Você está na página 1de 33

MATHEUS ANTONIO PIMENTA

AUDITORIA EMPRESARIAL:

ATUAÇÃO COMO FERRAMENTA DE APOIO PARA AS


EMPRESAS

Arapongas – Pr
2018
MATHEUS ANTONIO PIMENTA

AUDITORIA EMPRESARIAL:

ATUAÇÃO COMO FERRAMENTA DE APOIO PARA AS


EMPRESAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à UNOPAR, como requisito parcial para a
obtenção do título de graduado em Ciências
Contábeis.

Orientador: Ana Costa

Arapongas – Pr
2018
MATHEUS ANTONIO PIMENTA

AUDITORIA EMPRESARIAL:

ATUAÇÃO COMO FERRAMENTA DE APOIO PARA AS


EMPRESAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à UNOPAR, como requisito parcial para a
obtenção do título de graduado em Ciências
Contábeis.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Liria Helena Golfetto

Prof(a). Marcio Coelho Moreira

Prof(a). Cleberson Julio Pinheiro

Arapongas, 23 de novembro de 2018


À minha querida Mãe e meus irmãos, pela
paciência demonstrada, sabendo suportar
minha ausência, concedendo-me a
grandeza do seu amor e seu inestimável
apoio nas horas mais difíceis.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por ter-me concedido a bênção, inteligência e


coragem, dádivas indispensáveis para tornar realidade o meu objetivo.
Agradeço também à minha Mãe, que nunca desistiu de mim e sempre me
ofereceu seu grande e incondicional amor, eu deixo uma palavra e uma promessa
de gratidão eterna.
À minha família, porque foram eles que me incentivaram e inspiraram através
de gestos e palavras a superar todas as dificuldades.
Аоs amigos е colegas, pelo incentivo е pelo apoio constantes.
A todas as pessoas que de uma alguma forma me ajudaram a acreditar em
mim, eu quero deixar um agradecimento eterno, porque sem elas não teria sido
possível.
PIMENTA, Matheus Antonio. Auditoria Empresarial: atuação como ferramenta de
apoio para as empresas. 2018. 31p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação
Ciências Contábeis) – UNOPAR, Arapongas, 2018.

RESUMO

O presente estudo sobre a Auditoria Empresarial, longe de esgotar o assunto,


buscou entender um pouco mais como a atuação de um auditor pode ser utilizada
como ferramenta de apoio para as empresas. O principal objetivo foi demonstrar as
principais características da auditoria e seus conceitos no que se refere ao
cumprimento das metas pelas organizações, por meio da revisão de literatura. A
questão levantada foi: qual a relevância da auditoria na empresa para a melhoria do
controle do patrimônio? Constatou-se que a auditoria empresarial, é uma ferramenta
de apoio para os administradores e dirigentes das empresas porque busca e
verifica os procedimentos contábeis, fiscais e procedimentais internos e
comparação aos externos para redução de custos, assim como revisar operações
contábeis com o intuito de evitar fraudes, problemas e multas. Concluiu-se também
que a auditoria identifica deficiências no sistema de controle interno e externo
apresentando recomendações para melhorar o desempenho das empresas,
fornecendo dados confiáveis aos administradores, para que tomem decisões
acertadas visando a lucratividade e solidificação em um mercado tão competitivo
como está atualmente.

Palavras-chave: Auditoria; Procedimentos Contábeis; Lucratividade; Fraudes.


PIMENTA, Matheus Antonio. Corporate Audit: acting as a support tool for
companies. 2018. 31p. Course Completion Work (Accounting Science Degree) –
UNOPAR, Arapongas, 2018.

ABSTRACT

The present study on Corporate Audit, far from exhausting the subject, sought to
understand a little more how the performance of an auditor can be used as a support
tool for companies. The main objective was to demonstrate the main characteristics
of the audit and its concepts regarding the fulfillment of the goals by the
organizations, through literature review. The question raised was: what is the
relevance of the audit in the company for the improvement of equity control? It was
verified that corporate auditing is a support tool for managers and managers of
companies because it seeks and verifies internal accounting, fiscal and procedural
procedures and external comparisons to reduce costs, as well as to review
accounting operations with the purpose of avoid fraud, problems and fines. It was
also concluded that the audit identifies weaknesses in the internal and external
control system by presenting recommendations to improve company performance,
providing reliable data to managers so that they can make sound decisions for
profitability and solidification in a market as competitive as it is today.

Keywords: Audit; Accounting Procedures; Profitability; Frauds.


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Diferença entre auditoria interna e externa............................................21

Quadro 2 - Comparação das atividades das auditorias.............................................23


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CFC Conselho Federal de Contabilidade


IASB International Accounting Standards Board
IBRACON Instituto Brasileiro de Contadores
NBC Normas Brasileiras de Contabilidade
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................11

2. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DA AUDITORIA.......................................... 14

2.1 DESENVOLVIMENTO DA AUDITORIA NO BRASIL............................................14

3. AUDITORIA..............................................................................................................17

3.1 CONCEITOS..........................................................................................................17

3.2 FINALIDADES E FUNÇÔES DA AUDITORIA.......................................................18

3.2.1 Objetivos da auditoria.........................................................................................18

3.3 FRAUDE CONTÁBIL.............................................................................................19

3.4 CLASSIFICAÇÃO DE AUDITORIA........................................................................21

4. AUDITORIA: UMA FERRAMENTA ÚTIL PARA AS ORGANIZAÇÕES.............25

4.1 IMPORTANCIA DA AUDITORIA...........................................................................27

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................30

REFERÊNCIAS............................................................................................................31
11

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tratou de um tema de suma importância pra as empresas:


a auditoria empresarial, que visa a verificação de procedimentos contábeis, fiscais
e procedimentais internos e comparação aos externos para redução de custos,
assim como revisar operações contábeis com o intuito de evitar problemas e
multas. A auditoria também identifica deficiências no sistema de controle interno e
externo apresentando recomendações para melhorá-los. É um tipo de controle que
deve ser feito pelo menos uma vez ao ano permitindo correções em tempo hábil,
evitando assim perdas desnecessárias e prejuízos financeiros.
Visto que a globalização trouxe um grande avanço tecnológico e o mercado
está cada vez mais competitivo, as empresas encontram-se obrigadas a aprimorar
seu modo de administrar, com a intenção de alcançar um maior controle e tentar
sobreviver no mercado visando solidificar-se. A pretensão de se obter mais lucros e
reduzir os custos, fez com que a contabilidade se aperfeiçoasse tornando-se de
suma importância dentro da empresa, colaborando com os administradores na
melhor gestão econômico-financeira.
A constante necessidade de ajustes e redução de custos em seus processos
faz com que as mesmas se utilizem de ferramentas que possam tornar viável o
alcance de seus objetivos e, uma das melhores maneiras de se obter esta tão
sonhada redução de custos, vem acompanhada da necessidade de se usar
controles internos mais propícios. Diante deste cenário a pergunta-problema é: qual
a relevância da auditoria na empresa para a melhoria do controle do patrimônio?
Assim a auditoria adveio como uma grande ferramenta de apoio à expansão
das atividades da empresa, no entanto, torna-se imprescindível identificar os
variados tipos de ferramentas utilizadas para avaliar a precisão e a qualidade dos
dados apresentados pela mesma e o correto cumprimento das metas estabelecidas
pela empresa. Dessa forma, o objetivo geral desta pesquisa foi demonstrar as
principais características da auditoria e seus conceitos no que se refere ao
cumprimento das metas pelas organizações. E como objetivos específicos: conhecer
a origem e o desenvolvimento da auditoria, estudar conceitos, teorias, finalidade e
objetivos da auditoria e entender como a auditoria pode ser uma ferramenta útil para
as organizações.
12

