate não se sentia mais tão sozinho em uma casa cheia de
alfas, mas todos os outros teriam o apoio emocional necessário de ômegas
para uma vida saudável.
O mesmo aconteceu com Trey. Podia não gostar muito de ficar
confinado, mas pelo menos estaria a salvo. Teria seus amigos para conversar.
Até mesmo um acasalamento precisava mais do que apenas um ao
outro. Os alfas precisavam de outros alfas e os ômegas ainda precisavam de
outros ômegas. Era o jeito das coisas. Era apropriado.
Hugh suspirou.
— Vou falar com Owen. Você provavelmente deveria fazer o mesmo
com Parker.
Fergus fez um barulho impaciente.
— Ele não é meu companheiro para me preocupar.
Ronan olhou para ele.
— Não, ele é o seu ômega para se preocupar. Pare de ser um idiota
só porque você não pode conter sua luxúria. Ele ainda é sua responsabilidade.
O rosto de Fergus se iluminou com um tom profundo de vermelho.
Ronan nunca tinha visto uma cor assim antes no rosto do homem. Também
não lhe deu a chance de responder antes de Ronan se afastar dele, deixando
Fergus engasgando e irritado.
Trey levantou os olhos do café para Ronan. Ele sorriu suavemente, se
não um pouco forçado.
— Você quer falar sozinho?
Ronan sorriu de volta para seu companheiro. Trey poderia ser frágil,
mas não era bobo. Sabia que algo estava acontecendo no minuto em que
Glendon levou Jake embora.
— Se for possível. Eu sei que você está falando com seus amigos.
— Está tudo bem. — Trey ficou de pé. — Vou falar com vocês mais
tarde.
Parker e Owen assentiram, o que foi quando Hugh e Fergus deram
um passo à frente. O ar na sala gelou. Ronan percebeu isso mesmo quando
saiu.
Certo. Os ômegas sabiam que estavam prestes a ser atingidos por
algumas novas regras.
Ômegas nem sempre gostavam de regras, e os alfas, apesar de sua
natureza, nem sempre gostavam de dá-las aos seus ômegas.
Infelizmente, também era uma daquelas coisas que era apropriada.
Isso estava certo.
O que era certo e apropriado nem sempre era confortável.
Trey estendeu a mão para Ronan. Ronan estava feliz que seu
companheiro estivesse pelo menos ainda disposto a tocá-lo. Apesar de tudo o
que tinha passado, não queria distância entre eles.
Eles nem sequer conseguiram chegar onde quer que iam, antes de
Trey falar com ele.
— Esta é a parte em que você termina comigo para o meu próprio
bem ou algo assim?
— O quê? — Ronan não podia acreditar. Agarrou Trey pelos ombros,
forçando seu companheiro a virar e encará-lo. — Não! Claro que não!
Trey dificilmente parecia acreditar nele.
— Hugh tentou deixar Owen.
Maldição. É claro que as decisões estúpidas de Hugh voltariam para
morder Ronan na bunda.
— Hugh é um tolo, e ele não foi longe com essa decisão de qualquer
maneira. Não vou te deixar. Não é isso que eu ia sugerir. Nunca ia sugerir tal
coisa.
Trey parecia sinceramente interessado agora.
— Então, você vai participar de uma enorme batalha épica contra os
vampiros e eu nunca mais vou ver você de novo, certo?
— Não! — Ronan não sabia se ria ou estrangulava seu companheiro.
— Acho que você tem assistido muitos desses filmes estranhos com Parker.
Parker estava em algumas formas estranhas de entretenimento.
Ronan precisaria prestar mais atenção ao que seu companheiro estava
consumindo.
— Oh, bem, tudo bem então. Qual é o problema?
Ronan suspirou, balançando a cabeça.
— Você fala como se tudo o que temesse tivesse resolvido. O que
estou prestes a sugerir, ainda não vai gostar.
— OK. Então, posso saber o que é?