Entende-se que este tema é de grande relevância, pois traz maior


compreensão acerca dos itens, formas e métodos da auditoria aplicada nas
empresas, bem como sua repercussão no cotidiano das mesmas e a possibilidade
de se conseguir melhor adequação nos processos decisórios nos diferentes
segmentos que a compõem.
A metodologia utilizada neste trabalho foi uma revisão de literatura e as fontes
utilizadas para dar embasamento a este estudo foram livros, artigos científicos e
sites de bancos de dados, incluindo artigos em periódicos nacionais e internacionais,
monografias, dissertações e teses que também constituem excelentes fontes de
consulta acerca do assunto.
Dessa forma, o trabalho foi organizado em 3 (três) capítulos para facilitar a
compreensão. O primeiro capítulo abordou a origem e o desenvolvimento da
auditoria, o segundo capítulo tratou dos conceitos, teorias, finalidade e objetivos da
auditoria e no terceiro capítulo buscou-se compreender como a auditoria pode ser
uma ferramenta útil para as organizações.
13

2. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA AUDITORIA

Historicamente percebe-se que o homem sempre procurou contabilizar os


seus recursos, inicialmente de maneira rude como, por exemplo, contar seus
rebanhos, os produtos da sua pescaria ou de caçadas, aperfeiçoando-se
gradualmente ao longo dos tempos.
De acordo com Sá (2010, p.21), os primeiros indícios de atividades
relacionadas à auditoria surgiram na antiga Suméria, corroborado através de provas
arqueológicas, que já existiam uma forma de inscrição em pedaços de argila há mais
de 4.500 A/C, que mostravam a produção. Assim como no Egito, há milhares de
anos, o papiro deu origem aos livros que dariam origem à contabilidade. Mais tarde,
outros relatos foram encontrados em Roma, Londres, Paris, Veneza, Milão e
Bolonha. Em Roma, por exemplo, ela surgiu para tornar-se um instrumento de
controle do antigo império.
Entretanto, conforme esclarece Oliveira e Diniz (2001), foi na Inglaterra, em
meados do século XVIII, após a Revolução Industrial e a expansão do capitalismo,
e, visando atender às necessidades criadas com o surgimento de grandes fábricas e
o uso intensivo de capital monetário, que houve grande desenvolvimento da
auditoria, para atender as necessidades dos investidores de acompanhamento do
capital investido e da taxação do imposto de renda com base no lucro.
Vale salientar que a Inglaterra foi o país a possuir grandes empresas de
comercio e a primeira a instituir imposto sobre a renda. Naquele momento a auditoria
era realizada como uma atividade necessária, mas não era classificada como tal, o
que leva a entender que a auditoria surgiu como uma ramificação da contabilidade.
Dessa forma, entende-se que a profissão da auditoria contábil remete “ao século XIX
na Inglaterra, com uma forte influência da revolução industrial e com a expansão de
negócios para os Estados Unidos” (HOOG e CARLIN, 2009, p.51).
Portanto, como salienta Boyton et al, (2002, p.28):

Foi a grandeza econômica e comercial da Inglaterra [...] que determinou a


evolução da auditoria como consequência do crescimento das empresas, do
aumento de sua complexidade e do envolvimento do interesse da economia
popular nos grandes empreendimentos.

Pode-se observar também, conforme Franco e Marra (2009, p. 39), que o


“aparecimento da auditoria ocorreu com o interesse de confirmar os dados contábeis
14

devido ao surgimento de grandes empresas e pela cobrança do imposto de renda”.


Assim, com o aparecimento de grandes empresas, surgiu a necessidade dos
trabalhos de auditoria para confirmação dos registros e segurança do patrimônio.

2.1 DESENVOLVIMENTO DA AUDITORIA NO BRASIL

Esclarece Basso (2005, p. 100), que com “a instalação das grandes empresas
para outros países, exportaram-se também os serviços de auditoria, com finalidades
de fiscalizar suas subsidiárias no exterior.” Desta forma, entende-se que os serviços
de auditoria chegaram ao Brasil, como consequência da instalação das filiais de
empresas estrangeiras que aqui se instalaram, com objetivo de informar à matriz no
exterior. Consequentemente, as firmas de auditoria foram abrindo escritórios no
Brasil, divulgando suas técnicas e cultura.
No entanto, de acordo com Crepaldi (2006, p. 123) no Brasil, “a auditoria
surgiu na época colonial, quando o juiz era a pessoa de confiança do rei, designada
pela Coroa portuguesa para conferir o recolhimento dos tributos ao tesouro,
reprimindo e punindo fraudes”. Ainda de acordo com o mesmo autor:
No decurso do sistema capitalista, a expansão comercial e a forte
concorrência, despertaram nas empresas, antes familiares, a necessidades
de aumentar suas instalações, investir em tecnologia e aperfeiçoar os
controles e procedimentos internos, como por exemplo, a redução de
custos, com a intenção de tornar seus produtos mais competitivos no
mercado. Para a consecução desses objetivos, tornou-se necessário atrair
recursos de terceiros, por meio de empréstimos em longo prazo e abertura
do capital social a novos acionistas (CREPALDI, 2006).

E assim, conforme esclarece Attie (2010, p. 29), a auditoria no Brasil está


relacionada com a instalação de empresas internacionais de auditoria independente,
pois os investimentos ainda internacionais que aqui foram implantados
obrigatoriamente tiveram de ter suas demonstrações contábeis auditadas.
Crepaldi (2004, p. 68) complementa sobre a necessidade dos investidores de:
Obter informações claras sobre a situação financeira e patrimonial, a
solvência e a gestão dos recursos da empresa para mensurar a segurança,
o grau de liquidez e a rentabilidade. Assim, as demonstrações contábeis
tornaram-se os informativos mais importantes, e para sua maior segurança,
os investidores passaram a exigir que essas demonstrações fossem
examinadas por profissionais independentes e de capacidade técnica
reconhecida, a exemplo do que já acontecia nos Estados Unidos da
América, na Inglaterra e em outros países desenvolvidos.

Baseado neste mesmo entendimento, Attie (1998, p.27) argumenta que:


15

Em essência, a causa da evolução da auditoria, que é decorrente da


evolução da contabilidade, foi a do desenvolvimento econômico dos países,
síntese do crescimento das empresas e da expansão das atividades
produtoras, gerando crescente complexidade na administração dos
negócios e de práticas financeiras como uma força motriz para o
desenvolvimento da economia de mercado.

Segundo afirmam Hoog e Carlin (2009, p. 52), os registros oficiais no Brasil,


datam de 1972, “quando o Banco Central criou normas oficiais de auditoria para o
segmento do mercado financeiro, e a obrigatoriedade da aplicação da auditoria
também teve início na Bolsa de Valores, através da Lei 6.385/76”, isso ocorreu logo
depois da normatização da Lei 6.404/76 que trata das Sociedades Anônimas. Não
obstante, na prática o que se observa é que o mercado como um todo adota a
auditoria como meio de validação de resultados, comprovando a tendência de que a
“auditoria não deve ser aplicada apenas por imposição legal, mais sim, por ser uma
das ferramentas de gestão de risco dentro das organizações empresariais” (HOOG e
CARLIN, 2009 p. 52).
Anteriormente, como demonstra Crepaldi (2004) no ano de 1931, com o
Decreto nº 20.158, foi regulamentada a profissão de guardador de livros, que
abrangia também a função de auditor. E mais adiante, em 1945, com a formulação
da lei nº’ 7.988, criou-se o curso de Ciências Contábeis, de nível superior, e de
Técnico, de nível médio, tornando a Auditoria uma direito daquele profissional.
Até então, conforme esclarece o autor acima citado, os trabalhos de auditoria,
no Brasil, eram raros e serviam somente para o controle administrativo e elaboração
de pareceres sobre balanços, ainda como atos formais. Com o final da segunda
guerra mundial, os escritórios estrangeiros, acompanhando as instalações de
empresas no Brasil, persuadiram os empresários brasileiros da relevância do
trabalho de auditoria, dessa forma, em 1976, com a implantação da Lei nº 6.404, o
julgamento do auditor independente sobre as demonstrações contábeis dos
empreendimentos abertos tornou-se obrigatório e impulsionou a auditoria brasileira
(CREPALDI, 2004).
Porém, somente a partir do século XX a auditoria passou a ser amplamente
utilizada, principalmente depois da quebra da bolsa de valores de Nova York em
1929. Conforme destaca Ricardino e Carvalho (2004), o primeiro indicio concreto
sobre auditoria no Brasil aparece no Decreto n° 2.935, de 16 de junho de 1862, que
autorizava a reestruturação da Cia. de Navegação por Vapor – Bahiana – Anonyma.
Nesse período, tanto a organização, quanto seus estatutos deveriam ser aprovados
16

por lei. Esse estatuto estabelecia que os auditores deveriam ser designados na
primeira assembleia ordinária de cada ano, e teriam como missão verificar e
vistoriar as contas e os documentos desta Cia.

Entretanto, de acordo com Ribeiro, 2009, o primeiro posicionamento brasileiro


de auditoria foi expedido há mais de um século pela Cia São Paulo Tramway Light &
Power Co., e se referia ao período de junho de 1899 (considerado inicio da empresa)
a dezembro de 1902. Não se tem documento arquivado deste parecer.

Segundo esclarece Alberton (2002, p. 59):


Com a normatização das atividades dos Bancos de Investimentos, Bolsas
de Valores, Sociedades Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores
Imobiliários, a partir de 1965, houve uma crescente criação de resoluções
que tornavam a auditoria e o parecer dos auditores obrigatórios nestas
instituições e ainda a regulamentação e registro dos auditores
independentes.

Portanto, com o crescimento de empresas brasileiras, surgiram também as


firmas de auditoria nacional, que de acordo com argumentação de Jund (2002, p.48):

Apesar de formalmente organizada em 26 de março de 1957, quando


formado o Instituto de Contadores Público no Brasil, em São Paulo, a
auditoria foi oficialmente reconhecida apenas em 1968, por ato do Banco
Central do Brasil. O poder público foi de fundamental participação na
difusão da Auditoria no Brasil por meio das diversas leis que obrigaram a
existência da Auditoria e da figura do Auditor Independente.

Contudo, percebe-se que no Brasil a atividade de auditoria, segundo


Ricardino e Carvalho (2004), em consequência das particularidades legais do país,
sua prática foi regulamentada a partir de 1965. Assim, em decorrencia do impacto da
Globalização na economia brasileira e com o objetivo de regulamentação, de acordo
com os padrões Internacionais, foi aprovado o projeto de Lei 3741/2000, do qual
originou a Lei 11.638/2007, conhecida como a nova Lei das Sociedades Anônimas,
e em 28 de dezembro de 2007. Em Fevereiro de 2009, o Conselho Federal de
Contabilidade (CFC) aprovou a resolução n°1156/2009, determinando que as
normas brasileiras de contabilidade editadas pelo Conselho Federal de
Contabilidade, devem seguir os mesmos padrões internacionais emitidos pelo IASB
(International Accounting Standards Board).
17

3. AUDITORIA

Como visto anteriormente, a auditoria já era aplicada desde os primórdios


sem que fosse explícita sua atuação como vem sendo nos dias atuais. Neste
capítulo, abordou-se alguns autores que tratam dos conceitos, da finalidade e
objetivos da auditoria.

3.1 CONCEITOS

Etimologicamente a origem latina do termo auditoria, que vem de audire


(ouvir), foi ampliado pelos ingleses como auditing para denominar a tecnologia
contábil da revisão. Attie (2010, p.27) afirma que, “a origem do termo auditor em
português, muito embora perfeitamente representado pela origem latina (aquele que
ouve, ou ouvinte), na realidade provém da palavra inglesa to audit (examinar, ajustar
corrigir, certificar)”.
Muitos autores procuraram conceituar o termo auditoria ao longo dos tempos
e todos eles têm muito em comum, alias diferem muito pouco uns dos outros.
Porém, selecionou-se alguns que trouxeram maior contribuição ao tema, entre eles
destaca-se Sá (2010, p. 25), que afirma que auditoria é:
Uma tecnologia contábil aplicada ao sistemático exame dos registros,
demonstrações e de quaisquer informes ou elementos de consideração
contábil, visando a apresentar opiniões, conclusões críticas e orientações
sobre situações ou fenômenos patrimoniais da riqueza aziendal, pública ou
privada, quer ocorridos, quer por ocorrer ou prospectados e diagnosticados.