Ronan quase não queria contar a ele. Parecia melhor nesse estado
hesitante, confiança e felicidade. Rir de si mesmo sobre as coisas estranhas
que Trey achava que ele ia sugerir parecia melhor do que realmente colocá-las
sobre a mesa.
Mas Ronan era um alfa, não um covarde. Deixou sair.
— Você e os outros terão que ficar na casa. Pela maior parte. Se
quiser ir do lado de fora, mesmo em nossa propriedade, precisará de uma
escolta para sua proteção. Não vamos correr o risco de mais grunhidos de
vampiros chegarem à propriedade para atacar. Isso também significa que não
haverá mais caças de acasalamento.
Aquilo cortou Ronan mais fundo.
— Teria gostado de levá-lo para fora, para caçá-lo e tê-lo, mas isso
não é possível com o que está acontecendo atualmente.
— Oh. — Trey não disse mais nada. Olhou para Ronan como se
esperasse ouvir mais. — É isso?
Ronan piscou.
— Isso... isso não te incomoda?
Trey encolheu os ombros.
— Bem, talvez. Mas acho que quando comparo isso com o que mais
eu poderia estar sofrendo, estar em uma fazenda de sangue, ser atacado em
uma limusine com um motorista que quer nos sequestrar, isso parece muito
manso.
Ronan piscou para seu companheiro. Parte dele não podia acreditar
que ouviu uma coisa dessas vindo da boca de Trey. A outra parte dele estava
triste por isso, desejando desesperadamente que Trey não tivesse sofrido
tanto, que ser forçado ao confinamento parecia que não era nada para ele.
Ronan pegou seu companheiro, puxando-o para perto. Trey segurou-
o de volta.
— Eu sinto muito por isso. — Ronan acariciou o cabelo de Trey. —
Juro para você, isso não era o que eu queria para você.
Trey assentiu.
— Eu sei, mas estou bem. — Trey sorriu para ele. — Gosto de estar
aqui com você. Eu me sinto seguro aqui. Mesmo quando pensava que você não
gostava de mim, sempre me sentia bem quando você estava por perto. Se eu
precisar de você para minha escolta apenas para ir ao quintal, então estou
bem com isso. Dou conta.
Trey ainda não parecia entender o fato de que Ronan não queria que
ele lidasse com isso. Não queria que isso fosse algo que afetaria suas
liberdades.
— Você não está feliz.
Ronan sacudiu a cabeça.
— Não. Queria algo melhor para você.
— Isso é melhor, — insistiu Trey. — Confie em mim. Eu sei... sei que
sou muito antissocial, e não facilito para você entender o que está acontecendo
na minha cabeça, mas amo isso aqui. Amo estar com você. Não importa se
existem regras estabelecidas. Sei que você só está fazendo isso para me
proteger.
O coração de Ronan se derreteu com essas palavras. Acariciou o
cabelo de Trey.
— Como é possível que você possa me desarmar tão bem?
Trey sorriu brilhantemente para ele.
— Eu posso?
— Claro que pode. Sempre faz.
— Bom. — Trey parecia genuinamente satisfeito consigo mesmo,
como se tivesse acabado de receber um elogio maravilhoso. — Prometo usar
esse poder apenas para o bem então.
Ronan sacudiu a cabeça. Seu companheiro poderia ser muito
engraçado.
O ataque súbito de gritos que ouviram em toda a casa destruiu o
clima, no entanto.
Parecia que Parker não estava nada satisfeito com o novo conjunto de
regras infligidas a ele. Ronan quase sentiu pena de Fergus.
— Deveria levá-lo ao nosso quarto.
— Nosso quarto?
— Claro. — Ronan sorriu. — Vamos compartilhar o espaço a partir de
agora, afinal. E tenho muitas coisas más que só podem ser feitas a você em
particular.
Trey estremeceu, e não resistiu quando Ronan o levou de volta para
seu quarto.
Capítulo 9
Capítulo 10
FIM