Os autores Franco e Marra (2000, p.26), ampliam um pouco mais e definem a


auditoria como sendo:
A técnica contábil que através de procedimentos específicos que lhe são
peculiares, aplicados no exame de registros e documentos e na obtenção
de informações e confirmações, relacionadas com o controle de uma
entidade. Objetiva obter elementos de convicção que permitam julgar se os
registros contábeis foram efetuados de acordo com os princípios
fundamentais e normas da contabilidade, e, se as demonstrações contábeis
deles decorrentes refletem adequadamente a situação econômica-
financeira do patrimônio, os resultados do período administrativo examinado
e as demais situações nelas demonstradas.

Observa-se que Alberton (2002, p.15) também esclarece o conceito afirmando


que atualmente, o conceito de auditoria contábil extrapola o prisma das
demonstrações contábeis, focalizando também os riscos, o ambiente corporativo, as
práticas empresariais e os ambientes socioeconômicos regionais, nacionais e
internacionais.
18

Vale ressaltar também, o conceito de Crepaldi (2010, p. 03), que ensina: “a


auditoria das demonstrações contábeis constitui o conjunto de procedimentos
técnicos que tem por objetivo a divulgação de parecer sobre sua adequação,
conforme os Princípios Fundamentais de Contabilidade e pertinentes à legislação
específica”.

3.2 FINALIDADES E FUNÇÔES DA AUDITORIA

A tarefa da auditoria consiste numa análise pormenorizada e bem detalhada


da realidade da empresa que permita ao profissional da área – nesse caso, o auditor
- apresentar suas opiniões, críticas e conclusões, após ter feito um levantamento e
examinar os documentos, registros, demonstrações e quaisquer outros dados ou
elementos e verificar a adequação dos requisitos legais e normas contábeis vigentes
(SÁ, 2002).
Ou seja, a função da auditoria é oferecer um parecer confiável que possua
autenticidade para aqueles que dele necessitam: os empresários ou a alta
administração da empresa, permitindo melhor controle administrativo, atender as
exigências legais, verificar o comprometimento das obrigações fiscais e, entre
outros, detectar erros e fraudes (FRANCO E MARRA, 2009).
Muitas empresas entendem que o objetivo principal de uma auditoria é o de
apenas descobrir e de protegê-la contra fraudes e de evitar multas fiscais,
esquecendo-se da importância dos objetos básicos como da eficácia e eficiência
para melhorar seu desempenho visando lucros e evitando desperdícios. Verifica-se
também que Sá (2002, p.46), entende que a auditoria tem objetos básicos e
secundários. Os primeiros seriam os da opinião da fidedignidade das demonstrações
contábeis e até extracontábeis, e o segundo, relativo a matérias como, os da
descoberta de erros e fraudes, informações sobre o controle interno, assistência
econômico-financeira entre outras.

3.2.1 Objetivos da auditoria

A auditoria vem a cada dia mais ganhando espaço e reconhecimento maior


tornando-se fundamental e sumamente importante aos empresários, tendo em vista
que os dados contábeis evidenciam a realidade econômica e financeira da empresa,
e o seu objetivo é precisamente dar credibilidade desses dados.
19

No entender de Franco e Marra (2013, p. 31):


O objetivo da auditoria é o conjunto de todos os elementos de controle do
patrimônio administrado, os quais compreendem registros contábeis,
papéis, documentos, fichas, arquivos e anotações que comprovem a
veracidade dos registros e a legitimidade dos atos da administração, bem
como sua sinceridade na defesa dos interesses patrimoniais.

Portanto a auditoria, tendo como propósito investigar as demonstrações


financeiras, opinar sobre elas e testificar que as mesmas representem corretamente
a condição financeira e patrimonial da empresa, deixou de ser vista como dispêndio,
assumindo um papel de assessoramento e apoio aos empresários.
Nesse sentido, Crepaldi (2007, p.3) acrescenta que:
O objetivo do exame das demonstrações financeiras é expressar uma
opinião sobre a propriedade das mesmas e assegurar que elas representem
adequadamente a posição patrimonial e financeira, o resultado de suas
operações e as origens e aplicações de recursos correspondentes aos
períodos em exame, de acordo com os princípios fundamentais de
contabilidade, aplicados com uniformidade durante os períodos.

Considerando que a auditoria é um procedimento técnico por meio do qual o


auditor averigua, opina e assevera a autenticidade dos registros contábeis e se os
mesmos foram executados de acordo com os princípios contábeis, Hoog e Carlin
(2009, p. 54), expõem que:
O objetivo principal da auditoria é o de proporcionar credibilidade às
informações divulgadas através dos balanços e demais peças contábeis
pelas sociedades empresárias em geral, fazendo com que os bens, direitos
e obrigações estejam demonstrados e valorizados dentro das práticas
contábeis com o intuito de assegurar a autenticidade das demonstrações
contábeis.

Muito embora não se destine especificamente à descoberta de fraudes, erros


ou irregularidades praticadas por administradores ou funcionários, a auditoria
frequentemente apura tais fatos, através dos procedimentos que lhes são próprios.

3.3 FRAUDE CONTÁBIL

Vários autores tratam deste tema. Entre eles destaca-se Hensel apud Gubert
(2001, p.43) que conceitua fraude, pelo “critério do fato gerador”. Comenta que na
fraude há “a ocorrência do fato imponível previsto na norma tributária, e posterior
inadimplemento da obrigação pelo sujeito passivo”.
Para Sá e Hoog (2005, p 37), “a fraude é um ato doloso cometido de forma
premeditada, planejado, com a finalidade de obter proveito com prejuízo de
terceiros”. Destacam também que:
20

A fraude, [...] é o tratamento desleal existente no exercício de todas as


profissões, mas é deveras preocupante quando os procedimentos que
ensejam tais coisas originam-se de normas estabelecidas em lei e
resoluções de entidades oficiais (SÁ E HOOG, 2005 p. 37).

De acordo com o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (1998), as


fraudes podem ocultar vários mecanismos que possam agredir a empresa e são
caracterizadas por:
Manipulação, falsificação ou alteração de registros ou documentos, de modo
que modifique os registros de ativos, passivos e resultados; Apropriação
indébita de ativos; Supressão ou omissão de transações nos registros
contábeis; Registro de transações sem comprovação; e Aplicação de
práticas contábeis indevidas (IBRACON 1998, p.54).

Verificando este conceito de fraude o IBRACON (1998) evidencia que possa


haver “a atuação de uma ou mais pessoas, indicando a formação de um círculo de
corrupção dentro das empresas, cuja finalidade é justamente a realização de
declarações falsas”, que poderão ser cometidas na contabilidade ou próprio
ambiente administrativo.
De acordo com Crepaldi (2004 p. 127), “o termo fraude aplica-se a ato
intencional ou manipulação de transações, adulteração de documentos, registros e
demonstrações contábeis”. E complementando este argumento Gil (1999, p. 52)
destaca que “a fraude, por ser uma agressão aos interesses e ativos intangíveis, é
problemática e ameaçadora, para a sobrevivência empresarial, e consequentemente
punida com rigor pelas entidades organizacionais”.
Comparando a opinião dos autores Sá e Hoog (2005) e Gil (1999) nota-se
que uma complementa a outra. Percebe-se que para Sá e Hoog (2005, p.26), “onde
ocorre a fraude ou a negligência, também se fere a fidelidade”. A motivação do
responsável pela fraude, geralmente está ligada ao conceito de dificuldades tanto
“financeiras, como materiais ou ate mesmo psicológicas, no sentido de afirmação
pessoal ou com sentido de vingança”. Sá e Hoog argumentam ainda que “as
fraudes, em geral, são frutos de oportunidades, quer por excesso de comando, quer
por lacunas de fiscalização”.
E para Gil (1999, p.53), as causas das fraudes são:
Normas inadequadas, incompletas, mal implantadas e com deficiências em
sua operacionalização; deficiência em práticas de auto-auditoria ou auditoria
inter-áreas; no caso de contratos com terceiros, fragilidade das cláusulas
que não explicitam ou adéquam padrões de operacionalização compatíveis,
que integrem as organizações parceiras.
21

É obvio que, para que ocorram as fraudes, existem circunstancias e


condições de oportunidades para que o agente fraudador execute sua ação. “Essa
oportunidade permitida pela empresa está associada à baixa ênfase, ao relaxamento
quanto aos controles organizacionais, os quais são muitas vezes colocados em
segundo plano” (GIL, 1999 p.53).
Segundo Sá (2010, p.15) “Fraude não é apenas o furto comum, pela
subtração direta de bens, mas toda forma de lesão ao direito de terceiros, tramada
através de artifícios, executada através de métodos e práticas desonestas”. Pode-se
afirmar que a fraude caracteriza-se pela atuação premeditada e desleal praticada por
fatores internos ou externos à organização, de forma não autorizada com
perspectivas de atentado contra os ativos empresariais desconsiderando ou omitindo
resultados.

3.4 CLASSIFICAÇÃO DE AUDITORIA

A classificação dos serviços de auditoria é equivalente à forma de


procedimentos e da relação da entidade auditada com o auditor, podendo ser interna
ou externa. A auditoria interna é sempre desempenhada por funcionários da própria
empresa de forma permanente. Por outro lado, a auditoria externa é aquela
realizada por profissional liberal ou independente, sem qualquer vinculo
empregatício. No quadro abaixo fica claro a qualificação de cada uma, de acordo
com Barreto e Graeff (2014, p. 31).

Quadro 1 - Diferença entre auditor interno e externo


AUDITOR INTERNO AUDITOR EXTERNO

Não possui vínculo


Relação com a empresa É empregado
empregatício

Grau de independência Menor Maior

Assistir à administração da Emitir uma opinião sobre


Objetivo empresa no cumprimento a adequação das
de seus objetivos demonstrações contábeis

Tipos de auditoria Contábil e operacional Contábil

Interno e externo
Público alvo Interno
(principalmente)
22

Duração Contínua Pontual

Volume de testes Maior Menor

Quem exerce a função Contador com registro no CRC

Em pessoas jurídicas de direito público, interno ou


Onde é realizada
externo, e de direito privado.
Fonte: Barreto e Graeff (2014, p. 31).

Segundo os esclarecimentos de Attie (1998, p.175), a auditoria interna é:


é executada por funcionários da empresa, permanentemente. Apesar de
seu vinculo à empresa, o auditor interno deve exercer sua função com
absoluta independência profissional, preenchendo todas as condições
necessárias ao auditor externo, mas também exigindo da empresa o
cumprimento daquelas que lhe cabem.

Ainda conforme Attie (1998, p. 175) “estes profissionais devem executar suas
atribuições com observância total às regras de auditoria e o vinculo empregatício
não lhes deve tirar a independência profissional”, uma vez que sua submissão à
administração da empresa deve ser tão somente com o enfoque operacional. Sabe-
se que este profissional está subordinado diretamente à alta administração, e sua
principal função é acompanhar os negócios da empresa permanentemente.
Conforme afirma Attie (1998, p.174), auditoria externa “é aquela realizada por
profissional liberal, auditor independente, sem vínculo de emprego com a entidade
auditada, e que poderá ser contratado para auditoria permanentemente ou
eventualmente”. Uma das maiores qualidades do auditor externo é a autonomia,
delineada nas determinações das Normas de Independência da Auditoria e ele deve
obrigatoriamente estar registrado no IBRACON.
Em se tratando da independência do auditor externo, Jund (2006, p. 122)
enfatiza:
A independência do auditor externo deve ser absoluta e jamais poderá
aceitar imposições da empresa quanto ao procedimento que deverá adotar
para realização da auditoria, nem quanto às conclusões a que deve dar ao
exame, bem como à procedência e validade das provas, para tirar suas
conclusões e oferecer seu parecer final sobre a matéria examinada. Esta
independência do auditor externo exige grande preparo cultural e técnico,
bem como sólida formação moral.

No entanto as ações do auditor independente não podem ser exercidas


aleatoriamente. Lembrando os ensinamentos de Crepaldi (2009, p.286):
O auditor independente precisa planejar adequadamente seu trabalho,
avaliar o sistema de controle interno relacionado com a parte contábil e
proceder à revisão analítica das contas do ativo, passivo, despesas e
23

receitas, a fim de estabelecer a natureza, datas e extensão dos


procedimentos de auditoria, colher as evidencias comprobatórias das
informações das demonstrações financeiras e avaliar essas evidencias .

Vale ressaltar que quando se trata sobre questões contábeis, esses auditores
trabalham no mesmo campo e tanto um como o outro tem interesse na
comprovação da existência de um sistema de controle interno que funcione de forma
satisfatória em concordância com as normas legais e internas da empresa, bem
como de um sistema contábil que forneça dados permitindo a preparação das
demonstrações contábeis. Contudo, mesmo tendo semelhanças em suas atividades
é interessante apontar de que forma se diferem para melhor entende-las. A diferença
da Auditoria Interna e Externa pode ser identificada de acordo com grau de
subordinação, através de vínculos criados entre a empresa e o auditor. No quadro
abaixo se apresenta uma comparação entre Auditoria Interna e Externa., conforme
ilustração de Attie (2007, p.55).
Quadro 2 : Comparação das atividades das auditorias
Auditoria Interna Auditoria Externa
A Auditoria é realizada através da
A Auditoria é realizada por um
contratação De um profissional
funcionário da empresa.
independente.
O objetivo principal é atender as
O objetivo principal é atender as necessidades de terceiros no que diz
Necessidade da administração. respeito à fidedignidade das informações
financeiras.
A revisão das operações e do
controle interno é principalmente A revisão das operações e do controle
realizada para desenvolver interno é principalmente realizada para
aperfeiçoamento e para induzir ao determinar a extensão do exame e a
cumprimento de políticas e normas fidedignidade das demonstrações
sem estar restrito aos assuntos financeiras.
financeiros.
O trabalho é subdivido em relação às O trabalho é subdividido em relação às
linhas de responsabilidade principais contas do balanço patrimonial e
administrativa. das demonstrações de resultado.
O auditor incidentalmente com a
O auditor diretamente se preocupa intercepção e prevenção de fraude a não
com a intercepção e prevenção de ser que haja possibilidade de
fraude. substancialmente afetar asa
demonstrações financeiras.
O auditor deve ser independente em
relação às pessoas cujo trabalho ele O auditor deve ser independente em
examina, porém subordinado as relação á administração, de fato e de
necessidades e desejos da Alta atitude mental.
Administração.
24

O exame das informações comprobatórias


A revisão das atividades é contínua. das demonstrações financeiras é periódico
geralmente anual.
Fonte: Attie (2007, p.55).

No entanto, mesmo atuando em múltiplos níveis de complexidade/extensão‚ a


Auditoria Interna e a Auditoria Externa têm muito em comum, por isso a relação
existente no trabalho de ambas, principalmente na área contábil, examinam a
documentação utilizando praticamente os mesmos métodos.
No entender de Crepaldi (2012, pág. 65), ambos buscam verificar a
existência,
De um sistema efetivo de controle interno para salvaguardar o patrimônio da
empresa e que este sistema esteja funcionando satisfatoriamente, dentro
das normas legais e internas da empresa e um sistema contábil capaz de
fornecer os dados necessários para permitir a preparação de
demonstrações contábeis que reflitam com propriedade a posição contábil e
o resultado das operações da empresa.

Desta forma, entende-se que o profissional que exerce a auditoria interna


trabalha com as atividades específicas da empresa, como os departamentos,
setores de operação, enquanto o auditor externo, em regra geral, trabalha com a
emissão da posição patrimonial e financeira, as mutações do Patrimônio Líquido, a
Demonstração do Fluxo de Caixa e a Demonstração do Valor Adicionado, porém,
ambos devem estar em conformidade com as normas brasileiras de contabilidade.
Os trabalhos das duas auditorias podem se sobrepor em alguns pontos, como
exemplo, revisar se os controles contábeis são adequados. Mas, as diferenças entre
as duas são maiores do que as similaridades, porque os seus objetivos são
diferentes.
25

4. AUDITORIA: UMA FERRAMENTA ÚTIL PARA AS ORGANIZAÇÕES

Como visto nos capítulos anteriores, a Auditoria consiste em uma


investigação rigorosa de uma empresa, e tem por objetivo certificar se elas estão em
conformidade com os princípios e normas planejadas e pré-estabelecidas
objetivando também o acompanhamento do desempenho das operações contábeis.
Conforme analisa Crepaldi (2004, p.97):
A empresa poderá observar que a auditoria está cada dia mais voltada a
orientar as tomadas de decisões, para melhor eficiência e eficácia nos
procedimentos adotados em lançamentos de fatos contábeis do que para
penalizar o erro ocorrido pela mesma por falta de conhecimento.

Atualmente, o grande impacto da globalização sofrido pelas empresas e com


o constante desenvolvimento e diversificação de suas atividades econômicas, a
auditoria vem se tornando um recurso indispensável para avaliar a eficiência dos
gestores e zelar pela credibilidade das informações geradas.
É o Departamento de Contabilidade que tem o controle do que acontece na
empresa, mas é a Auditoria que determina a confiabilidade dos dados contábeis, isto
é, a Auditoria analisa e verifica se tudo o que foi lançado na Contabilidade está de
acordo com o que realmente acontece na Empresa, além de verificar se tudo está
dentro das leis. Portanto, percebe-se que para uma empresa é muito importante
estabelecer um serviço deste tipo, de auditoria interna para que possa ter segurança
nos dados apresentados.
Acredita-se que a auditoria não se restringe à contabilidade e/ou aos temas
contábeis. Ela engloba toda a organização e vai muito além, estendendo seu campo
de ação para todas as interações da organização com a comunidade, clientes,
fornecedores, instituições públicas e privadas com as quais a empresa se relaciona
(CASSARRO,1997, p.45).
Neste sentido, Paula (1999, p.40), esclarece que a auditoria interna é
importante para a entidade por que:
Leva ao conhecimento da alta administração o retrato fiel do desempenho
da empresa, seus problemas, pontos críticos e necessidades de
providências, sugerindo soluções; recomenda redução de custos,
eliminação de desperdícios, melhoria da qualidade e aumento da
produtividade; ajuda a administração na busca de eficiência e do melhor
desempenho, nas funções operacionais e na gestão dos negócios da
companhia.
26

Desta forma, pode-se constatar que a Auditoria Interna é uma ferramenta de


controle sobre as informações, registros, ações e funções existentes nas
organizações, que serve de auxílio aos administradores e proprietários para a
tomada de decisão, porque podem identificar áreas problemáticas e sugerir
correções.
Ainda no entender de Paula (1999, p.42) destaca-se que a:
Auditoria Interna é necessária para a entidade para garantir que os
procedimentos internos e as rotinas de trabalho sejam executados de forma
a atender aos objetivos da entidade e às diretrizes da alta administração;
porque atesta a integridade e fidedignidade dos dados contábeis e das
informações gerenciais, que irão subsidiar as tomadas de decisão dos
dirigentes e por salvaguardar os valores da entidade.

Nesse sentido, a auditoria mostra seu papel e sua tamanha importância para
o bom desempenho de qualquer entidade, através de normas e técnicas, que foram
sendo desenvolvidas e elaboradas baseadas em princípios éticos.
Crepaldi (2012, p. 10) afirma que:
Valendo-se de normas e padrões de natureza técnica e ética claramente
determinada, a auditoria torna-se elemento fundamental no sistema de
informações, medição de desempenho e prestação de contas da
administração [...] A auditoria não está para substituir a função da
administração da empresa, portanto, não deve prosperar o raciocínio de que
se há uma estrutura administrativa forte não é necessário o trabalho do
auditor ou, contrario sensu, a empresa tem auditor porque sua estrutura é
fraca.

As Normas Brasileiras de Contabilidade agem como instrumentos reguladores


dos trabalhos de Auditoria Interna, por isso os auditores devem sempre estar
atualizados, atender as normas vigentes e buscar realizar seu trabalho de forma
eficaz e com responsabilidade. O CFC (1995), citado por Attie (1998, p.172) define
no item 3.1.1 da NBC P 3 – Normas Profissionais do Auditor Interno que:
O Contador, na função de Auditor Interno, deve manter o seu nível de
competência profissional pelo conhecimento atualizado das Normas
Brasileiras de Contabilidade, das técnicas contábeis, especialmente na área
de auditoria, da legislação inerente à profissão, dos conceitos e técnicas
administrativas e da legislação aplicável à Entidade.

Portanto, os autores Franco e Marra (2000, p.51) esclarecem que:


As normas são entendidas como as regras estabelecidas pelos órgãos
reguladores da profissão contábil, em todos os países, com objetivo de
regulamentar o exercício da função do auditor independente, estabelecendo
orientação e diretrizes a serem seguidas por esses profissionais no
exercício de suas funções.

Essas regras estão no código de ética do Instituto de Auditores Internos, que


conforme explica Attie (1998, p. 78), “estabelece normas para a prática da profissão
27

de auditor interno, [...] que devem ter a responsabilidade de observar e seguir estas
normas pré-estabelecidas, mantendo sempre um alto padrão de honestidade,
objetividade, diligência e lealdade”.
Tem-se então que a auditoria interna deve ser realizada por um profissional
apto e ético. Crepaldi (2009, p. 27) aponta que “o auditor interno é pessoa de
confiança dos dirigentes; está vinculado à empresa por contrato trabalhista
continuado e sua intervenção é permanente”. Demonstrando que todas as áreas da
empresa devem receber atenção do auditor.

4.1 IMPORTANCIA DA AUDITORIA

Analisando a concepção atual do termo, segundo Ferreira (1999, p. 19),


auditoria é o exame analítico e pericial que segue o desenvolvimento das operações
contábeis, desde o início até o balanço.
Assim, no campo da economia, nota-se a extrema importancia da auditoria
como ferramenta de gerenciamento para as empresas, não importando o tamanho
ou ramo de atividade. Conforme Castro (2010, p. 382), verifica-se que:
a auditoria, quando bem executada, permite que eventuais problemas e
irregularidades sejam detectados com antecedência, atuando como um
facilitador na tomada de decisões, trabalhando na constante busca de
melhorias e assim contribuindo para um funcionamento eficiente e eficaz da
organização, fazendo com que os objetivos almejados sejam alcançados.

Os conteúdos da auditoria são bastante extensos incluindo a auditoria


contábil, financeira, operacional e de gestão, como instrumentos de base e ajuda
para os empreendimentos. E conforme esclarece Castro (2010, p. 382), a auditoria
assumiu um papel significativo papel de assessoria e direcionamento “com finalidade
de garantir que os controles fossem adequados, corretamente executados e que as
informações geradas fossem fidedignas, espelhando a realidade financeira e
econômica da entidade”.
Ao auditor interno vem sendo exigido atualmente, que tenha amplo
conhecimento das diferentes áreas para o bom exercício de suas atividades:
contabilidade, domínio de técnicas de gestão, qualidade total, marketing,
organização e métodos, planejamento estratégico, informática, relações humanas,
entre outras. O auditor interno deve ser um componente ativo da engrenagem da
gestão interna, tornando suas observações, recolhidas nos trabalhos de campo,
úteis e essenciais na procura de uma adequada gestão de recursos. A sua opinião e
28

visão crítica dos processos, deve estar alicerçada em evidências que propiciem aos
gestores a correta valoração das técnicas utilizadas na gestão do negócio, onde a
aceitação de mudanças de rumos por parte da gestão poderá depender da forma de
expressão oral e escrita do trabalho desenvolvido pelo auditor (TEIXEIRA, 2006).
A finalidade do auditor é emitir uma opinião acerca da idoneidade das
demonstrações financeiras que devem ser elaboradas segundo os princípios de
contabilidade aceites, sendo estes de responsabilidade exclusiva da direção da
entidade (COSTA & ALVES, 2005).
Cruz e Glock (2007, p.86) argumentam que o objetivo e a finalidade da
auditoria interna é exercer uma avaliação independente da adequação e eficácia do
sistema de controle interno adotados da organização, traduzindo-se em serviço de
apoio à administração, ou seja, passa a ser um elemento de controle que mede e
avalia os demais controles.
As atribuições da auditoria interna na área contábil estão caracterizadas na
NBC T 12 que define a atividade de auditoria interna está estruturada em
procedimentos, com enfoque técnico, objetivo sistemático e disciplinado, e tem por
finalidade agregar valor ao resultado da organização, apresentando subsídios para o
aprimoramento dos processos, da gestão e dos controles internos, por meio da
recomendação de soluções para as irregularidades apontadas nos relatórios.
Segundo Silva (2008), a auditoria interna é responsável por avaliar a
adequação, eficiência e eficácia dos sistemas de controle interno e a qualidade do
desempenho das áreas. Fica claro, que a relevância da auditoria interna está em dar
assessoria à administração em relação a sua responsabilidade quanto a política de
controle interno, servindo não somente como controle organizacional, mas, como elo
entre os responsáveis pela implantação de políticas e os responsáveis pela parte
operacional.
A auditoria interna promove melhoramentos na eficiência operacional pelo
exame e avaliação de: políticas e planos; registros e procedimentos; desempenho.
Ainda garante o funcionamento adequado dos controles, inclusive pela
recomendação de medidas corretivas, verificando o grau de: autenticidade dos
dados; proteção dos bens da empresa; conformidade com diretrizes, planos e
procedimentos (SILVA, 2008).
Uma auditoria interna empenhada, independente e eficaz auxilia tanto os
gestores assim como os representantes superiores de supervisão a cumprirem suas
29

responsabilidades, provendo um enfoque sistemático e disciplinado para contribuir


com o sucesso da implementação da política de controle interno e o bom
desenvolvimento dos processos de gestão de riscos.
30

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a revisão da literatura que deu embasamento a este estudo onde


buscou-se fundamentação sobre a auditoria empresarial, verificou-se que ela se
constitui uma ferramenta de apoio, contribuindo muito na gestão empresarial, com
relatórios que auxiliam os administradores na tomada de uma decisão mais efetiva
visando melhorar seu atuação podendo assim alcançar seus objetivos
Embora exista várias modalidades de auditoria, a figura do auditor deve ser
responsável em sua atuação. Seja ele um auditor interno ou externo, é importante
lembrar que entre suas qualificações e conhecimento técnico está o agir com ética
profissional mantendo sigilo das informações e zelando pela credibilidade das
informações geradas. Este profissional deve manter-se constantemente atualizado
com as normas de auditoria adequando-se e adaptando-se às novas exigências do
mercado que está em constante transformação.
Muitas empresas entendem que o objetivo principal de uma auditoria é o de
apenas descobrir e de protegê-la contra fraudes e de evitar multas fiscais,
esquecendo-se da importância dos objetos básicos como da eficácia e eficiência
para melhorar seu desempenho visando lucros e evitando desperdícios.
Neste artigo o assunto sobre Auditoria Interna foi explorado, e pode-se constatar que
os trabalhos desenvolvidos pela Auditoria Interna que esta é realmente uma
ferramenta que nos dia atuais é de fundamental importância para as empresas.
O estudo demonstrou mostrou que seja qual for o tamanho ou ramo de
atividade da empresa, esta ferramenta é um facilitador na tomada de decisão. A
credibilidade da informação da auditoria torna-se cada vez mais importante na
atualidade, chegando a ser considerada como um fator determinante de sucesso,
sendo fundamental na descoberta de erros, fraudes ou desvios nas demonstrações
contábeis das empresas. Constitui assim um trabalho imprescindível no processo de
tomada de decisão dos administradores, isto é, informações de qualidade e com
credibilidade diminuem as inseguranças que o futuro representa, permitindo deste
modo tomar decisões com maior probabilidade de sucesso.

.
31

REFERENCIAS

ALBERTON, Luiz. Uma contribuição para a formação de auditores contábeis


independentes na perspectiva comportamental. 2002. 272 p. Tese (Doutorado
em Engenharia de Produção) – Departamento e Engenharia de Produção e
Sistemas – UFSC, Florianópolis, 2002.

ATTIE, William. Auditoria, conceitos e aplicações. 3ª edição. São Paulo: Ed. Atlas,
1998.
_______. Auditoria interna. São Paulo: Atlas, 2007.

_______. Auditoria: Conceitos e Aplicações. 5. ed. São Paulo – SP: Atlas, 2010.

BASSO, Irani Paulo. Introdução à Auditoria. 3.ed. Ijuí: Unijuí, 2005.

BARRETO, Davi; GRAEFF, Fernando. Auditoria - teoria e exercícios


comentados. São Paulo: Método, 2014.

BOYNTON W. , JOHNSON R.N., Kell W.G. Auditoria: Tradução Autorizada. São


Paulo: Atlas; 2002.

CFC. Normas Brasileiras de Contabilidade. NBC T 11 – Normas de Auditoria


Independente das Demonstrações Contábeis. Brasília. Aprovado pela Resolução
n.820/97. Brasília: 1997.

CASSARRO, Antonio Carlos. Controles internos e segurança de sistemas. São


Paulo: Editora LTR Ltda, 1997.

CASTRO, Domingos P. Auditoria e controle interno na administração pública:


evolução do controle interno no Brasil: do Código de Contabilidade de 1922 até a
criação da CGU em 2003: guia para a atuação das auditorias e organização dos
controles internos nos Estados, municípios e ONGs. São Paulo: Atlas, 2010.

COSTA, C., & ALVES, G. Contabilidade Financeira. 5a Ed. Lisboa: Publisher


Team. 2005

CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria contábil: teoria e prática. São Paulo: Atlas,
2004.
__________. Auditoria contábil: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2006.

__________. Auditoria contábil: teoria e prática. 4ª edição. São Paulo: Atlas,


2007.
__________. Contabilidade Gerencial – Teoria e prática. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2009.
__________. Evolução Histórica da Auditoria. São Paulo: Atlas, 2010. Disponível
em: http://www.selectaauditores.com.br. Acessado em 25 mar 2018.

__________. Auditoria Contábil: teoria e prática. 5. ed. São Paulo – SP: Atlas,
2012.
32

CRUZ, Flávio; GLOCK, José O. Controle Interno nos Municípios. 3.ed. São Paulo:
Atlas, 2007.

FRANCO, H.; MARRA, E. Auditoria contábil: normas de auditoria,


procedimentos e papéis de trabalho, programas de auditoria, relatórios de
auditoria. 4 Ed. Atual. São Paulo: Atlas, 2000. 607 p.

__________. Auditoria contábil. 4 ed., São Paulo: Atlas, 2000.

__________. Auditoria Contábil. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2009.

__________. Auditoria contábil. 3. ed. São Paulo : Atlas, 2013.

FERREIRA, Felipe Ramos. Os efeitos da auditoria independente (externa) sobre


a manipulação da informação contábil por parte das OPS brasileiras. 2009.
Dissertação (Mestrado em Gestão Empresarial) – Fundação Getúlio Vargas, Escola
Brasileira de Administração Pública e de Empresas (EBAPE), Rio de Janeiro, 2009.

GIL, Antonio L. Auditoria Operacional e de Gestão. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1999.

GUBERT, Pablo Andrez Pinheiro. Planejamento Tributário. Curitiba: Juruá. 2001.

HOOG, Wilson Alberto Zappa e CARLIN, Everson Luiz Breda. Manual de auditoria
contábil: teoria e prática. 3. ed. Curitiba: Juruá, 2009.

IBRACON. Normas Internacionais de Auditoria. São Paulo: Ibracon, 1998.

JUND, Sergio. Auditoria: Conceitos, Normas, Técnicas e Procedimentos. Rio de


Janeiro: Impetus, 2002.

________. Auditoria. 9. Ed. São Paulo: Campus, 2006.

OLIVEIRA LM, DINIZ FILHO, A. Curso básico de auditoria. São Paulo: Atlas; 2001.

PAULA, Maria Goreth M. Auditoria interna: Embasamento conceitual e suporte


tecnológico. São Paulo: Atlas, 1999.

RIBEIRO L. Auditoria em Saúde. In: Especialização em Auditoria e Gestão em


Saúde. Curitiba: Universidade Tuiuti, aula, 2009.

RICARDINO Á, CARVALHO LN. Breve Retrospectiva do desenvolvimento das


atividades de auditoria no Brasil. Revista Contabilidade & Finanças – USP. 2004.
Disponível em:
http://www.eac.fea.usp.br/cadernos/completos/cad35/ed_35_parte2_pg22a34.pdf.
Acessado em 29 set 2018.

SÁ, Antônio L. de. Curso de Auditoria. 10 Ed. São Paulo: Atlas, 2010.

__________. Perícia Contábil. 5. Ed.rev. amp. São Paulo: Atlas, 2002.


33

SÁ, Antônio Lopes de; HOOG, Wilson Alberto Zappa. Corrupção, fraude e
contabilidade. Curitiba: Juruá, 2005

SILVA, Erlon Rodrigo da. A importância da auditoria interna na gestão dos


recursos financeiros: um estudo de caso em uma rede de concessionárias de
veículos. Monografia. Ciências Contábeis. Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 2008. Disponível em: http://tcc.bu.ufsc.br/Contabeis291639. Acesso
em: 25 ago 2018.

TEIXEIRA, Maria de Fátima. O contributo da auditoria interna para uma gestão


eficaz. Dissertação. Coimbra, 2006. Disponível em:
https://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/581/1/TMCA_Maria%20deFatimaT
eixeira.pdf. Acessado em: 13 out 2018.

Você também pode gostar